quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 9: FIDELIDADE, FIRMES NA FÉ


SUBSÍDIO I

Na lição de número 9, estudaremos a fidelidade, contrapondo com a idolatria, uma das obras da velha natureza. Fidelidade é uma característica daquele que é fiel, leal e que demonstra zelo pelo Senhor. Lealdade também está relacionada à fé, pois são duas palavras cognatas, ou seja, vem da mesma raiz. Podemos definir fé como o “firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). É a confiança que temos em Deus. Porém, o significado da palavra fé é amplo. Por isso, é importante destacar alguns aspectos da fé:
a) Fé natural – “Confiança desenvolvida em virtude da íntima comunhão que o crente mantém com o Espírito Santo (Gl 5.22). É uma fé constante e regular que independe das circunstâncias (Hb 3.17,18). Não é uma fé miraculosa; ela nasce como resultado de um relacionamento com o Senhor Jesus.”1
b) Fé salvadora – “Proveniente da proclamação do Evangelho, esta fé leva-nos a Cristo como o nosso único e suficiente Salvador (Jo 3.16). Ao contrário da fé natural, que brota através do labor filosófico, a fé salvadora só há de nascer no coração humano através da pregação do Evangelho (Rm 10.13). Sem a mensagem da cruz, não pode haver fé salvadora.
c) Dom da fé – “Capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo, através da qual o crente é levado a exercer a fé de maneira extraordinária (1 Co 12.9; 13.2), visando a expansão do Reino de Deus. O dom da fé induz o crente a fazer grandes petições, e a receber, de igual modo, grandes respostas. Esse carisma porém, não é para ser utilizado em favor de quem o possui; deve visar, antes de mais nada, à expansão do Reino de Deus”.
d) Fruto da fé – Confiança desenvolvida em virtude da íntima comunhão que o crente mantém com o Espírito Santo (Gl 5.22). É uma fé constante e regular que independe das circunstâncias. Não é uma fé miraculosa; ela nasce como resultado de um singular relacionamento com o Senhor Jesus.”
Essas definições nos ajudam a compreender que a fidelidade, fruto do Espírito, abrange a ideia de lealdade, sinceridade e integridade. A fé é o antídoto que nos preserva da idolatria. Idolatria não se fere somente a imagens de escultura, mas é tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus em nossos corações. A palavra idolatria é oriunda de eidolon, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração. Tal prática é pecaminosa e quem a comete está roubando e negando a soberania de Deus. Por isso, o primeiro dos Dez Mandamentos é “não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Os quatro primeiros mandamentos são uma referência ao nosso relacionamento com Deus e segundo o Comentário Bíblico Moody “o primeiro mandamento resguarda a unidade de Deus, o segundo a sua espiritualidade, e o terceiro sua divindade ou essência”. 
Para mostrar o quanto a idolatria é prejudicial à fé cristã, copia no quadro o esquema abaixo e leia com os alunos as referências.

Deus proíbe a fabricação de ídolos e deuses de fundição
Lv 19.4
A adoração a Deus deve ser sem imagens e sem figuras
Dt 4.12
Somente Deus deve ser adorado e a Ele devemos servir
Mt 4.10
Deus é espírito e deve ser adorado em espírito e em verdade
Jo 4.24
Deus não habita em templos feitos por mãos humanas
At 17.24,25
O combate à idolatria é mantido pelo apóstolo João
1 Jo 5.21
(Extraído de SOARES, Esequias. Os Dez Mandamentos: Valores divinos para uma sociedade
em constante mudança. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 27).

Sugestão didática:
Explique aos alunos que o primeiro mandamento divino ensinava aos israelitas quanto à idolatria. Eles eram o povo escolhido por Deus para revelá-Lo às demais nações pagãs que estavam ao redor. Por isso, deveria adorar somente a Ele de todo o coração a fim de que todas as nações soubessem que o Todo-Poderoso é único. O povo de Deus jamais poderia esquecer que quem os resgatou da escravidão do Egito foi o Senhor. Agora suas vidas pertenciam não mais a Faraó, mas ao Criador e Libertador. Explique aos alunos que assim como Deus libertou Israel e tornou-se o seu Senhor, Jesus Cristo nos redimiu e nos libertou mediante o seu sacrifício na cruz. Agora pertencemos a Ele e devemos adorá-Lo em espírito e em verdade (Jo 4. 23).
Material: Figura de revistas usadas: casa, carro, filhos, líderes evangélicos, crianças.
Procedimento: Mostre as figuras, uma a uma, para a sua turma. Pergunte se estas figuras têm relação com idolatria. Incentive a participação e ouça os alunos. Em seguida pergunte: “O que é idolatria?” Ouça os alunos com atenção. Diga que idolatria é o amor excessivo por alguma pessoa ou objeto. Mostre a figura da casa e explique que sua casa pode se tornar um ídolo. Seu carro também pode se tornar um ídolo. (Mostre todas as figuras dizendo que podem se tornar ídolos.) Qualquer coisa que tome o lugar de Deus em nossos corações é idolatria. Muitos, erroneamente, pensam que idolatria é adorar somente imagens. Mostre que Deus tem aversão à idolatria, por isso encontramos várias referências tanto no Antigo como em o Novo Testamento que nos mostram que precisamos evitá-la. Conclua lendo com seus alunos os seguintes textos bíblicos: Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2 Rs 17.35,37,38; 1 Co 10.7,14; Cl3.5; Ap 22.15.

Telma Bueno
Editora responsável pela Revista Lições Bíblica Adultos

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FIDELIDADE, FIRMES NA FÉ

A lição nove aborda sobre a oposição entre fidelidade x idolatria e heresia. O tema é bem contemporâneo, pois nunca estivemos diante de tantas invencionices em nome da pessoa do Senhor Jesus. São doutrinas, estratégias evangelísticas e músicas que nada têm a ver com o Evangelho do nosso Salvador. Por isso, é importante compreendermos bem o primeiro termo de nossa lição: fidelidade.
O significado da palavra fidelidade, conforme se encontra na epístola de Paulo aos Gálatas, se refere a lealdade. Mas é importante ressaltar que, na epístola aos Gálatas, mais precisamente no capítulo quatro e no versículo seis, aparece uma queixa de Paulo pela falta de fidelidade dos gálatas em relação ao Evangelho. Lembre que o apóstolo iniciou a carta lamentando a atitude dos crentes da cidade de Gálatas: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo” (Gl 1.6,7). Logo, podemos afirmar que o apóstolo Paulo está recomendando fidelidade e lealdade dos gálatas a Deus e sua vontade. Ora, a vontade de Deus é revelada em sua Palavra. Esta nos dá o norte, a direção e a orientação para vivermos abundantemente na presença dEle.
A idolatria conforme está posta na carta aos Gálatas não se refere somente à adoração de imagens, mas a qualquer prática condenatória em relação aos ídolos. Um exemplo é o que está relacionado em 1 Coríntios 10.14-16 e Colossenses 3.5, onde o apóstolo recomenda a não participarmos de um banquete oferecido aos ídolos. Entretanto, a recomendação aos colossenses aprofunda mais ainda a questão, trazendo à tona a avareza, isto é, o apego ao dinheiro e às coisas materiais como idolatria. Isto vai à contramão da lealdade ao Senhor. Acompanhada da idolatria, vem a heresia. Heresia representa assumir um postulado de ensino totalmente oposto ao que você recebeu outrora, ou seja, o Evangelho de Jesus Cristo recebido pelo Espírito Santo, por intermédio da tradição dos santos apóstolos. Aqui, a nossa fidelidade e lealdade para com Deus, o nosso Pai, também são testadas.
Portanto, após expor o conceito desses três termos — Fidelidade, Idolatria e Heresia — faça uma reflexão com os alunos a respeito da fidelidade ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Encoraje-os a perseverarem no ensino do Evangelho! Boa aula!

 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 18 - nº 69 – jan./fev./mar. de 2017. 


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje daremos continuidade aos estudos sobre o Fruto do Espírito e as obras da carne. Desta feita, nos voltaremos para a fidelidade, uma virtude necessária a todo cristão, sobretudo nos momentos de adversidade. Estudaremos também a idolatria e as heresias, enquanto obras da carne, que distanciam as pessoas de Deus. Inicialmente destacaremos a condição idólatra do ser humano caído, em seguida, enfocaremos a fidelidade, como uma convicção alicerçada na Palavra de Deus, e gerada em nós pelo Espírito Santo.

1. O PERIGO DA IDOLATRIA E HERESIAS

A palavra idolatria, no grego do Novo Testamento, é eidololatria e tem a ver ao culto direcionado aos ídolos. O ser humano caído é propenso a se prostrar perante deuses falsos, quando não transforma a si mesmo em um deus, como quiseram fazer Adão e Eva no Éden. Está na natureza pecaminosa querer se colocar acima de Deus, bem como materializar sua adoração através de objetos. Até mesmo os israelitas, que receberam a revelação do Senhor, e deveriam se conduzir pela Torah, foram tentados a se prostrar perante deuses fabricados (I Sm. 12.21; Sl. 115.4). Ainda nos tempos de Moisés, quando este subiu ao Sinal, para receber o decálogo, o povo construiu um bezerro de ouro para adorar (Ex. 31.1-18). A política dos homens também se aproveita da idolatria do povo, nos tempos Jeroboão foi construído um sistema religioso, a fim de institucionalizar a idolatria em Israel (I Rs. 12.26-33). No Novo Testamento Paulo se deparou com essa prática religiosa, ele mesmo foi confundido com um dos deuses do panteão, sendo chamado de Mercúrio (At. 14.11-13). Ao passar por Atenas, o Apóstolo ficou impressionado com a quantidade de deuses, principalmente com a religiosidade idólatra das pessoas daquele lugar (At. 17.23). A idolatria é um tipo de heresia, se essa for considerada uma rejeição voluntária da fé, e pode também ser encontrada nos arraiais evangélicos. É bastante comum encontrar adeptos do movimento gospel adorando celebridades, e se prostrando perante supostos pregadores e cantores. As heresias estão se espalhando em algumas agremiações religiosas, algumas delas se dizem evangélicas, mas não passam de sincretismo religioso. Nos movimentos pseudopentecostais, o deus da ganância está sendo adorado, a espiritualidade é mensurada pelos recursos financeiros que alguém dispõe. Isso também é uma heresia, e se manifesta na forma de idolatria, por isso deve ser rechaçada.

2. DEMONSTRANDO FIDELIDADE A DEUS

Devemos ser fieis a Deus, mesmo que as situações não sejam favoráveis, ainda que Ele nos mate, como declarou Jó (Jó. 13.15). Nas palavras poético-proféticas de Habacuque, “ainda que a figueira não floresça” (Hc. 3.17). Essa é uma virtude do Fruto do Espírito, e diz respeito a demonstração de firmeza diante de Deus, mesmo em momentos de adversidades, sobretudo em tempos de perseguição e provação. A palavra grega é pistis, que dependendo do contexto, pode se referir à fé salvífica (Ef. 2.8,9), como crença (At. 6.7), bem como ao dom da fé (I Co. 12.9). Ainda que algumas versões traduzam essa virtude do fruto do Espírito como “fé” o mais apropriado é verter como “fidelidade”, para diferenciar de outros usos desse termo, considerando os diversos contextos em que ocorrem. A fidelidade é uma manifestação de convicção fundamentada na Palavra de Deus (Rm. 10.7). A atuação da fé na vida dos crentes é um dos temas centrais do autor da Epístola aos Hebreus, a fim de consolidar a firmeza dos crentes em meio à perseguição. Para esse autor, a fé é firme fundamento das coisas que se esperam, mas que não podem ser vistas (Hb. 11.1). E mais, sem esse tipo de fidelidade, é impossível agradar a Deus (Hb. 11.6). Deus é o maior exemplo de fidelidade, de modo que podemos reter “firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu” (Hb. 10.23). Esse é o fundamento da nossa bendita esperança, temos a convicção que Deus fará tudo o que prometeu. Por esse motivo, podemos seguir adiante, sem temer os percalços existenciais, sem perder o foco. Quando o Espírito produz essa virtude em nós, somos impulsionados a prosseguir, esquecendo as coisas que para tras ficam, seguirmos rumo ao prêmio da soberana vocação, que se encontra em Cristo Jesus (Fp. 3.13-14). Ainda que os dias sejam difíceis, sabemos que as aflições do tempo presente não se comparam com a glória que em nós haverá de ser revelada (Rm. 8.18).

3. INSPIRANDO-SE NOS EXEMPLOS BÍBLICOS

O autor da Epístola aos Hebreus diz que pela fidelidade “os antigos alcançaram testemunho” (Hb. 11.2). No capítulo 11 dessa Epístola o autor discorre sobre uma nuvem grande testemunhas, que nos motivam a permanecer fiéis, para que não venhamos desperdiçar tão grande salvação (Hb. 2.1-3). Devemos nos inspirar nos exemplos de José, destacado homem de Deus, que se mostrou fiel, mesmo em tempos difíceis (Gn. 37-38), bem como no de Daniel, o servo do Senhor que, mesmo em terras estranhas, não fez concessões em relação a sua fé (Dn. 6). Os apóstolos do Novo Testamento também deixaram um legado de fidelidade para os crentes contemporâneos, que foram ousados diante das ameaças das autoridades religiosas e políticas do seu tempo (At. 4.18-20). A galeria dos heróis da fé de Hb. 11 deve servir de inspiração, de modo que “nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb. 12.1). A fidelidade a Deus não deve depender das circunstâncias, é possível que como Jó venhamos a murmurar diante da dor, mas sabemos que o Senhor está no comando das situações. Como diz o hino sacro, “serei fiel, precioso Jesus, serei fiel”, mas para que isso venha a acontecer, devemos nos deixar guiar pelo Espírito Santo. É com Ele que seremos capazes de enfrentar as intempéries da vida, de modo que não venhamos a desfalecer, ainda que nossas forças sejam poucas. Somente nEle podemos todas as coisas, seja nos momentos de abundância ou escassez, seja nas horas de alegria ou de tristeza (Fp. 4.13).

CONCLUSÃO

A fidelidade a Deus é condição necessária para que possamos agradá-LO, mas essa somente é produzida ao longo da experiência, resultante das adversidades enfrentadas na vivência cristã. É assim que o Espírito trabalha em nós produzindo essa virtude, que se manifesta não apenas em relação a Deus, mas também ao próximo. É isso que Deus requer de nós, que sejamos despenseiros fieis (I Co. 4.2), e assim nos manteremos distantes dos ídolos, e das heresias, que tendem a nos afastar do verdadeiro Deus.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos outro aspecto do fruto do Espírito, a fidelidade. Veremos também a idolatria e as heresias como obras da carne e como oposições, ou seja, contrárias à fidelidade. Como novas criaturas, precisamos crer e confiar em Deus de todo o coração, pois a nossa fé vai nos ajudar a permanecer fiéis até o dia em que nos encontraremos com o Senhor. Aquele que realmente crê no Pai e no Filho não se deixa levar por qualquer sorte de doutrina, pois está sempre vigilante e atento à voz do Senhor. [Comentário: Fidelidade é uma das palavras mais empregadas na Bíblia. Está relacionada à probidade, integridade, fidedignidade, lealdade, honestidade e sinceridade. Frequentemente ela é associada a Deus, cujo atributo mais caro ao ser humano é precisamente a Sua fidelidade, pelo que muitas vezes é chamado de Rocha, numa indicação de Sua imutabilidade (Dt 32.4). Como aprendemos no Novo Testamento, “fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co 1.9). Nele, fidelidade é a Sua persistência no propósito de ser misericordioso e bondoso para conosco. Como o salmista, sabemos que a Sua “misericórdia se eleva até aos céus e a Sua fidelidade, até às nuvens” (Sl 57.10). Por isto, cada um de nós pode elevar a Ele a sua voz em termos semelhantes ao dos Salmos 69.13 e 89.1. Tal é essa verdade que, em Deus, misericórdia e fidelidade são sinônimas. Como fruto de Espírito, fidelidade (Gr. Pistis; fé, lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa. A fé é o princípio vivo, a essência das coisas que se esperam e a certeza das coisas que se não veem (Hb 11.1). É a dependência absoluta e a confiança na Palavra de Deus e de Cristo (Mt 15.28). É entregar-se a um novo modo de vida, é uma das coisas mais importantes na vida de todo cristão: "ai de vós escribas e fariseus hipócritas! Pois que dais o dizimo da hortelã e endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, juízo, a misericórdia e a fé.”(Mt 23.23).]

I. O SIGNIFICADO DE FIDELIDADE

1. Definição. Fidelidade, segundo o Dicionário Houaiss é a “característica do que é fiel, do que demonstra zelo, respeito por alguém ou algo, lealdade”. Logo, podemos afirmar que a fidelidade é a característica de quem é leal. [Comentário: Em termos bíblicos, fidelidade é uma convicção e não um sentimento; é uma decisão de permanecer firme no propósito que Deus tem para cada um de nós, sem jamais fraquejar ou desistir, porque no final de tudo há um galardão: a vida eterna. Assim, fidelidade é um exercício da fé, é serviço prestado a Deus a despeito de qualquer situação, como Tiago escreve: “Bem - aventurado é o homem que suporta a provação com perseverança, porque após ter sido aprovado receberá a coroa da vida a qual o Senhor prometeu para aqueles a quem Ele ama” (Tg 1.12). Quando temos fé em Deus, agimos com fidelidade; os atos de fidelidade são a demonstração de nossa fé e as linhas que dão coesão ao nosso sistema de crenças e comportamento.]
2. A fidelidade como fruto do Espírito. Já vimos que a fidelidade é a característica de quem é leal, mas, como fruto do Espírito, tal virtude é desenvolvida em nós pela ação do Espírito Santo (Gl 5.22). À medida que confiamos em Deus e passamos a ter uma maior comunhão com Ele, mediante a leitura da Palavra, oração e jejum, desenvolvemos o fruto do Espírito. [Comentário: Como dito acima, fidelidade é a característica de quem possui fé. A fé que não conduz o crente à fidelidade, não tem valor nenhuma para a prática na vida cristã, portanto é uma fé morta (Tg 2.14-26). Nas Escrituras Sagradas vemos Deus a procura de pessoas fiéis para habitar com Ele(Sl 101.6). Temos que ser fiéis em tudo, pois Deus habita em nós e Ele é fidelidade: “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto.”(Dt 32.4). A fidelidade como parte do fruto do Espírito, faz do cristão uma pessoa confiável e sua palavra digna de crédito. Essa virtude torna o cristão capaz de manter-se fiel ao Senhor em quaisquer circunstâncias. Implica em ser fiel a Deus ainda que nos custe a vida. É sempre ter em mente a fidelidade a Deus acima de qualquer outra autoridade ou poder – “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). A fidelidade como parte do fruto do Espírito é imprescindível ao cristão em seu relacionamento com Deus, com os outros e consigo mesmo. Através da fidelidade, tornamo-nos diferentes dos outros que não temem a Deus. O Senhor está procurando os fiéis para andarem com ele e servi-lo (Sl 101.6).]
3. A fidelidade de Deus. Fidelidade é um dos atributos morais de Deus. Ele é fiel em sua natureza (2Ts 3.3). O Deus que é fiel, pela sua graça, nos salvou e nos deu uma nova vida a fim de que tenhamos comunhão com Ele e com o seu Filho (1Co 1.9). Como filhos de Deus e novas criaturas, precisamos ter para com Deus a mesma atitude de lealdade que Ele tem para conosco. A nossa fidelidade ao Senhor nos ajuda a resistir à idolatria e às heresias que tão de perto nos rodeiam. É importante ressaltar que idolatria não é somente adorar imagens de escultura, mas é tudo que toma o lugar de Deus em nossos corações, sejam pessoas, sejam objetos. Que Deus ocupe sempre o primeiro lugar em nossas vidas. Muitos infelizmente têm deixando que os bens materiais, os talentos e os cargos eclesiásticos ocupem o lugar em seus corações, lugar que deve ser somente do Pai (Dt 6.5). Que o Senhor nos livre de cometer tal loucura. [Comentário: Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel”. (Dt 7.9). A fidelidade é um atributo da Trindade; consiste no exato cumprimento de Suas promessas e/ou ameaças. A fidelidade fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt 7.9; Sl 36.5; 1Co 1.9; Hb 10.23; Dt 4.24; 2Tm 2.13 1Ts 5.24; 1Pe 4.19; Hb 10.23). Deus Pai é fiel (Dt 7.9; 1 Co 10.13); o Senhor Jesus é chamado “Fiel e Verdadeiro” (Ap 19.11); e o Espírito Santo tem o mesmo atributo (Gl 5.22). Deus se veste de fidelidade. A fidelidade faz parte de Sua natureza pessoal (Is 11.5). É uma bênção perene para o crente fiel, mas ela é ineficaz para com aqueles que resistem à sua graça (ver 2.13, 2 Tm 2.13). A fidelidade de Deus, juntamente com Seu imenso poder é nossa esperança eterna. Podemos enfrentar a infidelidade e decepções em nossos relacionamentos, mas podemos confiar além destas e avistarmos Um que é grande em fidelidade, “Porque fiel é o que prometeu”. (Hb 10.23) - O que Ele propôs, isto fará, e o que prometeu, isto executará. A respeito de Deus lemos que “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13). Isto significa que Ele efetuará tudo o que propôs. Romanos 8.28 diz que tudo opera para o bem dos que amam a Deus e são chamados segundo seu propósito.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Fidelidade
Esta palavra é corretamente traduzida em Romanos 3.3 (fidelidade). Em Gálatas 5.22, a ARA corrige fé (ARC) por fidelidade.
Fé, pistis, primeiramente, ‘persuasão firme’, convicção fundamentada no ouvir (cognato de peitho, ‘persuadir’, sempre é usado no Novo Testamento acerca da ‘fé em Deus ou em Jesus, ou às coisas espirituais’. A palavra é usada com referência: (a) à confiança (por exemplo, Rm 3.25); (b) à fidedignidade, fidelidade, lealdade (por exemplo, Mt 23.23); (c) por metonímia, ao que é criado, o conteúdo da crença, a fé (At 6.7); (d) à base para a ‘fé’, a garantia, a certeza (At 17.31); (e) a um penhor de fidelidade, fé empenhada (1Tm 5.12).
Os principais elementos da fé em sua relação com o Deus invisível, em distinção da fé no homem, são ressaltados sobretudo no uso deste substantivo e do verbo correspondente, pisteuo. Tais elementos são: (1) uma firme convicção, produzindo um pleno reconhecimento da revelação ou verdade de Deus (por exemplo, 2Ts 2.11,12); (2) uma entrega pessoal a Ele (Jo 1.12); (3) uma conduta inspirada por tal entrega (2Co 5.7)” (Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, p.648).

II. IDOLATRIA E HERESIA: um perigo à fidelidade

1. O que é idolatria? O vocábulo idolatria, no grego, é eidololatria e significa culto destinado a adoração de ídolos. A idolatria aparece na relação de obras da carne apresentada por Paulo aos Gálatas (Gl 5.20). Ela é proveniente da falta de conhecimento das Escrituras e de Deus, pois quem conhece a Bíblia sabe que tal prática é condenada pelo Senhor (Lv 26.1; 1Sm 12.21; Sl 115.4; At 15.20; 1Jo 5.21). Os israelitas, embora tivessem visto de perto a glória e o livramento de Deus, por diversas vezes se deixaram levar pela idolatria. Ainda na travessia do deserto, quando Moisés estava no monte Sinai para encontrar-se com o Senhor, o povo fez um bezerro de ouro e o adorou (Êx 32.1-18). Já no período monárquico, depois da morte de Salomão e a divisão do reino, todos os reis do Reino do Norte fizeram o que era mal aos olhos do Senhor, levando o povo à adoração de ídolos (1Rs 16.25,30; 22.52-54; 2Rs 3.3). Jeroboão fundou um sistema religioso idólatra, mandando fazer dois bezerros de ouro, institucionalizando a idolatria em Israel (1Rs 12.26-33). [Comentário: O termo “idolatria” vem de eidolon, “ídolo”, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração”. Idolatria é a forma pagã de adoração a ídolos, de adorar e servir a outros deuses ou a qualquer coisa que não seja o Deus verdadeiro. É prática incompatível com a fé judaico-cristã, pois nega o senhorio e a soberania de Deus. Moisés e os profetas viam na idolatria a destruição de toda a base religiosa e ética dos israelitas, além de negar a revelação (Dt 4.23-25). Podemos definir idolatria em um sentido mais abrangente, como qualquer dedicação ou amor excessivo prestado a alguém ou algo sem ser Deus; em outras palavras: colocar Deus em segundo plano. Idolatrar se refere ao reconhecimento público dado aos “deuses”, ou ainda ao reconhecimento público de que algo é mais valioso do que Deus para uma pessoa, ainda que muitas vezes não declare isso, mais os seus gestos demonstrem. Esse pecado era considerado pelos judeus como o motivo básico da corrupção do homem aquele que aliena o homem de Deus, servindo de alicerce para todos os demais pecados. (Rm 1.18-32). A idolatria é uma obra da carne (1Co 8.4-6 e 1Co 10.19-21, 1Co 5.10). Mediante a idolatria a natureza humana não regenerada cria suas divindades segundo a imagem humana e conforme os desejos mundanos, edificando uma teologia capaz de racionalizar a maneira como os pagãos viviam e como tencionavam continuar vivendo. Por todo o discurso da história da humanidade a sua forma mais sutil e perigosa tem sido sempre o estado da adoração ao próprio eu (1Co 5.10). OBS.: Os idólatras são os violadores do direito mais alto, isto é, de Deus. Essa é a instância mais antiga que se conhece do uso dessa palavra. Idolatria é tudo aquilo que usurpa o lugar que por direito cabe a Deus. A palavra diz-nos que a cobiça ou avareza é idolatria, e que aquele cobiçoso é um idólatra. Algumas pessoas adoram o dinheiro, outras adoram a posição social, outras ainda, o prestígio, e ainda outras, os prazeres carnais. Existem inúmeras formas de idolatria, e quase todas as pessoas, se não sempre, pelo menos ocasionalmente, se tornam culpadas desse pecado Leia mais acessando o link: http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComDeus/ObrasCarneFrutoEspirito-IBR-StaCatarina.htm.]
2. A idolatria no Novo Testamento. Na Roma antiga adorar aos imperadores era uma forma de lealdade e devoção. Por isso, os primeiros cristãos foram severamente perseguidos e mortos, pois eles não aceitavam que o homem ocupasse o lugar de Deus. Além dos imperadores, os romanos (e também os gregos) tinham uma variedade muito grande de ídolos. Na cidade de Listra, Paulo foi confundido com o deus Mercúrio, e Barnabé com o deus Júpiter (At 14.11-13). Passando por Atenas, Paulo encontra um altar onde estava escrito: “Ao Deus Desconhecido” (At 17.23). Contudo, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, a idolatria é condenada (Êx 20.3; Lv 26.1; Cl 3.5; Ap 22.15). Não podemos jamais esquecer que tudo aquilo que usurpa o lugar de Deus, em nosso coração, é idolatria. Qualquer pessoa ou objeto a que nos dedicamos com extremada atenção, e que não podemos viver sem os quais, podem se tornar um ídolo. A idolatria é a quebra da nossa fidelidade ao verdadeiro Deus. [Comentário: O primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. A ordem do segundo mandamento é para adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto. A idolatria é o primeiro dos três pecados capitais na tradição judaica, “a idolatria, a impureza e o derramamento de sangue”. Os cristãos devem se abster da contaminação dos ídolos (At 15.20). Certa ocasião Lutero disse: “As pessoas que confiam e se apoiam na sua grande habilidade, na sua inteligência, no seu poder, no seu trabalho, na sua misericórdia, nas suas amizades, na sua honra também tem deuses, mas tal deus não é o único Deus verdadeiro.” MARTINHO, Lutero. In: PEIXOTO, Leandro B. Deus somente Deus. Disponível em: http://ibcentral.org.br/mensagem/i-deus-somente-deus/. A tradição: “E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.” (Mt 13.10-15). Perceba que o juízo que Jesus pronuncia sobre o povo de sua época é o mesmo do profeta Isaías. Sendo assim, sobre que idolatria Jesus condenara? O Evangelista Marcos responde: “E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o seu coração está longe de mim; Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” (7.6-9). Quando Jesus cita Isaías 29, sabia que o mandato profético de Isaías 6 se cumprira em Isaías 29.9-14 e 63.17,[8] assim podemos entender o que o profeta Isaías tinha predito sobre sua nação que prefiguravam aquilo que ocorreria no Novo Testamento. Sendo assim, podemos ver que o pecado de idolatria cometido pelos judeus da época de Jesus era invalidar a Palavra de Deus em nome de suas tradições, ou daquilo que chamamos de “boa intenção”. No entanto, a “boa intenção” da tradição, quando nos leva a desobedecer a Deus é pecado. Veja, por exemplo, o caso do Rei Saul que recebera a ordem de Deus para destruir todos os amalequitas e seus animais (1Sm 15.3,8). Não obstante, Saul poupou “tudo o que era bom” (1Sm 15.9) para “oferecer ao Senhor” (v.19). A “boa intenção” de Saul não agradou a Deus, pois Deus o respondera: “Não cumpriu as minhas palavras” (v.11), que é a mesma coisa de invalidar “o mandamento de Deus” (Mc 7.9). Mas alguém poderia dizer: “sacrificar animais não era mandamento de Deus?”. Sim. No entanto, a ordem de Deus era eliminar tudo e Saul não obedecera e, ainda mais, criou para si um estilo próprio e regra de adoração não obedecendo a Deus.  Portanto, invalidar ou desobedecer a Palavra de Deus é pecado de idolatria, assim como Saul o fez (cf. 1Sm 15.23) os judeus da época de Jesus também o fizeram. A glória dos homens: Outra passagem a qual também cita Isaías 6 é João 12.37-43: “E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” A passagem acima faz duas referências a Isaías. Uma (Is 53.1) para indicar o cumprimento de que Israel não creria no servo, e a menção de Isaías 6 indica o cumprimento de juízo sobre aqueles que não creram. E, sendo assim, a preferência pela glória dos homens do que à glória de Deus é uma prova de idolatria. Pois, eles rejeitaram o Filho de Deus e Seus sinais, se assemelhando mais aos homens do que a Deus, preferindo a glória dos homens à glória de Deus. J.C. Ryle comenta: “O temor dos homens os impede de abandonar seu caminho. Têm receio de serem zombados, escarnecidos e desprezados pelo mundo. Odeiam perder a boa reputação da sociedade e o julgamento favorável de homens e mulheres semelhantes a eles.” Este texto foi extraído de: http://bereianos.blogspot.com.br/2015/11/a-idolatria-nossa-de-cada-dia.html]
3. O que significa heresia? No grego, esta palavra é hairesis e significa preferência, escolha. Segundo o Dicionário Teológico (CPAD) podemos definir heresia “como uma rejeição voluntária de um ou mais artigos da fé”. Precisamos ter cuidado, pois atualmente, muitos estão se utilizando de argumentos falsos para enganar e macular a Igreja do Senhor. Precisamos de homens como Paulo, que não usavam de engano nem fraudulência (2Ts 2.3). Contudo, também precisamos investir mais no ensino sistemático da Escrituras Sagradas, pois as heresias só podem ser rechaçadas pelo conhecimento bíblico (Mc 12.24). Estamos vivendo tempos difíceis, nos quais muitas igrejas já não conservam mais a sã doutrina, sendo os crentes enganados por filosofias humanas e ensinos de demônios contrários à Palavra de Deus. [Comentário: As palavras “herege”, “heresia” e “seita” vêm de palavras gregas usadas no Novo Testamento, derivadas da mesma raiz. A idéia fundamental atrás destas palavras é “escolher” ou “escolha”. Assim a forma de verbo é usada quando Deus diz que escolheu seu servo (Mt 12.18). Também, estas palavras se aplicam quando homens decidem seguir suas próprias opiniões, criando novas doutrinas e facções religiosas. É neste sentido que lemos no Novo Testamento sobre seitas como a dos saduceus em Atos 5.17 e fariseus em Atos 15.5, grupos que escolheram defender falsas doutrinas e tradições humanas. A melhor definição do que significa heresia / herético / herege não são aqueles encontrados nos dicionários de grego e português, nos léxicos do grego, talvez na etimologia da palavra e nos livros de teologia, mas a definição desses termos está na própria Bíblia, somente nela, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Heresia é o ensino de algo que está frontalmente contrário a pelo menos um claro e explícito verso da Bíblia, cujo significado literal, é indiscutível entre os verdadeiramente salvos que sejam verdadeiramente sinceros, que sejam realmente seguidores do lema da Reforma "Sola Scripturæ". Nesse sentido, em Gálatas 5.20, os apóstolos condenaram o espírito faccioso, em 2Pe 2.1 alertaram sobre heresias destruidoras e Tito 3.10 ensina os cristãos a admoestarem e depois rejeitarem os hereges, ou homens facciosos. Escolher seguir qualquer doutrina que não vem de Deus é uma infração gravíssima da vontade do Senhor.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Idolatria
“Esta é uma transliteração da palavra gr. eidolatria, cujo significado entendemos ser ‘a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas’.
Como uma criatura ligada ao tempo e ao espaço, o homem tem estado especialmente inclinado a prestar adoração a algum tipo de símbolo visível de divindade. Ele aparece anelar por manifestações tangíveis da presença divina. Durante a história humana, esta atitude tomou várias formas e manifestações. Mesmo que o homem tenha abandonado a adoração ao verdadeiro Deus, ele não renunciou à religião, mas procurou substituir o verdadeiro Deus por um deus falso que tivesse de acordo com seu próprio gosto.
A proibição da idolatria é um dos poucos conceitos absolutos e imutáveis no sistema judaico de ética (juntamente com o incesto e o assassinato). A adoração sem a imagem de Jeová anunciava não meramente que Ele era maior do que a natureza, mas que também não era limitado por ela. No Antigo Testamento, há muitos termos hebraicos usados como escárnio à idolatria, indicando sua infância e obscenidade, bem como seu absoluto vazio.
Todas as camadas da lei judaica dão testemunho da oposição a se fazer um retrato de Deus. Os dois primeiros mandamentos proíbem a adoração de imagens, bem como a adoração a qualquer outro deus (cf. Êx 20). A idolatria era classificada como uma ofensa de estado e cheirava a traição, devendo ser punida com a morte (Dt 17.2-7)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.946).
III. SEJAMOS FIÉIS ATÉ O FIM

1. Olhando para o passado. Para se conquistar um bom futuro é imprescindível ter estabelecido alicerces sólidos no passado. Por isso, o escritor aos Hebreus pede que os crentes deem uma olhadinha no passado. O propósito era que eles não se esquecessem das bênçãos que já haviam recebido da parte de Deus e dos muitos combates e aflições quais enfrentaram e saíram vitoriosos (Hb 10.32). O Senhor também cuidaria dos seus servos, dando-lhes novamente força e vigor para permanecerem fiéis até o fim. A fé que recebemos como fruto do Espírito nos ajuda a continuar firmes e fiéis a Cristo diante das circunstâncias contrárias. [Comentário: É interessante olharmos para aqueles memoriais do Antigo Testamento e sua finalidade. Estes memoriais destinavam-se a lembrar Israel da vontade de Deus, Sua bondade, graça e bênçãos da aliança. Eles apontavam para Deus, para o alto, em direção ao Senhor. Nesse sentido temos o arco-íris depois do Dilúvio (Gn 9.13), a circuncisão (Gn 17.10-17), a festa da Páscoa (Nm 9.1-14), as borlas azuis nas roupas (Nm 15.38-41) e as pedras comemorativas que Josué erguera na travessia do Jordão (Js 4.3-9). Precisamos erguer nossos memoriais para não esquecermos a doutrina que temos aprendido dos pioneiros. João exorta "a senhora eleita e seus filhos" (2 Jo 1) a não confraternizarem com hereges e a não darem nenhum crédito à falsa doutrina deles. Ele busca ajudá-los a manter sua fé em face da oposição, como o escritor de Hebreus exorta em Hebreus 10.35: "Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão."]
2. A fé que nos ajuda a permanecermos fiéis. Já fomos justificados perante Deus pela nossa fé em Jesus (Rm 3.21,22). Esta é a chamada fé salvífica que vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17). Mas, à medida que buscamos ter maior comunhão com Deus, desenvolvemos a fé como fruto do Espírito. Essa fé cresce em nós com o tempo e nos livra da idolatria, das heresias e da apostasia (2Co 10.15; 2Ts 1.3). A nossa confiança em Deus nos ajuda a permanecer fiéis em tudo até o dia em que iremos nos encontrar com o Senhor (Ap 2.10). [Comentário: A nossa fé constante e inabalável em Deus confere-nos a certeza de que Ele cumpre sua Palavra no tempo próprio. Para se ter Fidelidade é preciso ter fé e vice-versa; na bíblia a fé é o tema central, tendo como fim a salvação de todos os seres humanos. A fé é a expressão da fidelidade. Desde Gênesis 4, Abel apresentou sua oferta a Deus e o Senhor a aceitou por sua fé ou fidelidade. (Hb 11.4). A partir daí Deus vem procurando e encontrando, apesar de poucos, homens que se aproximam D'Ele por fé, dispostos a permanecerem fiéis em todas as situações advindas. Já foi esclarecido que a fidelidade é uma característica de quem tem fé, ou seja, de quem recebeu o fruto do Espírito Santo pela fé em Deus, através do sacrifício de Jesus Cristo. A fé é um dom de Deus (Rm 12.3; Ef 2.8; 6.23; Fp 1.29),  exclui a vanglória pessoal (Rm 3.27) e  a sua operação é pelo amor (Gl 5.6; 1Tm 1.5; Fl 5). Na prática da vida como proteção a fé é compara a um escudo: "tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno" (Ef 6.16). Ou a uma couraça: "mas nós, porque somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; (1Ts 5.8). A fé produz: salvação (Mc 16.16; At 16.31; Rm 1.17); esperança (Rm 5.2); alegria (At 16.34; 1Pe 1.8); paz (Rm 15.3); confiança (Is 28.16 com 1Pe 2.6); ousadia na pregação (Sl 116.10 com 2Co 4.13).]
3. Seja fiel. O Deus fiel e imutável a quem adoramos deseja nos ajudar a permanecer fiéis em toda a nossa maneira de viver, neste mundo tenebroso, mau e que jaz no maligno (1Jo 5.19). Se quisermos permanecer fiéis não podemos descuidar da nossa comunhão com o Senhor. Precisamos buscá-lo enquanto é tempo, enquanto podemos achá-lo (Is 55.6). Noé, durante um bom tempo, anunciou que o dilúvio viria. Mas aquela geração não deu crédito à pregação do servo do Senhor. O dia do juízo chegou e somente ele e sua família foram salvos da fúria das águas. Mesmo vivendo em uma sociedade corrompida pelo pecado, Noé permaneceu fiel ao Senhor e cumpriu a sua missão com zelo e temor até o fim dos seus dias. [Comentário: Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6,8). Como já foi bem definido, a palavra fé, no original do Novo Testamento, significa plena persuasão ou certeza fundamentada no ouvir (Rm 10.17). Já em Mateus 23.23, está relacionada à confiança ou fidelidade. É interessante observar que Jesus enfatizou ser a verdade e digno de toda confiança, ao introduzir suas declarações no Evangelho de João com a frase “na verdade, na verdade”, “em verdade, em verdade”, “digo-lhes a verdade” (Jo 1.51). Assim, o fruto da fidelidade abrange as ideias básicas de integridade, fidelidade, lealdade, honestidade e sinceridade. No novo concerto, a bênção de Deus e o relacionamento certo com Ele também são concedidos mediante a fé. Aqui está uma verdade fundamental no Novo Testamento (Rm 4.3; Gl 3.6; Tg 2.23;). É pela fé que somos tornados descendência de Abrão, o pai de todos os que creem (Rm 4.11). A fidelidade como parte do fruto do Espírito é imprescindível ao cristão em seu relacionamento com Deus, com os outros e consigo mesmo. Através da fidelidade, tornamo-nos diferentes dos outros que não temem a Deus. O Senhor está procurando os fiéis para andarem com ele e servi-lo (Sl 101.6). A fidelidade de Deus é uma bênção perene para o crente fiel, mas ela é ineficaz para com aqueles que resistem à sua graça (ver 2.13, 2 Tm 2.13).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A fidelidade como fruto do Espírito tem muito a ver com a moral e ética cristã. Esse fruto abençoado coloca o padrão cristão no nível de responsabilidade em palavras e ação. Houve um tempo em que a palavra de um homem tinha grande valor, e um aperto de mão era tão bom quanto um contrato assinado. Isto não parece ser verdade em nossos dias. Mas o homem que anda com Deus é diferente, porque nele está o fruto que é lealdade, honestidade e sinceridade. O Espírito Santo sempre concede poder para o cristão ser um homem de palavra. A fidelidade como fruto do Espírito nos torna leais a Deus, leais a nossos companheiros, amigos, colegas de trabalho, empregados e empregadores. O homem leal apoiará o que é certo mesmo quando for mais fácil permanecer calado. Ele é leal quer esteja calado. Ele é leal quer esteja sendo observado, quer não. Este princípio é ilustrado em Mateus 25.14-30. Os servos que eram fiéis e fizeram como foram instruídos mesmo na ausência do senhor foram elogiados e recompensados. O servo infiel foi castigado” (GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p. 112).

CONCLUSÃO

Que Deus nos ajude a permanecer fiéis até o fim (Ap 2.10). A infidelidade ao Senhor tem feito com que alguns ensinem heresias, levando muitos a apostatarem da fé. A fidelidade, como fruto do Espírito, nos ajuda a não abrir mão de nossas convicções cristãs. Que em nossa caminhada de fé possamos dizer como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7). [Comentário: Apesar de o Antigo Testamento ser de uma gigantesca extensão, a palavra “fé” somente aparece por duas vezes. A primeira delas, em I Samuel 21.5, quando, questionado pelo sacerdote Aimeleque no tocante à pureza moral dos mancebos, Davi responde: “Sim em boa fé, as mulheres se nos vedaram desde ontem; e, anteontem...” Porém como substantivo, ela somente é vista em Habacuque 2.4, quando o profeta diz: “... mas o justo, pela sua fé, viverá”; citação esta que é reiterada por três vezes no Novo Testamento (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Neste ponto, a idéia é que aquele que é verdadeiramente justo confia inteiramente em Cristo, seja na abundância, seja na necessidade. Em todos os aspectos de sua vida Cristo ocupa o primeiro lugar (cf. Fp 4.11-13). A fé deve estar presente em nosso viver, devendo também nos acompanhar quando chegar a hora da partida desta vida para a outra. O sucesso daquelas testemunhas que são mencionadas no capítulo 11 de Hebreus, é que todas elas viveram e morreram na “fé” (11.13) - lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade (Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7, Tt 2.10). É importante entender que esta fidelidade está relacionada ao conhecimento da Palavra, a vontade revelada de Deus. É preciso batalharmos por esta fé que nos foi entregue de uma vez por todas (Jd 3) –  aqui é o conjunto das verdades em que cremos acerca da salvação. É claro que os salvos têm uma confiança viva em Jesus como seu Salvador e Senhor, e por isso adotam um conjunto de verdades sobre Deus Pai, Filho e Espírito Santo, sobre o homem, sobre o pecado, sobre a igreja e o mundo, enfim, um conjunto de verdades que é inerente ao cristianismo; é o corpo doutrinário do cristianismo, “a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br






quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 8: A BONDADE QUE CONFERE VIDA




SUBSÍDIO I

Na lição de hoje estudaremos mais um aspecto do fruto do Espírito, a bondade. Em oposição a esse aspecto do fruto do Espírito, vamos refletir a respeito da maldade, mas especificamente a respeito do homicídio, que é a destruição do próximo. Temos visto a cada dia a maldade crescendo mais e mais. Falta amor e sobra rancor, ódio, ira, etc. A humanidade sem Deus caminha de mal a pior. Precisamos guardar os nossos corações, enchendo-o com a Palavra de Deus a fim de que venhamos rejeitar toda a forma de crueldade. Que jamais venhamos “acostumar-nos”, ou seja, nos tornarmos insensíveis diante da violência e da crueldade que assola a nossa sociedade. (Seria interessante levar alguns jornais e discutir com os alunos o avanço da violência, da maldade e do número de homicídios nos grandes centros urbanos.)
No livro de Provérbios, um livro prático, encontramos várias referencias a respeito da maldade. Tomemos como exemplo o texto de Provérbios 6.12, pois esse texto afirma que “o homem de Belial, o homem vicioso, anda em perversidade de boca”. O que significa “homem de Belial”? Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe significa homem inútil, sem valor, mau, iníquo. Esse texto nos mostra que a maldade está no falar e no agir. Podemos ferir as pessoas com nossas palavras e até “matá-las”. Jesus afirmou que aquilo que dizemos revela o que existe em nosso interior, coração (Mt 12.34-36). Suas palavras evidenciam um coração bondoso?
A maldade pode ser evitada? Sim! Se mantivermos um firme compromisso com Deus e com sua Palavra. Por isso, guarde a sua mente, não permitindo que seus pensamentos se fixem naquilo que é mal. E já que o tema da lição é bondade X maldade é interessante para a nossa reflexão, que venhamos fazer a seguinte indagação: “Qual é a origem da maldade?” “Como o mal entrou no mundo?” Segundo Charles Colson, importante teólogo, “as Escrituras ensinam que o mal entrou na criação pelas livres escolhas morais feitas pelos primeiros seres humanos, em resposta à tentação de Satanás, um anjo de luz caído. Como uma praga, este mal se espalha por toda a história em virtude das livres escolhas morais que homens continuam a fazer.”
A maldade é resultado da Queda e o primeiro homicídio aconteceu na família do primeiro casal. Abel tinha um caráter justo e oposto ao do seu irmão Caim. Adão e Eva devem ter dado a mesma educação aos dois filhos, todavia o ensino dos pais não foi e não é suficiente para moldar o caráter dos filhos. O ensino é importante, mas somente Jesus pode transformar o nosso verdadeiro eu. Caim tinha um coração mau, dominado pelo ódio e pela inveja, por isso, teve o seu sacrifício rejeitado. Deus não olhou e não olha para a oferta em si, porque o mais importante é o coração, o caráter do ofertante. Por isso, Jesus declarou: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta” (Mt 5.23,24). Jamais poderemos comprar a Deus ou impressioná-lo com as nossas ofertas, pois tudo que existe nos céus e na Terra pertence a Ele. O Senhor não deseja apenas a nossa oferta, Ele almeja ser o primeiro em nossos corações. Somente quando Ele tem o primeiro lugar pode-nos transformar e fazer de nós pessoas melhores, bondosas, cujo caráter revele a sua glória.

Sugestão didática:

Converse com os alunos mostrando que a benevolência torna o crente uma testemunha do amor de Deus e evita que venhamos ferir ou magoar o próximo. Segundo o Senhor Jesus, podemos atentar contra a vida de uma pessoa com nossas palavras (Mt 5.21,22). Quantos não foram feridos e encontram-se espiritualmente mortos devido a uma palavra ou uma ação, ainda que não intencional, de um irmão(a)? Por isso, precisamos ter cuidado!
Peça que os alunos formem duplas. Em seguida, peça que as duplas, sem deixar que o outro veja, escrevam uma tarefa que gostaria que o irmão ou irmã executasse (cantar um hino, falar uma poesia, recitar o texto áureo de cor, etc.). Depois que todos escreverem, peça que formem um único grupo. Em seguida, peça que troquem os papéis (e as tarefas). Depois da troca e leitura das tarefas, pergunte aos alunos: “Se soubesse que a tarefa seria executada por você, teria pedido algo diferente, mais fácil? O objetivo é mostrar que precisamos ser benignos para com o nosso próximo. A bondade faz com que venhamos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Aquilo que não desejamos para nós, não podemos também desejar ao outro.

Telma Bueno
Editora responsável pela Revista Lições Bíblica Adultos

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A bondade que confere vida

A única forma de um ser humano mau se tornar em um ser humano bom de maneira plena é por intermédio da graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo (Ef 2.8). Somente assim que a pessoa tem a condição de compreender as implicações destes dois mandamentos do Senhor: “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12.29-31). Por isso devemos compreender que há somente um Deus todo-poderoso, glorioso e gracioso que devemos amá-lo e honrá-lo com toda a nossa vida. De modo que esse amor seja direcionado ao próximo que está ao nosso lado como o bem que fazemos a nós mesmos. Aqui, a bondade como fruto do Espírito começa a se manifestar.
Neste aspecto, a bondade é um compromisso que tem a ver com o benefício do outro. É viver a bondade de Deus até as últimas consequências. Ora, Deus é bom e deseja que todos manifestemos sua bondade por onde passarmos. Uma bondade extraordinária que não pode ser encontrada em nenhum lugar, senão pela Palavra de Deus, mediante o encontro que tivemos com Jesus, o Nazareno, cuja vocação nos foi dada sem arrependimento. Nosso Deus é bondoso, gracioso, maravilhoso, pois assim criou os céus e a terra. Por isso, no lugar de vingança, oferecemos amor, consolo, disponibilidade para acolher quem mais precisa de nós. Sempre há alguém que precisa de um acolhimento verdadeiro e podemos ser o instrumento de Deus para acolhê-lo.
Diferentemente da bondade, o homicídio como obra da carne não acolhe a ninguém, pelo contrário, destrói a vida alheia, separando para sempre das pessoas queridas. Sobre o homicídio, a proibição de se tirar a vida do próximo remonta o Decálogo (Ex 20.13): não matarás. Ou seja, todo atentado contra a vida humana é um atentado contra o mandamento de Deus. Todo atentado contra o ser humano inocente, o aborto deliberado, o homicídio pensado e planejamento, é um atentado contra a Criação de Deus. Entretanto, para além do homicídio físico, o apóstolo João também se referiu ao homicídio quando disse: “Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1Jo 3.15).

 Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 18 - nº 69 – jan./fev./mar. de 2017. 


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje estudaremos a bondade, veremos inicialmente que essa está diretamente relacionada à benignidade. Em seguida, destacaremos as características dessa virtude do fruto do Espírito. Compararemos também a bondade com o homicídio, enquanto obra da carne, que destrói a vida. Em um no qual predomina a cultura da morte, devemos levar a vida através da bondade, tendo Cristo como o maior exemplo, ainda que não sejamos correspondidos.

1. BENIGNIDADE E BONDADE

Há quem assuma que benignidade (gr. chrestotes) e bondade (gr. Agathosune) sejam virtudes gêmeas do fruto do Espírito. Essa compreensão é justificada porque se pressupõe bondade da benignidade. As pessoas que agem de maneira bondosa assim o fazem porque são conduzidas pelo Espírito, que produz nelas a benignidade. A palavra grega para bondade se encontra apenas quatro vezes no Novo Testamento, especificamente nos escritos paulinos (Rm. 15.14; Gl. 5.22; Ef. 5.9 e II Ts. 1.11). Nos contextos nos quais esse termo se encontra, está relacionado ao serviço cristão, ao exercício da generosidade. Estamos vivendo em um contexto materialista e consumista, no qual as pessoas não querem perder aquilo que possuem. O desprendimento é uma virtude cada vez mais escassa, o individualismo está degenerando a sociedade. Não podemos esquecer que fomos chamados para o amor (gr. agape), que deve ser demonstrando tanto a Deus quanto ao próximo (Mc. 12.29-31). Jesus é o maior exemplo de serviço, Ele mesmo assumiu que veio para servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Mesmo sendo Deus, não teve por usurpação o ser igual a Deus, tomando a forma de servo (Fp. 2.9). Deu exemplo ao lavar os pés dos discípulos, quando esses debatiam a respeito de quem seria o maior (Jo. 13). A igreja cristã deve ter a generosidade como prática constante. A esse respeito Paulo elogiou as igrejas da macedônia, pois aqueles irmãos, “em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo seu poder e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente” (II Co. 8.2,3). Os cristãos de Jerusalém tinham tudo em comum, e não haviam necessitados entre eles, por causa do exercício da koinonia (At. 4.34,35).

2. CONTRA A CULTURA DA MORTE

A bondade é uma virtude que se opõe diretamente à cultura da morte, ao homicídio que é uma obra da carne. Desde o princípio o Senhor havia estabelecido como Lei para o povo de Israel o “Não matarás” (Ex. 20.13), que na verdade, o termo hebraico rasah seria melhor traduzido por “Não cometerás assassinato”. Ao reinterpretar essa palavra, Jesus destacou que há pessoas que atentam umas contra as vidas das outras, não apenas através de objetos que as firam fisicamente, mas também moralmente e espiritualmente, através das palavras (Mt. 5.21,22). Seguindo essa orientação do Mestre, o apóstolo João assume que aqueles que aborrecem seus irmãos estão agindo como homicidas (I Jo. 3.15). Não podemos incitar a cultura do assassinato, existe nos dias atuais uma tendência a favorecer tudo o que é destrutivo. As pessoas se alimentam de práticas mortíferas, elas fazem sucesso nos cinemas e nos jogos eletrônicos. Os cristãos costumam ser criticados porque se posicionam pela vida, sendo contrários ao aborto e a eutanásia, inclusive a pena de morte. Existe violência demais neste mundo, e quanto mais ela for incitada, um tanto pior. As pessoas estão se consumindo, a destruição começa pela ganância, o ódio predomina, ao invés do amor. Devemos ter como fundamento a generosidade de Deus em relação a nós, e nos envolvermos em uma revolução amorosa. De modo que se alguém nos insultar, devemos responder com amor, e não “na mesma moeda”, contrariando a justiça dos homens. Essa é uma atitude que exige renúncia dos seguidores de Cristo, considerando que Ele mesmo deixou o exemplo, ao perdoar seus algozes na cruz. Ele não retribui de acordo com as iniquidades, se assim fizesse todos nós seríamos condenados. Por isso Paulo é categórico ao afirmar que “Ele nos amou sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5.8; 12.19-21).

3. PELA PRESERVAÇÃO DA VIDA

Como cristãos devemos propagar a cultura da vida, pois Jesus é a Vida, nEle desfrutamos (Jo. 11.25; 14.6). E por que Ele é a vida, tendo Ele mesmo entregue Sua vida por nós, não podemos difundir a violência. Essa revolução passa pela disposição para perdoar, trata-se de uma condição que somente pode assumir aqueles que foram alcançados pela graça divina. Não devemos incitar à vingança, muito menos a práticas injustas, antes ao amor. É comum os cristãos se oporem ao aborto e a eutanásia, mas são favoráveis à pena de morte. Devemos defender a vida em todas as circunstâncias, pois não nos compete punir com a morte quem quer que seja. Devemos também ampliar nosso horizonte, e perceber que existem pessoas sendo mortas nos hospitais, por falta de assistência médica de qualidade. A violência predomina nas ruas porque os governantes não cumprem o papel que deveriam. Alguns políticos, ainda que indiretamente, estão fomentando a violência, na medida em que tratam com descaso a pobreza e a miséria. A defesa da vida passa por muitos lugares, inclusive por nós mesmos, e não apenas pelas nossas opiniões, mas também pelas ações. Os cristãos que são contra o aborto também deveriam defender a existência de órgãos públicos (ou mesmo religiosos) que recebam crianças de mães que não têm condições de criar seus filhos. Apenas criticar, ou até mesmo criminalizar, não resolve a situações do aborto. Ele vai continuar existindo clandestinamente, precisamos defender a vida sempre, mas criar alternativas viáveis para assistir as mães que engravidaram, mas não podem criar seus filhos.

CONCLUSÃO

Tratar na mesma moeda não resolve, a esse respeito é importante lembrar: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm. 12.19-21). Esse procedimento faz toda diferença na sociedade contemporânea, como cristãos não devemos nos opor ao trabalho da justiça, mas temos a opção pessoal de responder com bondade, ao invés do ódio e da vingança.


Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Você já teve o coração transformado e regenerado pelo Senhor Jesus? Então, não há mais espaço, em sua vida, para sentimentos e desejos que faziam parte da sua velha natureza. Na lição de hoje, veremos que os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, falso testemunho e blasfêmias procedem do interior do homem, ou seja, da velha natureza adâmica (Mt 15.18,19). [Comentário: Gramaticalmente, bondade é um substantivo abstrato. Do latim “bonidate”, é a qualidade de quem tem boa índole. Ter bondade é ser benevolente, ser amável, é procurar ajudar o outro. Benevolente significa demonstrar bondade ou boa vontade em relação às outras pessoas. Bondoso é um adjetivo que qualifica o indivíduo que demonstra bondade, que pratica atos de bondade. Uma pessoa que revela grande bondade pode ser chamada de bonachão https://www.significados.com.br/bondade/. Com base nessa definição entende-se que bondade é uma virtude típica da pessoa que não mede esforços para levar o bem aos outros e nunca o mal. O bondoso sempre estende sua mão para alguém. A palavra bondade na Bíblia se aplica àquilo que proporciona satisfação estética ou moral (veja o relato da criação em Gn). No hebraico, a palavra para expressar este conceito é tobh, literalmente “agradável”, “alegre”. No grego, há duas palavras para traduzir essa idéia: a primeira éagathos (bom), que é o termo usado por Paulo para indicar o fruto espiritual da bondade; a segunda é kalos (belo), que tem a ver com harmonia.Bondade, portanto, tem uma dimensão ética e uma dimensão estética. Na dimensão ética, significa viver de acordo com padrões elevados. Na dimensão estética, pode ser entendida como beleza interior. O Pr Billy Graham no artigo ‘O Fruto do Espírito’, escreve: “A palavra "bom" no entender da Escritura significa literalmente "ser como Deus", porque Ele é o único que é perfeitamente bom. Uma coisa é ter padrões éticos elevados, outra coisa é a bondade que o Espírito Santo produz, que tem suas raízes em Deus. O significado deste fruto é mais amplo do que simplesmente "fazer o bem". Bondade é mais que isto. Bondade é amor em ação. Não somente traz em si a idéia de justiça, mas demonstra esta justiça, este "fazer o que é certo" vivendo diariamente no Espírito Santo. É fazer o bem a partir de um coração bom, é agradar a Deus sem esperar medalhas ou recompensas. Cristo quer que este tipo de bondade seja o normal em cada cristão. Os homens não podem achar substituto para a bondade, e nenhum artista em retoques espirituais pode imitá-la.” http://pastorcasse.blogspot.com.br/2012/05/o-fruto-do-espirito-bondade-billy.html.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. BONDADE: o firme compromisso para o benefício dos outros

1. A bondade como fruto do Espírito. Podemos afirmar que a bondade e a benignidade são frutos gêmeos. A palavra grega para bondade é agathosüne, e esta palavra pode ser aplicada em relação a Deus como um ser perfeito e completo (Mc 10.18), e em relação à benevolência de alguém (Mt 12.35; At 11.24; 1Pe 2.18). Como um dos aspectos do fruto do Espírito, podemos dizer que a bondade é uma qualidade nobre, gerada por Deus, nos corações daqueles que experimentaram o novo nascimento (Jo 3.3). Quem já experimentou a regeneração, em Jesus Cristo, é nova criatura e naturalmente inclinado a fazer o bem (2Co 5.17). [Comentário: Bondade (agathosune), zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na correção do mal (Mt 21.12,13). O significado essencial de agathosune é a generosidade que flui de uma santa retidão dada por Deus. Paulo recomenda: “comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Rm 12.13), para “repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). “comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;” (Rm 12.13). Se compararmos com o original do termo benignidade, constataremos que aquela é a prática ou a expressão desta, ou seja, é fazer na prática o que é bom.]
2. A bondade de Deus é singular. Ele é bom para todos os homens, independentemente da condição destes (Sl 145.9). A bondade do Pai pode ser revelada na sua provisão, pois Ele faz com que o sol e a chuva se levante sobre os justos e injustos (Mt 5.45). Contudo, a maior prova da bondade de Deus está no fato de Ele ter enviado seu Filho unigênito para morrer por nós, homens pecadores e maus por natureza (Jo 3.16; Rm 5.8). Em geral costumamos agir bondosamente somente com aqueles que nos tratam com benevolência, mas o Criador é bom para com todos; e, como filhos seus, precisamos seguir o seu exemplo. [Comentário: Deus é a fonte da bondade, porque Ele é bom (Na 1.7; Ed 3.11) e toda dádiva dele é boa (Tg 1.17). O Espírito Santo transmite esta virtude como um fruto, para que cada um do bom tesouro possa tirar o bem (Lc 6.45). Barnabé foi cheio do Espírito Santo e por isto se tornou um homem bom (At 11.24). Ele deixou um brilhante exemplo de que maneira este fruto se manifesta. O seu coração era aberto para dar (At 4.37; 2 Co 8.1-3). Ele viu o que a graça de Deus havia operado (At 11.23), por isto conseguiu ajudar a Saulo (At 9.26-28; 11.25,26). Aquele que possui este fruto é feliz (Pv 14.14), pois pode ser uma bênção para outros (Rm 15.14) e até deixa uma herança para os seus descendentes (Js 11.23) e sente o favor de Deus (Pv 12.2). Diante da eternidade será manifestado que Deus deu valor à bondade (Mt 25.23).]
3. Um homem bondoso e uma mulher bondosa. Na Bíblia, encontramos vívidos exemplos de homens bondosos, e Jó é um desses homens. Ele não era somente justo e paciente, mas também bondoso para com os outros (Jó 29.15-17; 31.32) e para com seus filhos, oferecendo a Deus holocaustos por eles (Jó 1.5). Dorcas era uma discípula que usava do ofício de costureira para abençoar os pobres (At 9.36,39). O texto bíblico afirma que “ela estava cheia de boas obras e esmolas” (At 9.36). Suas ações em favor dos necessitados demonstravam a sua bondade e o seu amor e devoção a Deus. Quem ama ao Senhor ama também o próximo, mas esse amor precisa ser manifesto em ações. Não basta dizer que amamos; é preciso mostrar esse amor por meio de ações. O que você tem feito para demonstrar a sua bondade pelo próximo? [Comentário: A excelência da bondade é resumida na denominada Regra de Ouro: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas" (Mt 7.12). Em outras palavras, devemos tratar os outros da mesma maneira que Deus nos trata - com misericórdia e graça. Devemos ter um cuidado especial com nossos irmãos em Cristo. Disse Jó: “Eu era o olho do cego e os pés do coxo; dos necessitados era pai e as causas de que não tinha conhecimento inquiria com diligência; e quebrava os queixais do perverso e dos seus dentes tirava a presa... O estrangeiro não passava a noite na rua; as minhas portas abria ao viandante” (Jó 29.15,17; 31.32). Jesus equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40, 45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). Quando o crescimento da igreja tornou impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do Espírito Santo, para executar a tarefa (esta é a essência do Diaconato!) (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente qual deve ser o princípio da comunidade cristã: "Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" (Gl 6.10). Deus quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Resumindo, a Bíblia não nos oferece outra alternativa senão tomarmos consciência das necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmãos em Cristo.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Bondade como fruto do Espírito é tradução de uma palavra grega que é encontrada apenas quatro vezes na Bíblia: agathosune. Quando comparada com chrestotes vemos que a bondade é a prática ou a expressão da benignidade, ou seja, fazer aquilo que é bom. O termo agathosune só é usado nos escritos de Paulo nas seguintes passagens: Romanos 14.14; Gálatas 5.22; Efésios 5.9; 2 Tessalonicenses 1.11.
No primeiro destes textos, Romanos 15.14-16, Paulo reconhece que os cristãos romanos estão prontos para ministrar uns aos outros e, portanto, os exorta a ministrar, lembrando-os de sua chamada para ser ministro (literalmente, servo) de Jesus Cristo. No versículo 16 (NVI), Paulo se compara a um sacerdote que oferece a Deus os gentios salvos como oferta santificada pelo Espírito Santo. Em todos estes versículos é vista a expressão da bondade.
Bondade, então, fala de serviço ou ministério uns aos outros, um espírito de generosidade posto em ação; diz respeito a servir e dar. É o resultado natural da benignidade — a qualidade interior de ternura, compaixão e brandura. Tudo isso está resumido na palavra amor. O amor é benigno, que é o oposto do maligno. O amor é bom, sempre buscando ministrar às necessidades dos outros” (GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.92).


II. HOMICÍDIO, A DESTRUIÇÃO DO PRÓXIMO

1. Não matarás. Em Êxodo 20.13, temos uma ordem de Deus em favor da preservação da vida. A ordenança divina é bem clara, de forma que até uma criança pode compreender: “Não matarás” (Êx 20.13; Dt 5.17). Encontramos, em todo o Pentateuco, várias advertências a respeito da violência contra a vida. Deus é bom. Por isso, Ele estabeleceu leis para os homicídios dolosos, ou seja, quando uma pessoa mata a outra intencionalmente (Dt 27.24,25) e culposos, quando não há intenção de matar (Dt 19.4-6). O Senhor Jesus, nosso maior exemplo de bondade e amor, reforçou a legislação divina ao ensinar que podemos atentar contra a vida do nosso próximo até mesmo por palavras (Mt 5.21, 22). O apóstolo João também deixa claro que quem aborrece o seu irmão é homicida (1 Jo 3.15). Que venhamos a amar o próximo, cuidar dele e preservar a sua vida, pois esta é a vontade de Deus para nós. [Comentário: As Escrituras deixam claro que é impossível alguém odiar seu irmão e andar na luz. Aliás, o simples fato de alguém confessar Cristo como seu Salvador e odiar/aborrecer os seus irmãos, demonstra que esta pessoa está em trevas, isto é, não tem a Cristo. Quando João fala de ódio, transmite a ideia de algo habitual, que caracteriza um estilo de vida, um estado no qual a pessoa vive. Esse estado pode resultar em homicídio (Jo 3.11-15; 4.20,21). A lei condena o homicídio; a graça se antecipa ao expor a força motriz do homicídio - o ódio. É seguindo esta linha de pensamento que João afirma ser homicida qualquer que aborrece ao seu irmão (1Jo 3.15). Assim, pelos padrões cristãos, não é necessário chegar a matar para ser considerado um homicida. O ódio faz parte da galeria dos pecados que levam o homem à morte espiritual (5.16). Contra este pecado, ou a fim de preveni-lo, só há um remédio: o amor. Por outro lado, aquele que ama a seu irmão, permanece na luz e nele não há tropeço (v.10). Se quisermos permanecer na luz, devemos amar uns aos outros assim como Cristo nos amou.]
2. Aborto, a morte de um inocente indefeso. Quando falamos em homicídio, estamos também nos referindo ao aborto. Este ato perverso está inserido no sexto mandamento, pois é um atentado contra a vida de um indefeso, além de ser um ato contra Deus, que é o doador da vida (Is 45.12; Mt 10.28). O aborto, segundo o Código Penal Brasileiro, é também um crime. Embora faça parte do Código Penal, alguns, erroneamente, acreditam que o aborto deve ser uma escolha da mulher. Mas o Criador não permite que nós, seres criados, venhamos a decidir quem deve ou não viver. Deus nos criou, nos conhece e nos ama desde quando nosso corpo ainda estava sendo formado no ventre de nossa mãe (Sl 139.16). [Comentário: O princípio que rege o sexto mandamento é o da proteção da vida. Deus tinha em vista a preservação da maior de todas as Suas criações: o homem, feito à sua imagem (Gn 1.27), portanto, atentar contra a vida, quer a de outro ou a nossa, constitui desrespeito a Deus que imprimiu Sua imagem no homem (Gn 9.6). Independente do motivo alegado para justificar o aborto: médico, ético/judicial, genético e ou social, tanto aqueles que aprovam quanto aqueles que o realizam quebram o sexto mandamento. Deus deixou claro que a vida não pode ser tirada por nós como num caso de aborto, e que não devemos, quando depender de nós, nos omitir, participar de alguma forma ou facilitar que uma vida seja tirada dessa forma. Certamente esta palavra é dura, inaceitável e até inconsequente para aqueles que não pautam sua vida pela Palavra de Deus, mas não deveria ser para um cristão. Quando um cristão cogita o aborto como uma solução para algum problema ocorrido, ele está planejando um assassinato de uma vítima inocente, indefesa. Concordando com qualquer motivo alegado, estamos dando condições para que o pecado triunfe sobre nós e nos jogue na lama da desobediência a Deus.]
3. O primeiro homicídio. Logo no primeiro livro da Bíblia, Gênesis, encontramos o triste relato do primeiro homicídio depois da Queda (Gn 4.8-11). Caim matou seu irmão porque deixou seu coração ser dominado pela inveja e o ciúme. O texto bíblico diz que o próprio Deus amaldiçoou Caim numa forma de punição pelo seu ato (Gn 4.15). Homem algum pode zombar de Deus, porque todo o pecado tem a sua recompensa (Gl 6.7). [Comentário: O Guia do Leitor da Bíblia (CPAD) traz a seguinte informação: “E irou-se Caim fortemente” (Gn 4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo: 'Tenho um temperamento agressivo'. Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus" RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p 28. Antes deste episódio, a morte física era ainda desconhecida e foi Abel, o justo, o primeiro a ser vitimado por ela. Sob o domínio de um profundo ódio contra o seu irmão Abel, sem que o mesmo tivesse feito qualquer coisa que justificasse sua raiva, ele usou de engodo, ao convida-­lo a ir ao campo, para depois ataca­-lo e matá-lo ((Gn 4.8). O fato de tê-lo levado, indica que o crime fora premeditado, para escapar dos olhos de seus país e, deste modo, evitar testemunhas contra o seu pecado. Caim procurou fugir da responsabilidade de seu crime, como muita gente faz boje, por não querer as­sumir seus próprios pecados. No texto de Genesis 4.11, 12 Deus expressa a sua rejeição e a inevitável maldição, ao dizer-lhe: "E agora maldito és desde a terra, que abriu a sua boca para receber das tuas mãos o sangue de teu irmão". Este fato nos ensina que o ambiente em que vivemos influencia, negativa ou positivamente na formação de nosso caráter. Caim, após matar seu irmão, partiu para urna terra distante, e fez o que era mau aos olhos do Senhor. Por isso, influenciou, negativamente, no comportamento de seus filhos e podemos ver seu descendente Lameque matando por motivo fútil e gloriando-se por isso.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

O sexto mandamento
“Não matarás (20.13). ‘Assassinar’ é mais precioso aqui do que ‘matar’. A palavra hebraica rasah é a única sem paralelo em outras sociedades do segundo milênio a.C. Ela identifica ‘morte de pessoas’ e inclui assassinatos premeditados executados com hostil intenção e mortes acidentais ou homicídios culposo. Dentro da comunidade da aliança, precisava-se tomar um grande cuidado para que ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O termo rasah não é aplicado em mortes na guerra ou em execuções judiciais” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse Capítulo por Capítulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.64).

“Cidades de Refúgio
Entre as 48 cidades dadas aos levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio, ou asilo, para o ‘homicida’ (Nm 35.6,7). O próprio Moisés escolheu três delas no lado leste do rio Jordão: Bezer para os rubenitas, Ramote, em Gileade, para os gaditas; Golã, em Basã, para os manassitas (Dt 4.41-43). Mais tarde, na época de Josué, as outras três foram indicadas na parte oeste do Jordão. Elas estavam convenientemente situadas nas regiões norte, central e sul da terra que habitavam. Seriam construídas e mantidas abertas estradas para essas importantes cidades (Dt 19.3).
Em Hebreus 6.18 está indicado que as cidades de refúgio eram um tipo de Cristo. O apóstolo faz alusão a isso quando fala daqueles que fugiram procurando um refúgio, e também da esperança oferecida a eles. Nós procuramos o refúgio em Cristo, e nele estamos a salvo do Vingador do sangue divino (Rm 5.9)” [PFEIFFER, Charles F. (Ed.) Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, pp.417-18].

III. SEJAMOS BONDOSOS E MISERICORDIOSOS

1. Servindo ao outro com amor. Jesus deve ser o nosso exemplo de serviço e amor. Ele declarou que não veio ao mundo para ser servido, mas para servir e dar a sua vida por nós (Mt 20.28). Vivemos em um mundo egoísta, onde as pessoas só querem ser servidas. Por isso, precisamos, como sal e luz desse mundo, mostrar-lhes o nosso serviço e compaixão (Mt 5.13,14). Paulo exortou os crentes da Galácia para que levassem as cargas uns dos outros (Gl 6.2). Para realizamos tal ato precisamos amar, pois levar a carga do outro significa ajudar o irmão que está enfermo, enfrentando tribulação ou enfrentando necessidade financeira. Você tem ajudado seus irmãos a carregarem suas cargas ou você tem ainda acrescentado mais peso a elas? [Comentário: Se um irmão cair no pecado, outro que "anda no Espírito" (veja 5.16,22-26) tem a responsabilidade de corrigi-lo, evitando que aquele esteja sobrecarregado pelo erro (6.1; veja Tg 5.19-20; Jd 22-23). Ajudando o outro a superar o pecado mostra o amor que cumpre tanto a lei de Moisés como a de Cristo (6.2; veja 5.14). Assim, Paulo orienta a igreja dos gálatas a vencer os conflitos internos, servindo uns aos outros em amor. Desde que nos tornamos cristãos, fomos também dotados por Deus de uma grande variedade de dons espirituais. Entretanto, graças a essa diversidade e por meio dela, todos podemos cooperar para o bem de todos. Seja qual for a espécie de serviço que se deva prestar na igreja, que seja feito de coração com fidelidade pelos que são qualificados por Deus quer seja a profecia, o ensino, a exortação, a administração, as contribuições materiais, a visitação aos enfermos, quer a realização de qualquer outra classe do ministério. O amor, sendo o único contexto em que os dons espirituais podem cumprir o propósito de Deus, deve ser o princípio predominante em todas as manifestações espirituais. Daí, Paulo exortar os coríntios: "Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais" (14.1). Os crentes devem, com muito zelo, buscar as coisas do Espírito, para que, assim equipados, possam ajudar, consolar e abençoar o próximo neste mundo.]
2. Ajudando o ferido. Vivemos dias difíceis, nos quais o egoísmo tem imperado em nossa sociedade (2Tm 3.1). Precisamos demonstrar ao mundo o amor de Deus mediante as nossas ações enquanto ainda temos tempo, pois sabemos que, em breve, Jesus virá. Que não venhamos a agir como o sacerdote e o levita da parábola do Bom Samaritano, mas que sejamos como aquele que acolhe e ajuda ao ferido (Lc 10.25-37). [Comentário: O Evangelho de Cristo produz em cada crente um comportamento digno e santo diante de Deus e do mundo (Fp 1.27). No texto de Fp 1.27 destaco a palavra, “portai-vos”, que descreve a vida de uma pessoa como cidadão. A cidade de Filipos prezava por sua cidadania romana, mas Paulo relembra seus leitores de que a conduta mais importante é portar-se de modo adequando aos cidadãos do Reino de Deus. “Farinha pouca, meu pirão primeiro” tem sido a tônica na sociedade e também na igreja. Depois de dar primazia a Cristo no capítulo 1 de Filipenses, Paulo revela que o outro deve vir antes do eu. O amor não é egocentralizado, mas outrocentralizado. O segredo da unidade é sempre pôr o interesse dos outros na frente do nosso. No capítulo 2, Paulo cita quatro exemplos daqueles que pensam no outro antes de pensar no eu: Cristo, ele próprio, Timóteo e Epafrodito. O orgulho é competitivo por natureza e tenta elevar uma pessoa acima das outras, promovendo conflitos em lugar de harmonia. Já a humildade aceita um lugar de serviço, preocupando-se com necessidades e interesses dos outros. O amor é essencial à humildade (1.9; 1Co 13.4,5).]
3. Ajudando os irmãos. Paulo ensinou aos gálatas a fazerem o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé (Gl 6.10). Quantos irmãos, em nossas igrejas, estão carecendo de uma ajuda financeira, de uma oração ou de uma palavra de consolo. Mas, às vezes, nos tornamos indiferentes à dor do outro e nos esquecemos de ajudar aqueles que estão perto de nós. Não espere que seu irmão peça a sua ajuda se você sabe que ele está enfrentando alguma dificuldade e pode ajudá-lo, ajude-o. Também não espere receber recompensa: faça por amor e bondade. A recompensa virá do Senhor quando então recebemos os nossos galardões (Mt 10.41,42). [Comentário: A epístola aos Gálatas chega ao ultimo capitulo expondo o princípio da sementeira e colheita, traduzi­do na máxima popular: "Aqui se faz, aqui se paga". "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; por­que com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo" (Lc 6.38). No verso 9 Paulo nos incentiva e nos estimula a fazer o bem. O assunto diz respeito a todos os aspectos da vida, como a ajuda aos necessitados, a hospitalidade, a assistência aos pre­sos e maltratados (leia Hb 13.1-3) — o serviço social. Essa prática do bem deve ser ministrada a qualquer pessoa sem distinção de raça, cor, religião, "mas principalmente aos domésticos da fé" (v.10). Vivendo dessa forma, Deus abençoa, tanto no sentido espiritual como no material aos que ajudam os necessitados. Ele aumenta os bens materiais para que também melhorem as condições para ajudar aos necessitados. Quem dá ao pobre empresta a Deus (Pv 19.17). Quem ajuda ao necessitado Deus o abençoa (2 Co 9.8-12). Temos a promessa de Deus de uma boa colheita — salário abençoado. Por isso que Jesus disse que é melhor dar do que receber (At 20.35). Jesus assegurou que quem ajuda ao necessitado de maneira nenhuma perderá o seu galardão (Mt 10.42). A Bíblia diz que o "que retém o trigo, o povo o amaldiçoa" (Pv 11.26), sempre lembrando que as boas obras é fruto dos que são salvos.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A história do bom samaritano ensina ao doutor da lei que o seu próximo é qualquer um que ele encontrar que tenha uma necessidade. Jesus encerra a história com a pergunta: ‘Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?’. O doutor da lei sabe a resposta, mas ele não pode deixar de falar a menosprezada palavra ‘samaritano’ e ainda querer escolher seu próximo. Por isso ele só se refere a ele como ‘O que usou de misericórdia para com ele’ (v.37).
A resposta do doutor da lei está correta, porque o samaritano é aquele que agiu com o próximo. Mostrando compaixão, ele se alinhou com o amor a Deus e ao próximo. Ao contrário do sacerdote ou do levita, ele se submeteu ao mandamento de amor que resume toda a lei. Semelhantemente, Jesus quer que o doutor da lei responda a Deus e ao próximo de maneira própria de criança. Ele lhe fala: ‘Vai e faze da mesma maneira’. O doutor da lei também pode cumprir a ordem de amar a Deus e ao próximo satisfazendo as necessidades dos outros a despeito de raça, cor ou sexo” (Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Volume 1. 4ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.91).

CONCLUSÃO

Que possamos demonstrar ao mundo e aos nossos irmãos a bondade de Deus que um dia foi derramada em nossos corações. Que jamais venhamos aceitar qualquer forma de homicídio, pois somos novas criaturas e sabemos que Deus abomina tal prática. [Comentário: Temos o dever de demonstrar ao mundo a bondade de Deus pelo menos por quatro razões:
1) posição em Cristo e a responsabilidade nessa relação;
2) recursos de conforto e encorajamento, por causa do amor de Cristo;
3) a recompensada comunhão dentro do Corpo de Cristo; e
4) a oportunidade de se compadecer.
Aos Filipenses, Paulo demonstra a importância dos relacionamentos que deve haver entre os irmãos, trazendo a visão dos efeitos que esta união vital dos membros traz à Igreja. A verdadeira essência da unidade do Espírito consiste em viver de modo digno (Ef 4.1-3), permanecendo firme num só espírito e propósito (Ef 4.3), combatendo lado a lado como guerreiros pela propagação e defesa do evangelho, segundo a revelação apostólica (v. 17; cf. Ef 4.13-15) e defendendo juntamente a verdade do evangelho contra aqueles que são "inimigos da cruz de Cristo" (3.18). E ainda, nunca devemos perder de vista que a vida cristã deve ser uma vida generosa, cheia de liberalidade. A fé cristã está fundamentada nos dois princípios do grande mandamento: "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mc 12.30,31).] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br