sábado, 24 de outubro de 2015

LIÇÃO 4: A QUEDA DA RAÇA HUMANA





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Deus criou o homem e a mulher com livre arbítrio, possibilidade de escolher entre o certo e o errado. Mas como veremos na aula de hoje, eles optarem pela desobediência, trazendo sobre eles consequências drásticas. Inicialmente mostraremos a realidade do Éden, o paraíso perdido pelos nossos pais, em seguida, como aconteceu o processo da tentação e queda. E ao final, as consequências da Queda, mas sem esquecer-se do plano divino para redenção humana.

1. ÉDEN, O PARAÍSO PERDIDO

Após a criação dos céus e da terra Deus plantou um jardim, o qual foi denominado de Éden, e ali colocou o homem e a mulher, coroa da Sua criação (Gn. 2.8). Uma das missões de Adão, em relação àquele Jardim, deveria ser guardá-lo, cultivando-o com vistas à produtividade (Gn. 2.15). Alguns estudiosos acreditam que o Jardim do Éden se encontrava onde atualmente está o sul do Iraque, ainda que existam controvérsias quanto a essa localização. O mais importante é saber que esse local deveria ser cultivado, Adão teria a oportunidade de exercitar sua criatividade. Infelizmente, conforme veremos mais adiante, por causa da Queda, o ser humano perdeu o acesso ao Jardim. A terra, como a conhecemos atualmente, sofre as consequências do pecado de Adão e Eva (Rm. 8.22) A destruição do habitat humana é uma demonstração da condição de Queda. Por causa da ganância famigerada do ser humano a criação de Deus está sendo destruída. Os cristãos, que foram alcançados pela graça de Deus, devem se envolver integralmente na construção do Reino de Deus, incluindo a preservação do meio ambiente. Estamos cientes que o Jardim de Deus somente estará completo na dimensão escatológica, pois o próprio Cristo é a Árvore da Vida (Ap. 22.2). Enquanto isso, temos a responsabilidade de preservar a natureza, sem adorá-la como fazem alguns ambientalistas, antes assumindo nosso compromisso com a manutenção do espaço no qual vivemos. O Paraíso começou em um Jardim, mas a consumição dos séculos ocorrerá em uma Cidade. O projeto de Deus envolve tanto a esfera rural quanto urbana, pois na Cidade Celestial também haverá um Jardim, para a saúde das nações (Ap. 2.7).

2. TENTAÇÃO, QUEDA E PECADO

Deus colocou Adão e Eva no Jardim, recebendo de Deus a missão de se multiplicar (Gn. 1.28), antes mesmo da Queda. A esse respeito é importante esclarecer que o pecado original nada tem a ver com o sexo. O relacionamento sexual é uma dádiva de Deus, e deveria ser usufruído pelo homem e pela mulher. Uma ala da filosofia grega que proíbe o casamento, e o relacionamento sexual, foi inserida na igreja, resultando em uma percepção negativa do ato sexual, tal ensinamento nada tem a ver com a Bíblia (I Co. 7.5; Hb. 13.4). O ato sexual é pecaminoso quando esse é praticado fora do casamento, desrespeitando os princípios estabelecidos pela Palavra de Deus (I Co. 6.18; I Ts. 4.3-5). O homem e a mulher caíram quando decidiram desobedecer ao mandamento divino, ou seja, não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e dom mal. O desconhecimento, às vezes, é uma dádiva divina, não precisamos experimentar todas as coisas. Há pessoas que estão envolvidas em vícios, e tem dificuldade para abandoná-los, melhor seria que não tivessem se iniciado em tais práticas. Satanás foi astuto e sagaz, ele se apropriou da serpente, e aproveitou um momento solitário de Eva para tenta-la. Ao que tudo indica, Eva não ouviu o próprio Deus dizer que não deveria comer do fruto, Adão repassou essa informação para ela. A mensagem de Satanás é sempre no intuito de contrariar a Palavra de Deus. Quando Deus diz que não se deve comer, ele diz que se comer não causa mal, e até apresenta vantagens. Eva sabia que não deveria comer o fruto, até exagerou na proibição, dizendo que “não deveria sequer tocá-lo”. Mas não resistiu aos apelos do Inimigo, pois viu que o fruto era “agradável aos olhos”, “desejável”, “comeu” e “deu também ao seu marido”. (Gn. 3.16). O pecado começa causando atração, apelando à concupiscência da carne, à concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo. 3.16).  Em Adão toda a humanidade caiu, os primeiros pais se tornaram responsáveis pela introdução do pecado no mundo, mas isso não quer dizer que nós não somos inescusáveis perante Deus. A humanidade herdou de Adão a natureza pecaminosa, mas cada pessoa é culpada pelos seus pecados (Rm. 5.12).

3. AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA

O pecado trouxe sérias consequências para a humanidade, e para a criação como um todo. A serpente seria obrigada a comer o pó da terra (Gn. 3.14). Ela se tornaria inimiga da mulher, principalmente da Sua semente, uma alusão ao Ungido de Deus, que viria como Salvador do mundo. Maria foi escolhida como a mãe do Salvador (Lc. 1.46-56), e Jesus, no calvário, pisou a cabeça da antiga serpente. Como diziam os reformadores, esse é o primeiro texto profético, que antecipa a vinda de Cristo, uma espécie de protoevangelho. A mulher teria filhos, mesmo antes da Queda, mas por causa da desobediência, o parto se tornaria mais doloroso (Gn. 3.16). Mesmo assim, não podemos deixar de ressaltar a dádiva de se tornar mãe. As filhas de Israel sempre tiveram a expectativa de se tornarem a mãe do Messias prometido. A criação de filhos é uma responsabilidade, pais e mães devem assumir esse papel, ensinando seus filhos a temerem o Senhor (Pv. 22.6). Evidentemente, não estamos isentos das consequências da Queda, os filhos poderão se desviar por outros caminhos, e se distanciarem do Senhor, optando pela desobediência. O homem, que trabalhou desde o princípio, agora comeria o pão do suor do seu rosto. Isso quer dizer que o trabalho se tornaria mais pesado, seus dias de vida também seria diminuídos na terra. É importante ressaltar que em Cristo o trabalho, ainda que seja pesaroso, é uma forma de glorificar a Deus (I Co. 10.31). Em relação aos dias de vida na terra, sabemos que a morte não é o fim, pois aqueles que creem em Cristo, ainda que morram, viverão (Jo. 11.25).

CONCLUSÃO

A Queda foi uma tragédia para os seres humanos, a opção pelo pecado continua acarretando consequências terríveis. O desejo por uma suposta liberdade resulta em libertinagem, ocasionando sofrimento e miséria. Mas nem tudo está perdido, Deus preparou um plano para a salvação da humanidade, para que todo aquele que crê em Cristo não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Todos aqueles que O recebem tornam-se filhos de Deus (Jo. 1.12), passando a condição de nova criatura (I Co. 5.17), e súdito no Reino de Deus que terá sua completude no porvir.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Por algum tempo, Adão e Eva viveram a mais completa ventura. Aquela harmonia, porém, estava para ser quebrada por uma personagem sinistra e inimiga de todo o bem. 
No entanto, se o Diabo supôs que a obra divina achava-se arruinada para sempre, enganou-se, porque Deus, em seu infinito amor, já havia elaborado, desde a fundação do mundo, o Plano de Salvação para resgatar-nos do pecado.
A Queda de Adão haveria de ser revertida por Jesus Cristo através de sua morte na cruz. [Comentário: A queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29)Jair de Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf. A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm  5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.]  Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

I. O PARAÍSO NO ÉDEN

Após haver plantado um jardim, no Éden, nele o Senhor colocou o homem que criara (Gn 2.8). Dali, caberia a Adão governar o mundo como o representante de Deus na Terra. Ele tinha como tarefas cultivar a Terra e guardar o jardim. [Comentário: A origem do termo Éden é debatida; pode se derivar de um termo acádico que significa “plano” ou “campina”, ou do termo hebraico que significa “prazer” ou “deleite” (da qual vem a associação de Éden com o termo “paraíso”). Éden era aparentemente a região na qual o jardim se situava. A menção da Assíria e dos rios Tigres e Eufrates indicam uma locação ao leste da Palestina, na Mesopotâmia. Sugiro a leitura deste artigo: Qual a verdadeira localização do Jardim do Éden?, disponível em: http://www.cacp.org.br/qual-a-verdadeira-localizacao-do-jardim-do-eden/.]

1. Cultivar a Terra. Adão deveria fazer a cultura da Terra (Gn 2.15). Ele não somente a cultivaria, como dela haveria de criar invenções, utilidades, ciências e artes. Observemos que o Éden localizava-se numa região abundante em ouro (Gn 2.11,12). Ao criar Adão, Deus o dotou de muitas habilidades. [Comentário: O homem é a coroa do programa criativo de Deus e, como tal, ele deve encontrar realização, não em uma vida de ócio, mas em vida de trabalho recompensador em obediência à ordem de Deus. O hebraico por trás deste último termo tem a idéia de proteger contra inimigos. Adão, o primeiro homem, era santo, livre do pecado, e vivendo em perfeita comunhão com Deus. Era o primor da criação de Deus e foi-lhe dada a responsabilidade de trabalhar sob as diretrizes de Deus, no cuidado da sua criação. Esse relacionamento harmônico entre Deus e a raça humana findou por causa da desobediência de Adão e Eva (3.6,14-19; Is 43.27; Rm 5.12). Adão foi colocado dentro desse paraíso e, apesar de certamente se regozijar nesse país das maravilhas, ele também estava lá para cultivá-lo. Olhe outra vez o verso 5: “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn 2.5). Quando colocado no jardim, Adão teve que trabalhar lá: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15). O jardim era bem estabelecido; tinha todos os tipos de árvores para que Adão tivesse comida (Gn 1.29; 2.16). Tinha abundância de água (quatro nascentes). Era bem suprido de recursos minerais (Gn 2.12). Era um lugar de beleza (Gn 2.9).]

2. Guardar o Éden. Não podemos confundir a inocência de Adão com incapacidade intelectual. Santo no corpo e na alma, nosso pai era sábio e perfeitamente capaz de discernir entre o bem e o mal. Aliás, era mais inteligente que nós. Por isso mesmo, Deus o incumbiu de guardar o Éden, pois teria de enfrentar um inimigo mui astuto e sagaz. [Comentário: O termo "inocência" não significa dizer que Adão não possuía capacidade intelectual. O Físico Adauto Lourenço, em seu livro "Gênesis 1 e 2" afirma que a raça pré-diluviana alcançou grande desenvolvimento tecnológico, e temos provas disso em Gênesis, quando lemos sobre Tubalcaim como o primeiro a fazer uso do cobre e do ferro, ligas que não são tão fáceis de se obter; é extraído da natureza sob a forma de minério de ferro que, depois de passado para o estágio de ferro-gusa, através de processos de transformação, é usado na forma de lingotes - é necessário um certo grau de desenvolvimento intelectual para isso. Em Gênesis 4.16–26, Caim teve um filho, Enoque, e edificou uma cidade e lhe deu o seu nome, Enoque. A linhagem de Caim constituiu uma raça de empreendedores impiedosos. Caim, Enoque, Irade, Meujael, Metusael, Lameque formam essa linhagem. Sem dúvida havia linhagens laterais, mas o livro menciona esta porque no fim dela aparece Lameque, em cuja família culminam as características da linhagem. Lameque tinha duas esposas, que lhe deram três filhos: Jabal, um boiadeiro, Jubal, um músico e Tubalcaim, um forjador de metal. A violência de Caim repetiu-se em Lameque, como se vê na sua “canção da espada”. Adão foi colocado no Éden para guardá-lo e lavrá-lo, mas guardar de quem? Do inimigo, o diabo, que estava na terra. Ou as trevas dominariam o Éden, ou a luz do Éden se expandiria na terra. Este é o princípio do Reino de Deus. Guardá-lo dizia respeito ao exercício da autoridade, ou seja, protegê-lo contra as ações danosas do inimigo de Deus. guardar significa que havia um ladrão disposto a destruir o jardim e a comunhão do homem com Deus]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

 "O jardim do Éden estava localizado perto da planície aluvial do rio Tigre e do rio Eufrastes. Alguns acreditam que estava localizado na região correspondente ao atual sul do Iraque; outros sustentam que não há dados suficientes no relato bíblico.
Duas árvores do jardim do Éden tinham importância especial. (1) A 'árvore da vida' provavelmente tinha por fim impedir a morte física. É relacionada com a vida perpétua, em 3.22. O povo de Deus terá acesso à árvore da vida no novo céu e na nova terra (Ap 2.7; 22.2). (2) A 'árvore da ciência do bem e do mal' tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência e à sua palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua vontade" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:CPAD, 1991, pp. 34,35).


II. A TENTAÇÃO NO PARAÍSO

O Éden era um lugar perfeito. A partir daí, a humanidade poderia multiplicar-se e espalhar-se por todo o planeta, ampliando, em amoroso trabalho, o jardim que Deus plantara. Infelizmente, nossos pais caíram na tentação do Diabo. [Comentário: O homem foi imediatamente expulso do Éden, porque este representava o lugar da comunhão com Deus, e era símbolo da vida mais completa e de uma bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme. Foi-lhe vedada a árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na aliança das obras.]

1. O agente ativo da tentação. A fim de induzir a raça humana ao pecado, Satanás instrumenta um animal astuto e sagaz, a serpente (Gn 3.1). E, por seu intermédio, dialoga com Eva levando-a à apostasia. Não podemos travar diálogos com o nosso Inimigo, independente do meio que ele usar para nos convencer, pois pecaremos contra Deus. [Comentário: A queda do homem foi ocasionada pela tentação da serpente, que semeou na mente do homem as sementes da desconfiança e da descrença. Louis Berkhof nos informa que “embora indubitavelmente a intenção do tentador fosse levar Adão, o chefe d aliança, a cair, não obstante dirigiu-se a Eva, provavelmente porque (a) não exercia a chefia da aliança, e portanto, não teria o mesmo senso de responsabilidade; (b) não recebeu diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e, por conseguinte, seria mais suscetível de ceder à argumentação e duvidar; e (c) seria sem dúvida o instrumento mais eficiente para alcançar o coração de Adão” Teologia Sistemática de Louis Berkhof - Editora Cultura Cristã; pág 206.]

2. O agente passivo da tentação. Adão era o guardião do Éden. Todavia, não soube como resguardar a esposa, que acabou sendo seduzida pelo Diabo. Iludida, Eva pecou: "E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6). Adão e Eva deixaram-se levar pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos olhos e pela soberba da vida (1 Jo 3.16). Adão e Eva pecaram de forma voluntária e cônscia. Biblicamente, são os responsáveis pela introdução do pecado no mundo (Rm 5.12). [Comentário: Se foi Eva que pecou par que Adão foi imputado? Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes; e, portanto, a culpa de seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte (Rm 5.12). Quanto a isso, Louis Berkhof escreve: “O curso seguido pelo tentador é bem claro. Em primeiro lugar, ele semeia as sementes da dúvida pondo em questão as boas intenções de Deus e insinuando que sua ordem era realmente uma violação da liberdade e dos direitos do homem. Quando nota, pela reação de Eva, que a semente tinha criado raiz, acrescenta as sementes da descrença e do orgulho, negando que a transgressão resultaria na morte e dando a entender claramente que a ordem divina fora motivada pelo objetivo egoísta de manter o homem em sujeição Teologia Sistemática de Louis Berkhof - Editora Cultura Cristã; pág 206.]


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"A raça humana está ligada a Deus mediante a fé na sua palavra como a verdade absoluta. Satanás, porque sabia disso, procurou destruir a fé que Eva tinha no que Deus dissera, causando dúvidas contra a palavra divina. Satanás insinuou que Deus não estava falando sério no que dissera ao casal. Noutras palavras, a primeira mentira proposta por Satanás foi uma forma de antinominianismo, negando o castigo da morte pelo pecado e apostasia. Um dos pecados capitais da humanidade é a falta de fé na Palavra de Deus. É admitir que, de certo modo, Deus não fala sério sobre o que Ele diz da salvação, da justiça, do pecado, do julgamento e da morte. A mentira mais persistente de Satanás é que o pecado proposital e a rebelião contra Deus, sem arrependimento, não causarão, em absoluto, a separação de Deus e a condenação eterna.
Satanás, desde o princípio da raça humana, tenta os seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive decidindo por conta própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua tentativa de serem 'como Deus', abandonam o Deus onipotente e daí surgem os falsos deuses. O ser humano procura, hoje, obter conhecimento moral e discernimento ético partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 36). 

III. O JUÍZO DE DEUS

Satanás enganou, mentiu e prometeu o que nem ele mesmo possuía. O juízo de Deus, portanto, não tardaria a vir sobre a serpente, sobre a mulher e sobre o homem. [Comentário: O registro das Escrituras sobre a queda fornece a única explicação adequada para o presente estado decaído do homem e o mal que nos cerca. É também mediante este plano de fundo tenebroso que as resplandecentes glórias da misericórdia e da graça de Deus surgem. Nossa compreensão mínima das glórias de Cristo e Seu Evangelho é diretamente proporcional ao nosso entendimento da tragédia de Adão e sua condenação.]

1. Sobre a serpente. Devido à sua natureza, a serpente é um tipo perfeito de Satanás: esperta, sagaz e oportunista (Ef 6.11). Agora, ela seria obrigada a comer pó (Gn 3.14). Mesmo no Milênio, quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65.25).
Em seguida, Deus decreta a inimizade entre a serpente e a mulher, como também a promessa da redenção: "E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15). Apesar da Queda, Eva seria auxiliar de Deus. Veja suas declarações ao dar à luz Caim e Sete (Gn 4.1,25). Séculos mais tarde, Maria haveria de enaltecer o Eterno de Israel por ter sido escolhida como a mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-56). [Comentário: No Antigo Oriente, a serpente desempenhava um grande papel como potência de fertilidade (Canaã) e como força política (Egito). A serpente serve de máscara para um ser hostil a Deus e inimigo do homem. O verso 15 se dirige à serpente por trás da serpente, Satanás, o dragão mortífero: “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo...” (Ap 12.9). No divino julgamento sobre a serpente em Gênesis 3:14-15 é encontrada uma das maiores promessas da salvação em toda a Bíblia (v. 15). Esta promessa foi chamada de protoevangelho [Latim: proto, primeiro + evangelium, evangelho].]

2. Sobre a mulher. A fim de punir a desobediência de Eva, o Senhor torna-lhe a maternidade estressante e mui dolorosa. Não bastasse, sujeita a mulher ao governo do homem: "Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3.16; Ef 5.22,23).
Apesar da Queda, não são poucas as filhas de Eva elogiadas por sua incomum virtude e cooperação no Reino de Deus (Pv 31.10-30; 2 Jo 1-13). Sara, Débora, Ester, Maria e Priscila são apenas alguns desses belos exemplos. [Comentário: A mulher não é amaldiçoada de forma direta, embora seja óbvio que ela incorre em maldição geral de Deus. No entanto, grandes dificuldades existirão no seu papel de esposa e mãe. A maternidade passará por grande sofrimento. A frase: “Teu desejo será para teu marido,” pode descrever uma das seguintes opções: (1) O relacionamento da mulher com seu marido seria marcado pelo anelo e a falta de satisfação. (2) A mulher que buscou independência de Deus agora teria um desejo exagerado ou uma ânsia pelo homem. (3) O relacionamento entre o homem e a mulher seria marcado pelo conflito; a mulher “desejaria” dominar seu marido, e seu marido exerceria seu “domínio” sobre ela. A terceira interpretação parece especialmente provável à luz de uma construção de palavras similar em Gênesis 4:7: “Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”]

3. Sobre o homem. Deus denuncia Adão como o responsável pela Queda da humanidade. Conforme escreve o apóstolo Paulo, o pecado entrou no mundo não por uma mulher, nem pelo Diabo, mas por intermédio de um homem (Rm 5.12). Por isso, o juízo divino recai com mais dureza sobre o nosso primeiro genitor. E, por causa dele, a Terra faz-se maldita. Por causa de sua desobediência a Deus, os dias de Adão e de seus descendentes seriam mais trabalhosos. Seu sustento seria obtido com um trabalho mais árduo, e teria de conviver com adversidades, e com o fim de sua própria existência: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19).  Adão viu, a duras penas, o preço de se desobedecer a Deus e à sua Palavra. [Comentário: Deus criou Adão para ser o representante ou cabeça de toda a raça humana. Como cabeça, Adão agiu em nome de toda a humanidade, e as consequências de suas ações afetam a todos nós. Como aquele que tem a maior responsabilidade, a sentença sobre Adão é mais longa e mais abrangente. Da mesma forma que o castigo de Eva se relaciona ao centro de sua vida, assim também é o caso com Adão. Ele tinha sido colocado no jardim, mas agora terá que obter seu sustento do solo “pelo suor de sua fronte” (versos 17 a 19). Com dor comerás indica dificuldades do homem no seu papel fundamental como trabalhador/sustentador; o trabalho terá dificuldades e futilidades (espinhos e cardos... no suor do teu rosto). Esta batalha que dura toda a vida só terminará na morte. Adão não somente terá que lavrar o solo para obter seu sustento, mas ele finalmente retornará ao pó. A morte espiritual já aconteceu (cf. versos 7 e 8). A morte física começou. Distante da vida que Deus dá, o homem simplesmente (embora lentamente) retorna ao seu estado original - pó (cf. 2:7).]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Os pecados estão refletidos nas punições, as quais foram aplicadas em partes. A serpente foi amaldiçoada. A serpente posou como supremamente sábia, mas sua maneira de se locomover sempre seria símbolo de tal humilhação. A frase 'sobre o teu ventre' não significa que a serpente tinha originalmente pernas e a perdeu no momento em que a maldição foi imposta, mas que seu modo habitual de locomoção tipificava seu castigo. A frase 'pó comerás' é idiomaticamente equivalente a 'tu serás humilhado' (cf. Sl 72.9; Is 49.23), onde a frase 'lamberão o pó' tem claramente este significado. O castigo envolveria inimizade, hostilidade entre as pessoas. A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher, têm ambas sentido fortemente pessoal. 
O castigo da mulher seria o oposto do 'prazer' que ela procurou no versículo 6. Ela conheceria a dor no parto, que é bem diferente do novo tipo de vida que ela tentou alcançar pela desobediência. Igualmente, a futura ligação do seu desejo ao seu marido era repreensão à sua decisão de buscar independência.
Deus pôs uma maldição diretamente na terra em vez de colocá-la no homem. Adão foi comissionado a trabalhar com a terra, mas não seria por puro prazer "(Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 40).

CONCLUSÃO

Deus não foi apanhado de surpresa pela Queda de Adão, pois o Cordeiro, em sua presciência, já havia sido morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Nossos primeiros pais, de fato, pecaram, mas Deus prometeu redimir toda a humanidade pelo sangue de Cristo, pois Jesus morreu por todos (Jo 1.29). Na genealogia de Jesus, registrada por Lucas, Adão é chamado de filho de Deus (Lc 3.38). Maravilhosa graça!
Portanto, apesar da aparente vitória do pecado, o Senhor Jesus, o segundo Adão, veio para resgatar-nos das mãos de Satanás: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Co 15.22).  Somente Jesus Cristo pode-nos resgatar do pecado. [Comentário: Em relação à queda, Deus “imputou” o pecado de Adão em todos os homens. As palavras “imputar” e “imputação” vêm do verbo latino imputare que significa “considerar, calcular, atribuir, ou colocar na conta de alguém”. Deus atribui ou cobra o pecado de Adão da conta de cada homem. Desde seu nascimento todos os homens são considerados e tratados como pecadores por causa do pecado de Adão. Todos os homens carregam a culpa do pecado de Adão e sua penalidade. A explicação bíblica para a presença do pecado no mundo bom de Deus é que ele entrou ou invadiu “por” ou “através de” a desobediência de um homem, Adão. “… e pelo pecado, a morte…”: O pecado entrou no mundo através do primeiro ato de desobediência de Adão, e a morte entrou no mundo através do pecado — uma cadeia de eventos devastadora. É extremamente importante notar que a morte não entrou em nosso mundo como uma “consequência natural” do pecado, mas como a penalidade divina pelo pecado. A morte é a punição, ou o salário, do pecado (Gn 2.17; Ez 18.4; Rm 6.23). Ap 13.8 afirma que desde a fundação do mundo, isto é, antes da criação (1Pe 1.20) Deus providenciou para que a morte eterna fosse eliminada por Cristo Jesus. A justificação declarada por Deus é possível unicamente pela substituição de Jesus Cristo (2Co 5.7-17-21; Rm 3.21-26). A santificação completa da corrupção pecaminosa no homem é restrita a lavagem do coração com o sangue de Jesus (2Ts 2.13,14; Tt 3.5-6; 1Pe 1.18-23; Ap 1.5-6). Assim a vida eterna é outorgada ao pecador que se arrepende dos pecados e crê pela fé na obra salvadora de Cristo.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.



Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.

Nenhum comentário:

Postar um comentário