sexta-feira, 30 de junho de 2017

Declaração de Fé nas Lições Bíblicas


Tendo como objetivo colocar à disposição das igrejas um documento contendo as nossas crenças e práticas de maneira simples e sistemática para ajudar na padronização doutrinária, facilitar o ensino e a compreensão da Palavra de Deus, proteger o rebanho dos “lobos vorazes” das seitas e heresias e das aberrações doutrinárias e inovações nocivas à fé cristã, e mostrar a identidade da nossa denominação, foi criada pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) uma comissão para elaborar o texto da confissão de fé das Assembleias de Deus do Brasil. Desde então, o assunto foi pauta de reuniões com membros das comissões Apologética, de Doutrina e Jurídica da CGADB, juntamente com o Conselho de Educação da denominação, que trabalharam na exposição e detalhamento do pensamento teológico da igreja.

Nesta entrevista, pastor Esequias Soares, líder da Assembleia de Deus em Jundiái (SP) e presidente da Comissão de Apologética da CGADB e da Comissão Especial de Elaboração da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, fala sobre a importância desse documento para a denominação, o qual foi aprovado na 43a AGO da CGADB realizada em São Paulo, e da revista Lições Bíblicas do terceiro trimestre deste ano, que já está à venda nas lojas da CPAD e que trata justamente do conteúdo da Declaração de Fé, tendo como comentarista o próprio pastor Esequias Soares. 

Qual a importância da Declaração de Fé detalhada?

Um dos objetivos das confissões de fé é distinguir Igreja e mundo, judeus e pagãos, ortodoxia e heresia e, finalmente, denominação e denominação. As Escrituras Sagradas precisam ser interpretadas e essa necessidade é sentida muito cedo na história da Igreja. Os primitivos credos cristãos revelam essa realidade. Os credos são interpretações precisas e autorizadas das Escrituras, os mais conhecidos são o Credo dos Apóstolos, o Credo Niceno e o Credo de Atanásio, chamados de “credos ecumênicos”, pois são reconhecidos pelos principais ramos do cristianismo. Mas sobreviveram dezenas de credos regionais e locais produzidos nos cinco primeiros séculos do cristianismo. As confissões de fé surgiram a partir de Reforma do século 16. Elas reconhecem os credos ecumênicos e são mais elaboradas do que eles. Nós denominamos a nossa confissão de fé de Declaração de Fé. São as crenças e práticas da Igreja, estruturadas de forma simples e sistemática, que mostra para a sociedade no que nós cremos. Trata-se de um documento de extraordinária importância na vida da Igreja, pois serve como sumário doutrinário da Bíblia para ajudar irmãos e irmãs na compreensão das Escrituras. A Declaração de Fé serve também para proteger a Igreja contra as falsas doutrinas.

Fale uma experiência que o senhor vivenciou durante o projeto.

A experiência com Deus é algo que nem sempre se percebe no momento, às vezes, chegamos a conclusão depois de algum tempo de meditação, contemplação e reflexão. Tivemos alguns momentos de debates acalorados, mas respeitosos sobre a estrutura do texto  e de como organizar os pontos doutrinários. Foram momentos significativos para mim, e acredito que para os demais membros da Comissão. Surgiram dificuldades para resolver e equacionar soluções difíceis na harmonização, na padronização do texto e também na fundamentação bíblica de certas declarações apresentadas e dentro de um espaço limitado. Mas Deus cooperou conosco. Aprendemos muito uns com os outros. O propósito principal da Declaração de Fé é a glória de Deus.

A Declaração de Fé diminuirá os casos de confusão doutrinárias no meio assembleiano?

Sim. Um dos objetivos da declaração é a unidade de pensamento doutrinário da denominação e evitar a heresia. Antes da publicação do nosso Cremos nas edições do jornal Mensageiro da Paz em 1969, tínhamos pregadores defendo publicamente até mesmo o unicismo nas igrejas. Eu mesmo cheguei a conhecer um deles. A publicação do Cremos chamou a atenção de muitos sobre a doutrina da santíssima Trindade e a sua definição. Esse é apenas um exemplo. A Declaração de Fé é um documento que expressa as doutrinas oficiais das AD assim como qualquer confissão de fé expressa o ensino oficial de suas respectivas denominações. Se alguém tenta pregar outra doutrina, ele mesmo terá a reprovação automática do rebanho, visto que toda a igreja saberá tudo que cremos e praticamos.

Qual a importância da Escola Dominical abordar a Declaração?

O tema do trimestre não trata da Declaração de Fé, mas do núcleo de cada artigo de fé do nosso Cremos. Uma vez que esse tipo de documento são interpretações precisas e autorizadas das Escrituras, o Cremos precisava ser submetido a uma rigorosa revisão para ser mais preciso em cada declaração de fé ali registrada, para clareza e evitar repetições e recebeu o acréscimo de alguns pontos doutrinários: Sobre Deus, como o Criador de todas as coisas, sobre o Espírito Santo, sobre a Igreja e finalmente sobre a família. São quatro temas, alguns já existentes foram aglutinados de modo que o Cremos atual está com 16 artigos de fé. Isso foi feito pela Comissão Especial. O texto revisado é um extrato ou síntese da Declaração de Fé incluído nela como as Verdades Centrais. O tema no trimestre é importante porque auxilia o aprofundamento nos pontos fundamentais de nossa fé além de explicar cada artigo de fé do Cremos. As lições do trimestre complementam a Declaração de Fé. Ambos textos distintos, mas se complementam.

Como o professor da Escola Dominical poderá usar a Declaração de Fé como aliada em suas aulas?

 Declaração de Fé é vazada num estilo declaratório na sua apresentação, trata-se de um texto didático com explicação objetiva e bem fundamentada nas Escrituras Sagradas. Uma de suas características é a definição precisa dos termos técnicos e doutrinários com suas respectivas citações bíblicas. A melhor maneira é usar como ponto de partida o núcleo doutrinário de cada tópico dos capítulos da Declaração de Fé no desenvolvimento de seus estudos. Os índices remissivo e de referência são um recurso adicional importante que facilita o professor no preparo de sua lição. Trata-se de um documento apropriado para consultas sobre tudo aquilo em que cremos e praticamos, rica fonte de pesquisa no preparo da lição.

Como o senhor classifica a importância deste tema?

A diferença aqui é que estamos tratando das crenças e práticas oficiais de nossa denominação. Essa é uma das características distintivas desse trimestre. O professor da ED precisa ter isso em mente, pois não é incomum ouvir professor manifestar seu pensamento pessoal contrariando o texto da revista da ED. Mas, se isso acontecer aqui, é a ideia do tal professor contra a doutrina oficial das AD, examinada e aprovada pela liderança nacional e homologada pela CGADB. O tema dessas lições não apresenta interpretações alternativas opostas, pois cada doutrina não é resultado de pensamento ou posição pessoal desse ou daquele autor membro da Comissão Especial. Estamos falando de um ensino da Igreja que nossos pioneiros trouxeram e que foi transmitido pelos nossos pais desde o princípio.

Fonte: Mensageiro da Paz, número 1585, Junho de 2017


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