SUBSÍDIO I
José era o décimo primeiro filho
de Jacó, e primeiro filho da mulher a qual seu pai mais amava: Raquel.
Conhecendo o contexto da família em que José nasceu não é difícil compreender o
porquê de o futuro maioral do Egito enfrentar tantas crises familiares. Além
das crises internacionais, quando José era o maioral do Egito, ou antes, de
chegar a ser uma autoridade respeitada na terra do rio Nilo, a crise doméstica
do filho amado por Jacó revelava muito do seu caráter. Com José aprendemos que
antes de Deus nos levar a enfrentar crises complexas, Ele nos instrui com as
pequenas lutas familiares. No seio da família somos forjados para a luta e o
encontro com a vida.
A irmã de Raquel, Leia, já havia
dado seis filhos e uma filha para Jacó. A relação entre Raquel e Leia era muito
difícil, pois enquanto a irmã mais velha havia dado sete filhos a Jacó, Raquel
era estéril e, consequentemente, não havia dado nenhum filho para seu amado
marido. Não dar à luz na época dos patriarcas era motivo de vergonha e de
humilhação. Certamente, a partir de cada encontro entre Raquel e Leia a
dor de não ser mãe desaguava na mente e coração da amada de Jacó. Embora o
tempo seja outro, qualquer mulher sente a dor incomensurável de quando deseja
ser mãe e não consegue. A dor de Raquel é a dor de muitas mulheres do século
XXI!
O contexto de desentendimento e
de dor entre Leia e Raquel alimentou o ódio dos filhos de Leia para com José, o
filho de Raquel. O ódio regado dentro da própria casa quase foi finalizado com
uma tragédia. Esta, porém, foi impedida pelo primogênito de Jacó, Rúben.
Entretanto, a sua atitude de poupar José não foi suficiente para impedir seus
irmãos de vendê-lo para uma caravana de compradores de escravos. A marca da
trajetória do filho amado de Jacó é que mesmo em meio a tanto desprezo e
desconsideração, José não permitiu que o seu coração fosse devorado pelo ódio.
Humanamente, seria justo José devolver na mesma moeda quando teve a primeira
oportunidade de fazê-lo. Mas não o fez. Preferiu compreender que tudo o que
ocorreu era o Deus de seus pais preparando o caminho para conservar a sua
família num contexto de fome e miséria mundial.
A vida de José nos ensina que
devemos guardar o nosso coração do ódio, da vingança e da ação maligna. Saber
gerenciar as crises com o olhar e a sabedoria de Deus é o nosso grande desafio
hoje. Sob os cuidados e a orientação do mestre divino isso é possível!
Fonte: Revista Ensinador
Cristão, Ano 17 - nº 68 – out./nov./dez. de 2016.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Prosseguindo os estudos sobre a provisão divina, na
aula de hoje nos voltaremos para a história de José. A vida desse temente servo
de Deus tem muito a nos ensinar a respeito da provisão divina diante das
injustiças. Inicialmente destacaremos a vida de José, nos momentos que ainda
habitava em Hebrom, com seus irmãos invejosos. Em seguida, veremos que Deus é
Aquele que dá provisão, justamente porque esse é o significado do nome “José”
em hebraico. Ao final, aprenderemos a não perder a confiança em Deus, em um
mundo dominado pela injustiça.
1. JOSÉ, O
FILHO PREDILETO
Não existem famílias perfeitas na Bíblia, sobretudo
quando consideramos o Antigo Testamento. A família de Jacó, muito embora fosse
abençoada por Deus, enfrentou vários problemas. Alguns desses também são comuns
nas famílias cristãs, dentre eles destacamos a inveja, o ódio e a predileção.
Ao que tudo indica, José era um filho exemplar, e dedicado aos interesses do
seu pai (Gn. 37.1-4). Por causa disso seu pai demonstrava certa predileção, em
relação aos demais filhos, principalmente porque José era filho da velhice, com
sua amada esposa Raquel. O favoritismo sempre traz problemas para as famílias,
o próprio Jacó conviveu com essa experiência (Gn. 25.28; 29.30). Uma
demonstração dessa preferência de Jacó por seu filho José é concretizada no
presente de uma “túnica talar”, de várias cores (Gn. 37.3). Alguns estudiosos
interpretam que talvez essa tivesse um significado em termos de herança. Esse
teria sido o principal motivo da inveja dos irmãos de José. Acrescido a isso,
Deus deu ao jovem vários sonhos, que revelavam sua atuação futura, diante da
família. Os irmãos de José ficaram tomados pelo ódio, que é um sentimento
destruidor, pois excita contendas (Pv. 10.12), e conduz as pessoas para as
trevas (I Jo. 2.9). Talvez tenha faltado sabedoria a José, ao revelar os sonhos
aos seus irmãos. Nem sempre devemos dizer aos outros tudo o que sonhamos, e nem
todos os sonhos podem ser tomados por revelação. Há sonhos que são induzidos
pela própria pessoa, produto de perturbações inconscientes, ou mesmo
influenciados por Satanás (Jr 23.25-28). Aqueles sonhos incitaram o ódio dos
irmãos de José, que associado a inveja, foi uma combinação mortal, que
resultou, inicialmente, na tentativa de matá-lo, e posteriormente, acabaram por
venderem-no como escravo.
2. JOSÉ E O
DEUS QUE FAZ PROSPERAR
José foi comprado pelos mercadores, e levado para o
Egito, sendo vendido a Potifar, um dos oficiais de Faraó. Aquele jovem era a
manifestação da prosperidade divina, inclusive para aquele oficial. Está
escrito que “o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José (Gn. 39.5).
Mas nem tudo seria fácil, a esposa de Potifar se interessou por José, pois
esse, além de temente a Deus, também era formoso. Ela passou a tratar o jovem
como um objeto do seu desejo, querendo abusar dele. Mas José fugiu da tentação,
por algumas razões: a mulher era esposa do seu senhor, que confiava bastante
nele, e o mais importante, aquela traição seria contra o próprio Deus (Gn.
39.9). José deixou o exemplo a respeito do qual Paulo instruiu a Timóteo, o
jovem pastor de Éfeso: Foge das paixões da mocidade” (II Tm. 2.22). A
temperança é uma das virtudes do fruto do Espírito (Gl. 5.22), e uma
demonstração de caráter, pois “como cidade derribada, que não tem muros, assim
é o homem que não tem domínio próprio”. José foi vítima de injustiça, ao ser
caluniado pela esposa de Potifar, e por causa disso foi preso injustamente. Ele
teria motivos para se desesperar, principalmente durante o período em foi
esquecido na prisão. Não podemos esquecer que é por meio da fé e da paciência
que herdamos as promessas de Deus (Hb. 6.12; 10.36). Durante o período em que
esteve cativo, José estava sendo preparado por Deus para ter grandes
revelações, que demonstrariam a provisão do Senhor, não apenas para ele e sua
família, mas também para todo o Egito. Depois de interpretar os sonhos do
padeiro e do copeiro, iria mostrar o significado do sonho de Faraó, sendo, por
causa disso, chamado a ocupar o posto de governador do Egito.
3. JOSÉ,
VENCENDO AS INJUSTIÇAS
Como José, também podemos ser injustiçados, mas
precisamos aprender a confiar, e esperar em Deus. Até mesmo depois de se
revelar a seus irmãos, e depois ao seu pai Jacó, José não demonstrou
ressentimento, pois sabia que tudo havia acontecido para bem (Gn. 50.20). Um
dos filhos de José se chamou Manassés que quer dizer “esquecimento”, isso
mostra como esse homem de Deus decidiu reagir em relação as injustiças dos seus
irmãos. Seu outro filho se chamou Efraim, que significa aquele que é duplamente
próspero. É importante que aprendamos a passar pelas injustiças deixando as
mágoas para trás. De vez em quando é preciso fazer uma avaliação de
consciência, e nos despir da nossa arrogância, inclusive das prerrogativas
humanas. Para tanto, devemos nos revestir de uma nova atitude de fé e de amor,
mesmo diante das contrariedades (Ef. 4.20-32; Cl. 3.1-17). Somente assim as
feridas dos relacionamentos podem ser saradas, as famílias que foram quebradas
pelo ódio e inveja precisam fazer concessões e depender da orientação divina.
José sabia o propósito do seu chamado, a função da preservação da sua vida. Ele
não se envaideceu em nenhum momento, não utilizou sua função pública para se
vingar, sabia que a prosperidade vinha de Deus, e com o propósito bem definido.
Precisamos aprender a viver nesse mundo tão injusto, e marcado por
relacionamentos interesseiros. A graça de Deus, demonstrada através do perdão,
deve prevalecer na vida das pessoas. Se continuarmos plantando injustiças, e
revidando na mesma moeda, terminaremos ainda mais feridos.
CONCLUSÃO
A vida de José é uma demonstração do que Deus pode
fazer para as pessoas que confiam nele. Esse homem de Deus se tornou próspero,
a fim de mostrar que tudo coopera para o bem daqueles que são chamados segundo
os desígnios de Deus (Rm. 8.28). Até mesmo as injustiças humanas podem fazer
parte de um plano maior, que haverá de ser revelado quando Deus descortinar
suas verdades espirituais (Jó. 42.3).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
Nenhum comentário:
Postar um comentário