SUBSÍDIO I
A SALVAÇÃO PELA GRAÇA
Uma acusação comum aos
pentecostais é a de que não conhecemos a graça de Deus. Acusa-nos de legalistas
porque em pleno século XXI os pentecostais ainda dão ênfase ao tema da
santidade como um estilo de vida a ser vivido.
Nesse assunto, os pentecostais
também concordam com a teologia arminiana, em que o fundamento essencial na
dinâmica da salvação é o da graça preveniente e que toda salvação é fruto inteiramente da graça de
Deus. Retomando mais uma vez o auxílio do teólogo arminiano Roger Olson,
passamos a conceituar graça
previniente.
A graça preveniente é uma
doutrina elevada da graça
Com graça preveniente se quer
dizer o chamado de Deus no sentido de ser dEle a iniciativa do começo de
relação com uma pessoa que é livre para responder a esse chamado com
arrependimento e fé. Esse processo preveniente da graça, segundo Roger Olson,
inclui ao menos quatro aspectos: chamada, convicção, iluminação e capacitação.
Por isso, alinhado à visão arminiana, o pentecostal não tem dificuldade de
pregar a graça de Deus e, ao mesmo tempo, reconhecer que a chamada para a
salvação pode ser rejeitada pela pessoa. É muito claro para o pentecostal que
nenhuma pessoa pode arrepender-se, crer e ser salva sem o auxílio sobrenatural
do Espírito Santo. Este age do início ao fim do processo salvífico. Entretanto,
é preciso que a pessoa não resista ao Espírito, como fizeram os fariseus ao
resistirem intensa e sistematicamente à mensagem de Jesus Cristo (Mt 12.22-32),
mas que coopere com o Espírito reconhecendo a própria condição de pecador,
crendo nEle como único Salvador.
O que pensava Armínio acerca da
graça de Deus na salvação?
Segundo Roger Olson, a teologia
de Armínio sempre foi compromissada com a graça de Deus. O teólogo holandês
jamais atribuiu eficácia salvífica à bondade ou à força de vontade do ser
humano. Isso é importante destacar, pois é um equívoco pensar que quem afirma
que o ser humano pode resistir a graça de Deus está dizendo que o que define a
salvação é a vontade humana. Nada mais injusto!
Nunca houve problema para
Armínio, porque está claro nas Sagradas Escrituras, que a salvação é de graça,
provém de Deus e é um presente incomensurável do Altíssimo para o ser humano.
Entretanto, também está claro nas Escrituras (principalmente nos textos
narrativos, isto é, os Evangelhos e o livro de Atos), assim como também para
pentecostais, “que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça
que é oferecida”.
Texto publicado,
mas levemente adaptado, na revista Ensinador
Cristão, nº 72, Editora CPAD, 2017, p.39
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A Lei no Antigo Testamento tem a função de instruir
e ensinar ao povo o que Deus estabeleceu aos israelitas a fim de eles terem um
convívio próspero, pacífico e harmonioso na terra de Canaã. Os mandamentos
contêm preceitos indispensáveis de moral, de ética e de vida religiosa, sem os
quais o povo viveria num caos. Entretanto, na impossibilidade de os seres
humanos cumprirem plenamente a Lei para tornarem-se justos, Deus nos outorgou a
sua maravilhosa graça. [Comentário: É quase um paradigma para nós associarmos o Antigo Testamento à Lei e o
Novo Testamento à Graça. De início, deixo uma pergunta: ‘Jesus aboliu a Lei?’ A
resposta é um enfático Não, Jesus
não aboliu a Lei, Jesus cumpriu a Lei. Jesus mudou nosso relacionamento com a
Lei. Ele mostrou que o mais importante é a atitude do coração, não as
cerimônias exteriores. Em Mateus 5.17-18, Jesus disse que tinha vindo para
cumprir a Lei, não para abolir. Ele explicou que a Lei de Deus não pode ser
abolida. A Lei de Deus é justa e precisa ser cumprida. Por outro lado, Hebreus
7:18-19 diz que a Lei foi revogada! Várias passagens da Bíblia dizem que a Lei
é eterna e precisa ser cumprida mas várias outras dizem que a morte de Jesus na
cruz revogou a Lei. Assim, vamos pensar
maduramente a fé cristã?]
1. LEI
E GRAÇA
1. O propósito da Lei. A Lei tem o propósito espiritual de mostrar quão terrível é o pecado -
"pela lei vem o conhecimento do pecado." (Rm 3.20) -, bem como o
propósito concreto de preservar o povo de Israel do pecado. Mais tarde, a Lei
também revelaria quão grande é a necessidade do ser humano, pela graça, obter a
salvação, pois era impossível cumprir plenamente a Lei de Deus no Antigo
Testamento (Rm 7.19; Tg 2.10). Entretanto, sob o ponto de vista dos aspectos
morais da Lei, há princípios que continuam vigorando até os dias atuais. Esses
princípios, conforme resumidos no Decálogo - os Dez Mandamentos -, representam
nossas obrigações éticas para com Deus e com o próximo (Êx 20.1-17). Esse é o
caminho traçado pelo Altíssimo para nós no processo de santificação efetivado
pelo Espírito Santo (Jo 14.15; Jo 16.8-10). Nesse sentido, a própria lei moral
de Deus é uma expressão de sua graça que representa a revelação clara de sua
vontade santa, justa e boa (Rm 7.12). [Comentário: O foco central da teologia bíblica é o governo de Deus, o Reino de Deus
ou os conceitos entrelaçados de Reino e aliança. O estudo do Antigo Testamento
é essencial para a compreensão da revelação dos propósitos de Deus no decorrer
da historia da humanidade, ressaltando a progressão da revelação divina e os
propósitos didáticos de Deus. Portanto, compreender o Antigo Testamento é
desfrutar do que os escritores do Novo Testamento encontraram, ou seja, ao
invés da letra que mata, o testemunho do Espírito que conduz à vida. Ao invés
da enfadonha coleção de leis escravizadoras, uma condução para a grande
libertação em Jesus Cristo. Ainda hoje, Deus quer que aprendamos com as
experiências do povo do Antigo Testamento, sobre gratidão ou ingratidão,
rendição ou rebelião, humildade ou arrogância, entre tantas outras totalmente
aplicáveis aos nossos dias. Teologicamente falando, a Lei dividi-se em três
partes: a lei civil, a lei cerimonial e a Lei Moral. A lei civil e cerimonial
são questões como: forma de governo, circuncisão, “carne de porco”,
sacrifícios, quem pode ser sacerdote, etc. Estas vertentes da lei foram
abolidas. Vejamos:
Lei cerimonial: Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei. (Hebreus 7:12) Lendo o contexto,
percebe-se que a lei ao qual o autor de Hebreus se refere é a lei que constitui
sacerdotes (Hebreus 7:28), ou seja, a lei cerimonial.
Lei civil: Disse-lhes então: Dai, pois, a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus. (Lucas 20:25) Mostrando a separação
entre o governo humano e o divino, nesta nova era, que é diferente da de Israel
(para um entendimento mais profundo desta diferença de eras leia este artigo de
John Piper).
Sendo assim, bem sabemos que Jesus disse:
Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas:
não vim ab-rogar, mas cumprir. (Mateus 5:17)
Então, quando Jesus veio, Ele cumpriu toda a Lei
Divina, tanto a sombra da lei cerimonial (sacrifício único e perfeito, sacerdote
eterno, etc.) e da lei civil (assumindo o reinado messiânico, etc.), como a Lei
Moral. Contudo, a Lei Moral não foi abolida, porque nem o pode ser, pois é um
reflexo do caráter Santo de Deus e é o caráter divino que define algo como
pecado. Esta Lei Moral está resumida nos 10 mandamentos e ainda mais resumida
nos dois grandes mandamento. Cabe ressaltar que Jesus não veio trazer uma nova
lei. No sermão do monte, Cristo não estava abolindo a Lei Divina, mas o
entendimento errado e os mandamentos humanos que colocaram sobre ela; e Ele fez
isso mostrando o sentido mais profundo da Lei. Aliás, os dois grandes
mandamentos, que são um, também não são uma nova lei, mas Jesus estava
respondendo ao fariseu que perguntou qual “o grande mandamento na lei” (Mateus 22:36).
Portanto, a Lei Moral ainda vigora e todo crente (judeu ou gentio) deve
cumpri-la. Se o judeu messiânico referia-se a esta Lei, então estou de acordo;
e realmente só conseguimos cumpri-la através do poder regenerador e
santificador do Espírito Santo. Contudo, acho que a lei que os judeus
messiânicos estavam se referindo é a cerimonial. Assim sendo, é importante
dizer que, apesar de alguns crentes judeus continuarem a guardar algumas
cerimônias no NT, isso não foi feito porque eles eram obrigados a isso, mas por
costume e temporariamente. No NT não existe mais diferença entre judeu e
gentio, todos estão debaixo da mesma condenação, todos tem acesso a Deus em um
Espírito e todos têm que cumprir a mesma Lei, a Lei de Cristo, que é a Divina
Lei Moral. Para um maior entendimento do perigo de se guardar a lei cerimonial
buscando ser aceito por Deus sugiro a leitura de Gálatas, Colossenses e Hebreus1.] 1. PIMENTEL Vinícius M.:
‘Precisamos guardar a Lei?’; Disponível em: Voltemos Ao Evangelho: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2010/07/pve-precisamos-guardar-a-lei/. Acesso em 3 de novembro de 2017.
2. A Lei nos conduziu a Cristo. A Lei foi uma espécie de guia para encontrarmos a Cristo
por meio da graça (Gl 3.24). Ela nos convence, pela impossibilidade de ser
cumprida, de que não podemos alcançar a salvação sem Cristo. Desse modo, quando
a Lei se faz a própria justiça do homem, como mérito dele, ela se torna depreciativa,
impossibilitando o ser humano de alcançar a salvação que só é possível mediante
o evangelho da graça de Deus (Ef 2.8). [Comentário: O Pr Mauro Meister escreve:
“Estamos sob a Lei ou sob a graça? Esse questionamento reflete um entendimento
confuso do ensino bíblico acerca da lei e da graça de Deus. Muitos associam a
lei como um elemento pertencente exclusivamente ao período do Antigo Testamento
e a graça como um elemento neotestamentário. Isso é muitas vezes o fruto do
estudo apressado de textos como: ...sabendo, contudo, que o homem não é
justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não
por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gálatas
2.16). Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da
lei, e sim da graça (Romanos 6.14). E, de fato, uma leitura isolada dos textos
acima pode levar o leitor a entender lei e graça como um binômio de oposição. Lei
e graça parecem opostos, sem reconciliação — o cristão está debaixo da graça e
conseqüentemente não tem qualquer relação com a lei. No entanto, essa leitura é
falaciosa. O entendimento isolado desses versos leva a uma antiga heresia
chamada antinomismo, a negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei
não tem qualquer papel a exercer sobre a vida do cristão. O coração do cristão
torna-se o seu guia e a lei se torna dispensável. O oposto dessa posição é o
legalismo ou moralismo, que é a tendência de enfatizar a lei em detrimento da
graça (neonomismo). Nesse caso, a obediência não é um fruto da graça de Deus,
uma evidência da fé, mas uma tentativa de agradar a Deus e de se adquirir
mérito diante dele. Exatamente contra essa idéia é que a Reforma Protestante
lutou, apresentando como uma de suas principais ênfases a sola gratia”2. pecado] 2. MEISTER. Mauro Fernando: ‘Lei e Graça: Uma visão reformada’,
disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/Mauro.pdf. Acesso em 3 de novembro de 2017.
3. A graça revela que a Lei é imperfeita. Paulo constata a superioridade do Espírito em relação à Lei
(Gl 5.18) e, que por isso, morremos para a Lei (Rm 7.4; Gl 2.19). Assim, o
escritor aos Hebreus revela que a Lei é imperfeita (Hb 8.6,7,13) e o apóstolo
João afirma que foi Cristo quem trouxe a graça e a verdade (Jo 1.17). Sim, a
graça é superior à lei! Logo, segundo as Escrituras, só existe a Lei por causa
do pecado e para apontá-lo: "Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo
nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei" (Rm 7.7). [Comentário: Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, [nós]
estabelecemos a lei. (Romanos 3:31). Paulo não poderia ter deixado sua posição
mais clara! Todavia, há milhões de cristãos que crêem na Bíblia e ensinam que
Paulo era hostil à lei do Antigo Testamento como um parâmetro moral para a ação
ética. Eles ensinam que Paulo permanecia contra a lei de Deus, recomendando em
seu lugar um tipo de união mística com o Espírito Santo – uma união que
supostamente não deve ser testada pelo crente em termos dos detalhes da lei
bíblica. Eles recusam ver que a lei de Deus testa todos os espíritos! O que
Paulo possivelmente quis dizer pela frase, “antes, estabelecemos a lei”? Não
foi isso o que Jesus disse em Mateus 5:17-18 – que Ele não tinha vindo para
anular a lei, mas sim para cumpri-la (estabelecê-la)? Por que existem expositores
modernos tão hostis às palavras de Paulo e Jesus? É porque eles estão
indispostos a aceitar o fardo mais leve do jugo ético de Jesus e, no seu lugar,
crêem poder carregar um jugo melhor do que aquele de Jesus? A fé não anula nem
invalida a lei de Deus. A graça de Deus capacita um homem regenerado a começar
a usar a lei de Deus como uma ferramenta de domínio: primeiro, em sua vida
espiritual; segundo, em seus relacionamentos externos com outros; e terceiro,
na construção progressiva do reino de Deus, no tempo e sobre a Terra, e
subseqüentemente, além da sepultura, após a ressurreição. A lei é uma maldição
para o pecador e uma bênção para nós3.]
3. NORTH, Gary. ‘Bible
Questions Your Instructors Pray You Won’t Ask’, (Institute for Christian
Economics, 1988), p. 137-138
2. O
FAVOR IMERECIDO DE DEUS
1. Superabundante graça. Não há pecador, por pior que
seja, que não possa ser alcançado pela graça divina, pois onde abundou o
pecado, que foi exposto pela Lei, superabundou a graça de Deus (Rm 5.20) [Comentário: A lei funciona, aqui, como um revelador do pecado. Quando ela diz: “não
faça isto”, o ato de fazê-lo se torna muito mais visível. No entanto, a
visibilidade do pecado traz consigo a visibilidade da graça (superabundou). Por
causa do pecado, Deus deu Sua Lei a Moisés, para mostrar como devemos viver.
Essa Lei mostrava claramente que todos pecamos e ninguém segue perfeitamente a
vontade de Deus. A Lei de Deus realça nossos pecados e nos condena (Rm
3.19-20). A Lei revela que precisamos ser salvos. Por meio da compreensão dessa maravilhosa graça, o apóstolo João
escreveu: "se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus
Cristo, o Justo" (1Jo 2.1). [Comentário: As pessoas algumas vezes
perguntam: Por que precisamos de intercessão? Isso não implica uma obra
imperfeita? Ou será que Deus o Pai não está a nosso favor do mesmo modo como
Deus o Filho? Longe de nós tais pensamentos. Então qual é a implicação disso?
"Filho sobre a casa de Deus": o povo de Deus está colocado sob Sua
direção, uma vez que Ele proporcionou expiação para eles sobre a cruz. Ele pode
produzir com poder vivo a completa salvação deles agora como o Senhor
ressuscitado dentre os mortos4.
A graça de Deus venceu o pecado. Quem é salvo agora vive para fazer a vontade
de Deus, não para o pecado. A graça de Deus superabunda onde o pecado é vencido
e o bem prevalece. 4. JESUS:
NOSSO GRANDE SUMO SACERDOTE E ADVOGADO, Disponível em: http://www.chamada.com.br/meditacoes/todo_dia/2017/setembro10.html. Acesso em 3 de novembro de 2017.
2. Fé e graça. A graça opera mediante a fé no
sacrifício vicário de Cristo Jesus. Ambas, fé e graça, atuam juntamente na obra
de salvação: a graça, o presente imerecido de Deus; a fé, a contrapartida
humana à obra de Cristo. Nesse sentido, não é a fé que opera a salvação, mas a
graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus (Rm 3.28; 5.2;
Fp 3.9). [Comentário: A graça de Deus é traduzida por “misericórdia”, “grande amor” e “vida
juntamente com Cristo” a despeito de estarmos “mortos em nossos delitos”. Em
Efésios 2.8 Paulo faz uma ligação bastante direta entre a graça e a fé: “Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;” Mas, o que é ‘fé’? Comentando
essa passagem, o grande estudioso do Novo Testamento A. T. Robertson observa: “A ‘graça’ é a parte de Deus, a ‘fé’ é a
nossa. E “isto” (kai touto), é neutro, não o feminino taute. Portanto, não se
refere a pistis (‘fé’) ou a charis (‘graça’), mas ao ato de ser salvo pela
graça condicionado à fé de nossa parte”.]
3. A graça não é salvo conduto para pecar. Segundo o ensino das Sagradas Escrituras, a graça jamais pode ser vista
como um salvo conduto para a prática do pecado ou da libertinagem (Gl 5.13).
Pelo contrário, a graça de Deus nos convoca à obediência ao doador da graça,
pois quando se ama fazemos de tudo para agradar a pessoa amada. Por isso, o
amor de Cristo nos "constrange" (2 Co 5.14) a fazer algo que agrade
ao Pai (1Ts 4.1). Logo, quem é alcançado pela graça compreende o quanto somos
devedores a Deus e aos irmãos (Rm 13.8) e, por isso, desejamos amar o outro
como Cristo amou (Jo 13.35). Os que estão sob a liberdade da graça vivem a
santidade que reflete a beleza de Cristo no homem interior, onde este se revela
vivo para Deus, mas morto para o pecado (Rm 6.11,13).
[Comentário: Aos que procuram a todo custo
macular a doutrina da graça, afirmando que
já que Jesus perdoa todos os
pecados do Seu povo, então temos licença
para pecar à vontade, uma vez que parece
que Ele não se importa muito com
o fato de pecarmos ou não. A isto, a própria doutrina da graça responde, uma
vez que a graça nos é dada para limpar,
para purificar, para justificar quem está sujo pelo pecado. Ora, como
poderia aquilo que se destina a nos
limpar, nos fazer a concessão de continuarmos nos sujando a nosso bel prazer?
Deus é o juiz e o vingador de tais zombadores que tentam transformar a
santidade da Sua graça em luxúria e pretexto para a libertinagem5.] 5. DUTRA,
Silvio. A graça não é luxúria; Disponível em: http://webartigos.com/artigos/a-graca-nao-e-luxuria/95301#ixzz4xW9XPlii. Acesso em 3 de novembro de 2017
3. O
ESCÂNDALO DA GRAÇA
1. Seria a graça injusta? Se comparada com a humana, a
justiça divina é imensamente perdoadora. Logo, sob a ótica humana, a graça se
torna injusta. Por esse motivo, a graça é considerada um escândalo (Cl 2.14; Ef
2.8,9). Pelo fato de não haver merecimento por parte do recebedor, o apóstolo
enfatiza a impossibilidade de a graça e a lei "andarem juntas", pois
ambas são excludentes: "porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada" (Gl 2.16); pois como diz Atos dos Apóstolos: "mas cremos
que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo" (15.11). Logo, pela
lei é impossível o pecador se salvar, mas dependendo única e exclusivamente da
maravilhosa graça de Deus, ele encontrará descanso para a alma (Mt 11.28-30). [Comentário: "Justiça significa dar a cada um o que merece." A justiça de
Deus é a retidão de sua natureza, aquilo pelo qual faz o que é reto e de igual
medida. "E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?" (Pv
24.12). Deus é um juiz imparcial. Ele julga a causa. Os homens geralmente
julgam a pessoa, mas não a causa. Isso não é justiça, mas malícia.
"Descerei e verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse
clamor que é vindo até mim" (Gn 18.21). Quando o Senhor está diante de um
ato punitivo, pesa as coisas na balança, não pune de qualquer maneira; não age
desordenadamente, mas de maneira lógica contra os ofensores6. Sola Gratia, um dos gritos da Reforma. Uma das
maiores e mais preciosas doutrinas da Bíblia é a da graça de Deus, da salvação
somente pela graça. Mesmo uma leitura perfunctória da Bíblia, especialmente do
Novo Testamento, mostrará que a salvação e todas as bênçãos da vida cristã são
resultado da graça de Deus7.] 6. WATSON, Thomas
(1620-1686). O que é a justiça de Deus? – Postado por Josemar Bessa em: http://www.josemarbessa.com/2010/09/o-que-e-justica-de-deus-thomas-watson.html. Acesso em 3 de novembro de 2017.
7. FALCÃO Samuel, A Doutrina
da Salvação só pela Graça, Postado por Ruy Marinho em: https://bereianos.blogspot.com.br/2011/09/doutrina-da-salvacao-so-pela-graca.html. Acesso em 3 de novembro de 2017.
2. A divina graça incompreendida. Nos
dias do apóstolo Paulo, muitos não compreenderam seus ensinamentos sobre a
graça de Deus (2 Pe 3.15,16). Por isso, ao longo da história da Igreja, dois
extremos estiveram presentes acerca da compreensão da graça: [Comentário: De fato, não houve incompreensão, mas uma tentativa de ensinar o que
Jesus não disse, especialmente com os gnósticos - a heresia mais perigosa que
ameaçava a igreja primitiva durante os primeiros três séculos. Os princípios do
Gnosticismo contradizem o que significa ser cristão. Portanto, embora algumas
formas de Gnosticismo afirmem ser cristãs, elas são decididamente não-cristãs.]
(1) Liberdade total para pecar (Rm 6.1,2);
(2) a impossibilidade de receber tão valioso
presente (Gl 5.4,5). O primeiro, naturalmente, leva a pessoa à libertinagem.
Entretanto, a Palavra de Deus mostra que maior castigo sobrevirá sobre os que
profanarem o sangue do pacto e ultrajarem o Espírito da graça (Hb 10.29). O
segundo extremo se refere ao perigo do legalismo, à ideia de que para ser salvo
por Deus é preciso dar algo em troca. Tal atitude pode levar o crente ao
orgulho espiritual (Ef 2.8-10) e gerar toda sorte de comportamentos hipócritas
(Mt 23-23). [Comentário: A salvação é pela graça porque
Deus não exige nada para merecermos a salvação. Não precisamos fazer nenhum ato
de bondade, heroísmo nem penitência. Basta ter fé. Em Sua graça, Deus oferece a
salvação a todos gratuitamente. Pessoas “boas” não são favorecidas e pessoas
“ruins” não são desprezadas. Em relação a Deus, todos estão na mesma situação e
todos recebem a mesma oferta, sem custo. Tudo que temos de fazer é aceitar,
pela fé (Efésios 2:8-9). Assim, ninguém tem motivo para se achar superior aos
outros, porque foi Jesus que fez o trabalho e conquistou a salvação por todos
nós. Nossas obras não nos podem salvar porque são imperfeitas. Somente Deus é
perfeito e somente Ele pode nos aperfeiçoar8.]
8. O que é a salvação pela graça?
Disponível em: https://www.respostas.com.br/salvacao-pela-graca/. Acesso em 3 de novembro de 2017.
3. Se deixar presentear pela graça. Humanamente
é impossível ao crente, alcançado pela graça, retribuir a Deus tão grande
salvação. Se fosse possível, já não seria graça, favor imerecido; mas mérito
pessoal que tiraria de Deus a autoria divina da salvação. Em nosso
relacionamento com Ele, quem tem mérito é seu Filho, Jesus Cristo (Fp 2.9-11).
Assim, os que compreendem o favor inefável de Deus, mediante sua graça, devem
deixar-se presentear por ela. Quem compreende o que significa ser justificado
por Deus se permite "embalar nos braços de amor e de perdão" do Pai.
Para os filhos de Deus, cônscios do valor da graça do Pai, tudo é presente,
tudo é dádiva, tudo é favor imerecido! Portanto, deixe-se presentear pela graça
de Deus! [Comentário: Como escreve o Rev Hernandes Dias Lopes: “Todas as religiões do mundo
interpretam a questão da salvação apenas de dois modos: o homem é salvo pelas
obras ou pela graça. Mesmo aqueles que adotam um meio-termo, o sinergismo (onde
Deus faz uma parte e o homem outra), não conseguem escapar do propósito de
buscar a salvação pelo merecimento. Na verdade, esses dois métodos não caminham
juntos. São mutuamente excludentes. Se a salvação é pelas obras, não pode ser
pela graça. Dentre todas as religiões, somente o Cristianismo ensina que a
salvação é pela graça e não pelas obras. A salvação é concedida por Deus
gratuitamente e não alcançada por méritos humanos. A salvação é resultado do
sacrifício que Cristo fez por nós na cruz e não daquilo que fazemos para Deus”9. 9. LOPES, Hernandes Dias, “Salvação, mérito ou
graça?”; Disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/salvacao-merito-ou-graca/. Acesso em 3 de novembro de 2017.
CONCLUSÃO
Na lição desta semana, estudamos a relação da Graça
e a Lei; vimos que a graça é favor imerecido; e compreendemos que ela chega a
ser um escândalo para os que não creem. Portanto, estamos cônscios de que o que
nos salva é a graça de Deus mediante a fé somente (Ef 2.8). E o livre-arbítrio?
É possível perder a salvação? São assuntos que veremos nas próximas lições. [Comentário: A Graça é a base para a salvação, o meio é a fé - “… mediante a fé e
isto não vem de nós, é dom de Deus”. Se a morte de Cristo na cruz é a causa
meritória da nossa salvação, a fé é a causa instrumental. Não somos salvos por
causa da fé, mas mediante a fé. Somos salvos pela morte de Cristo na cruz e
recebemos essa salvação por intermédio da fé. A fé é a apropriação da salvação
pela graça. Não é fé na fé, mas fé em Cristo, o Salvador. A fé é a mão
estendida para receber a salvação, o presente de Deus. A fé, assim como a
salvação, não é meritória. A fé é dom de Deus. Não procede de nós, vem de Deus.
Não emana da terra, procede do céu. A salvação não é planejada pelo homem nem
realizada por ele. Deus é o mentor, o executor e o consumador da salvação.
Somos salvos pela graça, para a glória, mediante a fé10. A graça de Deus venceu o pecado. Quem é salvo agora
vive para fazer a vontade de Deus, não para o pecado. A graça de Deus
superabunda onde o pecado é vencido e o bem prevalece.] “... corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
10. IBDEM 9.
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