Nesta seção da II Epístola a Timóteo, Paulo alerta
a igreja em relação à corrupção dos últimos dias dentro e fora da igreja. Na
aula de hoje veremos que esses, de acordo com o Apóstolo, serão tempos
trabalhosos. Por isso, precisamos ter referenciais que apontem para Paulo,
principalmente Cristo, nosso modelo por excelência. Ao final da lição nos
voltaremos para a utilidade das Escrituras, enquanto norma de fé e prática, com
vistas à salvação, maturidade espiritual e apologética.
1. OS TEMPOS TRABALHOSOS
Paulo alerta o jovem Timóteo em relação aos tempos
difíceis que sobreviriam sobre a igreja nos últimos dias (II Tm. 3.1). Esse
período se refere ao tempo que antecede ao arrebatamento da igreja, a respeito
do qual Paulo discorreu em I Ts. 4.13-17. O adjetivo grego chalepos, traduzido
por difícil, significa que serão tempos “difíceis de suportar”, isto é,
não será fácil enfrenta-los. De certo modo, nos tempos de Paulo, e certamente
nos dias atuais, experimentamos essa condição. As pessoas se caracterizam pelo
comportamento egoísta, marcado pelos interesses próprios, e desrespeito a lei
de Deus (Rm. 8.7). Em seguida Paulo descreve o comportamento mau dos homens dos
últimos dias: amantes de si mesmos e inimigos de Deus. A palavra amor aparece
quatro nas dezenove expressões descritas pelo Apóstolo. É uma demonstração que
o amor das pessoas, nesses dias difíceis, estará direcionado para elas mesmas.
Isso será percebido pelas atitudes de avareza, jactância, arrogância e
blasfêmia (II Tm. 3.2). Além disso, elas serão desafeiçoadas, implacáveis,
caluniadoras, sem domínio de si, cruéis, inimigas do bem, traidoras, atrevidas,
enfatuadas, antes amigas dos prazeres do que de Deus (II Tm. 3.3,4). Esse é um
mostruário da situação na qual estamos vivendo, as pessoas são extremamente
hedonistas, a busca pelo prazer tornou-se a condição primordial da existência.
Isso as coloca em uma posição degradante, na medida em que, por não amarem a
Deus, também não amam ao próximo, contrariando o mandamento do Senhor (Mc.
12.28-34). O descaso em relação ao outros nos preocupa, estamos assistindo,
nesses últimos dias, uma coisificação da pessoa humana. Existem até aqueles que
aparentam piedade, mas não passam de sepulcros caiados, estão cheios de
hipocrisia e vaidade (Mt. 23.25).
2. PAULO, UM OBREIRO
EXEMPLAR
Os falsos mestres que estavam na igreja de
Éfeso eram tão perigosos, de modo que a aproximação deles se constituía em
situação de risco, o melhor seria manter distância (II Tm. 3.5,6; I Co.
5.9-12). Isso porque eles eram proselitistas, não se conformavam em seguir o
engano sozinhos, queriam conduzir outros após eles (II Tm. 3.6-9). Como Janes e
Jambres, os mágicos da corte de Faraó, que se opuseram a Moisés, se utilizam de
sofismas para levar ao erro (Ex. 7.11). Paulo orienta Timóteo a seguir outro
caminho, recorre à expressão: “tu, porém” (II Tm. 3.10). Os obreiros
verdadeiros vivem no “porém” de Deus, isto é, não se deixam levar pelas
correntezas do engano. Eles seguem os exemplos que são dignos de serem
imitados, e Paulo certamente é um desses, no procedimento, propósito, fé,
longanimidade, amor, perseverança, perseguições e sofrimentos. Paulo expressou
seu exemplo de vida aos Filipenses: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os
que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fp. 3.17). Não que Paulo estivesse
se gloriando, seu objetivo era fazer distinção entre sua motivação, e a dos
falsos mestres que se infiltraram em Éfeso. Os cristãos são chamados para serem
diferentes no mundo, eles estão em uma fôrma diferente, são guiados pela
vontade de Deus (Rm. 12.1,2). Paulo repete o “porém”, a fim de que Timóteo, e
nós também, permaneçamos naquilo que aprendemos, e fomos inteirados, sabendo de
quem aprendemos. Os obreiros, e a igreja em geral, não devem fazer concessões
da Palavra de Deus, substituindo-a por pensamentos humanos. É preciso ter
cuidado quando se busca uma formação acadêmica, as tendências universitárias
seguem o materialismo. A psicologia moderna desconsidera os postulados
bíblicos, quer explicar os comportamentos humanos a partir de uma matriz meramente
cultural. Muitos pastores, influenciados por essas filosofias, estão
desconsiderando os ensinamentos da Palavra de Deus. Nenhum conhecimento humano
pode substituir a mensagem contundente das Sagradas Escrituras. Devemos
permanecer naquilo que ouvimos de Cristo, desde o princípio (II Jo. 9 I Jo.
2.24).
3. A UTILIDADE DA PALAVRA
DE DEUS
Os falsos mestres de Éfeso se envolviam em questões
loucas, tratavam de assuntos dos quais não tinham fundamento. Isso ainda
acontece atualmente, há supostos mestres nas igrejas que querem levantam temas
sem qualquer respaldo bíblico. Alguns debates assemelham-se às controvérsias da
igreja medieval, nas quais os estudiosos queriam calcular quantos anjos cabiam
na cabeça de um alfinete. Ao invés de nos envolvermos com essas questiúnculas,
que a ninguém edificam, e servem apenas para insuflar o ego, devemos nos
dedicar ao estudo da Bíblia. As Escrituras são inspiradas por Deus, no
grego o termo é theopneustos, cujo significado é o de “soprada por Deus, através
do Seu Espírito”. Isso mostra que a Bíblia não é apenas livros de homens, é a
Palavra revelada de Deus (II Tm. 3.16; II Pe. 1.21). Essa inspiração foi
plenária, diz respeito a sua totalidade; e verbal, abrange as palavras
registradas pelos escritores. Isso, por outro lado, não fundamenta a defesa de
uma teoria do ditado verbal, além disso, Deus respeitou os estilos de cada
escritor. A inspiração das Escrituras tem o propósito de edificar a igreja, o
objetivo delas é o ensino no contexto eclesiástico, para que o homem e a mulher
de Deus estejam aptos a fazer a obra de Deus com Sua aprovação. Inicialmente
elas nos tornam sábios para a salvação, e esse é o principal propósito das
Escrituras, conduzir as pessoas ao conhecimento da verdade em Cristo, o
Salvador. Depois disso, promover a maturidade espiritual, na medida em que o
estudo dedicado se realiza. E quando necessário, a Palavra de Deus tem função
apologética, ela se opõe ao erro, e mostra o caminho correto, a sã
doutrina (II Tm. 3.17). Não devemos nos distanciar da utilidade das Escrituras,
o termo grego é ophelimos, e diz respeito a algo que realmente é vantajoso.
Isso quer dizer que as discussões dos falsos mestres, além de serem
improdutivas, eram extremamente desvantajosas.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Estamos vivenciando os tempos difíceis a respeito
dos quais tratou Paulo em sua II Epístola a Timóteo. Nós, os cristãos deste
século, devemos viver no “porém” de Deus, em conformidade com Sua Palavra, não
segundo o curso deste mundo (Rm. 12.1,2). Para isso, devemos permanecer naquilo
que aprendemos, e fomos inteirados através do ensino e exemplo de homens e
mulheres de Deus. A Escritura deve continuar sendo nossa regra de fé e prática,
não podemos fazer concessões em relação à norma que vem de Deus, reconhecendo que
essa é útil para a salvação, maturidade e apologética.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Os tempos difíceis
que a Igreja, em seus primórdios sofrera, elucida acontecimentos preliminares e
simbólicos dos tempos do fim, que sobrevirão, antes do retorno de Cristo.
Segundo Paulo a corrupção do gênero humano iria atingir proporções bem maiores
com o passar dos tempos (II Tm 3). Nesta lição, traremos a definição da palavra
“corrupção” e das expressões tais como: “últimos dias”, “tempos trabalhosos”;
veremos ainda, as marcas que comprovam a degeneração social e, por fim, como os
crentes podem ser imunizados deste mal, mantendo-se irrepreensíveis em
santidade, a fim de herdarem a vida eterna (1Ts 3.13; 1Co 15).
I – DEFINIÇÕES DO TERMO CORRUPÇÃO
1.1. Definição linguística. O nosso termo
“corrupção” provém do latim, “corruptione”, e o Aurélio o define como “ato ou
efeito de corromper; decomposição, putrefação”. Já no sentido figurado, a
expressão significa: “devassidão, depravação, perversão” (FERREIRA, 2004, p.
560 – acréscimo nosso).
1.2. Definição teológica. Quando Boyer
relaciona as palavras “corrupção”, “corruptível” e “corrupto”, ele dá destaque
para o que é “corrompido, podre, depravado, pervertido, sujeito a putrefação,
algo desmoralizado” (96, p. 201 – acréscimo nosso).
1.3. Definição Bíblica. A apresentação
bíblica desse assunto é ampla, incluindo as seguintes categorias: (1) No Antigo
Testamento: (a) A decadência do corpo, que é a corrupção física (Sl 16.10); (b)
Os defeitos físicos em algum animal, que o tornavam impróprio para ser
sacrificado, que é a corrupção cerimonial (Lv 22.20-23); (c) A ruína moral
causada pelo pecado, que é a corrupção moral (Dt 9.12); (2) No Novo Testamento,
encontramos as palavras gregas “phthora” e “diaphthora”, ambas traduzidas por
“corrupção”. A primeira delas (phthora) aparece por nove vezes denotando a
decadência do corpo físico (1 Co15.42,50); do universo físico (Rm 8.21; Cl
2.22; 1Pd 2.2); da moral e religiosidade (1Pd 1.4; 2.9) (CHAMPLIN, 2013, p. 934
– acréscimo e grifo nosso).
II – A PREDIÇÃO DO APÓSTOLO PAULO
“A expressão 'últimos dias' no texto, aparece
somente nas epístolas pastorais, em At 2.17 e em Tg 5.3. Porém, expressa de
maneira diferente, e de ocorrência comum; um tema muito comum entre os líderes
da igreja primitiva (Mt 24; At 2.17; Tg 5.3; 2 Pe 3.3; Jd 18) (CHAMPLIN 2014,
p. 501 – acréscimo nosso). “Paulo passa a falar sobre o fim dos tempos, isto é,
a era cristã na sua totalidade, onde as coisas se tornarão piores à medida que
o fim se aproxima (2Pd 3.3; 1Jo 2.18; Jd 17,18). O que parece, é que o apóstolo
acreditava que vivenciava os últimos dias, pois esta expressão abrange todo o
intervalo entre o primeiro advento de Cristo, e o seu advento final, designado
como o fim dos séculos (1Co 10.11) (ADEYEMO, 2010, p. 1519 – acréscimo e grifo
nosso).
2.1. Tempos trabalhosos (II Tm 3.1).
“A heresia do gnosticismo era 'suave', quando contrastada com as heresias
futuras que antecedem a segunda vinda de Cristo, pois haverá uma apostasia de
proporções gigantescas. Da expressão 'tempos difíceis', no grego, temos o
adjetivo “chapelos”, que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um
período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos
e problemáticos para a igreja em geral (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo
nosso). A expressão “difíceis” é usada para descrever a natureza selvagem de dois
homens possuídos por demônios (Mt 8.28). Essas eras ou épocas selvagens ou
perigosas serão cada vez mais frequentes e severas à medida que se próxima a
volta de Cristo; a era da igreja está repleta desses movimentos perigosos que,
pelo fato de o fim estar se aproximando, estão ganhando força (Mt 7.15;
24.11,12,24; 2Pd 2.1,2) (ALMEIDA, 2010, p. 1672).
2.2. As marcas deste tempo (II Tm 3.2-5).
“Esse período é o mesmo que o apóstolo se refere como 'últimos tempos'; Na
primeira carta a Timóteo (1Tm 4.1), Paulo focaliza a proliferação de falsas
doutrinas, e aqui (2Tm 3.1), o apóstolo enfatiza a degeneração social, a
perversidade das pessoas que se tornam totalmente egoístas e buscam apenas
satisfazer seus próprios desejos, sem nenhuma consideração pelos outros (2Tm
3.3); Elas tem pouco interesse na religião e zombam das coisas de Deus, mas
gostam de cultivar uma fachada cristã (2Tm 3.4-5), amam os prazeres da carne
(2Tm 3.6), e se interessam por novas ideias apenas pelo fato de serem novas,
porém, não estão dispostas a chegar ao conhecimento da verdade (2Tm 3.7).
“Nestas descrições, o apóstolo Paulo está usando termos familiares aos judeus
e, sendo assim, o mesmo, pelo Espírito Santo, caracterizou o perfil das pessoas
destes 'últimos tempos'; Como disse E. K. Simpson: “O mundo se fará mais
mundano” (apud, BARCLAY, sd, p. 67 – acréscimo e grifo nosso).
III – TIPOS DE CORRUPÇÃO
A sociedade está caminhando a passos largos para o
auge da corrupção. Ela, aos poucos, está se degenerando; o sistema está
pervertido e corrompido. Há pessoas que mostram em seus comportamentos que a
corrupção está em todas as esferas, principalmente no que tange ao relativismo
moral (nada é definitivamente certo nem absolutamente errado) e as leis
incoerentes. Vejamos na tabela abaixo, os possíveis tipos de corrupções e
associemos aos comportamentos típicos que o apóstolo Paulo elenca na sua
segunda carta a Timóteo:
TIPOS DE CORRUPÇÃO 2TM 3.1-9
1 Moral “... amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, ingratos, profanos, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos...” (2Tm 3.1-3).
2 Teológica “... nunca podem chegar ao conhecimento
da verdade...” (2Tm 3.7).
3 Religiosa “... irreconciliáveis, mais amigos dos
deleites, aparência de piedade...” (2Tm 3.3-5).
4 Familiar “...desobedientes a pais e mães...” (2Tm
3.2).
5 Política “... resistem à verdade, sendo homens
corruptos...” (2Tm 3.8).
6 Sentimental “... sem afeto natural...” (2Tm 3.3).
7 Pedagógica “... aprendem sempre...” (2Tm 3.7).
IV – IMUNIZANDO-NOS PELA PALAVRA DE DEUS
Como não é possível a igreja se isentar deste mal,
o apóstolo nos mostra que é possível se imunizar, se defender. “Paulo adornava
suas cartas a Timóteo com incentivos, desafios, esperanças, e confirmações.
Nesta última seção, antes de suas considerações finais, ele deu a
confiabilidade das Escrituras, a inspirada Palavra de Deus, e a constância do
seu próprio exemplo (2Tm 3.10-17), como duas orientações seguras para a
imunização contra as corrupções citadas acima, mostrando um elo existente entre
a 'Ortodoxia' (do grego “orthodoxos” “orthos”, “direito” + “doxa”, “doutrina”)
e a 'Ortopraxia' (do grego “orthopraxia” “orthos”, “direito” + “praxis”,
“prática”)” (RIBAS, 2009, p. 537 – acréscimo e grifo nosso). Vejamos na tabela
abaixo o exemplo do apóstolo Paulo nestas duas vertentes, praticando a
ortodoxia que ensinava:
Nº
ORTODOXIA
ORTOPRAXIA
1
“... ensino...” (1Tm 3.16). - instruir no Evangelho
“... o meu ensino, meu procedimento ...”
2
“... repreensão... (1Tm 3.16).” - Expor os erros
“... meu propósito, a minha fé...”
3
“... correção...” (1Tm 3.16). - Redirecionar o comportamento errado “... a minha longanimidade, o meu amor e a minha perseverança...”
4
“... educação na justiça...” (1Tm 3.16). - Nutrir os crentes e santidade “...
as minhas perseguições e os meus sofrimentos...”
PARA
O APÓSTOLO A ORTODOXIA DEVE GERAR A ORTOPRAXIA “... aperfeiçoamento, habilidade
para toda boa obra...”
CONCLUSÃO
Vivemos os dias, que previu o apóstolo Paulo, pelo
Espírito Santo. Tempos difíceis. Cada dia que se passa, precisamos nos voltar
para as Escrituras que por Deus são inspiradas (2Tm 3.16), a fim de nutrirmos
as nossas almas, para que possamos aguardar, irrepreensíveis em santidade, o
retorno glorioso de Jesus Cristo e, assim o que é corruptível se revestirá da
incorruptibilidade e o que é mortal se revestirá da imortalidade e, por toda a
eternidade estaremos com o Senhor.
Nesta seção da II Epístola de Paulo a Timóteo,
somos instruídos pelo Apóstolo a viver em santidade, fundamentados na Palavra.
Veremos na aula de hoje que Paulo orienta Timóteo a ser obreiro aprovado, e que
não tenha do que se envergonhar. Em seguida, faz a distinção entre os obreiros
que honram e desonram o trabalho de Deus, comparando-os a vasos de ouro, prata,
madeira e barro. Ao final, faz advertências a Timóteo, bem como à Igreja, para
que não se envolvam em questões loucas, e contendas que a nada levam, e que não
resultam em edificação.
1. OBREIRO APROVADO POR
DEUS
Paulo é um exemplo de obreiro aprovado por Deus,
isso porque suporta todas as coisas por amor dos eleitos (II Tm. 2.10). Uma das
características primordiais de um obreiro aprovado é sua disposição para sofrer
por causa de Cristo e Sua igreja, uma demonstração de amor ao evangelho (II Co.
11.16-23; Rm. 8.35-39). Essa é uma mensagem que contradiz a doutrina
triunfalista comumente apregoada nos arraiais evangélicos. Há pastores que não
querem mais se sacrificar pelo rebanho. Diferentemente destes, Paulo está
disposto a suportar todas as coisas a fim de que, por meio de seu ministério,
as pessoas sejam salvas eternamente em Cristo (II Tm. 2.11-13). O obreiro
dedicado a Deus não pode fugir da sua responsabilidade, deve ser fiel, mesmo
diante das perseguições, pois o Deus a quem servimos permanece fiel, em todas
as circunstâncias. É preciso ter cuidado para não se envolver em discussões
loucas, contendas desnecessárias, totalmente inúteis (II Tm. 2.14). Existem
obreiros que estudam, mas tão somente para demonstrar erudição, sem compromisso
com a verdade exarada na Palavra de Deus. O conhecimento bíblico-teológico é
fundamental ao exercício do pastorado, mas não deve ser instrumento de
arrogância. Os falsos mestres que se infiltraram em Éfeso, como alguns que
conhecemos atualmente, debatam assuntos que desconhecem, e que não estão
revelados nas Sagradas Escrituras. Para demonstrarem uma espiritualidade
superior, arrogam sobre si um conhecimento especial, sem qualquer fundamentação
bíblica. O obreiro aprovado por Deus maneja bem a palavra da verdade, ele não
apenas conhece o texto bíblico, mas sabe também interpretá-lo, sem deturpar o
conteúdo da mensagem (II Tm. 2.15, 16).
2. VASOS DE HONRA E
DESONRA NA IGREJA
O Senhor conhece aqueles que são seus, existem
muitos supostos mestres que andam pelas igrejas, que advogam serem
conferencistas, mas na verdade não passam de enganadores. Uma das marcas dos
verdadeiros mestres é a santidade, eles se apartam da injustiça e vivem para a
glória de Deus (II Tm. 2.18,19). Como em uma mesma casa existem vasos de ouro e
prata, bem como de madeira e barro, entre os obreiros existem aqueles que são
para honra, e outros para desonra. A característica de um vaso de honra na casa
de Deus é a pureza, a santificação, diferentemente daqueles que vivem na
hipocrisia, e se entregam à lassidão moral (I Co. 15.33). Paulo dá uma
orientação específica para Timóteo: “Fuja, porém, dos desejos da juventude, e
vá pós a justiça, a fé, o amor, a paz com aqueles que invocam o Senhor de
coração puro” (II Tm. 2.22). Os jovens pastores, ao que tudo indica, são mais
susceptíveis às tentações, por isso devem ter cuidado redobrado. Satanás tentou
a Cristo, de igual modo tentará distanciar os obreiros da comissão para a qual
foram chamados. Mas como o Senhor poderemos vencer através da Palavra de Deus
(Mt. 4.1-4), por meio dela fugiremos da tentação do prazer desenfreado, do
poder descontrolado, e das possessões terrenas. Infelizmente muitos obreiros
estão se deixando levar pelas propinas do Diabo, alguns deles justificam a
desonestidade tratando o pecado com naturalidade. A hipocrisia está solapando o
meio evangélico, há líderes que censuram determinadas práticas mundanas, mas
dentro da igreja são vasos de desonra. Pastores que amam o presente século, que
se dobram diante de Mamon, o deus deles não é o da Bíblia, mas o próprio
ventre. O evangelho de Jesus Cristo tem sido deturpado por causa de alguns
pastores televisivos, que por se encontrarem em evidência, passam para a
sociedade um modelo de cristianismo que nada tem a ver com Cristo.
3. CONTENDAS
DESNECESSÁRIAS
Em seguida Paulo instrui Timóteo a rejeitar as
questões insensatas e ignorantes, isso porque servem apenas para gerar
contendas desnecessárias. Existem falsos mestres na igreja que semeiam intrigas
entre os irmãos, fundamentando-se em revelações particulares, distanciadas da
Palavra. É preciso ter cuidado com o experiencialismo que predomina em algumas
igrejas evangélicas, principalmente entre os pentecostais. Há crentes que não
leem a Bíblia, não frequentam a Escola Dominical, não querem saber da doutrina
e instrução na Palavra. Esses se tornam alvos fáceis dos falsos mestres, e
geralmente disseminam heresias no seio da congregação. Ainda por cima arvoram
serem mais espirituais do que os outros, alguns querem até ter maior autoridade
que os ministros da igreja. Ao contrário da arrogância demonstrada por esses,
os crentes devem ser amáveis com todos, qualificado para ensinar, paciente ante
as injúrias, e que com mansidão devem corrigir os oponentes. Não adianta entrar
em discussões infindas, que não levam à edificação espiritual, às vezes é
melhor calar (II Tm. 2.23,24; I Pe. 2.21-24). É possível que, através de um
comportamento de mansidão, até mesmo os falsos mestres venham a se arrepender
dos seus procedimentos. Não podemos perder a esperança de conduzir as pessoas a
Cristo, principalmente porque existem pessoas que estão sendo enganadas, e que
se forem alertadas a tempo poderão abandonar o erro. Essas pessoas precisam ser
constantemente advertidas, é importante que frequentem os trabalhos de ensino
da igreja. Mas é necessário fazê-lo com cautela, com sólida formação bíblica, e
equilíbrio espiritual, caso contrário, há o risco de se deixar conduzir por
aqueles que apregoam doutrinas falsas.
CONCLUSÃO
Por causa do evangelho Paulo passou por
adversidades, mas não fez concessões em relação ao conteúdo da mensagem. O
exemplo do Apóstolo deve servir de motivação para todos os obreiros que desejam
ser aprovados por Deus. Tal aprovação depende de uma vida alicerçada na Palavra
de Deus, demonstrada em santificação. Uma vida piedosa poderá surtir efeito até
mesmo entre os opositores. Na medida em que vivemos com amabilidade, poderemos
conduzir alguns a Cristo, principalmente aqueles que estão sendo vítimas do
engano.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de
hoje estudaremos alguns temas importantes que são relatados no segundo capítulo
da Segunda Carta de Paulo a Timóteo. Paulo fala, além do que vimos na Leitura
Bíblica em Classe, a respeito do obreiro aprovado e dos vasos de honra na Casa
do Senhor (2Tm 2.19-21). Ele faz um contraste com os falsos mestres que tanto
prejudicavam a obra do Senhor em Éfeso. Que sejamos sempre vasos de honra,
servindo ao Senhor com amor e zelo, a fim de que muitas vidas sejam ganhas para
o seu Reino e que sua Igreja seja edificada.[Comentário: Quando nos
entregamos a Deus, assumimos um compromisso de sermos fiéis a ele. Para cumprir
a nossa obrigação de obedecer tudo que Jesus tem nos ordenado (Mt 28.18-20),
precisamos estudar para conhecer bem a palavra dele. Paulo exorta o jovem
pastor Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro
que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade"
(2Tm 2.15). Pedro escreveu a discípulos espalhados em vários lugares: "...santificai
a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para
responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós..."
(1Pe 3.15). Ser preparado para falar a outros faz parte da nossa devoção ao
Senhor. O obreiro aprovado por Deus prega e ensina sem engano, com pureza e
humildemente, buscando sempre a glória de Deus. Paulo usou uma linguagem que
deve chamar a nossa atenção quando disse a Timóteo: "Assim, pois, se
alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra,
santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra"
(2Tm 2.21). Vamos considerar o significado de sermos utensílios santificados e
preparados para boas obras. No Antigo Testamento, achamos formas da palavra
"preparar" usadas mais de 50 vezes em relação a coisas ou a pessoas
dedicadas ao serviço do Senhor. A maioria dessas citações fala sobre
sacrifícios, ofertas e materiais usados no tabernáculo ou no templo para adorar
a Deus. Até as mínimas coisas foram cuidadosamente purificadas e preparadas
para o seu uso em honra do Senhor. Assim cada um de nós deve ser preparado -
purificado e santificado - para honrar a Deus por meio de boas obras. O servo
de Deus precisa ser zeloso no estudo e na aplicação da palavra do Senhor (2Tm
2.15).] Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?.
1. OBREIROS APROVADOS
POR DEUS
1. Pregam e ensinam
sem engano. Paulo nunca usou de engano em suas pregações, diferente de alguns
falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e
logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que
andam a enganar os crentes incautos, sob a capa de “muito espirituais”. Paulo
exortava a igreja através da mensagem do evangelho, mostrando-lhes as verdades
desconhecidas. Para os novos crentes ele tornou conhecido o “mistério de Deus”
— Cristo (Cl 2.2). Paulo era um líder zeloso que levava a mensagem de modo
claro, obedecendo à revelação que recebera do Senhor. Aliás, era esse também o
cuidado dos demais apóstolos (1Jo 4.6; 2Pe 1.16).[Comentário:
Para progredir espiritualmente, temos de nos livrar da maldade e das atitudes
carnais que prendem os pensamentos e os corações das pessoas do mundo (Tg
1.21-25). Exatamente! Reconheça o obreiro que não é aprovado quando ele
repetir, explicar e defender regras de igrejas ou doutrinas decididas por
grupos de homens; isso não é ensinar a palavra de Deus. Note que boa parte das
igrejas hoje tem seus próprios livros ou manuais de doutrina. Em geral,
pregadores e professores obrigatoriamente seguem a linha doutrinária da
denominação, ou perdem seus cargos. O medo de expulsão tem contribuído a muitas
afirmações e ações erradas (leia Jo 9.22; 7.13; 12.42). Mas o discípulo fiel
sabe que é melhor ser expulso pelos homens do que ser rejeitado por Deus (Lc
6.22).].
2. Pregam com
pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente,
há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. Estes se
aproveitam da fé dos fiéis para obter ganhos. Na primeira carta a Timóteo,
Paulo coloca como um dos requisitos para aqueles que almejam o ministério
pastoral, não ser “cobiçoso de torpe ganância” (1Tm 3.3). Pedro também exortou
que o obreiro deve apascentar o rebanho do Senhor “tendo cuidado dele, não por
força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância” (1Pe 5.2). O obreiro
aprovado não visa lucro material, pois sabe que a sua recompensa vem do Senhor.[Comentário: Nós que somos cristãos temos o privilégio
de divulgar a palavra salvadora. Negligência dessa incumbência contribuirá à
morte de pessoas carentes da verdade (Tg 3.1; Ez 3.16-27). Mas para cumprir
essa missão, é preciso que nos preparemos com o evangelho (Ef 6.15). Jamais
abandonemos a pura palavra de Deus. As filosofias e palavras persuasivas da
sabedoria humana não salvam ninguém (1Co 2.1-5). Pregadores que incham suas
ministrações de psicologia, teses humanísticas, ou estórias, estão nos dizendo subliminarmente,
que são obreiros que não pregam com pureza!].
3. Não buscam a
glória de homens. “E, não buscamos glória dos homens [...]” (1Ts 2.6). Quando Paulo
estava com os tessalonicenses, ele afirmou que não buscou o elogio deles.
Infelizmente muitos buscam glória para si. Estes são movidos a elogios e
bajulações. Isso é um perigo para o ministério pastoral e para qualquer servo
ou serva de Deus. Tem pregadores e mestres que não aceitam convite para falar
para um pequeno auditório. Só se sentem bem se estiverem diante de grandes
plateias, pois querem ser vistos pelos homens e não abençoar as pessoas. O
obreiro aprovado pelo Senhor busca apontar tão somente o Senhor, e não ele
mesmo.[Comentário: Fazer as coisas
buscando reconhecimento é algo comum a nós, isso nos é passado desde a mais
tenra infancia - somos treinados a vida toda para sermos assim, provas na
escola, deveres de casa, o nosso trabalho… enfim, tudo o que fazemos é
justamente buscando um reconhecimento, uma nota, um aumento salarial, um cargo.
Contudo, quando observamos as Escrituras, nos deparamos com um novo padrão:
fazemos as coisas sem esperar nenhum reconhecimento, pelo contrário, fazemos as
coisas buscando que Cristo seja exaltado, enquanto nós somos humilhados. O
homem tem muitos outros propósitos nesta vida, mas seu propósito mais
importante deve ser glorificar a Deus. Isso está de conformidade com o
propósito para o qual o homem foi criado. O Breve Catecismo de Westminster
inicia com a seguinte pergunta: PERGUNTA 1. Qual é o fim principal do homem?
RESPOSTA. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.
Referências: Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.25-26; Is 43.7; Rm 14.7-8; Ef 1.5-6; Is
60.21; 61.3. É quando estamos alienados de Deus que temos em vista a finalidade
ou o propósito errado. Assim, entendemos que aquele que busca glória para si
está alienado de Deus!].
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, após
fazer uma ou duas leituras desse primeiro tópico (refiro-me a leitura pessoal
de estudo da lição, não em classe), medite na seguinte reflexão acerca da
pregação, a fim de internalizar mais a ideia do que representa um arauto do
Rei, o pregador do Evangelho: “São inúmeros os requisitos exigidos de um bom
mensageiro de Jesus Cristo, uma vez que desempenha o papel de arauto do Rei.
Por outro lado, para que lhe demos tão alto qualificativo (de bom pregador),
precisa ele preencher certas exigências indispensáveis. Entre outras, que
possua grande piedade, e seja homem de oração, portador de dons naturais,
cultura — geral e específica — e habilidades, especialmente na Palavra de Deus;
que ame ao Senhor e às almas; que tenha vida espiritual plena, pois o batismo
no Espírito Santo é ponto de partida e imprescindível.
Íntima comunhão com
Deus. Um ardente amor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo manterá o pregador
ligado com o Céu e ‘as coisas que são de cima’ (Cl 3.1). Só assim conseguirá
levar uma vida de oração, consagração e fé, procedimentos indispensáveis a um
homem de Deus. Haja em seu interior a chama divinal, grande amor pelas almas e
profundo desejo de conhecer cada vez melhor a Palavra de Deus, que é a mensagem
a ser pregada para alimentar tanto a sua alma quanto a de seus ouvintes (1Tm
4.16). Se o desejo de Deus é a salvação das almas também deve ser esta a
vontade do pregador, seu mensageiro. Como depositário do conhecimento da
Palavra e intérprete do divino querer, deve esforçar-se para desincumbir-se
fielmente de tão sublime missão. Para isto, naturalmente, precisa ser cheio do
Espírito Santo. Com dom inefável, sua palavra será cheia de graça e poder,
capaz de apontar a todo viajor o caminho da vida — Jesus Cristo” (DANTAS,
Anísio Batista. Como Preparar Sermões: Dominando a arte de expor a Palavra de
Deus. 22ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.23).
2. DOIS TIPOS DE VASOS
1. Vasos de honra
(2.20). Paulo estava preocupado com a situação confusa que prevalecia na
igreja em Éfeso. Ele então usa a analogia dos vasos para mostrar que na igreja
existem pessoas sinceras e obedientes aos ensinos de Cristo (vasos de honra).
Estes adornavam e adornam a Casa de Deus, com sua santidade e pureza. Deus
deseja usar este tipo de vaso, limpo e sem contaminação. Tem você sido um vaso
de honra na Casa do Senhor? O crente deve ter uma vida irrepreensível. Isso só
é possível na vida do crente através do poder redentor, libertador e
purificador do sangue de Jesus mediante a fé. [Comentário: O apóstolo
Paulo é enfático em especificar quem são os vasos para honra: "Somos
nós", ou seja, os vasos para honra é a igreja (corpo) do Deus vivo!
"Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que
é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" (1Tm 3.15). Os
vasos para honra também são designados "vasos de misericórdia":
"... nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou,
os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm
9.22 -24).].
2. Vaso de desonra. Quem são estes?
Paulo estava se referindo aos falsos mestres, Himeneu e Fileto (2.17). Himeneu
também foi mencionado em 1 Timóteo 1.20. Podemos igualmente afirmar que são os
crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor. Os vasos
de honra são “o trigo” e os “vasos para desonra” são o “joio” a que se referiu
Jesus (Mt 13.24-30).[Comentário: Os vasos para desonra
também foram designados por Paulo como "vasos da ira", e eles foram
preparados especificamente para a destruição. O apóstolo Paulo demonstra que
Deus suportou os vasos criados para desonra com muita paciência! "Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual
Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua
justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo
e justificador daquele que tem fé em Jesus" ( Rm 3.23 -26). Deus
suportou com paciência os vasos da ira (desonra) (Rm 9.22), e,
concomitantemente, propôs através do sangue de Cristo, propiciação pela fé a
todos (vasos para desonra) que cometiam pecado sob a paciência de Deus ( Rm
3.25 ).].
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A próxima analogia de Paulo diz respeito à variedade de artigos em uma
próspera casa antiga. Existem artigos caros, como os vasos ‘de ouro e de
prata’; mas existem também aqueles que são baratos, como os vasos “de madeira e
de barro”. Alguns servem ‘para honra’, para propósitos nobres, como por
exemplo, para serem admirados pelos convidados durante os banquetes; alguns
servem ‘para desonra’, a propósitos humildes, comuns, como conter o lixo que
será eliminado. A metáfora era comum na antiguidade, tanto no Antigo (Jr
18.1-11) como no Novo Testamento (Rm 9.19-24), mas a aplicação do apóstolo
neste contexto é nova.
A expressão ‘De sorte que’, no início do verso 21, liga a aplicação
desta analogia ao verso 19, que diz que ‘qualquer que profere o nome de Cristo
aparte-se da iniquidade’, ‘Se alguém se purificar destas coisas’ — do reino do
ignóbil, ou seja, do falso ensino — essa pessoa ‘será [um] vaso para honra,
santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra’.
Somente o vaso ‘santificado e idôneo’, nobre e honorável é que possui o mais
elevado valor. O que importa não é o valor dos vasos ou do material de que são
feitos, mas o conteúdo de cada um. Então, a fim de se enquadrar nesse perfil,
cada um deve ser ‘santificado’, isto é, separado para os propósitos sagrados,
afastando-se dos ensinos e da prática do mal” (Comentário Bíblico Pentecostal:
Novo Testamento. 1ª Edição. R: CPAD, 2004, p.1495).
3. REJEITANDO AS
DISSENSÕES E QUESTÕES LOUCAS
1. Rejeitando
“questões loucas”. O que eram as “questões loucas”? Eram as questões levantadas pelos
falsos mestres, que traziam confusão e não edificavam ninguém (1Tm 1.3,6,7). O
obreiro deve rejeitar questionamentos que não edificam (2Tm 2.23). Atualmente,
muitos estão levantando indagações que em nada vai edificar a fé dos irmãos.
Outros, ainda estão cometendo o terrível pecado de adicionar, subtrair e
modificar partes das Escrituras. A Palavra de Deus é completa e infalível e não
precisa de quaisquer acréscimos ou revisões em seu conteúdo e mensagem.
Há, em nossos dias,
diversas “novas teologias” que precisam ser combatidas pela liderança, pois
agridem diretamente a mensagem bíblica.[Comentário:
Paulo outra vez está atacando o ensino dos sectários, em linguagem idêntica
àquela que usou em 1Tm 6.20. O substantivo sublinha sua futilidade, ao passo
que o adjetivo sugere que é materialista na sua tendência, e que substitui a
revelação divina pela especulação humana. Não admira que os que deles usam
estejam condenados a passar a impiedade ainda maior. A construção é desajeitada
no original, porque não há nenhum sujeito para a terceira pessoa no plural,
passarão. O contexto, no entanto, especialmente deles no v. 17, estabelece que
a referência é aos mestres do erro. Evidentemente, alegavam ser “avançados,”
isto é, progressistas e intelectualmente vivos como cristãos (para o verbo
prokoptein= “avançar” no sentido de fazer progresso, cf. Rm 13.12; Gl 1.14;
também 1Tm 4.15 para o substantivo correlato prokopê). Daí a ironia deliberada
no comentário de Paulo de que o único progresso que têm probabilidade de fazer
está na direção da impiedade.].
2. Não entrando em
contenda. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso
para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24). Paulo exorta a Timóteo
a fim de que ele não contendesse com os falsos mestres, pois brigas e
discussões são obras da carne e envergonham a Igreja do Senhor. Uma pessoa
espiritualmente cega não pode ser convencida de seus erros pela força. Pregamos
e ensinamos, mas só o Espírito Santo podem convencê-las dos seus erros.[Comentário:
No versículo 17, temos que igualmente desastrosa será sua influência sobre
outros membros da igreja, porque a linguagem deles corrói (lit. “terá sua
pastagem”) como câncer. Embora a tradução câncer às vezes tenha sido preferida,
gangrena se adapta melhor tanto ao Grego (gaggraina) quanto ao sentido da
passagem. Não são apenas os perigos do falso ensino aos aderentes deste que
preocupam Paulo, como também sua tendência insidiosa de espalhar-se e
infeccionar outras pessoas, assim como a gangrena se espalha e devora os
tecidos próximos. Dois dos falsos mestres agora são mencionados pelo nome. Não
se ouve falar noutro lugar de Fileto, mas Himeneu é referido em 1Tm 1.20, onde
somos informados que Paulo o excomungara. A despeito disto, parece ter
continuado suas atividades com êxito, visto que aparece aqui como um dos
líderes dos mestres do erro. Alguns têm achado surpreendente este fato, e
tiraram a conclusão de que 2 Timóteo deva ter sido escrita antes de 1 Timóteo.
A inferência, no entanto, é totalmente desnecessária; não podemos tomar por
certo que a interdição de Paulo fosse instantaneamente eficaz em silenciar um
herege, e, de fato, só porque Himeneu aparentemente podia desconsiderá-la é uma
ilustração da situação difícil na igreja em Éfeso. O erro deles, continua ele,
consiste em asseverar que a ressurreição já se realizou. Esta é uma indicação
muito valiosa, a única que é realmente precisa e concreta nestas cartas, às
crenças teológicas propriamente ditas dos separatistas. Embora muita coisa
fique obscura, a interpretação mais provável é que escolheram identificar a
ressurreição, não com o levantamento do corpo no último dia, mas, sim, com o
morrer e ressurgir místicos que o cristão experimenta a sua iniciação batismal.
Que esta é a explicação correta do ensino deles, que assim, com efeito, negava
a ressurreição do corpo, é corroborado pelo relato de Irineu (Haer. 1. 23. 5)
do que o gnóstico samaritano Menandro, que era discípulo de Simão Mago (At 8:9
ss.), ensinava seus seguidores que, como resultado de terem sido batizados por
ele mesmo, já haviam passado pela ressurreição e nunca envelheceriam nem
morreriam. A crença de que o corpo físico ressuscitará do túmulo era,
naturalmente, integrante do cristianismo desde o início. Lado a lado com ela
havia a crença, que não temos motivo para supor ter sido confinada a Paulo
(para sua versão dela, cf. Rm 6:1-11; Ef 2:6; 5:14; Cl 2:13; 3:1-4), que o
cristão passa por uma morte e ressurreição mística com Cristo no batismo. A
mentalidade grega, no entanto, com seu conceito da alma como sendo imortal, e
da soltura do corpo, que é a prisão dela, como sendo sua verdadeira felicidade,
sentia uma repugnância instintiva pela ideia da ressurreição física. Destarte,
nos círculos helenísticos, Paulo desde cedo achou necessário (cf. 1 Co 15; At
17:32) combater o ceticismo completo acerca dela. É compreensível que pessoas
com esta maneira de pensar achassem a ideia da ressurreição sacramental no
batismo muito mais apropriada, e que confinassem a ela o seu ensino acerca da
ressurreição. Tendências como estas tinham um atrativo especial sempre que o
gnosticismo se estabelecia, e a presente passagem é evidência das tendências
gnósticas dos sectários. Paulo declara que, ao ensinarem tais distorções, estão
pervertendo a fé a alguns. É inevitável esse resultado, visto que a crença na
ressurreição do corpo é a pedra angular do cristianismo; sem ela, conforme já
asseverara aos coríntios (1 Co 15:17), “É vã a vossa fé, e ainda permaneceis
nos vossos pecados.” O perigo era tanto maior onde (conforme quase certamente
ocorria no presente caso) a negação tinha sua origem numa depreciação do corpo,
que abria a porta, de um lado, para a ideia da salvação-própria por meio de
práticas ascéticas (cf. 1 Tm 4:3), e, do outro lado, para a indiferença moral
(cf. 1 Co 6:12 ss.). A PRIMEIRA EPÍSTOLA A TIMÓTEO - J. N. D. Kelly -
Novo Testamento - Vida Nova - Série Cultura Cristã.].
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Caro professor, o princípio
destacado neste tópico é importante para fazermos uma autocrítica em nossa
jornada no magistério cristão. Quantas vezes perdemos tempo com temas sem
importância, por exemplo, coisas como “o tamanho da arca de Noé”, “o cumprimento
da roupa do sacerdote”, etc.? E muitas vezes não nos apropriamos do princípio
da Palavra. Um exemplo clássico são as parábolas de Jesus. Quando deveríamos,
por exemplo, na parábola do filho pródigo, focar o princípio do reconhecimento
da miséria humana e de seu pecado e de um verdadeiro arrependimento, gastamos
tempo no comportamento do irmão mais velho, da postura do pai, etc. Por isso, é
importante estudarmos bem qualquer passagem bíblica a fim de termos o pleno
domínio sobre o que é essencial ensinarmos e o que são informações secundárias.
CONCLUSÃO
Na
administração das igrejas, por vezes, surgem conflitos de ordem espiritual e
doutrinária. Por isso, os líderes precisam de preparo bíblico e teológico. Como
obreiros aprovados devem conduzir o rebanho do Senhor. Seja você um vaso de
honra na Casa de Deus.[Comentário: Os seguidores de Cristo devem se preparar para lhe
servir, especialmente para ensinar o evangelho aos outros. Os que não crescem
espiritualmente são criticados por sua negligência e imaturidade espiritual (Hb
5.12 – 6.3). Ao mesmo tempo, devemos lembrar que Deus não quer servos
despreparados ensinando além do seu conhecimento: "Meus irmãos, não vos
torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo"
(Tg 3.1). Tomando esses versículos juntos, percebemos que Tiago não está
dissuadindo discípulos do trabalho importante de ensinar a palavra. Ele destaca
a importância de preparação e controle da língua, sempre tendo cuidado de não
ultrapassar a palavra do Senhor (veja 2Jo 9).]. NaquEle que
me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
SUBSÍDIO ENSINADOR CRISTÃO
Aprovados por Deus
em Cristo
Caro professor, a
Escola Dominical é uma grande parceira do Evangelho na formação do caráter de
cada crente que a frequenta. Além de preparar pessoas para seguirem Jesus, a
Escola Dominical prepara oficiais, pessoas que vão ministrar à igreja local.
Por isso, prezado professor, tenha a clareza que os alunos a quem você ministra
poderão tornar-se pastores, missionários, principalmente, pregadores da
Palavra, segundo a vocação que eles forem chamados.
Atualmente, é
notório que a Igreja Evangélica Brasileira vive uma crise nos púlpitos. As
mensagens neles expostas, na sua maioria, são antropocêntricas, de autoajuda,
barganhistas, apresentando um Deus que “comercializa” bênção com os homens, sem
compromisso com a Bíblia, isto é, lê-se o texto bíblico sem o compromisso de
explicá-lo corretamente e fazer a sua devida aplicação. Por isso, nesta lição é
importante você destacar a característica de uma boa pregação. Além do
compromisso pessoal do pregador, há uma necessidade de formarmos na mente e no
coração dos nossos jovens e adolescentes a cultura da boa pregação. Ainda que
eles não sejam chamados por Deus a serem os seus arautos, formaremos ouvintes
que saibam distinguir o bom do ruim, o cristocêntrico do antropocêntrico etc.
Basicamente, a
pregação que glorifica a Deus confronta o caráter do ser humano. É uma pregação
descompromissada com as barganhas e dissimulações do nosso tempo. Era a tal
postura que Paulo se referia quando disse: “instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade” (2Tm 2.25).
Ler o texto,
“explicar” o texto e “aplicar” o texto é o trabalho objetivo de todo arauto de
Deus. Mas para isso, exige-se dele uma profunda disciplina pessoal para o
estudo. Estude a pregação e a tradição dos puritanos (você pode encontrar um
rico material na internet) , mergulhe no mundo da Bíblia e na cultura do seu
tempo e cultive uma vida de oração e devoção a Deus. Assim começa nascer o
arauto do Senhor.
As pessoas andam
aflitas esperando algo da parte de Deus para cultivar uma vida cristã
autêntica. A pregação da Palavra ainda é o meio pelo qual o Altíssimo fala,
orienta e conduz seu povo. Por isso, no segundo capítulo de 2 Timóteo, o
apóstolo Paulo condenou os obreiros que perdem o seu tempo com aquilo que é
“comezinho”, que traz somente confusão e contenda e em nada edifica ou
constrói, pelo contrário, “a palavra desses roerá como gangrena”.
A Segunda Epístola de Paulo, ao contrário do que se
costuma pensar, por se encontrar na Bíblia em sequência a Primeira, não foi a
segunda epístola pastoral do Apóstolo, mas a última, quando estava preso em
Roma, antes de ser martirizado. Depois de Primeira a Timóteo Paulo escreveu a
Tito, que será estudada posteriormente. Na aula de hoje nos voltaremos para a
primeira seção de II Timóteo, ressaltando a necessidade da intercessão pelos
ministros, a importância da convicção do obreiro em relação à doutrina, e a
realidade do sofrimento para aqueles que seguem piedosamente a Cristo.
1. INTERCESSÃO PELOS
MINISTROS
Depois de identificar-se como “enviado de Cristo
Jesus”, Paulo se dirige a Timóteo como “amado filho”, mostrando interesse pelo
seu ministério. Os pastores devem ser acompanhados por outros pastores, é
preciso reconhecer as agruras da obra, e a necessidade de ter um ombro amigo,
alguém que realmente seja digno de confiança, para quem o ministro pode se
dirigir, principalmente nos momentos mais difíceis. Sabemos que essa não é uma
tarefa fácil nos dias atuais, marcados por tanta disputa eclesiástica. Muitos
pastores carregam traumas e marcas na alma, porque não conseguem se abrir, e
não confiam nas pessoas que, ao invés de ajudarem, almejam se apropriar dos
seus cargos. O receio de perder a posição também está adoecendo muitos
obreiros, que se apegam demasiadamente aos recursos materiais, e por isso se
tornam escravos da condição na qual se encontram. É digna de destaque a
identificação do Apóstolo com seu filho na fé. É gratificante quando
testemunhamos casos de convivência saudável entre os ministros de Deus. De vez
em quando é preciso que a igreja se preocupe com a realização de encontro entre
os obreiros, simplesmente para desfrutar de momentos aprazíveis na presença do
Senhor, para cultivar relacionamentos edificantes. Paulo destaca a fé de
Timóteo, que diferentemente da dos falsos mestres de Éfeso, estava alicerçada
na Palavra de Deus, que ele havia aprendido dos seus familiares, e também do
próprio Apóstolo (II Tm. 1.5). A formação bíblica, inicialmente na família, é
fundamental para o crescimento na fé, e contribui para o desenvolvimento do
ministério. Alguns dos mais dedicados obreiros na casa de Deus tiverem seus
primeiros ensinamentos em casa, junto aos pais e mães dedicados ao evangelho,
que repassarem os fundamentos da verdade cristã.
2. A CONVICÇÃO DO
OBREIRO CRISTÃO
O ministro de Deus, diante das oposições pelas
quais passa, pode vir a querer desfalecer em algum momento da vida. Paulo sabia
que Timóteo, mesmo sendo um obreiro dedicado, corria esse tipo de risco,
principalmente por causa da sua timidez (II Tm. 1.6-8). Por isso, o incentiva a
despertar o dom de Deus que estava sobre ele, é provável que Paulo tenha sido
informado que Timóteo estava tendo dificuldade para lidar com a oposição em
Éfeso. Esse não era o caso, mas há ministros que fazem concessões do evangelho
quando se veem ameaçados. Nos dias atuais, nos quais predomina o humanismo
materialista, há obreiros querendo trocar o evangelho por ideologias humanas. A
verdade das Escrituras está sendo substituída por pensamentos humanos, que nada
têm de escriturísticos. Em contextos mais acadêmicos esse risco é maior ainda,
principalmente quando queremos racionalizar o evangelho, ou mesmo dá-lhe uma
conotação meramente social. Os ministros de Deus são chamados para permanecer
naquilo que foram instruídos e inteirados, sabendo que o que aprenderam veio de
Cristo, não de homens (II Tm. 3.16,17). Paulo dá exemplo assumindo que sabe em
quem creu, e muito mais que isso, que Jesus dará, em tempo oportuno, o bom
depósito espiritual, prometido a todos aqueles que forem fieis no ministério
(II Tm. 1.12). Em outra oportunidade Paulo deixou claro que não se envergonhava
do evangelho, isso porque era poder de Deus e salvação para todo o que crê (Rm.
1.16). A mensagem do evangelho é simples, e na maioria das vezes
escandalizadora, e não se coaduna à lógica deste mundo. Por causa disso somos
tentados, a todo instante, a negar a sua loucura. Os judeus sempre foram
afeitos aos sinais, e os gregos à sabedoria, mas o evangelho de Jesus Cristo é
crucificação (I Co. 1.18-25). Paulo admoesta Timóteo a não fazer concessão em
relação ao evangelho. Os obreiros de Deus, em todos os tempos, não foram
chamados para pregar uma mensagem agradável ao mundo. A contextualização na
pregação da palavra é necessária, mas sem subverter os princípios eternos do
evangelho de Jesus Cristo.
3. OS SOFRIMENTOS POR
CAUSA DE CRISTO
Nesse trecho da Epístola Paulo ora pelo
pastor-filho e amigo Timóteo. Sobretudo para que ele seja fortalecido na graça
que há em Cristo Jesus, considerando que esse passava por momentos de
adversidade e sofrimento (II Tm. 2.1). É sempre necessário lembrar,
principalmente aos que tem aspiração ao ministério, que essa é uma obra de
sacrifício (II Tm. 3.12). Na verdade, Cristo não prometeu que a vida cristã,
especialmente a do ministro, estaria isenta de sofrimento (Jo. 16.33). Isso nos
instiga a fazer os mesmo pelos pastores, principalmente nos dias atuais,
marcados por tanto descaso e perseguição ao ministério. Muitos estão sofrendo o
preconceito resultante dos excessos de líderes aproveitadores. Mas devemos
reconhecer a seriedade daqueles que labutam na organização da igreja, e
principalmente na palavra e na doutrina (I Tm. 5.17). Existem obreiros fiéis na
seara do mestre, pastores que são dignos do nome que carregam, que realmente
apascentam o rebanho. Muitos deles são esquecidos pela mídia, não estão nos programas
de televisão, preferem viver em surdina, sacrificando-se pelo evangelho no
anonimato. Esses se esmeram para dar o melhor para a edificação da casa de
Deus, para a maturidade do Corpo de Cristo. Esses são soldados valorosos,
alistados no exército de Cristo (II Tm. 2.3). Como bons soldados do
Senhor, não se embaraçam com as coisas terrenas, pois o alvo deles é conduzir
os súditos do Reino ao céu. Muitos obreiros atuais não são soldados do exército
divino, servem ao reino de Mamom, querem saber apenas do dinheiro dos crentes.
Eles militam em prol dos seus interesses, não dos de Deus, fazem fortuna
através do evangelho falacioso que pregam. Os pastores dedicados são como os
agricultores, que plantam a semente da palavra no coração das pessoas, na esperança
que ela germine, e produza frutos para a glória de Deus (II Tm. 2.6).
CONCLUSÃO
Essa Segunda Epístola de Paulo a Timóteo é uma
advertência séria em relação à importância da fidelidade no ministério,
sobretudo à Palavra de Deus. Como ministros precisamos permanecer cientes do
nosso chamado, sobretudo do conteúdo daquilo que recebemos, não de homens, mas
de Deus em Jesus Cristo. Os ministros precisam estar convictos do que creram,
devem ser conhecedores da mensagem, e não se apartarem dela, ainda que não
agrade aos padrões do mundo. Esses obreiros, que sabem em Quem têm crido, e são
fiéis à mensagem de Cristo, receberão do Senhor o bom depósito, por ocasião da
Sua vinda.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Com a lição
de hoje estaremos dando início ao estudo da Segunda Epístola de Timóteo. Esta segunda
carta foi escrita enquanto Paulo se encontrava preso. A prisão é lugar que
destrói a fé e a esperança de muitos, levando-os ao desespero e à descrença. No
entanto, Paulo comprova que podia estar preso fisicamente, confinado a uma cela
romana, mas seu espírito e sua fé estavam perfeitamente livres para continuar
servindo a Deus e que “a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9). Esta foi a
última vez que ele esteve na prisão, pois veio a perder nela a sua vida. Nesta
epístola, ele faz um balanço de sua trajetória. Também aproveita para se
despedir de Timóteo e dar suas últimas exortações e advertências.[Comentário: Com
esta lição entramos na segunda carta a Timóteo. Esta é a última epístola
escrita pelo apóstolo Paulo. É o registro de sua última vontade, o seu
testamento à igreja. Charles R Erdman((1866-1960) Americano, Pastor
Presbiteriano, professor de teologia no Seminário Teológico de Princeton.)diz que essa é a mais pessoal das
cartas pastorais(Erdman, Charles. Las Epístolas Pastorales a Timoteo y a
Tito. Grand Rapids: Tells, 1976, p. 90.)Como as últimas palavras que alguém
profere são, em geral, as coisas mais urgentes e importantes que pronuncia, o
conteúdo dessa carta está regado de emoção e também vazado por um forte senso
de urgência. É um apelo para Timóteo manter-se firme diante da perseguição,
preservando intacto o evangelho à vista da ameaça dos falsos mestres e
proclamando a salvação com senso de urgência, a despeito das nuvens escuras da
perseguição].Vamos pensar
maduramente sobre a fé cristã?
1. ORAÇÕES E AÇÃO DE
GRAÇAS
1. “Ao
amado filho” (v.2).Paulo dá
início a Segunda Carta a Timóteo chamando o jovem pastor de “amado filho”. A
palavra no original é agapatos e significa “muito amado”. Paulo sabia que logo
morreria, talvez por isso, tenha demonstrado, de uma forma tão intensa, sua
afeição e amor por Timóteo. Isso nos mostra que o líder precisa ter afeição,
amor e saber demonstrá-los por aqueles que estão ao seu lado, cooperando na
obra do Senhor.
Paulo sabia das necessidades e
lutas que Timóteo enfrentava como líder, por isso, orava constantemente em
favor de seu amigo (v.3). Será que atualmente oramos em favor daqueles que
fazem a obra de Deus? Precisamos orar sempre por todos os que estão empenhados
na obra do Senhor.[Comentário:
Timóteo, o “amado filho” de Paulo (1.2; cf. 1Tm 1.2,18). Somos apresentados a
Timóteo pela primeira vez em Atos 16.1-3, onde ficamos sabendo que sua mãe era
judia e seu pai grego. Desta epístola também descobrimos que sua mãe e sua avó
eram crentes em Cristo, que criaram Timóteo nas Escrituras (1.5; 3.14-15). Bem
falado pelos irmãos em Listra e Icônio, Paulo queria que Timóteo viajasse com
ele e por isso o circuncidou para se acomodar aos judeus que procuraria
evangelizar. Nesta segunda prisão, Paulo foi lançado numa masmorra escura,
úmida, fria e insalubre, da qual as pessoas saíam leprosas ou para o martírio
(4.13). O que estava por trás de sua primeira prisão era a intermitente
oposição dos judeus, mas o que motivou sua segunda prisão foi o próprio Império
Romano, com todo o seu aparelhamento para matar. Tudo indica que ele não
esperava ser solto (cf. 4.6-7) e pouco tempo após escrever esta epístola ele
foi morto por Nero. Como Nero foi morto em 68 d.C., Paulo teria morrido pouco
tempo antes. Por isso, esta carta pode receber a data de aproximadamente 66-67
d.C.].
2. A
sensibilidade de Paulo.Paulo diz
para Timóteo, que estava cumprindo sua missão em Éfeso, que desejava muito
vê-lo de perto, pessoalmente (v.4). A saudade era grande! Paulo se lembrava das
lágrimas de Timóteo quando da despedida deles. As lágrimas nos mostram quão
profundo era o relacionamento entre eles. Hoje em dia, infelizmente, os
relacionamentos parecem cada vez mais superficiais.[Comentário: Esta
afinidade familiar é resultado de um longo relacionamento de serviço juntos no
trabalho do Senhor, no qual Timóteo serviu a Paulo como um filho serviria ao
seu pai (Fp 2.19-24). Tais serviços incluiriam não só viajar com Paulo, mas
também permanecer em novas congregações quando Paulo tinha que sair de repente
(At 17.13-14), voltar para encorajar tais congregações (1Ts 3.1-3) e servir
como emissário pessoal de Paulo (1Co 16.10-11; Fp 2.19-24). Ele teve a honra de
juntar de a Paulo na saudação de várias epístolas escritas pelo mesmo (2Co 1.1;
Fp 1.1; Cl 1.1; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1), e de tais epístolas descobrimos que Timóteo
esteve com Paulo enquanto estava preso em Roma. Um serviço tão fiel também
resultou em ser deixado em Éfeso como representante pessoal de Paulo (1Tm 1.3).
Pode ser que ele ainda estava naquela região quando esta epístola foi escrita.
Esta epístola contem as palavras inspiradoras de Paulo de encorajamento e
instruções a Timóteo, seu “amado filho”. Desejando vê-lo (1.4), Paulo escreve
esta epístola para que Timóteo fosse rapidamente à Roma, e levasse junto
Marcos, uma capa que ele deixou em Trôade e alguns livros e pergaminhos
(4.9-13). No entanto, ele usa a ocasião para escrever a respeito daquelas
coisas que mais o preocupava a respeito do trabalho de Timóteo.].
3. A fé de
Timóteo (v.5).Timóteo era
um jovem obreiro de caráter exemplar. Seu discipulado começou no lar, com o
exemplo de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, ambas judias, mas
convertidas
ao evangelho. Seu pai era grego. Não se sabe se ele se converteu ao evangelho.
Mas sua formação foi motivo de referência para Paulo. Na Segunda Carta, o
apóstolo diz: “[...] trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual
habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que
também habita em ti” (v.5). A educação familiar de Timóteo serve de exemplo
para as famílias cristãs atuais.[Comentário:
Timóteo era natural de Listra, cidade da província da Galácia do Sul. Era filho
de uma crente judia e de um pai grego (At 16.1). Sua mãe, Eunice, e sua avó,
Loide, o instruíram nas Sagradas Escrituras desde a infância (1.5; 3.15).
Timóteo bebeu o leite da piedade desde o alvorecer da vida. Conheceu Paulo na
primeira viagem missionária do apóstolo e tornou-se seu companheiro de jornada
a partir da viagem missionária seguinte. Embora Timóteo tenha sido criado sob a
influência espiritual de sua mãe e avó, Paulo foi o instrumento de Deus para
levá-lo a Cristo, uma vez que o apóstolo o chama de verdadeiro filho na fé e
amado filho (1Tm1.2) e filho amado e fiel no Senhor (1Co 4.17).].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Desejando muito ver-te (1.4).
Paulo agora está encarcerado em Roma, aguardando a morte, abandonado por muito
dos seus amigos e desejando ver Timóteo mais uma vez. Roga a este seu fiel
cooperador que permaneça fiel à verdade do evangelho e que se apresse a ir até
ele, nos seus últimos dias aqui na terra (2Tm 4.21).
Despertes o dom de Deus (1.6). O
‘dom’ (gr. charisma) concedido a Timóteo é comparado a uma fogueira (cf. 1Ts
5.19) que ele precisa manter acesa. O ‘dom’ era, provavelmente, o poder
específico do Espírito Santo sobre ele para realizar o seu ministério. Note
aqui que os dons e o poder que o Espírito Santo nos concede não permanecem
automaticamente fortes e vitais. Precisam ser alimentados pela graça de Deus,
mediante nossa oração, fé, obediência e diligência” (Bíblia de Estudo Pentecostal.
RJ: CPAD, p.1877).
2. A CONVICÇÃO EM DEUS
1. Dons
espirituais (v.6).Paulo
lembra a Timóteo o momento em que ele foi ordenado ao santo ministério. Ele
relata que nesta ocasião o jovem pastor recebeu dons espirituais que o
capacitariam no serviço de Deus. O que Paulo desejava afirmar a Timóteo quando
disse: “despertes o dom de Deus, que existe em ti”? Certamente Paulo estava
encorajando Timóteo a perseverar em seu ministério. Este texto nos mostra
também que a imposição de mãos sempre foi um gesto de grande valor na vida
ministerial da igreja cristã. Jesus usou as mãos para efetuar várias curas (Lc
4.40). É uma prática solene que é seguida, e ainda hoje utilizada em todas as
igrejas evangélicas.[Comentário:
Depois que foi solto da primeira prisão em Roma, Paulo deixou Timóteo em Éfeso
(1Tm 1.3), como líder da igreja. As responsabilidades eram imensas. Timóteo
precisou enfrentar com coragem os falsos mestres que perturbavam a igreja (1Tm
1.1-7), estabelecer critérios claros para a manutenção da ordem no culto (1Tm
2.115), escolher e ordenar oficiais para a igreja (1Tm 3.1-13), regular e
coordenar a assistência social às viúvas, e ainda orientar o ministério das
viúvas na igreja (1Tm 5.1-16), decidir acerca da remuneração e disciplina dos
presbíteros (1Tm 5.17-21), assim como outras obrigações morais (1Tm 6.1-19).
Nesse tempo, Timóteo era considerado ainda um homem jovem (2.22; 1Tm 4.12).
Além disso, Timóteo era tímido (1.7,8; 2.1,3; 3.12; 4.5; 1Co 16.10,11) e doente
(1Tm 5.23), mais propenso a “ser comandado que a comandar”.11 Paulo já estava
na antessala de seu martírio, às portas da decapitação. Era urgente passar a
Timóteo o bastão da responsabilidade para preservar a sã doutrina e conservar
intacto o ensino dos apóstolos. Com as características de Timóteo, parecia
impossível que o filho na fé desse conta de tão gigantesca missão.].
2.
“Espírito de fortaleza, e de amor, e de moderação” (v.7).Ao que parece Timóteo estava enfrentando uma
grande oposição a sua liderança. Paulo então exorta a Timóteo para que ele
tenha coragem. Um líder precisa ser corajoso. O medo paralisa e acaba por
neutralizar as nossas ações em favor da obra de Deus. O Espírito Santo nos
ajuda a superar o medo e nos encoraja a prosseguir. Por isso, o líder precisa
ser alguém cheio do Espírito Santo (Ef 5.18). Ele é o nosso ajudador. Sem sua
presença é impossível ser bem-sucedido na liderança. Conte com a ajuda do
Espírito Santo e tenha coragem para seguir em sua caminhada, realizando a obra
para a qual você foi vocacionado e chamado pelo Senhor.[Comentário: Myer
Pearlman explica que essa epístola foi escrita para pedir a presença de Timóteo
em Roma, admoestá-lo contra os falsos mestres, animá-lo em seus deveres e
fortalecê-lo contras as perseguições vindouras.(Pearlman, Myer. Através da
Bíblia. Miami: Vida, 1987, p. 297.)Na
mesma linha de pensamento, Gordon Fee e Douglas Stuart destacam que o propósito
da carta é pedir a Timóteo que se junte a Paulo em Roma quanto antes (4.9,21),
levando consigo Marcos (4.11) e alguns itens pessoais (4.13). Timóteo deve ser
substituído por Tíquico, o portador da carta (4.12). A razão para a pressa é o
começo do inverno (4.21) e o fato de que a audiência preliminar já havia
ocorrido (4.16). A maior parte da carta, porém, se ocupa com um apelo para que
Timóteo se mantenha leal a Paulo e ao evangelho, aceitando o sofrimento e a
privação.].
3. Apóstolo
dos gentios (v.11).Paulo tinha
consciência de que recebeu, da parte de Deus, a vocação e o chamado para pregar
aos gentios. Tem você também consciência da sua vocação e chamado?
Paulo exorta
Timóteo a manter-se firme na fé, conservando “o modelo das sãs palavras” que o
jovem discípulo recebeu, da parte de Paulo, “na fé e na caridade que há em
Cristo Jesus” (2Tm 1.13).[Comentário:
Desde sua conversão, o apóstolo Paulo se lançou numa intensa jornada de
pregação. Depois de longo preparo, três anos na Arábia (Gl 1.15-18), dez anos
em Tarso (At 9.30; At 11.25,26; Gl 2.1), o homem convertido em Damasco,
rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso é agora levado para Antioquia, a
terceira maior cidade do mundo. Dali é separado pelo Espírito Santo e enviado
para a obra missionária. Paulo pregou com zelo e fervor, no poder do Espírito
Santo, a tempo e fora de tempo, são ou doente, livre ou preso. O livro de Atos
registra três de suas viagens missionárias: a primeira na província da Galácia,
a segunda nas províncias da Macedônia e Acaia e a terceira na província da Ásia
Menor. As cartas pastorais fazem referência à sua quarta viagem missionária,
depois de ter sido solto da primeira prisão em Roma. Por mais de trinta anos,
Paulo pregou fielmente o evangelho, plantou igrejas, defendeu a fé e consolidou
a obra. Num breve resumo de seu passado, ele declarou: Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé (4.7). Agora, o idoso apóstolo está
novamente preso e sofrendo dolorosa solidão. Os irmãos da Ásia o abandonaram
(1.15). Fígelo e Hermógenes não queriam mais nenhuma ligação com ele (1.15).
Demas já o havia deixado à própria sorte (4.10). Diante da atroz perseguição
romana, os crentes tinham medo de se associarem a ele. Na sua primeira defesa,
ninguém foi a seu favor (4.16). Paulo permaneceu desamparado numa masmorra
escura, úmida e insalubre, de localização desconhecida (1.17). O imperador
Nero, com toda a sua loucura e violência, estava determinado a esmagar os
cristãos com mão de ferro. Em Roma, os crentes eram crucificados, queimados
vivos; outros, de cidadania romana, eram decapitados. Ao mesmo tempo que o fogo
da perseguição se espalhava, os falsos mestres espalhavam o veneno das
heresias, causando grande perturbação às igrejas. A situação era quase
desesperadora. Paulo, o grande bandeirante do cristianismo, estava na fila do
martírio. Handley Moule chegou a dizer que “o cristianismo estremecia, à beira
da aniquilação”.(http://www.hagnos.com.br/imgextras/2Timoteo%20-%20cap%201%20em%20baixa.pdf)].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Porque Deus não nos deu o
espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação (1.7). A palavra
deilia significa ‘covardia’. Em contexto com outras passagens destas duas
cartas, ela indica a natureza tímida e hesitante de Timóteo. Mas Timóteo não
está limitado por sua fraqueza, da mesma forma como nem você nem eu estamos
limitados pela nossa. Deus nos deu seu próprio Espírito — um Espírito que
transmite poder, amor e autodisciplina à vida do crente” (RICHARDS, Lawrence O.
Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.475).
3. UM CONVITE AO
SOFRIMENTO POR CRISTO
1. O
fortalecimento na graça (v.1).Todo
cristão precisa ser forte, principalmente no aspecto espiritual. Timóteo
certamente enfrentava desafios além de suas forças. Diante dessa realidade,
estando tão distante, Paulo diz que ele devia fortificar-se “na graça que há em
Cristo Jesus”, ou seja, confiar inteiramente em Cristo e em seu poder. Diante
das lutas, tribulações e tentações, o crente só vence se tiver a força que vem
do alto. Escrevendo aos efésios, Paulo disse: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). [Comentário:
Paulo dirige a Timóteo duas cartas, lhe chamando de filho na fé. Hoje também
precisamos de pais espirituais que nos ensine a fazer o que é correto. Ou
melhor dizendo; que nos dirija com uma palavra de fortalecimento nos momentos
de dificuldade. As cartas de Paulo à seu filho na fé revela uma grande
preocupação com igreja em sua época. O que não é diferente hoje em nossos dias.
Hoje mais do que nunca precisamos encorajar nosso irmãos a continuar batalhando
pela fé uma vez recebida. Já que muitas situações difíceis vivem a nos rondar.
Escândalos, apostasia, heresias etc. Você meu amado/amada que tem presenciado
tantas situações diferentes em seus dias de cristão ; nosso conselho é: “Fortifica-te
na graça que está em Cristo Jesus”(http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/fortifica-te-na-graca-que-esta-em-cristo-jesus). No capítulo
2 de Timóteo, Paulo faz uso de três metáforas: o soldado, o atleta, e o
lavrador. Aqui todas elas enfatizam que a obra de Timóteo exigirá vigor,
envolvendo tanto labuta quanto sofrimento.].
2. Soldado
de Cristo (v.3).A vida
cristã é um misto de alegrias e tristezas; de lutas e vitórias. Jesus advertiu
seus discípulos sobre as aflições da vida cristã (Jo 16.33). Para os que
aceitam tomar a cruz (Mt 16.24), renunciando a si mesmos, a vida cristã é uma
luta sem tréguas. Sua vida pode ser comparada a de um soldado que está na
frente da batalha. É na luta, nos combates espirituais, “pela fé que uma vez
foi dada aos santos” (Jd 3), que o servo de Deus se fortalece e acumula
experiências que lhe capacitam a ser mais que vencedor (Rm 8.37). [Comentário: A
linguagem e a mentalidade de guerra são evidentes ao longo desta carta. Além de
termos militares como “soldado”, “arregimentar” (2Tm 2.3,4) e “combate” (2Tm
4.7), a carta inteira apresenta contrastes entre os servos fiéis que continuam
sua luta e os que abandonam a batalha e viram contra Cristo. Paulo elogia o
próprio Timóteo, sua mãe e avó (2Tm 1.5) e uma lista de outros guerreiros
dedicados (2Tm 4.11-12, 19-21). Por outro lado, ele cita diversos exemplos
negativos, nomes de pessoas que abandonaram o caminho do Senhor: Figelo,
Hermógenes, Himeneu e Fileto, Demas e Alexandre (2Tm 1.15; 2.17; 4.10,14). O
propósito de Paulo nesta abordagem vai muito além do mero registro de fatos
sobre o conflito entre dois exércitos. Paulo investiu sua vida nessa guerra e escreveu
para fortalecer a determinação de Timóteo em dar continuidade à batalha:
“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
moderação. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do
seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos,
a favor do evangelho, segundo o poder de Deus” (2Tm 1.7-8); “Tu, pois, filho
meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.... Participa dos meus
sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus” (2Tm 2.1,3); “Conjuro-te, perante
Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e
pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.1-2).].
3. O
lavrador (v.6).O
agricultor precisa trabalhar com afinco a fim de preparar a terra para receber
as sementes. Depois, precisa regar, adubar a semente para que surjam os frutos.
Muitos querem colher sem esforço ou onde não plantaram. Esses não merecem a
recompensa do Dono da “lavoura”
espiritual que é a Igreja do Senhor Jesus. É
preciso labutar na “lavoura de Deus” (1Co 3.9) até que os frutos apareçam. Há
uma recompensa para aqueles que labutam com afinco. Paulo diz para Timóteo que
quem primeiro deve gozar dos frutos da plantação é o “lavrador que trabalha”
(2Tm 2.6).[Comentário: O
Lavrador diligente (2Tm 2.6). Tendo o soldado que lutar diligentemente, o
lavrador, por sua vez, tem de trabalhar arduamente. O sucesso na lavoura só é
conseguido com muito trabalho. Isso é verdade particularmente em países em
desenvolvimento, antes de se ter as técnicas da mecanização moderna. Em tais
circunstâncias, o sucesso da exploração agrícola depende tanto do suor como da
habilidade. Ao contrário do soldado e do atleta, a vida do agricultor é
totalmente desprovida de emoção, distante de toda fascinação decorrente do perigo
e do aplauso. Contudo, a primeira parte da colheita pertence ao lavrador que
trabalha. É seu direito. A boa produção deve-se mais a seu esforço e
perseverança do que a qualquer outro fator. É por isso mesmo que o preguiçoso
jamais será um bom agricultor, como ressalta o livro de Provérbios. Com isso,
Paulo queria dizer que o obreiro que trabalha tem direito a gozar do fruto de
seu trabalho. Portanto, não há dúvida quanto ao sustento dos obreiros ser
doutrina bíblica. Deus mesmo ordenou isso. Jesus Cristo confirmou e os
apóstolos proclamaram. De acordo com o que está escrito, digno é o obreiro do
seu salário.].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Seja bom soldado de Jesus Cristo (2.3,40).
‘De que forma o líder cristão pode se condicionar para esta tarefa?’. A
resposta de Paulo está nestes versículos: ‘Sofre, pois, comigo (suporta comigo,
NVI), as aflições, como bom soldado de Cristo’. Aqui e nos versículos
seguintes, o apóstolo se serve de três analogias: o soldado, o atleta e o
agricultor. A analogia militar é a favorita de Paulo, não porque ele fosse de
mente militar, mas porque no império romano era comum as pessoas verem
soldados, e, ainda, porque a vida de soldado era uma analogia esplêndida para a
vida cristã. Felizmente, nós também estamos familiarizados com as exigências
impostas ao soldado. Servir nesta atividade rigorosa requerer um extensivo
condicionamento físico. Todos que passam pelo campo de treinamento de recrutas
sabem como é difícil fortalecer o corpo ao ponto em que a força seja igual às exigências
requeridas. Mas é necessário algo comparável a isso para o cristão sobretudo
para o ministro. ‘Sofre... as aflições’, diz Paulo. Aceita as dificuldades,
privações e perigos com um espírito submisso como parte da tarefa de soldado no
exército de Cristo.
Quando o indivíduo se torna
soldado, ele é separado da sociedade, com a qual esteve familiarizado por toda
a vida, e apresentado a uma comunidade nova e altamente especializada. Ele é
despido de roupas próprias com um equipamento fornecido pelo governo. Suas idas
e vindas são feitas unicamente sob ordens ou com permissão expressa. Dorme onde
lhe dizem para dormir e come o que lhe for dado. Na verdade, sua vida está à
disposição do governo” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 9. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2006, p.518).
CONCLUSÃO
Mesmo sabendo que em breve iria
morrer, Paulo não perdeu sua esperança e fé. Até em seus últimos momentos
procurou incentivar e orientar seu filho amado e companheiro de ministério,
Timóteo. Seja você também um intercessor e incentivador daqueles que estão
labutando na obra do Mestre.[Comentário:
Sabemos que quando Paulo escreveu esta carta, ele estava preso em Roma
esperando a sua execução. Estas são as ultimas palavras do apóstolo. Com o
decreto de sua morte, Paulo começa a preparar um futuro líder, que vale a pena
lembrar que era tímido e introspectivo. Timóteo era jovem e podemos perceber
isto: "ninguém despreze a tua mocidade" (1 Tm 4.12); "
fuja das paixões da mocidade" (2 Tm 2. 22). Talvez Timóteo
tivesse cerca de 20 anos quando Paulo o recrutara como missionário
cooperador, Timóteo estaria agora com a idade de trinta e poucos
anos. Estamos carentes de referências bíblicas que fortaleçam o perfil de um
servo de Deus, conforme a Palavra de Deus. Comentários e denúncias contra
pastores e líderes evangélicos nos apontam a necessidade de buscarmos nas
Escrituras esses fundamentos, a fim de caracterizarmos melhor nosso ministério
como pastores e líderes na casa de Deus. Paulo, vendo que sua partida se
aproxima, se despede de seu discípulo e encoraja identificando características
e ênfases que precisam estar presentes na vida e ministério de um líder na obra
de Deus. Que exemplo de mestre!].NaquEle que
me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Eu sei em
quem tenho crido
Caro
professor, esta lição iniciará a abordagem da segunda Epístola de Paulo a
Timóteo. Nesta oportunidade, o apóstolo encontrava-se preso. É a última vez que
ele falara da sua prisão, pois de onde estava o apóstolo, este iria para o
“matadouro”, isto é, o martírio.
Uma das
características mais tocantes nesta carta é a comprovação da fé inabalável do
apóstolo Paulo. Numa prisão, e do ponto de vista humano, perder a esperança é
explicável. Na história da Igreja de Cristo, ao longo das perseguições do
império romano, muitos cristãos negaram oficialmente a sua fé, pelos menos
apenas de lábios, para não perderem as suas vidas e protegerem a integridade da
sua família. Mas a vida do apóstolo, ainda que “presa” em sua dimensão física,
confinada pela prisão romana, tinha liberdade plena e confiança em Deus para
propagar livremente a palavra divina.
O apóstolo
dos gentios tinha uma convicção internalizada na alma de que estava cumprindo
sua missão, mesmo preso numa prisão abjeta. Toda a sua vida se dava em torno da
dimensão proclamatória do Evangelho a todos os povos. Isso fazia Paulo
compreender que tudo o que acontecia com ele, direta ou indiretamente, levaria
prosperar o Evangelho nas regiões habitadas por povos gentílicos. Paulo cria
firmemente que Deus, segundo a sua maravilhosa graça, estava conduzindo a sua
vida e a expansão do Evangelho como um tapeceiro que, por intermédio de
movimentos ondulado, tece o tapete. Então, como o “tapeceiro da vida”, Deus
“tecia” a existência do apóstolo. Por isso, é possível vermos na epístola
expressões como “dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo
com uma consciência pura, porque sem cessar faço memória de ti nas minhas
orações, noite e dia” (v.3). Diante de todas as circunstâncias que o apóstolo
estava imerso, ele dava “graças a Deus”, o servia “com uma consciência pura”, e
fazia “memória de ti [Timóteo] nas minhas orações, noite e dia”. Ou seja, o jovem
pastor de Éfeso constantemente era objeto das orações do apóstolo Paulo, mesmo
este preso.
Ao longo
dos capítulos 1 e 2, o apóstolo expõe uma série de conselhos que perpassa pelo
despertamento da vocação de Timóteo (v.6), de sentir-se valorizado por testemunhar
o Senhor pela mensagem que o apóstolo pregava (v.8), da conservação do modelo
das sãs palavras aplicadas pelo apóstolo (v.13), do fortalecimento na graça que
há em Cristo Jesus (2.1), um convite a sofrer as aflições como um bom soldado
de Cristo (2.3) etc. Eis os convites de um preso do Senhor!