SUBSÍDIO I
Caim era do Maligno
O capítulo 4 do livro do Gênesis
apresenta a consumação do pecado e sua história de implicações práticas para o
gênero humano. O assassinato de Abel por seu irmão, Caim, é
o símbolo do alcance
do mal quando este domina o coração humano. E o consequente banimento de Caim
da presença de Deus mostra o quanto o homem se afasta da presença do Altíssimo
quando decide em seu coração fazer o mal.
O caminho de Caim se torna o
caminho de todos nós, quando desejamos em nosso coração a vingança, o “dar o
troco”, o revide, ou seja, tudo o que passa na contramão do filtro de Jesus
Cristo: ame o vosso inimigo.
Tudo começa bem na vida do ser
humano. Assim, Caim nasceu e cresceu numa família que devotava a vida a Deus,
tanto que a sua mãe, Eva, devotou a Deus ação de graças: “Alcancei do Senhor um
varão” (Gn 4.1). A vida de Caim para os seus pais era uma bênção de Deus. Um
presente.
Adulto, Caim tornara-se um
agricultor, pois trabalhava a terra, administrava-a e assim cumpria o plano de
Deus estabelecido para a humanidade (Gn 1.26-28). Fazendo assim, Caim obedecia
a Deus. Até que, num belo dia, o ciúme, a inveja e o desejo egoístico tomaram o
coração de Caim. Seu sacrifício fora rejeitado por Deus e o de seu irmão,
aprovado e aceito por Ele. A razão de o Senhor aceitar o sacrifício de Abel e
rejeitar o de Caim, embora não esteja totalmente claro nas Escrituras, pelo
menos deixa claro que o Senhor olhava e olha com atenção e justiça para o
interior do ser humano, de modo que nada lhe escapa o olhar divino.
Caim não se achou aprovado,
muito menos aceito, pelo olhar de Deus. Entretanto, essa reprovação de Deus não
significava que Caim seria banido de sua presença, pois bastava outro
sacrifício com a motivação correta, espontânea e voluntária que o Senhor não
haveria de rejeitá-lo. Mas Caim não escolheu o caminho do bem. Ele matou o seu
irmão covardemente. O resultado: Caim foi banido da presença de Deus.
O caminho de Caim é muito fácil
de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a tudo que
não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a cada dia
próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior a nós
mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando procuramos
fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa parte com
retidão.
Qual o caminho que você deseja
trilhar: o de Caim ou o de Jesus?
Fonte: Ensinador Cristão
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a narrativa de dois
irmãos, cujas vidas trazem implicações para a humanidade. A história de Caim e
Abel ensina a respeito dos fundamentos das relações humanas, bem como sobre o
verdadeiro culto a Deus. Inicialmente compararemos as intenções desses irmãos
no que tange ao culto, em seguida, mostraremos que as motivações de Caim eram
malignas, acarretando no assassinato do seu irmão, com o qual teve que arcar
com as consequências.
1. CAIM E
ABEL, DOIS IRMÃOS
O nascimento de Caim trouxe a Eva a expectativa de
que esse filho seria a semente da mulher (Gn. 4.1), cumprimento da profecia de
Gn. 3.15. Mas esse se tornou um discípulo do Diabo, tornando-se homicida do seu
irmão Abel. A criação de filhos é sempre desafiadora, desde o princípio Deus
ordenou a procriação (Gn. 1.28), e o ensino a partir da Torah (Dt. 6.4-7). A
expectativa dos pais é a de que seus filhos se tornem bênçãos de Deus, e vivam
para a glória dEle (Sl. 127.3). Os textos de sabedoria, como em Pv. 22.6,
ensinam a orientar as crianças no caminho correto, para evitar que esses se
desviem. No entanto, nada garante que um filho ensinado seguirá as orientações
dos seus pais. Isso porque eles crescem com livre arbítrio, a possibilidade de
buscar o Senhor, como fez Abel, ou de centrarem neles mesmo, como fez Caim.
Este se tornou lavrador, enquanto aquele seguiu a profissão de pastor.
Aproveitamos para ressaltar que nenhum trabalho deve ser considerado indigno,
contanto que esteja de acordo com os princípios divinos, que seja para a
glória de Deus (Cl. 3.22; I Ts. 4.11) As opções profissionais de Caim e Abel
não são determinantes para caracteriza-los quanto ao relacionamento com Deus.
Tanto Caim quanto Abel viram seus pais cultuar a Deus, e decidiram fazer o
mesmo. Cada um deles trouxe o produto do seu trabalho, Deus aceitou a oferta de
Abel, mas rejeitou a de Caim. Segundo o autor da Epístola aos Hebreus, a oferta
de Abel foi feita pela fé (Hb. 11.4). Faltou a Caim quebrantamento necessário
na presença de Deus (Sl. 51.16,17). Ao invés de buscar a Deus em submissão,
Caim seguiu seu próprio caminho, a vontade própria como manifestação da sua
incredulidade (Jd. 11). Existem cultos antropocêntricos, que ao invés de
glorificar a Deus, enfocam apenas o homem.
2. CAIM, O
MALIGNO HOMICIDA
As intenções de Caim eram do Maligno, pois o seu
caminho foi aquele de Satanás. Como Caim, muitos estão querendo se aproximar de
Deus de forma vã. Ao que tudo indica, Caim ficou rancoroso com seu irmão. Ele
não apenas entregou um culto superficial, sem o respaldo divino. O culto de
Caim ainda acontece atualmente em muitas igrejas supostamente evangélicas. Há
pastores que buscam a mera aprovação pessoal, transformam o culto em um
espetáculo. O culto genuíno é feito pelos adoradores que Deus busca, e esses
devem fazê-lo em espírito e verdade (Jo. 4.23,24). Algumas igrejas buscam
apenas entreter o público, não têm compromisso com a Palavra de Deus, até
parecem programas de auditório. Há líderes que fazem concessão dos princípios
bíblicos, a fim de angariar mais adeptos, e aumentar seus lucros. O caminho de
Caim também é marcado pela contenda, e pelo ódio. Precisamos ter cuidado, pois
muitos pastores estão disputando espaço, e na ânsia de agradar ao público,
escandalizam o evangelho de Cristo (I Tm. 2.8). A ira de Caim o levou a cometer
um crime, premeditando detalhadamente sua ocorrência. Paulo admoesta a irar-se,
mas a não pecar, o que não aconteceu com Caim (Ef. 4.26). A ira, ódio e rancor
são sentimentos destrutivos, causados pela inveja, e que resulta em pecado.
Caim era do Maligno porque ele cultivou a violência, ao invés do amor e
sacrifício pelo seu irmão (I Jo. 3.11,12). Essa cultura da morte está
impregnada na sociedade contemporânea, que não respeita mais o próximo. Há
homicídios acontecendo a todos instante, geralmente por motivos banais. A mídia
divulga diariamente crimes que aconteceram por razões torpes, com requintes de
crueldade. Mas é preciso ter cuidado, pois o homicídio pode ocorrer também por
meio das palavras (Mt.5.21-26). O ódio rancoroso, resultante da inveja, revela
distanciamento de Deus (I Jo. 2.9-11).
3. CAIM, O
ERRANTE
Caim era do Maligno porque, além de premeditar a
morte do irmão, ainda mentiu a esse respeito (Gn. 4.9; I Jo. 3.12; Jo. 8.44).
Por causa do seu pecado, tornou-se errante, isso mostra que as decisões erradas
trazem consequências. Caim mostrou ser uma pessoa insensível, sem disposição
para o arrependimento. Por esse motivo foi amaldiçoado por Deus, para que se
torna-se andarilho, sem conseguir encontrar paz. É digno de destaque que ele, a
fim de encontrar um lugar de abrigo, construiu uma cidade. O habitat de Deus
para o homem começou no Jardim, mas o homem, na tentativa encontrar segurança,
construí uma cidade. A cidade é uma metáfora da proposta humana de viver sem
Deus. As cidades humanas fracassam porque falta Deus no centro delas. Os
cristãos são cidadãos da terra, devem fazer o melhor que puderem para o bem da
cidade. Porém, devem estar cientes que são cidadãos dos céus (Fp.
3.20,21), e não podem perder o foco na cidade celestial (Hb. 11.9-16). A cidade
construída por Deus é eterna, e tem como fundamento o próprio Cristo (21.11,23;
22.5). A cidade dos homens é resultante da queda, expressa a vontade de
governar sem Deus (Sl. 127.1-5). O resultado, na maioria das vezes, é
frustrante, pois, por causa do pecado, a maioria das cidades não funciona.
Precisamos orar e trabalhar para o bem das cidades nas quais habitamos,
participando do processo de reconstrução do reino de Deus. Mas precisamos ser
realistas, e assumir que essas, a menos que sirvam a Deus, estarão fadadas ao
fracasso.
CONCLUSÃO
A genealogia de Caim teve um final trágico, termina
com Lameque (Gn. 4.19-24), outro homicida prepotente. A maldade humana tem seu
fundamento em Satanás, que desde o princípio se opõe a Deus. Caim é um exemplo
de todos aqueles que seguem esse caminho, e se distanciam do Senhor. Os
cristãos devem seguir o exemplo de Cristo, que é o verdadeiro caminho (Jo.
14.6). A ética de Cristo está fundamentada no amor a Deus e ao próximo, sem o
qual nenhuma sociedade se sustenta (Mt. 22.34-40).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O capítulo 4 de Gênesis
apresenta a triste história do primeiro homicídio da Terra. Caim, o primeiro
homem nascido de mulher, matou o próprio irmão depois que teve sua oferta
recusada por Deus. O que deveria ser uma ocasião de ações de graças enlutou a
família de Adão. Caim demonstrou, dessa forma, que era do maligno, que tinha um
coração e atitudes que desagradavam a Deus. [Comentário: No capítulo 3 de Gênesis, o
homem estava em perfeita comunhão com Deus, no capítulo 4 a raça humana já não
tem comunhão com Deus, antes está completamente morta e tende para o mal. Este
capítulo também revela como o pecado se espalhou na primeira família e então na
sociedade. Verdadeiramente a depravação bem cedo floresceu e se espalhou. A
oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não era justo diante de Deus. A
Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a Deus é aceito se não estivermos
corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is 1.10-15]. Caim se achou no direito te
tirar a vida do próprio irmão por pura inveja. O pecado do capítulo 3 está
tomando uma nova cara. Vemos em Caim inveja, cobiça, ódio, ira… Triste
realidade: a violência cresce! Vemos claramente a violência crescendo a cada
dia. A crueldade dos homens parece não ter fim.] Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?
1. CAIM,
SEGUIDOR DE SATANÁS
1. A semente da mulher. O nascimento de Caim foi acolhido com ações
de graças a Deus. Ao contemplar o filhinho, exclamou Eva: “Alcancei do Senhor
um varão” (Gn 4.1). Eva considerou que seu primeiro filho foi um presente de
Deus. A seguir, nasceu Abel, o segundo filho, e a partir daí a narrativa
bíblica vai apresentar as profissões de cada um dos irmãos: Caim se tornou um
lavrador, e Abel, um pastor.
Satanás, pelo que inferimos dos fatos, não teve
muito esforço em aliciar o primeiro filho de Adão. Dessa forma, Caim entra para
a História Sagrada como o primeiro discípulo declarado do Diabo, cuja lista
seria longa e enfadonha: Faraó, Herodes, Stalin, e alguns contemporâneos
nossos. [Comentário: Aqui nós temos o relato inspirado do nascimento das
primeiras crianças no mundo. O primeiro recebeu o nome de Caim, que significa
"adquirido" ou "obtido". Alguns acreditam que Eva pensou
que ele seria o Messias prometido em Gênesis 3.15. Entretanto, parece que ela
cedo aprendeu o triste fato de que este mundo é um lugar de tristeza e vazio. O
segundo filho se chamou Abel, que quer dizer "vaidade" ou
"vapor." Eva deve ter se tornado cada vez mais consciente da
destruição que o pecado produziu. Entretanto, o nome de Caim parece mostrar que
ela acreditava nas promessas de Deus. Caim foi a primeira pessoa que mostrou o
quão perverso o homem poderia ser após os efeitos da entrada do pecado no mundo
pelo evento conhecido como “A Queda”; ele não conseguiu dominar sua natureza
caída, convidou seu irmão Abel a ir para o campo e lá o atacou matando-o. Como
entender que Caim era filho do malígno? “e conheceu Adão a Eva, sua mulher,
e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.”
(Gn 4.1), “não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que
causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.”
(1Jo 3.12), a resposta é que ele era filho fisicamente de Adão e
espiritualmente de Satanás: “vós tendes por pai ao diabo, e quereis
satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não
se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo
8.44), “disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia,
inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do
Senhor?” (At 13.10), mesmo filiação chamada também de filho da
desobediência: “em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos
da desobediência;” (Ef 2.2), “estando nós ainda mortos em nossas
ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef
5.6); “pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência;” (Cl 3:6). Todo aquele que comete pecado tem filiação com o
diabo: “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o
princípio...”. (1 Jo 3.8). Isto posto, não apenas Caim, Faraó, Herodes,
Stalin, e alguns contemporâneos nossos, mas muitos “crentes” em nosso meio!]
2. O agricultor. Já homem feito, pôs-se Caim a trabalhar a terra, conforme o Senhor
havia ordenado (Gn 1.26-28). E, pelo que depreendemos, ele foi muito
bem-sucedido como agricultor. A Terra, embora amaldiçoada pela transgressão de
seu pai, não lhe negou colheita alguma. Solo arável não lhe faltava naquele
mundo sem fronteira. [Comentário: Geralmente é aceito que o nome “Caim” significa
“adquirido” (do hebraico gana), porém no original a sua forma exata
é “qayin” e também pode significar “lança” ou “ferreiro”. A profissão de Caim
era lavrador da terra.]
3. A apostasia de Caim. Apesar de seu sucesso profissional, Caim não
se voltou a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23). Antes, deixou-se cooptar
pelo Diabo. Este, sempre oportunista, fez daquele jovem o seu principal aliado,
objetivando frustrar a redenção da humanidade.
Mas Satanás estava enganado. Embora sagaz, pouco
sabia dos reais planos de Deus para a nossa salvação. Enquanto isso, ia o jovem
Abel tangendo o seu gado na graça divina. [Comentário: A oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não
era justo diante de Deus. A Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a
Deus é aceito se não estivermos corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is
1.10-15]. Caim errou no que deveria fazer, especialmente por lhe ter faltado
fé: “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual
alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e
por ela, depois de morto, ainda fala.” (Hb 11.4), ou seja, por não crer,
ele fez diferente do que lhe foi requerido e com isso reprovado.]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A história dos primeiros dois rapazes nascidos a
Adão e Eva realça as repercussões do pecado dentro da unidade familiar. Caim e
Abel, tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim gostava de trabalhar com
plantas. Abel gostava de estar com animais. Ambos tinham uma disposição de
espírito religioso.
Os filhos de Adão levaram sacrifícios ao Senhor, o
primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia. Que Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura não quer dizer necessariamente
que animais são superiores a plantas para propósitos sacrificiais. Por que
atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta fica evidente à medida que a
história se desenrola. A primeira pista aparece quase imediatamente. Caim não
suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A preferência do Senhor
por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o ‘número um’.
O Senhor não estava ausente na hora da adoração.
Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o condenou diretamente, mas por
meio de um jogo de palavras informou Caim que ele estava em real perigo. Em
hebraico, a palavra aceitação é, literalmente, levantamento, e está em contraste
com descaiu. Um olhar abatido não é companhia adequada de uma consciência pura
ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas de Deus era levar Caim à
introspecção e ao arrependimento” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª
Edição. Volume I. RJ: CPAD, 2005, p.43).
II. O CULTO DE CAIM
A Escritura diz que, passado algum tempo, Caim e
Abel trouxeram, do fruto do seu trabalho, uma oferenda ao Senhor.
1. O sacrifício rejeitado. “E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim
trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn 4.3). É provável que ele
tenha aprendido a cultuar a Deus com o seu pai, Adão, pelo menos,
exteriormente. Do fruto de sua colheita, separou uma oferta ao Criador. Podem
ter sido frutas, legumes ou cereais, oferendas válidas (Lv 23.10). [Comentário: Note o seguinte texto: “e a Sete também nasceu
um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR.”
(Gn 4.26); aparentemente, há uma contradição, não é? Como se explica isso? “E
aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao
SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua
gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.” (Gn 4.3,4); a
resposta é simples, de fato, sempre houveram verdadeiros adoradores a Deus,
começando pelos nossos pais, Adão e Eva, passando por outros tantos, ocorre que
o que houve de especial em Gn 4.26 é que agora a população já estava maior, se
fala em adoração pública, distinta das realizadas anteriormente, quando era
restrita ao seio do lar, esta é a diferença, uma é reservada, a outra é
pública.]
Abel também pôs-se a cultuar o Senhor,
oferecendo-lhe as primícias do rebanho (Gn 4.4). Diz o texto sagrado que Deus
atentou para o sacrifício de Abel, mas rejeitou o de Caim (Gn 4.5). O problema
não estava na oferta, mas no ofertante. Tanto a oferta de animais, como a de
frutos da terra, eram igualmente aceitáveis no culto divino. Não nos esqueçamos
de que o Senhor viria a reprovar até mesmo a oferta animal ao tornar-se esta formal
e impiedosa (Jr 6.20). [Comentário: No texto de Gênesis o único indício que temos sobre
o motivo de Deus não aceitar a oferta de Caim está no versículo 7: “Se você
fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à
porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”. O problema de
Caim era “não fazer o bem”. Muitos interpretes tentam explicar essa
recusa e três possibilidades são as mais sugeridas:
a. A primeira sugestão é que Abel ofereceu o melhor que
possuía, ao contrário de Caim. Curiosamente essa é a sugestão mais conhecida,
porém não existem indicações bíblicas que defendam essa hipótese no texto.
b. A segunda é que Caim trouxe uma oferta onde não houve um
“derramamento de sangue”, e, desta forma, se passou por um homem justo e sem
necessidade de qualquer sacrifício pelos pecados. Essa hipótese assume que Deus
previamente havia instruído sobre o tipo de oferta que deveria ser apresentada
para fazer a expiação pelos pecados, logo, Caim desobedeceu a essa instrução. O
versículo 3 do mesmo capítulo é utilizado para defender essa interpretação,
afirmando que o sacrifício já era habitual para eles.
c. A terceira possibilidade defende que a atitude de Caim
estava errada, em seu interior em relação a sua comunhão com Deus. Em Hebreus
11.4 é relatado que “foi pela fé” que Abel ofereceu um sacrifício maior que o
de Caim, e, por sua ira invejosa, Deus censurou Caim.]
2. A atitude interior reprovada. Por que o Senhor reprovou o sacrifício de
Caim? Porque o seu culto não passava de uma mera formalidade. Como se não
bastasse, apresentava-se a Deus com a alma tomada pelo ódio. Naquele instante,
indaga-lhe o Senhor: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”
(Gn 4.6). Por esse motivo, recomenda-nos Paulo: “Quero, pois, que os homens
orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (1Tm 2.8).
Na Igreja de Deus não pode haver espaço para homens
iracundos e contenciosos, que farão da obra do Senhor uma causa de ganho
pessoal. Deus não se agrada de pessoas que agem dessa forma. [Comentário:O sacrifício deve ser oferecido com fé, pois, sem
fé é impossível agradar a Deus, indiferente do sacrifício. Os dois filhos de
Adão trouxeram sacrifício ao Senhor. O Senhor se agradou de um e desagradou-se
do outro. E o que levou o Senhor agradar-se de um e do outro não agradar-se
está diretamente ligado ao procedimento de fé de cada um dos irmãos. Havia no
sacrifício de Abel um ingrediente muito importante chamado fé, ao passo que,
Caim, talvez estivesse apenas cumprindo um ritual religioso. O que separa uma
vida religiosa de uma vida de intimidade com Deus é o ingrediente “fé” no que
fazemos diante de Deus e para Deus. Note que a razão do sacrifício é evidenciar
a fé do ofertante: Hebreus 11.4 assevera: “Pela fé Abel ofereceu a Deus
maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo,
dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”.]
3. O pecado sempre presente. Se Caim o quisesse, poderia reverter aquela
situação, dominando o seu coração homicida. Eis o que lhe aconselha o amoroso
Deus: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o
pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn
4.7).
Caim racionaliza o seu pecado. Recusando-se a fazer
o bem, permitiu que Satanás lhe tornasse mal o coração. Neste, o homicídio foi
um processo que, germinado pela inveja, frutificou numa ira assassina (Tg
1.13-15). Se não quisermos pecar contra Deus, não permitamos que o pecado nos
germine na alma. Arranquemos, pois, as ervas daninhas que Satanás nos lança no
íntimo. [Comentário: A diferença entre Caim e Abel pode ser vista em
todas as épocas. Os Publicanos e Fariseus nos dão um retrato disto no Novo
Testamento [Lc 18.9-14]. O "caminho de Caim" [Judas 11] é o caminho
da salvação através das obras e da religião. Deus alertou a Caim, porém, ele
não deu ouvidos. Eva foi induzida a pecar e agora Caim não podia o resistir.]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“‘E irou-se Caim fortemente’
(4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria,
sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos
desculpar por ter ofendido alguém dizendo: ‘Tenho um temperamento agressivo’.
Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à
vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia
do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ:
CPAD, 2012, p.28).
III. CAIM NÃO GUARDOU O SEU IRMÃO
O crime de Caim foi doloso. Além de mover um ódio
doentio contra o irmão, dissimuladamente levou-o até a cena do crime, onde veio
a matá-lo.
1. O crime. Narra o autor sagrado que, estando ambos no campo, longe dos olhos
dos pais, Caim insurgiu-se contra Abel e o matou (Gn 4.8). Assassino
dissimulado e cruel, aproveitou-se da confiança de seu irmão para matá-lo. Esse
fato deve nos servir de aviso: até que ponto estamos nutrindo sentimentos
perniciosos contra nossos irmãos a ponto de planejar contra eles o mal ou coisa
pior? Que Deus nos faça refletir sobre nossas atitudes e não nos deixe ser
pessoas como Caim. [Comentário: Caim não teve pensamentos de arrependimento, nutriu
apenas pensamentos de vingança. O Senhor questionou Caim para que ele tivesse
oportunidade de se arrepender do seu pecado. Infelizmente o assassino então
mentiu. Quando nós seguimos o diabo, agimos da mesma forma que ele [Jo 8.44]. O
primeiro homem á morrer sobre a terra foi um filho de Deus, que foi
assassinado. Na verdade o ódio de Satanás pelos filhos de Deus é antigo [Gn
3.15; Gl 4.29]. Caim matou Abel porque ele era justo e conhecia o evangelho
[1Jo 3.11-13]. O que nos traz conforto é saber que o primeiro homem ao morrer,
foi para o céu.]
2. O álibi. Quando inquirido por Deus acerca do paradeiro do irmão, Caim
desculpa-se, como se estivesse noutro lugar, quando da morte de Abel: “Não sei;
sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). O seu álibi é energicamente destruído
pelo justo Senhor: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde
a terra” (Gn 4.10).
Há muito sangue clamando no mundo. A pergunta não
haverá de ser emudecida: “Onde está Abel, teu irmão?” (Gn 4.9). O que
responderemos? De fato, somos chamados a demonstrar amor e respeito uns pelos outros,
pois somos guardadores de nossos irmãos. [Comentário: O tema do amor fraterno ocorre muito cedo na
Escritura; desde o início, fica claro que Deus coloca uma alta prioridade na
maneira como irmãos se relacionam. Nest5a passagem, a questão da responsabilidade
de um pelo outro surge pela primeira vez. Caim pergunta: “Sou eu guardador do
meu irmão?” O termo usado para guardador (Hb shamar) significa “guardar,
proteger, prestar atenção, ou considerar.” Somos nós responsáveis pelos outros?
“Sem sombra de dúvida” é a resposta de Deus. Nós não somente somos guardadores
do nosso irmão, como também somos responsáveis pelo nosso tratamento e pela
nossa maneira de relacionar-se com os nossos irmãos (de sangue e espirituais).
Em virtude do pecado de Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a
terra, retira a sua habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida
como fugitivo e errante. Isto indica claramente que a falta de amor fraterno
destina a pessoa à esterilidade e ausência de propósito na vida. Extraído
de DINÂMICA DO REINO-Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, pág 10]
3. A marca do crime. Como a administração da justiça ainda não
havia sido delegada à comunidade humana, o Senhor põe um sinal em Caim, para
que ninguém viesse reivindicar-lhe o sangue de Abel (Gn 4.15).
Caim, de fato, não foi penalizado com a morte, mas
ficou marcado para o resto de seus dias, dando início a uma geração de
assassinos, devassos e inimigos de Deus. [Comentário: O sinal de Caim não é identificável, mesmo porque
seus descendentes pereceram no dilúvio. O sinal não era um estigma; antes,
tratava-se de uma proteção para Caim e mostrava o incrível amor de Deus até
mesmo pelos pecadores impenitentes. Deus demonstrou a gravidade do pecado de
Caim e deu-nos a entender que ele era digno de morte, ao declarar: “A voz do
sangue de teu irmão clama [por vingança] da terra a mim” (v. 10). Não obstante,
até mesmo Caim parece ter reconhecido que ele era merecedor da morte, e pediu
proteção a Deus (v. 14).]
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Caim foi amaldiçoado por Deus no sentido de Deus
já não abençoar seus esforços para extrair da terra o seu sustento (vv.2,3).
Caim não se humilhou com tristeza e arrependimento diante de Deus, pois
afastou-se do Senhor e procurou viver sem a sua ajuda (v.16).
O sinal na testa de Caim (4.15) talvez deva ser
entendido como posto em Caim para assegurá-lo da promessa de Deus. Caim não
sofreu pena de morte nesse tempo. Posteriormente, quando a iniquidade e a
violência da raça humana tornou-se extrema na terra, a pena de morte foi
instituída (9.5,6).
Caim e seus descendentes foram os cabeças da
civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação básica de todas as
sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o prazer e
reconquistar o ‘paraíso’, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o sistema
mundial fundamenta-se no princípio da autorredenção da raça humana na sua
rebelião contra Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD,
p.39).
CONCLUSÃO
O exemplo de Caim deve nos fazer lembrar de que precisamos
ter uma vida íntegra diante de Deus e demonstrar amor e respeito para com o
nosso próximo.
Abel foi o primeiro crente a ser arrolado entre os
heróis da fé. Quanto a Caim, foi o primeiro ser humano a ter o nome riscado do
Livro da Vida.
O que lhe faltava? Uma vida que agradasse a Deus e
o exercício do amor fraternal. Quando não se ama como Jesus amou, o homicídio
torna-se corriqueiro na vida do homem. Por isso, há tantos homicídios em nosso
meio. Homicídios espirituais, morais e emocionais. Lembremo-nos das palavras de
João: “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos
uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por
que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo
3.11,12). [Comentário: Caim e Abel foram pessoas gratas a Deus. Isso num
tempo em que nenhuma lei prescrevia que devessem algum tipo de oferta, ou seja,
ambos deram voluntariamente (o que também demonstra que não é porque a oferta é
voluntária que ela é melhor). Cada um deles ofertou conforme o fruto do seu
trabalho. Note que o texto diz que Caim deu um fruto da terra, enquanto Abel
ofertou as primícias e a gordura (a melhor parte). Deus se agrada de quem o
coloca no lugar certo - o primeiro lugar. De quem lhe oferece o que tem de
melhor. Não de quem paga as contas e, se sobrar oferece algo. Não de quem vai à
Igreja só quando não tem um programa melhor. Não de quem doa aquilo que ocupa
espaço na sua casa e precisa se livrar. Nem aceita a desculpa de que "não
é o melhor, mas é sincero"... aqui cabe muito bem o dito popular que reza:
“de boas intenções, o inferno está cheio!”. Diante de tudo o que foi
exposto, entendo que, uma vida de entrega a Deus só conduz a mais entrega, uma
vida afastada de Deus só leva a mais pecados. Não podemos jogar a culpa da
rejeição em Deus, se somos rejeitados é porque provocamos isso e, como Deus
alerta Caim, há tempo de se corrigir, mas se não houver correção, vai pecar
ainda mais - que foi exatamente o que aconteceu.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
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