SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da
construção da Torre de Babel. Essa foi mais uma tentativa humana de se voltar
contra o Criador. Inicialmente destacaremos as características dessa rebeldia.
Em seguida, mostraremos como Deus decidiu confundir as línguas dos homens, para
que eles não se entendessem. E ao final, nos voltaremos para as implicações
bíblico-teológicas dessa confusão, resultando na diversidade cultural da
humanidade. Enfocaremos ainda o caráter supracultural do evangelho, que
transforma pessoas caídas em novas criaturas em Cristo Jesus.
1. A
CONSTRUÇÃO DA TORRE DE BABEL
Após o dilúvio, os descendentes de Noé, por
deixarem de atentar para a revelação divina, decidiram arquitetar um plano, a
fim de se proteger do juízo. Para tanto, construíram uma torre, que viria a ser
reconhecida como Babel, ou confusão, com o intuito de tornarem seus nomes
notórios na terra. Ao invés de se espalharem pelo mundo, em obediência ao
mandamento divino, os novos habitantes optaram por se agregarem, habitando na
cidade de Ninrode (Gn. 11.8-12). Ao optar pela cidade, os homens preferiram a
comodidade ilusória do governo humano, sobretudo um domínio no que estivessem
distanciados de Deus (Gn. 11.6). Nesse tempo eles falavam uma mesma língua, e a
partir dela edificaram seus intentos humanos. A expressão maior dessa rebeldia
se deu com a construção da famosa Torre de Babel. A palavra Babel vem do
hebraico balal, que quer dizer “confusão” ou “porta dos deuses”. A babelização
é uma consequência das realizações humanas, mas o Deus que se revela na Palavra
não é de confusão (I Co. 14.33). Os grandes projetos da humanidade fracassam
porque Deus foi substituído pelo secularismo. As pessoas não dependem mais de
Deus, antes estão firmadas em seus desejos egoístas (Tg. 4.15). A política dos
homens não passa de uma Torre de Babel. A democracia se tornou um mal
necessário, graças a ela os seres humanos expressam suas diferentes ideologias.
Sem ela seria muito pior, pois daria lugar aos governos totalitários. Mas o
processo político é caracterizado, na maioria dos países, pela corrupção
generalizada. Há políticos se elegem por meio de fontes escusas para as quais
revertem seus mandatos, desconsiderando o bem para a população que o elegeu.
2. DEUS
CONFUNDE A LÍNGUA DOS HOMENS
O ser humano caído anseia intensamente pelo
totalitarismo e unilateralismo, seu maior desejo é o de governar sobre todos. O
estudo da história da humanidade atesta essa verdade, alguns líderes quiseram
impor seus modelos imperialistas sobre todos os povos. O fundamento desse
desejo pecaminoso estava no próprio Lúcifer, o anjo caído que quis usurpar o
trono de Deus (Is. 14.13,14). Os construtores da Torre de Babel também usaram a
expressão: “subamos”, demonstrando, assim, altivez e soberba (Pv. 16.18).
Babilônia é, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, um símbolo do orgulho
humano, de rebeldia contra Deus (Ap. 18.5). A resposta de Deus a essa
declaração arrogante foi: “desçamos e confundamos”. Deus zomba dos projetos
humanos que não têm a participação dEle (Sl. 2.4). A intervenção divina
restringe a propagação de um mal maior sobre a humanidade. Através da confusão
das línguas Deus evitou que a humanidade se unisse em torno de um projeto por
meio do qual se distanciariam mais ainda dEle. As várias vozes que dialogam na
sociedade é o juízo protetor de Deus contra ideologias totalitárias e
unilaterais. A verdade humana, enquanto construção social, não se encontra em
um indivíduo, mas na coletividade, exercita através do diálogo. Somente a
Palavra de Deus é a Verdade, é a inspira e infalível revelação do Espírito de
Deus (II Tm. 3.16,17; Rm. 10.17). A igreja está debaixo do senhorio de Cristo,
por isso se submete ao que o Espírito lhe revela pela Palavra (Ap. 2.7). O
mundo jaz no Maligno (I Jo. 5.19), por isso não atenta para a revelação divina,
por isso está ceifando o que tem plantado (Gl. 6.7). Quando Cristo for revelado
como Rei dos reis e Senhor dos senhores, então a humanidade compreenderá a
limitação dos seus projetos (Ap. 19.16).
3. A DIVERSIDADE
CULTURAL DA HUMANIDADE
A cultura é uma produção humana, não
necessariamente podemos afirmar que existe uma cultura superior. O fundamento
cultural da humanidade está na linguagem, é por meio dela que transmitimos
nossos valores e crenças de geração a geração. Depois do dilúvio, e da Torre de
Babel, coube aos seres humanos se espalharem, e produzirem cultura. Apesar da
Queda, a produção cultura da humanidade é criativa, reflexo da imagem do
Criador, que permanece na criatura (Tg. 1.17). Por isso podemos nos deparar com
textos primorosos da literatura mundial, melodias cativantes da música, e belas
expressões de arte, até mesmo produzidas por pessoas que não são cristãs. Nessa
perspectiva, as diversidades culturais devem ser respeitadas, sobretudo as
línguas, que expressam concepções diferenciadas, contanto que essas não se
revelem práticas pecaminosas. Temos a responsabilidade de comunicar, nas várias
línguas e dialetos mundiais, a graça maravilhosa de Deus, revelada em Jesus
Cristo. A missão da igreja da Igreja é anunciar o Reino de Deus, a todos os
povos (Mt. 28.18-20; Mc. 16.15,16). Na eternidade encontraremos pessoas das
várias tribos, povos e línguas, que foram alcançadas pelo evangelho de Cristo
(Ap. 7.9). Para fazer missões com sabedoria, e anunciar Cristo para as nações,
faz-se necessário investir em conhecimento antropológico, sobretudo para
respeitar a diversidade cultural. A mensagem do evangelho é supracultural, pois
propaga o amor gracioso de Deus e Sua misericórdia aos pecadores. É um equívoco
missionário tentar impor padrões culturais, que são específicos de uma etnia,
sobre os povos a serem alcançados.
CONCLUSÃO
No dia de Pentecostes estavam as diferentes
culturas reunidas em Jerusalém. A mensagem Pedro levou quase três mil vidas se
entregaram a Cristo (At. 2.41). O mesmo Deus que confundiu a língua dos homens
na Torre de Babel tornou a mensagem inteligível pelo Espírito Santo (Sf. 3.9;
At. 2.7,8). O evangelho de Jesus é a resposta de Deus para a confusão da
humanidade, sua verdade simples e acolhedora transforma pecadores em novas
criaturas (II Co. 5.17), tirando-os das trevas para Sua maravilhosa luz (I Pe.
2.9), a fim de aguardarem a Cidade Celestial, edificada pelo próprio Deus (Hb.
12.18; Ap. 21.2,10).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Um dos fatores que levaram a primeira civilização
humana à depravação total foi o monolinguismo. Entre os filhos imediatos de
Adão e Eva, inexistiam fronteiras idiomáticas, culturais e geográficas. Eis por
que os exemplos de Caim e Lameque alastraram-se logo por toda a terra. Na
lição de hoje, encontraremos a família noética correndo o mesmo perigo. Temendo
um novo dilúvio, e recusando-se a povoar a terra, puseram-se os descendentes de
Noé a construir uma torre, cujo topo, segundo imaginavam, tocaria os céus. A
fim de impedir a degeneração da segunda civilização, o Senhor confunde-lhes a
língua, levando a linhagem de Sem, Cam e Jafé a espalhar-se pelos mais
longínquos continentes. Deste episódio, surge a multiplicidade linguística e cultural da humanidade. [Comentário: Depois do dilúvio, Deus ordenou à humanidade:
"Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra" (Gn 9.1). No
entanto, a humanidade decidiu fazer exatamente o oposto: "Disseram: Vinde,
edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e
tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a
terra" (Gn 11.4). Eles decidiram construir uma grande cidade para que
todos se congregassem lá. Decidiram construir uma torre gigantesca como um
símbolo do seu poder, para fazer um nome para si (Gn 11.4). Esta torre é que
ficou conhecida na história como a Torre de Babel. Não é atoa que o nome Ninrode significa
"rebelde". Ele foi o primeiro homem que realmente organizou uma
rebelião contra Deus. Ele aparentemente foi influenciado por seu pai (Cuxe),
que lhe deu este nome. Em vista desta primeira rebeldia pós-dilúvioa, Deus,
para fazer valer sua ordem exarada em Gn 9.1, confunde as línguas de modo que
não mais pudessem se comunicar uns com os outros (Gn 11.7). Babel, em hebraico,
significa confundir. Diante da confusão estabelecida, juntaram-se os de mesma
fala e depois foram juntas para se estabelecerem em outras partes do mundo (Gn
11.8-9). Assim, Deus impõe o Seu comando de que toda a humanidade se espalhasse
por todo o mundo. Há muitos outros testemunhos desse acontecimento fora da
Bíblia: o testemunho mais explícito encontra-se gravado numa placa
babilônica de pedra escura conservada hoje na famosa The Schøyen Collection, (MS 2063) com sede
em Oslo e Londres. Nessa placa o rei de Babilônia Nabucodonosor II mandou
escrever, no ano 570 a.C.: “Um antigo rei construiu o Templo das Sete Luzes da
Terra, mas ele não completou a sua cabeça. Desde um tempo remoto, as pessoas
tinham-no abandonado, sem poderem expressar as suas palavras. Desde
aquele tempo terremotos e relâmpagos tinham dispersado o seu barro secado pelo
sol; os tijolos da cobertura tinham-se rachado, e a terra do interior tinha
sido dispersada em montes”. Desta maneira, o próprio rei Nabucodonosor nos
fornece, no ano 570 a.C., uma ideia do que tinha restado da Torre de Babel.].
Vamos pensar maduramente a fé cristã?
I. A TORRE DE BABEL
Não sabemos quanto tempo se havia passado desde que
Noé saiu da arca até a construção da torre de Babel. De qualquer forma, seus
filhos, Sem e Jafé, não puderam impedir seus descendentes de cair na apostasia
de Cam.
1. O monolinguismo. Naquele tempo, a humanidade ainda era
monolíngue; todos falavam uma só língua (Gn 11.1). Sobre o idioma original da
humanidade, há muita especulação. Alguns sugerem o hebraico. Nada mais
ilógico. Abraão, ao deixar a sua terra natal, falava o arameu (Dt 26.5) que,
nos lábios de seus descendentes, sofreria sucessivas mudanças até
transformar-se na belíssima língua hebreia. O interessante é que depois do
cativeiro babilônico, os israelitas voltariam a usar o aramaico, inclusive
Jesus (Mc 15.34). [Comentário: Os cerca de 3 mil diferentes idiomas falados no
planeta, sem contar os já extintos, têm a mesma origem. Na busca dessa
lingua-mãe, os pesquisadores descobrem semelhanças incríveis que talvez não
sejam coincidências. Hoje muitos lingüistas (ciência que estuda a evolução das
línguas, suas estruturas e possíveis inter-relações no quadro histórico e
social) estão empenhados em chegar a essa língua-mãe. Existem motivos fortes
para se acreditar na veracidade do relato Torre de Babel. Isso significa que,
mais uma vez, uma história bíblica julgada por muitos como ilusória pode ganhar
um bom valor histórico. Sobre isso, sugiro a leitura do artigo O
episódio significativo da Torre de Babel, no Blog GenesisUM, seguindo este
link: http://genesisum.blogspot.com.br/2011/02/o-episodio-significativo-da-torre-de.html].
2. Uma nova apostasia. Se por um lado o monolinguismo facultava a rápida
disseminação do conhecimento, por outro, propagava com a mesma rapidez as
apostasias da nova civilização. E, assim, não demorou para que a revolta,
misturada ao medo, se tornasse incontrolável. Por isso, revoltam-se os
descendentes de Noé contra Deus: "Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre
cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados
sobre a face de toda a terra" (Gn 11.4). Se Deus não tivesse intervindo a
situação ficaria mais insustentável do que no período anterior ao Dilúvio. [Comentário: Deus notou o progresso e a intenção daquela
comunidade rebelde e, pela sua misericórdia, Deus se recusou a permitir que
este esquema maligno tivesse êxito. Isto foi realizado com eficácia fazendo com
que diferentes famílias falassem diferentes idiomas, e desta forma se
espalhassem pela terra. Então o plano original de Deus de repovoar a terra foi
realizado. O povo queria ter um grande nome. No julgamento de Deus, a cidade
foi chamada de Babel, que significa confusão.].
3. Um monumento à soberba humana. Apesar das garantias divinas de que não
haveria outro dilúvio, os filhos de Noé buscavam agora concentrar-se num lugar
alto e forte. Entregando-se ao medo, acabaram por erguer um monumento à soberba
e à rebelião. A ordem do Senhor àquela gente era clara: espalhar-se até aos
confins da terra (Gn 9.7; Mt 28.19,20). Séculos mais tarde, o Senhor Jesus
Cristo também ordenou aos seus discípulos que fossem proclamar o Evangelho até
os confins da Terra. Quando não a obedecemos, edificamos dispendiosas torres,
onde a confusão é inevitável. Cada um fala a sua língua, e ninguém se entende
mais. [Comentário: Para os judeus, o termo “Babel” adquiriu o
significado de "confusão" por conta de seu significado no texto de
Gênesis 11:9. O autor de Gênesis, Moisés usa o nome Babel em hebraico Bavél, da
raiz do verbo ba.lál, que significa "confundir". No entanto, o termo
“Babel” pode ser dividido em duas partes, Bab e El que sugere uma combinação do
acadiano Bab "porta", "portão" com o hebraico El "Deus"
abreviatura usada para Elóhah e Elohím, significando assim, “porta de Deus”. Se
os caldeus diziam que a Babilônia era a “porta dos céus”, para os hebreus ele
era “confusão”. Alguns estudiosos identificam a torre nesta narrativa como o
templo zigurate de Marduque, na Babilônia, com 91 metros de altura. O mesmo
orgulho arrogante que inspirou os rebeldes Adão e Eva a rejeitar o conhecimento
de Deus (Gn 3.5) e o ímpio Caim a construir sua cidade (4.17) agora inspira
“toda a terra” (v 4). A menção de “Sinar” e “Babel” relembra o reino rebelde de
Ninrode – Bíblia de Estudo Genebra, Cultura Cristã, Nota Gn 11.1-9,
pág 25. Eles decidiram construir uma grande cidade para que todos se
congregassem lá. Decidiram construir uma torre gigantesca como um símbolo do
seu poder, para fazer um nome para si (Gn 11.4). Sugiro a leitura do artigo Torre
de Babel, no site Chabad, seguindo este link:http://www.chabad.org.br/interativo/faq/torreDeBabel.html].
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Professor, é importante que você leia com os alunos
o capítulo 10 de Gênesis antes de introduzir a lição. Explique que os
"descendentes de Sem povoaram as regiões asiáticas, desde as praias do
Mediterrâneo até o oceano Índico, ocupando a maior parte do território de Jafé
e Cam. Foi entre eles que Deus escolheu seu povo, cuja história constitui
o tema central das Sagradas Escrituras.
Os descendentes de Cam foram notavelmente poderosos
no princípio da história do mundo antigo. Constituem a base dos povos que mais
relações travaram com os hebreus, seja como amigos, seja como inimigos. Eles
estabeleceram-se na África, no litoral mediterrâneo da Arábia e na
Mesopotâmia.
Os descendentes de Jafé foram os povos
indo-europeus, ou arianos. Embora não tivessem sobressaído na história antiga,
tornaram-se nas raças dominantes do mundo moderno" (Bíblia de Estudo
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 47). Se desejar, reproduza, da
referida Bíblia, o mapa e a tabela abaixo para seus alunos.
II. A CONFUSÃO DAS LÍNGUAS
1. Uma cidade à prova d'água. A engenharia dos descendentes de Noé era
bastante avançada. De início, projetaram uma cidade cujo epicentro seria uma
torre que, segundo imaginavam, arranharia o céu (Gn 9.4). Aquele lugar se
tornaria uma fortaleza impenetrável, mas independente dos planos dos homens,
Deus lhes frustraria os objetivos e cumpriria sua vontade espalhando-os pela
terra. Em seguida, prepararam o material: tijolos bem queimados e betume. O seu
objetivo era construir uma cidade à prova d'água. Se houvesse algum dilúvio,
escalariam a torre, e tudo estaria bem. Na verdade, não queriam cumprir o
mandato cultural que o Senhor confiara ao patriarca: repovoar e trabalhar a
terra (Gn 9.4). [Comentário: Existem algumas opiniões acerca do motivo da
construção desta torre, uma delas diz que os construtores queriam se prevenir
no caso de mais um dilúvio, similar ao de Noé, acontecer. O medo de outro
dilúvio, então, fez com que construíssem uma alta torre que pudesse chegar até
os céus, e "sustentá-lo", como colunas no céu, para que o dilúvio não
ocorresse novamente. Esta opinião retrata bem a descrença na Palavra de Deus
que havia prometido nunca mais destruir a terra com águas do dilúvio e selou
seu pacto com o sinal do arco-íris. Independente de qual tenha sido o
verdadeiro motivo, observamos através deste fato que estas pessoas certamente
não acreditavam na palavra de Deus.].
2. A torre que Deus não viu. Aos olhos dos homens, a torre parecia alta.
Mas, à vista de Deus, nada era. Ironicamente, o Altíssimo teve de baixar à
terra para vê-la: "Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que
os filhos dos homens edificavam" (Gn 11.5). Assim são os projetos firmados
na vaidade humana. Aos nossos olhos, muita coisa; à vista de Deus, tolas
pretensões. Se o Senhor não tivesse intervindo, a segunda civilização
tornar-se-ia pior do que a primeira (Gn 11.6). Nenhum limite seria forte o
bastante para conter aquela gente, que já começava a depravar-se totalmente. [Comentário: A investigação divina antes do julgamento é
frequentemente descrita em Gênesis (3.11-13; 4.9-10; 18.21). Ao invés de
conflitar com a doutrina da onisciência divina, esta descrição antropomórfica da
atividade de Deus serve para enfatizar que o julgamento divino é sempre de
acordo com a verdade. As torres da Mesopotâmia (zigurates) foram construídas
como escadas para a descida dos deuses. Deus, porém, desce em julgamento nesta
torre de orgulho humano – Bíblia de Estudo Genebra, Cultura Cristã,
Nota Gn 11.2, pág 25.. (Antropomorfismo vem de duas palavras gregas:
anthropos (homem) e morphe (forma). Portanto, um antropomorfismo é quando Deus
aparece ou Se manifesta para nós em forma humana ou mesmo em características
humanas atribuídas a Ele mesmo. Vemos isto por toda a Bíblia - e com razão
assim. Apesar de tudo, não podemos ascender onde Deus está, mas Ele pode
descender até onde estamos. http://www.monergismo.com/textos/presciencia/antropomorfismo.htm)].
3. Quando ninguém mais se entende. Por isso mesmo, o Senhor decreta: "Eia,
desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do
outro" (Gn 11.7). Nascia ali, na planície de Sinear, o multilinguismo.
Como ninguém mais se entendia, os descendentes de Noé foram apartando-se uns
dos outros, e reagrupando-se de acordo com a sua nova realidade idiomática. Os
filhos de Sem formaram uma grande família linguística, da qual se originaram o
aramaico, o moabita, o árabe e, mais tarde, o hebraico. O mesmo fenômeno deu-se
entre as linhagens de Jafé e Cam. É bem provável que Pelegue tenha nascido
nesse período (Gn 10.25). Apesar da confusão da linguagem humana, Deus permitiu
que os idiomas conservassem evidências de um passado, já bastante remoto,
quando todos os seres humanos falavam uma só língua. [Comentário: Ironicamente,
ao invés de ganhar relevância e imortalidade, eles alcançaram alienação e
dispersão. A expulsão já fora a triste sorte de Adão e Eva (3.23) e de Caim
(4.12). Este castigo foi também um ato da graça, no isolamento, os povos
estariam mais inclinados a se voltar a Deus (12.3; At 17.26-27). É de C.S.
Lewis esta bela frase: “Orgulho é o pecado que mais detestamos em outros e
menos detectamos em nós!”. O homem é orgulhoso por natureza. Orgulho foi
o primeiro pecado do universo (Lúcifer querendo pôr seu trono acima de Deus; Is
14.12-14; 47.7-10). Auto-suficiência, independência, teimosia, levam o homem a
se afastar de Deus. Tiago 4.6 diz, “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes. Note a repetição da palavra “Vinde” no texto: vss. 3,4 é o
homem tomando conselho para rebelar-se contra Deus. Mas no conselho
divino, no corte celestial, o “Vinde” de Deus prevalece. Deus sempre tem
a palavra final! Quem segue seu próprio caminho será frustrado. O
fruto proibido se torna cinzas em sua boca. Não é do jeito que gostamos,
mas afinal de contas, vivemos no mundo de Deus, não nosso. É interessante
notar que para o homem rebelde, exatamente o que ele mais temia, dispersão por
toda a terra, aconteceu!].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A história nos conta que, em assembleia, os
novos habitantes de Sinar tomaram uma decisão totalmente fora da vontade de
Deus. O propósito da ação é claro. Queriam fama (Gn 11.4). E desejavam
segurança: 'Para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra'.
Ambas as metas seriam alcançadas somente pelo empreendimento humano. Não há
dúvida sobre a ingenuidade das pessoas. Não tendo pedras, fabricaram tijolos de
barro e depois queimaram bem. Viram a utilidade do betume abundante na área e o
usaram como argamassa.
O interesse principal desse povo não estava numa
torre, embora também houvesse a construção de uma cidade. A torre ia alcançar
os céus. Nada é dito sobre um templo no topo da torre, por isso não está claro
se a torre era como os zigurates que houve mais tarde na Babilônia.
O paganismo está indiretamente envolvido nesta
história, pois havia um ímpeto construtivo em direção ao céu e o único
verdadeiro Deus foi definitivamente omitido de todo planejamento e de todas as
etapas. Mas Deus não estava inativo. O julgamento de Deus logo veio. Para
demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu
confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande
projeto foi abandonado e a sociedade unida, sem temor de Deus, foi despedaçada
em segmentos confusos. Em hebraico, um jogo de palavras no versículo 9 é
pungente. Babel significa 'confusão' e a diversidade de línguas resultou em
balbucis ou fala ininteligível" (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 55).
III. A MULTIPLICIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL
O episódio da torre de Babel criou diversas
fronteiras entre os descendentes de Noé: linguísticas, culturais e geográficas.
1. Linguísticas. Da barreira idiomática, surgiu a noção de nacionalidade,
responsável pela criação de países e reinos. Só os impérios, geralmente
antagônicos a Deus, buscam unificar o que o Senhor separou em Sinear (Dn.3.7).
A multiplicidade linguística dos povos oprimidos, porém, torna inviável tal
unificação, ainda que possa ser considerada "duradoura", como foi o
império romano. Já imaginou se toda a humanidade falasse o russo ou o alemão?
Homens como Stalin e Hitler teriam certamente dominado toda a terra. [Comentário: A partir do momento em que Deus dispersou o povo,
lançando-o aos desafios das línguas desconhecidas, fruto da situação por ele
mesmo provocada, começou a procura de novas terras e a formação de novos povos.
Tentaram construir uma torre para atingir o céu, com dois objetivos: obter
glória para eles e para que eles não fossem espalhados pela terra. No entanto,
toda glória precisa ser dada a Deus! O propósito de Deus era que eles de
espalhassem sobre a terra (Gn 1.28; 9.1; 11.8). Deus mais uma vez os castigou,
agora confundindo a língua, aqui nós temos o início das culturas, das diversas
línguas. A rebelião contra Deus, ocasiona divisão entre os homens. Foi assim
deste o início, com o pecado de Adão e Eva, veio o primeiro homicídio, Caim
mata Abel. No relato diluviano, Deus decide destruir a humanidade por conta da
violência. Para deter a maldade na terra. Com o surgimento de diversas línguas
as pessoas se dispersaram, diversas civilizações menores surgiram, e assim a
maldade foi detida por um tempo].
2. Culturais. A diversidade linguística trouxe também a diversidade cultural.
Cada povo, uma língua, uma cultura e costumes bem característicos. Tais fatores
tornam inviável um Estado totalitário mundial. O governo do Anticristo, aliás,
reinará absoluto por apenas 42 meses (Ap 13.5). Logo após, será destruído. [Comentário:Ninrode - (neto
de Cão) começou a se destacar. Ninrode vem do heb. marad =
"rebelar-se". A tradução literal do seu nome poderia ser: "vamos
nos revoltar". Ninrode foi a primeira tentativa de satanás de formar um
ditador mundial. Ele foi o primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino em
oposição ao reino de Deus e chefiou a construção de uma torre e de uma cidade -
Babilônia, onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões falsas
do mundo têm sua origem em Babilônia. Salmo 2.2,4: "Os reis da terra se
levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu
ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.
Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles."].
3. Geográficas. Acrescente-se a essas dificuldades as fronteiras naturais: rios,
mares, montanhas, vales, etc. Cada povo com o seu território. Deus sabe o que
faz. [Comentário: A rebelião contra Deus, ocasiona divisão entre os
homens. Foi assim deste o início, com o pecado de Adão e Eva, veio o primeiro
homicídio, Caim mata Abel. No relato diluviano, Deus decide destruir a
humanidade por conta da violência.].
CONCLUSÃO
O episódio de Babel não impediu a proclamação do
Evangelho, pois no Pentecostes, "todos foram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem" (At 2.4). A Palavra de Deus, atualmente, encontra-se em
quase todas as línguas. O que parecia maldição fez-se bênção para todos os
povos. [Comentário: Essa história quer nos mostrar também, como a
altivez humana é, de fato, uma grande ousadia contra Deus. O homem é criado à
sua imagem e semelhança, portanto, é dotado de grande capacidade para inventar,
produzir, reproduzir... e também para amar, procriar, celebrar, louvar... Desde
o início, o ser humano usou de sua capacidade e inteligência para fazer o bem,
mas também tropeçou muitas vezes e em muitas coisas e, com isso, ofendeu ao seu
criador, merecendo receber dele corretivos. A Torre de Babel é, por excelência,
símbolo da arrogância humana, da cidade deformada pela auto-suficiência que dá
origem à estruturas injustas, exploradoras e opressoras, num mundo de
ambigüidades. E o que vemos é uma sociedade competitiva, uma cultura mesclada,
um processo histórico inconsistente e produtor de idolatrias. A maldição foi a
confusão de línguas, mas Deus traz bênção da maldição. Um dia as nações
adorarão a Deus juntas. Os babilônios queriam uma ciadade. Mas Deus
providencia uma cidade com fundamentos que permanecerão. Ninrode e seu povo
queria um nome. Mas àqueles que crêem em Deus Ele promete,: "Ao
vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá;
gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a
nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo
nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.]. “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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