TEXTO ÁUREO
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“E deu à luz o seu filho primogênito, e deitou-o numa manjedoura, porque
não havia lugar para eles na estalagem.”
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VERDADE
PRÁTICA
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Deus revelou seu amor à humanidade ao enviar a este mundo
o seu Filho Jesus.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 2.1-7
1 - E
aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para
que todo o mundo se alistasse.
2 - (Este
primeiro alistamento foi feito sendo Cirênio governador da Síria).
3 - E
todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
4 - E
subiu da Galileia também José, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi
chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
5 - a fim
de alistar-se com Maria, sua mulher; que estava grávida.
6 - E
aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à
luz.
7 - E deu
à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos
sobre o nascimento de Jesus, destacaremos que o milagre da encarnação foi
singular, e trouxe implicações diretas para a vida dos cristãos. Inicialmente
meditaremos a respeito do nascimento propriamente dito, e o contexto no qual
ocorreu. Em seguida, nos voltaremos para aqueles que testemunharam essa ocorrência,
notadamente os anjos e pastores. Ao final, faremos uma interpretação teológica,
do significado desse episódio para história da humanidade.
1. O NASCIMENTO
Cesar Augusto era o governante
da Palestina, talvez como político pensasse que estava no controle das
situações. Mas Deus, em Sua soberania, estava regendo todas as coisas, usando
inclusive o imperador para levar Maria e José até Belém, uma pequena cidade da
Judeia que distava cerca de 130 quilômetros de Nazaré. Aquele casal, após
receber a revelação do anjo, aprendeu a depender da orientação divina. Maria
declarou: “que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc. 1.38). O anjo
Gabriel foi enviado a Nazaré, onde moravam José e Maria, sendo ela ainda noiva
daquele. O anjo anunciou a Maria que ela teria um filho, sem que tivesse
relações sexuais, quando descesse sobre ela o Espírito Santo (Lc. 1.35). O
nascimento de Jesus, por conseguinte, foi sobrenatural. Nossas vidas, assim
como a de Maria, devem estar nas mãos de Deus, nada deve nos dissuadir da fé
(Hb. 11.1,6). Não podemos esquecer que Deus está no comando da história,
portanto, não temos motivos para temer o futuro. Ele é o Deus dos impossíveis,
aquilo que o homem não pode fazer, o Senhor é capaz, pelo Seu poder. Quando
Jesus estava para nascer, não houve lugar nos alojamentos de Belém. Restou um
estábulo, no qual se encontrava uma manjedoura, que Lhe serviu de berço. Aquele
objeto era uma espécie de cocho para os animais (Lc. 2.7-16), naquele pequeno
recipiente se encontra o próprio Deus. Em Belém, cujo nome em hebraico
significa “casa de pão”, nasceu aquele que é o “Pão da vida” (Jo. 6.35). Nele
encontramos a plenitude da divindade (Cl. 2.9). Em Cristo, o Verbo se fez
carne, e habitou no meio de nós, cheio de graça e de verdade (Jo. 1.1,14), esvaziando-se,
e assumindo a condição de servo (Fp. 2.7).
2. ANJOS E PASTORES
Quando Jesus nasceu os anjos se
maravilharam, por isso Paulo se referiu a esse acontecimento ressaltado a
grandeza do mistério da piedade (I Tm. 3.16). A mensagem chegou primeiramente
aos pobres, um grupo de pastores desconhecidos, que se encontrava no campo. O
evangelho alcança prioritariamente os pobres, aqueles que são considerados
escória da sociedade (Lc. 1.51-53; I Co. 1.26-29). Esses pastores testemunharam
a glória do evento, o cumprimento da revelação angelical: “Eis aqui vos trago
boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo”. Essa declaração nos
mostra que a salvação é para todos, que se trata de uma notícia de paz, que nos
traz grande alegria. Conforme declarou o filósofo Epiteto, “o imperador pode
fazer cessar a guerra, dando paz a terra e aos mares, mas não é capaz de fazer
cessar a paixão, aflição e inveja. Não é capaz de dar a paz ao coração, pela
qual o homem anseia mais do que qualquer outra paz interior”. Jesus é o
Príncipe da paz (Is. 9.6), Ele prometeu nos dá a paz que o mundo não conhece
(Jo. 14.27), essa paz é produzida em nós pelo Espírito (Fp. 4.7). O evangelho
de Jesus Cristo, ainda que alguns religiosos queiram transformá-lo em más
notícias, é uma mensagem alvissareira, que deve nos fazer saltitar de alegria.
Os pastores foram impactados pela boa-nova, o espanto da visitação de Deus aos
homens deve sempre ser motivo de espanto. Como declarou certo pregador, após a
nave espacial Apolo 11 pousar o solo lunar, “o maior acontecimento de todos os
tempos não foi o homem ter pisado na lua, mas Deus ter pisado na terra em
Cristo Jesus”. Devemos, assim como fizeram os pastores ao encontrar a criança,
adorá-Lo, em gratidão pela sua graça maravilhosa (Lc. 2.13,14).
3. O SIGNIFICADO
Jesus nasceu sob a lei,
obedecendo a seus preceitos (Gl. 4.1-7), de modo que Ele não veio para abolir,
mas para cumprir a lei (Mt. 5.17,18). Por isso fez-se necessário que Ele
fosse circuncidado ao oitavo dia, mostrando Sua ligação com o pacto abraaonico
(Gn. 17). O nome da criança traz um significado profundo “Yahweh é a salvação”
(Mt. 1.21). Jesus não foi apenas um iniciador religioso, muito menos um líder
revolucionário. A vinda de Jesus a terra é a manifestação do próprio Deus, que
se fez gente a fim de salvar a humanidade do pecado (Lc. 2.10). Os antigos
aguardavam ansiosamente a vinda do Messias prometido. Simeão e Ana representam
essa expectação, que se cumpriu em Cristo (Lc. 2.29). Simeão, em sua idade
avançada, identificou Jesus como “a consolação de Israel”. Ele somente pode
fazê-lo porque estava em consonância com a Palavra de Deus. Somente os que se
firmam nas Escrituras podem testemunhar o cumprimento das promessas divinas. A
morte e a ressurreição de Jesus trariam dores para Maria, mas através desses
eventos, o mundo seria salvo do pecado (I Tm. 2.5,6). Ana, uma mulher cujo nome
significava graça, também de idade avançada, foi uma das 43 mulheres citadas no
evangelho segundo Lucas. Ela se encontrava no templo, uma pobre viúva que
colocava sua esperança em Deus. Aquela mulher idosa foi usada pelo Senhor para
transmitir a mensagem salvadora do Senhor. As vidas de Simeão e Ana mostram o
significado que os idosos têm no reino de Deus, ninguém despreze as pessoas
idosas por causa da sua idade avançada. Devemos fazer coro às palavras do
salmista: “na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” (Sl.
92.14).
CONCLUSÃO
O nascimento de Jesus foi um
evento singular, com significado especial para todos aqueles que creem. Ele foi
desprezado até mesmo em Seu nascimento, mas aprouve a Deus revelá-Lo aos
pobres, aqueles que se consideravam indignos. Ainda hoje, todos aqueles que se
dobram diante dessa mensagem, jubilam com a declaração angelical, reconhecendo
que essa é uma boa notícia, que enche nossas almas de paz, e que nos traz
grande alegria.
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Lucas narra
o nascimento de Jesus, situando-o no contento das profecias bíblicas e do
judaísmo dos seus dias. O "silêncio profético", que já durava
quatrocentos anos, foi rompido pelas manifestações divinas na Judeia. A
plenitude dos tempos havia chegado e o Messias agora seria revelado! O
nascimento de Jesus significava boas novas de alegria para todo o povo. Os
pobres e os piedosos seriam os primeiros a receberem a notícia. Dessa forma.
Deus mostrava que a salvação, por Ele provida, alcançaria a todos os homens.[Comentário: Após uma rápida introdução (1.1-4), Lucas relata o anúncio
dos anjos com respeito aos nascimentos vindouros de João Batista (w 5-25) e de
Jesus (w. 26-38), narra a alegria das duas parentas, Isabel e Maria (vv. 39-45)
e inclui uma cópia do magnífico cântico de louvor, em forma de poema, “o
cântico de Maria”, comumente conhecido como “o Magnificat” (w. 46-56). Lucas
descreve as circunstâncias extraordinárias do nascimento de João e o sentimento
pela expectativa criada na região (vv. 57-66). Finalmente, Lucas inclui uma
declaração profética de Zacarias, o pai de João, ao identificar a missão de seu
filho como o precursor do Messias {w. 67-80). Ao juntar todo esse material,
muitos dos quais exclusivos de seu Evangelho, Lucas chama a atenção para o
clima de expectativa que Deus começava a criar entre seu povo como preparativo
para o aparecimento do Salvador. Todavia, o autor também chama nossa atenção
para as magníficas características de Maria e Isabel, mulheres de fé e
compromissoRICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de
Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 652. O
termo plenitude significa literalmente "completude", com isso o texto
de Lucas nos diz que Cristo veio no momento certo, na hora que deveria, Ele
veio na Plenitude dos tempos; se Cristo fosse enviado em qualquer outro momento
da história o cristianismo não teria o mesmo impacto como tem hoje, como diz o
Rev. Herminsten Maia (pastor presbiteriano, teólogo e escritor.
Coordenador do Departamento de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano
Rev. José Manoel da Conceição, em São Paulo.): "Deus não intervém
na história, Ele controla a história". Deus é soberano. O tempo entre
a última parte do Antigo Testamento e a aparição de Cristo é conhecido como o
"silêncio profético", porque não houve nenhuma palavra profética de
Deus durante esse período, alguns o chamam de “400 anos de silêncio”. A atmosfera
política, religiosa e social da Palestina mudou significantemente durante esse
período. Muito do que aconteceu foi predito pelo profeta Daniel (veja Daniel
capítulos 2,7,8 e 11 e compare os eventos históricos).] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1. O NASCIMENTO DE JESUS NO CONTEXTO PROFÉTICO
1.
Poesia e profecia. No relato do nascimento de Jesus há duas
belíssimas poesias conhecidas na teologia cristã como Magnificat de Maria, a
mãe de Jesus, e o Benedictus de Zacarias, o sacerdote (Lc 1.46-55,67-79). Esses
cânticos são de natureza profética e como tal contextualizam o nascimento de
Cristo dentro das promessas de Deus a seu povo. Maria, por exemplo, diz que, ao
nascer Jesus, Deus estava se lembrando das promessas feitas a Abraão {Lc 1.55).
Por outro lado, Zacarias afirma da mesma forma que tal visitação era o
cumprimento do que Deus havia prometido na antiguidade aos profetas (Lc 1.70).
0 nascimento de Jesus não se tratava, portanto, de um evento sem nexo com a
história bíblica. Foi um fato que aconteceu na plenitude dos tempos e
testemunhou o cumprimento das promessa de Deus (Gl 4.4). [Comentário: O
Magnificat (1.46-56). Alguns questionam se uma jovem e inculta criatura poderia
compor esse magnífico poema profético. Não obstante, Maria estava bem
familiarizada com as passagens do Antigo Testamento, pois as ouvia nos momentos
de louvor na sinagoga e em sua casa. Maria, sem dúvida alguma, sabia tudo sobre
a visita do anjo e pode ter escrito seu salmo durante semanas, orientada pelo
Espírito que falava através dela. Seu poema em formato de louvor é dividido em
quatro partes distintas. 1) louvor e agradecimento pessoal (w. 46-48); 2)
celebração aos atributos de Deus (w. 49,50); 3) proclamação da correção da
injustiça (w. 51-53); e 4) louvor pela misericórdia demonstrada a Israel (vv.
54,56). O Benedictus (1.67-80). O poema profético de louvor de Zacarias a Deus,
pelo Messias (vv. 68-75) e o papel de seu filho, João (w. 76-79). RICHARDS.
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse
capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 652.]
2. A
restauração do Espírito profético. Já observamos que, na teologia
lucana, o Espírito Santo ocupa um lugar especial. Encontramos 17 referências ao
Espírito Santo no terceiro Evangelho e 54 no livro de Atos dos Apóstolos. Isso
é significativo se levarmos em conta que Mateus fala apenas 12 vezes no
Espírito Santo e Marcos 6. Lucas focaliza o revestimento do Espírito, mostrando
que o dom profético, silenciado no período Interbíblico, foi revivificado com a
vinda do Messias. Não é à toa que a maioria das referências ao Espírito, nesse
Evangelho, ocorra nos dois primeiros capítulos que relatam o nascimento de
Jesus (Lc 1.41,67; 2.25-27). [Comentário: Já foi dito
neste livro que Lucas demonstra um interesse ímpar na pessoa do Espírito Santo
e como Ele se relaciona com o ministério de Jesus. Lucas faz um desenho
detalhado do contexto profético a fim de mostrar que o Espírito profético havia
sido revivificado. Os expositores bíblicos David W. Pao e Echard J. Schnabel
denominam esse aspecto da teologia carismática de Lucas de “o alvorecer da era
escatológica”, e escrevem: “O surgimento de João Batista significa o retorno da
profecia e dos atos salvíficos de Deus na história, essa sessão destaca o
despertar da era escatológica. A intensidade da presença do Espírito Santo
enfatiza essa afirmação: Isabel “ficou cheia do Espírito Santo” (1.41), e assim
também Zacarias (1.67). O ministério de João Batista é caracterizado como um
ministério do Espírito (1.15). Simeão, que aguarda com expectativa a consolação
de Israel (cf. Is 40.1), recebe o Espírito (2.25) e a revelação do Espírito
Santo de que “ele não morreria antes de ver o Cristo da parte do Senhor”
(2.26). Embora a presença do Espírito possa ser encontrada nos relatos de
personagens do AT (e.g., Josué [Nm 27.18], Sansão [Jz 13.25], Davi (1 Sm
16.13], essa intensidade só encontra correspondência no acontecimento do
Pentecostes, relatado no segundo volume de Lucas (At 2), no qual as promessas
proferidas por João (Lc 3.16) e por Jesus (Lc 11.13; 12.12; At 1.8) são
cumpridas. Esses acontecimentos apontam para o cumprimento de antigas promessas
que falam do papel do Espírito no tempo do fim (v. esp. Is 32.14-17 [cf. Lc
24.49; At 1.8]; J1 2.28-32 [cf. At 2.17-21]), quando Deus restaurará seu povo
para sua glória (At 3.19-20)”. A teologia de Lucas, portanto, tanto no terceiro
evangelho como nos Atos dos Apóstolos é uma teologia da Salvação de Deus.
Durante seu ministério terreno, capacitado pelo Espírito Santo, conforme o
testemunho do terceiro evangelho, Jesus a proclamou (Lc 4.18; At 10.38).
Glorificado à direita do Pai nos céus, e através do mesmo Espírito que outorgou
aos que lhe obedecem, conforme o testemunho de Atos dos Apóstolos (At 2.33;
5.32), o Senhor está dando-lhes continuidade. O Espírito Santo sempre esteve
presente na história do povo de Deus. Ele esteve presente na história do antigo
Israel, esteve presente no ministério de Jesus e dos apóstolos e agora está
presente na igreja hodierna! José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de
JESUS, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 32-33. . Simeão é
descrito como justo. Também o era José, o esposo de Maria (Mt 1.29); e o era a
própria Maria, bem como Zacarias e Isabel (Lc 1.6). E não nos esqueçamos de
José de Arimatéia (23.50). Simeão “era justo e devoto”. Veja outros exemplos de
pessoas devotas em Atos 2.5; 8.2; 22.12. Com a máxima prudência, essas pessoas
se encarregaram dos deveres que Deus lhes designara. São conscientes em seus
planos, tendo sempre como objetivo melhorar o bem-estar delas mesmas e de seu
próximo, para a glória de Deus. A combinação “justo e devoto” bem que poderia
indicar que Simeão se conduzia de tal modo que sua conduta com respeito aos
homens (era justo) e para com Deus (era piedoso) era alvo da aprovação divina.
Este homem “estava esperando a consolação de Israel”. Realmente, as condições em
Israel eram bem precárias, precaríssimas no tempo em que Jesus nasceu em Belém.
Pense na perda da independência política, no cruel rei Herodes, na degeneração
da religião que passara a ser algo completamente externo, no legalismo de
escribas e fariseus e de seus muitos seguidores, no mundanismo dos saduceus, no
silêncio da voz profética etc. Mas em meio a toda essa obscuridade, degradação
e desespero havia homens que olhavam com esperança, com sinceridade, “para a
consolação de Israel”. Havia homens ... e também mulheres! Já foram mencionadas
Maria e Isabel. Um pouco mais adiante Lucas porá Ana na lista. A frase “todos
os que estavam esperando a redenção de Jerusalém” (2.38) indica que esse grupo
de homens e mulheres piedosos era considerável. Que esses homens e mulheres
eram deveras justificados nessa esperança é evidente à luz da profecia. Por
exemplo, estude as muitas profecias de Isaías nas quais se prometem bênçãos
tais como consolo, paz e alegria, associando-as com a era messiânica (Is 7.14;
9.1-7; 11.1- 10; 40.1-11; 49.8-13; 51.1-6, 12-16; 52.13-55.13; 60.1-3; cap. 61;
66.13). Simeão fora dotado com uma bênção muito rara e especial. De alguma
forma, mesmo antes do Pentecostes, o Espírito Santo já estava habitando nele.
Ele estava constantemente sob a influência do Espírito. Esse mesmo Consolador
lhe revelara que não morreria sem antes ver o Cristo de Deus. Para ter mais luz
sobre a expressão, o Cristo de Deus, ou do Senhor, veja Salmo 2.2; 45.7; 110.1;
Isaías 61.1; Lucas 4.18. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo
Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 230-231.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
0 nascimento
de Jesus se deu na plenitude dos tempos, cumprindo todas as profecias bíblicas.
2. O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
1.
Zacarias e Izabel. Em sua narrativa dos fatos que precederam o
anúncio do nascimento de Jesus, Lucas diz que o sacerdote Zacarias havia
entrado no "templo para ofertar incenso" (Lc 1.9). A queima do
incenso fazia parte do ritual do Templo e ocorria no período da manhã e à tarde
(Êx 30.1-8; 1 Rs 7.48-50). Foi durante um desses turnos que um anjo de Deus
apareceu a Zacarias para informar-lhe que a sua oração havia sido ouvida pelo
Senhor e que a sua mulher, embora já não fosse mais fértil, geraria um menino,
cujo nome seria João (Lc 1.13). João, o Batista, nasceu para ser o precursor do
Messias, anunciando a sua missão. Ele seria a "Voz do que clama no
deserto" e precederia o Senhor, preparando o seu caminho (Lc 3.4,5).[Comentário: Exercendo
ele o sacerdócio diante de Deus (8) indica que se tratava de um sacerdote - em
uma época em que o sacerdócio era frequentemente corrupto e secularizado - que
percebia o caráter sagrado do seu trabalho e o relacionamento, tanto do seu
trabalho quanto da sua pessoa, com Deus. Deus não somente escolhe grandes
homens para executarem grandes tarefas, mas Ele também destina grandes pais
para esses homens - grandes, de acordo com o padrão de Deus. Na ordem da sua
turma significa a ordem de Abias (veja o comentário sobre o versículo 5). Na
Páscoa, no Pentecostes, e na Festa dos Tabernáculos todos os sacerdotes serviam
simultaneamente, mas durante o resto do ano cada uma das 24 ordens servia
durante uma semana a cada seis meses. Zacarias estava servindo durante uma
dessas semanas no Templo. Depois de terminar o seu período de serviço, ele
retornaria à sua casa. Os deveres do sacerdote eram atribuídos por meio da
sorte sagrada (9). A maior honra que um sacerdote poderia ter era a de oferecer
incenso, e um sacerdote não poderia tirar outra sorte melhor durante aquela
semana de serviço. O incenso era oferecido antes do sacrifício matinal, e
depois do sacrifício vespertino, no altar do incenso. Este altar se localizava
no Tempo, imediatamente antes do véu que separava o Lugar Santo do Lugar
Santíssimo. Toda a multidão... estava fora, orando, à hora do incenso (10).
Esta era uma ocasião altamente sagrada. O incenso oferecido simbolizava as
orações do povo, que eram ofertadas ao mesmo tempo, pelas mulheres no pátio das
mulheres, pelos homens no pátio dos homens e pelos demais sacerdotes no pátio
dos sacerdotes. Então, um anjo do Senhor lhe apareceu [a Zacarias] (11). A voz
divina da revelação não havia se pronunciado durante quatro séculos. Então, de
repente, apareceu o anjo do Senhor. Observamos que o anjo não “se aproximou”,
ele apareceu - de repente, sem aviso. O fato de ele ter aparecido a um
sacerdote no Templo ressalta as características de Antigo Testamento desse
início da revelação do Novo Testamento. João seria um precursor do Cristo que
viria e do seu Reino. Ele também seria um elo com a revelação do Antigo
Testamento, que agora estava chegando ao seu final. A direita do altar do
incenso é o lado norte, entre o altar do incenso e a mesa dos pães da
proposição. Observamos como Lucas é específico com os mínimos detalhes. Esta é
uma característica que podemos observar em todo o seu Evangelho, e é mais uma
prova da sua autenticidade. Zacarias... turbou-se... e caiu temor sobre ele
(12). Esta era uma reação natural sob estas circunstâncias incomuns. O anjo lhe
disse... não temas (13). Embora o medo fosse a reação humana natural, a missão
do anjo proporcionava motivo para alegria. A sua presença não era uma indicação
do desagrado de Deus, mas da Sua aprovação, e da adequação de Zacarias para uma
tarefa divina muito significativa. ... a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, dará à luz um filho. A oração à qual o anjo se refere deve ter sido
feita em um período anterior da vida de Zacarias; a sua dificuldade em
acreditar na promessa do anjo evidencia que há muito tempo ele já tinha deixado
de orar por um filho, ou até mesmo de esperar por ele. Mas Deus não se esquece
das orações passadas. O que parece ser uma demora ou uma recusa da parte de
Deus, é somente a Sua perfeita sabedoria e o Seu perfeito planejamento. Alguns
estudiosos opinam que a oração mencionada aqui foi para a vinda do Messias ou
para a libertação de Israel, mas isto não seria coerente com o contexto. Sem
dúvida, Zacarias orava frequentemente pedindo essas coisas, mas a oração
mencionada era aquela em que ele pedia um filho. E lhe porás o nome de João.
Deus não apenas convocava e enviava os seus profetas, mas também frequentemente
lhes dava o nome. “João” significa “Jeová mostra graça” ou “a misericórdia” ou
“a graça de Jeová”.2 Este era um nome apropriado para alguém cujo ministério
demonstra tão claramente a lembrança e a misericórdia de Deus para com o seu
povo. Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora
CPAD. Vol. 6. pag. 358-359.]
2.
José e Maria. Cerca de seis meses após o anúncio do
nascimento de João, o Batista, o anjo Gabriel é enviado a Nazaré, lugar onde
moravam José e sua noiva, Maria. Ela era uma virgem e estava noiva de José. O
anúncio de que ela geraria um filho, sem que para isso fosse necessário haver
intercurso sexual, deixou-a apreensiva (Lc 1.34). 0 anjo informa-lhe que
desceria sobre ela o Espírito Santo e o poder de Deus a envolveria com a sua
sombra (Lc 1.35). Aqui está o milagre da encarnação - O Filho de Deus
fazendo-se carne, a fim de que, através desse grande mistério, possamos
alcançar a salvação (Jo 1.1,14). [Comentário: «...como será isto...». Este versículo
afirma a intenção do autor de ensinar o nascimento virginal de Jesus. Ver Luc.
1:27. Neste ponto começou o segundo estágio da experiência espiritual de
Maria—a perplexidade. (Ver notas, no vs. 29, sobre os quatro estágios dessa
experiência: temor e perplexidade (vss. 29 e 34) e administração da graça
divina e, finalmente, obediência (vss. 37 e 38). O pronunciamento do anjo causou-lhe
espanto, porque suas implicações eram gigantescas, e a perplexidade foi,
aprofundada pelo pensamento, que Maria compreendeu pelo menos em parte, que
aquele grande Filho haveria de nascer de uma virgem. Maria ficara perplexa ante
o fato de que ela haveria de ser a progenitora do Messias davídico, e também
porque isso era um anúncio virtual de que teria um filho antes da consumação de
seu matrimônio, como ocorrência inteiramente desvinculada desse casamento.
Maria, mostrando-se digna representante das mulheres da mais profunda confiança
no Senhor,—não requereu um sinal—ou qualquer espécie de confirmação, mas
aceitou a declaração por um notável ato de fé. O vs. 45 afirma a sua crença:
«Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram
ditas da parte do Senhor». «...descerá sobre ti o Espirito Santo. ..» Diz
Bengel, in loc: «O que denota a operação mais suave e gentil do poder divino,
indicando que o fogo divino não consumiria a Maria, mas a tornaria frutífera».
(Ver também Êx. 33:33 e Marc. 9:7). O mito clássico a respeito de Semele e Jove
apresenta-o aparecendo a ela com o mesmo aspecto que ele tinha no mais alto
céu, e o resultado foi que ela foi consumida pelo seu relâmpago, com todos os
seus terrores e trovões. Mas aqui é prometida a Maria—a glória—do resplendor
divino, porém para encobrir a Maria e servir-lhe de consolo, tal como uma nuvem
que oculta os raios consumidores do sol. A referência a Deus Pai, com o título
de «Altíssimo», é repetida neste caso. Ver vs. 32. «Filho de Deus». Embora esse
apelativo tenha uma aplicação mais ampla do que apenas o nome de «Cristo», e
talvez não contenha qualquer ideia de deidade, dependendo do contexto em que se
encontra, aparece aqui para indicar uma relação toda especial com Deus—provavelmente
a participação na mesma essência—assim ensinando indiretamente a divindade de
Cristo. Foi atribuído, sob diferentes circunstâncias a Israel, a reis e a
sacerdotes, como título. Em algumas referências, quando Cristo está em foco,
não há qualquer intenção de destacar essa relação especial com Deus ou com a
natureza divina de Jesus. Se acompanhar o uso dessa expressão pelas páginas
sagradas, haveremos de encontrar as seguintes declarações: 1. Jesus é
identificado com o personagem profético do Messias davídico do V.T. 2.
Reivindica uma relação especial, existente entre Jesus e Deus Pai. 3. Às vezes
indica a natureza divina de Jesus, e até mesmo a perfeita união com o Pai (João
5:19,30; 16:32; Heb. 1:3,4). 4. Embora tenha sido inicialmente aplicada ao Messias
davídico, posteriormente assume qualidades transcendentais e se torna um título
de Jesus Cristo, com o intuito de indicar a sua natureza divina. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 2. pag. 16. A informação adicional que o anjo transmite a
Maria, respondendo à sua pergunta a respeito do nascimento deste príncipe. 1. A
pergunta que ela faz é apropriada: “Como se fará isto?”, v. 34. Como eu posso
conceber um filho na atualidade (pois foi isto o que o anjo quis dizer), se eu
“não conheço varão”? Deverá ser de outra maneira, e não pelo modo normal de
concepção? Se for assim, diga-me “como se fará isto?” Ela sabia que o Messias
devia nascer de uma virgem; e, se ela devia ser a sua mãe, ela queria saber
como isto aconteceria. Estas não eram palavras resultantes da sua falta de
confiança, ou de qualquer dúvida sobre o que o anjo lhe havia dito, mas de um
desejo de receber mais orientação. 2. A resposta que ela recebe é satisfatória,
v. 35. (1) Ela irá conceber pelo poder do “Espírito Santo”, cuja obra é
santificar, e portanto, santificar a virgem, para este propósito. O Espírito
Santo é chamado de “virtude do Altíssimo”. Ela pergunta “como se fará isto?
Isto é suficiente para ajudá-la a superar as dificuldades que parecem existir.
Um poder divino o realizará, não o poder de um anjo empregado para isto, como
em outros milagres. Mas, o poder do próprio “Espírito Santo”. (2) Ela não deve
fazer perguntas a respeito da maneira como isto se realizará, pois o Espírito
Santo, sendo “a virtude do Altíssimo”, irá cobri-la “com a sua sombra”, como a
nuvem cobriu o tabernáculo quando a glória de Deus tomou posse dele, para
escondê-lo daqueles que poderiam - com excessiva curiosidade - observar o que
acontecia, “bisbilhotando” os seus mistérios. A formação de cada bebê no útero,
e a entrada do espírito da vida nele, são mistérios da natureza; ninguém
conhece “o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está
grávida”, Eclesiastes 11.5. Nós fomos formados no oculto, Salmos 139.15,16. A
formação do menino Jesus é um mistério ainda maior, sem controvérsia, “grande é
o mistério da piedade”, Deus manifestado em carne, 1 Timóteo 3.16. E uma coisa
nova criada na terra (Jr 31.22), a cujo respeito nós não devemos cobiçar
conhecer além do que está escrito. (3) A criança que ela irá conceber é santa,
e portanto não deve ser concebida da maneira normal, porque ela não deverá
compartilhar da corrupção e da contaminação comuns à natureza humana. O bebê é mencionado
enfaticamente como “o Santo”, como nunca houve; e Ele será chamado de “Filho de
Deus”, como o Filho de Deus por geração eterna, o que indica como Ele será
formado pelo Espírito Santo, nesta concepção. A sua natureza humana deveria ser
produzida desta maneira, como era adequado que fosse, pois se uniria à natureza
divina. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento
MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 517.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
0 anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento
do Filho de Deus.
3. O NASCIMENTO DE JESUS E OS CAMPONESES
1. A
nobreza dos pobres. É um fato de fácil constatação o destaque que
os pobres recebem no Evangelho de Lucas. Quando deu início ao seu ministério,
Jesus o fez dizendo as seguintes palavras: "0 Espírito do Senhor é sobre
mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres" (Lc 4.18). Os pobres
faziam parte das bem-aventuranças de Jesus (Lc 6.20). Pobres são os carentes
tanto de bens materiais como espirituais. No anúncio do nascimento de Jesus, um
anjo do Senhor é enviado especialmente aos camponeses pobres que pastoreavam os
seus rebanhos no campo. Jesus veio para todos, independente da condição social.
O Filho de Deus dedicou total atenção as minorias do seu tempo: as mulheres,
crianças, gentios, leprosos, etc. Ele chegou a ser chamado de amigo de
publicanos e pecadores, pois estava sempre perto dos mais necessitados. Como
Igreja do Senhor, temos atendido os desvalidos em suas necessidades? Será que
temos seguido o exemplo do Salvador? Como "sal" da terra e
"luz" do mundo precisamos revelar Cristo aos carentes e necessitados,
pois eles conhecerão o amor de Cristo mediante as nossas ações. [Comentário: Evangelizar
os pobres (18), ou “pregar o evangelho aos pobres”. O termo evangelho significa
“boas-novas” ou “boas notícias”. Os pobres pareciam mais dispostos a ouvir
Jesus. As suas necessidades faziam com que eles se voltassem para o Salvador.
Ninguém, rico ou pobre, consegue encontrar Jesus até que perceba sua
destituição espiritual, busque a Cristo, e confesse a Ele as suas necessidades. Charles
L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 387. Por
isso, a segunda coisa que Jesus diz para caracterizar a proclamação que lhe
fora confiada é que ela precisa ser levada aos pobres, aos pedintes e
mendicantes, isto é, aos que se encontram fracos e com o coração deprimido,
prostrando-se por isso em súplica perante Deus, uma boa mensagem que alegra
justamente a estes. – Por isso, lemos no v. 18: Ele me enviou para evangelizar
aos indigentes. A expressão “indigente” refere-se aos materialmente pobres e
que se tornaram também interiormente pobres pelo Espírito Santo (cf. Comentário
Esperança, Mateus, o exposto sobre Mt 5.3, p. 76s). Aqueles que têm consciência
dessa sua miséria (cf. a primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha) são
receptivos para a boa nova da graça. “Jesus não se considera enviado aos que
acreditam que não precisam de ajuda nem de quem os auxilie, mas àqueles que
sofrem com a própria situação e com a situação do mundo, esperando por socorro.
É para estes que a mensagem de Jesus é notícia alegre”, diz um comentarista. O
fato de que as ilustrações são retiradas da esfera social, anunciando primeiro
aos indigentes e desprezados na vida a salvação e alegria, não constitui apenas
uma predileção de Lucas, mas está profundamente embasado em toda a revelação de
Deus com tal, porque representava a vinda de Deus aos humanos. Não obstante
Lucas não perde nenhuma oportunidade para dar destaque especial a esse aspecto.
Afinal, não há melhor forma de retratar a graça do que pela condescendência com
o que não é nada. Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de
Lucas. Editora Evangélica Esperança.]
2. A
realeza do Messias. A mensagem angélica anunciada aos pastores que se
encontravam no campo era que havia nascido na ''cidade de Davi, [...] o
Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc 2.11). Lucas lembra o fato de que
Cristo nasceu em Belém, cidade de Davi, cumprindo dessa forma a profecia
bíblica (Mq 5.2). Mas o Messias não apenas nasce em Belém, cidade de Davi, Ele
também possui realeza porque é da descendência de Davi, como atesta a sua
árvore genealógica (Lc 3.23-38). Mas não era só isso. Lucas também detalha como
o anjo de Deus falou da realeza do Messias aos camponeses! Ele é o Salvador, o
Cristo, o Senhor (Lc 2.11). Essas palavras proferidas pelo anjo, além de
mostrar a realeza do Messias, destacam também a sua divindade. Jesus é Deus
feito homem! [Comentário: «...nasceu
na cidade de Davi...». Aqui encontramos o paradoxo da encarnação. Quão
estranhamente se combinam as palavras destes versículos: «...o
Salvador...Cristo, o Senhor...uma criança envolta em faixas e deitada em
manjedoura... Essas frases têm sido ouvidas e lidas tão frequentemente que a
primeira impressão deixada por elas já se embotou para muitos. Não obstante,
por si mesmas devem ter parecido a princípio impossíveis e inacreditáveis.
Seria uma manjedoura lugar próprio para aquele que foi enviado pelo Deus altíssimo?
Um estábulo seria o lugar onde se esperaria encontrar o Salvador recém-nascido?
No entanto, o mistério e a maravilha da encarnação se fazem presentes
precisamente no fato que essas coisas assim aconteceram. Pois por ocasião do
nascimento de Jesus, em Belém, e em tudo que a vida de Jesus haveria de revelar
posteriormente, encontramos a mensagem de que não somente existe Deus, mas
também que Deus se aproxima extraordinariamente de nós. Crer que Deus está
acima de nós é uma coisa. Crer que Deus é uma força suficiente para nós é uma
confiança inteiramente diferente, inspiradora. E crer que Deus é não somente
todo-poderoso, mas também se mostra todo-suficiente, e é Deus conosco, Deus
próximo de nós, é algo que nem podemos começar a compreender, e é a melhor de
todas as coisas» (Walter Russel Bowie, in loc.). Naturalmente que devemos
observar, em companhia de quase todos os comentaristas das Escrituras, que a
humildade do nascimento de Jesus concorda com a posição por ele ocupada na
vida, e com as suas maneiras. E também se coaduna com aqueles para quem veio
ministrar. Ele tratava com as pessoas em suas ocupações ordinárias, trabalhou
como carpinteiro, falava sobre mulheres que teciam e amassavam a massa, sobre o
semeador em seu trabalho de semeadura, e sobre os pastores que vigiavam os seus
rebanhos. Jesus cresceu como todo homem deve crescer, e desenvolveu-se como
todo homem deveria fazê-lo. Aprendeu a andar com Deus, e, na qualidade de
homem, desenvolveu grandes poderes espirituais. Jesus foi, ao mesmo tempo, o
caminho e o indicador do caminho. E do modo como ele andou também nos compete
andar; e assim como ele compartilhou plenamente de nossa natureza, assim também
haveremos de compartilhar plenamente da dele. (Ver humanidade de Cristo e sua
importância para nós, em Fil. 2:7, bem como a transformação de nossa natureza
na dele, em Rom. 8:29 e Efé. 1:23). «Existem alguns trechos, nas Escrituras,
onde as palavras Cristo e Senhor aparecem juntas. No cap. 23:2 temos Cristo, o
Rei, e em Atos 2:36 encontramos Cristo e Senhor. E não vejo outra maneira de
compreender a palavra ‘Senhor’ senão como um paralelo do termo hebraico Jeová»
(Alford, in loc., apoiado por outros comentaristas e intérpretes, como
Wordsworth). A conexão entre Cristo e Senhor também ocorre em Col. 3:24. O
povo, ao tempo do império romano, acostumara-se a intitular o imperador de
«Salvador»; mas os cristãos aplicam esse titulo a Jesus Cristo. Muitas
dificuldades e perseguições houve contra os cristãos, por causa dessa doutrina. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 2. pag. 29.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Os pastores
que estavam no campo foram os primeiros a saber que o Filho de Deus havia
nascido.
4. O NASCIMENTO DE JESUS E O JUDAÍSMO
1.
Judeus piedosos. Lucas mostra que o nascimento de Jesus aconteceu
sob o judaísmo piedoso. Ele ocorre dentro do contexto daqueles que alimentavam
a esperança messiânica. São pessoas piedosas que aguardavam o Messias e, quando
Ele se revelou, elas prontamente o reconheceram. Primeiramente, Lucas cita
Zacarias, um sacerdote piedoso e sua esposa, Isabel. A Escritura sublinha que
ambos eram justos diante de Deus e viviam irrepreensivelmente nos preceitos e
mandamentos do Senhor (Lc 1.6). Lucas apresenta também Simeão, outro judeu
piedoso de Jerusalém, e que esperava a consolação de Israel. A ele foi
revelado, pelo Espírito Santo, que não morreria antes que visse o Messias {Lc
2.25,26). Da mesma forma a profetisa Ana, uma viúva piedosa, que continuamente
orava a Deus e jejuava. Quando viu o menino Jesus, deu graças a Deus por Ele e
falava da sua missão messiânica (Lc 2.36-38). [Comentário: Simeão era nome bem comum, e com esse nome
figuram diversos personagens bíblicos bem conhecidos. Alguns têm pensado que
esse Simeão tivesse sido filho dó famoso rabino Hilel e pai de Gamaliel,
mencionado em Atos 5:34, e que foi o mestre de Saulo de Tarso. Acerca disso não
possuímos qualquer informação segura. Mas os pormenores com que contamos são
suficientes em si mesmos. Simeão era homem justo, piedoso, devoto (palavra
empregada somente por Lucas, neste ponto, e em parte alguma do N.T. encontrada
além desta passagem; significa temente a Deus, e os seus cognatos podem ser
encontrados em Heb. 4:5-7 e 12:28. Quando aplicada a questões religiosas enfatiza
o elemento da circunspecção, da cautela, da observância cuidadosa dos preceitos
divinos, e por isso mesmo expressa muito bem a ideia da piedade, segundo é
retratada no V.T., com suas muitas leis e ordenanças. Ver também Atos 2:5).
Esse homem, pois, esperava a consolação de Israel, o que é uma referência
direta à promessa e às profecias messiânicas. Pelo texto também ficamos sabendo
que ele recebeu uma revelação especial para entender aquele acontecimento, e
que o mesmo deveria estar bem próximo. (Ver os vss. 35 e 30). O vs. 35 indica,
igualmente, que ele percebeu que o sofrimento faria parte do destino do
Messias, tanto quanto a glória; mas essa glória futura do Messias não é
omitida. Se Simeão entendeu ou não perfeitamente tudo quanto estava envolvido
nessas profecias, não sabemos dizer; mas o mais certo é que ele não percebia
todo o seu alcance. Lemos, na história, que Simeão não era o único a esperar
pelo Messias, naqueles dias, pois através da leitura das profecias de Daniel,
tal como aquela encontrada em Dan. 9:26, um remanescente esperava o cumprimento
das promessas messiânicas justamente no tempo de Jesus Cristo. Algumas lendas
se têm desenvolvido em torno da pessoa de Simeão, como no caso de muitas outras
histórias presas ao Antigo ou ao Novo Testamentos, onde realmente não possuímos
qualquer informação sólida que esclareça as identidades. Entretanto, o
evangelista teve o cuidado de tornar conhecida a identidade desse homem quanto
ao seu estado espiritual, embora não nos informasse sobre as suas circunstâncias
humanas. A inscrição na lápide de um soldado, no estado de Virgínia, nos
Estados Unidos da América do Norte, expressa a mesma ideia, ao dizer: «Quem
foram eles, ninguém sabe; que foram eles, todos sabem». «Revelara-lhe o
Espírito Santo...». Certa passagem, em Eyth. Zig,, menciona uma tradição com
esse sentido; mas provavelmente não é uma tradição separada, mas apenas uma
tradição que procura ornar o texto. Sabemos tão-somente que Simeão gozava de
uma presença especial do Espírito Santo e sua orientação, análoga àquela forma
superior de vida espiritual que, em dias mais antigos, era expressa pela
expressão «andar com-Deus». Lucas indica que, por causa dessa unção especial do
espírito, Simeão foi conduzido ao templo naquele dia particular, e que
reconheceu ao Cristo. Tudo isso parece indicar alguma forma especial de
manifestação do Espírito Santo em sua vida. Não lemos que a Simeão tivesse sido
revelado qualquer coisa sobre Jesus, sobre as narrativas acerca de seu
nascimento, sobre o milagre de sua concepção virginal ou sobre as visitações
angelicais; não obstante, reconheceu a identidade da criança. Bengel observa a
doce antítese que aqui aparece entre dois espetáculos, o fato de ter visto «o
Cristo do Senhor», antes que ele «visse a morte». Lange observa admiravelmente
que «Simeão, no sentido mais nobre do termo, é o eterno judeu do Velho Pacto
que não pode morrer antes de ter visto o Messias prometido. Foi-lhe permitido
dormir na paz de seu Senhor, antes da crucificação dele». A expressão «o Cristo
do Senhor » é um título judaico, anterior ao cristianismo, que significa «o
Messias de Deus», isto é, o ungido de Deus. CHAMPLIN, Russell Norman,
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol.
2. pag. 33.]
2.
Rituais sagrados. Lucas coloca o cristianismo dentro do
contexto do judaísmo e não como uma seita derivada deste. Como qualquer judeu
de seu tempo, Jesus se submete aos rituais da religião judaica (Lc 2.21-24).
Como Homem Perfeito, Ele cumpriu toda a lei de Moisés.[Comentário: «...circuncidado
o menino, deram-lhe o nome Jesus...» Uma vez mais vemos que uma criança recebe
nome por ocasião de sua circuncisão. Quanto a uma explicação completa a esse
respeito, bem como acerca do sentido e da história do rito da circuncisão, ver
as notas em Luc. 1:59. «Jesus». (Luc. 1:31). Lucas teve o cuidado de salientar
que esse nome foi dado de acordo com a proclamação angelical (1:31).
«..purificação deles...» Alguns manuscritos, principalmente o códex (D) dizem
dela, referindo-se à purificação de Maria após o parto, e isso é seguido por
algumas traduções, tal como a KJ; mas essa alteração de «deles» para «dela» foi
efetuada a fim de fazer o texto conformar-se à regulamentação de Lev. 12:6.
Assim sendo, quase todos os mss e traduções dizem «deles». Após o parto, a
mulher ficava cerimonialmente impura (separada da adoração formal) durante
quarenta dias, se o filho fosse do sexo masculino, e durante oitenta dias, se
fosse uma menina. (Ver Lev. 12:1-8. onde se leem esses regulamentos bíblicos).
A impureza podia ser física. cerimonial ou moral. Aquele que participasse da
adoração deveria ser fisicamente puro, além de estar cerimonialmente limpo
(mediante observância de muitas leis variegadas concernentes ao que podia ser
tocado, comido, etc.) e moralmente limpo, através da observância da lei moral,
Principalmente os dez mandamentos. É possível que o fluxo de sangue, após o
nascimento de uma criança, assim tomando a mãe supostamente «fisicamente
inquira», tivesse dado lugar a esse regulamento e à subsequente cerimônia de
purificação da mãe. No N .T., o evangelho eliminou tais leis como princípios de
adoração. Embora muitas delas são proveitosas como medidas de higiene. Os
judeus ampliavam a grandes proporções as coisas mais comezinhas, e algumas
leis, que eles mesmos reputavam secundárias, acerca da impureza, eram
observadas como grandes questões religiosas. No fim do período do tempo
designado pela lei, a mãe oferecia certos sacrifícios no templo, estipulados
pela lei, devido à sua impureza, e assim ela ficava cerimonialmente limpa. «..
.para o apresentarem ao Senhor. » Isso foi feito de conformidade com a
estipulação de Êx. 13:2, quando o primogênito era criança do sexo masculino.
Obviamente era um testemunho da ideia do sacerdócio dos primogênitos, como
sobrevivente da ideia em prática, mesmo depois das funções desse sacerdócio
terem sido superadas pelo sacerdócio dos filhos de Aarão. Os primogênitos de
cada família ainda tinham por obrigação levar uma vida consagrada e tinham de reputar-se
pessoas dedicadas a certos misteres especiais. (Ver Heb. 12:23, que indica que
todos os crentes devem pensar sobre si mesmos nesses termos, porquanto todos os
crentes são «primogênitos» e «primícias» da humanidade, segundo aprendemos em
Tia. 1:18). Como expressão formal dessa obrigação, o pagamento de pequena
quantia em dinheiro era esperado, feito ao sacerdócio aarônico (ver Núm.
18:15). O rito da apresentação era diferente do rito da purificação, mas é
patente que os dois ritos são mesclados nesta narrativa de Lucas. A lei provia
a «redenção» dos meninos primogênitos mediante a oferta de um substituto (Êx.
13:13), mas Lucas omite qualquer menção sobre isso. Lucas apresenta—o quadro
inteiro—como apresentação do menino Jesus ao serviço de Deus, e a história foi
arranjada de acordo com a narrativa acerca de Samuel, que encontramos na
passagem de I Sam. 1:24-28. «...para oferecer um sacrifício... » A citação é
tirada de Lev. 12:8, e isso fala sobre o sacrifício que deveria ser oferecido
pela mãe pobre, incapaz de oferecer um cordeiro; em outras palavras, era o
sacrifício oferecido pelos pobres, o que nos serve para indicar o estado
financeiro da família de José. O preço dos pombos seria o equivalente a alguns
poucos centavos. De conformidade com o trecho de Êx. 13:2-12, todos os
primogênitos deveriam ser redimidos por tal orientação como—memorial— do fato
que as famílias israelitas foram poupadas, quando o anjo destruidor passou por
cima do sangue, durante a «páscoa». Também lemos que se dois pombinhos fossem
dispendiosos demais para uma família, então poderia ser oferecida uma porção de
farinha de trigo, embora sem os usuais acompanhamentos fragrantes de azeite e
incenso, o que também se dava no caso da oferta pelo pecado. (Ver Lev. 12:6-8 e
5:7-11). Assim sendo, vemos que a família do Senhor Jesus era pobre, embora não
vivesse em pobreza abjeta, posto que preferiram a categoria intermediária. (Á
visita dos magos, segundo ficou registrada exclusivamente pelo evangelho de
Mateus—2:1-12—mui provavelmente antecedeu a essa ação no templo. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 2. pag. 32-33.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
José e Maria, como
pais piedosos, seguiram todos os rituais do judaísmo no nascimento de Jesus.
CONCLUSÃO
Já observamos que
Lucas procura situar o nascimento de Jesus dento do contexto histórico. Dessa
forma ele dá detalhes sobre fatos da história universal mostrando que Deus foi,
é e continuará sendo Senhor da História. É dentro dessa história que se cumpre
as profecias. O Messias prometido, diferentemente do Messias esperado pelos
judeus, nasce em uma manjedoura e não em um palácio. Os pobres, e não os ricos,
são os convidados a participar do seu natal. A Lógica do Reino de Deus se
manifesta oposta à do reino dos homens. Todos aqueles que se sentem carentes e
necessitados são convidados a participarem dele. [Comentário: “A religião judaica foi tipo
que uma "terra arada" e o cristianismo foi a semente plantada nessa
terra. Quando ocorreu a diáspora judaica, os judeus espalharam a ideia de que:
iria vir um messias, e ele ia ser a esperança do mundo, ele ia ter a salvação” Plenitude dos tempos (Gálatas
4:4)-Danyllo Gomes, em http://verdadedocristianismo.blogspot.com.br/2012/03/plenitude-dos-tempos-galatas-44.html. Deus é
soberano na história, preparou o cenário para a aparição do Messias, no tempo
exato. A “plenitude dos tempos” é o tempo pré-determinado por Deus desde antes
da fundação do mundo, para libertar os que estavam debaixo da Lei, nos tornar
Seus filhos pela adoção de filhos que há em Jesus Cristo e tornar a congregar
em Cristo todas as coisas. A plenitude dos tempos é o momento histórico em que
Deus se fez carne para manifestar a Sua Graça e Verdade aos Seus filhos
gentios.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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