SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
O dinheiro ocupa papel
primordial na sociedade contemporânea, mas nem sempre os cristãos estão atentos
aos seus riscos. Por isso, na aula de hoje, estudaremos a respeito do dinheiro
na cosmovisão de Jesus. É preciso ter cuidado, para não adotar pressupostos
humanos, pensando que esses são cristãos. Inicialmente destacaremos o papel do
dinheiro no contexto do consumismo capitalista. Em seguida, nos voltaremos para
a percepção bíblica do dinheiro, com base no Novo Testamento. Ao final
enfatizaremos um estilo de vida genuinamente cristão, alicerçado na doutrina do
contentamento.
1. O DINHEIRO NO CONTEXTO DO CONSUMISMO
O homem moderno é produto da
sociedade capitalista e tecnológica que o conduz ao consumismo. Nesse contexto,
o ter acabou se tornando mais importante do que o ser, de modo que as pessoas
são avaliadas não pelo que são, mas pelo que têm, e, às vezes, não pelo que
possuem, mas pelo que aparentam que possuem. A propaganda é o meio que divulga
os ideais consumistas, as pessoas são incitadas, a todo instante, a adquirem
mercadorias que não precisam para satisfazerem não a si próprias, mas às
exigências dos outros. Como resultando dessa lógica, muitos estão entrando pelo
caminho do endividamento, indo além das suas capacidades de pagamento. O meio
ambiente também está padecendo, tendo em vista que o mercado está
disponibilizando cada vez mais produtos descartáveis, os quais, quando não são
reciclados, demandam maior necessidade de matéria-prima, e, por sua vez,
comprometem a saúde do planeta. A lógica consumista está moldando as atitudes
do homem moderno de tal modo que o ser humano finda sendo reduzido à quantidade
de quinquilharias que consegue acumular. A ética capitalista, conforme demonstrou
Max Weber, tem fundo religioso, e mais especificamente, protestante. Ao invés
de investirem no Reino de Deus, e mais especificamente, nos outros, os fiéis
transformam o acúmulo em um fim em si mesmo, em alguns casos, como vemos nos
dias atuais, sacramentalizam a riqueza e transformam a ostentação em benção
divina. A Teologia da Ganância impera de tal modo em algumas igrejas que seus
fiéis não buscam mais estar em conformidade com a vontade de Deus, mas a
acumularem um patrimônio a respeito do qual possam se gloriar.
2. A VISÃO CRISTÃ EM RELAÇÃO AO DINHEIRO
O apóstolo Paulo alerta que aqueles que desejam
obter riqueza caem em “muitos desejos descontrolados e nocivos” (I Tm. 6.9,10).
Conforme destacou o Senhor Jesus, ser rico pode se tornar um empecilho para
segui-LO, tendo em vista que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
agulha que um rico entrar no Reino de Deus, o que espantou Seus discípulos, os
quais, ao que tudo indica, pensavam de acordo com a teologia da benção material
(Mt. 19.24,25). Os pobres, ao contrário do que acreditavam Seus discípulos, e
os adeptos da famigerada Teologia da Ganância, são objeto do interesse divino
(Mt. 5.1-12). Enquanto muitos buscam confiança nas riquezas, e tantos outros,
fazem tudo para tê-las, utilizando até de meios escusos, Jesus chama a atenção
para o “engano das riquezas” (Mt. 13.22). Aqueles que supervalorizam o dinheiro
deveriam ler mais os evangelhos, pois Jesus é categórico ao reprovar o acúmulo
de tesouros na terra (Mt. 6.19-21). O interesse do Senhor é que acumulemos
tesouros no céu (Mt. 6.10), e que coloquemos em primeiro lugar o Reino de Deus
e a sua justiça (Mt. 6.33). Os adeptos da teologia da ganância buscam
aproximação com os ricos, justamente o contrário de Jesus que se aproximava dos
pobres (Lc. 1.51-53; 14.12-14). Até mesmo a corrupção tem sido naturalizada em
determinados arraiais, contrariando o ensinamento de Jesus, especialmente no
que tange à coisa pública (Lc. 3.11-14). Zaqueu é um exemplo de alguém que
lidava indevidamente com os bens públicos, mas que ao ouvir o evangelho de
Jesus, decidiu mudar seu modo de vida (Lc. 19.8,9). A riqueza é perigosa porque
o seu poder está relacionado a uma divindade, Mamom, que é rival de Deus (Mt.
16.33), aqueles que adoram a esse deus são chamados por Jesus de insensatos
(Lc. 12.16-21). As palavras de Paulo, ao jovem pastor Timóteo, servem de alerta
a todos os cristãos, em especial à liderança: “os que querem ficar ricos caem
em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam
os homens a mergulharem na ruína e na destruição” (I Tm. 6.9), por isso, o
líder da igreja não deve ser “apegado ao dinheiro” (I Tm. 3.3) e os diáconos
não podem ser amigos de “lucros desonestos” (I Tm. 3.8).
3. O DINHEIRO E O CONTENTAMENTO
A vida cristã não é orientada pelas circunstâncias,
tendo em vista que somos desafiados, a todo o momento, a vivermos acima delas.
Paulo nos ensina a viver contentes, a não nos deixarmos solapar pelas
vicissitudes existenciais, a cultivar o contentamento. Mas esse não é algo que
se consegue do dia para a noite, é resultado do fruto do Espírito (Gl. 5.22),
uma alegria que não se deixa abalar mesmo quando tudo conspira contra nós. Diz
o Apóstolo: “Não digo isto por causa de
necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me
encontre” (Fp. 4.11). O contentamento é resultado do aprendizado, e muitas
vezes, com provas difíceis, e certamente, com notas baixas. Às vezes, é preciso
perder bastante para aprender que é “grande fonte de lucro a
piedade com o contentamento” (I Tm. 6.6). A palavra contentamento em grego é autarkes e diz
respeito à suficiência, a convicção de ter o que é preciso, a certeza de que o
Senhor é o nosso Pastor e que não sentiremos falta de coisa alguma (Sl. 23.1).
A certeza de que Deus providencia o que necessitamos, uma satisfação por ter as
carências básicas supridas pelo Senhor (I Tm. 6.8; Hb. 13.5). A declaração de
Paulo “tudo posso” precisa ser compreendia nesse contexto, não como um amuleto,
uma palavra mágica que pode ser utilizada para fazer coisas que estão além da
vontade soberana de Deus. O Apóstolo sabia estar diante de Deus em toda e
qualquer situação, tal como José que no Egito, na fartura ou necessidade,
manteve sua confiança no Senhor (Gn. 45.5; 50.20). Algumas pessoas não sabem
passar por necessidades, outras não conseguem lidar com a fartura, mas o
cristão maduro, independentemente das circunstâncias, vive para Deus.
CONCLUSÃO
Tiago admoesta aos ricos para que lamentem pelo
julgamento que sobrevirá sobre eles por utilizarem irresponsavelmente suas
riquezas, para oprimir ao pobre e necessitado (Tg. 5.4-6). Para o mundo, ter
dinheiro é sinal de status, e muitos vivem ostentando riqueza enquanto outros
padecem necessidade. A igreja do Senhor precisa agir de modo diferenciado, não
pode se esquecer dos pobres (Gl. 2.10), e deve estar ciente que a maior riqueza
é espiritual. A igreja de Esmirna, que era pobre aos olhos do mundo, foi
considerada rica por Jesus (Ap. 2.9). A piedade, e não a riqueza material, é a
maior fonte de lucro para a igreja do Senhor (I Tm. 6.5).
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O cristianismo bíblico e
ortodoxo sempre manteve uma posição de cautela e até mesmo reserva com respeito
ao uso do dinheiro e aquisição de riquezas. Na verdade, os primeiros líderes
cristãos, inspirados nos ensinos de Jesus, passaram a desestimular a aquisição
de bens materiais. Entretanto, o secularismo e o materialismo sempre rondaram o
arraial cristão e, vez por outra, Mamon tem deixado suas marcas em nosso
meio. Observaremos, nesta lição, que os ensinos de Jesus sobre a
aquisição de riquezas se distanciam do judaísmo de seus dias e, também, daquele
que é praticado hoje por muitos setores do cristianismo evangélico. Longe de
estimular a aquisição de bens, como fazem dezenas de igrejas, Jesus aconselhava
se desvencilhar delas. Aprendamos com o Mestre o uso correto do dinheiro
e como ser bons mordomos dos bens que nos foram confiados. [O dinheiro
tem se tornado senhor de muitas pessoas. Há muita gente lutando para ter
dinheiro e se desgastam tanto nesta busca que já não lhes resta tempo algum
para gozar daquilo que conseguiram amealhar. O desejo de ter coisas e acumular
riquezas domina a vida do homem moderno. O servo de Deus precisa reconhecer que
o dinheiro é uma ferramenta que deve ser empregada em boas obras, e não nosso
senhor. Uma das táticas mais eficazes do diabo é apagar o zelo do cristão com
preocupações financeiras Mateus 13.22 diz: “E o que foi semeado entre
espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das
riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera”. Jesus ensinou claramente
que nós temos que escolher entre dois senhores (Mateus 6:19-34). Mas, muitas
pessoas se tornam escravas do dinheiro por acumular dívidas. Os servos de Deus
precisam entender bem alguns princípios que a Bíblia ensina sobre o dinheiro,
para não serem enganados e escravizados por mamon. Aprendemos nas Escrituras
que nunca devemos pôr nossa confiança nas riquezas (1 Timóteo 6:17-19;
Provérbios 11:28; Lucas 12:15-21; 1 Timóteo 6:4-11). O dinheiro não é fonte de
alegria ou contentamento (Provérbios 15:16-17; Eclesiastes 5:10-11). Apesar das
doutrinas de muitas igrejas hoje que dizem que a prosperidade é evidência da
fidelidade, a Bíblia ensina que nem riqueza nem pobreza, por si só, nos faz
melhor servos de Deus. É bom ter o suficiente, mas não o excesso (Provérbios
30:7-9).]. Convido você a pensar maduramente sobre a fé cristã..
1. O DINHEIRO, BENS E POSSES NAS PERSPECTIVAS
SECULAR E CRISTÃ
1. Perspectiva secular. Uma das formas
mais comuns de se enxergar o dinheiro, bens e posses na cultura secular é
vê-los apenas como algo de natureza puramente material. Tanto no mundo antigo
quanto no contemporâneo, é possível observar que a realidade material pareceu
sempre se sobrepor à espiritual. O material passa a dominar a vida das pessoas
e isso inclui dinheiro, bens e posses. No Mundo Ocidental, essa forma de
enxergar as coisas transformou-se em uma filosofia de vida que se recusa a
enxergar outra coisa além da matéria. Por essa perspectiva, o material é
superestimado enquanto o espiritual é ignorado e suplantado. Nesse contexto,
quem tem posses é valorizado, e quem não as possui nada vale. O dinheiro, como
valor material que garante posses, ganha o status de senhor em vez de servo.
[O
dinheiro é o meio usado na troca de bens, na forma de moedas ou notas
(cédulas), usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas
estrangeiras ou nas demais transações financeiras, emitido e controlado pelo
governo de cada país, que é o único que tem essa atribuição. É também a unidade
contábil. Seu uso pode ser implícito ou explícito, livre ou por coerção.
Acredita-se que a origem da palavra remete à moeda portuguesa de mesmo nome (o
dinheiro). Na era pré-cristã eram cultuados muitos deuses. Mamon, contudo, não
era o nome de uma divindade e sim um termo de origem hebraica que significa
dinheiro, ou bens materiais. No Evangelho de Lucas, a palavra é utilizada
quando afirma que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lucas
16.13). Deuteronômio 8.18 “Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele
é o que te dá força para adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto,
que jurou a teus pais, como hoje se vê.” É possível que o dinheiro nos faça
esquecer coisas mais importantes? As riquezas podem -se tornar o centro da
nossa vida e tomar o lugar de Deus. A Bíblia diz em Jeremias 9.23-24 “Assim
diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na
sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar,
glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço
benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o
Senhor.” O dinheiro pode dar-nos atitudes erradas sobre as coisas
materiais. A Bíblia diz em Lucas 12:15 “E disse ao povo: Acautelai-vos e
guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na
abundância das coisas que possui.”. É interessante esse contraste entre o
que a Bíblia diz e o que o mundo pensa. Para o materialismo, o que realmente
importa é o ter, o sucesso financeiro é a prioridade da vida. 1 Timóteo 6.9 “Mas
os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na
perdição.”].
2. Perspectiva cristã. No contexto
cristão, o mesmo Deus que fez o espiritual é o mesmo que fez o material. Nos
ensinos de Cristo, não há um dualismo entre matéria e espírito! Todavia, as
coisas espirituais, por serem de natureza eterna, ganham primazia sobre as
materiais, que são apenas temporais (Lc 10.41). Na perspectiva cristã,
portanto, as dimensões material e espiritual devem coexistir. Assim como
servimos a Deus com o nosso espírito, nossa dimensão espiritual, devemos também
servir com o nosso corpo (1 Co 6.19,20; 1 Ts 5.23), nossa dimensão material.
Dessa forma, quem se tornou participante dos valores espirituais deve também
servir com seus bens materiais (Rm 15.27; Lc 8.3). Aqui, o dinheiro, como valor
material, não é visto como senhor, mas apenas como um servo. [O contentamento não
depende da quantidade de dinheiro ou posses materiais. A Bíblia diz em
Filipenses 4.12-13 “Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda
maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em
passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade. Posso todas
as coisas naquele que me fortalece.” Onde investimos o nosso dinheiro, aí
estará o nosso coração. A Bíblia diz em Mateus 6.21 “Porque onde estiver o
teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Parece que os cristãos estão
extremamente confusos se as coisas que pensamos que possuímos, o mundo natural
e até nossos corpos são, em sua essência, bons ou não. E sta confusão surgiu, em boa parte, porque o pensamento cristão ocidental
foi comprometido pelo conceito não-bíblico da filosofia grega: a separação
entre corpo e alma e material e espiritual. Ainda que citemos ‘Mantenham o
pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas’ (Colossenses 3:2), a
verdade é que passamos a vida buscando e quase adorando coisas materiais –
casas e carros bonitos, boa comida, pessoas de boa aparência, igrejas
confortáveis. Os resultados são desastrosos assim para nosso mundo como para
nosso relacionamento com Deus. A crença de que coisas materiais não importam
nos divorcia dos constantes lembretes bíblicos de que nossas atitudes e
práticas com relação a posses, pessoas, outras criaturas e a terra que
habitamos estão no coração de nossa relação com Deus.].
2. DINHEIRO, BENS E POSSES NO JUDAÍSMO DO TEMPO DE
JESUS
1. Ricos e pobres. No judaísmo do
tempo de Jesus, a sociedade estava dividida em dois grupos: os ricos e os
pobres. Na classe mais abastada, estavam os sacerdotes, participantes de uma
elite que controlava o sistema de sacrifícios e lucravam com ele, e os
herodianos que possuíam grandes propriedades. Um outro grupo era formado por
membros da aristocracia judaica que enriqueceu à custa de impostos de suas
propriedades e ao seu comércio. O último grupo era formado por judeus
comerciantes, que, embora não possuíssem herdades, participavam ativamente da
vida econômica da nação. No extremo oposto dessa situação, estavam os pobres!
Estes eram "o povo da terra" (Lc 21.1-4). Não possuíam nada e ainda
eram oprimidos pelos ricos (Tg 2.6). [Sempre houve, na história da humanidade, esta
divisão de classes. Naqueles dias, ainda mais. Predominava entre os judeus
daqueles tempos a ideia de que as riquezas eram um sinal do favor especial de
Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé e do desagrado de Deus. Os
fariseus, por exemplo, adotavam essa crença e escarneciam de Jesus por causa da
sua pobreza (16.14). Essa ideia falsa é firmemente repelida por Cristo (ver
6.20; 16.13; 18.24,25). A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas
riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5). Por
causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a sua
busca frequentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24). Agora, note o leitor
que, desde as origens da cristandade houve convertidos ricos e que esses
ocuparam posição de destaque nas comunidades cristãs, sobretudo, nas
comunidades gregas, como consta nas epístolas paulinas. Então fica evidente que
o mau não é o dinheiro em si, mas o amor a ele. Lucas escreve seu livro à um
destinatário rico! E que coragem desse evangelista! Pouco importa se Teófilo
era uma pessoa de posses e estava custeando Lucas durante suas pesquisas e
elaboração de seus dois livros, Lucas fala a respeito do amor ao dinheiro! O
evangelho de Lucas, completado pelos Atos, é o único evangelho destinado a uma
pessoa (ou grupo de pessoas). Os outros são destinados a uma comunidade ou a
várias comunidades. Por que esse interesse particular de Lucas, que, de certo
modo, cria um privilégio? É difícil imaginar que Lucas tenha escrito essa obra
especialmente para um pobre. Trata-se de pessoa importante (ou de grupo de
pessoas importantes) — humanamente falando. A obra de Lucas mostra que pessoas
importantes humanamente falando, também podem ser importantes eclesialmente
falando.].
2. Generosidade e prosperidade. Na cultura
judaica nos dias de Jesus, a posse de bens materiais não era vista como um mal
em si. O expositor bíblico P. H. Davids observa que os exemplos de Abraão,
Salomão e Jó serviam de inspiração àqueles que almejavam a prosperidade. A
ideia era que os ricos prosperavam porque sobre eles estava o favor de Deus.
Dessa forma, a prosperidade passou a ser associada à piedade. Para evitar a
avareza e a ganância, a tradição rabínica estimulava os ricos a serem generosos
e solidários com os pobres, que era maioria na comunidade. Evidentemente
que essa concepção estimulava apenas as ações exteriores, sem levar em conta as
atitudes interiores (Lc 21.4). .[As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um
obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem
um falso senso de segurança (12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total
lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não
precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida
espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e
daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg
2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11). O
amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é
considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta e cobiçoso já
não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e
nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade
terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia
(Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10). Uma das atividades que Jesus avocou na
sua missão dirigida pelo Espírito Santo foi “evangelizar os pobres” (4.18; cf.
Is 61.1). Noutras palavras, o evangelho de Cristo pode ser definido como um
evangelho dos pobres (Mt 5.3; 11.5; Lc 7.22; Tg 2.5). Os “pobres” (gr. ptochos)
são os humildes e aflitos deste mundo, os quais clamam a Deus em grande
necessidade, buscando socorro. Ao mesmo tempo, são fiéis a Deus e aguardam a
plena redenção do povo de Deus, do pecado, sofrimento, fome e ódio, que
prevalecem aqui no mundo. Sua riqueza e sua vida não consistem em coisas deste
mundo (ver Sl 22.26; 72.2, 12,13; 147.6; Is 11.4; 29.19; Lc 6.20; Jo 14.3). A
libertação do sofrimento, da opressão, da injustiça e da pobreza, com certeza
virá aos pobres de Deus (Lc 6.21).].
3. DINHEIRO, BENS E POSSES NO JUDAÍSMO NOS ENSINOS
DE JESUS
1. Jesus alertou sobre os perigos da riqueza. O ensino de Jesus
sobre o uso das riquezas foi muito mais radical do que ensinava o judaísmo e a
tradição rabínica dos seus dias. Jesus, ao contrário dos rabinos, não associou
a piedade com a prosperidade. A riqueza de alguém nada dizia sobre a sua real
condição espiritual. Para Jesus, o perigo das riquezas estava no fato de que
elas poderiam, até mesmo, se transformar numa personificação do mal e
reivindicar o culto para si. Por isso, advertiu: "Não podeis servir a Deus
e [as riquezas]" (Lc 16.13). O vocábulo traduzido como
"riqueza", nesse texto, corresponde à palavra grega de origem
aramaica Mammonas, traduzida na ARC como Mamom. A riqueza pode se transformar
em um ídolo, ou deus, para aqueles que a possui. Nesse aspecto, as
riquezas tornam-se um obstáculo no caminho daquele que serve a Deus (Lc
8.14). [Para o cristão, as verdadeiras riquezas consistem na fé e no amor que
se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus (1Co 13.4-7; Fp 2.3-5).
Quanto à atitude correta em relação a bens e o seu usufruto, o crente tem a
obrigação de ser fiel (16.11). O cristão não deve apegar-se às riquezas como um
tesouro ou garantia pessoal; pelo contrário, deve abrir mão delas, colocando-as
nas mãos de Deus para uso no seu reino, promoção da causa de Cristo na terra,
salvação dos perdidos e atendimento de necessidades do próximo. Portanto, quem
possui riquezas e bens não deve julgar-se rico em si, e sim administrador dos
bens de Deus (12.31-48). Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o
carente, e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; 1Tm 6.17-19). Cada cristão deve
examinar seu próprio coração e desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta?
Aflijo-me para ser rico? Tenho forte desejo de honrarias, prestígio, poder e
posição, o que muitas vezes depende da posse de muita riqueza?].
2. Jesus ensinou a confiança em Deus. Embora Jesus tenha
mostrado que as riquezas podem, até mesmo, se tornar uma personificação do mal,
Ele não as demonizou. No entanto, na perspectiva lucana, Jesus desencoraja a
aquisição de riquezas (Lc 12.13; 18.22) e estimula a confiança em Deus. E havia
uma razão para isso. Logo após mostrar os perigos da avareza a alguém que
queria fazer dEle um juiz em uma questão relacionada a uma herança, Jesus
revela a seus discípulos que a melhor forma de se proteger desse mal é confiar
inteiramente na provisão divina (Lc 12.13-34). As riquezas dão a falsa sensação
de segurança e de independência das coisas espirituais. Daí, sua recomendação
para não se confiar nelas (Lc 12.33,34). .[O Salmo 49, salmo da "Loucura das
Riquezas", por Harry E. Payne: A beleza intrínseca e a sabedoria dos
Salmos são claramente apresentadas neste solene salmo didático. Seu tema
principal é que os ricos ímpios frequentemente vencem na vida, enquanto os
pobres e devotos frequentemente sofrem. E emite uma nítida advertência
àqueles que confiam nas riquezas. Os versículos introdutórios (49:1-4) contêm
um chamado premente a que todos os povos dêem atenção. Depois de
conseguir sua atenção, o escritor abre seu discurso parabólico com a pergunta:
"Por que hei de eu temer" (49:5). Ele não está escrevendo por
causa da inveja daqueles que prosperam, ainda que alguns deles possam ser seus
antagonistas ("quando me salteia a iniquidade dos que me perseguem");
nem tem ele tão pouca confiança em Deus que viva em constante terror daqueles
que lhe perseguem. Ele não tem motivo para temer, ainda que seus inimigos os
ricos e os ambiciosos temam. Por quê? Porque não há felicidade duradoura ou
satisfatória para eles. A futilidade de confiar na riqueza terrestre e nas
posses materiais é graficamente ressaltada nos versículos 5-12. Riquezas
terrestres não darão satisfação no dia mau. O salmista apresenta diversas
razões convincentes para isto.
1. As riquezas não salvarão a vida de uma
pessoa (49:7). As posses materiais não nos asseguram de que não
morreremos (veja Hebreus 9:27). Nenhum homem, não importa quão rico seja,
pode salvar nem mesmo o parente mais próximo ("o irmão") da morte.
2. As riquezas não podem ser usadas como um
resgate diante de Deus, "nem pagar por ele a Deus o seu resgate".
Deus não pode ser subornado (pago de qualquer modo material) para salvar a vida
de uma pessoa.
3. As riquezas não salvarão a alma de uma
pessoa (49:8). Ainda que as palavras "vida" e "alma"
sejam usadas de modo intercambiável na Escritura, creio que esta passagem é
melhor entendida quando "alma" significa "a vida interior",
ou seja, "a alma eterna". Esta só pode ser "redimida" ou
"salva" pela graça do Senhor Deus. Que outro "resgate"
poderia até mesmo o mais rico, mais sábio, mais cativante dos seres humanos dar
por sua própria "vida" ou pela de outro? (Veja Mateus
16:24-27.)
4. As riquezas não evitarão que qualquer
pessoa morra e deixe suas posses para outros (49:10). Riqueza, terras,
casas e todas as coisas materiais perecerão com o uso ou com as devastações do
tempo, ou com a destruição final da terra e de suas obras (2 Pedro 3:10-12).
Todos estes fatos mostram a extrema vaidade da
confiança de uma pessoa nas riquezas. Todas as pessoas morrerão; quando
uma pessoa morre, ela deixa todas as posses aqui na terra; e as deixará para
outros, frequentemente estranhos, que por sua vez falecerão. Entretanto,
o salmista nos conta o que as pessoas que estão dispostas a serem ricas pensam:
(1) Elas pensam "que as suas casas serão perpétuas", e (2) elas darão
às suas terras "seu próprio nome". Há algo errado com uma pessoa dar
nome a uma fazenda, uma plantação, um negócio ou qualquer outra posse física de
acordo com seu próprio nome? O salmista não está condenando a legítima
propriedade de terras e posses, mas antes a jactanciosa, auto-suficiente
"propriedade". O salmista nos diz que mesmo a memória de um rico é
fugaz! Para uma pessoa depositar sua confiança em tais coisas é pura
loucura! "Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é, antes, como
os animais, que perecem" (49:12). O rico pode ter parecido possuir tantas
vantagens e, através dos olhos humanos, pode ter sido invejado ou
admirado. Que pena que todas as honras e benefícios que ele possuía
acabariam em nada. Mas acabaram! E a morte acabou com ele! Nos versículos
13-15, um contraste notável é feito entre a situação difícil do rico mundano e
a daquele do homem que confia em Deus. Para o primeiro: "Como ovelhas são
postos na sepultura", e "a morte é o seu pastor". Para o
último, contudo, o devoto salmista pode dizer: "Mas Deus remirá a
minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si." Em conclusão, o
salmista lembra os fiéis de que são os assuntos extremos da vida que importam,
não os prazeres momentâneos e não as fugazes posses terrestres que muitos de
nós temos (em certo grau), ao longo do caminho de nossa vida aqui. O versículo
20 é uma repetição, como refrão, do versículo 12. Se um homem está em posição
de honra "mas sem entendimento", ele é apenas "como os animais,
que perecem". Para dizer isto com nossas próprias palavras, se ele (1) deposita
confiança injustificada e imprópria nas posses terrestres; se (2) deixa de
reconhecer que a abundância e as riquezas terrestres tem que abandonar um homem
no final; e se (3) deixa Deus fora do quadro e não faz dele sua confiança, sua
esperança, e seu sempre confiável Pai, então ele (ou ela) está agindo
"como os animais que perecem". Que nenhum de nós cometa tão
grave engano!].
4. DINHEIRO, BENS E POSSES NA MORDOMIA CRISTÃ
1. Avaliando a intenção do coração. Os léxicos
definem a avareza como um apego demasiado e sórdido ao dinheiro e mesquinhez.
Vimos que, para evitar esse mal, a tradição rabínica estimulava as práticas
filantrópicas e solidárias. O ensino de Jesus sobre o uso das riquezas
vai muito além da simples doação de bens e ações filantrópicas. Ele não se
limitava a avaliar apenas as ações exteriores, mas, sobretudo, voltava-se para
as atitudes interiores. Dessa forma, valorizou as atitudes da mulher pecadora
na casa de Simão, o leproso, e de Maria de Betânia, a irmã de Marta e de Lázaro
(Lc 7.36-50). Não era, portanto, apenas se desfazer dos bens, mas a atitude e
intenção com que isso era feito (Lc 11.41; 21.1-4). Não basta apenas ofertar,
ou dar o dízimo, mas a atitude com que se faz essas coisas. Não era apenas
doar, mas doar-se. .[ O que é Mordomia? Mordomia é o manejo responsável
dos recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a um grupo.
(Conciso Dicionário de Teologia Cristã – Millard J. Erickson). Mordomia é
Administração (Lc 16.2,RC). Mordomo, - Pessoa encarregada da administração de
uma casa (oikos); administrador. (Gn 39.4-8,RA; Lc 12.42). (Dicionário da
Bíblia de Almeida)-(SBB). - Despenseiro:- 1)- Pessoa encarregada da Despensa,
(Cômodo em que se guardam mantimentos) - (Gn 43.16,RA); 2)- O cristão como
administrador dos seus Dons (1 Pe 4.10); 3)- O obreiro como responsável por
cuidar das coisas de Deus (1 Co 4.1; Tt 1.7). DBA-SBB. - Mordomia é o ofício do
Mordomo. - Mordomo, (no grego oikonómos) - Administrador dos bens de uma casa
ou de um estabelecimento alheio. (Pequena Enciclopédia Bíblica – O.S. Boyer). O
Rev Hernandes Dias Lopes escreve sobre como administrar sabiamente: Alguém já
perguntou muito apropriadamente se Paulo tomou um cafezinho entre os capítulos
15 e 16. O capítulo 15 nos leva às alturas excelsas da revelação de Deus,
falando-nos sobre a ressurreição de Cristo, a segunda vinda de Cristo, a
derrota final dos inimigos de Deus, a transformação dos remidos e a consumação
de todas as coisas. O capítulo 16, porém, Paulo começa a falar sobre dinheiro.
Ele desce do céu para a terra. Parece um anticlimax. É que nós somos cidadãos
de dois mundos. Ao mesmo tempo que temos responsabilidade aqui no mundo, cremos
que a nossa Pátria está no céu.
• A responsabilidade social da igreja não pode ser
dissaciada da sua teologia do mundo porvir.
• Paulo fala neste capítulo sobre três aspectos da
mordomia cristã: dinheiro, oportunidades e pessoas.
I. DINHEIRO – A PREOCUPAÇÃO COM OS POBRES – 16:1-4
1. O compromisso de Paulo com a ação social – v.
1-4
• Paulo não está falando aqui de dízimo nem de
contribuição para os cofres da igreja, mas está falando de uma oferta para
atender as pessoas pobres da igreja de Jerusalém. Não é uma campanha para
aumentar o orçamento da igreja, nem para atender as despesas da igreja, mas um
socorro a pessoas necessitadas de Jerusalém. O princípio de Paulo é que os
cristãos devem dar para outras pessoas.
2. O problema em Jerusalém – v. 1-4
• A região da Judéia, onde estava Jerusalém tinha
sofrido uma grande fome (At 11:27-28), que tinha empobrecido muitas pessoas.
Além do mais, com o martírio de Estêvão, começou a perseguição aos cristãos, o
que fez com que muitos crentes abandonassem a cidade.
• A igreja de Antioquia já havia enviado uma ajuda
financeira para os pobres da igreja de Jerusalém (At 11:29-30).
• Oito anos antes de escrever esta carta Paulo
tinha se comprometido com os apóstolos Pedro, Tiago e João, os líderes da
igreja de Jerusalém, que faria algo pelos pobres (Gl 2:10). Paulo estava
comprometido não apenas a pregar o evangelho, mas também a assistir os pobres.
Evangelização e ação social precisam andar juntas.
• Paulo entendia que as igrejas gentílicas deviam
abençoar financeiramente a igreja de Jerusalém pelos benefícios espirituais
recebidos dela (Rm 15:25-27).
• Paulo escreveu 2 Coríntios, mais ou menos um ano
depois de 1 Coríntios. Ele dá testemunho de que este projeto de levantamento de
ofertas para a igreja pobre de Jerusalém tinha sido um sucesso (2 Co 8:2-4).
• Dois anos depois quando ele fez um apelo à igreja
de Roma, ele inclui Corinto (Acaia) como um bom exemplo (Rm 15:26).
3. Os princípios básicos de dar – v. 1-4
3.1. O cristão deve dar para pessoas que não fazem
parte da sua igreja – 16:1 – Seja na visão evangelística, seja na visão da ação
social, a motivação básica da contribuição deve ser ajudar outros. A igreja não
vive só para si mesma. Egoísmo financeiro é um sinal de mundanismo. Uma igreja
missionária é uma igreja viva. Quem são os outros aqui? Os irmãos da igreja de
Jerusalém. A Bíblia nos mostra as prioridades da contribuição (Gl 6:10; 1 Tm
5:8). Exemplo: O mar morto.
3.2. Divulgue as necessidades – 16:1 – A primeira
orientação é que as necessidades devem ser divulgadas de maneira clara e
precisa. Paulo não teve receios em contar para os coríntios que ele precisava
de dinheiro, e para quê. Paulo não é apenas direto, mas também autoritário
“como ordenei às igrejas da Galácia”. Dar para causas cristãs de valor é uma
obrigação cristã como ir à igreja, orar ou ser fiel à esposa. Pastores que
ficam sem jeito para pedir dinheiro à igreja para causa justas não estão
fundamentados na verdade de que é mais bem-aventurado dar do que receber. Uma
igreja que tem recursos financeiros tem também responsabilidade de ajudar os
pobres.
3.3. Dar é um ato de adoração – 16:2 – Cada membro
da igreja deveria vir ao culto no domingo preparado para contribuir para
atender à necessidade dos santos pobres. É triste quando os crentes ofertam
apenas como dever e não como um sacrifício agradável a Deus (Fp 4:18). Dar é um
ato de adoração ao Salvador ressurreto.
3.4. Incentive a contribuição sistemática – 16:2 –
Paulo propôs planos funcionais para que a igreja de Corinto pudesse ser mais
efetiva na contribuição. “por à parte em casa” significa separar regularmente o
dinheiro para a oferta. Se não formos sistemáticos na contribuição nunca vamos
contribuir. Se esperarmos sobrar nunca vamos contribuir. Se fôssemos tão
sistemáticos na contribuição, como somos nos nossos INVESTIMENTOS a obra de
Deus prosperaria muito mais.
3.5. A contribuição deve ser proporcional – 16:2 –
“conforme a sua prosperidade” mostra que ninguém está isento de contribuir. A
contribuição deve ser justa. Quem gahnha mais deve dar mais. Um cristão de
coração aberto não pode manter a mão fechada. A contribuição é uma graça e não
um peso. Se nós apreciamos a graça de Deus a nós, teremos alegria em expressar
a graça através da oferta aos outros.
3.6. A contribuição deve ser pessoal e individual –
16:2 – “cada um de vós” – Paulo esperava que cada membro da igreja participasse
da oferta, os ricos bem como os pobres. Todos os crentes devem participar dessa
graça de dar aos pobres.
3.7. O dinheiro deve ser lidado com honestidade –
16:3-4 – Paulo tinha um comitê financeiro para ajudá-lo (16:3-4; 2 Co 8:16-24).
Muitos obreiros perdem o seu testemunho pela maneira pouco transparente como
lidam com o dinheiro. Paulo recomenda as igreja escolher pessoas específicas
para lidar com o dinheiro das ofertas.].
2. Entesourando no céu. Mordomo é alguém que
administra os bens de outra pessoa. Os bens não lhe pertencem, mas ele pode
usufruir deles enquanto os administra para seu legítimo dono. Jesus contou a
parábola do administrador, ou mordomo infiel, para mostrar esse fato (Lc
16.1-13). O entendimento entre os intérpretes da Bíblia é que essa parábola tem
um fim escatológico. Assim como os filhos deste mundo são perspicazes e astutos
no que diz respeito ao uso de suas riquezas, assim também os filhos do Reino
devem ser sábios na aplicação de seus bens. O ensino da parábola é que o melhor
investimento é usar os recursos materiais adquiridos na propagação do
Reino de Deus e, dessa forma, ganhar amigos para a vida eterna (Lc 16.9). .[Em Mateus 6:19-20 o Senhor diz: “Não acumuleis para vós outros
tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões
escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu...”. Olha só que
ensino surpreendente esse! O Senhor está dizendo que eu ou você podemos passar
nossa vida trabalhando para conseguir uma das duas coisas: Um tesouro que vale
muito, ou, um tesouro que não vale nada! Entretanto eu me pergunto: Como é que
alguém poderia entre duas escolhas ficar com a pior? O que levaria um homem ou
uma mulher sadios da mente fazer a pior escolha e dedicar sua vida inteira para
consegui-la? Gastar o melhor dos seus dias em busca do pior para a sua
existência? Francamente – a não ser que a pessoa tenha algum problema mental –
isso parece uma coisa impossível de acontecer, pois qualquer pessoa quer o
melhor para si. Mas então, qual é a razão desse ensino do Senhor? Acho que o
Senhor está nos advertindo contra um poderoso inimigo: o engano. O que acontece
se uma pessoa pensar que escolheu o melhor enquanto na verdade escolheu o pior?
Pense em quantas pessoas já compraram um apartamento – na planta – e concluíram
que estavam fazendo o negócio da sua vida. Trabalharam duramente para pagar as
prestações. Economizaram. Sonharam. Pense na decepção e amargura delas quando
lá na frente descobrem que tudo é uma farsa. A construtora é uma arapuca. O
apartamento nunca existiu. Tanto trabalho. Tanto esforço... por uma farsa!
Vidas verdadeiramente empenhadas por uma mentira. Pensando que trabalhavam por
uma coisa boa, trabalhavam duro por um grande mal. Que poder incrível tem esse
tal de engano!!! Usar o melhor de nós para tirar o melhor para ele! Talvez essa
seja a armadilha contra a qual o Senhor quer nos advertir aqui nesse ensino.
Será que sinceridade, esforço e dedicação formam um trio imbatível que nos
garanta a salvação? E se, por falta de conhecimento, formos enganados? E se,
enquanto acreditamos que estamos trabalhando para nossa salvação, estamos – na
verdade – trabalhando para nossa perdição eterna?! Terrível!!! Sinceros, mas
enganados! Fervorosos, mas enganados! Dedicados, mas enganados! Como ter certeza?
Qual a fonte segura? A igreja que frequento? Pregadores que ouço? Artigos como
esse? Jesus dá a resposta: “Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não
conhecendo as Escrituras ...” (Mateus 22:29). Essa é a resposta. O conhecimento
das Escrituras pode nos livrar dos enganos. É por acreditar nos sentimentos e
não na verdade que somos enganados. Jacó trabalhou sete anos para ter Raquel
como esposa, mas sem saber trabalhava esforçadamente a cada dia para se casar
com Lia. Pensando que trabalhava para ter Raquel, sem saber trabalhava para ter
Lia. Quantas pessoas fervorosas podem estar nessa situação hoje? Pensando que
trabalham para a salvação (tesouros no céu), sem saber trabalham para a
perdição (tesouros na terra). Dedicadas. Empenhadas. Amorosas. Evangelizadores.
Tantas coisas, que não dá para acreditar que não terão o seu lugar na
eternidade ao lado do Senhor. Mas, e se o maldito engano as tiver sob seu
controle? E se elas estiverem na mesma situação do pobre Jacó: trabalhando por
Lia enquanto pensava que era por Raquel? Em Mateus 7:21, Jesus diz muito sobre
esse tipo de engano: “Nem todo que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos
céus; mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus”. Olha só? Não
é a mesma situação? Aquelas pessoas fizeram muita coisa em nome do Senhor – é
só continuar lendo Mateus que a gente vê. Mas desgraçadamente foi tudo um
grande engano. Apanhadas em uma poderosa armadilha ficaram cegas. E, cegas,
rumaram para longe do Senhor enquanto pensavam que estavam indo ao seu encontro.
Qual é o verdadeiro tesouro então? Como achar um caminho certo e seguro para
ele? Paulo responde: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça
de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios
3:8). Eis aí o mapa do
verdadeiro tesouro: o evangelho da salvação. Confie sua
vida a ele e seja rico em bênçãos celestiais! “Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos
lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:3).– por Pedro de Jesus Barruzi,
http://www.estudosdabiblia.net/2005120.htm].
CONCLUSÃO
Não há
valor moral no dinheiro em si. Ter dinheiro pode ser uma coisa boa ou ruim.
Isso vai depender do conjunto de valores daquele que o utiliza. Certamente,
usar o dinheiro para ajudar uma obra filantrópica, ou investir na obra
missionária, é uma coisa útil e louvável. Todavia, usar esse dinheiro, como
advertiu Jesus, simplesmente com a atitude de querer mais posses, mais
prestígio, mais autossatisfação, acaba se tornando uma coisa ruim. Leiamos com
cuidado o terceiro Evangelho e descubramos o exercício da verdadeira mordomia
cristã. .[O fato de ser rico não
desqualifica ninguém ao reino de Deus, mas o apego, a confiança, o amor, o
serviço prestado à riqueza. A riqueza não é um mau, mas o apego a ela!
Estudamos anteriormente acerca das mulheres que mantinham o ministério de
Jesus, mesmo Mestre precisou ser financiado para que pudesse exercer Seu
ministério! O texto Áureo não fecha a porta da salvação aos ricos, mas àqueles
que aplicam seu coração nestas coisas. Sobre isso, ensina Jesus: “Prestem
atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de
uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas. Então
Jesus contou a seguinte parábola: - As terras de um homem rico deram uma grande
colheita. Então ele começou a pensar: "Eu não tenho lugar para guardar
toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! - disse para si mesmo. -
Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda.
Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. Então
direi a mim mesmo: 'Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos
anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.' " Mas Deus lhe disse: "Seu
tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você
guardou?" Jesus concluiu: - Isso é o que acontece com aqueles que juntam
riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos”.]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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