SUBSÍDIO I
Propósito do Trimestre
Com o advento da Declaração de Fé das Assembleias
de Deus no Brasil, um documento inédito para a denominação brasileira, tem-se a
oportunidade de estudar as doutrinas bíblicas fundamentais para a edificação da
igreja. Também no campo “Verdade Prática”, ao longo revista, você perceberá os
artigos de um belo documento que resume a nossa fé: o Cremos, também
reformulado. Seguindo o esquema das principais teologias sistemáticas,
inauguraremos o estudo deste trimestre tendo como tema a Bíblia: sua formação,
autoridade e inspiração divina.
A Bíblia, Palavra de Deus
No tempo dos apóstolos ainda não havia a formação
final do Novo Testamento. Quando se reunia para cultuar a Deus, a igreja
neotestamentária lia o Antigo Testamento. E quando recebia as cartas apostólicas,
as lia nas reuniões semanais. Posteriormente, essas cartas, e os evangelhos,
foram paulatinamente aceitos pela igreja como escritos inspirados por Deus.
Ora, havia alguns critérios para isso: como a autoria apostólica ou de pessoas
que tivessem andando com os apóstolos que viram Jesus. Por direção divina,
temos hoje os 27 livros reunidos em o Novo Testamento, mais os 39 do Antigo.
Totalizando 66 livros na Bíblia.
O teólogo pentecostal, John R. Higgins, remonta os
primórdios da formação da Bíblia Sagrada, mostrando que a composição dos livros
da Bíblia está fechada e o que temos em mãos foi milagrosamente nos dado por
Deus:
“O
cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já
foi registrada. Hoje, Ele continua falando através dessa Palavra. Assim como
Deus revelou a si mesmo, e inspirou os escritores a registrar essa revelação,
Ele mesmo preservou esses escritos inspirados, e orientou o seu povo na escolha
destes, a fim de garantir que a sua verdade viesse a ser conhecida. Não se deve
acrescentar outros escritos às Escrituras canônicas, nem se deve tirar delas
nenhum escrito. O cânon contém as raízes históricas da Igreja Cristã, e ‘o
cânon não pode ser refeito assim como a história não pode ser mudada (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. CPAD, p.115).
Hoje, se temos uma Bíblia em mãos é milagre de
Deus! Devemos agradecê-lo por nos entregar a Sua Palavra. E a melhor maneira de
fazer isso é meditar nas Escrituras dia e noite (Js 1.8), de modo que ela
esteja “encarnada” em nossa mente e coração.
Ensinador Cristão, Ano 18, nº
71, jul./set. 2017.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da Bíblia,
considerando que essa é a Palavra de Deus, e como tal deve ser abordada.
Inicialmente apresentaremos sua constituição, tendo em vista que sua composição
não se deu no mesmo período. Em seguida, destacaremos sua importância, pois ela
é a revelação escrita de Deus, e que visa transformar nossas vidas, e nos
conduzir à santificação. Ao final, destacaremos sua interpretação, pois dessa
depende a apropriada aplicação na vida do crente.
1. A IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA
A palavra Bíblia é uma tradução portuguesa do grego
“bíblia” que significa “”livros”, nome que, a partir do Séc. V, se começou a chamar
a coleção completa de livros sagrados. A Bíblia é constituída de sessenta e
seis livros diferentes, compostos por vários autores, em três línguas
diferentes, hebraico, aramaico e grego, sob as mais distintas circunstâncias,
por autores de diferentes classes sociais ao longo de um período de 1600 anos.
Em meio a todas essas distinções, a Bíblia chama a atenção por ser um livro com
tema único: a redenção do ser humano. Ela está dividida em duas partes: Antigo
e Novo Testamento, a primeira, contêm trinta e nove livros, e a segunda, vinte
e sete. Na Bíblia, esses escritos são chamados de: 1) escrituras (Mt. 21.42),
2) escritura (II Pe. 1.20); 3) as santas escrituras (Rm. 1.2); 4) a Lei (Jo.
12.34); 5) a lei de Moisés, os profetas e os salmos (Lc. 24.44); 6) a lei e os
profetas (Mt. 5.14); e 7) velho testamento (II Co. 3.14). Há um intervalo de
400 anos entre o Antigo e o Novo Testamento. Deus, em sua soberania, poderia
não ter qualquer contato com suas criaturas, contudo, Ele nos criou para o
relacionamento. Diante disso, Ele decidiu, livremente, em graça, falar aos
seres humanos. Em Hb. 1.1, lemos que “Havendo Deus antigamente falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes
últimos dias pelo Filho”. Os autores da Bíblia testemunham desse falar de Deus
ao longo da história, que se deu repetitivamente e de modos distintos a
diferentes pessoas. Por fim, nos falou por seu Filho, Jesus Cristo, em quem
repousa a plenitude histórica da revelação divina, sendo este o “verbo que se
fez carne” (Jo. 1.1). Deus, de fato, se revela aos seres humanos: 1) pela
natureza (Rm. 1.18-21; Sl. 19); 2) pela providência (Rm. 8.28; At. 14.18-17);
3) pelos milagres (Jo. 2.11); e 4) atreves de Cristo (Jo. 1.14), mas é na
Bíblia que confiamos por sua sobrenaturalidade e testemunho da revelação
especial de Deus (I Jo. 5.9-12).
2. A INSPIRAÇÃO
E INFALIBILIDADE DA BÍBLIA
A respeito do conceito de inspiração e inerrância,
faz-se necessário analisar os textos de II Tm. 3.16,17 e II Pe. 1.21. Em II Tm.
3.16, Paulo diz que “Toda Escritura é inspirada por Deus” e não que “Toda
Escritura, inspirada por Deus, é”, como dizem as traduções baseadas na Vulgata.
Um outro aspecto que merece destaque é o termo Escritura, graphê, em grego, que
fala do material como um todo (pasa), dizendo ser toda ela, theopneustos, ou
seja, soprada por Deus, que seria a tradução mais literal para inspirada. Em
consonância a isso, em II Pe. 1.21, Pedro afirma que “homens falaram da parte
de Deus, impelidos pelo Espírito Santo”. Entendemos, então, que “homens
falaram”, assim, Deus não desconsiderou suas personalidades (Rm. 10.20; I Co.
2.13; 14.37), impelidos, que em grego é pheromene, uma metáfora marítima usada
para se referir a um navio levado pelo vento. No que diz respeito ao Novo
Testamento, Paulo tinha consciência de que as cartas que escrevia deviam ser
lidas e obedecidas (Cl. 4.16; II Ts. 3.14). Além do mais, não podemos esquecer
da promessa do Espírito Santo que lembraria, ensinaria e guiaria os apóstolos a
toda a verdade (Jo. 14.26; 15.26; 16.13). João, no Apocalipse, declara que
aquilo que escreve é a palavra de Deus, a qual não se pode acrescentar ou
subtrair (Ap. 1.1,2,11; 22.18,19). Consoante ao exposto, concluímos que a
Bíblia não é resultante da mera inspiração humana, mas é, de fato, a Palavra
verdadeira de Deus (Jo. 17.17), cabe a nós, portanto, ler o livro e obedecê-lo.
No mais, conforme nos adverte Pedro em II Pe. 3.14-18, o problema não se
encontra nas Escrituras, mas nos falsos mestres e sua compreensão errônea da
Bíblia.
3. A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia interpreta a si mesma, essa é uma regra
áurea, portanto, devemos lembrar que não podemos torcer o sentido do texto a
fim de confirmar pressupostos. Uma interpretação honesta leva em conta os
pontos a seguir: 1) Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no
seu sentido usual e ordinário; 2) É absolutamente necessário tomar as palavras
no sentido que indica o conjunto da frase; 3) É necessário tomar as palavras no
sentido que indica o contexto, isto é, os versos que precedem e seguem o texto
que se estuda; 4) É preciso considerar em consideração o desígnio ou objetivo
do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras; 5) É
indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas espirituais
pelas espirituais (I Cor 2:13). (I Cor 2:13); 6) Um texto não pode significar
aquilo que nunca poderia ter significado para seu autor ou seus leitores; 7)
Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis (isto é, situações
de vida específicas semelhantes) com o âmbito do período quando foi escrita, a
Palavra de Deus para nós é a mesma que Sua Palavra para eles. Devemos ter o
máximo cuidado na interpretação da Bíblia, ciente que dependemos não apenas da
compreensão humana, ainda que essa não deve ser desprezada, considerando que o
próprio Deus deu inteligência ao ser humano, e esse deve fazer uso apropriada
desta, sobretudo para a glória de Deus. A Bíblia deve ser lida com apreço, e
disposição para a obediência, pois ela é autoritativa, e através dela podemos
ter acesso à boa, agradável e perfeita vontade de Deus, evitando se coadunar
aos princípios deste mundo tenebroso (Rm. 12.1,2). A interpretação apropriada
da Bíblia deve considerar a atuação do Espírito Santo, pois as coisas de Deus
são discernidas espiritualmente (I Co. 12.15).
CONCLUSÃO
As Sagradas Escrituras, tanto o Antigo quanto o
Novo Testamento, são inspiradas (sopradas) por Deus. Elas são a revelação de
Deus à humanidade, e nossa infalível e autorizada regra de fé e conduta (I Ts.
2.13; II Tm. 3.15,16; II Pe. 1.21). Por isso, se quisermos viver de acordo com
a vontade de Deus, não podemos desprezar o estudo da Sua Palavra, pois essa,
pelo poder do Espírito Santo, é suficiente para nos conduzir à santidade.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
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COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A Bíblia é a revelação de Deus
escrita para a humanidade. Disso decorre o fato de ela ser nossa exclusiva
fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e sua soberania como
única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da
fé cristã. Essa inspiração é um fato singular que ocorreu na história da
redenção humana. O enfoque da presente lição é sobre a importância e o
significado dessa inspiração divina. [Comentário: O que significa dizer que a Bíblia é inspirada? Ou Única regra de
fé e prática? Quando afirmamos que a Bíblia foi inspirada, estamos nos
referindo ao fato de que Deus divinamente influenciou os autores humanos das
Escrituras de modo tal que aquilo que escreveram foi a própria Palavra de Deus.
No contexto das Escrituras, a palavra inspiração simplesmente significa
“Divinamente inspirada”. Inspiração comunica a nós o fato da Bíblia
verdadeiramente ser a Palavra de Deus, e faz com que a Bíblia seja única dentre
todos os outros livros. Deus é seu Autor. Mesmo a Bíblia sendo registrada por
homens, falando do pecado do homem, descrevendo a desobediência circunstancial
de seus autores secundários, ela é prioritariamente um livro divino. Paulo diz
que “toda Escritura e inspirada por Deus” (2Tm 3.16), indicando a sua
procedência: toda a Escritura Sagrada é soprada, exalada por Deus. Esta Palavra
não foi apenas entregue aos homens, mas, foi preservada por Deus; Deus
preservou quanto ao seu registro e quanto à sua conservação. Mesmo havendo
diferentes opiniões a respeito de até que ponto a Bíblia é inspirada, não pode
haver dúvidas de que a própria Bíblia afirma que cada palavra, em cada parte
sua, ela é inspirada por Deus (1Co 2.12-13; 2Tm 3.16-17). B.B. Warfield
(1851-1921), comentando o texto de 2Tm 3.16, diz: "Numa palavra, o que
se declara nesta passagem fundamental é, simplesmente, que as Escrituras são um
produto divino, sem qualquer indicação da maneira como Deus operou para as
produzir. Não se poderia escolher nenhuma outra expressão que afirmasse, com
maior saliência, a produção divina das Escrituras, como esta o faz. (...) Paulo
(...) afirma com toda a energia possível, que as Escrituras são o produto de
uma operação especificamente divina" B.B. Warfield,
The Inspiration of the Bible: In: The Works of Benjamin
B. Warfield, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1981, Vol. I, p. 79.
Não são somente algumas partes da Bíblia que lidam com doutrinas religiosas que
são inspiradas, mas cada uma e todas as partes, desde Gênesis até Apocalipse,
são a Palavra de Deus. É por essa razão que as Escrituras são a nossa única
autoridade no tocante a estabelecer doutrinas, e suficientes para ensinar ao
homem (instruir em justiça) como estar em um correto relacionamento com Deus. A
Bíblia afirma ser não apenas inspirada por Deus, mas também ter a capacidade de
nos transformar e nos fazer “completos”, totalmente equipados para toda boa
obra.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
I. REVELAÇÃO
E INSPIRAÇÃO
1. Revelação. A palavra “revelação”, apocalipsis, em grego, significa o
ato e o efeito de tirar o véu que encobre o desconhecido. Nas Escrituras, essa
palavra é usada em relação a Deus, pois é Ele quem revela a si mesmo, a sua
vontade e natureza e os demais mistérios. Ele “não fará coisa alguma, sem ter
revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). Deus conhece
tudo aquilo que está fora do alcance dos seres humanos. A busca da verdade, sem
Deus, é vã e está destinada ao fracasso (1Co 1.21). [Comentário: Sendo as Escrituras o produto de uma operação
especificamente divina, nele Deus Se revelou "expirando" os homens
que Ele mesmo separou para registrarem esta revelação. Revelação é o que temos
na Palavra de Deus. Nas Escrituras Deus revelou tudo o que quis revelar. Se
quisermos saber qualquer assunto, ele está revelado para nós na Palavra de
Deus. Tudo que Deus tem para o homem e requer do homem, e tudo que o homem
precisa saber espiritualmente da parte de Deus quanto à sua redenção, conduta
cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Deus não tem outra
revelação escrita além da Bíblia. Como escreve o Pr Antonio Gilberto em sua
obra A Bíblia através dos Séculos (CPAD): “Deus se tem revelado através dos
tempos por meio de suas obras, isto é, da criação (SI 19.1-6; Rm 1.20). Porém,
na Palavra de Deus temos uma revelação especial e muito maior. É dupla esta
revelação: a) na Bíblia, que é a PALAVRA DE DEUS ESCRITA, e b) em Cristo, que é
PALAVRA DE DEUS VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é especial, porque
tornou-se necessária devido à queda do homem.” A Bíblia através dos séculos :
uma introdução / Antônio Gilberto da Silva. Pág 16.]
2. Inspiração. É o registro dessa revelação sob a influência do Espírito
Santo, que penetra até as profundezas de Deus (1Co 2.10-13). Divinamente
inspirados são os 66 livros da Bíblia. Os escritores sagrados foram os
receptáculos da revelação: “homens santos falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21 — ARA). Eles receberam os oráculos divinos de
forma especial, exclusiva, única e milagrosa. Ninguém mais, além deles, foi
usado por Deus dessa maneira específica. [Comentário: Deus que Se revelou inspirando homens que Ele mesmo separou
para registrarem esta revelação. A inspiração bíblica garante que seja
registrado de forma veraz aquilo que a inspiração profética fazia com respeito
à palavra do profeta, para que ela correspondesse literalmente à mente de Deus;
em outras palavras: a Palavra escrita é tão fidedigna quanto a Palavra falada
pelos profetas; ambas foram inspiradas por Deus. A inspiração das Escrituras é
ensinada em 2 Timóteo 3.15-17. Neste texto temos que a Palavra foi “soprada por
Deus” (as palavras dada por inspiração de Deus são uma tradução de uma palavra
grega que significa “soprada por Deus”). Essa é uma maneira muito
impressionante de dizer que a Escritura é a palavra do Espírito de Deus
(“sopro” e “Espírito” são a mesma palavra no grego), e que a Escritura é,
portanto, o discurso da boca do próprio Deus. A Escritura, em 2 Timóteo 3, não
somente ensina a inspiração, mas também ensina a inspiração plenária. A palavra
plenária significa “plena” ou “completa” e refere-se ao fato que a Escritura é
inspirada em todas as suas partes, em todos os diferentes tipos de literatura
que ela contém e em todos os assuntos que aborda. Não somente em suas
doutrinas, mas também em questões de geografia, história, ciência, cultura e
vida, ela é soprada por Deus e, portanto, perfeita e infalível. Até mesmo sua
gramática é soprada por Deus, uma razão pela qual devemos insistir numa
tradução cuidadosa da Escritura e não devemos nos satisfazer com nada menos.http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/inspiracao-escritura_hanko.pdf Por isso Jesus também podia dizer: "A tua palavra é
a verdade" (Jo. 17.17) e "a Escritura não pode falhar"
(Jo. 10.35).]
3. A forma de comunicação. O processo de comunicação divina aos profetas do Antigo
Testamento se desenvolveu por meio da palavra e da visão, do som e da imagem
(Jr 1.11-13). A revelação aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do
Senhor Jesus Cristo (Gl 1.11,12; 2Pe 1.16-18; 1Jo 1.3) e do Espírito Santo (Ef
3.4,5). A frase “veio a palavra do SENHOR a”, “veio a mim a palavra do SENHOR”
ou fraseologia similar, tão frequente no Antigo Testamento, diz respeito a uma
revelação direta, externa e audível. Essa forma de comunicação não aparece no
Novo Testamento na comunicação divina aos apóstolos, exceto uma única vez no
ministério de João Batista: “veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de
Zacarias” (Lc 3.2), pois ele é o último profeta da dispensação da lei (Lc
16.16). [Comentário: A Bíblia está repleta de afirmações do tipo “assim diz o
Senhor” ou “está escrito”. Trata-se de uma evidência interna conhecida como
“autoridade [bíblica] que se autoconfirma”GEISLER; NIX, 2006, p. 64.
Em 2Pe 1.21 temos: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de
homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo.” Literalmente o que o versículo está dizendo é que a inspiração é o
processo pelo qual o Espírito Santo “se moveu” ou dirigiu os escritores das
Escrituras para que o que eles escreveram não fossem suas palavras, mas a
própria Palavra de Deus. Deus nos está dizendo que Ele é o autor da Bíblia, e
não o homem. Esse texto mostra que Deus usou autores humanos, movendo-os para
esse fim pelo Espírito Santo. O mesmo verbo “mover” é também usado em At 27.15
e nos ajuda a entender seu sentido. Durante a tempestade, os marinheiros não
estavam dormindo nem inativos, mas era o vento quem, de fato, os levava. Outro
fator importante revelado nesse texto é que não foi a vontade humana quem
produziu as Escrituras. A vontade humana pode falhar e pode produzir erros.
Porém, não é assim com a vontade de Deus. Isso atesta a inerrância bíblica. “A
palavra correspondente a “movidos” (pherõ) em 2 Pedro é a mesma usada em Atos
27:15, que diz que o navio que levava Paulo foi tomado por uma tempestade em
que eles não podiam resistir ao vento. Eles cessaram toda manobra, e
deixaram-se “levar” pela tempestade. Assim também foi com relação ao Espírito
inspirando os autores das Escrituras quando escreveram a Palavra de Deus. Mas
se todos os autores da Escritura foram movidos por Deus, então as palavras da
Bíblia foram como que ditadas por Ele, sem erros, já que Deus não pode errar
(Hb 6:18; Tt 1:2; Jo 17:17)” http://www.cacp.org.br/a-inspiracao-das-escrituras/.Resumindo, 2Pe 1.21 diz que Deus usou homens e deixou para
nós uma Bíblia totalmente confiável.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“[...] Um resumo a respeito do que a Bíblia
alega sobre si mesma pode ser encontrado em duas passagens principais. Pedro
disse que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo, e Paulo declarou que
seus escritos foram soprados pelo próprio Deus. Portanto, a Bíblia alega que
autores movidos pelo Espírito Santo expressaram as palavras inspiradas por Deus
(2Pe 1.20,21). Em suma, os escritos proféticos (do Antigo Testamento) não
tiveram sua origem nos homens, mas em Deus, que agiu por meio de alguns homens
chamados de profetas de Deus” (GEISLER, Norman. Teologia Sistemática:
Introdução à Teologia Sistemática, a Bíblia, Deus, a Criação. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2011, pp.213,214).
II. A
INSPIRAÇÃO DIVINA
1. A inspiração divina. “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (v.16, ARA). A
palavra grega, aqui traduzida por “inspirada por Deus” ou “divinamente
inspirada”, é theopneustos. Ela só aparece uma única vez na Bíblia, vinda de
duas palavras gregas: theos, “Deus”, e pneo, “respirar, soprar”. Isso significa
que o texto sagrado foi “soprado por Deus”. A palavra teopneustia significa
“inspiração divina da Bíblia”. Segundo o Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa, de Caudas Aulete, o termo quer dizer “inspiração divina que
presidiu à redação das Sagradas Escrituras”. Josefo, o historiador judeu, e
Fílon de Alexandria, disseram que as Escrituras são divinamente inspiradas, mas
usaram outros termos. [Comentário: O termo grego utilizado para se referir à expressão
“inspirado por Deus” é “theopneustos, [que significa] soprado por Deus,
‘Inspirado por Deus’” (COENEN; BROWN, 2009, p. 713). Embora “a terminação –tos
indique um significado passivo, uma tradução ainda mais precisa seria ‘soprada
[ou expirada] por Deus” (CHEUNG, 2001, p. 5, colchete do autor). Segundo
Warfield: “A palavra grega representada por ela [inspirado ou soprada por Deus]
e que aparece nesta passagem [2 Tm 3:16] como um epíteto ou predicado de
‘Escritura’ – theopneustos – embora ocorrendo somente no Novo Testamento e não
encontrada antes em nenhum ponto em toda a literatura grega [...], não pareceu
ser de interpretação duvidosa. Sua forma, seu uso posterior, as implicações dos
termos paralelos e a analogia da fé se combinaram com as sugestões do contexto
para atribuir-lhe um significado que tem sido constantemente atribuído a ela a
partir do primeiro registro de interpretação cristã até estes dias” (2009, p.
196, colchete nosso). A interpretação do termo theópneustos como “inspiração”
não é incorreta, pois transmite a ideia bíblica do que é a Escritura, mas a tradução
literal do termo grego para “inspiração” é incorreta, pois seu uso baseia-se,
em última análise, no seu emprego na Bíblia Latina (Vulgata), e não significa
de maneira alguma “inspirado por Deus”. Utilizá-lo dessa forma pode dar margem
a possíveis equívocos. Cheung analisa a tradução do termo theópneustos por
“inspiração” afirmando que: “mesmo que concordemos que a palavra não signifique
‘inspirar’ quando usada no sentido teológico — mas amplamente se refira ao que
a Escritura ensina sobre sua própria origem” (2001, p. 6). Este texto foi extraído de: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=379.]
2. Uma avaliação exegética. Estamos acostumados com duas traduções: “toda Escritura
divinamente inspirada é proveitosa” e “toda Escritura é divina inspirada e
proveitosa”. Ambas as versões são permitidas à luz da gramática grega. Mas a
primeira é mais precisa, pois a conjunção grega kai, “e”, aparece entre os dois
adjetivos “inspirada” e “proveitosa”. Isso significa que o apóstolo está
afirmando duas verdades sobre a Escritura, a saber: divinamente inspirada e
proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer que “toda a Escritura
divinamente inspirada é proveitosa” pode dar margem para alguém interpretar que
nem toda Escritura é inspirada. [Comentário: “Toda a Escritura é inspirada por Deus”. Alguns
comentaristas seguem a tradução da Vulgata: “Toda Escritura, inspirada por
Deus, é útil.” Essa tradução tem uma implicação: nem toda a Escritura é útil,
mas somente aquela que foi inspirada por Deus. Assim, somente algumas partes da
Escritura teriam sido inspiradas. Entretanto, a melhor construção gramatical é
aquela que considera o termo “inspirada” não como um atributivo, mas como
predicativo do sujeito γραφη graphe, “Escritura”.3 “Inspirada”, como o termo “útil”, é um
adjetivo de “Escritura”. Entre esses dois adjetivos existe um conetivo “e”
(grego kai), o que significa que “Paulo está afirmando duas verdades sobre
a Escritura, a saber: que ela é inspirada e que ela é útil, não somente uma
dessas duas coisas”. Portanto,
o texto está afirmando a inspiração plenária das Escrituras, ou seja, cada uma
das partes da Palavra provém do sopro de Deus, e tem autoridade definitiva
sobre a nossa conduta e fé. http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=203.]
3. Autoridade. A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo
dessa autoridade aparece em expressões como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is
7.7); “veio a palavra do SENHOR” (Jr 1.2); “está escrito” (Mc 1.2). Isso
encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de
infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pe 1.23-25). [Comentário: “Uma das “reformas” mais marcantes da Reforma Protestante
foi no seu conceito das Sagradas Escrituras. O grito protestante (era mesmo um
protesto!), sola Scriptura, era o anúncio inequívoco da suprema autoridade e
plena inspiração da Bíblia e, ao mesmo tempo, uma denúncia da autoridade da
tradição eclesiástica que se colocava no mesmo pé de igualdade com as
Escrituras.”Timóteo Carriker em http://ultimato.com.br/sites/timcarriker/categoria/autoridade-das-escrituras/. “Os Reformadores recuperaram a doutrina da autoridade das
Escrituras canônicas que havia sido soterrada durante a Idade Média. Ele
rejeitaram a autoridade e infalibilidade papal e re-estabeleceram a autoridade
e infalibilidade das Escrituras. Entenderam que este conceito é derivado da
própria escritura e tem raízes nos profetas do AT, no Senhor Jesus e seus
apóstolos. Assim, a Escritura passou a ser o Juiz Supremo nas Igrejas
protestantes e na vida individual, pelo qual todas as controvérsias religiosas
têm de ser determinadas, todos
os decretos de concílios, todas
as opiniões dos antigos escritores e as doutrinas de homens e opiniões
particulares têm de ser examinados.” Augustus
Nicodemus em:http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/03/augustus-nicodemus-confiabilidade-e-autoridade-das-escrituras/]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia
utiliza para se auto-descrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade
divina. Jesus disse que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mt
5.17,18); ela é infalível, ou ‘não pode ser anulada’ (Jo 10.35); ela tem a
autoridade final (Mt 4.4,7,10); e ela é suficiente para a nossa fé e prática
(Lc 16.31)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva
Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.218).
III. INSPIRAÇÃO
PLENA E VERBAL
1. Inspiração plenária. Tal expressão significa que todos os livros das Escrituras
são inspirados por Deus. O apóstolo Paulo deixa isso muito claro quando afirma
que “toda a Escritura é divinamente inspirada”. A inspiração da Bíblia é
especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais inspirado e outro menos.
Todos têm o mesmo grau de inspiração e autoridade. A Bíblia que Jesus e seus apóstolos
usavam era formada pela Lei de Moisés, os Profetas e os Escritos; essa terceira
parte é encabeçada pelos Salmos (Lc 24.44). O termo “Escritura” ou “Escrituras”
que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo
Antigo Testamento de nossa Bíblia. Cabe ressaltar que o apóstolo Paulo, ao
afirmar que “toda a Escritura é divinamente inspirada”, se referia também aos
escritos apostólicos. Os escritos
dos apóstolos se revestiam da mesma autoridade dos livros do Antigo Testamento
já desde a Era Apostólica. Inclusive, “profetas e apóstolos”, às vezes,
aparecem como termos intercambiáveis (2Pe 3.2). O apóstolo Pedro considera
ainda as epístolas paulinas como Escrituras (2Pe 3.15,16). O apóstolo Paulo
ensinava: “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E:
Digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). O apóstolo aqui coloca lado a lado
citações da lei de Moisés (Dt 25.4) e dos Evangelhos (Mt 10.10; Lc 10.7),
chamando ambas de “Escritura”. Outras vezes, ele deixa claro que seus escritos
são de origem divina (2Co 13.3; 1Ts 2.13). Isso nos permite afirmar que a frase
“Toda Escritura é divinamente inspirada” se refere à Bíblia completa, aos 66
livros do Antigo e Novo Testamento. [Comentário: Porque toda a Escritura é plenamente expirada. De Gênesis ao
Apocalipse, tudo o que foi registrado, o foi pela vontade de Deus (2Tm 3.16;
2Pe 1.20,21). Desse modo cremos que a inspiração foi plenária, dinâmica, verbal e sobrenatural.
a palavra plenária significa “plena”. Essa é uma verdade que precisa de muita
ênfase hoje, pois há aqueles que, embora alegando crer na inspiração da
Escritura, negam que tudo da Escritura seja inspirado. Talvez eles não aceitem
a história da criação de Gênesis 1-3, ou o que Paulo diz sobre o lugar da
mulher na igreja. Talvez eles aleguem que a Escritura é acurada em questões de
doutrina e salvação, mas não nas questões de geografia, biologia, ciência e
história. Eles não creem que tudo da Escritura foi dado por inspiração. Contra
todas essas alegações, cremos na inspiração plenária, o que significa várias
coisas: Primeiro, inspiração plenária significa que todos os livros da
Escritura (e nenhum outro) são inspirados por Deus. Não há nenhum deles que
tenha qualquer autoridade ou necessidade menor que outro. Segundo, significa
que a Escritura é inspirada nos diferentes tipos de literatura que apresenta.
História, poesia, cartas, profecias: tudo foi “dado por inspiração de Deus, e
[é]... proveitos[o]” (2Tm. 3:16). Terceiro, inspiração plenária significa que a
Escritura é inspirada também em todas as questões de ciência, biologia,
história e geografia. De fato, existem alguns exemplos notáveis disso. A
Escritura sempre ensinou, por exemplo, que a Terra é circular, mesmo quando os
homens não acreditavam nisso (Is. 40:22). Ela ensinava o ciclo hidrológico
antes desse ser entendido pela ciência (Sl. 104:5-13). A crença que Deus é o
inspirador da Escritura e o grande Criador exclui qualquer possibilidade da
Escritura ser incorreta, mesmo nos seus mínimos e mais insignificantes
detalhes. A Inspiração
Plenária da Escritura, Rev. Ronald Hanko; Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto,
disponível em:http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/a-inspiracao-plenaria-escritura_dag_r-hanko.pdf]
2. Inspiração verbal. Essa característica bíblica significa que cada palavra foi
inspirada pelo Espírito Santo (1Co 2.13); e também que as ideias vieram de Deus
(2Pe 1.21). O tipo de linguagem, o vocabulário, o estilo e a personalidade são
diversificados nos textos bíblicos porque Deus usou cada escritor em sua
geração e em sua cultura, com seus diversos graus de instrução. Isso mostra que
quem produziu esses livros sagrados eram seres humanos que viveram em várias
regiões e pertenceram a diversas gerações desde Moisés até o apóstolo João,
passaram-se cerca de mil anos. Eles não foram tratados como meras máquinas, mas
como instrumentos usados pelo Espírito Santo. Deus “soprou” nos escritores
sagrados. Uns produziram som de flauta e outros de trombetas, mas era Deus quem
soprava. Assim, eles produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras
Sagradas. [Comentário: A doutrina da inspiração verbal está intimamente relacionada
com a doutrina da inspiração plenária. Ela enfatiza que as próprias palavras da
Escritura foram inspiradas por Deus. A Escritura não é apenas a Palavra de
Deus, mas também as palavras de Deus. Ensinamos e enfatizamos isso contra
aqueles que devotamente tagarelam sobre a Escritura sendo inspirada em seus
ensinos e doutrinas, mas não em suas palavras e detalhes. Tal ensino é, sem
dúvida, simplesmente absurdo, pois é impossível que a Escritura seja a Palavra
de Deus inspirada em seus ensinos e pensamentos, se as palavras nas quais
aqueles ensinos são dados não são elas mesmas inspiradas e infalíveis. A
doutrina da inspiração verbal é ensinada na Escritura em passagens tais como
Salmo 12:6, Provérbios 30:5 e Apocalipse 22:18, 19, bem como muitas passagens
da Escritura que se referem às palavras que Deus falou e fez serem escritas
(Sl. 50:17; Sl. 119:130).A Inspiração Verbal da Escritura, Rev. Ronald
Hanko, Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/a-inspiracao-verbal-escritura_dag_r-hanko.pdf. Cada palavra é inspirada: “Toda palavra dos autógrafos [os
manuscritos originais] é inspirada. Isso era necessário, pois a revelação
escrita de Deus consiste de proposições que são comunicadas por meio de
palavras. Verificamos isso também a partir de uma consideração inteligente das
citações do Antigo pelo Novo Testamento. Em Mt 22.32, o argumento de Cristo
descansa sobre o fato que as palavras de Deus em Ex 3.6 não estão no tempo
passado. Em Gl 3.16, Paulo prova seu ponto apontando que Gn 12.7 fala de
“descendência” (singular) e não “descendências” (plural).” (Stewart)https://teologiaebiblia.wordpress.com/2016/10/09/inspiracao-verbal-e-plenaria/]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Apesar do mistério que ronda o modo como Deus fez
com que sua palavra fosse fiel sem destruir a liberdade e a personalidade dos
autores humanos, existem algumas coisas que ficam muito claras. Os autores
humanos não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo
ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. Eles não foram
autômatos. As suas palavras correspondiam ao seu desejo, no estilo em que
estavam acostumados a escrever. Na sua providência, Deus promoveu uma
concordância divina entre as palavras deles e as suas” (HORTON, Stanley M.
Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996,
p.222).
IV. ÚNICA
REGRA INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA
1. "Proveitosa para
ensinar". O propósito das
Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus, pois elas “podem fazer-te sábio
para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15). São ensinos
espirituais que não se encontram em nenhum lugar do mundo. A Bíblia revela os
mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os
decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas
de Deus (Gn 2.1-4; Is 46.10; Lc 21.25-28). [Comentário: A Escritura é inspirada e útil “para o ensino”. Atentemos
para o termo διδασκαλια didaskalia,
“ensino”. A Escritura tem autoridade divina para reger nosso ensino e doutrina.
Ela é a nossa única regra de fé e prática. Nas epístolas pastorais, Paulo
preocupava-se com a falsa doutrina que se infiltrava na Igreja (1Tm 1.3), e
convocou tanto Timóteo como Tito a zelarem pelo ensino e sã doutrina (1Tm 1.10;
4.13; 5.17; Tt 2.1). A Escritura é inspirada e útil “para a repreensão”. A
palavra grega ελεγχος elegchos “repreensão” alude à “verificação, pela qual
algo é provado ou testado” . Em
Mt 18.15 e 1Tm 5.20 o mesmo termo é usado, sugerindo arguição ou convencimento
a respeito do pecado. Essa deveria ser nossa postura com a Bíblia: quando
confrontados com a Palavra, somos provados e verificados a tal ponto que, caso
haja em nós algo que desabone a vontade de Deus, somos convencidos do erro. Mas
não somente nosso pecado é confrontado. O texto continua: A Escritura é
inspirada e útil “para a correção”. O termo aqui ( επανορθωσις epanorthosis) denota “restauração a um
estado correto”. “Se repreensão enfatiza o aspecto negativo da obra pastoral, a
correção enfatiza o lado positivo. O pecador deve não só ser advertido a
abandonar a vereda errada, mas ser também guiado na vereda certa ou reta (Dn
12.3). Isto também ‘toda Escritura’ é capaz de fazer.” A Escritura é inspirada
e útil “para a educação na justiça”. O termo παιδεια paideia tem um sentido
muito rico. Pode ser traduzido por “instrução”; “disciplina”, como em 2.25 e Ef
6.4. Para alguns comentaristas, “corresponde a ‘corrigir’, em seu aspecto
positivo”11 . Mas em Tt 2.11-14 paideia ganha o sentido de treinamento para uma
vida santa e reta. A “justiça”, pois, teria o sentido de “boas obras”, como em
2.21-22. Isso ficará mais explícito no verso 17. Portanto, as Escrituras são o
nosso manual de doutrina (“para o ensino”); Ela examina se há em nossa vida
algum pecado (“para repreender”), nos dirige a um caminho reto (“para a
correção restaura um”), e nos prepara para vivermos a vida marcada por um
caráter segundo o coração de Deus (“para a educação na justiça”).http://bereianos.blogspot.com.br/2012/10/toda-escritura-e-inspirada-por-deus.html.]
2. A conduta humana. A Bíblia corrige o erro e é útil para orientar a vida sendo
“proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em
justiça” (v.16b). Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na
vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso
Criador e somente Ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E
essas orientações estão na Bíblia, o “manual do fabricante”. [Comentário:Provavelmente
não existe texto mais claro quanto à autoridade das Escrituras quanto este.
Acredito que ao chegar nestas palavras de Paulo, aquele que professa ou não a
fé cristã tem apenas duas opções - aceitar toda a Escritura como inspirada por
Deus e única suficiente como regra de fé e prática do crente ou rejeitá-la.
Quem aceita isto positivamente é um verdadeiro seguidor de Cristo. Aquele que
não aceita esta ideia simplesmente não é. Alguns dizem que existem textos nas
Escrituras que são declaradamente não inspirados. Quase sempre são textos em
que Paulo está no meio de uma argumentação, falando “como homem”. Ou seja, em
seu próprio raciocínio, Paulo apresenta afirmações que ímpios fariam e as
responde. Por exemplo: “Mas, se a nossa injustiça ressalta de maneira ainda
mais clara a justiça de Deus, que diremos? Que Deus é injusto por aplicar a sua
ira? (Estou usando um argumento humano.)” (Romanos 3.5, NVI). Se quisermos
ignorar o versículo seguinte, e todo o contexto da carta aos Romanos, realmente
teremos uma passagem “não inspirada” na Bíblia. Porém, qualquer ser humano com
o mínimo de inteligência perceberá que Paulo responde sua pergunta na
continuação do texto, demonstrando que o argumento humano é falho. Outra ideia,
tolamente acatada pelos ateus, em especial, é um bizarro pensamento de que o
texto bíblico foi pneumografado (neologismo usado pelo professor e pastor
Marcos Alexandre), um equivalente a dizer que a Bíblia é algo psicografado,
como se o Espírito Santo tomasse o corpo da pessoa, quando esta ia escrever e
Ele próprio fosse o escritor. Assim, os pobres caçadores de falhas bíblicas
tentam achar contradições, diferenças de um texto pra outro, entre outras
coisas. Adoram encontrar erros astronômicos e geológicos em suas interpretações
superficiais, mas dificilmente algum deles tenha se dado ao trabalho de
pesquisar o Evangelho de Marcos no original grego, por exemplo. Se algum dia os
acusadores do texto sagrado fossem além do que suas capacidades permitem,
talvez dissessem “o Espírito Santo é analfabeto?”. Isto é apenas uma prova de
sua argumentação limitada a buscas em sites da internet e leitura de
reportagens sensacionalistas. A seguir, desenvolverei mais o assunto, mas as
duas citações abaixo já nos mostram quão antiga e, sinceramente, repetitiva é qualquer
acusação contra a Palavra de Deus: “Deve-se lembrar que Moisés não fala com
perspicácia filosófica sobre mistérios ocultos, mas relata as coisas que são
observadas em todos os lugares (...) A desonestidade daqueles homens é
suficientemente repreensível, por censurarem Moisés por não falar com maior
exatidão. Porque, como se tornou um teólogo, ele tinha mais respeito por nós do
que pelas estrelas (...) Se o astrônomo indaga a respeito da dimensão real das
estrelas, ele vai descobrir que a lua é menor que Saturno. Deixemos os
astrônomos com seu conhecimento mais elevado; mas, nesse ínterim, aqueles que
percebem pela lua o esplendor da noite são condenados por seu uso de perversa
ingratidão, a menos que reconheçam a beneficência de Deus. Aquele que deseja
aprender astronomia (...) deixe-o ir aonde quiser.” http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/autoridade_biblica.htm.]
3. As traduções da Bíblia. A autoridade e as instruções das Escrituras valem para
todas as línguas em que elas forem traduzidas. É vontade de Deus que todos os
povos, tribos, línguas e nações conheçam sua Palavra (Mt 28.19; At 1.8). Em que
idioma essa mensagem deve ser pregada? Hebraico? Grego? Aramaico? Não! Na
língua do povo. Os apóstolos citam diversas traduções gregas da Septuaginta no
Novo Testamento. Isso mostra que a mesma inspiração do Antigo Testamento
hebraico se manteve na Septuaginta. A citação de Salmos 8.4-6 em Hebreus 2.6-8
é um bom exemplo. A inspiração divina se conserva em outras línguas. Desde os
tempos do Antigo Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a cada
um de seus servos e suas servas no seu próprio idioma. [Comentário: No Site da SBB temos: “A Bíblia é traduzida desde, pelo
menos, a época de Esdras e Neemias (leia Ne 8.8 ). Naquela época, era
necessário fazer uma tradução oral ou falada para o aramaico, necessidade
sentida ainda nos tempos de Jesus. No entanto, a mais antiga tradução da Bíblia
em forma escrita é a Septuaginta, que foi feita ao longo dos últimos 200 ou 300
anos antes de Cristo.” Leia todo o artigo acessando: http://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/destaques-da-historia-da-traducao/. As Escrituras foram traduzidas em muitos idiomas,
traduções estas dignas de confiança. Ao dizer dignas de confiança, queremos
dizer, "Traduções da Bíblia em todas as línguas baseadas nas línguas
originais da Bíblia, isto é, do Velho Testamento usando o Texto Massorético, e
do Novo Testamento usando o texto grego conhecido como Textus Receptus. Este
texto é conhecido como Texto Tradicional, por ser o texto tradicionalmente
aceito, e é também conhecido como o Texto Majoritário, por estar de acordo com
mais de noventa e oito por cento (98%) de todos os manuscritos que existem!
Outras traduções baseadas em fontes que não estas citadas, podem conter algum
erro. Leia mais sobre isso acessando: http://www.biblias.com.br/traducoes.asp.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Através do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler
a Bíblia, recebe sua mensagem como se esta fora escrita diretamente para ele.
Nenhum crente tem a Bíblia como livro alheio, estrangeiro, como acontece aos
demais livros traduzidos. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão
sua. Por exemplo, ao lermos ‘O Peregrino’ sabemos que ele é inglês; ao lermos
‘Em seus passos que faria Jesus?’ sabemos que é norte-americano, porque seus
autores são oriundos desses países. É assim com a Bíblia? Não! Nós a recebemos
como ‘nossa’. Isso acontece em qualquer país onde ela chega. Ninguém tem a
Bíblia como livro ‘dos outros’. Isto prova que ela procede de Deus — o Pai de
todos” (GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos: A história e formação
do Livro dos livros. 14ª Edição. RJ: CPAD, 2003, p.46).
CONCLUSÃO
Cremos que a Bíblia é a única revelação escrita
de Deus para toda a humanidade e que seu texto foi preservado e sua inspiração
divina é mantida nas 2.935 línguas em que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade
Bíblica do Brasil). Que cada um possa receber a Bíblia sem restrição alguma,
pois ela é a Palavra de Deus em qualquer língua em que vier a ser traduzida. [Comentário: Vimos um pequeno esboço de Bibliologia, a revista da EBD não
comporta um estudo mais aprofundado, devendo o aluno esmerar-se em buscar mais
informações. Na língua portuguesa, a tradução mais lida e aceita é a do Pastor
calvinista João Ferreira Annes d'Almeida, ou simplesmente João Ferreira de
Almeida (Torre de Tavares, Portugal, 1628 - Batávia, Indonésia, 1691), ministro
pregador da Igreja Reformada nas Índias Orientais Holandesas, que usou o Textus
Receptus para fazer sua tradução. Mesmo havendo diferenças de idiomas, do
estilo de cada escritor, dos objetivos específicos de cada livro e do tempo e
circunstâncias em que foram escritos, há em todos estes livros que compõem a
Bíblia, uma unidade que desafia as tentativas antigas e principalmente modernas
de negar a agência de Deus na formação e preservação da Sua Palavra escrita. A
unidade e coesão bíblica atestam de forma incontestável a ação de uma mente
única, a mente sábia e soberana do próprio Deus, dirigindo os escritores
sagrados, sem anular as suas personalidades, para a concretização de Sua
vontade. Devido a esta unidade coesa a Escritura se auto-elucida (interpreta)
por meio da comparação dos textos (At 15.12-21; Jo 5.46). Foi justamente isto
que fizeram os crentes de Beréia, que receberam a pregação de Paulo e Silas com
avidez e entretanto, conferiram o que era pregado com as Escrituras para ver se
coincidiam (At 17.11). O resultado foi que: por intermédio deste exame sincero
e criterioso, sob a iluminação do Espírito Santo, muitos se converteram (At
17.12). O Espírito não encerrou o Seu Ministério Escriturístico na Inspiração e
no registro da Bíblia; cremos que Ele continuou guiando o Seu povo à verdade
(Jo 16.13), fazendo isto de forma evidente, no 3º Sínodo de Cartago (397),
quando foi oficialmente reconhecido o Cânon Bíblico, como temos hoje. Ele continua
hoje aplicando a verdade bíblica aos nossos corações. O conhecimento de Deus e
da Sua Palavra não visa satisfazer a nossa curiosidade pecaminosa mas, sim,
conduzir-nos a Ele em adoração e louvor: A Escritura é perfeita em seu
propósito! Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa,
A Inspiração da Escritura: Sua Perfeição e Harmonia. Este estudo está
disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/EST/DIRETOR/A_Inspiracao_da_Escritura__sua_Perfeicao_e_Harmonia.pdf] “Ora, àquele que é poderoso para
vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante
a sua glória. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade,
domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém”. (Judas 24-25),
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br
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