sexta-feira, 30 de outubro de 2015

LIÇÃO 5: CAIM ERA DO MALIGNO




SUBSÍDIO I

Caim era do Maligno

O capítulo 4 do livro do Gênesis apresenta a consumação do pecado e sua história de implicações práticas para o gênero humano. O assassinato de Abel por seu irmão, Caim, é
o símbolo do alcance do mal quando este domina o coração humano. E o consequente banimento de Caim da presença de Deus mostra o quanto o homem se afasta da presença do Altíssimo quando decide em seu coração fazer o mal.
O caminho de Caim se torna o caminho de todos nós, quando desejamos em nosso coração a vingança, o “dar o troco”, o revide, ou seja, tudo o que passa na contramão do filtro de Jesus Cristo: ame o vosso inimigo.
Tudo começa bem na vida do ser humano. Assim, Caim nasceu e cresceu numa família que devotava a vida a Deus, tanto que a sua mãe, Eva, devotou a Deus ação de graças: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). A vida de Caim para os seus pais era uma bênção de Deus. Um presente.
Adulto, Caim tornara-se um agricultor, pois trabalhava a terra, administrava-a e assim cumpria o plano de Deus estabelecido para a humanidade (Gn 1.26-28). Fazendo assim, Caim obedecia a Deus. Até que, num belo dia, o ciúme, a inveja e o desejo egoístico tomaram o coração de Caim. Seu sacrifício fora rejeitado por Deus e o de seu irmão, aprovado e aceito por Ele. A razão de o Senhor aceitar o sacrifício de Abel e rejeitar o de Caim, embora não esteja totalmente claro nas Escrituras, pelo menos deixa claro que o Senhor olhava e olha com atenção e justiça para o interior do ser humano, de modo que nada lhe escapa o olhar divino.
Caim não se achou aprovado, muito menos aceito, pelo olhar de Deus. Entretanto, essa reprovação de Deus não significava que Caim seria banido de sua presença, pois bastava outro sacrifício com a motivação correta, espontânea e voluntária que o Senhor não haveria de rejeitá-lo. Mas Caim não escolheu o caminho do bem. Ele matou o seu irmão covardemente. O resultado: Caim foi banido da presença de Deus.
O caminho de Caim é muito fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando procuramos fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa parte com retidão.
Qual o caminho que você deseja trilhar: o de Caim ou o de Jesus?
Fonte: Ensinador Cristão

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos a narrativa de dois irmãos, cujas vidas trazem implicações para a humanidade. A história de Caim e Abel ensina a respeito dos fundamentos das relações humanas, bem como sobre o verdadeiro culto a Deus. Inicialmente compararemos as intenções desses irmãos no que tange ao culto, em seguida, mostraremos que as motivações de Caim eram malignas, acarretando no assassinato do seu irmão, com o qual teve que arcar com as consequências.

1. CAIM E ABEL, DOIS IRMÃOS

O nascimento de Caim trouxe a Eva a expectativa de que esse filho seria a semente da mulher (Gn. 4.1), cumprimento da profecia de Gn. 3.15. Mas esse se tornou um discípulo do Diabo, tornando-se homicida do seu irmão Abel. A criação de filhos é sempre desafiadora, desde o princípio Deus ordenou a procriação (Gn. 1.28), e o ensino a partir da Torah (Dt. 6.4-7). A expectativa dos pais é a de que seus filhos se tornem bênçãos de Deus, e vivam para a glória dEle (Sl. 127.3). Os textos de sabedoria, como em Pv. 22.6, ensinam a orientar as crianças no caminho correto, para evitar que esses se desviem. No entanto, nada garante que um filho ensinado seguirá as orientações dos seus pais. Isso porque eles crescem com livre arbítrio, a possibilidade de buscar o Senhor, como fez Abel, ou de centrarem neles mesmo, como fez Caim. Este se tornou lavrador, enquanto aquele seguiu a profissão de pastor. Aproveitamos para ressaltar que nenhum trabalho deve ser considerado indigno, contanto que esteja de acordo com os princípios divinos,  que seja para a glória de Deus (Cl. 3.22; I Ts. 4.11) As opções profissionais de Caim e Abel não são determinantes para caracteriza-los quanto ao relacionamento com Deus. Tanto Caim quanto Abel viram seus pais cultuar a Deus, e decidiram fazer o mesmo. Cada um deles trouxe o produto do seu trabalho, Deus aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Segundo o autor da Epístola aos Hebreus, a oferta de Abel foi feita pela fé (Hb. 11.4). Faltou a Caim quebrantamento necessário na presença de Deus (Sl. 51.16,17). Ao invés de buscar a Deus em submissão, Caim seguiu seu próprio caminho, a vontade própria como manifestação da sua incredulidade (Jd. 11). Existem cultos antropocêntricos, que ao invés de glorificar a Deus, enfocam apenas o homem.

2. CAIM, O MALIGNO HOMICIDA

As intenções de Caim eram do Maligno, pois o seu caminho foi aquele de Satanás. Como Caim, muitos estão querendo se aproximar de Deus de forma vã. Ao que tudo indica, Caim ficou rancoroso com seu irmão. Ele não apenas entregou um culto superficial, sem o respaldo divino. O culto de Caim ainda acontece atualmente em muitas igrejas supostamente evangélicas. Há pastores que buscam a mera aprovação pessoal, transformam o culto em um espetáculo. O culto genuíno é feito pelos adoradores que Deus busca, e esses devem fazê-lo em espírito e verdade (Jo. 4.23,24). Algumas igrejas buscam apenas entreter o público, não têm compromisso com a Palavra de Deus, até parecem programas de auditório. Há líderes que fazem concessão dos princípios bíblicos, a fim de angariar mais adeptos, e aumentar seus lucros. O caminho de Caim também é marcado pela contenda, e pelo ódio. Precisamos ter cuidado, pois muitos pastores estão disputando espaço, e na ânsia de agradar ao público, escandalizam o evangelho de Cristo (I Tm. 2.8). A ira de Caim o levou a cometer um crime, premeditando detalhadamente sua ocorrência. Paulo admoesta a irar-se, mas a não pecar, o que não aconteceu com Caim (Ef. 4.26). A ira, ódio e rancor são sentimentos destrutivos, causados pela inveja, e que resulta em pecado. Caim era do Maligno porque ele cultivou a violência, ao invés do amor e sacrifício pelo seu irmão (I Jo. 3.11,12). Essa cultura da morte está impregnada na sociedade contemporânea, que não respeita mais o próximo. Há homicídios acontecendo a todos instante, geralmente por motivos banais. A mídia divulga diariamente crimes que aconteceram por razões torpes, com requintes de crueldade. Mas é preciso ter cuidado, pois o homicídio pode ocorrer também por meio das palavras (Mt.5.21-26). O ódio rancoroso, resultante da inveja, revela distanciamento de Deus (I Jo. 2.9-11).

3. CAIM, O ERRANTE

Caim era do Maligno porque, além de premeditar a morte do irmão, ainda mentiu a esse respeito (Gn. 4.9; I Jo. 3.12; Jo. 8.44). Por causa do seu pecado, tornou-se errante, isso mostra que as decisões erradas trazem consequências. Caim mostrou ser uma pessoa insensível, sem disposição para o arrependimento. Por esse motivo foi amaldiçoado por Deus, para que se torna-se andarilho, sem conseguir encontrar paz. É digno de destaque que ele, a fim de encontrar um lugar de abrigo, construiu uma cidade. O habitat de Deus para o homem começou no Jardim, mas o homem, na tentativa encontrar segurança, construí uma cidade. A cidade é uma metáfora da proposta humana de viver sem Deus. As cidades humanas fracassam porque falta Deus no centro delas. Os cristãos são cidadãos da terra, devem fazer o melhor que puderem para o bem da cidade. Porém,  devem estar cientes que são cidadãos dos céus (Fp. 3.20,21), e não podem perder o foco na cidade celestial (Hb. 11.9-16). A cidade construída por Deus é eterna, e tem como fundamento o próprio Cristo (21.11,23; 22.5). A cidade dos homens é resultante da queda, expressa a vontade de governar sem Deus (Sl. 127.1-5). O resultado, na maioria das vezes, é frustrante, pois, por causa do pecado, a maioria das cidades não funciona. Precisamos orar e trabalhar para o bem das cidades nas quais habitamos, participando do processo de reconstrução do reino de Deus. Mas precisamos ser realistas, e assumir que essas, a menos que sirvam a Deus, estarão fadadas ao fracasso.

CONCLUSÃO

A genealogia de Caim teve um final trágico, termina com Lameque (Gn. 4.19-24), outro homicida prepotente. A maldade humana tem seu fundamento em Satanás, que desde o princípio se opõe a Deus. Caim é um exemplo de todos aqueles que seguem esse caminho, e se distanciam do Senhor. Os cristãos devem seguir o exemplo de Cristo, que é o verdadeiro caminho (Jo. 14.6). A ética de Cristo está fundamentada no amor a Deus e ao próximo, sem o qual nenhuma sociedade se sustenta (Mt. 22.34-40).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

O capítulo 4 de Gênesis apresenta a triste história do primeiro homicídio da Terra. Caim, o primeiro homem nascido de mulher, matou o próprio irmão depois que teve sua oferta recusada por Deus. O que deveria ser uma ocasião de ações de graças enlutou a família de Adão. Caim demonstrou, dessa forma, que era do maligno, que tinha um coração e atitudes que desagradavam a Deus. [Comentário: No capítulo 3 de Gênesis, o homem estava em perfeita comunhão com Deus, no capítulo 4 a raça humana já não tem comunhão com Deus, antes está completamente morta e tende para o mal. Este capítulo também revela como o pecado se espalhou na primeira família e então na sociedade. Verdadeiramente a depravação bem cedo floresceu e se espalhou. A oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não era justo diante de Deus. A Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a Deus é aceito se não estivermos corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is 1.10-15]. Caim se achou no direito te tirar a vida do próprio irmão por pura inveja. O pecado do capítulo 3 está tomando uma nova cara. Vemos em Caim inveja, cobiça, ódio, ira… Triste realidade: a violência cresce! Vemos claramente a violência crescendo a cada dia. A crueldade dos homens parece não ter fim.] Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

1. CAIM, SEGUIDOR DE SATANÁS

1. A semente da mulher. O nascimento de Caim foi acolhido com ações de graças a Deus. Ao contemplar o filhinho, exclamou Eva: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). Eva considerou que seu primeiro filho foi um presente de Deus. A seguir, nasceu Abel, o segundo filho, e a partir daí a narrativa bíblica vai apresentar as profissões de cada um dos irmãos: Caim se tornou um lavrador, e Abel, um pastor.
Satanás, pelo que inferimos dos fatos, não teve muito esforço em aliciar o primeiro filho de Adão. Dessa forma, Caim entra para a História Sagrada como o primeiro discípulo declarado do Diabo, cuja lista seria longa e enfadonha: Faraó, Herodes, Stalin, e alguns contemporâneos nossos. [Comentário: Aqui nós temos o relato inspirado do nascimento das primeiras crianças no mundo. O primeiro recebeu o nome de Caim, que significa "adquirido" ou "obtido". Alguns acreditam que Eva pensou que ele seria o Messias prometido em Gênesis 3.15. Entretanto, parece que ela cedo aprendeu o triste fato de que este mundo é um lugar de tristeza e vazio. O segundo filho se chamou Abel, que quer dizer "vaidade" ou "vapor." Eva deve ter se tornado cada vez mais consciente da destruição que o pecado produziu. Entretanto, o nome de Caim parece mostrar que ela acreditava nas promessas de Deus. Caim foi a primeira pessoa que mostrou o quão perverso o homem poderia ser após os efeitos da entrada do pecado no mundo pelo evento conhecido como “A Queda”; ele não conseguiu dominar sua natureza caída, convidou seu irmão Abel a ir para o campo e lá o atacou matando-o. Como entender que Caim era filho do malígno? “e conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.” (Gn 4.1), “não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (1Jo 3.12), a resposta é que ele era filho fisicamente de Adão e espiritualmente de Satanás: “vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8.44), “disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (At 13.10), mesmo filiação chamada também de filho da desobediência: “em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;” (Ef 2.2), “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 5.6); “pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;” (Cl 3:6). Todo aquele que comete pecado tem filiação com o diabo: “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio...”. (1 Jo 3.8). Isto posto, não apenas Caim, Faraó, Herodes, Stalin, e alguns contemporâneos nossos, mas muitos “crentes” em nosso meio!]

2. O agricultor. Já homem feito, pôs-se Caim a trabalhar a terra, conforme o Senhor havia ordenado (Gn 1.26-28). E, pelo que depreendemos, ele foi muito bem-sucedido como agricultor. A Terra, embora amaldiçoada pela transgressão de seu pai, não lhe negou colheita alguma. Solo arável não lhe faltava naquele mundo sem fronteira. [Comentário: Geralmente é aceito que o nome “Caim” significa “adquirido” (do hebraico gana), porém no original a sua forma exata é “qayin” e também pode significar “lança” ou “ferreiro”. A profissão de Caim era lavrador da terra.]

3. A apostasia de Caim. Apesar de seu sucesso profissional, Caim não se voltou a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23). Antes, deixou-se cooptar pelo Diabo. Este, sempre oportunista, fez daquele jovem o seu principal aliado, objetivando frustrar a redenção da humanidade.
Mas Satanás estava enganado. Embora sagaz, pouco sabia dos reais planos de Deus para a nossa salvação. Enquanto isso, ia o jovem Abel tangendo o seu gado na graça divina. [Comentário: A oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não era justo diante de Deus. A Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a Deus é aceito se não estivermos corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is 1.10-15]. Caim errou no que deveria fazer, especialmente por lhe ter faltado fé: “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” (Hb 11.4), ou seja, por não crer, ele fez diferente do que lhe foi requerido e com isso reprovado.]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“A história dos primeiros dois rapazes nascidos a Adão e Eva realça as repercussões do pecado dentro da unidade familiar. Caim e Abel, tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim gostava de trabalhar com plantas. Abel gostava de estar com animais. Ambos tinham uma disposição de espírito religioso.
Os filhos de Adão levaram sacrifícios ao Senhor, o primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia. Que Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura não quer dizer necessariamente que animais são superiores a plantas para propósitos sacrificiais. Por que atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta fica evidente à medida que a história se desenrola. A primeira pista aparece quase imediatamente. Caim não suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A preferência do Senhor por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o ‘número um’.
O Senhor não estava ausente na hora da adoração. Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o condenou diretamente, mas por meio de um jogo de palavras informou Caim que ele estava em real perigo. Em hebraico, a palavra aceitação é, literalmente, levantamento, e está em contraste com descaiu. Um olhar abatido não é companhia adequada de uma consciência pura ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas de Deus era levar Caim à introspecção e ao arrependimento” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume I. RJ: CPAD, 2005, p.43).



II. O CULTO DE CAIM

A Escritura diz que, passado algum tempo, Caim e Abel trouxeram, do fruto do seu trabalho, uma oferenda ao Senhor.

1. O sacrifício rejeitado. “E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn 4.3). É provável que ele tenha aprendido a cultuar a Deus com o seu pai, Adão, pelo menos, exteriormente. Do fruto de sua colheita, separou uma oferta ao Criador. Podem ter sido frutas, legumes ou cereais, oferendas válidas (Lv 23.10). [Comentário: Note o seguinte texto: “e a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR.” (Gn 4.26); aparentemente, há uma contradição, não é? Como se explica isso? “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.” (Gn 4.3,4); a resposta é simples, de fato, sempre houveram verdadeiros adoradores a Deus, começando pelos nossos pais, Adão e Eva, passando por outros tantos, ocorre que o que houve de especial em Gn 4.26 é que agora a população já estava maior, se fala em adoração pública, distinta das realizadas anteriormente, quando era restrita ao seio do lar, esta é a diferença, uma é reservada, a outra é pública.]

Abel também pôs-se a cultuar o Senhor, oferecendo-lhe as primícias do rebanho (Gn 4.4). Diz o texto sagrado que Deus atentou para o sacrifício de Abel, mas rejeitou o de Caim (Gn 4.5). O problema não estava na oferta, mas no ofertante. Tanto a oferta de animais, como a de frutos da terra, eram igualmente aceitáveis no culto divino. Não nos esqueçamos de que o Senhor viria a reprovar até mesmo a oferta animal ao tornar-se esta formal e impiedosa (Jr 6.20). [Comentário: No texto de Gênesis o único indício que temos sobre o motivo de Deus não aceitar a oferta de Caim está no versículo 7: “Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”. O problema de Caim era “não fazer o bem”. Muitos interpretes tentam explicar essa recusa e três possibilidades são as mais sugeridas:

a.  A primeira sugestão é que Abel ofereceu o melhor que possuía, ao contrário de Caim. Curiosamente essa é a sugestão mais conhecida, porém não existem indicações bíblicas que defendam essa hipótese no texto.

b.  A segunda é que Caim trouxe uma oferta onde não houve um “derramamento de sangue”, e, desta forma, se passou por um homem justo e sem necessidade de qualquer sacrifício pelos pecados. Essa hipótese assume que Deus previamente havia instruído sobre o tipo de oferta que deveria ser apresentada para fazer a expiação pelos pecados, logo, Caim desobedeceu a essa instrução. O versículo 3 do mesmo capítulo é utilizado para defender essa interpretação, afirmando que o sacrifício já era habitual para eles.

c.  A terceira possibilidade defende que a atitude de Caim estava errada, em seu interior em relação a sua comunhão com Deus. Em Hebreus 11.4 é relatado que “foi pela fé” que Abel ofereceu um sacrifício maior que o de Caim, e, por sua ira invejosa, Deus censurou Caim.]

2. A atitude interior reprovada. Por que o Senhor reprovou o sacrifício de Caim? Porque o seu culto não passava de uma mera formalidade. Como se não bastasse, apresentava-se a Deus com a alma tomada pelo ódio. Naquele instante, indaga-lhe o Senhor: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gn 4.6). Por esse motivo, recomenda-nos Paulo: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (1Tm 2.8).
Na Igreja de Deus não pode haver espaço para homens iracundos e contenciosos, que farão da obra do Senhor uma causa de ganho pessoal. Deus não se agrada de pessoas que agem dessa forma. [Comentário:O sacrifício deve ser oferecido com fé, pois, sem fé é impossível agradar a Deus, indiferente do sacrifício. Os dois filhos de Adão trouxeram sacrifício ao Senhor. O Senhor se agradou de um e desagradou-se do outro. E o que levou o Senhor agradar-se de um e do outro não agradar-se está diretamente ligado ao procedimento de fé de cada um dos irmãos. Havia no sacrifício de Abel um ingrediente muito importante chamado fé, ao passo que, Caim, talvez estivesse apenas cumprindo um ritual religioso. O que separa uma vida religiosa de uma vida de intimidade com Deus é o ingrediente “fé” no que fazemos diante de Deus e para Deus. Note que a razão do sacrifício é evidenciar a fé do ofertante: Hebreus 11.4 assevera: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”.]

3. O pecado sempre presente. Se Caim o quisesse, poderia reverter aquela situação, dominando o seu coração homicida. Eis o que lhe aconselha o amoroso Deus: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7).
Caim racionaliza o seu pecado. Recusando-se a fazer o bem, permitiu que Satanás lhe tornasse mal o coração. Neste, o homicídio foi um processo que, germinado pela inveja, frutificou numa ira assassina (Tg 1.13-15). Se não quisermos pecar contra Deus, não permitamos que o pecado nos germine na alma. Arranquemos, pois, as ervas daninhas que Satanás nos lança no íntimo. [Comentário: A diferença entre Caim e Abel pode ser vista em todas as épocas. Os Publicanos e Fariseus nos dão um retrato disto no Novo Testamento [Lc 18.9-14]. O "caminho de Caim" [Judas 11] é o caminho da salvação através das obras e da religião. Deus alertou a Caim, porém, ele não deu ouvidos. Eva foi induzida a pecar e agora Caim não podia o resistir.]


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“‘E irou-se Caim fortemente’ (4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo: ‘Tenho um temperamento agressivo’. Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.28).

III. CAIM NÃO GUARDOU O SEU IRMÃO

O crime de Caim foi doloso. Além de mover um ódio doentio contra o irmão, dissimuladamente levou-o até a cena do crime, onde veio a matá-lo.

1. O crime. Narra o autor sagrado que, estando ambos no campo, longe dos olhos dos pais, Caim insurgiu-se contra Abel e o matou (Gn 4.8). Assassino dissimulado e cruel, aproveitou-se da confiança de seu irmão para matá-lo. Esse fato deve nos servir de aviso: até que ponto estamos nutrindo sentimentos perniciosos contra nossos irmãos a ponto de planejar contra eles o mal ou coisa pior? Que Deus nos faça refletir sobre nossas atitudes e não nos deixe ser pessoas como Caim. [Comentário: Caim não teve pensamentos de arrependimento, nutriu apenas pensamentos de vingança. O Senhor questionou Caim para que ele tivesse oportunidade de se arrepender do seu pecado. Infelizmente o assassino então mentiu. Quando nós seguimos o diabo, agimos da mesma forma que ele [Jo 8.44]. O primeiro homem á morrer sobre a terra foi um filho de Deus, que foi assassinado. Na verdade o ódio de Satanás pelos filhos de Deus é antigo [Gn 3.15; Gl 4.29]. Caim matou Abel porque ele era justo e conhecia o evangelho [1Jo 3.11-13]. O que nos traz conforto é saber que o primeiro homem ao morrer, foi para o céu.]

2. O álibi. Quando inquirido por Deus acerca do paradeiro do irmão, Caim desculpa-se, como se estivesse noutro lugar, quando da morte de Abel: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). O seu álibi é energicamente destruído pelo justo Senhor: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra” (Gn 4.10).
Há muito sangue clamando no mundo. A pergunta não haverá de ser emudecida: “Onde está Abel, teu irmão?” (Gn 4.9). O que responderemos? De fato, somos chamados a demonstrar amor e respeito uns pelos outros, pois somos guardadores de nossos irmãos. [Comentário: O tema do amor fraterno ocorre muito cedo na Escritura; desde o início, fica claro que Deus coloca uma alta prioridade na maneira como irmãos se relacionam. Nest5a passagem, a questão da responsabilidade de um pelo outro surge pela primeira vez. Caim pergunta: “Sou eu guardador do meu irmão?” O termo usado para guardador (Hb shamar) significa “guardar, proteger, prestar atenção, ou considerar.” Somos nós responsáveis pelos outros? “Sem sombra de dúvida” é a resposta de Deus. Nós não somente somos guardadores do nosso irmão, como também somos responsáveis pelo nosso tratamento e pela nossa maneira de relacionar-se com os nossos irmãos (de sangue e espirituais). Em virtude do pecado de Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a terra, retira a sua habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida como fugitivo e errante. Isto indica claramente que a falta de amor fraterno destina a pessoa à esterilidade e ausência de propósito na vida. Extraído de DINÂMICA DO REINO-Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, pág 10]

3. A marca do crime. Como a administração da justiça ainda não havia sido delegada à comunidade humana, o Senhor põe um sinal em Caim, para que ninguém viesse reivindicar-lhe o sangue de Abel (Gn 4.15).
Caim, de fato, não foi penalizado com a morte, mas ficou marcado para o resto de seus dias, dando início a uma geração de assassinos, devassos e inimigos de Deus. [Comentário: O sinal de Caim não é identificável, mesmo porque seus descendentes pereceram no dilúvio. O sinal não era um estigma; antes, tratava-se de uma proteção para Caim e mostrava o incrível amor de Deus até mesmo pelos pecadores impenitentes. Deus demonstrou a gravidade do pecado de Caim e deu-nos a entender que ele era digno de morte, ao declarar: “A voz do sangue de teu irmão clama [por vingança] da terra a mim” (v. 10). Não obstante, até mesmo Caim parece ter reconhecido que ele era merecedor da morte, e pediu proteção a Deus (v. 14).]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“Caim foi amaldiçoado por Deus no sentido de Deus já não abençoar seus esforços para extrair da terra o seu sustento (vv.2,3). Caim não se humilhou com tristeza e arrependimento diante de Deus, pois afastou-se do Senhor e procurou viver sem a sua ajuda (v.16).
O sinal na testa de Caim (4.15) talvez deva ser entendido como posto em Caim para assegurá-lo da promessa de Deus. Caim não sofreu pena de morte nesse tempo. Posteriormente, quando a iniquidade e a violência da raça humana tornou-se extrema na terra, a pena de morte foi instituída (9.5,6).
Caim e seus descendentes foram os cabeças da civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação básica de todas as sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o prazer e reconquistar o ‘paraíso’, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o sistema mundial fundamenta-se no princípio da autorredenção da raça humana na sua rebelião contra Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.39).


CONCLUSÃO

O exemplo de Caim deve nos fazer lembrar de que precisamos ter uma vida íntegra diante de Deus e demonstrar amor e respeito para com o nosso próximo.
Abel foi o primeiro crente a ser arrolado entre os heróis da fé. Quanto a Caim, foi o primeiro ser humano a ter o nome riscado do Livro da Vida.
O que lhe faltava? Uma vida que agradasse a Deus e o exercício do amor fraternal. Quando não se ama como Jesus amou, o homicídio torna-se corriqueiro na vida do homem. Por isso, há tantos homicídios em nosso meio. Homicídios espirituais, morais e emocionais. Lembremo-nos das palavras de João: “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo 3.11,12). [Comentário: Caim e Abel foram pessoas gratas a Deus. Isso num tempo em que nenhuma lei prescrevia que devessem algum tipo de oferta, ou seja, ambos deram voluntariamente (o que também demonstra que não é porque a oferta é voluntária que ela é melhor). Cada um deles ofertou conforme o fruto do seu trabalho. Note que o texto diz que Caim deu um fruto da terra, enquanto Abel ofertou as primícias e a gordura (a melhor parte). Deus se agrada de quem o coloca no lugar certo - o primeiro lugar. De quem lhe oferece o que tem de melhor. Não de quem paga as contas e, se sobrar oferece algo. Não de quem vai à Igreja só quando não tem um programa melhor. Não de quem doa aquilo que ocupa espaço na sua casa e precisa se livrar. Nem aceita a desculpa de que "não é o melhor, mas é sincero"... aqui cabe muito bem o dito popular que reza: “de boas intenções, o inferno está cheio!”. Diante de tudo o que foi exposto, entendo que, uma vida de entrega a Deus só conduz a mais entrega, uma vida afastada de Deus só leva a mais pecados. Não podemos jogar a culpa da rejeição em Deus, se somos rejeitados é porque provocamos isso e, como Deus alerta Caim, há tempo de se corrigir, mas se não houver correção, vai pecar ainda mais - que foi exatamente o que aconteceu.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.



Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.



terça-feira, 27 de outubro de 2015

A BÍBLIA E A FELICIDADE DO CASAMENTO

"Ter uma família, estar casado, gastar tempo com quem se ama é a receita da felicidade". A conclusão é de uma milionária pesquisa mundial realizada pelo economista britânico Paul Dolan. Em texto publicado na revista Veja, edição de 10 julho de 2015, o  pesquisador concluiu que as pessoas mais felizes possuem uma fé sólida, desfrutam a vida da comunidade e os efeitos positivos mais duradouros da felicidade são percebidos no casamento. O que não é nenhuma novidade para quem conhece as Escrituras Sagradas. Os valores descobertos pelos cientistas estão estampados nas páginas da Bíblia e são experimentados diariamente por milhões de pessoas que vivem o genuíno Evangelho de Jesus Cristo. Apesar do modelo social confuso da atualidade, onde a mídia mostra que o casamento é monótono e sem graça, existem homens e mulheres que recusaram a conformar-se com o sistema mundano e lutam para viver os valores da Palavra de Deus.
A família foi ideia de Deus. O Criador realizou o primeiro enlace matrimonial no Eden, após declarar: "Não é bom que o homem esteja só" (Gn 2.18). Trata-se de um fundamento do Seu reino terreno. Mas o plano perfeito de Deus sofreu as interferências de Lúcifer e do pecado do homem. A partir daí, casar, permanecer casado (e feliz) tornou-se um desafio. Formar e manter uma família saudável num mundo tão doente é missão quase impossível. A boa notícia é que Deus já providenciou as ferramentas para tornar real a reconstrução dos relacionamentos. A Bíblia aponta o caminho para o sucesso da caminhada conjugal.
Mas destruir o casamento continua sendo um dos principais alvos do Diabo. Devemos ter a visão correta de quem é o verdadeiro inimigo da felicidade familiar. Quando lhe vier à mente "não consigo passar nem mais um minuto com esta pessoa", é fácil perder a perspectiva correta e focar nas coisas erradas. A serpente envenenou a visão do primeiro casal. Enganado pelo inimigo o homem achou que a mulher era o seu problema, colocando nela a culpa pela queda (Gn 3.12). Mas ambos foram enganados pelo "pai da mentira" (Jo 8.44). Satanás percebeu que poderia atrapalhar o plano de Deus levantando uma barreira no relacionamento conjugal, criando antagonismo, culpa e motivações egoístas.
Os métodos do Diabo não mudaram. Ainda hoje as disputas e trocas de acusações continuam a esmagar os relacionamentos. A atitude correta para derrotar a estratégia de Satanás está estampada na Bíblia Sagrada. Precisamos trilhar o caminho do amor e do perdão: "...perdoei na presença de Cristo [...] a fim de que Satanás não tivesse vantagem sobre nós [...] não ignoramos as suas intenções" (2Co 2.10-11 - NVI). Para restabelecer as conexões entre o casal é necessário ter um coração perdoador. O convívio entre as pessoas que se amam pode causar feridas. Penso que não se pode amar alguém e ficar com raiva dessa pessoa ao mesmo tempo. Mas isso acontece. E quando acontecer é preciso revelar a ferida prontamente. Pois, pessoas feridas ferem e, talvez, você tenha ferido o outro justamente por causa disso. Tenha um diálogo franco e amoroso. Relacionamentos podem partir seu coração, mas Deus pode colar esses pedaços, unindo-os e cobrindo-os com Sua paz ainda mais.
O escritor aos Hebreus ensina: "Cuidem uns dos outros, para que nenhum de vocês deixa de alcançar a graça de Deus. Vigiem para que nenhuma amargura crie raiz entre vocês, pois quando ela brota, causa profunda perturbação, prejudicando muitos na sua vida espiritual” (Hb 12.15 – NBV).
Sem perdão surgem as mágoas e os ressentimentos – um verdadeiro veneno contra nós mesmos. A mágoa é um sentimento sem sentido, desnecessário e doentio, como ensinam as escrituras. "Ficar desgostoso e amargurado é loucura, é falta de juízo, que leva à morte" (Jó 5.2 - NTLH). A mágoa é como atirar em si mesmo, tentando acertar outra pessoa. Simplesmente não funciona. Você sempre machuca mais a si mesmo do que o outro. "Com sua raiva você está se ferindo" Jó 18.4-NTLH).
Uma das características fabulosas da Bíblia é a de não esconder as falhas de seus heróis. Essa verdade se aplica aos relacionamentos conjugais. As crises, os deslizes, as omissões estão presentes no texto sagrado, assim como no dia a dia de nossas histórias. A família de Abraão, Isaque e Jacó viveu situações de mentiras, enganações, traições em uma terrível sequência que se repetiu em várias gerações. Mas eles encontraram a cura e o perdão, que se manifestaram nas vidas de Jacó e de José. A clareza da abordagem na narrativa das experiências familiares das Escrituras demonstra a direção do Espírito Santo para a busca de respostas aos conflitos cotidianos vividos na atualidade. Deus tem a resposta para os seus dilemas pessoais. O mesmo Deus que se aliou aos patriarcas do passado, apresentando-se como "o Deus de Abraão, Isaque e Jacó" (Êx 3.6) e cumpriu todas as promessas feitas a eles, também será fiel a você e todos os que nEle esperam. Não é possível ser feliz no casamento sem amor.
Não apenas o sentimento, mas também o "dom". Adote a perspectiva de Deus sobre relacionamentos. Ame incondicionalmente! O amor é bíblico, e não uma emoção arbitrária. A Bíblia diz "o amor nunca falha" (iCo 13.8 - NVI). Ame para ser feliz. A expressão bíblica que mais se aproxima de felicidade é o conceito judaico-cristão da bem-aventurança. A palavra hebraica "ashréi" foi utilizada no início dos Salmos 1 e 119, indicando que é feliz quem tem prazer na Palavra de Deus. A expressão grega "makarioi" foi usada por Jesus no Sermão do Monte (Mt 5 a 7) afirmando que a felicidade está condicionada a viver a ética do Reino. Ou seja, ser feliz, segundo as Escrituras, é estar disposto a obedecer a Deus, servir e amar ao próximo. E no casamento ou na vida só vive feliz quem aprende a conviver com a incompletude e as imperfeições inescapáveis à condição humana. Abra espaço no seu coração para a felicidade do romance, da vida em família, mesmo com suas lutas e contradições.
Os maiores avanços nos relacionamento correspondem ao retorno às raízes da fé e o resgate dos valores do Reino de Deus. Quando nos apropriamos destes segredos, descobrimos que podemos ter casamentos abençoados e felizes, pois Deus é a fonte da verdadeira felicidade, mesmo em face dos problemas. As palavras de Deus para nós, por meio do profeta Isaías são: "Eu, o SENHOR, sempre os guiarei; até mesmo no deserto, eu lhes darei de comer e farei com que fiquem sãos e fortes. Vocês serão como um jardim bem regado, como uma fonte de onde não pára de correr água" (Is 58.11 - NTLH). Mantenha regado de amor seu jardim particular. Invista em seu casamento. Deus não desiste de você. Não desista também. Lute pelo seu casamento. Lute pela sua família. Seja feliz.


Jairo Ribeiro 
Extraído do Mensageiro da  Paz, ano. 85, n. 1.564, setembro de 2015 (Caderno Família)

sábado, 24 de outubro de 2015

LIÇÃO 4: A QUEDA DA RAÇA HUMANA





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Deus criou o homem e a mulher com livre arbítrio, possibilidade de escolher entre o certo e o errado. Mas como veremos na aula de hoje, eles optarem pela desobediência, trazendo sobre eles consequências drásticas. Inicialmente mostraremos a realidade do Éden, o paraíso perdido pelos nossos pais, em seguida, como aconteceu o processo da tentação e queda. E ao final, as consequências da Queda, mas sem esquecer-se do plano divino para redenção humana.

1. ÉDEN, O PARAÍSO PERDIDO

Após a criação dos céus e da terra Deus plantou um jardim, o qual foi denominado de Éden, e ali colocou o homem e a mulher, coroa da Sua criação (Gn. 2.8). Uma das missões de Adão, em relação àquele Jardim, deveria ser guardá-lo, cultivando-o com vistas à produtividade (Gn. 2.15). Alguns estudiosos acreditam que o Jardim do Éden se encontrava onde atualmente está o sul do Iraque, ainda que existam controvérsias quanto a essa localização. O mais importante é saber que esse local deveria ser cultivado, Adão teria a oportunidade de exercitar sua criatividade. Infelizmente, conforme veremos mais adiante, por causa da Queda, o ser humano perdeu o acesso ao Jardim. A terra, como a conhecemos atualmente, sofre as consequências do pecado de Adão e Eva (Rm. 8.22) A destruição do habitat humana é uma demonstração da condição de Queda. Por causa da ganância famigerada do ser humano a criação de Deus está sendo destruída. Os cristãos, que foram alcançados pela graça de Deus, devem se envolver integralmente na construção do Reino de Deus, incluindo a preservação do meio ambiente. Estamos cientes que o Jardim de Deus somente estará completo na dimensão escatológica, pois o próprio Cristo é a Árvore da Vida (Ap. 22.2). Enquanto isso, temos a responsabilidade de preservar a natureza, sem adorá-la como fazem alguns ambientalistas, antes assumindo nosso compromisso com a manutenção do espaço no qual vivemos. O Paraíso começou em um Jardim, mas a consumição dos séculos ocorrerá em uma Cidade. O projeto de Deus envolve tanto a esfera rural quanto urbana, pois na Cidade Celestial também haverá um Jardim, para a saúde das nações (Ap. 2.7).

2. TENTAÇÃO, QUEDA E PECADO

Deus colocou Adão e Eva no Jardim, recebendo de Deus a missão de se multiplicar (Gn. 1.28), antes mesmo da Queda. A esse respeito é importante esclarecer que o pecado original nada tem a ver com o sexo. O relacionamento sexual é uma dádiva de Deus, e deveria ser usufruído pelo homem e pela mulher. Uma ala da filosofia grega que proíbe o casamento, e o relacionamento sexual, foi inserida na igreja, resultando em uma percepção negativa do ato sexual, tal ensinamento nada tem a ver com a Bíblia (I Co. 7.5; Hb. 13.4). O ato sexual é pecaminoso quando esse é praticado fora do casamento, desrespeitando os princípios estabelecidos pela Palavra de Deus (I Co. 6.18; I Ts. 4.3-5). O homem e a mulher caíram quando decidiram desobedecer ao mandamento divino, ou seja, não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e dom mal. O desconhecimento, às vezes, é uma dádiva divina, não precisamos experimentar todas as coisas. Há pessoas que estão envolvidas em vícios, e tem dificuldade para abandoná-los, melhor seria que não tivessem se iniciado em tais práticas. Satanás foi astuto e sagaz, ele se apropriou da serpente, e aproveitou um momento solitário de Eva para tenta-la. Ao que tudo indica, Eva não ouviu o próprio Deus dizer que não deveria comer do fruto, Adão repassou essa informação para ela. A mensagem de Satanás é sempre no intuito de contrariar a Palavra de Deus. Quando Deus diz que não se deve comer, ele diz que se comer não causa mal, e até apresenta vantagens. Eva sabia que não deveria comer o fruto, até exagerou na proibição, dizendo que “não deveria sequer tocá-lo”. Mas não resistiu aos apelos do Inimigo, pois viu que o fruto era “agradável aos olhos”, “desejável”, “comeu” e “deu também ao seu marido”. (Gn. 3.16). O pecado começa causando atração, apelando à concupiscência da carne, à concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo. 3.16).  Em Adão toda a humanidade caiu, os primeiros pais se tornaram responsáveis pela introdução do pecado no mundo, mas isso não quer dizer que nós não somos inescusáveis perante Deus. A humanidade herdou de Adão a natureza pecaminosa, mas cada pessoa é culpada pelos seus pecados (Rm. 5.12).

3. AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA

O pecado trouxe sérias consequências para a humanidade, e para a criação como um todo. A serpente seria obrigada a comer o pó da terra (Gn. 3.14). Ela se tornaria inimiga da mulher, principalmente da Sua semente, uma alusão ao Ungido de Deus, que viria como Salvador do mundo. Maria foi escolhida como a mãe do Salvador (Lc. 1.46-56), e Jesus, no calvário, pisou a cabeça da antiga serpente. Como diziam os reformadores, esse é o primeiro texto profético, que antecipa a vinda de Cristo, uma espécie de protoevangelho. A mulher teria filhos, mesmo antes da Queda, mas por causa da desobediência, o parto se tornaria mais doloroso (Gn. 3.16). Mesmo assim, não podemos deixar de ressaltar a dádiva de se tornar mãe. As filhas de Israel sempre tiveram a expectativa de se tornarem a mãe do Messias prometido. A criação de filhos é uma responsabilidade, pais e mães devem assumir esse papel, ensinando seus filhos a temerem o Senhor (Pv. 22.6). Evidentemente, não estamos isentos das consequências da Queda, os filhos poderão se desviar por outros caminhos, e se distanciarem do Senhor, optando pela desobediência. O homem, que trabalhou desde o princípio, agora comeria o pão do suor do seu rosto. Isso quer dizer que o trabalho se tornaria mais pesado, seus dias de vida também seria diminuídos na terra. É importante ressaltar que em Cristo o trabalho, ainda que seja pesaroso, é uma forma de glorificar a Deus (I Co. 10.31). Em relação aos dias de vida na terra, sabemos que a morte não é o fim, pois aqueles que creem em Cristo, ainda que morram, viverão (Jo. 11.25).

CONCLUSÃO

A Queda foi uma tragédia para os seres humanos, a opção pelo pecado continua acarretando consequências terríveis. O desejo por uma suposta liberdade resulta em libertinagem, ocasionando sofrimento e miséria. Mas nem tudo está perdido, Deus preparou um plano para a salvação da humanidade, para que todo aquele que crê em Cristo não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Todos aqueles que O recebem tornam-se filhos de Deus (Jo. 1.12), passando a condição de nova criatura (I Co. 5.17), e súdito no Reino de Deus que terá sua completude no porvir.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Por algum tempo, Adão e Eva viveram a mais completa ventura. Aquela harmonia, porém, estava para ser quebrada por uma personagem sinistra e inimiga de todo o bem. 
No entanto, se o Diabo supôs que a obra divina achava-se arruinada para sempre, enganou-se, porque Deus, em seu infinito amor, já havia elaborado, desde a fundação do mundo, o Plano de Salvação para resgatar-nos do pecado.
A Queda de Adão haveria de ser revertida por Jesus Cristo através de sua morte na cruz. [Comentário: A queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29)Jair de Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf. A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm  5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.]  Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

I. O PARAÍSO NO ÉDEN

Após haver plantado um jardim, no Éden, nele o Senhor colocou o homem que criara (Gn 2.8). Dali, caberia a Adão governar o mundo como o representante de Deus na Terra. Ele tinha como tarefas cultivar a Terra e guardar o jardim. [Comentário: A origem do termo Éden é debatida; pode se derivar de um termo acádico que significa “plano” ou “campina”, ou do termo hebraico que significa “prazer” ou “deleite” (da qual vem a associação de Éden com o termo “paraíso”). Éden era aparentemente a região na qual o jardim se situava. A menção da Assíria e dos rios Tigres e Eufrates indicam uma locação ao leste da Palestina, na Mesopotâmia. Sugiro a leitura deste artigo: Qual a verdadeira localização do Jardim do Éden?, disponível em: http://www.cacp.org.br/qual-a-verdadeira-localizacao-do-jardim-do-eden/.]

1. Cultivar a Terra. Adão deveria fazer a cultura da Terra (Gn 2.15). Ele não somente a cultivaria, como dela haveria de criar invenções, utilidades, ciências e artes. Observemos que o Éden localizava-se numa região abundante em ouro (Gn 2.11,12). Ao criar Adão, Deus o dotou de muitas habilidades. [Comentário: O homem é a coroa do programa criativo de Deus e, como tal, ele deve encontrar realização, não em uma vida de ócio, mas em vida de trabalho recompensador em obediência à ordem de Deus. O hebraico por trás deste último termo tem a idéia de proteger contra inimigos. Adão, o primeiro homem, era santo, livre do pecado, e vivendo em perfeita comunhão com Deus. Era o primor da criação de Deus e foi-lhe dada a responsabilidade de trabalhar sob as diretrizes de Deus, no cuidado da sua criação. Esse relacionamento harmônico entre Deus e a raça humana findou por causa da desobediência de Adão e Eva (3.6,14-19; Is 43.27; Rm 5.12). Adão foi colocado dentro desse paraíso e, apesar de certamente se regozijar nesse país das maravilhas, ele também estava lá para cultivá-lo. Olhe outra vez o verso 5: “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn 2.5). Quando colocado no jardim, Adão teve que trabalhar lá: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15). O jardim era bem estabelecido; tinha todos os tipos de árvores para que Adão tivesse comida (Gn 1.29; 2.16). Tinha abundância de água (quatro nascentes). Era bem suprido de recursos minerais (Gn 2.12). Era um lugar de beleza (Gn 2.9).]

2. Guardar o Éden. Não podemos confundir a inocência de Adão com incapacidade intelectual. Santo no corpo e na alma, nosso pai era sábio e perfeitamente capaz de discernir entre o bem e o mal. Aliás, era mais inteligente que nós. Por isso mesmo, Deus o incumbiu de guardar o Éden, pois teria de enfrentar um inimigo mui astuto e sagaz. [Comentário: O termo "inocência" não significa dizer que Adão não possuía capacidade intelectual. O Físico Adauto Lourenço, em seu livro "Gênesis 1 e 2" afirma que a raça pré-diluviana alcançou grande desenvolvimento tecnológico, e temos provas disso em Gênesis, quando lemos sobre Tubalcaim como o primeiro a fazer uso do cobre e do ferro, ligas que não são tão fáceis de se obter; é extraído da natureza sob a forma de minério de ferro que, depois de passado para o estágio de ferro-gusa, através de processos de transformação, é usado na forma de lingotes - é necessário um certo grau de desenvolvimento intelectual para isso. Em Gênesis 4.16–26, Caim teve um filho, Enoque, e edificou uma cidade e lhe deu o seu nome, Enoque. A linhagem de Caim constituiu uma raça de empreendedores impiedosos. Caim, Enoque, Irade, Meujael, Metusael, Lameque formam essa linhagem. Sem dúvida havia linhagens laterais, mas o livro menciona esta porque no fim dela aparece Lameque, em cuja família culminam as características da linhagem. Lameque tinha duas esposas, que lhe deram três filhos: Jabal, um boiadeiro, Jubal, um músico e Tubalcaim, um forjador de metal. A violência de Caim repetiu-se em Lameque, como se vê na sua “canção da espada”. Adão foi colocado no Éden para guardá-lo e lavrá-lo, mas guardar de quem? Do inimigo, o diabo, que estava na terra. Ou as trevas dominariam o Éden, ou a luz do Éden se expandiria na terra. Este é o princípio do Reino de Deus. Guardá-lo dizia respeito ao exercício da autoridade, ou seja, protegê-lo contra as ações danosas do inimigo de Deus. guardar significa que havia um ladrão disposto a destruir o jardim e a comunhão do homem com Deus]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

 "O jardim do Éden estava localizado perto da planície aluvial do rio Tigre e do rio Eufrastes. Alguns acreditam que estava localizado na região correspondente ao atual sul do Iraque; outros sustentam que não há dados suficientes no relato bíblico.
Duas árvores do jardim do Éden tinham importância especial. (1) A 'árvore da vida' provavelmente tinha por fim impedir a morte física. É relacionada com a vida perpétua, em 3.22. O povo de Deus terá acesso à árvore da vida no novo céu e na nova terra (Ap 2.7; 22.2). (2) A 'árvore da ciência do bem e do mal' tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência e à sua palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua vontade" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:CPAD, 1991, pp. 34,35).


II. A TENTAÇÃO NO PARAÍSO

O Éden era um lugar perfeito. A partir daí, a humanidade poderia multiplicar-se e espalhar-se por todo o planeta, ampliando, em amoroso trabalho, o jardim que Deus plantara. Infelizmente, nossos pais caíram na tentação do Diabo. [Comentário: O homem foi imediatamente expulso do Éden, porque este representava o lugar da comunhão com Deus, e era símbolo da vida mais completa e de uma bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme. Foi-lhe vedada a árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na aliança das obras.]

1. O agente ativo da tentação. A fim de induzir a raça humana ao pecado, Satanás instrumenta um animal astuto e sagaz, a serpente (Gn 3.1). E, por seu intermédio, dialoga com Eva levando-a à apostasia. Não podemos travar diálogos com o nosso Inimigo, independente do meio que ele usar para nos convencer, pois pecaremos contra Deus. [Comentário: A queda do homem foi ocasionada pela tentação da serpente, que semeou na mente do homem as sementes da desconfiança e da descrença. Louis Berkhof nos informa que “embora indubitavelmente a intenção do tentador fosse levar Adão, o chefe d aliança, a cair, não obstante dirigiu-se a Eva, provavelmente porque (a) não exercia a chefia da aliança, e portanto, não teria o mesmo senso de responsabilidade; (b) não recebeu diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e, por conseguinte, seria mais suscetível de ceder à argumentação e duvidar; e (c) seria sem dúvida o instrumento mais eficiente para alcançar o coração de Adão” Teologia Sistemática de Louis Berkhof - Editora Cultura Cristã; pág 206.]

2. O agente passivo da tentação. Adão era o guardião do Éden. Todavia, não soube como resguardar a esposa, que acabou sendo seduzida pelo Diabo. Iludida, Eva pecou: "E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6). Adão e Eva deixaram-se levar pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos olhos e pela soberba da vida (1 Jo 3.16). Adão e Eva pecaram de forma voluntária e cônscia. Biblicamente, são os responsáveis pela introdução do pecado no mundo (Rm 5.12). [Comentário: Se foi Eva que pecou par que Adão foi imputado? Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes; e, portanto, a culpa de seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte (Rm 5.12). Quanto a isso, Louis Berkhof escreve: “O curso seguido pelo tentador é bem claro. Em primeiro lugar, ele semeia as sementes da dúvida pondo em questão as boas intenções de Deus e insinuando que sua ordem era realmente uma violação da liberdade e dos direitos do homem. Quando nota, pela reação de Eva, que a semente tinha criado raiz, acrescenta as sementes da descrença e do orgulho, negando que a transgressão resultaria na morte e dando a entender claramente que a ordem divina fora motivada pelo objetivo egoísta de manter o homem em sujeição Teologia Sistemática de Louis Berkhof - Editora Cultura Cristã; pág 206.]


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"A raça humana está ligada a Deus mediante a fé na sua palavra como a verdade absoluta. Satanás, porque sabia disso, procurou destruir a fé que Eva tinha no que Deus dissera, causando dúvidas contra a palavra divina. Satanás insinuou que Deus não estava falando sério no que dissera ao casal. Noutras palavras, a primeira mentira proposta por Satanás foi uma forma de antinominianismo, negando o castigo da morte pelo pecado e apostasia. Um dos pecados capitais da humanidade é a falta de fé na Palavra de Deus. É admitir que, de certo modo, Deus não fala sério sobre o que Ele diz da salvação, da justiça, do pecado, do julgamento e da morte. A mentira mais persistente de Satanás é que o pecado proposital e a rebelião contra Deus, sem arrependimento, não causarão, em absoluto, a separação de Deus e a condenação eterna.
Satanás, desde o princípio da raça humana, tenta os seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive decidindo por conta própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua tentativa de serem 'como Deus', abandonam o Deus onipotente e daí surgem os falsos deuses. O ser humano procura, hoje, obter conhecimento moral e discernimento ético partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 36). 

III. O JUÍZO DE DEUS

Satanás enganou, mentiu e prometeu o que nem ele mesmo possuía. O juízo de Deus, portanto, não tardaria a vir sobre a serpente, sobre a mulher e sobre o homem. [Comentário: O registro das Escrituras sobre a queda fornece a única explicação adequada para o presente estado decaído do homem e o mal que nos cerca. É também mediante este plano de fundo tenebroso que as resplandecentes glórias da misericórdia e da graça de Deus surgem. Nossa compreensão mínima das glórias de Cristo e Seu Evangelho é diretamente proporcional ao nosso entendimento da tragédia de Adão e sua condenação.]

1. Sobre a serpente. Devido à sua natureza, a serpente é um tipo perfeito de Satanás: esperta, sagaz e oportunista (Ef 6.11). Agora, ela seria obrigada a comer pó (Gn 3.14). Mesmo no Milênio, quando a natureza dos animais for restaurada, ela não será redimida de sua degradação (Is 65.25).
Em seguida, Deus decreta a inimizade entre a serpente e a mulher, como também a promessa da redenção: "E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15). Apesar da Queda, Eva seria auxiliar de Deus. Veja suas declarações ao dar à luz Caim e Sete (Gn 4.1,25). Séculos mais tarde, Maria haveria de enaltecer o Eterno de Israel por ter sido escolhida como a mãe do Salvador do mundo (Lc 1.46-56). [Comentário: No Antigo Oriente, a serpente desempenhava um grande papel como potência de fertilidade (Canaã) e como força política (Egito). A serpente serve de máscara para um ser hostil a Deus e inimigo do homem. O verso 15 se dirige à serpente por trás da serpente, Satanás, o dragão mortífero: “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo...” (Ap 12.9). No divino julgamento sobre a serpente em Gênesis 3:14-15 é encontrada uma das maiores promessas da salvação em toda a Bíblia (v. 15). Esta promessa foi chamada de protoevangelho [Latim: proto, primeiro + evangelium, evangelho].]

2. Sobre a mulher. A fim de punir a desobediência de Eva, o Senhor torna-lhe a maternidade estressante e mui dolorosa. Não bastasse, sujeita a mulher ao governo do homem: "Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3.16; Ef 5.22,23).
Apesar da Queda, não são poucas as filhas de Eva elogiadas por sua incomum virtude e cooperação no Reino de Deus (Pv 31.10-30; 2 Jo 1-13). Sara, Débora, Ester, Maria e Priscila são apenas alguns desses belos exemplos. [Comentário: A mulher não é amaldiçoada de forma direta, embora seja óbvio que ela incorre em maldição geral de Deus. No entanto, grandes dificuldades existirão no seu papel de esposa e mãe. A maternidade passará por grande sofrimento. A frase: “Teu desejo será para teu marido,” pode descrever uma das seguintes opções: (1) O relacionamento da mulher com seu marido seria marcado pelo anelo e a falta de satisfação. (2) A mulher que buscou independência de Deus agora teria um desejo exagerado ou uma ânsia pelo homem. (3) O relacionamento entre o homem e a mulher seria marcado pelo conflito; a mulher “desejaria” dominar seu marido, e seu marido exerceria seu “domínio” sobre ela. A terceira interpretação parece especialmente provável à luz de uma construção de palavras similar em Gênesis 4:7: “Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”]

3. Sobre o homem. Deus denuncia Adão como o responsável pela Queda da humanidade. Conforme escreve o apóstolo Paulo, o pecado entrou no mundo não por uma mulher, nem pelo Diabo, mas por intermédio de um homem (Rm 5.12). Por isso, o juízo divino recai com mais dureza sobre o nosso primeiro genitor. E, por causa dele, a Terra faz-se maldita. Por causa de sua desobediência a Deus, os dias de Adão e de seus descendentes seriam mais trabalhosos. Seu sustento seria obtido com um trabalho mais árduo, e teria de conviver com adversidades, e com o fim de sua própria existência: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19).  Adão viu, a duras penas, o preço de se desobedecer a Deus e à sua Palavra. [Comentário: Deus criou Adão para ser o representante ou cabeça de toda a raça humana. Como cabeça, Adão agiu em nome de toda a humanidade, e as consequências de suas ações afetam a todos nós. Como aquele que tem a maior responsabilidade, a sentença sobre Adão é mais longa e mais abrangente. Da mesma forma que o castigo de Eva se relaciona ao centro de sua vida, assim também é o caso com Adão. Ele tinha sido colocado no jardim, mas agora terá que obter seu sustento do solo “pelo suor de sua fronte” (versos 17 a 19). Com dor comerás indica dificuldades do homem no seu papel fundamental como trabalhador/sustentador; o trabalho terá dificuldades e futilidades (espinhos e cardos... no suor do teu rosto). Esta batalha que dura toda a vida só terminará na morte. Adão não somente terá que lavrar o solo para obter seu sustento, mas ele finalmente retornará ao pó. A morte espiritual já aconteceu (cf. versos 7 e 8). A morte física começou. Distante da vida que Deus dá, o homem simplesmente (embora lentamente) retorna ao seu estado original - pó (cf. 2:7).]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Os pecados estão refletidos nas punições, as quais foram aplicadas em partes. A serpente foi amaldiçoada. A serpente posou como supremamente sábia, mas sua maneira de se locomover sempre seria símbolo de tal humilhação. A frase 'sobre o teu ventre' não significa que a serpente tinha originalmente pernas e a perdeu no momento em que a maldição foi imposta, mas que seu modo habitual de locomoção tipificava seu castigo. A frase 'pó comerás' é idiomaticamente equivalente a 'tu serás humilhado' (cf. Sl 72.9; Is 49.23), onde a frase 'lamberão o pó' tem claramente este significado. O castigo envolveria inimizade, hostilidade entre as pessoas. A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher, têm ambas sentido fortemente pessoal. 
O castigo da mulher seria o oposto do 'prazer' que ela procurou no versículo 6. Ela conheceria a dor no parto, que é bem diferente do novo tipo de vida que ela tentou alcançar pela desobediência. Igualmente, a futura ligação do seu desejo ao seu marido era repreensão à sua decisão de buscar independência.
Deus pôs uma maldição diretamente na terra em vez de colocá-la no homem. Adão foi comissionado a trabalhar com a terra, mas não seria por puro prazer "(Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 40).

CONCLUSÃO

Deus não foi apanhado de surpresa pela Queda de Adão, pois o Cordeiro, em sua presciência, já havia sido morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Nossos primeiros pais, de fato, pecaram, mas Deus prometeu redimir toda a humanidade pelo sangue de Cristo, pois Jesus morreu por todos (Jo 1.29). Na genealogia de Jesus, registrada por Lucas, Adão é chamado de filho de Deus (Lc 3.38). Maravilhosa graça!
Portanto, apesar da aparente vitória do pecado, o Senhor Jesus, o segundo Adão, veio para resgatar-nos das mãos de Satanás: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Co 15.22).  Somente Jesus Cristo pode-nos resgatar do pecado. [Comentário: Em relação à queda, Deus “imputou” o pecado de Adão em todos os homens. As palavras “imputar” e “imputação” vêm do verbo latino imputare que significa “considerar, calcular, atribuir, ou colocar na conta de alguém”. Deus atribui ou cobra o pecado de Adão da conta de cada homem. Desde seu nascimento todos os homens são considerados e tratados como pecadores por causa do pecado de Adão. Todos os homens carregam a culpa do pecado de Adão e sua penalidade. A explicação bíblica para a presença do pecado no mundo bom de Deus é que ele entrou ou invadiu “por” ou “através de” a desobediência de um homem, Adão. “… e pelo pecado, a morte…”: O pecado entrou no mundo através do primeiro ato de desobediência de Adão, e a morte entrou no mundo através do pecado — uma cadeia de eventos devastadora. É extremamente importante notar que a morte não entrou em nosso mundo como uma “consequência natural” do pecado, mas como a penalidade divina pelo pecado. A morte é a punição, ou o salário, do pecado (Gn 2.17; Ez 18.4; Rm 6.23). Ap 13.8 afirma que desde a fundação do mundo, isto é, antes da criação (1Pe 1.20) Deus providenciou para que a morte eterna fosse eliminada por Cristo Jesus. A justificação declarada por Deus é possível unicamente pela substituição de Jesus Cristo (2Co 5.7-17-21; Rm 3.21-26). A santificação completa da corrupção pecaminosa no homem é restrita a lavagem do coração com o sangue de Jesus (2Ts 2.13,14; Tt 3.5-6; 1Pe 1.18-23; Ap 1.5-6). Assim a vida eterna é outorgada ao pecador que se arrepende dos pecados e crê pela fé na obra salvadora de Cristo.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.



Francisco Barbosa

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