SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Deus criou o homem e a mulher com livre arbítrio,
possibilidade de escolher entre o certo e o errado. Mas como veremos na aula de
hoje, eles optarem pela desobediência, trazendo sobre eles consequências
drásticas. Inicialmente mostraremos a realidade do Éden, o paraíso perdido
pelos nossos pais, em seguida, como aconteceu o processo da tentação e queda. E
ao final, as consequências da Queda, mas sem esquecer-se do plano divino para redenção
humana.
1. ÉDEN, O
PARAÍSO PERDIDO
Após a criação dos céus e da terra Deus plantou um
jardim, o qual foi denominado de Éden, e ali colocou o homem e a mulher, coroa
da Sua criação (Gn. 2.8). Uma das missões de Adão, em relação àquele Jardim,
deveria ser guardá-lo, cultivando-o com vistas à produtividade (Gn. 2.15).
Alguns estudiosos acreditam que o Jardim do Éden se encontrava onde atualmente
está o sul do Iraque, ainda que existam controvérsias quanto a essa
localização. O mais importante é saber que esse local deveria ser cultivado,
Adão teria a oportunidade de exercitar sua criatividade. Infelizmente, conforme
veremos mais adiante, por causa da Queda, o ser humano perdeu o acesso ao
Jardim. A terra, como a conhecemos atualmente, sofre as consequências do pecado
de Adão e Eva (Rm. 8.22) A destruição do habitat humana é uma demonstração da
condição de Queda. Por causa da ganância famigerada do ser humano a criação de
Deus está sendo destruída. Os cristãos, que foram alcançados pela graça de
Deus, devem se envolver integralmente na construção do Reino de Deus, incluindo
a preservação do meio ambiente. Estamos cientes que o Jardim de Deus somente
estará completo na dimensão escatológica, pois o próprio Cristo é a Árvore da
Vida (Ap. 22.2). Enquanto isso, temos a responsabilidade de preservar a natureza,
sem adorá-la como fazem alguns ambientalistas, antes assumindo nosso
compromisso com a manutenção do espaço no qual vivemos. O Paraíso começou em um
Jardim, mas a consumição dos séculos ocorrerá em uma Cidade. O projeto de Deus
envolve tanto a esfera rural quanto urbana, pois na Cidade Celestial também
haverá um Jardim, para a saúde das nações (Ap. 2.7).
2. TENTAÇÃO,
QUEDA E PECADO
Deus colocou Adão e Eva no Jardim, recebendo de
Deus a missão de se multiplicar (Gn. 1.28), antes mesmo da Queda. A esse
respeito é importante esclarecer que o pecado original nada tem a ver com o
sexo. O relacionamento sexual é uma dádiva de Deus, e deveria ser usufruído
pelo homem e pela mulher. Uma ala da filosofia grega que proíbe o casamento, e
o relacionamento sexual, foi inserida na igreja, resultando em uma percepção
negativa do ato sexual, tal ensinamento nada tem a ver com a Bíblia (I Co. 7.5;
Hb. 13.4). O ato sexual é pecaminoso quando esse é praticado fora do casamento,
desrespeitando os princípios estabelecidos pela Palavra de Deus (I Co. 6.18; I
Ts. 4.3-5). O homem e a mulher caíram quando decidiram desobedecer ao
mandamento divino, ou seja, não poderia comer da árvore do conhecimento do bem
e dom mal. O desconhecimento, às vezes, é uma dádiva divina, não precisamos
experimentar todas as coisas. Há pessoas que estão envolvidas em vícios, e tem
dificuldade para abandoná-los, melhor seria que não tivessem se iniciado em
tais práticas. Satanás foi astuto e sagaz, ele se apropriou da serpente, e
aproveitou um momento solitário de Eva para tenta-la. Ao que tudo indica, Eva
não ouviu o próprio Deus dizer que não deveria comer do fruto, Adão repassou
essa informação para ela. A mensagem de Satanás é sempre no intuito de
contrariar a Palavra de Deus. Quando Deus diz que não se deve comer, ele diz
que se comer não causa mal, e até apresenta vantagens. Eva sabia que não
deveria comer o fruto, até exagerou na proibição, dizendo que “não deveria
sequer tocá-lo”. Mas não resistiu aos apelos do Inimigo, pois viu que o fruto era
“agradável aos olhos”, “desejável”, “comeu” e “deu também ao seu marido”. (Gn.
3.16). O pecado começa causando atração, apelando à concupiscência da carne, à
concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo. 3.16). Em Adão toda a
humanidade caiu, os primeiros pais se tornaram responsáveis pela introdução do
pecado no mundo, mas isso não quer dizer que nós não somos inescusáveis perante
Deus. A humanidade herdou de Adão a natureza pecaminosa, mas cada pessoa é
culpada pelos seus pecados (Rm. 5.12).
3. AS
CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA
O pecado trouxe sérias consequências para a
humanidade, e para a criação como um todo. A serpente seria obrigada a comer o
pó da terra (Gn. 3.14). Ela se tornaria inimiga da mulher, principalmente da
Sua semente, uma alusão ao Ungido de Deus, que viria como Salvador do mundo.
Maria foi escolhida como a mãe do Salvador (Lc. 1.46-56), e Jesus, no calvário,
pisou a cabeça da antiga serpente. Como diziam os reformadores, esse é o
primeiro texto profético, que antecipa a vinda de Cristo, uma espécie de
protoevangelho. A mulher teria filhos, mesmo antes da Queda, mas por causa da
desobediência, o parto se tornaria mais doloroso (Gn. 3.16). Mesmo assim, não
podemos deixar de ressaltar a dádiva de se tornar mãe. As filhas de Israel sempre
tiveram a expectativa de se tornarem a mãe do Messias prometido. A criação de
filhos é uma responsabilidade, pais e mães devem assumir esse papel, ensinando
seus filhos a temerem o Senhor (Pv. 22.6). Evidentemente, não estamos isentos
das consequências da Queda, os filhos poderão se desviar por outros caminhos, e
se distanciarem do Senhor, optando pela desobediência. O homem, que trabalhou
desde o princípio, agora comeria o pão do suor do seu rosto. Isso quer dizer
que o trabalho se tornaria mais pesado, seus dias de vida também seria
diminuídos na terra. É importante ressaltar que em Cristo o trabalho, ainda que
seja pesaroso, é uma forma de glorificar a Deus (I Co. 10.31). Em relação aos
dias de vida na terra, sabemos que a morte não é o fim, pois aqueles que creem
em Cristo, ainda que morram, viverão (Jo. 11.25).
CONCLUSÃO
A Queda foi uma tragédia para os seres humanos, a
opção pelo pecado continua acarretando consequências terríveis. O desejo por
uma suposta liberdade resulta em libertinagem, ocasionando sofrimento e
miséria. Mas nem tudo está perdido, Deus preparou um plano para a salvação da
humanidade, para que todo aquele que crê em Cristo não pereça, mas tenha a vida
eterna (Jo. 3.16). Todos aqueles que O recebem tornam-se filhos de Deus (Jo. 1.12),
passando a condição de nova criatura (I Co. 5.17), e súdito no Reino de Deus
que terá sua completude no porvir.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Por algum tempo, Adão e Eva
viveram a mais completa ventura. Aquela harmonia, porém, estava para ser
quebrada por uma personagem sinistra e inimiga de todo o bem.
No entanto, se o Diabo supôs que
a obra divina achava-se arruinada para sempre, enganou-se, porque Deus, em seu
infinito amor, já havia elaborado, desde a fundação do mundo, o Plano de
Salvação para resgatar-nos do pecado.
A Queda de Adão haveria de ser
revertida por Jesus Cristo através de sua morte na cruz. [Comentário: A queda do primeiro casal foi
devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo
completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da
queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em
nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o
Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de
matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode
conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que
afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade
que aguarda os filhos de Deus: ...mas,
como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29)Jair de Almeida, em O
Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em:
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf.
A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida
do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o
posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade
está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a
inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem
desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso
ancestral comum (At 17.26; Rm 5.12-14).
Apocalipse 12.9 identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma
corpórea.] Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?
I. O PARAÍSO NO ÉDEN
Após haver plantado um jardim,
no Éden, nele o Senhor colocou o homem que criara (Gn 2.8). Dali, caberia a
Adão governar o mundo como o representante de Deus na Terra. Ele tinha como
tarefas cultivar a Terra e guardar o jardim. [Comentário: A origem do termo Éden é debatida; pode se derivar de um
termo acádico que significa “plano” ou “campina”, ou do termo hebraico que
significa “prazer” ou “deleite” (da qual vem a associação de Éden com o termo
“paraíso”). Éden era aparentemente a região na qual o jardim se situava. A
menção da Assíria e dos rios Tigres e Eufrates indicam uma locação ao leste da
Palestina, na Mesopotâmia. Sugiro a leitura deste artigo: Qual a verdadeira
localização do Jardim do Éden?, disponível em: http://www.cacp.org.br/qual-a-verdadeira-localizacao-do-jardim-do-eden/.]
1. Cultivar a Terra. Adão deveria fazer a cultura da
Terra (Gn 2.15). Ele não somente a cultivaria, como dela haveria de criar
invenções, utilidades, ciências e artes. Observemos que o Éden localizava-se
numa região abundante em ouro (Gn 2.11,12). Ao criar Adão, Deus o dotou de
muitas habilidades. [Comentário: O homem é a coroa do programa
criativo de Deus e, como tal, ele deve encontrar realização, não em uma vida de
ócio, mas em vida de trabalho recompensador em obediência à ordem de Deus. O
hebraico por trás deste último termo tem a idéia de proteger contra inimigos.
Adão, o primeiro homem, era santo, livre do pecado, e vivendo em perfeita
comunhão com Deus. Era o primor da criação de Deus e foi-lhe dada a
responsabilidade de trabalhar sob as diretrizes de Deus, no cuidado da sua
criação. Esse relacionamento harmônico entre Deus e a raça humana findou por
causa da desobediência de Adão e Eva (3.6,14-19; Is 43.27; Rm 5.12). Adão foi
colocado dentro desse paraíso e, apesar de certamente se regozijar nesse país
das maravilhas, ele também estava lá para cultivá-lo. Olhe outra vez o verso 5:
“Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva
do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e
também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn 2.5). Quando colocado no
jardim, Adão teve que trabalhar lá: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o
colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15). O jardim
era bem estabelecido; tinha todos os tipos de árvores para que Adão tivesse
comida (Gn 1.29; 2.16). Tinha abundância de água (quatro nascentes). Era bem
suprido de recursos minerais (Gn 2.12). Era um lugar de beleza (Gn 2.9).]
2. Guardar o Éden. Não podemos confundir a inocência de Adão com incapacidade
intelectual. Santo no corpo e na alma, nosso pai era sábio e perfeitamente
capaz de discernir entre o bem e o mal. Aliás, era mais inteligente que nós.
Por isso mesmo, Deus o incumbiu de guardar o Éden, pois teria de enfrentar um
inimigo mui astuto e sagaz. [Comentário: O termo "inocência"
não significa dizer que Adão não possuía capacidade intelectual. O Físico
Adauto Lourenço, em seu livro "Gênesis 1 e 2" afirma que a raça
pré-diluviana alcançou grande desenvolvimento tecnológico, e temos provas disso
em Gênesis, quando lemos sobre Tubalcaim como o primeiro a fazer uso do cobre e
do ferro, ligas que não são tão fáceis de se obter; é extraído da natureza sob
a forma de minério de ferro que, depois de passado para o estágio de
ferro-gusa, através de processos de transformação, é usado na forma de lingotes
- é necessário um certo grau de desenvolvimento intelectual para isso. Em
Gênesis 4.16–26, Caim teve um filho, Enoque, e edificou uma cidade e lhe deu o
seu nome, Enoque. A linhagem de Caim constituiu uma raça de empreendedores
impiedosos. Caim, Enoque, Irade, Meujael, Metusael, Lameque formam essa
linhagem. Sem dúvida havia linhagens laterais, mas o livro menciona esta porque
no fim dela aparece Lameque, em cuja família culminam as características da
linhagem. Lameque tinha duas esposas, que lhe deram três filhos: Jabal, um
boiadeiro, Jubal, um músico e Tubalcaim, um forjador de metal. A violência de
Caim repetiu-se em Lameque, como se vê na sua “canção da espada”. Adão foi
colocado no Éden para guardá-lo e lavrá-lo, mas guardar de quem? Do inimigo, o
diabo, que estava na terra. Ou as trevas dominariam o Éden, ou a luz do Éden se
expandiria na terra. Este é o princípio do Reino de Deus. Guardá-lo dizia
respeito ao exercício da autoridade, ou seja, protegê-lo contra as ações danosas
do inimigo de Deus. guardar significa que havia um ladrão disposto a destruir o
jardim e a comunhão do homem com Deus]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"O jardim do Éden estava localizado
perto da planície aluvial do rio Tigre e do rio Eufrastes. Alguns acreditam que
estava localizado na região correspondente ao atual sul do Iraque; outros
sustentam que não há dados suficientes no relato bíblico.
Duas árvores do jardim do Éden tinham importância
especial. (1) A 'árvore da vida' provavelmente tinha por fim impedir a morte
física. É relacionada com a vida perpétua, em 3.22. O povo de Deus terá acesso
à árvore da vida no novo céu e na nova terra (Ap 2.7; 22.2). (2) A 'árvore da
ciência do bem e do mal' tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua
obediência e à sua palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de
optar livremente por amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e
rebelar-se contra a sua vontade" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro:CPAD, 1991, pp. 34,35).
II. A TENTAÇÃO NO PARAÍSO
O Éden era um lugar perfeito. A partir daí, a
humanidade poderia multiplicar-se e espalhar-se por todo o planeta, ampliando,
em amoroso trabalho, o jardim que Deus plantara. Infelizmente, nossos pais
caíram na tentação do Diabo. [Comentário: O homem foi imediatamente expulso do Éden, porque este representava o
lugar da comunhão com Deus, e era símbolo da vida mais completa e de uma
bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme. Foi-lhe vedada
a árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na aliança das
obras.]
1. O agente ativo da tentação. A fim de induzir a raça humana ao pecado, Satanás
instrumenta um animal astuto e sagaz, a serpente (Gn 3.1). E, por seu
intermédio, dialoga com Eva levando-a à apostasia. Não podemos travar diálogos
com o nosso Inimigo, independente do meio que ele usar para nos convencer, pois
pecaremos contra Deus. [Comentário: A queda do homem foi ocasionada pela tentação da
serpente, que semeou na mente do homem as sementes da desconfiança e da
descrença. Louis Berkhof nos informa que “embora indubitavelmente a intenção
do tentador fosse levar Adão, o chefe d aliança, a cair, não obstante
dirigiu-se a Eva, provavelmente porque (a) não exercia a chefia da aliança, e
portanto, não teria o mesmo senso de responsabilidade; (b) não recebeu
diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e, por conseguinte, seria
mais suscetível de ceder à argumentação e duvidar; e (c) seria sem dúvida o
instrumento mais eficiente para alcançar o coração de Adão” Teologia
Sistemática de Louis Berkhof - Editora Cultura Cristã; pág 206.]
2. O agente passivo da tentação. Adão era o guardião do Éden. Todavia, não
soube como resguardar a esposa, que acabou sendo seduzida pelo Diabo. Iludida,
Eva pecou: "E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e
agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6).
Adão e Eva deixaram-se levar pela concupiscência da carne, pela concupiscência
dos olhos e pela soberba da vida (1 Jo 3.16). Adão e Eva pecaram de forma
voluntária e cônscia. Biblicamente, são os responsáveis pela introdução do pecado
no mundo (Rm 5.12). [Comentário: Se foi Eva que pecou par que Adão foi imputado?
Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe
representativo de todos os seus descendentes; e, portanto, a culpa de seu
pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte
(Rm 5.12). Quanto a isso, Louis Berkhof escreve: “O curso seguido pelo
tentador é bem claro. Em primeiro lugar, ele semeia as sementes da dúvida pondo
em questão as boas intenções de Deus e insinuando que sua ordem era realmente
uma violação da liberdade e dos direitos do homem. Quando nota, pela reação de
Eva, que a semente tinha criado raiz, acrescenta as sementes da descrença e do
orgulho, negando que a transgressão resultaria na morte e dando a entender
claramente que a ordem divina fora motivada pelo objetivo egoísta de manter o
homem em sujeição” Teologia Sistemática de Louis Berkhof -
Editora Cultura Cristã; pág 206.]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A raça humana está ligada a Deus mediante a
fé na sua palavra como a verdade absoluta. Satanás, porque sabia disso,
procurou destruir a fé que Eva tinha no que Deus dissera, causando dúvidas
contra a palavra divina. Satanás insinuou que Deus não estava falando sério no
que dissera ao casal. Noutras palavras, a primeira mentira proposta por Satanás
foi uma forma de antinominianismo, negando o castigo da morte pelo pecado e
apostasia. Um dos pecados capitais da humanidade é a falta de fé na Palavra de
Deus. É admitir que, de certo modo, Deus não fala sério sobre o que Ele diz da
salvação, da justiça, do pecado, do julgamento e da morte. A mentira mais
persistente de Satanás é que o pecado proposital e a rebelião contra Deus, sem
arrependimento, não causarão, em absoluto, a separação de Deus e a condenação
eterna.
Satanás, desde o princípio da raça humana, tenta os
seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive decidindo por
conta própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua tentativa de
serem 'como Deus', abandonam o Deus onipotente e daí surgem os falsos deuses. O
ser humano procura, hoje, obter conhecimento moral e discernimento ético
partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só
Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau" (Bíblia de
Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 36).
III. O JUÍZO DE DEUS
Satanás enganou, mentiu e prometeu o que nem ele
mesmo possuía. O juízo de Deus, portanto, não tardaria a vir sobre a serpente,
sobre a mulher e sobre o homem. [Comentário: O registro das Escrituras sobre a queda fornece a única explicação
adequada para o presente estado decaído do homem e o mal que nos cerca. É
também mediante este plano de fundo tenebroso que as resplandecentes glórias da
misericórdia e da graça de Deus surgem. Nossa compreensão mínima das glórias de
Cristo e Seu Evangelho é diretamente proporcional ao nosso entendimento da
tragédia de Adão e sua condenação.]
1. Sobre a serpente. Devido à sua natureza, a serpente é um tipo
perfeito de Satanás: esperta, sagaz e oportunista (Ef 6.11). Agora, ela seria
obrigada a comer pó (Gn 3.14). Mesmo no Milênio, quando a natureza dos animais
for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65.25).
Em seguida, Deus decreta a inimizade entre a
serpente e a mulher, como também a promessa da redenção: "E porei
inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15). Apesar da Queda,
Eva seria auxiliar de Deus. Veja suas declarações ao dar à luz Caim e Sete (Gn
4.1,25). Séculos mais tarde, Maria haveria de enaltecer o Eterno de Israel por
ter sido escolhida como a mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-56). [Comentário: No Antigo Oriente, a serpente desempenhava um
grande papel como potência de fertilidade (Canaã) e como força política
(Egito). A serpente serve de máscara para um ser hostil a Deus e inimigo do
homem. O verso 15 se dirige à serpente por trás da serpente, Satanás, o dragão
mortífero: “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama
diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo...” (Ap 12.9). No divino
julgamento sobre a serpente em Gênesis 3:14-15 é encontrada uma das maiores
promessas da salvação em toda a Bíblia (v. 15). Esta promessa foi chamada de
protoevangelho [Latim: proto, primeiro + evangelium, evangelho].]
2. Sobre a mulher. A fim de punir a desobediência de Eva, o
Senhor torna-lhe a maternidade estressante e mui dolorosa. Não bastasse, sujeita
a mulher ao governo do homem: "Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua
conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele
te dominará" (Gn 3.16; Ef 5.22,23).
Apesar da Queda, não são poucas as filhas de Eva
elogiadas por sua incomum virtude e cooperação no Reino de Deus (Pv 31.10-30; 2
Jo 1-13). Sara, Débora, Ester, Maria e Priscila são apenas alguns desses belos
exemplos. [Comentário: A mulher não é amaldiçoada de forma direta, embora
seja óbvio que ela incorre em maldição geral de Deus. No entanto, grandes
dificuldades existirão no seu papel de esposa e mãe. A maternidade passará por
grande sofrimento. A frase: “Teu desejo será para teu marido,” pode descrever
uma das seguintes opções: (1) O relacionamento da mulher com seu marido seria
marcado pelo anelo e a falta de satisfação. (2) A mulher que buscou
independência de Deus agora teria um desejo exagerado ou uma ânsia pelo homem.
(3) O relacionamento entre o homem e a mulher seria marcado pelo conflito; a
mulher “desejaria” dominar seu marido, e seu marido exerceria seu “domínio”
sobre ela. A terceira interpretação parece especialmente provável à luz de uma
construção de palavras similar em Gênesis 4:7: “Se, todavia, procederes mal,
eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo.”]
3. Sobre o homem. Deus denuncia Adão como o responsável pela Queda da humanidade.
Conforme escreve o apóstolo Paulo, o pecado entrou no mundo não por uma mulher,
nem pelo Diabo, mas por intermédio de um homem (Rm 5.12). Por isso, o juízo
divino recai com mais dureza sobre o nosso primeiro genitor. E, por causa dele,
a Terra faz-se maldita. Por causa de sua desobediência a Deus, os dias de Adão
e de seus descendentes seriam mais trabalhosos. Seu sustento seria obtido com
um trabalho mais árduo, e teria de conviver com adversidades, e com o fim de
sua própria existência: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que
te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te
tornarás" (Gn 3.19). Adão viu, a duras penas, o preço de se
desobedecer a Deus e à sua Palavra. [Comentário: Deus criou Adão para ser o representante ou cabeça
de toda a raça humana. Como cabeça, Adão agiu em nome de toda a humanidade, e
as consequências de suas ações afetam a todos nós. Como aquele que
tem a maior responsabilidade, a sentença sobre Adão é mais longa e mais
abrangente. Da mesma forma que o castigo de Eva se relaciona ao centro de sua
vida, assim também é o caso com Adão. Ele tinha sido colocado no jardim, mas
agora terá que obter seu sustento do solo “pelo suor de sua fronte” (versos 17
a 19). Com dor comerás indica dificuldades do homem no seu
papel fundamental como trabalhador/sustentador; o trabalho terá dificuldades e
futilidades (espinhos e cardos... no suor do teu rosto). Esta batalha que dura
toda a vida só terminará na morte. Adão não somente terá que lavrar o solo para
obter seu sustento, mas ele finalmente retornará ao pó. A morte espiritual já
aconteceu (cf. versos 7 e 8). A morte física começou. Distante da vida que Deus
dá, o homem simplesmente (embora lentamente) retorna ao seu estado original -
pó (cf. 2:7).]
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
"Os pecados estão refletidos nas punições, as
quais foram aplicadas em partes. A serpente foi amaldiçoada. A serpente posou
como supremamente sábia, mas sua maneira de se locomover sempre seria símbolo
de tal humilhação. A frase 'sobre o teu ventre' não significa que a serpente
tinha originalmente pernas e a perdeu no momento em que a maldição foi imposta,
mas que seu modo habitual de locomoção tipificava seu castigo. A frase 'pó
comerás' é idiomaticamente equivalente a 'tu serás humilhado' (cf. Sl 72.9; Is
49.23), onde a frase 'lamberão o pó' tem claramente este significado. O castigo
envolveria inimizade, hostilidade entre as pessoas. A semente da serpente, que
Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher, têm
ambas sentido fortemente pessoal.
O castigo da mulher seria o oposto do 'prazer' que
ela procurou no versículo 6. Ela conheceria a dor no parto, que é bem diferente
do novo tipo de vida que ela tentou alcançar pela desobediência. Igualmente, a
futura ligação do seu desejo ao seu marido era repreensão à sua decisão de
buscar independência.
Deus pôs uma maldição diretamente na terra em vez
de colocá-la no homem. Adão foi comissionado a trabalhar com a terra, mas não
seria por puro prazer "(Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005, p. 40).
CONCLUSÃO
Deus não foi apanhado de surpresa pela Queda de
Adão, pois o Cordeiro, em sua presciência, já havia sido morto desde a fundação
do mundo (Ap 13.8). Nossos primeiros pais, de fato, pecaram, mas Deus prometeu
redimir toda a humanidade pelo sangue de Cristo, pois Jesus morreu por todos
(Jo 1.29). Na genealogia de Jesus, registrada por Lucas, Adão é chamado de
filho de Deus (Lc 3.38). Maravilhosa graça!
Portanto, apesar da aparente vitória do pecado, o
Senhor Jesus, o segundo Adão, veio para resgatar-nos das mãos de Satanás:
"Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão
vivificados em Cristo" (1 Co 15.22). Somente Jesus Cristo pode-nos
resgatar do pecado. [Comentário: Em relação à queda, Deus “imputou” o pecado de Adão
em todos os homens. As palavras “imputar” e “imputação” vêm do verbo latino
imputare que significa “considerar, calcular, atribuir, ou colocar na conta de
alguém”. Deus atribui ou cobra o pecado de Adão da conta de cada homem. Desde
seu nascimento todos os homens são considerados e tratados como pecadores por
causa do pecado de Adão. Todos os homens carregam a culpa do pecado de Adão e
sua penalidade. A explicação bíblica para a presença do pecado no mundo bom de
Deus é que ele entrou ou invadiu “por” ou “através de” a desobediência de um
homem, Adão. “… e pelo pecado, a morte…”: O pecado entrou no mundo através do
primeiro ato de desobediência de Adão, e a morte entrou no mundo através do
pecado — uma cadeia de eventos devastadora. É extremamente importante notar que
a morte não entrou em nosso mundo como uma “consequência natural” do pecado,
mas como a penalidade divina pelo pecado. A morte é a punição, ou o salário, do
pecado (Gn 2.17; Ez 18.4; Rm 6.23). Ap 13.8 afirma que desde a fundação do
mundo, isto é, antes da criação (1Pe 1.20) Deus providenciou para que a morte
eterna fosse eliminada por Cristo Jesus. A justificação declarada por Deus é
possível unicamente pela substituição de Jesus Cristo (2Co 5.7-17-21; Rm
3.21-26). A santificação completa da corrupção pecaminosa no homem é restrita a
lavagem do coração com o sangue de Jesus (2Ts 2.13,14; Tt 3.5-6; 1Pe 1.18-23;
Ap 1.5-6). Assim a vida eterna é outorgada ao pecador que se arrepende dos
pecados e crê pela fé na obra salvadora de Cristo.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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