SUBSÍDIO I
Deveres
civis, morais e espirituais
O capítulo 13 de Romanos entra
numa questão cara a todos os seres humanos. A história da humanidade pode ser
contada a partir das sucessivas tentativas de derrubadas e soerguimentos de
governos humanos. Ora, o Antigo Testamento mostra com clareza as derrubadas de
impérios e reinos, e o levantamento de outros reinos no lugar daqueles
abatidos. A história da humanidade também é uma história da busca e de conquista
do poder.
Na época do apóstolo Paulo, o
sistema de governo vigente no mundo era a Monarquia Absolutista. O poder era
centralizado na pessoa do imperador de Roma. Quando o apóstolo se refere sobre
a devida obediência às “Autoridades superiores”, ele se referia a autoridade
civil exercida pelo governo de Roma, bem como a referência direta aos
administradores do governo romano.
Um ponto que é claro na
epístola, e no capítulo 13, é que as obrigações que incidem em nossa sujeição
às autoridades civis, mediante ao ensino apostólico, significam fazer a “boa,
agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Neste sentido, devemos obediência
ao governo civil porque, em primeiro lugar, toda autoridade provém da parte de
Deus. Neste caso, o governo e os magistrados são responsáveis para punir o
malfeitor e assegurar o bem estar das pessoas de bem (Rm 13.2-5). Outro ponto:
a obediência à autoridade não pode ser apenas pelo medo de ser punido, mas pela
consciência de que é uma instituição divina (13.5).
Entretanto, quando lemos a carta
de Paulo aos Romanos, mais especificamente o trecho sobre as autoridades civis,
nós devemos levar em conta algumas questões importantes:
1. O sistema de governo de Roma
na época de Paulo não é o mesmo do atual;
2. Diferentemente da Monarquia Absolutista, hoje a maioria das nações tem o sistema de governo sob a perspectiva de leis, segundo o advento das Constituições.
2. Diferentemente da Monarquia Absolutista, hoje a maioria das nações tem o sistema de governo sob a perspectiva de leis, segundo o advento das Constituições.
3. No regime das Constituições o
chefe do Estado, apesar de ser uma autoridade com poderes previstos na
Constituição, não é um déspota, mas o servidor da nação com limites muito
claros e delimitados segundo o sistema constitucional.
4. Se a autoridade for
responsável por crime de responsabilidade ou atentar contra a probidade
administrativa, a Constituição prevê caminhos para a destituição dessa
autoridade.
Portanto, hoje o que caracteriza
a desobediência civil é o descumprimento da Constituição e do sistema de Leis
vigente em nossa nação.
Fonte: Revista Ensinador
Cristão, Ano 17 - nº 66 – abr/mai/jun de 2016.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Como deve ser o relacionamento do cristão ou da
igreja com o Estado? Essa não é uma pergunta fácil de responder. Certos
cristãos acham que devemos ser totalmente subordinados ao Estado, enquanto
outros acreditam que devemos nos opor a ele. Diante desses extremos, resta-nos
saber o que a Bíblia realmente tem a dizer a esse respeito e como esses
ensinamentos devem ser avaliados à luz do contexto democrático no qual estamos
inseridos. Na segunda parte deste estudo, nos voltaremos para os deveres morais
e espirituais dos cristãos, sobretudo na prática do amor, e o uso apropriado do
tempo.
1. A RELAÇÃO
DO CRISTÃO DE DEUS
Com base em Cavalcanti (2002), a análise de Rm. 13
nos permite chegar as seguintes conclusões: 1) não há autoridade que não venha
de Deus (1b); 2) as autoridades que existem foram por Ele estabelecidas (1c); e
3) consequentemente, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando
contra o que Deus institui (2a). É preciso, porém, destacar que essa não é a
única passagem da Bíblia que trata dessa questão. Seria interessante, por
exemplo, comparar Rm. 13 com Ap. 13 a fim de entender que, cada situação deve
ser analisada em seu contexto. Nos tempos de Paulo (Rm 13), o Estado se
mantinha como servo de Deus, detentor da autoridade divina, mas trinta anos
depois, João (Ap. 13) testemunha outro contexto, em que o Estado não mais é
visto como servo de Deus. De forma bastante conclusiva a esse respeito, pode-se
dizer que o evangelho tanto é inimigo da tirania quanto o é da anarquia. A
respeito dessa passagem, destacamos ainda que: 1) Romanos 13 não é a única
passagem que trata da relação do cristão com o Estado; 2) essa questão precisa
ser entendida à luz de todo o capítulo, que o vê dentro da comunidade cristã;
3) os cristãos devem avaliar, inicialmente, o tipo de Estado que têm, sendo
assim, é preciso reconhecer quando o Estado é bom (como em Rm. 13) ou mal (como
em Ap. 13); 4) o cristão que aceita sua sujeição (não obediência irrestrita) ao
governo deve saber que ele retém sua independência em relação aos julgamentos
morais; por isso; 5) o que Paulo exige, a esse respeito, é subordinação (gr.
hupotasso), não obediência, pois o verbo grego faz distinção entre os dois.
Somente para ilustrar, o cristão que se recusa a adorar César, mas permite que
César o condene à morte, estão sendo subordinados, mesmo que não o obedeçam.
Sobre I Pedro 2.13-17, justificamos que tanto em Rm. 13, quanto nessa passagem,
o objetivo não é, necessariamente, discutir a natureza do Estado, mas as
relações dos cristãos com os poderes públicos. Por isso, nenhuma doutrina ou
prática cristã deve ser tirada isoladamente deles, os quais devem ser
entendidos no contexto político do Império Romano e à luz de outros textos
bíblicos que também se referem ao assunto, em particular, aos escritos de João,
posterior a Rm. 13 e I Pe. 2.13-17. Consideremos, então, que se faz necessário
que 1) devemos pagar impostos, pois disse Jesus: “Dai pois a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus”; e 2) orar por todos os homens, com súplicas e
ações de graça, inclusive, “Pelos reis, e por todos os que estão em eminência,
para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”
(I Tm. 2.2). Atentemos ainda que o posicionamento de Paulo e Pedro, diante do
Sinédrio, como vemos nos capítulo de Atos do Apóstolos, não ensinam que devemos
obedecer sempre as autoridades. Isso quer dizer que existe limites para a
obediência ao Estado, principalmente, quando a posição do Estado for contrária
à vontade de Deus. Quando isso acontecer, disse Pedro em At. 5.29: “importa
obedecer a Deus do que aos homens”.
2. O CRISTÃO
E O ESTADO NO OCIDENTE
No ocidente, vivemos em um Estado influenciado pela
democracia, onde se afirma que o primado da lei emana do povo. Por essa razão,
é bom lembrar que: 1) autoridade inclui os ramos Executivo, Legislativo e
Judiciário do poder político. Autoridade não é só o presidente da República e
seus ministros, mas os magistrados dos Tribunais Superiores, os senadores e
deputados; 2) autoridade inclui, em uma federação, tanto os órgãos (e seus
ocupantes) da União Federal, como os dos Estados e município (governadores, secretários,
deputados estaduais, desembargadores, prefeitos, vereadores, juízes, etc.); 3)
governo é o conjunto desses órgãos, de seus ocupantes, com suas diretrizes. A
competência e as atribuições desses órgãos são delimitadas pela Constituição
Federal, pelas Constituições Estaduais e outras Leis Ordinárias e
Complementares. Governantes e governados, os quais devem obediência à lei, que
assegura os direitos dos cidadãos, os quais devem obediência à lei, e não aos
governantes, quanto eles a infringem. O mesmo se diga de um ramo do poder em
relação ao outro; 4) por ser a democracia intrinsecamente pluripartidária, os
partidos de oposição e situação legalmente constituídos integram o governo, ou
seja, fazer oposição é parte da tarefa governativa. Fazer oposição não é
insubmissão contra o Estado, mas discordância dos que eventualmente ocupam a
direção da coisa pública. Um deputado de oposição é uma autoridade que discorde
de outra autoridade: o presidente da República, por exemplo. Garantindo a
democracia a alternativa partidária, a oposição de ontem, como aconteceu no
Brasil, é o governo de hoje; e 5) quando algo errado for transformado em
lei em uma democracia, o cristão poderá tomar duas atitudes: a) desobedecer
caso a lei atinja o ministério cristão ou a vida humana (campos de
concentração, genocídio, etc.); b) obedecer, protestando e lutando, pelos
canais legais, para que a lei seja revogada ou alterada, quando estiver
relacionada a valores do reino (liberdade, justiça e paz). Seguindo a máxima de
Jesus, em Mt. 22.21: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus”, o cristão, deve, entre outras obrigações, pagar impostos se discordar,
mesmo pagando, pode lutar pela reforma tributária). Deve servir às Forças
Armadas (quando ele for um pacifista por dever de consciência, dependendo do
país, poderá prestar serviços cívicos não militares ou requerer isenção). Deve
obedecer à legislação penal, por sua coincidência com as normas da Revelação
(não matar, não furtar, etc.). E deve, no possível, obedecer à legislação civil
(família, sucessão, comercial, etc.) e às deliberações de cunho político, em
tudo, porém, mantendo-se informado, analisando, apoiando ou discordando,
participando sempre. No seu julgamento, perante Pilatos, Jesus deixou claro que
nenhum ser humano detém autoridade se não vier de Deus (Jo. 19.11). Isso
porque, na verdade, Deus é a fonte de toda autoridade, por isso, Jesus, após
sua ressuscitar disse que tinha toda a autoridade nos céus e na terra (Mt.
28.18). Como cristãos, devemos viver em prol de uma sociedade mais justa e
igualitária, e, em uma democracia, isso se torna possível através das leis.
Essa é a razão de, como cristãos, e em obediência ao que nos instrui Rm.
13.1-7, devemos buscar viver em conformidades com o que as autoridades
determinam com base nas leis. Isso, porém, não quer dizer que somos obrigados a
obedecer sempre, afinal, há momentos em que é melhor obedecer a Deus do que aos
homens. A fim de vivermos melhor, devemos orar pelas autoridades e, como
cidadãos, votar escolhendo com sabedoria nossos representantes a fim de que as
leis e execuções sejam aplicadas com vistas ao bem comum e, se principalmente,
ao reino de Deus.
3. O AMOR
CRISTÃO E O APROVEITAMENTO DO TEMPO
Nos versículos 7 e 8, Paulo nos instrui para que
não devamos nada ao próximo a não ser o amor. Isso quer dizer que não podemos
deixar de quitar nossas dívidas, tanto em relação ao Estado quanto ao próximo.
Mesmo assim, há uma dívida que jamais conseguiremos pagar, embora, não podemos
deixar de nela investir, é a dívida do amor. Pois se Deus nos amou e sacrificou
seu único filho, conforme Jo. 3.16, devemos, também “dar a vida pelos irmãos”
(I Jo. 3.16) e “se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é
perfeito o seu amor” (I Jo.4.12). A lei é cumprida através do amor, como
destaca o apóstolo, “porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (v. 8). É
preciso, porém, atentar para o fato de que o amor não é o fim da lei, mas o
“cumprimento da lei”. Por isso Jesus ensinou em Mt.22.39: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo” e em Mc. 12.31: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não
podemos ainda confundir a lei com o amor, pois a lei costuma ser tomada no
sentido negativo: ‘não faça isso’, ‘não pode aquilo’, e o amor, no sentido
positivo ‘faça isso’ e ‘faça aquilo’, sempre a favor do seu irmão. Essa é a lei
régia (real) de Tg. 2.8 e o único preceito (palavra) de Gl. 5.14. Assim, quem
ama não prejudica seu próximo, sabendo que o adultério rouba a paz da família,
a morte tira a vida das pessoas, o furto retira, das pessoas, suas
propriedades, o falso testemunho rouba o bom nome das pessoas e a cobiça priva
a sociedade dos ideais de simplicidade e contentamento. O amor, por
conseguinte, busca o bem supremo na medida em que se quer servir ao próximo. É
por isso que o amor é o cumprimento da lei. Se amarmos aos próximo como a nós
mesmos, certamente, iremos querer sempre o bem dele e nunca o seu mal. Nisso se
resume toda a ética cristã e essa será sempre nossa eterna dívida, que, embora
não consigamos jamais pagá-la totalmente, não podemos, por outro lado, deixar
de investir. O apóstolo Paulo, em suas epístolas, sempre chama a atenção para a
vigilância espiritual. Em I Ts. 5.4, por exemplo, está escrito: “Mas vós,
irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um
ladrão”. Aqui, é preciso entender que a salvação do crente se concretiza em
três tempos: 1) passado – fomos salvos da condenação do pecado (Rm.8.2; 6.6;
Tt. 3.5); 2) presente – somos salvos do poder do pecado pela santificação
através do Espírito (Gl. 5.22; Fp. 2.12); e 3) futuro – seremos salvos – quando
alcançarmos a glorificação do corpo por ocasião da vinda de Cristo (I Pe.
1.3-9; Hb.9.27,28). Cientes disso, devemos, portanto, lançar fora as obras das
trevas e vistamo-nos das armas da luz. Paulo trata a respeito disso em I Ts.
5.8 “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé
e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação” e Ef. 6.13-17:
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau
e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os
vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; E calçados os pés
na preparação do evangelho da paz; Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual
podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete
da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. Para avaliarmos
o que é melhor no cotidiano da vida cristã, Paulo instrui, em Rm. 13.14 que
devemos nos revestir de Cristo. É algo diferente do que ensina aos Gálatas, em
3.27, quando diz “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos
revestistes de Cristo”. Enquanto que o revestimento de Gl. 3.27 é algo já
consumado, através da justificação, manifestada no batismo, em Rm. 13.14, esse
revestimento se dá progressivamente, como uma espécie de proteção contra o
pecado a fim de que não fiquemos premeditando situações para dar ocasião aos
desejos desenfreados da carne. Assim, conforme está escrito em Rm. 8.13: “se
viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as
obras do corpo, vivereis”. Ao contrário do que pensam os incrédulos, o cristão
não deseja pecar porque Deus o obriga a não fazê-lo, mas porque a vida em
pecado não trás outra coisa senão morte (Rm.3.23).
CONCLUSÃO
Como cristãos, não podemos perder o foco de nossa
chamada que é agradar ao Deus que nos salvou da condenação do pecado, nos tem
santificado pelo Seu Espírito, produzindo, conosco, o fruto do Espírito, e que,
por fim, nos glorificará quando o nosso corpo corruptível se revestir da
incorruptibilidade. Enquanto isso não acontece, devemos nos revestir de Cristo,
a fim de que não mais reine, em nosso corpo mortal, o pecado, e como Paulo,
possamos dizer: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl. 2.20).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos o capítulo
13 da Epístola aos Romanos. Paulo trata neste capítulo a respeito da relação
dos crentes com as autoridades. Viver pela fé na justiça de Deus implica
obedecer às leis, as autoridades governamentais, pagar impostos e seguir as
regras e normas estabelecidas, demonstrando então que somos uma nova criatura.
A submissão do crente às autoridades revela seu amor e sua obediência às leis
de Deus. [Comentário:Depois de comentar sobre a atitude
própria do crente em relação a Deus, em relação aos irmãos na fé e em relação
aos de fora (inclusive inimigos), Paulo agora descreve como os filhos de Deus
devem relacionar-se com as autoridades governamentais. Paulo começa seu texto
dizendo que todos devem se sujeitar às autoridades governamentais. Mas o que
isso significa? O desenrolar do capítulo 13 explica esta sujeição evidenciando
seu interesse em uma obediência não ao indivíduo governante, mas à autoridade
governamental no exercício de sua função. Podemos dizer porque a linguagem
paulina está sempre relacionado à obediência às leis. O governo civil é um meio
ordenado por Deus para reger e manter a ordem nas comunidades. Soma-se a esse,o
governo de ministros na Igreja e pais no lar. Em nosso mundo decaído, essas
autoridades são instituições da “graça comum” de Deus, colocada como anteparo
contra a anarquia e contra a dissolução da sociedade ordenada. No texto áureo,
o termo “autoridade” é a tradução do grego exousia,
Strong 1849: Uma das quatro palavras para “poder” (dunamis, exousia,
ischus e kratos), exousia significa a autoridade ou o direito de
agir, habilidade, privilégio, capacidade, autoridade delegada. Exousia é o direito de usar dunamis. É importante salientar
que Paulo não sugere que Deus aprova uma autoridade corrupta, oficiais ímpios
ou legislação injusta, embora algumas vezes, em punição aos pecados de uma
pessoa ou por outros motivos conhecidos por Deus, ele permita que os governantes
maus tenham autoridade por algum tempo. Idealmente, Deus concede autoridade
para fazer boas obras (v.3-4). A maneira como essa autoridade é exercida será
responsabilidade de cada um a quem ela foi concedida.]
I. DEVERES CIVIS (Rm 13.1-7)
1. A natureza do Estado. O
apóstolo Paulo parte do princípio de que toda autoridade é constituída por
Deus. [...] “Não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há
foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1 — ACRF). A tradução Almeida Corrigida
Revisada Fiel usada aqui deixa ambíguo o sentido desse texto ao usar a palavra
potestade em vez de autoridade. O termo potestade dá uma conotação de que a
referência seja a seres espirituais. Todavia, o termo exousia (autoridade), que
ocorre 102 vezes em o Novo Testamento grego, quatro vezes neste capítulo,
possui o sentido, nesse contexto, de governantes civis. A referência, portanto,
diz respeito às autoridades civis, quer locais, quer nacionais. O princípio da
autoridade constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente tem o
dever de se submeter a ela. Esse princípio é fartamente documentado no Antigo
Testamento, onde é mostrado que nenhum governante exerce autoridade fora do
domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21; Is 45.1-7). [Comentário: Como Paulo vai desenvolver a ideia da
submissão à autoridade civil em Romanos 13.1-7? Paulo declara que esses
governantes foram designados por Deus, de modo que os que se lhes opõem estão
resistindo à ordenação de Deus. O insubmisso é definido em termos de praticar a
maldade (v. 3), não pagar os impostos (v. 7) e não temer e honrar os líderes
(v. 7), estrutura esta que se repete em outro texto Paulino e até mesmo na fala
de Pedro (Tt 3.1 e 1Pe 2.13-14), onde sujeição sempre vem antes ou em
paralelismo com obedecer às leis, não agindo como um malfeitor. Desta forma,
poderíamos reescrever a ordenança paulina, trazendo o que foi escrito aos
romanos debaixo de um império para nosso momento, sob uma democracia
representativa constitucional como “Todos devem obedecer a lei”.]
2. O propósito do Estado. A natureza espiritual de um governo civil está no
princípio da autoridade a ele delegada. O propósito da sujeição do crente à
autoridade constituída, segundo Paulo, é especificado em Romanos 13.3,4. A
razão dada é a promoção do bem e a punição do mal por parte da autoridade. Em
outras palavras, a manutenção da ordem. Sem obediência a autoridade corre-se o
risco de se cair numa anarquia. É por isso que o apóstolo diz que o governo é
ministro de Deus para a promoção do bem comum, bem como para frear o mal. A
palavra ministro, no grego, é diáconos, vocábulo que mostra o princípio divino
por trás do governo humano. São ministros a serviço de Deus, mesmo que sejam
governantes pagãos, como, por exemplo, os imperadores Ciro e Nabucodonosor (Is
45.1; Dn 4.17). O princípio bíblico em relação às autoridades é que o cristão
as respeite e as honre (Rm 13.7). A desobediência civil só se justifica no caso
de conflito entre a lei humana e a divina (At 5.29). No caso de governos que
decretam leis injustas e estados totalitários que privam o exercício da fé, o
cristão, em razão da sua consciência para com Deus, deve moldar-se pela Palavra
de Deus, para isso, estando disposto a assumir todas as consequências de seus
atos. [Comentário: Os crentes de Roma deveriam ter em
mente que os magistrados foram designados por Deus com o fim de promover o
interesse do povo sobre quem têm responsabilidade. Portanto, a fim de evitar a
ira de Deus, e também por causa da consciência daqueles a quem a carta de Paulo
foi escrita – os crentes de todas as épocas – devem submeter-se às autoridades
civis. Os que seguem o curso oposto, seria bom que se lembrassem de que estão
se opondo ao próprio Deus; além disso, o magistrado não porta sua espada sem
motivo. A autoridade do Estado visa o benefício da sociedade, essa é a sua
função normal, e Paulo pressupõe que isso pode ter lugar em termos
práticos,mesmo quando as autoridades do governo sejam reconhecidamente não
cristãos, como era o caso daquela igreja. Pelo fato de o governo civil existir
para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o uso
legal da força para aplicar as leis justas (v.14), e os crentes devem
reconhecer isso como parte da ordem de Deus (v.1-2). Entretanto, se um governo
civil proíbe aquilo que Deus exige ou exige aquilo que Deus proíbe, o crente
não deve submeter-se, assim, alguma forma de desobediência civil se torna
inevitável (At 4.18-31; 5.17.29). O compromisso maior dos cristãos é com
Cristo, o Senhor (Fp 2.11); a sua verdadeira pátria está nos céus (3.20). Isso
relativiza a importância do estado e de todas as instituições humanas.]
3. A igreja e o Estado. Paulo
mostra que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades deve-se
primeiramente por razões de obediência. Nesse caso o crente deve submeter-se ao
poder coercitivo da lei, pagando impostos e tributos. É interessante notar que
Paulo fala de dois tipos de tributos nesse capítulo, phoros e telos. O primeiro
termo é uma referência aos impostos diretos enquanto a segunda aos indiretos.
Paulo aconselhou os crentes a cumprirem seus deveres pagando seus impostos (Mt
22.21). Mas havia uma razão a mais para a submissão à autoridade — a
consciência do crente. O crente não deveria se sujeitar a autoridade
simplesmente por medo da lei, mas por uma questão de consciência diante de
Deus. [Comentário: A esfera de autoridade da Igreja
relaciona-se com o governo civil no âmbito da moralidade. Os crentes devem
exigir que os governos civis cumpram o seu papel; devem orar pelo governo
civil, obedecer-lhes e estar atentos em relação a eles lembrando-os de que foi
Deus quem os estabeleceu para governar proteger e manter a ordem. No versículo
cinco Paulo dá duas razões pelas quais os crentes devem obedecer a autoridade:
1) Pelo castigo, isto é, para evitar a punição que as autoridades executam
sobre aqueles que fazem o mal (v.4), e 2) Pela consciência, isto é, pois
queremos ter a consciência tranquila perante Deus, que estabeleceu a autoridade
e nos manda obedecer-lhe. Para um aprofundamento nesse assunto, sugiro a
leitura do artigo ‘IGREJA E ESTADO: UMA VISÃO PANORÂMICA’, de Alderi Souza de
Matos, disponível no link:http://www.mackenzie.br/7113.html.]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Submissão as autoridades (13.1)
‘Toda alma esteja sujeita às
potestades superiores’. O apóstolo recomenda a submissão à autoridade
constituída. A seguir, o texto declara a razão por que devemos nos submeter às
autoridades: ‘Porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades
que há foram ordenadas por Deus’. A palavra ‘potestade’ refere-se a ‘autoridade
ou poder delegado’. Neste parte do versículo, Paulo declara que toda a autoridade
vem de Deus.
13.2. Neste versículo, o resistir
às autoridades significa resistir a Deus, por isso estamos legalmente obrigados
a reconhecer e a obedecer às autoridades constituídas. Resistir à autoridade é
opor-se à lei divina, pois Deus mesmo reconhece a lei civil. Quebrar a lei ou
transgredi-la implica em consequências negativas, isto é, em condenação, não só
da parte das autoridades civis, mas também da parte de Deus.
13.3,5. ‘Porque os magistrados
não são terror para as boas obras’. Quando alguém pratica o bem não tem o que
temer. Note que Paulo declara que a autoridade civil é ministro de Deus (v.4),
por isso, o crente deve orar a Deus pela autoridades constituídas e submeter-se
a elas (v.5). Devemos nos submeter às autoridades por dever de consciência. O
crente obedece, não por medo de ser punido, mas porque sua consciência lhe
mostra o que deve fazer” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de
Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.139).
II. DEVERES MORAIS (Rm 13.8-10)
1. A dívida que todos devem ter. O apóstolo reconhece os deveres do cristão em relação ao Estado, e
aconselhou a não ficarem em débito com ninguém: “A ninguém devais coisa alguma
[...]” (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve ter o “nome
limpo na praça”. Por outro lado, Paulo reconhece outra natureza de dívida, esta
não negativa, mas positiva para o crente. A dívida do amor. Não podemos dever
nada a ninguém, exceto “o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem
ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8). Orígenes, um dos pais da igreja
antiga, dizia que “a dívida de amar é permanente e nunca a saldamos; por isso
devemos pagá-la diariamente, e sem dúvida, continuaremos devendo”. Amar o
semelhante é uma obrigação moral que temos para com a raça humana. [Comentário: Tendo-se preocupado, em 13.1-7, com o
cumprimento, pelo crente, da sua responsabilidade política, Paulo prossegue
passando agora a resumir a sua exortação ética particularmente ao mandamento do
amor, que abrange tudo. “A ninguém devais coisa alguma”: o tempo
presente grego da proibição pode ser traduzido assim: “continue não
devendo nada a ninguém”. O versículo, provavelmente, não proíba todas
as dívidas, mas certamente proíbe uma atitude de contentamento com o
endividamento ou achar que o endividamento seja uma situação normal (Sl 37.21).
Esse versículo repete na forma negativa a ordem positiva do versículo 7: “Daí a
todos o que é vossa obrigação dar-lhes”.]
2. A segunda tábua da lei. Paulo havia falado muito sobre a Lei nos capítulos anteriores, e aqui
novamente ele volta a citá-la: [...] “quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm
13.8). A lei dada a Moisés no Sinai foi escrita em duas tábuas (Êx 34.1). Os
quatro primeiros mandamentos enfatizam o relacionamento vertical, isto é, entre
Deus e os homens: Não ter deuses estranhos; não fazer imagens; não profanar o
nome de Deus e guardar o sábado. Por outro lado, os outros seis mandamentos são
horizontais, isto é, enfocam o relacionamento entre as pessoas: Honrar os pais;
não matar; não adulterar; não furtar; não dar falso testemunho e não cobiçar. O
interesse do apóstolo pelas relações interpessoais fica claro quando ele cita,
em Romanos 13, esses mandamentos: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás,
não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás [...]” (Rm 13.9). [Comentário: Se realmente compreendermos o mandamento de
amar ao próximo, nós cumpriremos todos os deveres sociais e observaremos
especialmente aqueles mandamentos mais fundamentais nos relacionamentos
humanos. O versículo 9 é um resumo das leis morais de Deus; todavia, um resumo
não deve ser usado para contradizer um dos itens que está resumindo. Portanto,
dizer que o amor ao próximo exige que alguém quebre algumas das leis de Deus de
vez em quando, é um mal-entendido das Escrituras. O amor aqui descrito é
reflexo do amor divino demonstrado em o Pai dar seu Unigênito, por amor por
aqueles que não O amavam, para padecer no lugar de pecadores. Crer e desfrutar
dessa tremenda realidade do amor divino sustenta o amor por Deus e pelo próximo
que os dois grandes mandamentos das Escrituras exigem (Mt 22.35-40). O nosso
amor é a expressão da gratidão pelo amor gracioso de Deus para conosco e deve
imitá-lo como modelo (Ef 4.32; 1Jo3.16), e o amor de Deus não é sentimental,
mas orientado para a ação (Jo 3.16; 1Jo 4.10) e constante.]
3. O segundo grande mandamento. Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico
19.18. Ele conclui dizendo que “o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). O
mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações
(Rm 13.9). [Comentário: Os crentes têm obrigações para com o Estado;
e os crentes também têm obrigações para com outros seres humanos. Os versículos
8 a 14 continuam a discussão do capítulo 12 sobre a responsabilidade cristã de
amar os outros. O amor cristão é descrito por Paulo em 1Co 13, onde é marcante
sua total ausência de interesse próprio. Mais do que simples emoção – como
normalmente é entendido pelo mundo – o amor cristão é um princípio de ação; é
uma questão de fazer algo pelos outros por compaixão a eles, sem levar em
consideração se sentimos ou não afeição por eles. É por esse amor que seremos
reconhecidos como discípulos de Jesus (Jo 13.34-35). O crente deve se preocupar
com o próximo como alguém que foi criado a imagem de Deus; essa é a atitude que
devemos demonstrar para com os nossos semelhantes (Lc 6.31).]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Deveres Morais (13.11-14)
Neste texto, encontramos um
imperativo moral para um viver cristão autêntico. É um apelo à vigilância
cristã e à conscientização da urgência do tempo.
13.11. ‘E isto digo, conhecendo o
tempo’. Que há dentro desse tempo? São os sinais predeterminados da vinda de
Cristo. Por isso, a continuação do versículo 11 é uma exortação ao
despertamento espiritual contra toda a indiferença e frieza. Estar despertado
implica em estar de prontidão espiritual.
13.12. ‘As obras das trevas’ se
contrapõem às obras da luz, pois são originadas pelo príncipe das trevas, e
suas obras são más e traiçoeiras. Entretanto, o Senhor nos oferece as ‘armas da
luz’ que são a graça, a bondade e a verdade do reino de Cristo.
13.13,14. ‘Andemos honestamente’
(v.13). Diz respeito ao comportamento moral do crente, ‘não em glutonaria, nem
em bebedeiras, nem em desonestidade, nem em dissoluções, nem em contendas e
invejas’. Ora, o padrão neotestamentário rejeita as obras da carne. Deus
abomina a licenciosidade e a intemperança. Porém, no versículo 14, Paulo
convida: ‘Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo’. Significa recebê-lo no
coração e deixá-lo dominar inteiramente a nossa vida. Não há vitória moral fora
de Cristo. Estar revestido de Cristo é ter a presença pessoal do Espírito Santo
dentro de nós, limpando e purificando o nosso interior” (CABRAL, Elienai.
Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.140).
III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13.11-14)
1. Consciência escatológica (v.11). Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta
um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de
despertarmos do sono [...]” (Rm 13.11). A palavra tempo, aqui, traduz o termo
grego kairós, que significa tempo oportuno. Para o apóstolo, a vinda de Jesus
era uma realidade sempre presente na vida do crente. [Comentário: “conhecendo o tempo” - Este termo para
tempo (kairos) era usado no sentido de um período especial de tempo, não o
tempo regular cronológico (chronos). Os crentes têm que viver à luz da
expectativa da volta de Cristo a qualquer momento. Os versículos 11 a 14 têm
uma orientação escatológica, isto é, em direção ao fim do tempo. O contraste
entre trevas e luz é uma característica da literatura judaica, também comum nos
escritos de João e Paulo. É a tensão do “já” contra o “ainda não” da vida
cristã como o estímulo para um viver piedoso, pois a era do Reino de Deus foi
inaugurada e está para ser consumada em breve, e é muito semelhante ao texto de
1Ts 5.1-11.]
2. Consciência da salvação e do Espírito Santo
(vv.11,14). Nos dois últimos versículos de Romanos 13,
observamos que há a necessidade de uma consciência que seja soteriológica e
pneumatológica (Rm 13.11). A referência direta ao Salvador está na palavra
salvação e a referência indireta ao Espírito Santo está na frase: [...] “E não
tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Rm 13.14). É o Espírito quem
produz o fruto na vida do crente de forma que este possa vencer as
concupiscências da carne (Gl 5.19-22). Cabe ao cristão andar no Espírito para
não satisfazer os desejos da carne. [Comentário: “a nossa salvação está mais perto” – A
salvação é uma decisão inicial e um processo.
A salvação não será completada enquanto os crentes não tenham recebido seus
novos corpos (1Jo 3.2; 1Ts 4.13-18; Hb 9.28; 1 Pe 1.5). Teologicamente isto é
chamado de “glorificação” (Rm 8.30). É a esperança de cada geração de cristãos
ter a expectativa de que o Senhor retornará durante as suas vidas (Lc 21.28).
Paulo não era exceção (1Ts 4.15). Os versículo 13 e 14 tiveram um impacto
transformador na vida de Agostinho, no verão de 386 d.C.. Ele escreve em suas Confissões 8.29:
“Eu não queria ler mais, nem precisava; no final desta frase, instantaneamente
uma luz clara inundou meu coração e todas as trevas de dúvida desapareceram”. A
vida cristã começa com a decisão (justificação e santificação instantânea), mas
tem que resultar em um estilo piedoso de vida (santificação progressiva), que
termine na semelhança de Cristo (glorificação). Para isso, a pessoa tem que
aceitar a oferta divina em Cristo (Jo 1.12; 3.16; Rm 10.9-13). Esta decisão
inicial não é o fim, mas o começo! No versículo 13, “Andemos honestamente”,
significa literalmente “caminhar”. Isto era uma expressão idiomática hebraica
referente ao estilo de vida.]
SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
“Romanos 14.10-12
Cada um de nós dará contas do que faz a Cristo, não
aos demais irmãos. Embora a Igreja procure ser inflexível em sua posição contra
certas atividades ou comportamentos expressamente proibidos pelas Escrituras
(adultério, homossexualidade, assassinato e roubo), ninguém deve criar regras e
regulamentos adicionais, concedendo-lhes uma condição semelhante à lei de Deus.
Muitas vezes, os cristãos baseiam seus critérios morais em opiniões,
particularidades pessoais ou preceitos culturais, em vez de na Palavra de Deus.
Quando o fazem, mostram como sua fé é fraca e não imaginam como Deus é
suficientemente poderoso para guiar seus filhos. Quando nos colocamos perante
Deus e prestamos contas de nossa vida, não nos preocuparemos com o que nosso
vizinho cristão fez (2Co 5.10)” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD,
p.1575).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos as responsabilidades que o
cristão deve assumir, tanto no convívio social como espiritual. Como ser
social, temos deveres para com o Estado. Devemos respeitar a ordem
estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual temos deveres para com o
outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20), somos também cidadãos da
Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em
mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros. [Comentário: O princípio dominante deste capítulo
é o amor. Paulo falou da importância do amor antes de oferecer exemplos de como
devemos nos portar (12.9-10) e voltará ao mesmo tema em 13.8-10. Jesus citou o
amor nos dois grandes mandamentos, e Paulo o vê como a qualidade fundamental em
todo o nosso serviço a Deus. Ao falar de nosso dever como cidadãos, Paulo não
afirmou que os governos sejam sempre bons. Ele identifica a função básica do
governo e, mais ainda, a obrigação do crente de ser submisso às autoridades.
Lembremos que naqueles dias, quando escreveu esta carta, o império romano foi
dominado por um dos piores líderes da história, Nero. Nessa situação, não coube
aos crentes se rebelar contra o governo. A vingança pertence a Deus! Por isso,
o crente não procura a vingança (12.19-21), pois ela pertence a Deus. Mas ele emprega
os governos para trazer a vingança divina contra os malfeitores. Finalmente,
vimos que o dever primordial do crente é o amor, um fato fundamental para
entender as aplicações dos próximos capítulos. Toda a lei de Deus se resume no
amor. Adultério, homicídio, furto, cobiça, etc., são atos contra outros que
ferem o princípio do amor divino, modelo a ser por nós imitado. O crente deve
viver no contexto da eternidade. Cada um de nós está se aproximando ao nosso
encontro com Deus, por essa razão, não podemos brincar com o pecado, nem praticar as obras
das trevas que o mundo faz. Quem vive despreocupado com a eternidade certamente
não estará preparado para o seu encontro com o Senhor.]“NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco
Barbosa
Disponível
no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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