SUBSÍDIO I
A doutrina do Culto Levítico
Todo livro da Bíblia
tem uma teologia. O que isso quer dizer? Cada livro bíblico apresenta Deus e
seu modo de agir sob certo aspecto específico à conjuntura em que parte da
Escritura Sagrada foi escrita. Por exemplo, é notório que o Evangelho de João
apresenta a pessoa de Jesus de maneira bem distinta dos demais Evangelhos.
Logo, dizemos que a Cristologia do apóstolo João, sob certo ponto de vista, é
diferente em objetivo da Cristologia dos outros Evangelhos. A isso chamamos
Teologia Bíblica. A partir do estudo desta disciplina teológica é que se
sistematiza as grandes doutrinas, organização esta, que denominamos Teologia
Sistemática.
Como o Levítico apresenta Deus?
O livro de Levítico
tem uma maneira peculiar de apresentar a Deus. Ali se encontra o estabelecimento
do culto que perpassaria toda a história do povo judeu. A instituição do culto
por meio de sacrifícios de animais, posição de mediação do ministério
sacerdotal, o sentimento de reverência: tudo isso traduz símbolos à natureza de
Deus.
Aspectos da natureza divina
apresentados em Levítico
Podemos, por isso, e
sob muitos outros aspectos, afirmar que o culto levítico apresenta traços da
natureza divina que aparecem perfeitamente no livro de Gênesis. Por exemplo,
(1) “tudo que existe foi criado por Deus”, ora, desde a exigência de
primogênitos animais, dos primogênitos do povo figurados na tribo de Levi, de
uma família específica para o exercício do ministério do sumo sacerdote, o
tempo todo Deus está dizendo: “tudo é meu”; (2) os animais, os vegetais, ou
seja, toda criatura inferior ao ser humano pertence a Deus; (3) o ser humano
todo, a imagem e semelhança de Deus, é do Senhor, onde tal verdade está
representada pela exigência divina à sacralidade da vida, no convite ao ser
humano para ser um adorador a Deus, no serviço voluntário e amoroso das pessoas
a Deus. O tempo todo o livro do Levítico, por intermédio do culto, está
mostrando que Deus é quem governa tudo.
Aspectos que devem ser
ressaltados hoje
É de suma importância
esclarecer ao aluno que, como no Levítico, o nosso culto a Deus representa o
que Ele é. Por Ele ser o absoluto, o Criador de tudo, rendemos-lhe um culto
reverente. Mas num sentido, outrora inexistente no tempo do Levítico: por meio
de Seu Filho, Deus nos justificou, regenerou e santificou de uma só vez. Ele
nos vivificou enquanto éramos ainda pecadores (Ef 2.1).
REVISTA ENSINADOR
CRISTÃO. Ano 19, n. 75, p. 39, jul-set. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O culto levítico estava fundamento na doutrina
divina, o próprio Deus deu orientações expressas em relação à adoração. Na
lição de hoje estudaremos a respeito da necessidade humana de adorar a Deus,
também nos voltaremos para o culto genuinamente cristão, com destaque para a
devoção pessoal e coletiva do crente. Ao final, enfatizaremos que a adoração a
Deus, consoante aos ensinamentos de Jesus, deve ser centrada na Palavra e no
Espírito.
1. O CULTO LEVÍTICO
O culto levítico tinha por objetivo central lembrar
que Deus é o Criador de todas as coisas, do céu e da terra (Gn. 1.1). Também
tinha um objetivo memorial, a lembrança de que Deus foi o libertador de Israel,
Aquele que retirou o povo da escravidão do Egito (Ex. 23.25). Esse povo foi
separado por Deus para ser uma teocracia, seria governado não por homens, mas
pelo Senhor que orientaria a nação (Lv. 20.26). O sacrifício de animais fazia
parte do culto levítico, esses eram entregue como libação (Lv. 1.2). Os animais
deveriam ser escolhidos com critérios, os melhores separados para o culto, como
uma demonstração do valor que o culto deveria ter a Deus. Não apenas animais,
também os frutos da terra serviam para louvor e adoração a Deus (Lv. 23.10). O
próprio ser humano deveria lembrar que foi criado por Deus, conforme Sua imagem
e semelhança, portanto, o corpo seria dedicado ao Senhor, tendo o cuidado
devido (Lv. 20.7). Essa cosmovisão israelita ressaltava a dignidade do corpo, e
a dignidade da vida humana, que seria responsável pela natureza, expressão da
beleza de Deus (Lv. 23.4). O culto a Deus, no contexto do livro de Levítico,
deveria ser voluntário, fundamentado no amor a Deus (Sl. 100.2), uma
demonstração de genuína gratidão pelos feitos de Deus (Lv. 7.11-17).
2. O CULTO
CRISTÃO
O culto cristão, ainda nos primórdios da Igreja, tinha suas bases
divinas. Em At. 2.42-47, compreendemos que o culto estava fundamentado na
koinonia, e se alicerçava na doutrina dos apóstolos, no partir do pão e nas
orações. A partilha, que também era manifestada na celebração da Ceia do Senhor
(I Co. 11.20-22), é uma demonstração do espírito comunitária da igreja do
primeiro século. Os cultos eram realizados tantos nas casas como no templo (At.
2.46; 5.42; 20.7), era importante que os cristãos estivessem unidos, e não
deixassem de se congregar (Hb. 10.24,25). Não podemos desconsiderar o aspecto
comunitária do culto cristão, é por meio deles que ressaltamos nossa unidade, e
reforçamos nossa dependência mutua. É nesse espírito comunitário que podemos
ler a pregar a Palavra de Deus (Cl. 3.16; II Tm. 4.2), explicando e aplicando
as verdades da fé; também nos dirigimos a Deus em oração (Ef. 5.20; I Tm. 2.8;
At. 2.42), pois a oração é uma demonstração de dependência divina, também
podemos interceder pelos irmãos e agradecer pelas dádivas do Senhor. Há espaço
para hinos e cânticos espirituais (Cl. 3.16; Hb. 13.15), mas esses devem
glorificar a Deus, e não aos homens, devem servir para expressar nossa relação
com Deus, e contribuir para a proclamação do evangelho (Ef. 5.19).
3. O CULTO ESPIRITUAL
Em Rm. 12.1,2 Paulo não ordena, apenas “roga”, isto
é, “admoesta, solicita, encoraja”, que é o sentido de parakaleo, em
grego aos irmãos. O apelo do apóstolo tem como base a grande misericórdia de
Deus, não os princípios legalistas dos judaizantes. O amor de Deus por nós nos
motiva a viver em total consagração a Ele, esse é o sacrifício que O agrada,
não mais o sangue de animais, como no Antigo Pacto (Hb. 13.15-19), esses
sacrifícios diferentes são denominados por Pedro de “espirituais” (I Pe. 2.5),
equivaleria ao que Paulo denominou de “culto racional”. Para que isso se
efetive, não mais podemos nos conformar, ou seja, “entrar na fôrma” desse
mundo. O mundo, aqui, é perverso ou mal (Gl. 1.4) e dominado por Satanás, o seu
príncipe, que cega a mente dos incrédulos (II Co. 4.4). Não podemos mais
compactuar com esse sistema anti-Deus que prevalece no presente século, pois
“as coisas antigas se passaram e eis que tudo se fez novo” (II Co. 5.17). Somos
instruídos, portanto, a sermos transformados, literalmente, transfigurados (ver
Mt. 17.2; II Co. 3.18), pela renovação da nossa mente. Essa renovação somente
pode acontecer na medida em que passamos a pensar com a mente de Cristo, e não
com a nossa natureza pecaminosa (II Co. 11.3; Ef. 1.18; I Co. 2.16). Assim,
experimentaremos quão boa, agradável e perfeita é a vontade de Deus, não apenas
para Ele, mas também para nós, assim, reconheceremos que não vale a pena pecar.
O culto, consoante a expressão paulina, deve ser espiritual, e como Jesus
ensinou, não depende de um lugar específico, mas da adoração espiritual a Deus,
fundamentada na Palavra (Jo. 4.24).
CONCLUSÃO
Deus busca adoradores e esses devem adorá-LO em
Espírito e em Verdade (jo. 4.23,24). O culto cristão, diferentemente daquele
israelita, não está alicerçado no lugar, mas na disposição espiritual,
alicerçada no relacionamento com Deus, tendo a liberdade de chamá-lo de Pai
(Mt. 6.9-13), de modo que temos ousadia para nos achegar ao trono da graça (Hb.
4.16). Por outro lado, não podemos desprezar a vida comunitária da igreja,
deixando de se congregar como é costume de alguns (Hb. 10.25), pois Jesus se
faz presente sempre que pessoas se reúnem em Seu nome (Mt. 18.20).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
No livro de Levítico, há uma teologia sublime e
altamente devocional, cujo objetivo é levar o crente israelita a reconhecer
três verdades:
1) tudo quanto existe foi criado por Deus;
2) sendo Ele o Criador de todas as coisas, somente Ele deve ser adorado;
e
3) tudo quanto há deve ser consagrado ao Deus Único e Verdadeiro.
Se observasse esse princípio, o povo de Israel
ver-se-ia livre dos resquícios da idolatria do Egito, prevenindo-se
didaticamente quanto às abominações de Canaã.
Nesta lição, veremos que a essência do culto
levítico é conduzir o crente a adorar a Deus e a consagrar-lhe tudo quanto tem.
Porque tudo pertence ao Senhor, pois Ele tudo criou e tudo preserva. Essa
consagração, porém, só terá eficácia se começar pelo nosso próprio ser (Rm
12.1-3).
Estamos estudando o culto no Antigo Testamento
aplicado ao nosso tempo, e aqui devemos indagar: “Como posso adorar a Deus
segundo os princípios do Antigo Testamento?” Em Levíticos ficamos sabendo que
nem toda adoração agrada a Deus. Há o perigo de trazermos “fogo estranho”
diante do altar e do trono do Senhor (Lv 10.1-2). Talvez estejamos oferecendo
esse “fogo estranho” contrariando os mandamentos divinos quanto à adoração! Não
apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a
adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada e fora dos padrões bíblicos (Ml
1.7-10; Os 6.4-6; Am 5.21). É interessante notar que quando a Bíblia descreve a
adoração, não usa termos similares aos que se referiam ao culto em outras
religiões, mas descreve como serviço (liturgia); no Antigo Testamento, a
adoração era prescrita e controlada, era litúrgica. Os sacrifícios, os
sacerdotes e o Dia da Expiação abriram caminho para os israelitas se chegarem a
Deus e estas instruções dizem respeito a um caminhar santo com Deus e a padrões
de vida espiritual que ainda se aplicam aos dias de hoje. A verdadeira adoração
e unidade com Deus começa quando nos arrependemos, confessamos os nosso pecados
e aceitamos o Senhor Jesus Cristo como o único que pode remir-nos do pecado e
aproximar-nos de Deus.
I. A TERRA É
DO SENHOR
O livro de Levítico reafirma, através de suas ações
litúrgicas, as mensagens do Gênesis e do Êxodo. Ele mostra que Deus, sendo o Criador
dos Céus e da Terra, tem de ser adorado por tudo quanto existe e por tudo que
temos.
1. Deus é o Criador dos Céus e da Terra. Se o Gênesis mostra que Deus criou tudo quanto existe, o Levítico
reivindica dos israelitas que consagrem tudo ao Senhor (Gn 1.1; Lv 1.17). Ao
mesmo tempo, exorta-os didaticamente, por meios das ofertas e dos sacrifícios,
que nenhum ídolo pode ser honrado como o nosso Deus (Lv 19.4; Is 42.8).
O povo deveria imitar Deus na santidade, praticando
vários deveres que reflitam seu comportamento. O capítulo 19 de Levítico
enfatiza vários mandamentos dados ao povo a respeito da vida religiosa, bondade
com o próximo, respeito pelos mais velhos e estrangeiros, e negociações.
2. Deus é o libertador de Israel. O livro de Levítico patenteia aos filhos de Israel que Deus é o
libertador de seu povo. Por esse motivo, nenhum israelita poderia comparecer
diante do Senhor de mãos vazias (Êx 23.15; 2 Co 9.7).
Todo homem judeu deveria peregrinar até Jerusalém,
três vezes ao ano (Êx 23.14), a fim de se apresentarem diante do Senhor. Estas
festas tinham a duração de uma semana cada uma. A Festa dos Pães Asmos, que
começava com a Páscoa; a Festa das Colheitas, que era chamada de a Festa de
Pentecostes, pois tinha o seu início cinquenta dias após a Páscoa; e por
último, a Festa da Colheita, ou a Festa dos Tabernáculos, assim chamada pelo
fato de Israel se mudar para tendas durante esta a festa (Lv 23.39-44). O
propósito destas festas era:
a) manter as tribos de Israel unificadas como
nação: e
b) perpetuar a memória dos grandes eventos da
história de Israel. Nestas ocasiões, exortava-se a que cada participante desse
o que pudesse em proporção ao que Deus lhe tinha dado (Dt 16.16,17).
3. Israel é o templo de Deus. A teologia de Levítico tinha por objetivo também conscientizar Israel de
sua vocação divina (Lv 20.26). Logo, toda a nação israelita era (e no futuro o
será) um templo de adoração ao Senhor (Lv.10.3). Isso significa que o povo
hebreu não se limitava a ser uma mera teocracia, mas a comunidade de adoração
por excelência ao Senhor (Lv 9.23).
Qadosh, separado, dedicado à propósitos sagrados,
limpo, moral ou cerimonialmente puro. A santidade é a separação de tudo o que é
profano e que corrompe, e ao mesmo tempo, dedicação a tudo o que é santo e
puro. Assim, a comunhão desejada (ou melhor ordenada) pelo Senhor dependia da
assimilação de Seu conceito de santidade pelos israelitas. Esse conceito era
radicalmente oposto ao uso do termo santidade pelos cananeus, para quem ser
santo significava envolver-se com as formas mais degradantes de imoralidade,
como ser prostituto ou prostituta cultual. Desta forma, o propósito primário do
livro foi instruir os israelitas sobre como eles deveriam ser uma nação santa
diante da presença do Senhor. Sendo o povo escolhido de Deus, Israel deveria
viver de forma separada do mundo; a fim de que pudessem receber as bênçãos
resultantes da Aliança ao invés de julgamentos.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Levítico 9.1-24
Para
preparar o aparecimento de Deus, Arão ofereceu por si e seus filhos uma
expiação de pecado e um holocausto (7,8). A oferta pelo pecado de Arão era um
bezerro (2,8), e seu holocausto, um carneiro. Esta é a única ocasião na qual a
legislação sacrificial exigia um bezerro. Rashi comenta a respeito do bezerro:
‘Este animal foi escolhido como oferta pelo pecado para anunciar ao sacerdote
[Arão] que o santo, bendito seja Ele, lhe concedeu expiação por meio deste
bezerro por causa do incidente do bezerro de ouro anteriormente feito’.
O
pensamento judaico tradicional sempre vê significação em cada detalhe deste
processo. Snaith ressalta que o carneiro era lembrança da obediência de Abraão
em amar Isaque. Cita também a significação relacionada a estas ofertas que o
Targum de Jerusalém menciona: o bode é visto como lembrança do bode que os
irmãos de José mataram (Gn 37.31, ARA); o bezerro lembra o bezerro de ouro; e o
cordeiro recorda o fato de Isaque ter sido amarrado como cordeiro para o sacrifício. A própria sofreguidão em ver
significado em cada detalhe sugere a importância que estes eventos
representavam para antigo Israel. Segundo o rito significa ‘de modo regular’ ou
‘de acordo com as prescrições’.
O
fato de Arão apresentar a oferta pelo pecado e o holocausto a favor de si mesmo
e de seus filhos mostra o autoentendimento que o Antigo Testamento tinha das
limitações de seu próprio sistema sacrificatório. Ninguém, nem mesmo o sumo
sacerdote Arão, estava preparado para servir a Deus ou adorar a Deus sem que
primeiro fosse feita expiação por ele. O escritor aos Hebreus (Hb 7.27) aceita
esta realidade como prova da superioridade do novo concerto e de Cristo, o
verdadeiro Sumo Sacerdote.
As
ofertas de Arão pelo povo formavam um padrão para o culto de Israel ao Senhor.
Arão ofereceu a expiação do pecado, o holocausto, o sacrifício pacífico e a
oferta de manjares. A omissão da oferta pela transgressão (culpa) confirma o
fato de que esta oferta era primariamente para ocasiões em que ocorresse o dano
e a reparação estivesse sendo feita. A ordem dos sacrifícios revela o entendimento
levítico acerca da aproximação apropriada a Deus na adoração” (Comentário
Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp. 275, 276).
II. OS
ANIMAIS E OS VEGETAIS SÃO DO SENHOR
A teologia do Levítico mostra a criação como
serva do Criador. Por essa razão, os animais e os vegetais, em Israel, não eram
adorados, mas serviam para adorar a Deus.
1. No Egito, os animais eram
deuses. Os egípcios não
faziam distinção entre o Criador e a criação, nem estavam preocupados em distinguir
os animais limpos dos impuros. Por isso, adoravam o boi, o crocodilo, o falcão,
o gato, etc (Rm 1.25). Eis porque Deus, ao punir o Egito com as dez pragas,
mostrou quão inúteis eram aqueles deuses.
A religião no Egito Antigo era marcada por várias
crenças, mitos e simbolismos. A prática religiosa era muito valorizada na
sociedade egípcia, sendo que os rituais e cerimônias ocorriam em diversas
cidades, cada uma com o seu deus. O culto de tais animais era um aspecto
importante da religião popular dos egípcios e remonta a épocas pré-históricas.
É importante que se diga que nem todos os animais tinham alguma relação com os
deuses. Alguns animais que simbolizavam deuses são:
- Babuíno deus Thoth
- Boi deuses Osíris e Ptá
- Cachorro ou Bode deus Seth
- Carneiro deus Knum
- Chacal deus Anúbis
- Crocrodilo deus Sebek
- Escaravelho deus Khepra
- Falcão deus Rá ou Deus Hórus
- Gata deusa Bastet
- Hipopótamo deusa Tueris
- Íbis deus Thoth
- Leoa deusa Sekhmet
- Serpentes demônio Apófis
As dez pragas derramadas pelo Senhor sobre o Egito
tinham por objetivo conduzir Faraó ao arrependimento e revelar que o Senhor é o
único verdadeiro Deus, o Rei soberano no universo. Faraó significa ‘Filho de
Rá’, o ‘embate’ era entre o filho de Deus, Moisés, e o filho de Rá, o deus do
Sol do antigo Egito, representado pelo falcão. Cada uma das dez pragas foi
dolorosamente literal e dirigida contra algum aspecto da falsa religião:
2. Os animais e a adoração a
Deus. Ao contrário dos egípcios, os
israelitas não se davam ao culto dos animais, mas entregava-os em sacrifício ao
Senhor (Lv 1.2). Além disso, faziam distinção entre os animais limpos e impuros
(Lv cap. 11). Nesse sentido, o povo de Israel sabia que os animais não são
deuses, e, sim, criaturas do Deus, que, bondosamente, o sustenta (Sl
104.14).
Deus nos revela em Levítico 11 e Deuteronômio 14
quais os animais - incluindo aves e peixe - são puros e impuros. As ofertas
lembravam a Ele a futura morte de Cristo, pela qual, a misericórdia seria
demonstrada aos pecadores (Ef 5.2).
“A separação de animais em categorias limpos e
impuros veio pelo desejo soberano de Deus. Ele quer que Seu povo esteja
diferente dos outros povos no mundo. Ele fez isso nessa maneira dando-lhes
regras de vestimenta, agricultura, e adoração diferente. A ciência revelou
depois que os animais permitidos são animais mais saudáveis para o corpo humano
do que os impuros. Creio que, além de querer mostrar o Seu povo diferente que
os outros povos no mundo, quis prevenir Seu povo de doenças e praticas
destrutivas ao homem. Deus quer sempre ter o Seu povo separado em amor para com
Ele. Isso se vê hoje no povo DELE não seguindo os costumes do mundo hoje,
comendo e bebendo substancias diferentes, se vestindo de forma modesta e
adorando em espírito e em verdade, por Cristo Jesus.” (Perguntas
e respostas no livro de Gênesis. Disponível em:https://www.palavraprudente.com.br/estudos/sergio_f/genesis/cap05.html. Acesso em: 30 Jul, 2018)
3. Os vegetais e a adoração a
Deus. Se por um lado, a Lei de Deus
preconiza a preservação da natureza, por outro, condena a idolatria da natureza
como acontecia em algumas antigas culturas cananeias e no período de apostasia
dos judeus (1 Rs 14.23). Em Israel, os frutos da terra serviam para louvar e
enaltecer a Deus (Lv 23.10).
Em Levítico 23.10, a Festa das Primícias deveria ser
comemorada quando eles estivessem em Canaã. Um molho das primícias da colheita
deveria ser trazido ao Senhor e dessa maneira eles seriam aceitos diante de
Deus (Lv 23.11). um molho das primícias da vossa sega era uma parte da primeira
colheita de cereais, que pertencia a Deus como oferta especial, reconhecendo
que a safra foi uma provisão divina. Essa festa é o símbolo da ressurreição de
Jesus Cristo que, após morrer e ressuscitar, nos tornou aceitos diante do
Senhor Deus. Com a Sua morte e ressurreição Jesus Cristo torna o homem, que crê
na obra que Ele realizou, agradável perante Deus. Paulo chamou Cristo de as
primícias dos que dormem - o primeiro dos mortos a ser ressuscitado (1Co
15.20).
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a),
inicie o segundo tópico fazendo a seguinte indagação: “Por que os animais e os
vegetais são do Senhor? Incentive a participação de todos os alunos. Eles são
do Senhor porque Ele os criou. Mas como saber a verdade a respeito do relato da
criação? Explique que o relato da criação não é uma alegoria. A narrativa da
criação é um fato histórico, ou seja, algo que aconteceu exatamente como a Palavra
de Deus narra. Quando o assunto é a criação do universo, sabemos que existem
várias teorias que tentam explicar a origem da vida, como por exemplo, a teoria
do Big Bang e a teoria da Evolução. Porém, como crentes, sabemos que o universo
e a vida não são produtos de uma evolução como alguns cientistas tentam afirmar
ou o resultado da explosão de uma partícula. Deus é o grande Criador. Ele Criou
os animais e vegetais, por isso pertencem a Ele. Os israelitas precisavam ter a
consciência de que o Deus que eles adoravam no Tabernáculo era o único e que
tudo foi criado por Ele. Enfatize também que os sacrifícios de animais apontavam
para o sacrifício vicário de Jesus e que segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal,
“quando um sacrifício era oferecido com fé e obediência a Deus, Deus se aprazia
no ato do adorador e, deste modo, outorgava ao penitente a graça e o perdão
almejados”.
III. O SER
HUMANO É DO SENHOR
A teologia do Levítico preconiza a sacralidade
da vida humana como imagem e semelhança de Deus. Em Israel, ao contrário das
culturas cananeias, estava proibido o sacrifício humano, pois o verdadeiro
sacrifício a Deus é um coração humilde e contrito (Is 57.15).
1. O ser humano é a imagem de
Deus. O livro de Levítico corrobora a
teologia do Gênesis, ao mostrar que o ser humano foi criado por Deus (Gn 1.26).
Portanto, há vários dispositivos, visando promover o ser humano como a obra
prima das mãos divinas. Por esse motivo, o crente israelita era intimado a
cuidar de seu corpo tanto exterior quanto interiormente (Lv 20.7). Nem marcas
nem tatuagens eram admitidas (Lv 19.28). Ou seja, o ser humano só agradará a
Deus se buscar a excelência divina em toda a sua maneira de ser, existir e
pensar.
A Imago Dei é a doutrina de que o Homem foi criado à
Imagem Divina. É a resposta bíblica a como surgiu o Homem, Criatura singular
entre as existentes. O Reformador Lutero afirmou: “De posse desta imagem, o
Homem era como os anjos e, após havê-la perdido inteiramente, tornou-se como os
animais e o que o distingue deles tem pouca significação”. Os luteranos,
com isso, aceitam o traducianismo [doutrina que postula que os filhos
recebem a alma dos pais no momento de sua geração (Há um traducianismo
materialista (linha de Tertuliano) e um espiritualista (de santo Agostinho),
este também dito generacionismo)]. A Imago Dei abrange toda a pessoa do
Homem – corpo, alma e espírito.
Em relação ao texto de Lv 19.28 e afirmação ‘nem
marcas nem tatuagens eram permitidas’ não traduz corretamente o hebraico,
já que não há aqui (e em nenhum outro texto bíblico) referência à tatuagem. A
Bíblia de Estudo Defesa da Fé trás a seguinte nota de rodapé: "Lacerações
e ferimentos físicos estavam incluídos nos ritos da adoração de fertilidade de
Baal (cf. I Rs 18.28)" e a Bíblia Shedd diz (sobre os vv.27 e 28):
"Os pagãos cortavam os cabelos da cabeça ou da barba de certas
maneiras, para honrar seus ídolos ou para os ritos fúnebres pagãos, Dt 18.10.
Cortar o corpo era praticado para mostrar arrependimento extremo ou desespero.
Condenam-se estas práticas entre o povo de Deus. Estas proibições eram para guardar
o povo de Israel de seguir as práticas supersticiosas e idólatras dos pagãos
que viviam ao seu redor." Afirmar que tatuagem está incluso neste
texto é falta de sinceridade teológica e um abuso. Todo teólogo honesto e bem
instruído sabe bem disso. Assim, é perigoso usar esse versículo para condenar o
uso de tatuagem. Se estiver disposto a usar este versículo para condenar a
prática do uso de tatuagens (ainda que não se refira à), também deverá estar
disposto a usar os outros versículos de Levítico, tais como a declaração de que
toda mulher se torna imunda ao chegar o tempo da menstruação (Lv 15.19-28), ou
quando dá a luz a um filho (Lv 12.2,5); pessoas que cortam os seus cabelos em
redondo e os homens que fazem o canto das barbas estão em pecado (Lv 19.27),
bem como qualquer que comer animal que rumina e não possui unhas fendidas (Lv
11.6). Percebe o perigo? Com isto não defendo a prática nem condeno. O ponto é
ser sincero com o que o texto diz e julgando pelo que analisamos deste texto de
Levítico, sabemos que não se trata de tatuagens e sim de culto aos mortos - que
continua sendo um pecado, pois sabemos que os mortos não se comunicam com os
vivos (Ec 9.5-6) e que isto é um ato de feitiçaria (1Sm 28.7-11; Ap 21.8).
2. A vida humana é
sagrada. O crente israelita
é exortado a ver a vida humana como sagrada. Por isso mesmo, não poderia, sob
hipótese alguma, consagrar sua descendência aos ídolos (Lv 18.21). Portanto,
toda a nação de Israel, como propriedade exclusiva do Senhor, ao Senhor tem de
ser consagrada.
A Bíblia King James Atualizada traz assim o texto de
Levítico 18.21: “Não entregarás teus filhos para serem sacrificados no fogo
ao deus Moloque. Ora, isso seria profanar o santo Nome do SENHOR Deus. Eu Sou
Yahweh!”. Moloque era um deus criado e especialmente adorado pelo povo
amonita. Esses amonitas eram um povo pagão que foram descendentes de uma das
filhas de Ló que se deitou com o próprio pai (Gn 19.38).
“Tal como acontece com grande parte da história
antiga, a origem exata da adoração a Moloque não é clara. Acredita-se que o
termo Moloque tenha originado com o mlk fenício, que se refere a um tipo de
sacrifício feito para confirmar ou absolver um voto. Melekh é a palavra
hebraica para “rei.” Era comum para os israelitas combinarem o nome de deuses
pagãos com as vogais na palavra hebraica para ‘vergonha’: "bosheth".
Foi assim que a deusa da fertilidade e da guerra, Astarte, tornou-se Ashtoreth.
A combinação de mlk, melekh e bosheth resultou em "Moloque", que
poderia ser interpretado como "o governante personificado de um sacrifício
vergonhoso". Ele também foi grafado como Milcom, Milkim, Malik e Moloch.
Ashtoreth era sua consorte, e a prostituição ritual era considerada uma
importante forma de adoração”. (Quem era Moloque? Disponível
em: https://www.gotquestions.org/Portugues/Moloque.html. Acesso em: 30 Jul, 2018)
3. O ser humano é servo e
adorador a Deus. Sendo Israel o
povo do Senhor, deve, por conseguinte, dedicar-se totalmente ao serviço divino,
oferecendo-lhe sacrifícios, celebrando seus grandes feitos e adorando-o na
beleza de sua santidade (Lv 1.2; 23.2). (LB CPAD, 3º Trim 2018, Lição 6, 5 Ago 18)
É interessante observar que o relacionamento correto
com Deus passa pelo conhecimento sobre quem Ele é. Diante da santidade de Deus
se exige um modelo organizacional de culto. Outro foco importante na teologia
de Levítico é que o culto ritualístico prestado a Deus é uma forma prática de
santidade. O tema principal de Levítico é a santidade. A exigência de Deus pela
santidade do Seu povo baseia-se na Sua própria natureza santa. Um tema
correspondente é o de expiação. A santidade deve ser mantida diante de Deus, e
ela só pode ser alcançada através de uma adequada expiação. Comunhão é o
propósito de Deus para os Seus filhos, e essa comunhão só será possível
mediante uma vida santa.
“A teologia de Levítico fala bastante na tensão
entre pureza e impureza. A santidade, como lembra Henry Blackaby, é ver o
pecado sob a pespectiva de Deus[8]. Embora Jesus tenha quebrado tabus sobre até
onde poderia se envolver com pessoas impuras e lugares impuros, o Novo
Testamento continua a ensinar que essa divisão existe. O apóstolo Paulo
escreve: “Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1
Tessalonicenses 4.7 NVI). Jesus em nenhum momento ensinou que não existe limite
entre o puro e o impuro, mas combateu fortemente o orgulho religioso pela
“posição de puro” e, também, o desprezo pelo próximo lembrando sempre que a
pecaminosidade é uma condição universal na vida do homem.” (Levítico,
Adoração e Serviço ao Senhor. Disponível em: https://teologiapentecostal.blog/2018/06/30/levitico-adoracao-e-servico-ao-senhor/. Acesso em: 30 Jul, 2018)
4. O sacrifício pacífico. A teologia do livro de Levítico tinha por objetivo, antes
de tudo, levar o israelita a servir voluntária e amorosamente a Deus. Esse
ideal é realçado pelo salmista (Sl 100.2). A síntese desse ensinamento está no
sacrifício pacífico com que Israel mostrava a sua gratidão ao Senhor (Lv
7.11-17). Quanto a nós, somos exortados a oferecer a Deus, na pessoa de Jesus
Cristo, por mediação do Espírito Santo, sacrifícios de louvores (Hb
13.15).
Uma oferta de paz, a oferta pacífica, assim que o
sangue era derramado, Deus e o adorador podiam estar em feliz e pacífica
comunhão. O que Jesus veio trazer se encontra apenas no Reino de Deus (Rm
14.17). O mundo tenta promover essa paz, mas todos os meios empregados para que
isso aconteça têm se mostrado completamente inúteis e frustrantes. No entanto,
em Jesus, isso é alcançável para o homem. Em Jesus Cristo temos nossa oferta
pacífica, nEle a paz da consciência é estabelecida e satisfaz todas as
necessidades da alma. No sacrifício pacífico os sacerdotes viam que podiam
oferecer um cheiro suave para Deus e também render uma porção substancial para
si mesmos, da qual podiam alimentar-se em comunhão.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Sobre o homem
Cremos,
professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus: ‘E formou o Senhor
Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o
homem foi feito alma vivente’ (Gn 2.7). A palavra ‘homem’ no relato da criação
em Gênesis 1 e 2 é Adam, que aparece depois como nome próprio do
primeiro homem. O ser humano foi criado macho e fêmea: ‘E criou Deus o homem à
sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou’ (Gn 1.27).
Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais; feito à
semelhança de Deus: ‘os homens, feitos à semelhança de Deus’ (Tg 3.9); um pouco
menor do que os anjos; coroado de honra e de glória e dotado por Deus de livre-arbítrio,
ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal. Mediante a graça, essa
escolha continua mesmo depois da Queda no Éden: ‘Se alguém quiser fazer a
vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se falo de mim
mesmo’ (Jo 7.17). Mais de uma vez, Israel teve a liberdade de escolha quando
foi chamado por Deus. Podemos afirmar que nenhuma criatura foi feita como o
homem, que é considerado a coroa da criação. Adão é o primeiro homem, e dele e
Eva veio toda a geração dos seres humanos que vivem sobre o planeta terra”
(SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus.
3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 77,78).
CONCLUSÃO
Nós somos o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19).
E, como tais, somos intimados a andar em novidade de vida, consagrando tudo ao
Senhor, a começar por nós mesmos (1 Ts 5.23). Se não nos ofertarmos amorosa e
incondicionalmente a Deus, e usarmos o nosso corpo para o pecado, como
estaremos diante de Deus? Seremos réus diante dEle (1 Co 6.18-20). A essência
da teologia do Levítico continua válida ainda hoje. O Deus que exortou Israel à
santidade requer, de igual modo, a nossa santificação (Lv 19.2; 1 Ts
4.3).
Finalizando, é importante afirmar que um desejo
interior por vida santa é a prova de que estamos em Cristo. Ser santo não
significa ser perfeito. Quem é salvo ainda peca mas já não é dominado pelo
pecado (1Jo 1.8-9). Deus trabalha progressivamente em sua vida para a
santificação. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo
1:9). Confissão é a maneira de manter a consciência livre. João não diz, "se
orarmos por perdão, ele é benigno e misericordioso para nos perdoar".
Sem dúvida, é sempre um alívio para qualquer filho fazer chegar aos ouvidos do
pai as suas necessidades - contar-lhe as suas fraquezas, confessar-lhe a sua
loucura, defeitos e faltas.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua
palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou
chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
Tudo quanto existe pertence ao Senhor e ao Senhor deve ser consagrado, principalmente o nosso ser. “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1)
ResponderExcluir