SUBSÍDIO I
PAZ, UMA DEFINIÇÃO SEMPRE
POSSÍVEL E ESPERADA
Tenho para mim que a paz é
caracterizada por uma serenidade íntima inexplicável. Foi o que Paulo escreveu
aos irmãos de Filipos sempre às voltas com os inimigos da cruz: “E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente
em Cristo Jesus” (Fp 4.7, ARA). Como explicar semelhante paz que amaina até o
sol mais abrasador ou a tempestade mais bravia.
Em hebraico, a
palavra paz vai além de um mero enfoque filosófico. O termo shalom, além de paz, evoca
augúrios de saúde, prosperidade e autocontrole. Quando um judeu pergunta ao seu
companheiro: “Como vai você?”. Em hebraico: Ma shlomĥa? Na verdade, indaga-lhe, antes de
tudo: “Como vai a sua paz?”. Hoje, infelizmente, o poético e doce vocábulo foi
reduzido a um trivial “oi” ou a um mero “olá”. É o que se observa no cotidiano
israelense.
No grego, a
palavra eirene,
traduzida adequadamente para a língua portuguesa como paz, tem uma origem
interessante, apesar da mitologia que a cerca. Irene era filha de Zeus e de
Têmis. Juntamente com suas irmãs Eunomia e Dice, achava-se responsável pelo bom
andamento das coisas. Enfim, a boa e solícita Irene tinha por tarefa zelar
pelas afeições cósmicas. Se ela viesse a falhar, Céus e Terra perderiam toda a
harmonia, melodia e ritmo; a música universal seria impossível.
Quando nos
voltamos à Bíblia Sagrada, constatamos que a verdadeira paz vai além dos mitos
e transcende as academias mais lógicas. Em Isaías, descobrimos que a paz tem
como príncipe o Filho de Deus. O profeta, ao alinhar os principais títulos de
Jesus Cristo, poeticamente anuncia: “Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6, ARA).
Se a paz tem como
príncipe o Senhor Jesus, como podemos defini-la? Antes de tudo, ela não é uma
simples e expectada ausência de conflitos; ela é possível até mesmo em meio aos
entreveros mais indescritíveis. Alguém, certa vez, pintou-a como um pássaro a
cantar em plena tempestade. Enquanto tudo ruía à sua volta, a avezinha
teimosamente canora trinava uma bela melodia ao Criador. Se na paz, não temos
paz, como nos comportaremos num conflito? Foi o que o Senhor indagou ao seu
profeta: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir
com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na
floresta do Jordão?” (Jr 12.5, ARA).
Às vezes,
surpreendo-me na mesma condição de Jeremias. Embora tudo à minha volta rescenda
à paz, acho-me em guerra comigo mesmo. Mas, como superar os conflitos que nos
assolam a interioridade? A resposta é simples e teologicamente comezinha:
encher-se do Espírito Santo, o promotor da paz por excelência.
ANDRADE,
Claudionor de. Adoração,
Santidade e Serviço: Os
Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Adoramos a Deus
com ofertas pacíficas quando nos apresentamos diante dEle com o propósito de
render-lhe graças por todas as bênçãos recebidas. Com tal atitude, honramos o
Senhor com um culto racional, agradável e vivo.
Nesta lição, veremos que, das cinco ofertas
prescritas no livro de Levítico, a mais excelente em voluntariedade era a
pacífica, pois tinha como objetivo aprofundar a comunhão entre Israel e Deus.
Ao aproximar-se do Senhor, com tal oferta, o crente do Antigo Testamento
manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo era agradecê-lo
por todos os benefícios recebidos (Sl 103.1,2).
A oferta pacífica,
oferta de paz, sacrifícios pacíficos ou sacrifícios de paz (hb zevah
shelamim) era um dos cinco sacrifícios prescritos em Levítico (LV 3.1-17.
7.11-34); deveria acontecer de forma voluntária, quando o ofertante fosse
movido pelo desejo de agradecer a Deus por algum motivo especial. Um animal
macho ou fêmea deveria ser oferecido, mas sem qualquer mancha. Esta oferta era
também chamada de "oferta da comunhão", já que inspirava por parte do
ofertante um relacionamento de comunhão com o Senhor. Na Nova Aliança, a paz é
permanente e foi conquistada através do Senhor Jesus em nosso favor (Rm 5.1),
assim, soa estranho falar em ‘sacrifício’ hoje, na Graça. O
sacrifício foi estabelecido por Deus para que o homem não morresse condenado
por seus pecados. Soa estranho pelo fato de que na morte de Jesus, temos o
sacrifício perfeito (Hb 10.10-12). Então, o crente não adora a Deus com
ofertas pacíficas. Será que Deus se agrada de sacrifícios? (1Sm 15.22; Sl
40.6; 51.19-19). O único sacrifício que realmente agradou a Deus foi o
sacrifício de Jesus (Is 53.10). Hoje o nosso sacrifício é ‘amar a Deus de
todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo
como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios’ (Mc 12.33); ‘andar
em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como
oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave (Ef 5.2), e ‘também vós
mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por intermédio de Jesus Cristo’ (1Pd 2.5). Mas, quais são os ‘sacrifícios
espirituais’ que devemos oferecer a Deus? Primeiramente, os nossos corpos:
"Rogo-vos, pois irmãos...que apresenteis o vosso corpo por sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rm
12.1). À semelhança dos sacrifícios de animais que eram totalmente queimados
sobre o altar (holocausto), devemos oferecer a Deus o nosso corpo em completa
consagração. Em termos práticos, o que significa esse sacrifício do nosso
corpo? João Crisóstomo, um dos pais da Igreja, dá-nos belíssima resposta:
"Que os olhos não contemplem o mal, e isso importa em sacrifício; que a
língua não profira nenhuma vileza, e isso será uma oferta; que as mãos não
operem o que é pecaminoso – e isso equivale a um holocausto. Mais do que isso!
Devemos nos esforçar arduamente em favor do bem: as mãos dando esmolas, a boca
bendizendo aqueles que nos amaldiçoam, e os ouvidos prontos a dar atenção a
Deus". Ainda podemos afirmar que o ‘sacrifício’ requerido
hoje é que sustentemos a obra do Reino (Fp 4.18, 19), louvor (Hb 13.15; Sl
50.14,23;Jo 4.23; Hb 13.16). Assim sendo, só podemos tomar aquilo como símbolo:
“a) Como o próprio nome nos diz, a
Oferta Pacífica, tem a ver com "comunhão e paz", que somente pode vir
através de um íntimo relacionamento entre Deus e o ofertante. Através desta
oferta, a comunhão entre Deus e o pecador se tornava realidade. Nenhum homem
poderia chegar ao Altar para oferecer a Oferta Pacífica, sem antes haver
passado pela Oferta da Expiação, ou seja, não poderia haver qualquer comunhão
do pecador com Deus, sem que antes, uma vítima substitutiva pelo pecado fosse
oferecida. Cumprindo esta exigência, o ofertante podia chegar para oferecer a
Oferta Pacífica, e gozar da paz oferecida pelo Senhor. Porém, a paz com Deus
nos dias do Velho Pacto não era absoluta, uma vez que havia necessidade de se fazer
constantes oferendas. Já, na Nova Aliança, a paz é permanente e foi conquistada
através do Senhor Jesus em nosso favor, Rm 5.1. Conforme diz Mesquita:
"Cristo
ofereceu por nós o sacrifício de paz. Ele não nos salvou para ainda nos deixar
no mesmo estado de ansiedade e dúvida ou guerra com Deus. Certa vez Jesus disse
que o Reino de Deus estava dentro de nós, e o Reino de Deus não é comida nem
bebida, mas paz... Se há coisa que um cristão deve gozar como resultado de sua
salvação, é paz, e paz com Deus. Não há dúvida de que ele terá muitas aflições,
como Jesus mesmo adverte, mas Ele também diz que venceu o mundo, e é certo que
nos conforta, para que vençamos também nossas lutas. A paz é o principal
patrimônio do crente em Jesus. De tudo ele poderá ter pouco. Poderá ter pouco
talento para umas tantas coisas; poderá ter pouco conhecimento das coisas desta
vida; poderá ter pouco de tudo que há em todo sentido, mas poderá ser
enriquecido de paz. É a única coisa em que todos podemos ser iguais e viver por
igual nesta vida — na paz conosco mesmos e com Deus. "Não se turbe o vosso
coração...". Se temos sido resgatados da maldição do pecado, tenhamos paz
com Deus e paz dentro de nós. Certo que corvejam sobre esta nossa riqueza
espiritual milhares de corvos. Sobre ela piam todas as corujas. Todavia, urge
que não deixemos arrebatar tão preciosa dádiva. Conservemos a paz".(16)
b) Outro simbolismo
envolvida na Oferta pacífica é o fato de que podemos erguer nossa voz para dar
ações de graças a Deus. Devemos ter em mente que inúmeros dos sacrifícios que
compunham as Ofertas Pacíficas, eram sacrifícios que deveriam expressar por
parte do ofertante uma gratidão ao Senhor, "Se alguém o oferecer por
oferta de ação de graças, com o sacrifício de ação de graças oferecerá bolos
ázimos amassados com azeite, e coscorões ázimos untados com azeite, e bolos
amassados com azeite, de flor de farinha, bem embebidos", Lv 7.12. Como
filhos de Deus, temos muitos motivos para agradecê-lo! Falando aos crentes de
Corinto Paulo não somente reconhece que devemos dar "graças a Deus",
mas que esta prática seja também abundante, 2Co 4.15, "Pois tudo é por
amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a
ação de graças para glória de Deus". Falando ainda aos efésios, afirma que
devemos dar graças continuamente, Ef 5.20, "sempre dando graças por tudo a
Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo"
c) Outro ponto
importante de simbolismo está em que a gratidão a Deus, sempre vem acompanhada
com a alegria. Sabemos que a alegria é outro fator que deve ocupar a vida do
filho de Deus. Não se pode admitir crente carrancudo, emburrado, mal humorado,
pavio curto, etc., Em nós deve brilhar a alegria da salvação! Quando Davi
pecou, uma das coisas que ele lamenta ter perdido, foi o gozo da salvação.
Porém, Davi não deixou de reivindicar esta bênção, quando implorava pelo perdão
e restauração de seu pecado, Sl 51.12, "Restitui-me a alegria da tua
salvação, e sustém-me com um espírito voluntário". Como é bom servir a
Deus e viver na alegria da Palavra. Segundo Mesquita:
"Já
se disse que a vida do cristão é de festa. O que existe destoante deste
postulado deve ser levado à conta de notas desafinadas na sinfonia humana.
Devemos viver em festa espiritual, e assim vivem os que vivem verdadeiramente
em Cristo. Há muitos cristãos tristes e chorosos, como há muitos queixosos e
descontentes, mas simplesmente porque não vivem a verdadeira vida cristã. Pelo
menos três vezes no ano deviam os crentes judeus comparecer a Jerusalém, a sede
do culto, para oferecerem seus sacrifícios e fazerem festa. A nação não podia
deixar-se matar de desânimo. Nós não podemos comparecer três vezes ao centro de
nosso culto, porque comparecemos todos os dias e todos os momentos, pois que já
chegou o dia quando nem em Jerusalém nem em Samaria se adora a Jeová, mas em
qualquer parte da terra. Portanto, desta comunhão deve resultar maior alegria.
Mesmo as melhores partes do culto de domingo são estragadas pelo espírito de
amargura e angústia. Quantos crentes deixam a casa do Senhor em pior condição
do que quando lá entraram! Há coisas que não estão sendo feitas como desejamos?
Lembremo-nos de que tampouco as faríamos a contento de todos. O pregador não
pregou como gostaríamos? Lembremo-nos de que não pregaríamos melhor do que ele.
Há um mundo de coisas defeituosas e que não correm a nosso jeito, mas também
nós somos um amontoado de defeitos e imperfeições e, todavia, nosso Pai nos
aceita. Só há uma coisa que deve entristecer-nos: se andamos em pecado. Nenhuma
outra coisa deve levar-nos a deixar de dar graças ao Senhor e vivermos
alegres".(17)” (Extraído de: Pr. José Antônio
Corrêa, AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS LV 1-7. Disponível em:http://ibvir.com.br/tabernaculo/tabernaculo_as_ofertas_e_os_sacrficios.htm. Acesso em: 27 Ago,
2018)
I. SANTIDADE,
A MARCA DO POVO DE DEUS
Os dois sacrifícios mais antigos da História
Sagrada são o holocausto e a oferta pacífica. Ambas as oferendas eram tidas, às
vezes, como um único ofertório.
Queremos destacar principalmente as cinco principais
ofertas e sacrifícios que são: A Oferta do Holocausto, A Oferta de Manjares, A
Oferta Pelo Pecado, A Oferta Pelo Sacrilégio, O Sacrifício da Paz
1. Oferta pacífica. A voluntariedade da oferta pacífica fica bem evidente
no livro de Levítico (Lv 7.12). A oferenda, para ser caracterizada como tal,
deveria ser acompanhada de ações de graças; nenhuma petição era admitida.
Naquele momento, o crente hebreu tinha como único desejo adorar e agradecer ao
Senhor por todas as bênçãos, galardões e livramentos. Nos Salmos, as ofertas
pacíficas manifestam-se em louvores ao Senhor por todas as suas benignidades
(Sl 106.1). Como nos mostram os salmos 118 e 136. O apóstolo Paulo ensina-nos a
oferecer, de forma contínua, ação de graças a Deus (1Ts 5.18). Se agirmos
assim, jamais perderemos a comunhão quer com Deus, quer com a Igreja de Cristo
(Cl 3.15).
Como já falamos em outras oportunidades neste
trimestre, a oferta pacífica, ou sacrifício da paz deveria acontecer de forma
voluntária, quando o ofertante fosse movido pelo desejo de agradecer a Deus por
algum motivo especial. Também chamada de "oferta da comunhão", já que
inspirava por parte do ofertante um relacionamento de comunhão com o Senhor.
“Esta oferta indicava um bom, saudável e amoroso
relacionamento entre o ofertante e Deus, e entre o ofertante e o sacerdote.
Havia paz com Deus e paz entre as pessoas em geral. Como o próprio nome nos
diz, a Oferta Pacífica, tem a ver com "comunhão e paz", que somente
pode vir através de um íntimo relacionamento entre Deus e o ofertante. Através
desta oferta, a comunhão entre Deus e o pecador se tornava realidade. Nenhum
homem poderia chegar ao Altar para oferecer a Oferta Pacífica, sem antes haver
passado pela Oferta da Expiação, ou seja, não poderia haver qualquer comunhão
do pecador com Deus, sem que antes, uma vítima substitutiva pelo pecado fosse
oferecida. Cumprindo esta exigência, o ofertante podia chegar para oferecer a
Oferta Pacífica, e gozar da paz oferecida pelo Senhor. Porém, a paz com Deus
nos dias do Velho Pacto não era absoluta, uma vez que havia necessidade de se
fazer constantes oferendas. Já, na Nova Aliança, a paz é permanente e foi
conquistada através do Senhor Jesus em nosso favor, Rm 5.1. Conforme diz
Mesquita:
"Cristo
ofereceu por nós o sacrifício de paz. Ele não nos salvou para ainda nos deixar
no mesmo estado de ansiedade e dúvida ou guerra com Deus. Certa vez Jesus disse
que o Reino de Deus estava dentro de nós, e o Reino de Deus não é comida nem
bebida, mas paz... Se há coisa que um cristão deve gozar como resultado de sua
salvação, é paz, e paz com Deus. Não há dúvida de que ele terá muitas aflições,
como Jesus mesmo adverte, mas Ele também diz que venceu o mundo, e é certo que
nos conforta, para que vençamos também nossas lutas. A paz é o principal
patrimônio do crente em Jesus. De tudo ele poderá ter pouco. Poderá ter pouco
talento para umas tantas coisas; poderá ter pouco conhecimento das coisas desta
vida; poderá ter pouco de tudo que há em todo sentido, mas poderá ser
enriquecido de paz. É a única coisa em que todos podemos ser iguais e viver por
igual nesta vida — na paz conosco mesmos e com Deus. "Não se turbe o vosso
coração...". Se temos sido resgatados da maldição do pecado, tenhamos paz
com Deus e paz dentro de nós. Certo que corvejam sobre esta nossa riqueza
espiritual milhares de corvos. Sobre ela piam todas as corujas. Todavia, urge
que não deixemos arrebatar tão preciosa dádiva. Conservemos a paz".(16)” (Extraído de: Pr. José
Antônio Corrêa, AS OFERTAS E OS SACRIFÍCIOS LV 1-7. Disponível em:http://ibvir.com.br/tabernaculo/tabernaculo_as_ofertas_e_os_sacrficios.htm. Acesso em: 27 Ago,
2018)
2. Tipos de ofertas pacíficas. As ofertas pacíficas compreendiam três modalidades ou
fases: ação de graças, voto e oferenda movida diante do altar.
a) Ação de graças. A fim de agradecer ao Senhor por um favor recebido, o
crente hebreu oferecia-lhe bolos e coscorões ázimos amassados com azeite. Os
bolos, feitos da flor de farinha, tinham de ser fritos (Lv 7.12-15). A carne,
que acompanhava o sacrifício pacífico, devia ser consumida no mesmo dia (Lv
7.15). Os produtos trazidos a Deus vinham acompanhados de sacrifícios de
louvores (Hb 13.15). Tanto ontem quanto hoje, somos exortados a louvar e a
enaltecer continuamente o Senhor.
b) Voto. Nos momentos de angústia, os filhos de Israel faziam
votos ao Senhor, prometendo-lhe ofertas pacíficas (Gn 28.20; 1Sm 1.11). Nesse
caso específico, o sacrifício poderia ser comido tanto no mesmo dia quanto no
dia seguinte (Lv 7.15,16). No terceiro dia, porém, nada podia ser ingerido. O
voto, por ser uma ação voluntária, requeria uma atitude igualmente voluntária e
amorosa. O ofertante, pois, deveria participar das ofertas com alegria,
regozijo e ação de graça.
c) Oferta movida. Na última etapa, o adorador entregava a oferta pacífica
ao sacerdote, que, seguindo o manual levítico, aspergia o sangue do sacrifício
sobre o altar. Em seguida, queimava a gordura do animal (Lv 7.30). O peito era
entregue a Arão e a seus filhos. Num último ato do sacrifício, o sacerdote
movia a parte mais excelente da oferenda perante o altar: o peito e a coxa (Lv
7.31-35).
“Como nas outras ofertas temos também algumas
particularidades em relação às Ofertas Pacíficas:
a) Dentre as outras ofertas, a Oferta
Pacífica era a que expressava uma grande alegria e júbilo por parte do
ofertante, já que ela era oferecida por aqueles que se julgavam estar em
comunhão e paz com o Senhor. A oferta se constituía, então, numa forma de
gratidão a Deus.
b) Outro detalhe importante é que
esta oferta era aquela que era observada em último lugar, o que nos impulsiona
a dizer que a paz certamente nos vem quando, como filhos de Deus, praticamos a
obediência incondicional ao Senhor e procuramos andar em seus princípios.
c) Esta oferta poderia ser oferecida
publicamente ou privativamente. Um exemplo de Oferta Pacífica pública está
relacionado aos dois cordeiros que eram oferecidos por ocasião da Festa de
Pentecoste, a qual era considerada "santíssima". Normalmente estas
ofertas públicas ocorriam durante grandes manifestações nacionais, ou
solenidades coletivas, onde havia muita alegria e regozijo.
d) As ofertas privadas vinham de:
- ações de graças, como
reconhecimento do alcance de misericórdias, Lv 7.12, "Se fizer por ação de
graças, com a oferta de ação de graças trará bolos asmos amassados com azeite,
obreias asmas untadas com azeite e bolos de flor de farinha bem amassados com
azeite".
- provenientes de votos, Lv 7.16,
"E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária, no dia em
que oferecer o seu sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se comerá
no dia seguinte".
- Através de ofertas voluntárias, Lv
7.16, "E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária, no
dia em que oferecer o seu sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se
comerá no dia seguinte"”
3. Objetivos das ofertas
pacíficas. Como já dissemos,
eram dois os objetivos da oferta pacífica: aprofundar a comunhão entre Deus e o
crente, e levar o ofertante a reconhecer que tudo quanto recebemos vem do
Senhor, porque dEle é a terra e a sua plenitude (Sl 24.1).
Oferecia-se em ocasiões de regozijo, de gratidão por
algum livramento especial, ou bênção recebida. Era oferecida de um coração
cheio de louvor a Deus e transbordante de alegria. Na oferta pacífica o
pensamento principal é a comunhão do adorador, por isso seu objetivo era dar graças!
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), reproduza a tabela abaixo no quadro e
utilize-a para mostrar aos alunos os vários tipos de sacrifícios apresentados
individualmente pelos israelitas.
II. A OFERTA
PACÍFICA NA HISTÓRIA SAGRADA
Nesta lição, veremos três exemplos de pessoas
que fizeram votos ao Senhor, e foram plenamente atendidas: Jacó, Ana e Davi.
1. Jacó, filho de Isaque. Quando fugia de Esaú, seu irmão, Jacó fez um
comovente voto ao Senhor. E, depois de ter visto o céu aberto e os anjos de
Deus subirem e descerem sobre uma escada que ligava a Terra ao Céu, prometeu ao
Deus de seus pais: “Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e
me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu
pai, o SENHOR será o meu Deus” (Gn 28.20,21). A partir daí, o patriarca
tornou-se um fiel e zeloso adorador (Gn 35.1-3).
Nos tempos do Antigo Testamento as pessoas faziam
diversos tipos de votos com Deus. Um exemplo disso encontramos em Gênesis
28.20-22, onde Jacó promete dizimar se contasse com a presença de Deus em sua
jornada. É importante ser frisado para que se evite um mal entendido, que ao
contrário do que se pode imaginar, o voto de Jacó não era uma barganha com
Deus, mas uma declaração de que confiava no Eterno. Jacó fez o voto com o
objetivo de conhecer o Todo Poderoso e ver se cumprir tudo o que havia sido
prometido a ele através do sonho que teve.
2. Ana, mãe de Samuel. Afligida por sua rival porque não dava filhos a Elcana, seu
marido, a desolada Ana fez este voto ao Senhor: “Senhor dos Exércitos! Se
benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da
tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o
darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha”
(1Sm 1.11). Após haver desmamado a Samuel, entregou-o ao Senhor, cumprindo a ordenança
quanto ao sacrifício pacífico (1Sm 1.24-28).
Ana alcançou resposta de Deus porque depositou toda
a sua confiança nEle. Ele veio até ela para suprir sua necessidade, dar consolo
e conforto à sua alma. Somente Ele seria capaz de consolar o seu coração, dar
alívio, apoio e encorajamento. Deus é o provedor de todas as necessidades do
homem e a gratidão é uma maneira de reconhecer esse ato do Criador. Satisfazer
a necessidade não depende da quantidade do suprimento disponível, mas da bênção
do Senhor repousar sobre o suprimento.
3. Davi, rei de Israel. Pelo que observamos nos Salmos, Davi foi o homem que,
em todo o Israel, mais sacrifícios pacíficos apresentou ao Senhor (Sl 22.25;
56.12; 61.5,8). Aliás, os seus cânticos já são, em si mesmos, um sacrifício
pacífico ao Senhor.
“O salmista Davi expressa: “Porque em ti está o
manancial da vida; na tua luz veremos a luz” (Sl 36.9). A luz que ilumina o
nosso entendimento para compreendermos a mensagem da Palavra de Deus. Essa luz
ilumina todo o Velho Testamento e nos revela esse grandioso ensino dos
sacrifícios, que se cumpriram em Jesus Cristo. O escritor aos Hebreus fala que
eram sombras dos bens futuros (Hb 10.1). Essa revelação se dá pela presença
dessa luz em nossa vida, que nos leva a um brado de exaltação, como fez Paulo
escrevendo à igreja em Roma (Rm 11.33).” (Extraído de:http://adaliahelena.blogspot.com/2018/01/licao-04-o-sacrificio-pacifico-adultos.html. Acesso em: 29 Ago, 2018)
SUBSÍDIO BÍBLICO-DIDÁTICO
Professor(a), para apresentar de forma mais didática
os três exemplos de pessoas que fizeram votos ao Senhor, e foram plenamente
atendidas: Jacó, Ana e Davi. Reproduza o quadro da página anterior. Depois faça
a seguinte indagação: “O que é um voto?” Ouça os alunos e em seguida, se
desejar leia a explicação para que compreendam o significado do termo.
III. A OFERTA
PACÍFICA NA VIDA DIÁRIA
De que modo apresentaremos, hoje, nossos
sacrifícios pacíficos ao Senhor? Há três maneiras: consagrando-nos a nós
mesmos; perseverando nos sacrifícios de louvores e adorando a Deus em todo o
tempo.
1. Consagração incondicional. O melhor sacrifício que um crente pode oferecer ao
Senhor é apresentar a si mesmo a Deus (Rm 12.1). Neste momento, nossa oferenda
é, além de pacífica, amorosa e plena de serviços. A partir desse momento,
começamos a experimentar as excelências da vontade de Deus. Paulo
considerava-se uma libação oferecida ao Senhor Jesus (2Tm 4.6).
É muito importante salientar que agora não
precisamos mais oferecer sacrifícios para obter o perdão de Deus, o maior
sacrifício foi o sacrifício de Jesus na cruz. Por causa desse sacrifício, todos
os nossos pecados são perdoados. Agora todo sacrifício que oferecemos é um
sacrifício de gratidão. O sacrifício que agrada a Deus é uma vida de obediência
e gratidão a ele. Sacrificamos nosso desejo de pecar e oferecemos nosso coração
a Deus. Não adianta sacrificar-se, se não tivermos constante obediência, enfim,
primeiramente Deus exige que tenhamos amor e obedeçamos (Hb 10.5-10). O culto
racional é a adoração sincera a Deus, oferecida de boa vontade. Quando
obedecemos a Deus de coração, oferecemos culto racional a Ele. Não devemos
obedecer só porque sim, sem entendimento nem vontade.
2. Sacrifícios de
louvores. Fazemos um
sacrifício de louvor quando cumprimos plenamente a vontade de Deus (Hb 13.15).
Mas, para que a cumpramos, é imprescindível apresentarmo-nos diante de Deus com
um espírito quebrantado e ansioso por Ele (Sl 51.17). Portanto, quando
cumprimos a vontade divina, apesar das circunstâncias adversas que nos cercam,
oferecemos-lhe o mais excelente sacrifício de louvor.
Sacrifício é a oferta de alguma coisa muito preciosa
a outra pessoa; sacrifício de louvor é o único sacrifício aceitável pelo Senhor
e ele não pode ser fruto de um momento, mas sim de um estilo de vida que
reconhece sempre a poderosa mão do Senhor agindo em sua vida e agradecer-Lhe
por isso, gratidão que brota no íntimo de nosso ser e é externado por nossos
lábios. Sacrifícios de louvor é viver de forma digna do Nome do Senhor; é
exercitar o fruto do Espírito.
3. Adoração contínua. Paulo e Silas, quando presos, cantavam e adoravam a
Deus, ofertando-lhe um sacrifício que, além de pacífico, era profundamente
redentor (At 16.25-31). Por isso, o apóstolo recomenda-nos a louvar
continuamente a Deus (Ef 5.19; Cl 2.16).
Tem diferença entre louvor e adoração?
Sim, tem diferença:
- louvar é falar bem de alguém; Louvar a Deus é
elogiá-Lo; engrandecer-Lhe - seja em uma oração, seja em um hino, seja em uma
conversa com o colega de trabalho;
-adorar é demonstrar honra e reverencia; adoração
está ligada a pelo menos três outras idéias: sacrifício, gratidão e fé. Quando
adoramos, reconhecemos nossa pequenez e dependência de Deus. Paulo descreve
perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12.1-2; afirmou ainda, que a
verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito, não confiando
na carne, mas gloriando-se em Cristo Jesus (Fp 3.3), e isto independem de
circunstâncias! Paulo e Silas foram maltratados e presos injustamente mas eles
não perderam o ânimo e continuaram louvando a Deus. As circunstâncias não os
impediram de ser uma benção, mesmo na prisão.
“O louvor exige palavras, mas não fica só em
palavras. O perfeito louvor produz música (vocal e instrumental), poemas,
palmas, danças, santidade de vida, doação e autoconsagração.” (Retirado
de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos. Editora Ultimato)
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“A natureza e o propósito dos sacrifícios pacíficos
estão aqui mais distintamente abertos. Eles eram oferecidos: 1. Em gratidão por
alguma misericórdia especial recebida, como a recuperação de uma enfermidade, a
proteção em viagem, o livramento no mar, a redenção do cativeiro, tudo que é
especificado no Salmo 107, e por estas coisas os homens são convocados a
oferecer sacrifícios de gratidão. 2. No cumprimento de algum voto que um homem
fez quando estava em aflição, e isto menos honorável do que no caso anterior,
embora a omissão de ofertar este sacrifício tivesse sido mais culpável. 3. Em
súplica por alguma misericórdia especial que um homem estava buscando com
elevada expectativa. Este sacrifício é, aqui, chamado de oferta voluntária.
Este sacrifício acompanhava as orações de um homem, assim como o anterior
acompanhava os seus louvores. Não encontramos que os homens fossem obrigados
pela lei, a menos que tivessem se obrigado — através de um voto — a oferecerem
estas ofertas pacíficas em tais ocasiões, da mesma forma que deveriam fazer os
seus sacrifícios de expiação no caso de terem cometido pecados. Não que a
oração e o louvor sejam tanto nossa obrigação como o arrependimento o é. Mas
aqui, nas expressões de seu senso de misericórdia, Deus os deixou mais para a
liberdade deles do que nas expressões de seu senso de pecado — para provar a
generosidade de sua devoção, e que os seus sacrifícios, sendo ofertas voluntárias,
pudessem ser as mais louváveis e aceitáveis. Além disto, obrigando-os a trazer
os sacrifícios de expiação, Deus mostraria a necessidade de grande propiciação”
(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico
Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 373,374).
CONCLUSÃO
Nestes dias trabalhosos e difíceis, somos
instados pelo Espírito Santo a apresentar a Deus sacrifícios pacíficos:
gratidão, louvor e amor provado. E, como já vimos, a oferta de maior relevância
é o nosso próprio ser. Apresentemo-nos, pois, continuamente diante do Senhor
com ofertas voluntárias, para que a nossa vida seja um sacrifício pacífico ao
Deus Único e Verdadeiro (Rm 12.1).
Cristo, como sacrifício pacífico, estabelece a paz
da consciência e satisfaz todas as necessidades da alma. No sacrifício pacífico
os sacerdotes viam que podiam oferecer um cheiro suave para Deus e também
render uma porção substancial para si mesmos, da qual podiam alimentar-se em
comunhão.
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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