SUBSÍDIO I
Cosmovisão
missionária
Se há uma característica que podemos confirmar na
carta do apóstolo Paulo aos Romanos é o sentimento missionário do apóstolo.
Paulo era um homem de coração voltado para as missões. O Espírito Santo usou a
instrumentalidade de Paulo para o Evangelho atingir a civilização ocidental.
Por isso, podemos notar características muito profundas na visão missionária de
Paulo.
A visão
missionária de Paulo
O capítulo 15 de Romanos mostra a primeira
predisposição de o apóstolo anunciar o Evangelho a quem nunca ouviu falar sobre
ele. Neste sentido, veja a fala do apóstolo: “E desta maneira me esforcei por
anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar
sobre fundamento alheio” (v.20). A partir deste texto, uma característica
essencial que brota naturalmente de Paulo é a sua forma honesta de fazer
Missões em que ele jamais anunciaria Cristo onde Ele já fora anunciado. Imagine
o impacto que essa visão paulina traria em nossa prática missionária nos tempos
modernos!
A visão missionária que esteja voltada para as
pessoas é a mais fiel em relação ao Evangelho, pois ela não está voltada para
um projeto de extensão de instituições religiosas, mas simplesmente em alcançar
corações e mentes que ainda não conhecem a Deus e a justiça do seu Reino.
Outra característica que encontramos na visão
missionária de Paulo é a esperança. Note o versículo 24: “Quando partir para a
Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para
lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia”.
De acordo com alguns estudiosos, é problemática a questão se o apóstolo Paulo
chegou ou não à Espanha. Entretanto, a Epístola de Clemente à Igreja de Corinto
e o fragmento muratoriano (uma cópia da lista mais antiga que se tem dos livros
do Novo Testamento) são considerados argumentos fortes em relação à ida do
apóstolo à Espanha. Apesar do tempo, dos obstáculos do ministério e de tantas
outras questões que afligiam o apóstolo, ele não deixou de ter esperança e
novos planos. Mas antes, ele planejara ir à Jerusalém para ministrar aos santos
(v.25).
Predisposição para anunciar Cristo onde Ele não
fora anunciado e esperança renovada na missão de Deus são características que
brotam naturalmente da leitura da epístola paulina: “Assim que, concluído isto,
e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha”
(v.28).
Fonte: Revista Ensinador
Cristão, Ano 17 - nº 66 – abr/mai/jun de 2016.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A igreja que é Cristã tem responsabilidade
missionária, sua atuação precípua é levar o evangelho de Jesus até os confins
da terra. Na aula de hoje estudaremos a respeito da visão missionária de Paulo,
bem como seu planejamento para execução da obra, e a atuação missionária.
Inicialmente destacaremos que a obra missionária parte de Deus. Em seguida,
essa precisa ser feita de acordo com a orientação dEle, e por fim, a igreja
deve se envolver em missão, caso contrário, comprometerá sua condição de
igreja.
1. A COSMOVISÃO
MISSIONÁRIA
A sociedade contemporânea, sob a égide do
politicamente correto, e da tolerância religiosa, tem se oposto à
evangelização. Mas essa cosmovisão está equivocada, primeiramente porque todas
as pessoas buscam defender seus princípios, mesmo que esses não sejam
religiosos. Mesmo nas academias os pesquisadores buscam convencer e recrutar
adeptos para seus paradigmas científicos. No tocante à fé cristã, a
evangelização e a obra missionária, é um mandamento do próprio Cristo, que comissionou
sua igreja para fazer discípulos (Mt. 28.19,20), em todas as etnias (Mc.
15.15,16), pregando a mensagem da morte e ressurreição de Cristo (Lc. 24.5,6),
sob a autoridade de Jesus (Jo. 20.21), no poder do Espírito (At. 1.8). Paulo
foi um dos primeiros, e um dos mais atuantes, missionário da igreja cristã. Ele
foi chamado por Cristo para essa missão e a cumpriu cabalmente (At. 9), levando
o evangelho até os confins da terra, através de três viagens missionárias.
Conforme ele mesmo informa aos Romanos, Deus lhe deu a oportunidade de levar o
evangelho desde Jerusalém até ao Ilírico. Como um missionário desbravador, não
tinha a pretensão de levar o evangelho a lugares em que outros já tinham
pregado (Rm. 15.20,21). O missionário verdadeiramente chamado por Deus não
entra nesse sistema de competitividade eclesiástica, antes se preocupa com a
salvação das almas. Uma igreja que busca investir no reino de Deus não enfoca
os lucros que irá obter através da pregação. Onde estiver uma alma necessitada
de salvação, ali deverá está um missionário amoroso que se sacrifica por
Cristo.
2. O
PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO
Para faz fazer, e ser missões a contento, a Igreja
precisa planejar suas atividades. Paulo, como exemplo de dedicação a essa obra,
estabeleceu bases em pontos de apoio. Para esse fim, Roma, por se tratar de uma
metrópole, deveria se tornar uma base de apoio. A intenção do Apóstolo era ir a
Roma: “quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de
passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter
gozado um pouco da vossa companhia”. Isso demonstra também que o missionário
precisa de apoio financeiro, pois não se pode fazer missões são contribuições.
As igrejas que enviam missionário devem avaliar as condições, sobretudo porque
são responsáveis pelas famílias que enviam. Por outro lado, os missionários
enviando devem compreender que essa é uma obra desafiadora. Paulo foi um
missionário experiente, e principalmente, não buscava glória própria, antes o
crescimento do reino de Deus. Ele pretendia prosseguir com a obra missionária,
mas antes deveria concluir a que havia iniciado (Rm. 15.26). Outra necessidade
missionária é a de fazer intercâmbios, as igrejas devem se ajudar,
principalmente diante dos trabalhos mais desafiadores. Paulo também dependeu de
cobertura espiritual, ele pediu para que a igreja intercedesse por ele: “E
rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que
combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Rm. 15.30). Não podemos
deixar de orar pela obra missionária, principalmente por aqueles obreiros que
se encontram em zona de conflito, e que estão pondo suas vidas em risco pelo
evangelho. Sempre que possível devemos nos identificar com suas adversidades, e
servir de refrigério para eles. A visita ao campo missionário, o envio de uma
mensagem, pode ter muito significado para aqueles que estão distantes.
3. A ATUAÇÃO
MISSIONÁRIA
Ao longo da sua vida, Paulo fez três viagens
missionárias, e uma quarta, já preso, quando foi conduzido a Roma. A
primeira viagem missionária de Paulo está registrada em Atos 13.1 a 14.28. Essa
foi uma missão para os gentios e o Apóstolo partiu de Antioquia. Do Porto da
Selêucia, Ele seguiu juntamente com seus companheiros. Ao retornar para
Antioquia, Paulo passa, então, a ser como o Apóstolo do evangelho da
incircuncisão (At. 15.22-26; Gl. 2.7). Durante essa viagem missionária Paulo
escreveu a Epístola aos Gálatas. A segunda viagem missionária de Paulo se
encontra registra em At. 15.36 s 18.22. Essa pretendia ser uma viagem para
visitar as cidades nas quais o evangelho de Cristo havia sido pregado (At.
15.36). Após uma rápida visita a Éfeso, Paulo seguiu viagem, prometendo
retornar se essa fosse à vontade do Senhor, e logo retornou para Antioquia (At.
18.19-21). Durante essa segunda viagem missionária Paulo escreveu duas cartas:
I e II Epístolas aos Tessalonicenses. A terceira viagem missionária de Paulo se
encontra registrada em At. 18.23 a 21.14. O Apóstolo segue mais uma vez em
direção a região da Galácia e da Frigia. Em seguida, segue rumo a Ásia, para
sua principal cidade, Éfeso. Enquanto era recebido por Tiago e os anciãos da
igreja, alguns judeus da Ásia, que estavam presentes em Jerusalém, para
celebrar a Festa de Pentecoste, acusaram Paulo de profanar a área do templo
(At. 21.27-36), o que resultou em sua prisão pelo capitão romano da cidade.
Nessa viagem missionária, além da Epístola aos Romanos, Paulo escreveu I e II
Coríntios.
CONCLUSÃO
A igreja deve assumir a responsabilidade de fazer,
e, sobretudo, de ser missão. Uma igreja que não se envolve em levar o evangelho
está fugindo do seu chamado. O desafio da evangelização é o de propagar a
mensagem, simultaneamente, em Judeia, Samaria e até aos confins da terra (At.
1.8). Em se tratando especificamente de Roma, Paulo sabia que aquela cidade
serviria de base missionária, a fim de que esse objetivo fosse alcançado.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Paulo
já estava chegando ao final da epístola à igreja de Roma. Um dos últimos
assuntos tratados por ele havia sido acerca da tolerância que os crentes
maduros devem demonstrar para com os imaturos. A solução do problema estava em
saber equilibrar a liberdade com o amor cristão. Agora, o apóstolo deseja expor
o que estava em seu coração - o desejo de levar o evangelho da graça de Deus a
terras ainda não alcançadas. Os crentes de Roma, membros de uma igreja que fez
o mundo inteiro ouvir os ecos de sua fé (Rm 1.8), deveriam apoiá-lo nesse
empreendimento missionário. Todavia, para que seu intento fosse alcançado, ele
sente a necessidade de explicar com maiores detalhes o seu projeto missionário.
É o que vamos estudar nesta lição. [Comentário: Inicialmente, esclarece-se que aquilo que cada pessoa é, o
que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em
nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã. Missões,
proveniente do latim (missio) Transmissão consciente e planejada das Boas Novas
do evangelho de Cristo além das fronteiras nacionais e culturais. Suzana Wesley
mãe do grande pregador e fundador do metodismo John Wesley, disse “se eu
tivesse vinte filhos, regozijar-me-ia em consagrar todos eles a obra
missionária, ainda que fosse com a certeza de nunca voltar a vê-los”. Vimos na
lição anterior que a discussão a respeito da liberdade e da responsabilidade
cristã vem do capítulo 14 e vai até o 15.13. Agora, já finalizando a carta, em
vários aspectos, o final é similar à sua abertura (1.8-15), contendo elogia a
fé deles (1.8); defesa de seu apostolado com o evangelho para os gentios
(1.13,14); afirmação do desejo de visitar os crentes em Roma (1.10,13);
salienta seu desejo de que eles o ajudem a prosseguir para regiões ainda não
evangelizadas (Espanha, em 1.13). Podemos ver ainda, uma pista da tensão entre
crentes judeus e crentes gentios na igreja romana, mencionada ou implícita
através de toda a carta, mas especialmente nos capítulos 9 a 11 e do 14.1 ao
15.13. Os planos de viagem de Paulo para esse propósito devem levá-lo a passar
em Roma (vv.22-33), e o texto áureo nos informa da estratégia missionária
consistente de Paulo (1Co 3.10; 2Co 10.15-16). Ele queria alcançar os pagãos
que nunca tinham tido a chance de ouvir e receber o evangelho. Normalmente ele
escolhia cidades grandes do Império Romano, aquelas estrategicamente localizadas.
Uma igreja que fosse estabelecida ali poderia evangelizar e discipular as áreas
ao redor. Ele convida assim, os romanos, a investirem na obra missionária.]
I. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO MISSIONÁRIA (Rm
15.14-21)
1.
O propósito da missão. O que o apóstolo tinha em mente quando
reservou esse espaço em sua Epístola para tratar a respeito do seu projeto
missionário? Paulo desejava que os crentes romanos compartilhassem do propósito
da sua chamada - a conversão do mundo gentílico ao Evangelho (Rm 15.16).
Algumas observações são importantes para ajudar no entendimento das palavras do
apóstolo. Primeiramente, Paulo quer que a igreja o veja como alguém que estava
prestando um serviço de grande relevância diante de Deus. Este é o sentido do
termo grego leitougeo (ministro), usado por ele aqui. Em segundo lugar,
Paulo desejava também que os crentes tivessem consciência de que esse serviço é
um sacrifício do qual Deus se agrada. Esse é o sentido do termo grego ierourgounta
(servir como sacerdote), usado para se referir às cerimônias do sacrifício
levítico. Paulo era um sacerdote de Deus a serviço da obra missionária e
desejava que os crentes se unissem a ele. [Comentário: Os versículos 16 e 17
contêm diversos termos e frases sacerdotais. “Ministrar” é referente ao serviço
sacerdotal, no v. 27. Refere-se ao serviço de Cristo, em Hb 8.2. Paulo via a Si
mesmo como um sacerdote (Fp 2.17), oferecendo os gentios a Deus, o que era
tarefa para Israel (Ex 19.5-6; Is 66.20). A Igreja recebeu essa designação
evangelística (Mt 28.18-20; Lc 24.47). Ela é chamada por expressões que no VT
se aplicavam ao sacerdócio (1 Pe 2.5,9; Ap 1.6). Paulo vê a pregação
do Evangelho como o meio mediante o qual os gentios seriam conduzidos a Deus
como uma oferenda agradável de ação de graça (v. 12.1). O Dr Russell Shedd diz que “o mundo inteiro está debaixo da esfera do
interesse de Deus”.]
2. O agente da missão. O apóstolo
diz que o seu ministério de evangelismo era instrumentalizado pelo Espírito
Santo. O ministério de Paulo foi marcado pela atuação do Espírito Santo (1 Co
2.1-4). Não há movimento missionário que se sustente sem a participação efetiva
do Espírito do Senhor. É Ele que traz o poder de convencimento ao mundo perdido
e prova que Jesus Cristo continua vivo. Em palavras mais simples, as
credenciais de um ministério autêntico são dadas pelo Espírito Santo. O
Movimento Pentecostal é uma prova viva de que o Espírito Santo é a mais
poderosa força geradora de missões. [Comentário: No versículo 19 “pelo poder dos sinais e prodígios” temos
dois termos que aparecem juntos muitas vezes, no livro de Atos (14.8-10;
16.16-18, 25-26; 20.9-12; 28.89), descrevendo o poder de Deus trabalhando
através do evangelho (2Co 12.12). Eles parecem ser sinônimos. Exatamente a que
se referem – milagres ou conversão – é incerto. Paulo cogita assim, que
conforme Deus confirmava o trabalho dos doze em Jerusalém, ele também
confirmava o trabalho de Paulo entre os gentios, através de sinais visíveis.
Paulo listou as diferentes formas como o seu ministério para os gentios era
eficaz:
a) pela palavra;
b) pelos atos;
c) através de sinais;
d) com maravilhas; e
e) através do poder do Espírito.
A tarefa missionária é feita por fé. Deus ordenou
que o cristianismo fosse uma religião de fé. A obra missionária verdadeira e
bem-sucedida, portanto, pode ser feita apenas por homens de fé, que conhecem
Deus e tem aprendido a se apropriar das promessas de Deus. Disse Henrietta C.
Mears: "O maior empreendimento do mundo são as missões estrangeiras, e
aqui temos o início dessa grande obra. A idéia originou-se exatamente como
devia: numa reunião de oração" – pelo poder do Espírito Santo.]
3.
A esfera da missão. Paulo informa aos romanos que pregou o
Evangelho desde Jerusalém até ao llírico. Um mapa da época nos permite ver que
esses eram os pontos extremos do mundo alcançado por Paulo. Agora, ele
precisava ampliar a esfera do seu projeto missionário, pois não queria pregar
onde outros já tivessem pregado (Rm 15.20,21). Não queria trabalhar sobre
fundamento alheio. 0 campo era o mundo e este se encontrava branco para a
ceifa. O modelo de Paulo deve ainda ser o nosso modelo. Infelizmente, o que se
observa hoje é que muitos estão edificando sobre fundamento alheio, invadindo a
esfera de atuação de outros obreiros, coisa que Paulo jamais fez. Estão
pregando onde já existem igrejas estabelecidas, às vezes, da mesma confissão de
fé e não onde há realmente necessidade missionária. Agem movidos pelo espírito
de competitividade e não de solidariedade. [Comentário: Pela leitura do versículo 23 entendemos que Paulo acreditava
ter terminado sua tarefa de pregação no Mediterrâneo oriental. O Ilírico,
província romana, também conhecida como Dalmácia, estava localizada no lado
oriental do Mar Adriático, a nordeste da península grega (Macedônia). O livro
de Atos não tem registro de Paulo pregando lá, mas o coloca na região (20.1-2).
“Até” pode significar “até a fronteira” ou “até a região”. Crendo ter acabado
seu ministério ali, Paulo projeta agora partir para a região ocidental do
Império Romano (2Co 10.16). Existem relatos de que Paulo foi libertado do
aprisionamento em Roma depois do encerramento de Atos e realizou uma quarta
viagem missionária, chamadas por Clemente de Roma de “fronteiras do Oeste”, e,
de fato, as cartas pastorais (1ª e 2ª a Timóteo e a de Tito) foram escritas no
decorrer dessa quarta jornada (2Tm 4.10 - as traduções Vulgata e Cóptica têm
“Gália”).]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Os planos missionários
de Paulo (15.22-33)
15-22,23 - Nestes versículos
Paulo fala do seu grande desejo de ir a Roma, e diz que tem sido impedido por
circunstâncias várias. Entretanto, ele sente que suas atividades missionárias
nas regiões da Grécia, Macedônia e Ásia Menor, já foram completadas. Ele dera início
à tarefa evangelística e já podia confiar a obra a outros obreiros, a fim de
cumprir o desígnio de seu ministério apostólico.
15.24 - 'Quando parti para a
Espanha'. Está expressa aqui a visão expansionista missionária do grande
apóstolo. A Espanha agora era a sua meta, e, para tal, passaria antes por Roma.
15.25,26 - Nestes versículos Paulo diz à igreja em Roma que antes terá de ir a
Jerusalém, acompanhado por vários irmãos na fé, das igrejas gentílicas. A
viagem tinha um cunho filantrópico, pois levariam as ofertas das igrejas da
Macedônia e Acaia para os crentes que passavam privações em Jerusalém” (CABRAL,
Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005, p.146).
II. A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO (Rm
15.22-29)
1. Estabelecer bases. Um dos
princípios básicos da implantação de um projeto evangelístico é feito
primeiramente com o estabelecimento de uma base missionária, um ponto de apoio.
Paulo sabia que o seu projeto só teria sucesso se a igreja de Roma se tornasse
um ponto de apoio: “Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois
espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós,
depois de ter gozado um pouco da vossa companhia” (Rm 15.24). A expressão “seja
encaminhado por vós” traduz o termo grego propempto, que ocorre nove
vezes no Novo Testamento. Essa palavra segundo o léxico de Bauer significa
“ajudar na jornada de alguém com alimento, dinheiro, companheiros e meios de
viagens.” Não se faz missões sem esse tipo de apoio. [Comentário:Duas coisas tornavam
agora possível uma visita a Roma: a atual fase da comissão de Paulo fora
cumprida, e a nova fase que envolvia uma visita à Espanha estava iminente, e
Paulo busca a comunhão com os crentes que habitavam na cidade de Roma. “que
para lá seja encaminhado por vós” – Esta frase tornou-se uma expressão
técnica da Igreja para referir-se à ajuda a missionários itinerantes em viagem
a seu próximo destino (At 15.3; 1Co 16.6, 11; 2Co 1.16; Tt 3.13; 3 Jo 6). Roma
não estava em condições de contribuir para a ajuda à Igreja em Jerusalém, mas
podia dar apoio financeiro às viagens missionárias de Paulo em direção ao
Oeste. Carlos Del Pino (In Missões e a igreja brasileira, 1993, p. 58) comenta:
“Para tratarmos sobre esta nova base de missões, precisamos entrar no v. 24.
Aqui Paulo revela claramente seus propósitos e seus meios. Veja bem, o
propósito final de Paulo, seu objetivo real, não era apenas conhecer a igreja
de Roma. Isso ele poderia ter feito em outras circunstâncias. Seu objetivo
final era chegar à Espanha. Este objetivo reflete o esforço de Paulo (15.20) e
sua vocação (15.21), conforme já temos enfatizado. Ele pretendia chegar à
Espanha para ali continuar desenvolvendo o seu ministério; "de
passagem" por Roma (15.24), ele esperava ir à Espanha, enviado pela igreja
de Roma. Quando Paulo diz no v. 24 "para lá seja por vós
encaminhado", ele não apenas tinha em mente, mas estava claramente dizendo
as coisas necessárias para a sua viagem e subsistência lá” (1993, p. 59).]
2. Estabelecer intercâmbio. Paulo não era um calouro na obra missionária nem
tampouco um aventureiro em busca de glória humana. Sua vida foi marcada pela
entrega aos outros. Em breve ele estaria abrindo outra frente missionária, mas
antes deveria terminar outro empreendimento missionário já iniciado (Rm 15.26).
Paulo já havia estabelecido parcerias entre as igrejas. Aqui o intercâmbio é
feito entre as igrejas da Macedônia e Acaia e a igreja de Jerusalém. A
"igreja mãe" estava sendo ajudada pelas filhas. [Comentário: Na sua segunda carta aos coríntios no capítulo
10 versículo 16, Paulo diz: “a fim de anunciar o evangelho para além das vossas
fronteiras, sem com isto nos gloriarmos de coisas já realizadas em campo
alheio.” Ele procurava pregar o evangelho nos lugares onde ainda não havia um
trabalho em andamento, pois considerava o missionário como um lançador de
fundamentos, de maneira que, pregar onde já havia um trabalho, significa
edificar sobre trabalho de outrem. “O que o movia não eram arroubos de
piedade, espírito proselitista, amor ao lucro, popularidade ou qualquer outra
motivação similar. Essas motivações não teriam suportado as angústias do campo
missionário por muito tempo. Paulo estava movido por suas convicções teológicas.” http://clickteologia.blogspot.com.br/2010/02/iv-perspectiva-missionaria-de-paulo-ii.html. Paulo desvenda agora seus planos imediatos de visitar Jerusalém, levando
as dádivas que as igrejas haviam levantado para os crentes de Jerusalém, a
Igreja-Mãe, que nesta época era uma cidade empobrecida de maneira geral; Paulo
vê nesta ação social das “Igrejas-Filhas”, o exercício de um dever, de uma
obrigação da parte dos gentios, em face do privilégio de terem sido enxertados
na oliveira de Deus (11.17). Isto se conforma ao princípio geral de que aqueles
que recebem bênçãos espirituais devem repartir suas bênçãos materiais (1Co
9.3-14; Gl 6.6).]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Paulo enfatiza que as igrejas gentílicas são devedoras para
com a igreja em Jerusalém, visto que a bênção do Evangelho de Cristo partiu de
Jerusalém. Era justo que, nesses momentos de perseguições e privações aqueles
crentes judeus fossem ajudados. Conforme declara o apóstolo: 'Se os gentios
foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os
temporais' (v. 27).
Terminada a sua missão
em Jerusalém, não lhe resta outro plano, senão ir a Roma e depois à Espanha.
Paulo sabia que havia
grande perseguição contra a igreja de Jerusalém, e que seu trabalho missionário
entre os gentios ainda sofria resistência de alguns judeus. Mas ele esperava
que na sua ida a Jerusalém, juntamente com irmãos representantes das igrejas gentílicas,
levando ofertas para os santos de Jerusalém, fossem bem recebidos. Paulo sabia
que havia perigo de vida, pois os judeus mais fanáticos queriam a sua morte (v.
31). Por isso, solicita à igreja que ore por esta missão em Jerusalém. Entende
Paulo que acima de tudo está a soberana vontade de Deus (v. 32)” (CABRAL,
Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2005, p.l46).
III. A NECESSIDADE ESPIRITUAL NA OBRA MISSIONÁRIA (Rm 15.30-33)
1. A necessidade da cobertura
espiritual. O apóstolo Paulo, ao contrário de muitos que se
aventuram na obra missionária, sabia da necessidade de uma "cobertura
espiritual": "E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e
pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a
Deus" (Rm 15.30). Há duas coisas que quero destacar aqui. A primeira é que
Paulo conta com o apoio da Trindade no seu projeto missionário. Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo são invocados como suporte para sua missão. A
segunda é que Paulo via com muita seriedade a obra missionária e por isso rogou
que os crentes lutassem em oração com ele. A palavra combatais traduz o
grego synagonisasthai, que significa lutar ou contender junto com
alguém. O sentido é de uma luta espiritual na oração. [Comentário: “rogo-vos, irmãos... que combatais comigo”
(15.30). Estes são termos gregos muito fortes. O primeiro é usado também em
12.1. O segundo é usado quando é narrada a luta de Jesus no Getsêmani. É um
composto de sun (juntamente com) e agōnizomai (contender,
brigar, lutar severamente), de acordo com 1Co 9.25; Cl 1.29; 4.12; 1Tm 4.10; 6.12).
Esta convocação tão forte chama a Igreja romana para agressivamente agonizar
com Paulo em oração, a respeito da recepção da oferta dos gentios na
igreja-mãe, em Jerusalém. Paulo sentia uma profunda necessidade de oração por
si mesmo e por seu ministério evangelístico (2Co 1.11; Ef 6.18-20; Cl 4.3; 1Ts
5.25; 2Ts 3.1). Oração é pôr em ação prática a nossa crença em um Deus pessoal
e interessado, que está presente, disposto e em condições de atuar em nosso
favor e de outros; Oração de intercessão é um mistério. Deus ama aqueles por
quem oramos (muito mais do que nós os amamos!), mas ainda assim nossas orações frequentemente
provocam alguma mudança, resposta ou necessidade, não apenas em nós mesmos, mas
neles. A oração de Paulo expressa três desejos:
a) que ele seja livrado de seus inimigos em
Judá (At 20.22-23);
b) que as doações das igrejas dos gentios
sejam bem recebidas pela Igreja em Jerusalém (At 15.1; 21.17); e
c) que ele então possa visitar Roma, na viagem
para a Espanha.
Em todas as viagens que empreendeu,
Paulo defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado até
considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi despido
e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão daquela
localidade, glorificou a Deus e ganhou o carcereiro para Jesus.]
2. A necessidade do refrigério
espiritual. Missões envolvem conflito espiritual e
muitas vezes lágrimas. Todavia, missões são marcadas também por satisfação
espiritual e alegria (Sl 126.5,6). Sem dúvida o apóstolo tinha isso em mente
quando escreveu aos romanos (Rm 15.31,32). 0 termo grego synanapaufomai, observa
o biblista William Sanday, é usado por Paulo com o sentido de "que eu
possa descansar e refrigerar o meu espírito junto com vocês". Missões,
portanto, é refrigério no poder do Espírito Santo. [Comentário: A oração de Paulo finaliza com mais
dois pedidos: que ele possa voltar a eles com alegria; e que ele possa
desfrutar de um tempo de descanso com eles. Paulo necessita de um tempo de
descanso e recuperação entre crentes maduros (2Co 4.7-12; 6.3-10; 11.23-33), no
entanto, não consegue! Sentenças e audiências, mais anos de permanência na
prisão, aguardavam por ele na Palestina.]
SUBSÍDIO SOCIOLÓGICO
Professor, procure enfatizar o quanto Paulo amava a obra
missionária e se dedicou a ela. Ele procurou levar o Evangelho às áreas mais
carentes, onde as pessoas não tinham ouvido nada ou quase nada a respeito de
Cristo. Aproveite a oportunidade e fale com seus alunos a respeito da janela
10x40. Diga que nesta "janela" estão os países menos alcançados com o
Evangelho. Países onde a perseguição aos cristãos é bem grande. Ore, juntamente
com seus alunos, por estes países. Peça que Deus envie pessoas para irem como
missionários. Rogue também ao Senhor para que pessoas possam ofertar e
sustentar os que já estão no campo missionário.
CONCLUSÃO
Nessa lição, vimos uma das razões que
levou o apóstolo a visitar a igreja de Roma. Não era apenas uma visita
fortuita, mas algo planejado. O seu alvo era o estabelecimento de um ponto de
apoio para seu empreendimento missionário. Para isso, Paulo usa esse espaço de
sua Epístola para informar aos crentes em Roma das diretrizes tomadas para essa
viagem. A igreja de Roma, que não tinha Paulo como seu fundador, teria a
oportunidade de ver como trabalhava e apoiar aquele que foi, sem dúvida, o
maior missionário da história. [Comentário: Paulo não conhecia a igreja em Roma,
entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la
no caminho, assim como tê-la como uma base de apoio em sua empreitada. Ele
apresentou-se à igreja e discorreu sobre seu ministério e entendimento do
evangelho, assim como solicitou apoio financeiro e logístico para sua viagem
missionária até a Espanha. O que motivava Paulo a sair plantando igrejas,
apesar da rejeição dos seus patrícios e das implacáveis perseguições que
sofria? Sua preocupação é com a promoção do Reino de Cristo e neste objetivo,
ele gastou sua vida. Paulo, escolhido por Deus para levar a mensagem aos
gentios (At 9.15, 16), cumpre com êxito a sua tarefa. Em pouco mais de dez
anos, e em três viagens missionárias, ele estabelece a igreja em quatro
províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia (At 13.2, 14.28,
15.40, 18.23 e 21.17). Tudo aquilo que é planejado se torna mais eficaz além de
muito mais produtivo! Como servos de Deus temos que entender que servimos a um
Deus de Excelência que requer de nós o nosso melhor, além de sabermos que ele
conta conosco para a propagação do Seu Reino e expansão da Sua Obra na Terra.
Devemos, por fim, compreender que a obra missionária não é fragmentada, os que
foram enviados a terras estranhas e os que ficaram, estão profundamente
comprometidos com a evangelização de todos os seres humanos e não devem
considerar como superior o seu trabalho nem o dos demais - há uma só missão!
Não são apenas os vocacionados que vão para campos que são os verdadeiros
missionários, mas todo crente, exercendo o ministério que recebeu de Deus, é um
missionário. Paulo, por tudo o que sofreu, durante o exercício do seu
ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para todos nós. Basta,
agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção divina e
realizarmos a obra que o Senhor Jesus nos confiou, desde o momento em que o
aceitamos como nosso Salvador.] “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco
Barbosa
Disponível
no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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