SUBSÍDIO I
SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO
Prezado(a) professor(a), na aula
desta semana é importante remontar a biografia de Jacó Armínio. Por isso o
estudo de livros de história da Igreja é importante. Há também boas literaturas
teológicas sobre Armínio, uma delas já mencionada em artigo anterior.
Quem foi Armínio?
Jacó Armínio era um teólogo
holandês que se posicionou contrário a algumas doutrinas de linha calvinista
com o objetivo de destacar mais o caráter amoroso, bondoso e justo de Deus que
foram manifestos na pessoa bendita de Jesus Cristo. Por isso Armínio foi
acusado injustamente de ensinar muitas heresias. Contra ele, se analisados de
maneira séria, argumentos frágeis e insustentáveis foram usados. Infelizmente,
esse “espírito” é comum ainda hoje. A fé cristã não é uma expressão homogênea.
Embora tenhamos pontos de fé comuns, que nos une, também temos pontos que nos
traz discordâncias pontuais: batismo, escatologia, batismo no Espírito. Mas
temos de fazer um alerta importante! Por exemplo, antes de existirem
tradicionais-históricos, pentecostais, neopentecostais e outros, já havia
milhares de cristãos fiéis ao Senhor. Isso significa que a história da Igreja
não começou com uma pessoa ou denominação somente. Por isso não se justifica
guerras teológicas, brigas denominacionais e, até mesmo, rompimentos de amizade
por causa disso. A Palavra de Deus não é para trazer contendas e rivalidades.
A influência sobre Armínio
É importante salientar que Jacó
Armínio não acrescentou nada novo à teologia cristã no sentido doutrinário.
Para fortalecer esse parecer, o estudioso holandês usou em seu método os pais
da Igreja, escritos medievais e muitos outros protestantes que lhe antecederam,
mostrando que eles defendiam a mesma doutrina cristã. Alguns nomes que fazem
parte da belíssima história protestante podem ser arrolados ao lado de Armínio
em visões similares e bem idênticas ao do teólogo holandês: Melanchton, um
líder luterano; Erasmo, reformador católico; Balthasar Hubmaier e MennoSimons,
líderes anabatistas do século XVI. Jacó Armínio morreu no auge da controvérsia
teológica na Holanda, em 1609.
Ensinador Cristão, Ano 18, nº 72,
out./dez. 2017.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na cruz do
Calvário, Jesus Cristo ofereceu a salvação indistinta e gratuitamente para
todos os seres humanos (Ap 22.17). Por decisão pessoal, e liberdade individual,
os que recebem a oferta de salvação são destinados à vida eterna, pois o Pai
quer que todo homem se salve e que ninguém se perca (2Pe 3.9). [Comentário: Nesta
lição, temos a oportunidade de pensar maduramente acerca da fé cristã. É
importante salientar, sob os três aspectos teológicos encontrados hoje em dia –
Calvinismo, Luteranismo e Arminianismo – qual a situação do homem: Na ótica
Luterana: “O homem foi criado à imagem de Deus, mas a perdeu. "Por
natureza somos espiritualmente cegos, mortos e inimigos de Deus".
"Sem o auxílio do Espírito Santo o homem é incapaz de crer". Lutero
se opunha ao termo livre-arbítrio já que há ação do Espírito Santo.”; Para
o Calvinismo: “Depravação total - Todos os homens nascem totalmente
depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões
espirituais;”; o Arminianismo defende a “Capacidade humana (Livre-arbítrio)
- Todos os homens embora sejam pecadores, são livres para aceitar ou recusar a
salvação que Deus oferece, mediante ação do Espírito Santo;” Ainda nesse
sentido, para os Luteranos, a Eleição é condicional; Os Calvinistas afirmam que
a Eleição é incondicional – Deus escolheu dentre todos os seres humanos
decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta
qualquer mérito, obra ou fé prevista neles; Deus predestinou (determinou) quem
vai para o céu e quem vai para o inferno, e a teologia Arminiana defende que a
Eleição é condicional - A eleição divina só acontece mediante a fé em Cristo; A
predestinação, citada na Bíblia, acontece com base na presciência de Deus.
Quanto à Expiação, os Luteranos creem na Expiação geral ou ilimitada; os
Calvinistas na Expiação particular ou limitada - Jesus Cristo morreu na cruz
para pagar o preço do resgate somente dos eleitos, e os Arminianos pregam que a
Expiação foi geral ou ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não
somente pelos eleitos. Explicado estas posições acerca da situação do homem, da
Eleição e da Expiação.
I. A ELEIÇÃO
BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA
1. A eleição de Israel. A eleição no Antigo Testamento tem um significado
mais específico que no Novo Testamento. Exemplo disso é o chamado de Abraão e
sua descendência, que mais tarde formariam a nação de Israel. Deus chamou o
patriarca e lhe fez promessas (Gn 12.1-3). Livre e espontaneamente, o “amigo de
Deus” respondeu positivamente ao chamado. Entretanto, diante dele havia a
possibilidade de não atender a essa convocação. Nesse sentido, é importante
ressaltar que a eleição de Israel (Is 51.2; Os 11.1) é específica e pontual.
Deus tinha um propósito de enviar o Salvador ao mundo por intermédio da nação
judaica. Por ser pontual, específica e coletiva, a eleição de Israel não pode
ser usada como base para fundamentar a salvação individual do crente, nem mesmo
dos judeus, no sentido de Deus decretar uns para a vida eterna e outros para a
eterna danação. Além do mais, por meio do livre-arbítrio que Deus deu a Israel,
a nação chegou a perder algumas bênçãos prometidas porque se rebelou contra o
Senhor e desobedeceu à sua ordem (Jr 6.30; 7.29). Segundo o apóstolo Paulo,
isso nos serve de exemplo a fim de não repetirmos os mesmos erros do povo de
Deus do Antigo Testamento (1Co 10.6,11). [Comentário: Enquanto o salmista exalta a invejável felicidade do
homem que Deus escolhe para habitar em seus átrios (Sl 65:4), os teólogos têm
se mantido à porta do templo durante séculos discutindo sobre a natureza e
razão da escolha de Deus. no VT é a escolha Divina de um indivíduo ou grupo
para cumprir o Seu propósito ou realizar uma tarefa. De acordo com Isaías
Israel foi escolhido, em parte, para louvar o Senhor (Is 43.21). Em Romanos 9.6-13,
Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só
para os fiéis da nação. Visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram
fiéis à promessa (ver Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um Israel dentro de Israel,
que tem recebido a promessa. (b) Em 9.14-29, Paulo chama a nossa atenção para o
fato de que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer com os indivíduos e as
nações. Tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito
de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação, se Ele
assim decidir.]
2. A eleição para a salvação. A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os
pecadores à salvação em Cristo e os torna santos (Rm 8.26-39). Essa eleição é
proclamada por meio da pregação do Evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1Co 1.9), pois
o Altíssimo deseja que todos sejam salvos, respondendo afirmativamente ao seu
chamado para a salvação (At 2.37; 1Tm 2.3,4; 2Pe 3.9). Entretanto, as
Escrituras mostram claramente que quem crer será salvo, mas quem não crer será
condenado (Mc 16.16). [Comentário: Muitos arminianos acreditam que a presciência funciona
assim: Deus tem o conhecimento exaustivo do futuro, assim Ele “prognostica”
perfeitamente. O Pai determinou salvar todos àqueles que crêem em Jesus. Os que
crêem são eleitos. A eleição em Cristo é corporativa na Escritura (aqueles que
crêem), em oposição a eleição individual para a salvação. O entendimento
arminiano sobre presciência é evidente em passagens como Romanos 8.29 e 1 Pedro
1.2.1 A visão arminiana/wesleyana da predestinação é uma
visão corporativa. Ao invés de Deus selecionar uma pessoa na eternidade e
escolhê-la para a salvação, Deus decide que um grupo, a Igreja, será salvo. Por
“Igreja” (ekklesia) compreende-se a “totalidade dos cristãos dispersos por todo
o mundo”[1]. Deus decidiu de antemão que aqueles que fizessem parte do Corpo de
Cristo estariam predestinados à salvação, mas ele não escolheu individualmente
quem faria parte deste Corpo. Em outras palavras, todos tem oportunidade de salvação
e podem optar livremente por fazerem parte do Corpo ou não, e aqueles que
decidem fazer parte do Corpo estão predestinados à salvação.2 O
pastor Ciro Zibordi também explica a doutrina da eleição corporativa nas
seguintes palavras: “Deus elegeu a si um povo chamado Igreja, e não
indivíduos, isoladamente. Somos predestinados porque somos parte da Igreja de
Deus; não somos parte da Igreja porque fomos antes, individualmente,
predestinados. Se, na Igreja, como Corpo de Cristo, alguém individualmente se desvia,
e não volta, a eleição da Igreja não se altera. De igual modo foi a eleição de
Israel. O Senhor elegeu aquele povo para si; não indivíduos. Tanto é que
milhares de israelitas se desviaram, porém a eleição de Israel, como povo,
prosseguiu”3]
1. JACKSON, Kevin. Presciência definida. Disponível
em: http://www.cacp.org.br/presciencia-definida/. Aceso em: 12 nov, 2017.
2. Uma cosmovisão da eleição
corporativa. Disponível em: http://www.cacp.org.br/uma-cosmovisao-da-eleicao-corporativa/. Acesso em: 12 nov, 2017.
3 ZIBORDI, Ciro Sanches. Crer na
predestinação e no livre-arbítrio não é um contra-senso (1). Disponível
em: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2008/07/internauta-opina-14.html. Acesso em: 13 nov, 2017.
3. A presciência divina. Presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de
antemão (At 22.14; Rm 9.23) e de interferir na história humana (Ne 9.21; Sl
3.5; 9.4; Hb 1.1-3). Ele é soberano (Jó 42), provedor (Sl 104) e sabe quem
responderá positivamente ao convite de salvação (Rm 8.30; Ef 1.5). Deus proveu
o meio de salvação para todas as pessoas, mas nem todas atenderão ao seu
convite. Em sua soberania e presciência, estamos sob os seus cuidados, mas
paradoxalmente, também desfrutamos do livre-arbítrio que Ele nos deu, o que
aumenta mais a responsabilidade humana de obedecer à sua vontade (Rm 11.18-24).[Comentário: Presciência
significa “ter conhecimento de algo antes que isso aconteça.” Na Escritura
temos referências da presciência de Deus daqueles que crerão em Jesus (Rm 8.29;
1Pe 1.2). Aqueles que Deus conheceu de antemão, ele também elegeu para serem
salvos (1Pe 1.2). John Wesley afirma que com imensa exatidão retórica: “O
todo-poderoso, onisciente Deus, vê e sabe, desde a eternidade até a eternidade,
tudo que é, que foi e que será, através de um eterno agora. Para ele nada é
passado ou futuro, mas todas as coisas igualmente são presentes. Ele não tem,
portanto, se falamos conforme a verdade das coisas, presciência, nem
pós-ciência. Ainda quando nos fala, sabendo do que somos feitos, conhecendo a
exiguidade de nosso entendimento, ele se nivela até nossa capacidade e fala de
Si mesmo em termos humanos. Assim, condescendendo-se de nossa fraqueza, ele nos
fala de Seu próprio propósito, conselho, plano, presciência. Não que Deus tenha
necessidade de conselho, de propósito, ou de planejar Seu trabalho de antemão.
Longe de nós imputar isto ao Altíssimo: medi-lo por nós mesmos! É meramente em
compaixão de nós que nos fala assim de si mesmo, como prevendo as coisas no céu
e na terra e como predeterminando-as ou preordenando-as”4.]
4. WESLEY, John. Sobre a Predestinação. In SALVADOR, José
Gonçalves: Arminianismo e Metodismo. São Paulo: Junta geral de Educação
Cristã.1960 p.90
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Qualquer
estudo sobre a eleição deve sempre começar por Jesus. E toda conclusão
teológica que não fizer referência ao coração e aos ensinos do Salvador, seja
tida forçosamente por suspeita. Sua natureza reflete o Deus que elege, e em Jesus
não achamos nenhum particularismo. Nele, achamos o amor. Por isso, é relevante
que em quatro ocasiões Paulo vincule o amor à eleição ou à predestinação: ‘Sabendo,
amados irmãos, que a vossa eleição [gr. eklogên] é de Deus’ (1 Ts 1.4).
‘Como eleitos [gr. eklektoí] de Deus, santos e amados...’. (Cl 3.12) —
nesse contexto, amados por Deus. ‘Como também nos elegeu [gr. exelaxato]
nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para filhos de adoção por
Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito [gr. eudokia] de sua
vontade’ (Ef 1.4,5). Embora a intenção divina não esteja ausente nesta última
palavra grega (eudokia), ela inclui também um sentido de calor que não fica
tão evidente em thelõ ou boulomai. A forma verbal aparece em
Mateus 3.17, onde o Pai diz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo
[gr. eudokêsa]’.
Finalmente,
Paulo diz: ‘Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do
Senhor, por vos ter Deus elegido [gr. heilato] desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade’ (2 Ts 2.13). O Deus que elege
é o Deus que ama, e Ele ama o mundo. Tornar-se-ia válido o conceito de um Deus
que arbitrariamente escolheu alguns e desconsidera os demais, deixando-os ir à
perdição eterna, diante de um Deus que ama o mundo?” (HORTON, Stanley M. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 1996, pp. 363,364).
II. ARMÍNIO
E O LIVRE-ARBÍTRIO
1. Breve histórico de Jacó
Armínio. Jacó Armínio
(*1560 +1609) nasceu na Holanda, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu
o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Tendo sido
envolvido numa disputa calvinista, desenvolveu uma tese bíblica a partir dos
primeiros Pais da Igreja, que foi denominada de Arminianismo. Sua principal
característica é a defesa do livre-arbítrio humano. Por esse posicionamento,
enfrentou forte oposição, perseguição e falsas acusações por parte dos teólogos
calvinistas. Entretanto, esse teólogo holandês sempre apresentou uma postura
tolerante e não combativa, embora convicto de suas opiniões. [Comentário: Embora
tenha sido discípulo do notável calvinista Teodoro de Beza, Armínio defendeu
uma forma evangélica de sinergismo (crença que a salvação do homem depende da
cooperação entre Deus e o homem), que é contrário ao monergismo, do qual faz
parte o Calvinismo (crença de que a salvação é inteiramente determinada por
Deus, sem nenhuma participação livre do homem). O sinergismo arminiano difere
substancialmente de outras formas de sinergismo, tais como o Pelagianismo e o
Semipelagianismo. Para se compreender os motivos que levaram à aguda
controvérsia entre o Calvinismo e o Arminianismo, é preciso compreender o
contexto histórico e político no qual se inseriam os Países Baixos à época.5.
O Arminianismo é um sistema teológico que tenta explicar a relação entre a
soberania de Deus e a responsabilidade humana em relação à salvação. O sistema
teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619
na Holanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer
hoje o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas
evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo.
Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:
1. Capacidade
humana, Livre-arbítrio – Todos os homens embora sejam pecadores, ainda são
livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece (por meio da Graça
Preveniente);
2. Eleição
condicional – Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo;
3. Expiação
ilimitada – Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;
4. Graça resistível
– Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;
5. Decair da Graça
(remonstrantes que propuseram isso, Armínio acreditava na doutrina da
Perseverança dos Santos) – Homens salvos podem perder a salvação caso não
perseverem na fé até o fim.]
2. O livre-arbítrio. O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm
de fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno,
especificamente se tratando da salvação. Isso quer dizer que cabe a cada um
deixar-se convencer pelo Espírito Santo para ser salvo por Jesus ou não, embora
Deus dê a todos a oportunidade da salvação. No Jardim do Éden, o Criador
outorgou o livre-arbítrio ao homem (Gn 2.16,17); a Israel deu também essa
prerrogativa (Dt 30.19); e à humanidade o Altíssimo possibilitou escolha entre
o caminho da salvação ou o da perdição (Mc 16.16). [Comentário: O
autor calvinista Manford Kober diz: “O arminiano dirá que o homem
é eleito porque ele crê. O calvinista afirma que o homem crê porque ele é um
eleito”6. Armínio defendeu que embora a queda de Adão
tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado
de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por
livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da
ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é
a participação humana no novo nascimento. Este primeiro ponto apresentado por
Armínio no Sínodo de Dort foi combatido pelos Calvinistas com o seu primeiro
ponto da TULIP:
“Incapacidade Total ou Depravação Total: O homem natural não pode sequer
apreciar as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo,
impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum.
Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe a fé salvadora, e fazendo-o
ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente. (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm
3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13)”7. 6. Manford
E. Kober, Divine Election or Human Effort? p. 44.
7. ARMINIANISMO X CALVINISMO, Disponível em: http://apologetica-crista.blogspot.com.br/2009/12/arminianismo-x-calvinismo.html. Acesso em: 13 nov, 2017.
3. O livre-arbítrio na Bíblia. Deus nos criou à sua imagem e semelhança (Gn 1.26).
Logo, por Ele ser naturalmente livre, também seus filhos possuem a faculdade de
escolherem livremente. Por isso, o Criador sempre incentivou a nação a escolher
o caminho da vida (Dt 30.19-20). Assim, segundo as Escrituras, se em Adão todos
são predestinados para a perdição, em Cristo, todos são predestinados para a
salvação: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão
vivificados em Cristo” (1Co 15.22; cf. Jo 1.12), pois “se, com a tua boca,
confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9). [Comentário: O livre-arbítrio é o poder que temos de tomar
uma decisão, sem sermos obrigados a escolher uma determinada opção. O
livre-arbítrio é nosso poder de escolha. Por causa do livre-arbítrio, cada
pessoa é responsável por suas ações. Deus nos deu o livre-arbítrio8.
O site do Ministério Apologético CACP traz o artigo ‘O que diz a bíblia sobre o
livre arbítrio?’, onde defende a existência do livre-arbítrio em toda a Bíblia.
Em contra-ponto, o Calvinismo afirma que não há livre-arbítrio depois da queda,
o que mais se aproxima é a livre-agência. C. H. Spurgeon pregando em João 5.40
“Mas não quereis vir a mim para terdes vida”, afirma: “...Geralmente quando
o texto é empregado, ele é dividido desta forma: primeiro, o homem tem uma
vontade. Segundo, ele é inteiramente livre. Terceiro, os homens tem que querer
por sua própria vontade vir a Cristo, de outra maneira eles não serão
salvos....”9.]
8. O que é o livre-arbítrio?; Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-e-o-livre-arbitrio/. Acesso em: 13 nov, 2017.
9. SPURGEON, c. H. ‘Livre-Arbítrio - Um Escravo’.
Disponível em:http://www.monergismo.com/textos/chspurgeon/Livre_Spurgeon.htm.
Acesso em 13 nov, 2017
SUBSÍDIO DIDÁTICO-TEOLÓGICO
Professor(a),
sugerimos que você reproduza o esquema ao lado no quadro (antes da chegada dos
alunos à classe). Para a introdução do tópico, faça a seguinte pergunta: “O que
é o arminianismo?” Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos.
Depois, explique que tal termo se refere à teologia que foi elaborada pelo
teólogo Jacobus Arminius. Logo após, mostre aos alunos o quadro com os cinco
pontos básicos do arminianismo. Discuta com os alunos os pontos:
III. ELEIÇÃO
DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO
1. A eleição divina. A eleição é uma escolha soberana de Deus (Ef 1.5,9)
que tem como objeto de seu amor todos os seres humanos (1Tm 2.3,4). Não é uma
obra que leva em conta o mérito humano, mas que é feita exclusivamente em
Cristo (Ef 1.4). Em Jesus, Deus nos elegeu com propósitos específicos: para
pertencermos a Cristo (Rm 1.6; 1Co 1.9); para a santidade (Rm 1.7; 1Pe 1.15;
1Ts 4.7); para a liberdade (Gl 5.13); para a paz (1Co 7.15); para o sofrimento
(Rm 8.17,18); e para a sua glória (Rm 8.30; 1Co 10.31). [Comentário: Armínio
apresentou a perspectiva que a soberania de Deus em fato elegeu o homem a ser
salvo. No entanto, ele pensou que a eleição seria baseada na onisciência de
Deus de que poderia por fé aceitar a Cristo e quem poderia rejeitá-lo. Todos os
homens, pensou ele, poderia ser salvo na condição de exercitarem sua vontade e
crerem no Senhor Jesus Cristo. Ele rejeitou a ideia de que a expiação dos
pecados foi limitada a apenas uns poucos. Arminio insistiu que Cristo morreu
por todos os homens e salva a todos os que O aceita por fé. Este é o segundo
ponto da remonstrância : Eleição Condicional (Deus não teria marcado ninguém
para salvar-se ou perder-se, mas a eleição antes da fundação do mundo seria
baseada na presciência divina, que elegeria aqueles que de antemão previu que
iriam arrepender-se e crer, sendo, portanto, o conjunto dos eleitos aberto, sem
garantir a segurança de qualquer pessoa antes do encerramento de sua história.]
2. Escolha humana e
fatalismo. A graça comum (Rm
5.18) é estendida a todos os seres humanos, abrindo-lhes a oportunidade para
crerem no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação
fatalista de Deus — Fatalismo: acontecimentos que operam independentemente da
nossa vontade, e dos quais não podemos escapar. Ora, a eleição de Deus não é
destinada somente a alguns indivíduos, enquanto os outros, por escolha divina,
vão para o inferno. Isso vai contra a natureza amorosa e misericórdia do
Criador. Por isso, indistintamente, Ele dá a oportunidade para que todos se
salvem (At 17.30), pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). [Comentário: Arminio
sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os reformadores sustentavam
que ela é incondicional. Os arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem
‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o
pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem10.
O segundo ponto da TULIP (Eleição incondicional) afirma que Deus escolheu
dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça
pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles (Provérbios
16.4; João 13.18; Romanos 8.30; Efésios 1.4-5; 2 Tessalonicenses 2.13-14. Poucas doutrinas
suscitam tanta polêmica ou provocam tanta consternação como a doutrina da
predestinação. Trata-se de uma doutrina difícil, que precisa ser discutida com
grande cuidado e precaução.] 10. SPENCER, Duane
Edward. ‘Os Cinco Pontos do Arminianismo’. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/cincopontos_arminianismo.htm. Acesso em 13 nov, 2017.
3. A possibilidade da escolha
humana. Há vários textos bíblicos
que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher: “todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); “o que vem a mim
de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37); “todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo” (Rm 10.13). Uma das coisas mais belas da Palavra de Deus
é que, embora o Altíssimo seja soberano, Ele não criou seus filhos como robôs
autômatos milimetricamente controlados. O nosso Deus deseja que todo ser
humano, espontânea e livremente, o ame de todo coração e mente. [Comentário: O
primeiro ponto do arminianismo sustenta que o homem é dotado de vontade
livre.Os reformadores reconhecem que o homem foi dotado de vontade livre, mas
concordam com a tese de Lutero — defendida em sua obra “A Escravidão da Vontade”
—, de que o homem não está livre da escravidão a Satanás. Arminio acreditava
que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem
suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador. O
quarto ponto da remonstrancia (a graça pode ser impedida/resistida) afirma: uma
vez que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo
Espírito para atrair todos os homens a Cristo. Contudo, desde que o homem goza
de vontade livre absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua
própria vida. (A ordem arminiana sustenta que, primeiro, o homem exerce sua
própria vontade e só depois nasce de novo). Ainda que o arminiano creia que
Deus é onipotente, insiste em que a vontade de Deus, em salvar a todos os
homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo.11.
Passagens como: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser
frustrado” (Jó 42:2); “Todos os moradores da terra são por ele reputados
em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os
moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que
fazes?” (Dn 4:35). “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.”
(Sl 115:3; cf Ef 1:11), apontam para a soberania de Deus – Ele governa toda a
criação e tudo se passa conforme o seu querer. Como conciliar a vontade humana
com a soberania divina? Think!.] 11. IBDEM
10.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Ainda
de acordo com a ideia de que o relacionamento entre o divino e o humano é uma
via de mão dupla, a posição compatibilista de Lewis, que aventa o que chamei de
‘coexistência pacífica entre soberania divina e livre-arbítrio” ou
‘compatibilidade incognoscível’, é exemplificada pelo autor de As Crônicas de
Nárnia, com a ideia de perdão. A necessidade de tal ato da parte de Deus, ‘move’
a divindade e, ‘Nesse sentido’, diz ele, ‘a ação divina é consequência do nosso
comportamento, [e] é por ele condicionada e induzida’. Lewis então questiona
retoricamente: ‘Será que isso significa que podemos ‘influenciar’ Deus?’. O
anglicano acredita que é até possível responder afirmativamente caso se quiser
e diz que, se isso for dessa forma, é preciso então que se flexibilize a noção
de ‘impassibilidade’ divina, ‘de forma que admita isso’, aventando a hipótese
de que o comportamento humano, de alguma forma, ‘influencia’ o Criador, ‘pois
sabemos que Deus perdoa muito mais do que entendemos o significado de
‘impassível’. Assim é que, a respeito dessa questão, Lewis diz que prefere
‘dizer que, antes de existirem todos os mundos, Seu ato providencial e criativo
(porque são uma coisa só) leva em conta todas as situações engendradas pelos
atos de suas criaturas’. Mas, questiona, ‘se Deus leva em conta nossos pecados,
por que não nossas súplicas?’ Isso significa que a oração, a súplica, move a
Deus. Numa palavra, ‘Deus e o homem não se excluem mutuamente, como o homem exclui
ao seu semelhante no ponto de junção, por assim dizer, entre Criador e
criatura; no ponto em que o mistério da criação — infinito para Deus e
incessante no tempo para nós — ocorre de fato’. Isso significa que, ‘Deus fez
(ou disse) tal coisa’ e ‘eu fiz (ou disse) tal coisa’ podem ambos ser
verdadeiros’. Esta, inclusive, é a forma arminiana e pentecostal de crer. A
soberania divina coexiste com o livre-arbítrio e qualquer tentativa de explicar
como isso ocorre leva a equívocos e discussões desnecessárias” (CARVALHO, César
Moisés. O Sermão do Monte: A justiça sob a ótica de Jesus. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.114,115).
CONCLUSÃO
O Evangelho é um presente
oferecido a todas as pessoas, independente de méritos pessoais. Por isso o
Senhor convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei” (Mt 11.28). Os que aceitam a esse convite estão predestinados a
“serem conforme a imagem de seu filho”, Jesus Cristo (Rm 8.29). Deus deseja que
todo ser humano seja salvo! [Comentário: Está colocado, nestes comentários, não apenas uma
monovisão do assunto, com o intuito de levar o aluno a pensar maduramente sua
fé. Para isso, é preciso oferecer ambas as visões teológicas – espero ter
conseguido. O fato é que o sangue de Cristo não foi derramado em vão. Ele não
morreu à toa e por isso não ficará desapontado com os resultados de sua morte.
No Calvário, Cristo satisfez a lei da justiça de Deus no lugar do pecador
eleito. Sua morte foi eficaz! Ele realmente salvou aqueles que intencionava
salvar! “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24).
Deus disse sobre seu Filho: “O meu servo, o justo, justificará a
muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.11). Se
Cristo no Calvário levou minhas iniquidades, então minha justificação é certa.
Ele não levaria meus pecados e então deixaria de me justificar - “E sabemos
que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes
conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a
estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que
justificou a estes também glorificou” (Rm 8.28-30).] “...
corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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