SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
A morte de Jesus não
foi apenas um episódio de natureza histórica. Na verdade, sua morte estava no
desígnio e presciência de Deus (At. 2.23), estabelecido desde a eternidade (I
Pe. 1.20; Ap. 13.8). Na aula de hoje destacaremos o significado da morte de
Jesus no plano da salvação, destacando inicialmente a abordagem política de
Pilatos. Em seguida, destacaremos o significado da morte de Jesus para Simão
Cirineu, as mulheres de Jerusalém, e os malfeitores. E ao final, o significado
do Pai, que providenciou em Jesus o sacrifício vicário para nossa salvação.
1. A MORTE DE JESUS E A
POLÍTICA DE PILATOS
Pilatos foi o governador da Judéia no período de 26
a 36 d. C., e como a maioria dos políticos, tinha a preocupação de manter sua
popularidade perante a população. Por causa disso, durante o julgamento de
Jesus, mostrou-se escorregadio em relação as suas decisões. Na verdade, a
vontade de Pilatos foi esquivar-se da morte de Jesus (Lc. 23.1-5). De igual
modo, os políticos não costumam compreender o significado da morte de Jesus.
Para alguns deles Jesus é apenas um nome por meio do qual tentar ganhar votos,
a fim de satisfazer seus interesses pessoais. O Senhor foi acusado pela
religião, que incitou o poder político, a condenar e crucificar Jesus. Ainda
hoje essa relação entre religião e estado é extremamente danosa, muitos
políticos se aproximam das igrejas evangélicas, com um discurso aparentemente
moralista, a fim de ter apoio eleitoreiro. Por outro lado, algumas lideranças
se dobram a esses interesses, e se necessário for, fazem concessões ao
evangelho, a fim de tirarem proveito dessa relação. Pilatos reconheceu a
inocência de Jesus Lc. 23.15), mas em nome da política dos homens preferiu
entregá-lo à opinião pública. Há muitos governantes que sabem o que deve ser
feito, mas não tomam uma atitude correta, preferem o pragmatismo para não
perderem votos. Como geralmente acontece no plano da política dos homens,
Pilatos e Herodes lançaram a responsabilidade de um para o outro em relação à
morte de Jesus (Lc. 23.6-12). Pilatos, por fim, decidiu lavar as mãos, e
entregar Jesus ao povo, incitado pela religiosidade, para satisfazer a multidão
(Mc. 15.15).
2. A MORTE DE JESUS, SIMÃO CIRINEU, AS MULHERES E
OS MALFEITORES
Os estudiosos não concluíram se Jesus carregou uma
cruz ou apenas uma estaca, que seria afixada em uma haste, que comporia a cruz
na qual foi pregado (Jo. 19.17). Fato é que Jesus não foi capaz de seguir
adiante, carregando a cruz, por isso Simão foi chamado para ajuda-lo, conforme
estava previsto na lei romana (Mt. 5.41). Esse Simão não é o discípulo do
Senhor com mesmo nome, na verdade esse prometera ficar ao lado do Senhor, mas O
abandonou durante a perseguição. O Simão que partilhou o peso do instrumento de
crucificação era um estrangeiro, que havia percorrido mais de 1.200
quilômetros, desde a África para celebrar a Páscoa. Tudo indica que esse Simão
se converteu a Cristo, sendo posteriormente identificado como pai de Alexandre
e de Rufo (Mc. 15.21). A tragédia da crucificação de Jesus possibilitou que
aquele estrangeiro religioso tivesse um encontro pessoal com o Cristo. Essa é
uma realidade atestada nos dias atuais, muitas pessoas estão encontrando Jesus,
distanciando-se da mera religiosidade, principalmente nas situações adversas.
As mulheres que testemunharam aquele episódio também se identificaram com o
sofrimento de Jesus. O Evangelho segundo Lucas destaca o papel das mulheres no
ministério do Senhor. Mais uma vez, diante da crucificação do Senhor, as
mulheres mostraram sensibilidade e afeição pelas dores do Cristo (Lc.
23.27-31). Se fizermos um censo, atestaremos que o número de mulheres que se
aproximam de Cristo é sempre maior que o de homens. Elas são mais sensíveis à
mensagem da cruz, são mais propícias à aceitação do evangelho do Senhor. Os
malfeitores também foram alcançados pela graça maravilhosa desse evangelho.
Enquanto que os religiosos pediram a crucificação de Jesus, um dos malfeitores
entre os quais Ele foi contado se arrependeu dos seus pecados (Lc. 22.37; Mt.
27.38). Um ladrão percebeu que estava diante de um Rei, e clamou para que fosse
lembrando no Reino de Cristo (Lc. 23.35-43). Ainda hoje Jesus atrai para SI
aqueles que se encontram nas condições mais deploráveis (Mt. 21.28-32).
3. A MORTE DE JESUS E A
VONTADE DO PAI
A morte de Jesus não foi apenas um fato na dimensão
horizontal, envolveu uma transação vertical, retratada com maestria por Isaias
(Is. 53). Cristo não tinha pecado, mas fez-se necessário que Ele morresse a
nossa morte, para a salvação dos nossos pecados. Ele foi feito pecado por nós,
por esse motivo as trevas envolveram a cruz (II Co. 5.21). A própria natureza
partilhou dos efeitos daquela situação, o clamor de Jesus retomou a declaração
do salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Sl. 22.1; Mc.
15.33; Mt. 27.45,46). Ao final Jesus clamou em voz alta: “Está consumado” (Jo.
19.30), pois na cruz Ele cumpriu o propósito divino da salvação (Jo. 17.4). Por
isso quando Ele entregou o espírito ao Pai, como um ato voluntário, o véu do
templo se rasgou de alto a baixo (Mc. 15.38). De modo que, a partir de então,
temos livre acesso à presença de Deus (Hb. 4.6), e pela fé podemos nos achegar,
e chamá-LO de Pai (Gl. 4.6). Lucas registra ainda que: 1) o centurião
reconheceu que Jesus era o Filho de Deus (Lc. 23.47); 2) os expectadores
deixaram o recinto, pois queriam ver apenas o show (Lc. 18.3); e 3) as mulheres
permaneceram no local, partilhando a dor do Senhor (Lc. 24.22). Diante dessas
reações, a pergunta crucial parece ser: como as pessoas reagem diante da morte
de Jesus? Esse é o critério a respeito do qual é possível determinar a
ortodoxia ou heterodoxia de uma crença. Se Jesus foi apenas um grande iniciador
religioso, se a Sua morte não teve significado espiritual, então é vã a nossa
fé. Mas pelo testemunho do evangelho temos a convicção que a morte de Jesus não
foi um episódio casual, naquele ato Deus estava reconciliando os pecadores,
isso porque Aquele que não conheceu pecado se fez pecado por nós (II Co. 5.21).
CONCLUSÃO
Por que Cristo morreu? Essa pergunta tem sido feita
ao longo da história do pensamento teológico, e muitos pensadores querem trazer
uma resposta razoável. A fundamentação bíblica destaca a caráter vicário e
expiatório da morte de Jesus. A Sua morte foi o sacrifício perfeito pelos
nossos pecados (Cl. 1.22;I Pe. 1.19). De modo que somos salvos não pelas nossas
obras, mas pelo sacrifício de Jesus na cruz do calvário (Ef. 2.8,9), por meio
do qual fomos reconciliados com Deus (II Co. 5.5).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Os momentos que antecederam à
prisão e julgamento de Jesus foram extremamente difíceis e penosos para Ele e
seus seguidores. As autoridades judaicas já haviam decidido, em concílio, pela
sua morte, e esperavam apenas o momento oportuno para isso. Não intentavam
realizar o ato durante a Páscoa, para não causar tumulto. Nesse momento surge
Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, com a proposta de entregar Jesus a
esses líderes. E foi o que ele fez. Preso, Jesus logo é submetido a um
julgamento que o condenou e o entregou para ser crucificado! Pregado na cruz,
Jesus, o homem perfeito, sentiu as dores dos cravos e o peso do pecado da
humanidade. [A morte de
Jesus é ponto central da fé cristã e precisa ser compreendida. Ela foi
voluntária, de inteira vontade do Pai (Mt 26.36-39). Quando nosso Senhor
terminou de comer a Páscoa e celebrar a ceia com seus discípulos, foi com eles
ao Monte das Oliveiras, e entrou no jardim do Getsêmani, afastando-Se dos discípulos
e ficando apenas com Pedro e os dois filhos de Zebedeu a Seu lado, foi orar.
Quando Ele ficou sozinho, mais tarde, "adiantando-se um pouco, prostrou-se
sobre o seu rosto, orando..." (Mt 26.39). Em profunda angústia, ele pedia:
"..Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja
como eu quero, e sim como tu queres" (v. 39). Jesus não recebeu
resposta. O Pai ficou em silêncio. O aparente silêncio de Deus diante da oração
de Jesus no Jardim foi uma clara resposta a essa oração. A oração de Jesus não
foi para que Sua vida fosse poupada na cruz do Calvário. A oração de Jesus foi
ter sua vida poupada para que não morresse ali no Jardim do Getsêmani. Ele
estava destinado a morrer na cruz do Calvário para tirar os pecados do mundo.
De Sua agonia de pavor, enquanto contemplava as implicações da sua morte, Jesus
emergiu com confiança serena e resoluta. Assim, quando Pedro sacou da espada
numa tentativa frenética de impedir a prisão, Jesus pôde dizer: “Não beberei,
porventura, o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). Visto que João não
registrou as orações agonizantes de Jesus pedindo a remoção do cálice, esta
referencia a Ele é ainda mais importante. Jesus sabe que o que o cálice não lhe
será tirado. O Pai lho deu. Ele o beberá Stott, John R. W. A Cruz de
Cristo. Ed. Vida, São Paulo, SP, 9ª impressão 2002: p. 67. Assim como num
jardim a auto-complacência de Adão nos arruinou, também em outro jardim as
agonias do segundo Adão deveria nos restaurar.]. Vamos pensar maduramente
sobre a fé cristã?
1. AS ÚLTIMAS
ADVERTÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES
1. Aflição interior. Sabendo que era
chegada a sua hora, Jesus trata de dar as últimas advertências e recomendações
aos seus discípulos. Todos os evangelistas registram a advertência que Jesus
fez a Pedro (Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38). Faltava pouco
para o Mestre ser preso, e tanto Ele quanto seus discípulos iriam passar por um
conflito interior sem precedentes. Daí a necessidade de estarem preparados
espiritualmente para esse momento (Mt 26.41). Pedro é avisado de que Satanás o
queria peneirar (Lc 22.31-34). No Monte das Oliveiras, pouco antes de sua
prisão, Ele advertiu a todos sobre a necessidade da oração para suportar as
provações que se avizinhavam (Lc 22.39-46). Podemos falhar e muitas vezes
falhamos, entretanto, não é por falta de aviso. [No jardim do Getsêmani, pouco distante de
Jerusalém, Jesus sabia exatamente o que estava vindo e começou a orar. Seu
coração quase não podia suportar tamanho peso: “A minha alma está cheia de
tristeza até a morte” (Mateus 26.38). Então, a multidão apareceu com espadas e
porretes. Judas beijou Jesus, e o prenderam. Meditando na cena da agonia no
Getsêmani, somos obrigados a dar-nos conta que nosso Salvador suportou ai uma
tristeza desconhecida em qualquer outra etapa de Sua vida, portanto, vamos
começar nosso discurso fazendo a seguinte pergunta: QUAL ERA A CAUSA DESSA
TRISTEZA ESPECIAL DO GETSÊMANI? Nosso Senhor era “varão de dores e
experimentado no sofrimento” ao longo de toda Sua vida, no entanto, ainda que
soe paradoxo, penso que dificilmente existiu sobre a face da terra um homem
mais feliz que Jesus de Nazaré, pois as dores que Ele teve que suportar foram
compensadas pela paz da pureza, a calma da comunhão com Deus, e a alegria da
benevolência. Todo homem bom sabe que a benevolência é doce e seu nível de
doçura aumenta em proporção a dor suportada voluntariamente quando se cumprem
seus amáveis desígnios. Fazer o bem sempre produz alegria. Mais ainda, Jesus
tinha uma perfeita paz com Deus todo o tempo; sabemos que isso era assim porque
Ele considerava essa paz como uma herança especial que Ele podia deixar a seus
discípulos, e antes de morrer disse-lhes: “A paz os deixo, a minha paz os dou.”
Ele era manso e humilde de coração, e, portanto sua alma possuía o descanso;
Ele era um dos mansos que herdam a terra; um dos pacificadores que são e que devem
ser abençoados. Estou certo que não me equivoco quando afirmou que nosso Senhor
estava longe de ser um homem infeliz. Porem, no Getsêmani, tudo parece ter
mudado. Sua paz o abandonou, Sua calma se converteu em tempestade. Depois da
ceia, nosso Senhor tinha cantado um hino, porem no Getsêmani não havia cantos.
Descendo pela encosta que levava de Jerusalém a torrente do Cedrom, Ele falava
com muita vivacidade, dizendo: “eu sou a videira, vós os ramos,” e essa
maravilhosa oração com que orou com Seus discípulos depois desse sermão, está
repleta de majestade: “Pai, aqueles que me tens dado, quero que onde eu esteja,
também eles estejam comigo.” É uma oração muito diferente dessa oração dentro
dos muros do Getsêmani, onde clama: “ Pai, se possível, passe de mim esse
cálice.” Observem que dificilmente ao largo de toda sua vida o observam com uma
expressão de angustia, e no entanto, aqui Ele fala, não só mediante suspiros e
suor de sangue, mas também por meio das seguintes palavras: “Minha alma está
muito triste, até a morte.” No jardim, o homem que sofria não podia ocultar sua
angustia, e dá a impressão que não queria fazê-lo. A Agonia no Getsêmani,
Sermão pregado no Domingo, 18 de Outubro de 1874, por Charles Haddon Spurgeon,
no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres
http://www.projetospurgeon.com.br/2012/03/a-agonia-no-getsemani/]
2. Aflição exterior. O texto de Lucas
22.35-38 tem chamado a atenção dos estudiosos da Bíblia. Estaria Jesus aqui
pregando a luta armada? Não! Isso pelo simples fato de que o uso da força como
parte do seu Reino é frontalmente contrário aos seus ensinos (Mt 5.9,
22.38-47). Jesus cita a profecia de Isaías 53.12 como se cumprindo naquele
momento, e os discípulos, solidários com a sua missão, sofreriam as suas
consequências. Assim como o seu Mestre, eles também seriam afligidos
exteriormente com as consequências da prisão. Deveriam, portanto, estar
preparados para aquele momento. Jesus seria contado com os malfeitores e seus
discípulos seriam identificados da mesma forma (Mc 14.69). [As condições mudarão após a crucificação, e eles devem estar preparados
para encontrar ódio e perseguição. Jesus não sugere que seus seguidores devem
usar a força ao divulgarem o evangelho, mas que eles precisariam de vigilância
perpétua, usando todos os recursos ao seu alcance.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"As palavras finais de Jesus aos discípulos no
cenáculo os fazem lembrar de dificuldades à frente (Lc 22.35-38).
Anteriormente, Ele os tinha enviado de mãos vazias para pregar o evangelho (Lc
9.1-6; 1.3,4). Eles fizeram uma viagem curta e levaram consigo providências
limitadas, mas suas necessidades tinham sido providas. Nos dias tranquilos da
missão galileia, eles tinham confiado na hospitalidade das pessoas. Agora os
tempos mudaram, e eles enfrentarão dificuldades como nunca antes. Logo, Jesus
será executado como criminoso, e os discípulos serão vistos como comparsas no
crime. Deus ainda estará com os discípulos, mas daqui em diante eles têm de
tomar providências e buscar proteção para a viagem. Eles terão de se defender
contra os inimigos do evangelho, contra Satanás e contra as forças das trevas.
Eles devem obter uma espada. [ ]
Alguns tomam a palavra 'espada' literalmente,
significando que os discípulos devem comprar espadas para usar em conflito
físico. Mais tarde, alguns estarão preparados para defender Jesus com espadas,
mas Ele detém essa tentativa antes de qualquer coisa (vv. 49-51). O que Jesus
realmente quer é que os discípulos provejam as próprias necessidades e se
protejam sem derramar sangue. Eles se encontrarão cada vez mais lançados numa
luta espiritual e cósmica. A compra de espadas serve para lembrá-los daquela
batalha iminente. Empreender esse tipo de guerra requer armas especiais,
inclusive 'a espada do Espírito, que é a palavra de Deus' (Ef 6.11-18).
Os discípulos parecem não entender (Lc 22.38). Eles
informam que têm duas espadas. Jesus diz: 'Basta', provavelmente com a intenção
de repreensão irônica por pensarem assim. Eles encetarão uma guerra cósmica; os
recursos humanos nunca são suficientes para esse tipo de luta" (ARRINGTON,
French L. Lucas. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004,
pp.463-64). [ ]
2. JESUS É TRAÍDO E PRESO
1. A ambição. A traição de Jesus é um dos relatos mais
dramáticos e tristes que o Novo Testamento registra. Jesus foi traído por
alguém que compartilhava da sua intimidade (Sl 41.9). Judas, conforme relata
Lucas, foi escolhido pelo próprio Cristo para ser um dos seus apóstolos (Lc
6.16).
O que levou, portanto, Judas a agir dessa forma? Os
textos paralelos sobre o relato da traição mostram que Judas era avarento,
amava o dinheiro e a ambição o levou a entregar o Senhor (Jo 12.4-6). [Embora não possamos ter certeza absoluta do motivo pelo qual Judas
traiu a Jesus, algumas coisas são certas. Primeiro, temos que reconhecer que,
embora Judas tenha sido escolhido de forma consciente para ser um dos doze
(João 6:64), as Escrituras apontam ao fato de que ele nunca realmente acreditou
que Jesus era Deus, e ele provavelmente nunca tinha sido convencido de que
Jesus era o Messias. Ao contrário dos outros discípulos que chamaram Jesus de
"Senhor" (que é de grande importância em várias formas), Judas nunca
utilizou este título para Jesus e ao invés o chamou de "Rabi"; isso
afirmava apenas que ele via Jesus como nada mais do que um professor. Enquanto
outros discípulos várias vezes fizeram grandes profissões de fé e de lealdade
(João 6:68, 11:16), Judas não só nunca fez isso, mas permaneceu bastante
silencioso em todas as narrativas bíblicas. Esta falta de fé em Jesus é o
alicerce para todas as outras considerações abaixo. O mesmo vale para nós. Se
não reconhecermos Jesus como Deus encarnado e, portanto, a uma única pessoa que
pode oferecer salvação eterna e perdão pelos nossos pecados, então seremos
sujeitos a vários outros problemas que resultam de uma visão errada da Deus. Leia
mais:
http://www.gotquestions.org/Portugues/Judas-trair-Jesus.html#ixzz3dBPhh8vC]
2. A negociação. Há muito, os líderes religiosos procuravam
uma oportunidade para matar Jesus, mas além de não encontrá-la, eles ainda
temiam o povo (Mt 26.3-5; Lc 22.2). Lucas mostra que o Diabo entra em cena para
afastar esse obstáculo (Lc 22.3-6). O terceiro Evangelho já havia mostrado, por
ocasião da tentação, que o Diabo tinha se apartado de Jesus até o momento
oportuno (Lc 4.13). Sabendo que Judas estava dominado pela ambição, Satanás
incita-o a procurar os líderes religiosos para vender Jesus (Lc 22.2-6). O
preço foi acertado em 30 moedas de prata (Mt 26.15). Quando o responsabiliza
por seu ato, a Escritura mostra que Judas não estava predestinado a ser o
traidor de Jesus (Mc 14.21). Ele o fez porque não vigiou (Lc 6.13; 22.40). Quem
não vigia termina vendendo ou negociando a sua fé. [Judas foi consumido por ganância, a ponto de trair a confiança não só
de Jesus, mas também dos outros discípulos, como vemos em João 12:5-6. Judas
talvez teve o desejo de seguir a Jesus simplesmente porque ele viu que pessoas
importantes também estavam seguindo a Jesus; ou talvez ele tenha acreditado que
poderia tirar proveito das coletas para o grupo. O fato de Judas ter sido o
encarregado da bolsa de dinheiro aparenta indicar o seu interesse e experiência
com dinheiro (João 13:29). Judas, como a maioria das pessoas naquela época,
acreditava que o Messias iria acabar com a ocupação romana e assumir uma
posição de poder para reinar sobre a nação de Israel. Talvez Judas seguiu a
Jesus com a intenção de tirar vantagem da sua associação com ele como o novo
poder político. Não há qualquer dúvida de que ele esperava fazer parte da elite
dominante quando isso viesse a se realizar. Ao chegar o momento da traição de
Judas, Jesus já tinha deixado claro que ele
planejava morrer e não iniciar uma
rebelião contra Roma. Por isso Judas pôde ter assumido, tal como fizeram os
fariseus, que uma vez que ele não iria acabar com a ocupação romana, ele
provavelmente não era o Messias que estavam esperando. Leia mais:
http://www.gotquestions.org/Portugues/Judas-trair-Jesus.html#ixzz3dBQ4czVQ]
3. JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS
1. Na esfera religiosa. Os conflitos
entre Jesus e os líderes religiosos de Israel começaram muito cedo (Mc 3.6). As
libertações, as curas e autoridade com que transmitia a Palavra de Deus fez com
que as multidões passassem a seguir a Jesus (Lc 5.1). Essa popularidade entre
as massas provocou inveja e ciúme dos líderes religiosos que perdiam espaço a
cada dia (Jo 12.19). Para esses líderes, alguma coisa deveria ser feita e com
esse intuito reuniram o Sinédrio. A decisão foi pela morte de Jesus (Jo
11.47-57). O passo seguinte foi fazer um processo formal contra Jesus, onde Ele
seria falsamente acusado de ser um sedicioso que fizera Israel se desviar. [Houve seis partes dos julgamentos de Jesus:
três estágios em um tribunal religioso e três estágios perante um tribunal
romano. Jesus foi julgado diante de Anás, o antigo sumo sacerdote; Caifás, o
atual sumo sacerdote, e o Sinédrio. Nestes julgamentos
"eclesiásticos", Ele foi acusado de blasfêmia por ter alegado ser o
Filho de Deus, o Messias. Os julgamentos diante das autoridades judaicas, ou
seja, os julgamentos religiosos, mostraram em que grau os líderes judeus o
odiavam porque descuidadamente desconsideraram muitas de suas próprias leis. De
acordo com a própria lei judaica, houve várias ilegalidades envolvidas nestes
julgamentos: (1) Nenhum julgamento era para ser realizado durante o tempo de
festa, e Jesus foi julgado durante a Páscoa. (2) Cada membro do tribunal era
para votar individualmente para condenar ou absolver, mas Jesus foi condenado
por aclamação. (3) Se a pena de morte fosse dada, era necessário que pelo menos
uma noite se passasse antes da sentença ser executada, porém, apenas algumas
horas se passaram antes de Jesus ser crucificado. (4) Os judeus não tinham
autoridade para executar ninguém, mas mesmo assim projetaram a execução de
Jesus. (5) Nenhum julgamento era para ser realizado à noite, mas este
julgamento foi realizado antes do amanhecer. (6) O acusado era para receber
conselho ou representação, mas Jesus não teve nada. (7) Não deviam ter feito
perguntas auto-incriminatórias a Jesus, mas Ele foi perguntado se era o Cristo.
Os julgamentos perante as autoridades romanas começaram com Pilatos (João
18:23) depois de Jesus ser espancado. As acusações apresentadas contra Ele eram
muito diferentes das acusações nos julgamentos religiosos. Ele foi acusado de
incitar as pessoas à revolta, proibindo o povo a pagar os seus impostos, e
afirmando ser rei. Pilatos não encontrou nenhuma razão para matar Jesus, por
isso o enviou a Herodes (Lucas 23:7). Herodes permitiu a ridicularização de
Jesus, mas, querendo evitar a responsabilidade política, enviou-o de volta a
Pilatos (Lucas 23:11-12). Este foi o último julgamento, enquanto Pilatos
tentava apaziguar a animosidade dos judeus ao ter Jesus flagelado. O flagelo
romano é uma terrível surra, possivelmente de 39 chicotadas. Em um esforço
final para liberar Jesus, Pilatos ofereceu que o prisioneiro Barrabás fosse
crucificado e Jesus liberado, mas sem sucesso. As multidões pediram que
Barrabás fosse solto e Jesus fosse crucificado. Pilatos atendeu ao seu pedido e
entregou Jesus à vontade do povo (Lucas 23:25). Os julgamentos de Jesus
representam o escárnio supremo da justiça. Jesus, o homem mais inocente na
história do mundo, foi considerado culpado de crimes e condenado à morte por
crucificação. Leia mais:
http://www.gotquestions.org/Portugues/julgamentos-Jesus.html#ixzz3dBR2taxX]
2. Na esfera política. Para os
líderes religiosos, Jesus era um herege, acusado de ter blasfemado, e que
deveria ser tirado de cena a qualquer custo, mesmo que fosse a morte. Todavia,
Israel nos dias de Jesus estava sob a dominação romana e os líderes judeus não
poderiam conquistar o seu intento sem a aprovação do Império (Jo 18.31). Lucas
deixa claro que a acusação dos líderes judeus feita a Jesus era tríplice: desviar
a nação; proibir os judeus de pagarem impostos a Roma e afirmar que Ele, e não
César, era rei (Lc 23.2,5,14). Em outras palavras, Jesus foi acusado de
sedição. Desviar os judeus de sua fé não era crime para Roma, mas a sedição,
fazer o povo se levantar contra o império, era! Jesus, portanto, estaria
levando os seus discípulos a uma revolta política. Os romanos não toleravam
nenhuma forma de levante contra o Estado e estipulavam para esse tipo de crime
a pena capital. [A tarefa
de Pilatos, como governador romano, era a de exercer justiça. Mesmo nos
territórios de ocupação romana esperava-se que a justiça prevalecesse. O
processo judicial romano reconhecia o direito de ficar em silêncio e a
inocência do acusado até que se provasse o contrário. Antigos registros daquela
época, transcritos de processos civis romanos, demonstram uma semelhança
impressionante com o processo judicial nas cortes de justiça atuais: a presença
dos advogados, a apresentação das provas documentais e testemunhais, bem como a
formulação de elaborados argumentos legais. Pilatos, porém, desconsiderou todas
as salvaguardas, ao permitir – e até mesmo ordenar – a execução de um homem que
ele mesmo já tinha declarado inocente de qualquer crime passível de morte (Lc
23.14-15,22). A última interrogação de Pilatos a Jesus registrada nos
Evangelhos, pergunta essa que deve ter sido feita num tom de frustração e
arrogância ultrajante, foi a seguinte: “Não sabes que tenho autoridade [poder]
para te soltar e autoridade para te crucificar?” (Jo 19.10). Mas a resposta de
Jesus a Pilatos deve ter penetrado até a medula, quando ele lembrou ao
governador romano que Deus é o Outorgante Supremo da autoridade (v. 11). A
partir de então, Pilatos redobrou seus esforços para evitar que o fiasco legal
e político se desenrolasse na sua presença, mas tudo foi em vão (v. 12). http://www.beth-shalom.tv.br/artigos/jesus_pilatos.html.
Então eles entregaram Jesus ao governador romano, Pilatos, ainda no começo da
sexta-feira. Depois do interrogatório, Pilatos o enviou ao Rei Herodes, que
estava na cidade e esperou ver Jesus fazer um milagre. Herodes e seus soldados
trataram Jesus com desrespeito, colocaram-lhe uma veste real para ultrajá-lo, e
o enviaram de volta para Pilatos.
De acordo com um estranho
costume, Pilatos ofereceu libertar um prisioneiro e dar à multidão a escolha
entre Jesus e Barrabás, um notório terrorista que “tinha num motim cometido uma
morte” (Marcos 15.7). A multidão escolheu Barrabás e gritou para que Jesus
fosse crucificado. Eles fizeram-no ser uma ameaça ao império, que reivindicava
ser um rei. “Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é
contra César” (João 19.12). Pilatos estava na parede. Deveria matar um homem
inocente ou arriscar a aparência de sedição?
Pilatos tomou sua decisão. Lavou
suas mãos, numa tentativa inútil de remover sua culpa por ter libertado
Barrabás e entregue Jesus aos soldados. “Estou inocente do sangue deste justo.
Considerai isso.”, ele disse (Mateus 27.24). O aconteceu nas horas seguintes
está além de descrição ou ilustração. Os meros fatos não contam a história
inteira. Porém, eles são cruciais.
Jesus foi oprimido. A palavra
não é capaz de transmitir a realidade da tortura.
Açoitamento era uma preliminar
legal a toda execução romana, e somente mulheres, senadores e soldados (exceto
em caso de deserção) eram excluídos. O instrumento usual era um chicote curto
(flagrum ou flagellum), de diversas formas, apenas uma ou muitas tiras de
couro, de tamanhos diferentes, com esferas de metal ou garras feitas com ossos
bovinos amarrados nelas. Para o castigo, o homem tinha suas roupas rasgadas e
suas mãos eram amarradas. As costas, quadris e pernas eram chicoteados por dois
soldados ou um, em diversas posições. Não se sabe se o número de açoites foi
limitado a 39, de acordo com a lei judaica [1].
Depois da tortura, o batalhão
inteiro de soldados se reuniu ao redor deste homem fraco e sangrando, e
colocaram uma capa escarlate nele. Pressionado pelo peso da túnica sobre seus
ombros dilacerados, Jesus recebeu uma cana em sua mão direita e ajoelharam-se
diante dele, zombando “Salve, Rei dos Judeus”. Os soldados bateram nele com
suas próprias mãos. Eles cuspiram nele. Fizeram uma coroa cheia de espinhos –
provavelmente não aqueles que vemos em rosas, mas um tipo mais longo, parecido
com lâminas. Então, eles não apenas colocaram a coroa, mas bateram em sua
cabeça – cravando os espinhos em seu crânio (Marcos 15.17-19). http://www.monergismo.com/textos/cristologia/piper_momentos_sublimes.htm]
IV. CRUCIFICAÇÃO E A
MORTE DE JESUS
1. O método. A pena capital
imposta pelo Império Romano aos condenados se dava através da crucificação. Os pesquisadores
são unânimes em afirmar que essa era a mais cruel e dolorosa forma de execução!
Josefo, historiador judeu, informa que antes da execução, os condenados eram
açoitados e submetidos a todo tipo de tortura e depois crucificados do lado
oposto dos muros da cidade. Cícero, historiador romano, ao se referir à
crucificação, afirmou que não havia palavra para descrever ato tão horrendo. A
mensagem do Império Romano era clara - isso aconteceria com quem se levanta
contra o Estado. Jesus, portanto, sofreu os horrores da cruz. De acordo com os
Evangelhos, Ele foi açoitado, escarnecido, ridicularizado, blasfemado,
torturado, forçado a levar a cruz e por fim crucificado (Jo 19.1-28). [Eles o levaram para uma montanha chamada Gólgota (latim: Calvário),
fora da cidade, e o pregaram numa cruz. Martin Hengel escreveu um estudo
histórico-científico sobre a crucificação no mundo antigo. Ele cita Lucius
Seneca, em meados do primeiro século, que escreveu sobre uma variedade de
crucificações: “Eu vejo cruzes, não apenas de um tipo, mas feitas de diferentes
maneiras; algumas têm suas vítimas de ponta-cabeça, algumas empalam as suas
partes íntimas; outros têm seus braços quebrados no madeiro” [2]. Hengel cita
outra fonte antiga (Pseudo-Manetho) sobre o método de crucificação: “Punidos
com os braços estendidos, eles viam a estaca como seu destino; eles eram
fixados e pregados no mais doloroso tormento, uma comida maligna para aves de
rapina e cães” [3]. Em suma, Hengel diz que “era uma sensação terrivelmente
ofensiva, ‘obscena' no sentido original da palavra” [4]. E entre os judeus, a
maldição divina era adicionada ao escândalo humano, porque na lei judaica, o
Torá, diz-se: “porquanto o pendurado [num madeiro] é maldito de Deus”
(Deuteronômio 21.23). “E era a hora terceira, e o crucificaram” (Marcos 15.25).
Isto quer dizer 9 horas da manhã. Pilatos ordenou uma placa sobre sua cabeça:
“Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus” (João 19.19). Transeuntes o ridicularizavam:
“Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo.
Se és Filho de Deus, desce da cruz” (Mateus 27.40). Os soldados o humilharam.
Os príncipes dos sacerdotes com os escribas e anciãos uniram-se ao coro:
“Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça
agora da cruz, e crê-lo-emos” (Mateus 27.42). E mesmo os criminosos que estavam
crucificados com ele, insultavam-no. Jesus bebeu o cálice de sofrimentos
variados, e rejeitou qualquer anestésico contra a dor. “Deram-lhe a beber
vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber” (Mateus 27.34).
Por volta do meio-dia, próximo ao fim, ele gritou “Eli, Eli, lamá sabactâni;
isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46).
Surpreendentemente, estas aparentes palavras sem esperança são as exatas
palavras no início do Salmo 22, do Antigo Testamento, que então termina como um
Salmo de grande esperança. O salmista, que parece começar em desespero,
finalmente exulta em Deus e diz: “Então declararei o teu nome aos meus irmãos;
louvar-te-ei no meio da congregação” (v.22). A igreja primitiva não perdeu a
conexão entre as palavras agonizantes de Jesus e a esperança final deste salmo.
Eles aplicaram estas próprias palavras de triunfo à Cristo, depois de sua
ressurreição (Hebreus 2.12). Sim, havia um tipo de abandono da parte de Deus na
cruz, mas o abandono não foi total. Depois de três horas na cruz, Jesus morreu.
Seus discípulos viram um espantoso e transformador momento de diferentes
ângulos e os sumarizaram de diferentes formas. Mateus diz: “E Jesus, clamando
outra vez com grande voz, rendeu o espírito” (Mateus 27.50). João escreve: “E,
quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito” (João 19.30). Lucas, que não estava lá, mas que pôde ter
conseguido esta informação com a mãe de Jesus, escreve: “E, clamando Jesus com
grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito
isto, expirou” (Lucas 23.46). Para ter certeza de que ele estava morto, um
soldado romano “lhe furou o lado com uma lança” (João 19.34). Ele foi retirado
da cruz por sua família e amigos, e colocado em um túmulo comprado, numa
caverna. Pilatos deu ordem para que o túmulo fosse selado e guardado. Uma
grande pedra foi usada para fechar a entrada da tumba e soldados ficaram de
guarda. Lá, o corpo repousou até o começo da manhã de domingo. http://www.monergismo.com/textos/cristologia/piper_momentos_sublimes.htm]
2. O significado. Para muitos críticos, Jesus não passou de um
mártir como foram tantos outros líderes judeus que viveram antes dEle. Todavia,
a teologia lucana depõe contra essa ideia. O que se espera da morte de um
mártir não pode ser encontrado na narrativa da morte de Jesus. Para Lucas,
Jesus morreu vicariamente pela humanidade. A relação que Lucas faz do relato da
paixão com a narrativa do Servo Sofredor de Isaías 53 mostra isso. O Servo
sofredor, Jesus, justifica a muitos. O caráter universal da salvação presente
em Isaías 53 aparece também em Lucas. Jesus, portanto, é o Servo Sofredor que
se humilha até à morte de cruz, mas é exaltado e glorificado por Deus pela obra
que realizou. [A morte física de Jesus aconteceu “segundo as
Escrituras” (1 Co 15.3). Ela já estava prevista no Antigo Testamento. Salmos 22
e Isaías 53 descrevem os pormenores dessa morte. Jesus afirmou que a Lei de
Moisés e os Profetas se convergem nEle, sendo sua paixão e morte o cumprimento
das Escrituras Sagradas (Lc 24.26, 27; 44-46). Os quatro Evangelhos apontam
essa morte como cumprimento dos profetas (Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.24,36,37).
O sacrifício de Jesus é a conclusão dos ensinamentos do Antigo Testamento. Até
a natureza foi afetada com a morte do Filho de Deus. O Sol negou a sua luz em
pleno dia. Houve trevas em toda a Terra desde o meio-dia até às três horas da
tarde. Isso aconteceu em todo o planeta e não foi um eclipse solar; tratava-se
de uma escuridão sobrenatural. Quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou
em duas partes, de alto a baixo. O “véu do templo” era a cortina que separava o
lugar Santo do lugar Santíssimo, onde somente o sumo sacerdote entrava uma vez
por ano, no dia da expiação (Êx 26.33; 30.10; Lv 16.15). O véu rasgado revela
que a morte de Jesus abriu a todos os seres humanos o caminho para Deus (Hb
6.19,20; 10.19,20). O significado espiritual desse acontecimento se afirma
claramente em Hebreus 9.1-14; 10.19-22. Lucas foi o único escritor que
registrou as últimas palavras de Jesus citadas antes de entregar o espírito ao
Pai. O relato de Lucas mostra de maneira inconfundível que Jesus entregou-se
por nós. Ele deu sua vida pelos pecadores, como havia prometido. A minha vida,
disse, “ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (Jo 10.18). Jesus
entregou o espírito com “grande brado” (Mc 15.37) ou com “grande voz” (Lc
23.46; Mt 27.50). O termo “está consumado” (Jo 19.30), tanto em grego como em
aramaico, é uma só palavra. O brado de Jesus na cruz, declarando haver
concluído a obra da redenção e entregando ao Pai o espírito, indica triunfo.
Ele foi crucificado, mas vitorioso, cumpriu a sua missão gloriosamente. A morte
de Jesus foi um acontecimento ímpar. O centurião reconheceu haver crucificado
um homem justo, e a multidão “voltava batendo nos peitos” (v.48) como gesto de
aturdimento. Estavam ali participando de um espetáculo de zombaria, mas de repente,
as palavras de Jesus e os miraculosos sinais da natureza, que acompanharam a
morte de nosso Senhor na cruz, despertaram as consciências daquelas pessoas,
levando-as a uma profunda lamentação por aquele crime sem precedentes na
História. Era uma manifestação coletiva de culpa e vergonha; a reação foi um
preparativo para o povo receber a mensagem de Pedro no dia de Pentecostes (At
2.23). Historiadores judeus e romanos atestaram o sacrifício de Jesus. O fato
foi registrado por Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século da Era
Cristã. A literatura judaica antiga também menciona a morte de Jesus. A morte
vicária de Jesus proporciona ao crente reconciliação com Deus. Jesus é a única
provisão de Deus para a salvação do homem. O termo “vicário” significa “o que
faz as vezes de outro; substituto”. A morte vicária significa morte
substitutiva, pois Jesus morreu, derramando o seu sangue, em nosso lugar. Os
apóstolos entenderam o significado teológico da morte de Jesus. O apóstolo
Paulo ensinava que Cristo morreu em nosso lugar (1 Co 15.3; Cl 2.20), e, que
Deus propôs o sangue de seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (Rm
3.25). Esse era também o ensino dos demais apóstolos (1 Pe 3.18; 1 Jo 2.1,2). O
Antigo Testamento anunciava a vinda de Jesus, sua paixão e morte, apresentando
também a importância do sangue, no sacrifício do Calvário: “... é o sangue que
fará expiação pela alma” (Lv 17.11). Isso é confirmado no Novo Testamento: “...
sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22). Expiação significa
“remir a culpa”, e, por extensão, “reconciliação”. É a restauração de uma
relação quebrada. Na cruz fomos reconciliados com Deus (2 Co 5.19; Ef 2.11-19).
A Bíblia ensina que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm
3.23) e que o homem é incapaz de salvar-se (Is 64.6; Ef 2.8,9) e de ir para o
céu pela sua própria força, justiça e bondade. Deus proveu a salvação de
maneira que a paz e a justiça se encontrassem (Sl 85.10). O
sacrifício de Jesus
satisfez toda a justiça da Lei e dos profetas. Os muçulmanos negam
terminantemente a morte de Jesus. O Corão ensina que Jesus não morreu. Essa é a
mais grotesca negação do cristianismo. Rechaçar a História, afirmando que Jesus
não morreu, é um disparate. A confirmação bíblica e histórica da morte de Jesus
é fato incontestável. A verdade é que a cruz de Cristo sempre foi escândalo
para os que perecem (1 Co 1.23).]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"A figura de um cordeiro ou cabrito
sacrificado como parte do drama da salvação e da redenção remonta à Páscoa (Êx
12.1-13). Deus veria o sangue aspergido e 'passaria por cima' daqueles que eram
protegidos por sua marca. Quando o crente do Antigo Testamento colocava as suas
mãos no sacrifício, o significado era muito mais que identificação (isto é:
'Meu sacrifício'). Era um substituto sacrificial (isto é: 'Sacrifico isto em
meu lugar').
Embora não se deva forçar demais as comparações, a
figura é claramente transferida a Cristo no Novo Testamento. João Batista
apresentou-o, anunciando: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo'
(Jo 1.29). Em Atos 8, Filipe aplica às boas novas a respeito de Jesus a
profecia de Isaías que diz que o Servo seria levado como um cordeiro ao
matadouro (Is 53.7). Paulo se refere a Cristo como 'nossa páscoa' (1 Co 5.7).
Pedro afirma que fomos redimidos 'com o precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro imaculado e incontaminado' (1 Pe 1.19)" (HORTON, Stanley (Ed).
Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1996, p.352).
CONCLUSÃO
É um fato histórico que Jesus
foi condenado pelos líderes religiosos e executado pelas leis romanas. Todavia,
devemos lembrar de que a causa primeira que levou Jesus de fato à cruz foram os
nossos pecados (Is 53.5). O apóstolo Paulo também destaca esse fato:
"Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele,
fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Co 5.21). A cruz resolveu o problema
do pecado, e todos nós finalmente pudemos desfrutar a paz com Deus (Rm 5.1).
Deus seja louvado. [Jesus
morreu por toda a humanidade, a fim de expiar, diante de Deus, todos os nossos
pecados. O nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus foram os
acontecimentos mais importantes da história da humanidade. Então, curvemo-nos
diante da cruz para recebermos o perdão de Cristo e adoremos aquEle que morreu
e ressuscitou para dar-nos a vida eterna. “Você é Especial (Rm 8.39) Desejamos
saber até onde o amor de Deus resistirá... Não apenas no domingo de Santa Ceia,
quando estamos com os sapatos brilhando e os cabelos arrumados... Não quando
estou animado e confiante, e pronto para resolver o problema da fome no mundo.
Não. Sei como Ele se sente a meu respeito nestes momentos. Até eu gosto de mim
nestas horas. Quero saber o que Ele sente por mim quando disparo contra
qualquer coisa que se move, quando os meus pensamentos estão ao nível da
sarjeta, quando minha língua está afiada o suficiente para fatiar uma rocha.
Como Ele se sente a meu respeito então?... Pode alguma coisa separar-nos do
amor que Cristo tem por nós? Deus respondeu nossa pergunta antes que a
formulássemos. Para que enxergássemos a sua resposta, Ele iluminou o céu com
uma estrela. Para que a ouvíssemos, Ele encheu a noite com um coral; e para que
crêssemos nela, Ele fez que o homem algum jamais sonhara. Ele se fez carne e
habitou entre nós, morreu e ressuscitou ao terceiro dia”. (LUCADO, M.
Graça para o momento. RJ: CPAD, 2004, p.27.)] NaquEle que
me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
LIÇÕES JOVENS
Lição 12: Os discípulos de Jesus e a participação política
LIÇÕES JUVENIS
Lição 12: Bullying
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