Tendo como objetivo colocar à disposição das
igrejas um documento contendo as nossas crenças e práticas de maneira
simples e sistemática para ajudar na padronização doutrinária, facilitar o
ensino e a compreensão da Palavra de Deus, proteger o rebanho dos “lobos
vorazes” das seitas e heresias e das aberrações doutrinárias e inovações
nocivas à fé cristã, e mostrar a identidade da nossa denominação, foi
criada pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) uma
comissão para elaborar o texto da confissão de fé das Assembleias de Deus
do Brasil. Desde então, o assunto foi pauta de reuniões com membros
das comissões Apologética, de Doutrina e Jurídica da
CGADB, juntamente com o Conselho de Educação da denominação, que trabalharam
na exposição e detalhamento do pensamento teológico da igreja.
Nesta entrevista, pastor Esequias Soares, líder da
Assembleia de Deus em Jundiái (SP) e presidente da Comissão de
Apologética da CGADB e da Comissão Especial de Elaboração da Declaração
de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, fala sobre a importância
desse documento para a denominação, o qual foi aprovado na 43a AGO da
CGADB realizada em São Paulo, e da revista Lições Bíblicas do
terceiro trimestre deste ano, que já está à venda nas lojas da CPAD e
que trata justamente do conteúdo da Declaração de Fé, tendo
como comentarista o próprio pastor Esequias Soares.
Qual a importância da Declaração de Fé detalhada?
Um dos objetivos das confissões de fé é distinguir
Igreja e mundo, judeus e pagãos, ortodoxia e heresia e, finalmente, denominação
e denominação. As Escrituras Sagradas precisam ser interpretadas e essa
necessidade é sentida muito cedo na história da Igreja. Os primitivos credos
cristãos revelam essa realidade. Os credos são interpretações precisas e
autorizadas das Escrituras, os mais conhecidos são o Credo dos Apóstolos, o
Credo Niceno e o Credo de Atanásio, chamados de “credos ecumênicos”, pois são
reconhecidos pelos principais ramos do cristianismo. Mas sobreviveram dezenas
de credos regionais e locais produzidos nos cinco primeiros séculos do
cristianismo. As confissões de fé surgiram a partir de Reforma do século 16.
Elas reconhecem os credos ecumênicos e são mais elaboradas do que eles. Nós
denominamos a nossa confissão de fé de Declaração de Fé. São as crenças e
práticas da Igreja, estruturadas de forma simples e sistemática, que
mostra para a sociedade no que nós cremos. Trata-se de um documento de
extraordinária importância na vida da Igreja, pois serve como sumário doutrinário
da Bíblia para ajudar irmãos e irmãs na compreensão das Escrituras. A
Declaração de Fé serve também para proteger a Igreja contra as falsas
doutrinas.
Fale uma experiência que o senhor vivenciou durante
o projeto.
A experiência com Deus é algo que nem sempre se
percebe no momento, às vezes, chegamos a conclusão depois de algum
tempo de meditação, contemplação e reflexão. Tivemos alguns
momentos de debates acalorados, mas respeitosos sobre a estrutura do
texto e de como organizar os pontos doutrinários. Foram
momentos significativos para mim, e acredito que para os demais
membros da Comissão. Surgiram dificuldades para resolver e equacionar
soluções difíceis na harmonização, na padronização do texto e
também na fundamentação bíblica de certas declarações apresentadas e
dentro de um espaço limitado. Mas Deus cooperou conosco.
Aprendemos muito uns com os outros. O propósito principal da
Declaração de Fé é a glória de Deus.
A Declaração de Fé diminuirá os casos de confusão
doutrinárias no meio assembleiano?
Sim. Um dos objetivos da declaração é a
unidade de pensamento doutrinário da denominação e evitar a heresia. Antes da
publicação do nosso Cremos nas edições do jornal Mensageiro da Paz em
1969, tínhamos pregadores defendo publicamente até mesmo o unicismo nas
igrejas. Eu mesmo cheguei a conhecer um deles. A publicação do Cremos
chamou a atenção de muitos sobre a doutrina da santíssima Trindade e a sua
definição. Esse é apenas um exemplo. A Declaração de Fé é um documento
que expressa as doutrinas oficiais das AD assim como qualquer confissão de
fé expressa o ensino oficial de suas respectivas denominações.
Se alguém tenta pregar outra doutrina, ele mesmo terá a reprovação
automática do rebanho, visto que toda a igreja saberá tudo que cremos e
praticamos.
Qual a importância da Escola Dominical abordar
a Declaração?
O tema do trimestre não trata da Declaração de Fé,
mas do núcleo de cada artigo de fé do nosso Cremos. Uma vez que esse tipo de
documento são interpretações precisas e autorizadas das Escrituras, o
Cremos precisava ser submetido a uma rigorosa revisão para ser mais preciso em
cada declaração de fé ali registrada, para clareza e evitar repetições e
recebeu o acréscimo de alguns pontos doutrinários: Sobre Deus, como o Criador
de todas as coisas, sobre o Espírito Santo, sobre a Igreja e finalmente
sobre a família. São quatro temas, alguns já existentes foram aglutinados
de modo que o Cremos atual está com 16 artigos de fé. Isso foi feito pela
Comissão Especial. O texto revisado é um extrato ou síntese da Declaração
de Fé incluído nela como as Verdades Centrais. O tema no trimestre é importante
porque auxilia o aprofundamento nos pontos fundamentais de nossa fé além
de explicar cada artigo de fé do Cremos. As lições do trimestre complementam a
Declaração de Fé. Ambos textos distintos, mas se complementam.
Como o professor da Escola Dominical poderá usar a
Declaração de Fé como aliada em suas aulas?
Declaração
de Fé é vazada num estilo declaratório na sua apresentação, trata-se de um
texto didático com explicação objetiva e bem fundamentada nas Escrituras
Sagradas. Uma de suas características é a definição precisa dos termos
técnicos e doutrinários com suas respectivas citações bíblicas. A melhor
maneira é usar como ponto de partida o núcleo doutrinário de cada tópico dos
capítulos da Declaração de Fé no desenvolvimento de seus estudos. Os
índices remissivo e de referência são um recurso adicional importante que
facilita o professor no preparo de sua lição. Trata-se de um documento apropriado
para consultas sobre tudo aquilo em que cremos e praticamos, rica fonte de
pesquisa no preparo da lição.
Como o senhor classifica a importância deste
tema?
A diferença aqui é que estamos tratando das
crenças e práticas oficiais de nossa denominação. Essa é uma das
características distintivas desse trimestre. O professor da
ED precisa ter isso em mente, pois não é incomum ouvir professor
manifestar seu pensamento pessoal contrariando o texto da revista da ED. Mas,
se isso acontecer aqui, é a ideia do tal professor contra a doutrina
oficial das AD, examinada e aprovada pela liderança nacional e homologada pela
CGADB. O tema dessas lições não apresenta interpretações alternativas opostas,
pois cada doutrina não é resultado de pensamento ou posição pessoal desse
ou daquele autor membro da Comissão Especial. Estamos falando de um ensino da
Igreja que nossos pioneiros trouxeram e que foi transmitido pelos
nossos pais desde o princípio.
Fonte: Mensageiro da Paz, número 1585,
Junho de 2017
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