sábado, 24 de janeiro de 2015

LIÇÃO 4: NÃO FARÁS IMAGENS DE ESCULTURAS






LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.4-6; Deuteronômio 4.15-19


Êxodo 20
4 - Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 - Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem
6 - e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos.

Deuteronômio 4
15 - Guardai, pois, com diligência a vossa alma, pois semelhança nenhuma vistes no dia em que o SENHOR, vosso Deus, em Horebe, falou convosco, do meio do fogo;
16 - para que não vos corrompais e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea;
17 - figura de algum animal que haja na terra, figura de alguma ave alígera que voa pelos céus;
18 - figura de algum animal que anda de rastos sobre a terra, figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra;
19 - e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.


OBJETIVO GERAL


Mostrar que Deus se revela ao homem sem necessidade de meras reproduções.


OBJETIVOS  ESPECÍFICOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I.    Explicar a proibição bíblica quanto à idolatria.
II.   Apresentar a característica zelosa de Deus.
III.  Conscientizar sobre o verdadeiro culto a Deus.
IV. Esclarecer quanto à idolatria da teologia romana.



SUBSÍDIO I

  

INTRODUÇÃO


Na aula de hoje estudaremos o segundo mandamento, que diz respeito à interdição da idolatria à verdadeira adoração. Conforme estudamos na lição anterior, há apenas um Deus, e Esse revelou o modo que deveria ser adorado. Inicialmente destacaremos a gravidade do pecado de idolatria, em seguida, meditaremos a respeito do fundamento evangélico para a genuína adoração a Deus: em espírito e em verdade.


I. IMAGENS E IDOLATRIA


O povo de Israel estava rodeado de falsos deuses, isso se intensificaria após a entrada na Terra Prometida. No Egito, e entre as nações com as quais Israel iria se relacionar, o culto aos deuses através de imagens de esculturas era bastante comum. Os egípcios adoravam Apis, Horus, Anubis, entre outros deuses, e todos eles eram representados por meio de figuras de animais. Mas o Deus que havia tirado Seu povo do Egito, e o libertado da escravidão, não admitia ser comparado a qualquer imagem de escultura (Ex. 32.6). Esse ensinamento deveria ser observado pelo povo escolhido de Deus. No período da Reforma, principalmente entre os seguidores de João Calvino, essa doutrina foi retomada ímpeto, a fim de contrapor-se ao uso de imagens pelo Catolicismo Romano. Os reformadores argumentavam, com propriedade e fundamentação bíblica, a rejeição da adoração de imagens. O ídolo – pessel em hebraico – é terminantemente proibido na religiosidade judaica (Dt. 4.15-31). O fundamento para essa interdição estava no fato de Deus ter se revelado de modo que o povo não identificou uma forma física – temunah em hebraico - quando o Senhor se revelou em Horebe (Dt. 4.15). As consequências da idolatria no meio daquele povo seria uma abominação, que o levaria à destruição (Dt. 4.26). Deus havia estabelecido um concerto com Seu povo, a construção de ídolos e a adoração a eles significaria uma ruptura desse pacto (Dt. 4.31). Os profetas de Israel e Judá chamariam a atenção do povo, advertindo-o quanto ao perigo da idolatria (Is. 43.16), e reclamando a adoração ao Único e Verdadeiro Deus (Is. 44.9-20).
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II. O PECADO DA IDOLATRIA


A adoração aos ídolos representava, por conseguinte, um perigo para o povo de Israel, isso porque se tratava de um pecado. O Deus que tirou os israelitas do Egito não poderia ser assemelhado a qualquer imagem, do céu e muito menos da terra. Prostrar-se diante de uma imagem de escultura sempre foi considerada uma transgressão à revelação do Senhor, que se manifesta na Palavra, na Torah. As religiões das imagens costumam substituir a palavra pelos ícones, ou mesmo pelos ídolos. Mas a igreja cristã não pode se distanciar da Palavra de Deus, ninguém deve fundamentar sua adoração a Deus com meio visíveis. Existe uma tentativa de atenuar esse pecado trocando a palavra “adorar” por “venerar”, mas essa substituição não têm diferença semântica. Dobrar-se diante de uma imagem de escultura é pecado, ao longo da Bíblia os escritores se opõem a esse tipo de idolatria (Sl. 115). No Novo Testamento, o ídolo também é reprovado, e sua adoração terminantemente proibida (I Co. 10.14; I Jo. 5.21). Em consonância com a revelação do Antigo Testamento, o Deus que se revela na Palavra é zeloso – qanna em hebraico – e por ser único não admite ser confundido com outros deuses, muito menos ser representado em semelhança de coisas terrestres. Esse pecado seria punido, dentro da expressão de fé judaica, até a “terceira e quarta geração” (Ex. 20.5; Dt. 5.9). Evidentemente essa declaração não pode ser interpretada literalmente, trata-se de uma figura de linguagem hebraica (Am. 1.3-13; Pv. 30.15-29). Esse pecado pode ser perdoado, contanto que o idólatra reconheça sua transgressão e se volte para o Senhor, que é misericordioso (Ex. 20.6; Dt. 5.10).


III. A VERDADEIRA ADORAÇÃO


A adoração a Deus deve está fundamentada na revelação, ninguém pode se prostrar diante de um deus estranho. Somente o Deus das Escrituras é digno de honra, glória e louvor, não há outro além dEle (Is. 44.8). A adoração a imagens de esculturas é um reflexo da queda do ser humano, que se nega a cultuar a Deus espiritualmente. Quando se afasta da Palavra de Deus, o homem acaba por construir seus ídolos, de acordo com seus interesses pessoais. Jesus declarou que Deus é Espírito, portanto deve ser adorado espiritualmente (Jo. 4.24). O espírito não é uma substância material, não tem carne nem ossos (Lc. 24.39). Trata-se de uma Deus Invisível, e por conseguinte, somente pode ser adorado espiritualmente (Cl. 1.15; I Tm. 1.17). Mas é preciso ter cuidado pois esse Deus também é verdadeiro, por isso somente pode ser adorado por meio da Verdade. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo. 14.6), a Palavra de Deus é a Verdade (Jo. 17.17). Por isso, a adoração a Deus não pode ser mero misticismo, muitas pessoas reconhecem que Deus é Espírito, mas querem adorá-Lo sem fundamentação escriturística. É preciso ressaltar que Deus busca adoradores, e os adoradores que Ele busca, sabem que se trata de uma adoração pessoal (Jo. 4.23). A adoração espiritual e verdadeira acontece por meio da revelação das Escrituras a respeito de Jesus Cristo (Hb. 1.1,2). Essa adoração independe de lugares, não é o espaço e a condição física que determina a adoração, mas a verdade bíblica e a disposição espiritual.



CONCLUSÃO


A adoração a Deus não depende de imagens de escultura, ou de qualquer construção humana, mesmo que essa seja mental. Algumas pessoas não adoram ídolos feitos de material físico, mas acreditam em um deus que não passa de uma representação mental. O Deus da Bíblia é Espírito, portanto deve ser adorado como Tal. Para adorá-lo, devemos seguir os passos de Cristo, que é a Verdade, nEle nossa adoração é real, e aceita por Deus, que se compraz no Seu Filho (Mt. 3.17)

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa




SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO


O primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. A ordem do segundo mandamento é para adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto. A idolatria é o primeiro dos três pecados capitais na tradição judaica, “a idolatria, a impureza e o derramamento de sangue”. Os cristãos devem se abster da contaminação dos ídolos (At 15.20). [Comentário: No prelúdio do primeiro mandamento Deus se revela. O segundo mandamento está muito próximo do primeiro por ser também de ordem espiritual e afirmar, como aquele, a existência de um Deus vivo, o único que deve ser adorado. Aqui, YHWH terminantemente proíbe a adoração aos ídolos e o culto a qualquer imagem de escultura ou de pintura que possa ser tomado como objeto de adoração. É nesse sentido que Matthew Henry afirma que “o segundo mandamento diz respeito às ordenanças da adoração, ou à maneira segundo a qual Deus deverá ser adorado, o que é adequado que Ele mesmo indique. Aqui temos: A proibição. Aqui somos proibidos de adorar até mesmo o Deus verdadeiro, em imagens, w. 4,5. [1] Os judeus (pelo menos, depois do cativeiro) se julgaram proibidos, por este mandamento, de fazer qualquer imagem ou pintura. Consequentemente as imagens que os exércitos romanos tinham em suas insígnias são chamadas de abominações por eles (Mt 24.15), especialmente quando são colocadas no lugar santo.HENRY. Matthew. Comentário Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 292.]  Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. A PROIBIÇÃO À IDOLATRIA


1. Ídolo e imagem. O termo hebraico empregado aqui para “imagem de escultura” (Êx 20.4; Dt 5.8) é péssel, usado no Antigo Testamento para designar os deuses (Is 42.17), como Aserá, a divindade dos cananeus (2Rs 21.7, TB — Tradução Brasileira). Esses ídolos eram esculpidos em pedra, madeira ou metal (Lv 26.1; Is 45.20; Na 1.14). A Septuaginta traduz péssel pela palavra grega eidolon, “ídolo”, a mesma usada no Novo Testamento (1Co 10.14; 1Jo 5.21). O ídolo é um objeto de culto visto pelos idólatras como tendo poderes sobrenaturais e a imagem é a representação do ídolo.  [Comentário: Aserá (אֲשֵׁרָה‎) é, na mitologia semítica, uma deusa mãe canaanita da fertilidade, do amor e da guerra, que aparece em várias fontes acadianas escritas pelo nome de Ashratum/Ashratu e entre os hititas Asherdu, Ashertu, Aserdu ou Asertu. Aserá é geralmente considerada idêntica à deusa ugarita Athirat ou Atirat. O livro de Jeremias refere-se a Aserá quando menciona a "rainha dos céus" nos capítulos 7,18 e 44,18 na qual Jeremias condena o culto à "rainha dos céus". Jeremias, assim como Isaías, descreve o fútil processo de manufatura de ídolo (Jr 10.3-9), mas, depois, apresenta a importante conclusão do ponto de vista teológico de que esses “deuses, que não fizeram nem os céus nem a terra, desaparecerão da terra e de debaixo dos céus” (Jr 10.11). Os produtores deles, continua ele, são “estúpidos e ignorantes; cada ourives é envergonhado pela imagem que esculpiu” (v. 14a). Quanto aos ídolos, eles “são uma fraude, eles não têm fôlego de vida. São inúteis, são objetos de zombaria. Quando vier o julgamento delas, perecerão” (w. 14b, 15). Em contrapartida, Jeremias declara: “Aquele que é a porção de Jacó nem se compara a essas imagens, pois ele é quem forma todas as coisas, e Israel é a tribo de sua propriedade” (v. 16). Esse é exatamente o ponto dos dois primeiros mandamentos. Não havia nenhum Deus além do Senhor de Israel, e os ídolos e as imagens que representavam outras deidades eram criações do homem e, portanto, não representavam nada. Para Israel, adorá-las representava cometer um sacrilégio abominável. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) esclarece que “Como o primeiro mandamento afirma a unidade de Deus e é um protesto contra o politeísmo, assim o segundo afirma sua espiritualidade e é um protesto contra a idolatria e o materialismo.” Embora certas formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo, a avareza (Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento condena primariamente a fabricação de imagens (4) na função de objetos de adoração. Este tipo de idolatria sempre existiu entre os povos pagãos mais simplórios do mundo. A história de Israel comprova que esta tentação é traiçoeira”. Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 189. Russell Norman Champlin esclarece que “O primeiro mandamento proíbe o politeísmo, e a idolatria e o uso de imagens promoviam cultos politeístas. Portanto, o primeiro mandamento também combate o uso de ídolos. Por motivos assim é que muitos intérpretes pensam que os vss. 4-6 deste capítulo fazem parte do primeiro mandamento. Os vss. 4-6, para a maioria dos grupos protestantes (com a exceção dos luteranos), constituem o segundo mandamento. É proibido o fabrico de qualquer imagem de escultura para fins de adoração. As imagens tendem ou mesmo promovem formas várias de politeísmo, e isso fora estritamente proibido no primeiro mandamento. Além disso, as imagens de escultura, tal como o próprio politeísmo, destroem a natureza ímpar de YHWH, além de injetarem elementos estranhos no pensamento e na adoração religiosos. Grandes segmentos da cristandade têm uma espécie de subpolíteísmo no uso de imagens e na veneração dos “santos”. Digo aqui “sub-politeísmo” porque, acima do mesmo, reservam uma adoração especial a Deus. O que temos, nesses casos, é uma forma de sincretismo onde o antigo politeísmo alia-se ao monoteismo, A cristandade, ao entrar em contacto com culturas pagãs, inventou várias formas de sincretismo, pelo que desobedecem de forma crassa o primeiro e o segundo mandamentos. O primeiro e o segundo mandamentos proibiam qualquer forma de representação idólatra, e a adoração a essas formas”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388.]

2. Idolatria. O termo “idolatria” vem de eidolon, “ídolo”, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração”. Idolatria é a forma pagã de adoração a ídolos, de adorar e servir a outros deuses ou a qualquer coisa que não seja o Deus verdadeiro. É prática incompatível com a fé judaico-cristã, pois nega o senhorio e a soberania de Deus. Moisés e os profetas viam na idolatria a destruição de toda a base religiosa e ética dos israelitas, além de negar a revelação (Dt 4.23-25).  [Comentário: De forma bem sucinta, Charles F. Pfeiffer esclarece que o termo idolatria (latim idolatria, -ae, do grego eidolatreía, -as) é uma transliteração da palavra gr. eidololatria, cujo significado entendemos ser "a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas". Esse vocábulo gr. é uma composição de dois termos: O primeiro é eido (cf. o latim video), significando "ver" e "saber"; assim ele traz em si o conceito básico de "saber por ver". Com base nesse termo foi formada a palavra eidolon, "imagem", que veio a significar especificamente uma imagem de um deus como um objeto de adoração, ou um símbolo material do sobrenatural como tal objeto. O segundo termo é latreia, significando "culto" ou, mais especificamente, "culto ou adoração aos deuses". Idolatria, então, é prestar honras divinas a qualquer produto de fabricação humana, ou atribuir poderes divinos a operações puramente naturais. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 944.]

3. Semelhança ou figura. A frase “Nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4b; Dt 5.8b), à luz de Deuteronômio 4.12,15, proíbe adorar o próprio Deus verdadeiro por intermédio de qualquer objeto. A palavra hebraica para “semelhança” é temunah, “aparência, representação, manifestação, figura”. Sua ideia básica é de aparência externa, ou seja, uma imagem vista numa visão (Nm 12.8; Dt 4.12,16-18; Jó 4.16; Sl 17.15). Essa proibição inclui a representação de coisas materiais como homens e mulheres, pássaros, animais terrestres, peixes e corpos celestes (Dt 4.16-19). [Comentário: Note que muito das advertências feitas por YHWH ao povo tem a finalidade de evitar práticas da cultura Egípcia. Os egípcios adoravam toda espécie de objetos, como aves, répteis e figuras celestes imaginárias. E não hesitavam em representar tais supostas divindades por meio de imagens. Assim, encontramos este mandamento proibindo esta prática aos filhos de Israel. A tripla designação, “em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”, para os antigos, apontavam para a criação inteira. Esta condenação de imagens claramente inclui imagens do Deus verdadeiro, pois é bem certo que algum tipo de imagem estivera em uso entre os ancestrais de Israel. Os ídolos do lar (terafim) de Labão poderiam, é verdade, ter mais valor legal do que significado religioso, mas os que Jacó escondeu debaixo do carvalho no “santuário” em Siquém eram com toda certeza objetos religiosos (Gn 35.2-4). Isto aconteceu antes da doação da lei: mesmo depois disso, imagens não eram algo estranho em Israel (ver Jz 8:27, Gideão; Jz 17:4, Mica; 1 Sm 19:13, Davi). Todavia, a existência de imagens mais tarde em Israel não prova a inexistência de leis contra seu uso.]



SÍNTESE DO TÓPICO I


Reproduzir imagens humanas de animais ou qualquer outra coisa, com a finalidade de adorar, foi proibido ao povo de Deus.



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II. AMEAÇAS E PROMESSAS


1. O Deus zeloso. O adjetivo hebraico qanna, “zeloso”, aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15) e está associado ao nome divino el, “Deus”. O zelo de Jeová consiste no fato de ser Ele o único para Israel, e este não deveria partilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses.  [Comentário: O Pr Esequias Soares, comentarista da revista e autor do livro que serve de apoio a este trimestre, escreve: "Porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êx 20.5b-6; Dt 5.9b-10). O adjetivo hebraico qannã’, "zeloso", aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15), associado ao nome divino e/, "DEUS". As formulações nas cinco passagens diferem em detalhes. Nos dois textos do Decálogo e em Êxodo 34.14, as palavras ’êl qannã ’ são atributos de Javé. A menção dos deuses não acontece em Deuteronômio 4.24; 6.15. O zelo de Javé consiste no fato de ser ele o único para Israel e não compartilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses. O termo "zeloso" contém noções de paixão e intolerância; exprime a disposição de Javé abençoar Israel e fazê-lo prosperar, não aceitando um coração dividido. Essa linguagem é representada no relacionamento entre marido e esposa no casamento, na fidelidade (Ct 8.6) e na infidelidade (Os 1.2)”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46. A adoração às imagens de escultura é proibida no segundo mandamento. Adoração somente ao zeloso YAHWEH (Êx 34.14; Deu. 5.9; 6.15; 32.16,21; Js 24.19). O povo de Deus pertence exclusivamente a Ele, e só deviam prestar-Lhe lealdade, não imitando os povos circunvizinhos, que contavam com extensos panteões. A idolatria e o uso de imagens eram considerados uma tão grave iniquidade que foram ameaçados poderosos juízos de Deus contra os idólatras, envolvendo até a quarta geração dos mesmos. Os descendentes dos idólatras não podiam escapar ao desprazer de YAHWEH, para quem mil anos é como se fosse um dia (II Pd 3.8; Sl 90.4). Podemos ter certeza de que os juízos de Deus são justos, e envolvem os filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais. Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Todavia, persistiam circunstâncias adversas, criadas anteriormente. Ademais, existe aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes de pais para filhos, etc., provocando assim a ira divina. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391]

2. As ameaças. A expressão “terceira e quarta geração” (Êx 20.5; Dt 5.9) indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3,6,11,13; 2.1,4,6; Pv 30.15,18,21,29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações.  [Comentário: Ainda o Pr Esequias Soares, em obra já citada, esclarece: “As ameaças sobre as gerações daqueles que aborrecem Javé são para os descendentes que continuam envolvidos no pecado dos pais, as sucessivas gerações que aprenderam os pecados dos seus ancestrais e vivem ainda neles. Este princípio aparece outras vezes no Antigo Testamento além das duas passagens do Decálogo (ÊX 34.7; Nm 14.18; Jr 32.18). Deus não permite que filhos inocentes sejam responsabilizados pela maldade dos pais (Dt 24.16; 2 Rs 14.6; Ez 18.2, 3, 20). O verbo "visitar",pãqad, em hebraico, indica uma visita, no sentido de cuidar e também de castigar. O profeta Jeremias emprega esse verbo em ambos os sentidos (Jr 23.2). A expressão "terceira e quarta geração" indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3, 6, 11, 13; 2.1, 4, 6; Pv 30.15., 18, 21, 29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para a "terceira e quarta geração" com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações. Outras máximas aparecem no Antigo Testamento com números diferentes: "dois e três” (Jó 33.29); "seis e sete" (Jó 5.19; Pv 6.16); "sete e oito" (Ec 11.2; Mq 6.5), para expressar que a medida da iniquidade está cheia e não há como suspender a ira divina ou a plenitude de algo positivo. Os expositores da doutrina conhecida como maldição hereditária costumam usar de maneira isolada uma parte deste mandamento, "visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem", para fundamentar a sua teoria. Afirmam que, se alguém tem problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque alguém de sua família, no passado, não importa se avós, bisavós ou tataravós, teve esse problema. Nesse caso, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar ao diabo. Uma vez descoberta tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa forma, a maldição de família é desfeita. Uma espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos, praticado pelos mórmons. Tal pensamento não se sustenta biblicamente; é um erro crasso. A maldição está sobre quem continuar no pecado dos pais, sobre "aqueles que me aborrecem", pontua com clareza o mandamento. Não é o que acontece com o cristão que ama a Deus. Se fomos alvejados pela graça de Deus ainda no tempo da nossa ignorância, quanto mais agora que somos reconciliados com ele? (Rm 5.8-10). Quando alguém se converte a Cristo, torna-se nova criatura: "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). Para finalizar, convém ressaltar que, no discurso de Moisés em Deuteronômio, na revelação do Sinai nenhuma imagem, figura, forma ou representação foi vista pelos israelitas; eles ouviram a voz da Javé vindo do meio do fogo, mas nenhuma representação de figura foi manifestada, unicamente a Palavra (Dt 4.16,23,25). Os ídolos de madeira e de pedra dos cananeus são divindades falsas cuja adoração é terminantemente proibida (Êx 34.13; Dt 12.3; 16.21-22); Javé, entretanto, é real, mesmo que invisível (Cl 1.15; 1 Tm 1.17). "Deus é espírito" (Jo 4.24). Cultuá-lo com a mediação de imagens é colocá-lo no mesmo nível das falsas divindades, uma afronta ao verdadeiro Deus”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 46-48.]

3. As promessas. Salta à vista de qualquer leitor a diferença entre castigo e misericórdia. A ira divina vai até a quarta geração, no entanto, a misericórdia de Deus chega a mil gerações sobre os que guardam os mandamentos divinos (Êx 20.6; Dt 5.10). Muito cedo na história, o nosso Deus revela que seu amor ultrapassa infinitamente o juízo. [Comentário: Ezequiel 18.20 mostra o princípio da justiça. Os justos recebem misericórdia e bênção da parte de Deus. Mas a misericórdia estende-se a mil gerações, o que mostra que a misericórdia é um princípio muito mais poderoso do que o da aplicação da justiça. Seja como for, não há qualquer contradição, visto que a ira de Deus é uma medida de disciplina que promove a causa do amor. Julgamento Temporal. No Pentateuco não há qualquer ensino sobre um juízo divino pós-túmulo, um inferno para os ímpios e um céu para os piedosos. A noção da existência da alma não entrou claramente no pensamento dos hebreus senão já nos Salmos e nos Profetas. Assim sendo, a lei de Moisés nunca ameaça os homens com o julgamento da alma, e nem jamais promete a bem-aventurança celestial para os obedientes. A teologia dos hebreus mostrava-se deficiente quanto a esse particular, deficiência essa que foi corrigida pela doutrina cristã. Para os antigos hebreus, observar os mandamentos era uma medida doadora de vida (Ver Dt 5.33). Mas não é prometida qualquer vida além-túmulo. Contudo, mais tarde, o judaísmo acrescentou essa ideia. O cristianismo mostrou a falência total da lei como medida salvatícia (Ver Gl 3.21). É precisamente aí que temos a grande e fundamental diferença entre o judaísmo e o cristianismo. Qual era o intuito da lei, afinal? CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391]



SÍNTESE DO TÓPICO II


Deus é um Deus zeloso e não divide a sua glória com ninguém.




III. O CULTO VERDADEIRO


1. Adoração. O segundo mandamento proíbe fazer imagem de escultura e também de se prostrar diante dela para adorá-la: “não te encurvarás a elas, nem as servirás” (Êx 20.5; Dt 5.9). Adoração é serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras. É somente a Deus que se deve adorar (Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8,9).  [Comentário: Adoração: Prestar culto a; Ter amor a. Estas imagens pagãs eram feitas na forma de coisas vistas no céu, na terra e nas águas. Estas imagens não deveriam se tornar objetos de adoração: Não te encurvarás a elas. Os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para a confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo 25.31-34) e no primeiro Templo (1 Rs 6.18,29) havia obras esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos]

2. Deus é espírito. O Catecismo Maior de Westminster (1648) declara que “Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser” (Jo 4.24; Êx 3.14; Jó 11.7-9). O espírito é substância imaterial e invisível, diferentemente da matéria. É também indestrutível, pois o “espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Além de a Bíblia afirmar que Deus é espírito, declara também de maneira direta que Ele é invisível (Cl 1.15; 1Tm 1.17). Assim, a espiritualidade que tem Deus como alvo é incompatível com as imagens dos ídolos.  [Comentário: Deus não pode ser adorado sob a forma de qualquer representação material, quer fosse produto da arte plástica, quer da pictórica. Tais coisas não apenas desviam a mente do conhecimento da espiritualidade pura de Deus, mas inevitavelmente são transformadas em objetos de veneração, e também provocam o aparecimento de muitas práticas sensuais. O mandamento do versículo 4 não proíbe qualquer escultura ou pintura. Matthew Henry escreve que “É certo que este mandamento proíbe a confecção de qualquer imagem de DEUS (pois a quem o faríamos semelhante?, Isaías 40.18,15), ou a imagem de qualquer criatura para uso religioso. Isto é mudar a verdade de DEUS em mentira (Rm 1.25), pois uma imagem é um professor de mentiras. A imagem insinua, para nós, que DEUS tem um corpo, ao passo que Ele é um espírito infinito, Habacuque 2.18. Ele também nos proíbe de criar imagens de DEUS, segundo nossas próprias fantasias, como se Ele fosse um homem como nós. A nossa adoração religiosa deve ser governada pelo poder da fé, não pelo poder da imaginação. Eles não devem confeccionar tais imagens ou pinturas como as que os pagãos adoravam, para que não sejam também tentados a adorá-las. Aqueles que desejam ser guardados do pecado devem evitar as oportunidades para ele.” HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 292-293. Russell Norman Champlin comentando João 4.24 escreve: “«...Deus é espírito...». Aqui temos um dos grandes pronunciamentos joaninos acerca da natureza de Deus e que nesta passagem deve ser aceito como algo substancial e descritivo. Deus não tem corpo; a sua substância não faz parte da natureza física. Não sabemos o que é um espírito, exceto como um conceito negativo, a saber, que espírito não é matéria, ou, pelo menos, que não pode ser definido por qualquer declaração que defina a matéria. Porém, nosso atual estado de  conhecimento não nos autoriza a saber e dizer o que seja um espírito; e, para dizer a verdade, nem sabemos o que é a matéria. Falamos a respeito dos átomos, mas na realidade não sabemos o que são, nem qual seja a sua verdadeira e completa composição, e nem mesmo podemos asseverar que o átomo é a unidade básica de que se compõe a natureza”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 328.]

3. Deus é imanente e transcendente. A imanência é a forma de relacionamento de Deus com o mundo criado e principalmente com os seres humanos e sua história. O Salmo 139 é um exemplo clássico. A transcendência significa que Deus é um ser que não pertence à criação, não faz parte dela, transcende a toda matéria e a tudo o que foi criado (Jo 17.5,24; Cl 1.17; 1Tm 6.16). O exclusivismo da sua adoração é natural porque Deus é incomparável; ninguém há como Ele no universo (Rm 11.33-36). [Comentário: Imanência vem do latim, Immanere, «habitar». dois atributos incomunicáveis de Deus que são: Sua transcendência e sua imanência. Transcendência significa que Deus está acima da criação. Ele é supra-mundo e extra- mundo. Imanência nos faz lembrar que Deus se manifesta na criação. Deus está acima do mundo e independe dele. Fundamentado no conceito que Deus é transcendente, é importante observar que:
a)     Deus não deve ser confundido com o universo, como faz o Panteísmo e a Ciência Cristã.
b)     Não deve ser considerado como uma totalidade da qual o universo é uma parte, isto é, uma espécie de unidade de dupla face.
c)     Não se relaciona com o universo como a alma com o corpo.
d)     A causa e o seu efeito não podem ser uma e a mesma coisa; logo afirmamos a transcendência de Deus. Sujeito e objeto implicam uma distinção, logo, não podemos confundir Deus com o mundo que Ele fez e que é objeto de sua providência e cuidado.
O homem é maior que a sua obra; assim também o é Deus.
e)     O amor de Deus para com os homens, o perdão de pecados que Ele concede e o senso de responsabilidade do homem, tudo isto se baseia na transcendência de Deus.
Quando o homem deixa de crer na transcendência, a sua consciência do pecado e sua responsabilidade moral se esvaem, como acontecem no sistema panteísta e semipanteísta.
Quando se perde a transcendência, em geral a personalidade de Deus vai com ela. Segue-se, então, a perda da fé, do culto e da oração, que são sempre expressões de um espírito pessoal em busca de um espírito pessoal e são impossíveis de outro modo.
DEUS É IMANENTE OU INTRAMUNDO.
Podemos então dizer que:
a)     Ele não só está acima do universo físico, não somente é independente dele, mas permeia todas as coisas.
b)     O homem atua sobre a matéria, externamente, de fora. Deus pode fazer e o fez internamente, de dentro. Todo o desenvolvimento que existe no universo ilustra a operação interna de Deus.
c)      O homem constrói uma casa ou um navio, trabalhando externamente. Deus faz uma árvore, operando internamente.
d)     Não devemos enfatizar a transcendência de Deus de forma a fazê-lo um Deus mecânico; nem tão pouco enfatizar sua mecânica de modo a fazê-lo desaparecer nas leis da natureza.
e)     Devemos distinguir entre Deus imanente no universo e Deus idêntico com o universo, pois isso seria panteísmo.
f)      W. Newton Clark, em sua obra Cristian Doctrine of God, diz o seguinte: "É claro, hoje em dia, que o universo opera ou é operado de dentro, As forças que se acham em atividade são forças residentes no universo, Este tem toda a aparência de um sistema auto-operante. Não somente a sua vastidão, mas também a sua autossuficiência interna nos proíbe de conhecê-lo como sendo controlado por fora".  "Se Deus é a força operante do grande sistema, e se este é operado de dentro, então, certamente, ele se acha dentro com sua vontade e energia operantes". O professor Arthur C. MacGiffert dá uma definição de imanência que mal se pode distinguir do panteísmo. É preciso fazer uma distinção bem clara entre imanência e panteísmo. W. L. Falker, em sua obra: The Spirit and the incarnation e em Cristian Thesm, nega que mecânica de Deus seja pessoal e ensina que esta terminologia apenas expressa a manifestação de uma idéia ou princípio gradualmente realizado no mundo. Dificilmente, porém se pode compreender um Deus imanente que não seja pessoal. Não sendo Deus concebido como sendo idêntico com o mundo, podemos dizer que sua imanência é da substância o do ser pessoal na mais estrita acepção da palavra.
g)     A imanência de Deus, não pode ser usada para negar a realidade das causas secundárias, nem para fazer de Deus o agente de todo o mal no mundo. Assim como não fazemos Deus e o mundo idênticos, assim também não fazemos a vontade humana desaparecer na divina.
h)     A doutrina da imanência de Deus dá nova beleza ao mundo. Pb. Gilson dos Santos. http://oscincosolas.blogspot.com.br/2011/10/tema-transcendencia-e-imanencia-de-deus.html]



SÍNTESE DO TÓPICO III


Deus é Espírito e importa que o adoremos em espírito e em verdade.



IV. AS IMAGENS E O CATOLICISMO ROMANO


1. O que dizem os teólogos católicos romanos? A edição brasileira do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993, no período do pontificado do papa João Paulo II, afirma que o culto de imagens não contradiz o mandamento que proíbe os ídolos. Os teólogos católicos romanos ensinam que a confecção da arca da aliança com os querubins e a serpente de metal no deserto (Êx 25.10-22; 1Rs 6.23-28; 7.23-26; Nm 21.8) permitem o culto às imagens.  [Comentário: No tabernáculo havia a representação de querubins. Mas a figura jamais foi adorada ou venerada pelos filhos de Israel. Se o tivesse sido, sem dúvida teria sido destruída (Ver Êx 25.18,19). YAHWEH, por sua vez, jamais foi representado entre os israelitas por meio de qualquer imagem de escultura. Tal representação teria sido um sacrilégio de primeira grandeza. E nem outros deuses foram jamais representados por meio de imagens pelos israelitas, a não ser pelos idólatras entre eles. Mas tais imagens detratavam do caráter úrico de YAHWEH. Alguns eruditos supõem que itens como os querubins (Êx 25.18,19), a arca (Nm 10.35,36), os terafins (Jz 18.14); a estola sacerdotal (Jz 8.26,27) e a serpente de metal (Nm 21.8,9) na verdade constituíam ídolos e imagens em Israel, pois Israel estava mais próxima dos pagãos que a maioria dos estudiosos gostam de admitir. Mas outros negam que os israelitas adorassem a esses objetos. Serviam apenas a propósitos ilustrativos no culto, não se tomando nunca objetos de adoração. O argumento do primeiro grupo de eruditos tem por objetivo dar apoio à ideia de que o segundo mandamento era de origem posterior, e que acabou acrescentado à lista dos mandamentos. Por outro lado, se os objetos acima mencionados não eram objetos de adoração, então tal argumento rui por terra. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.]

2. Uma interpretação forçada. O argumento da igreja católica é falacioso porque os antigos hebreus não cultuavam os querubins nem a arca, menos ainda a serpente de metal. O povo não dirigia orações a esses objetos. A arca e os querubins do propiciatório sequer eram vistos pelo povo, pois ficavam no lugar santíssimo (Êx 26.33; Lv 16.2; Hb 9.3-5). Quando o povo começou a cultuar a serpente que foi construída no deserto, o rei Ezequias mandou destruí-la (2Rs 18.4). As peças religiosas a que os teólogos católicos romanos se referem serviam como figuras da redenção em Cristo (Hb 9.5-9; Jo 3.14,15).  [Comentário: O uso de querubins sobre a arca justifica a visão católica de que as imagens podem ser veneradas? A Má interpretação: De acordo com esse versículo, Moisés recebeu de Deus a seguinte ordem: “Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório”. E óbvio que se trata de uma imagem sagrada. Os estudiosos católicos argumentam que esse verso justifica a veneração deles por imagens sagradas. Corrigindo A Má Interpretação: Esse ver só não justifica a veneração por imagens sagradas. Por um detalhe, o contexto deixa claro que a imagem dos querubins não deve ser venerada ou adorada de maneira alguma. Na verdade, a posição dos querubins no lugar mais santo, onde apenas o sumo sacerdote poderia entrar, uma vez por ano no Dia da Expiação (Lv 16), tornou-os inacessíveis e, portanto, impossíveis de serem adorados ou venerados pelo povo. Note também que esses querubins não foram dados a Israel como imagens de Deus; eles são representações de anjos. Não foram dados com o propósito de adoração ou veneração; foram dados por motivos de decoração — como arte religiosa. Os católicos romanos estão lendo algo nesse versículo que na verdade não está lá. Norman L. Geisler; Ron Rohdes. Resposta as Seitas. Edtora CPAD. pag. 57-58. Russell Norman Champlin comentando acerca da reforma religiosa feita por Ezequias (I Reis 18.4), diz: “Nenhum ídolo escapou à ira destruidora de Ezequias. Os lugares altos foram destruídos e queimados, e os ídolos foram destruídos. Além disso, havia um ídolo especial, a serpente de metal, que Moisés havia feito, por ordem do Senhor, para cura do povo (ver Números 21.5-9), e que foi quebrado e anulado. O povo vinha usando aquele objeto em sua idolatria, chegando a queimar incenso defronte dele. Neustã. Esse vocábulo, no hebraico, é parecido (quanto ao som) com as palavras hebraicas que significam “bronze" e “imundo". O rei estava ansioso por remover todos os vestígios da idolatria, e qualquer coisa que pudesse provocar práticas idólatras, pelo que despedaçou a serpente de metal. As tradições judaicas dizem que Ezequias despedaçou a serpente de metal, moeu-a até virar pó e então espalhou as partículas ao vento (Talmude Bab. Avodah, Zarah, foi 44.1)”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1538.]

3. O uso de figuras como símbolo de adoração. A adoração ao Deus verdadeiro por meio de figura, símbolo ou imagem é idolatria. Isso os israelitas fizeram no deserto (Êx 32.4-6). Mica e Jeroboão I, filho de Nebate, procederam da mesma maneira (Jz 17.2-5; 18.31; 1Rs 12.28-33). Os ídolos que a Bíblia condena não se restringem a animais, corpos celestes ou forças da natureza, pois inclui também figuras humanas (Sl 115.4-8).  [Comentário: A Nulidade da Idolatria (Sl 115.4-8): Essas palavras penetrantes que se referem à idolatria de foram satírica são repetidas em Salmos 135.15-18. Os ídolos deles são prata e ouro (4). Barnes observa: “A zombaria pretendida com essas palavras é apresentada nos termos que vêm a seguir: obra das mãos de homens. Um ídolo de pedra pode ser meteórico e não formado por mãos humanas; pode ser considerado como caído do céu (At 19.35); um ídolo de madeira pode ser um poste não muito bem esculpido, que pessimamente pode ser distinguido do objeto natural, mas quando eram usados prata e ouro, a mão do artífice se tornava visível na figura do deus representado (Jr 10,8,9)”.24 Quando moldados na forma de um homem ou animal, os ídolos têm boca, olhos, ouvidos, nariz, mãos, pés, garganta — e, no entanto, são mudos, cegos, surdos, incapazes de cheirar e de apalpar, imóveis, sem pronunciar nenhum tipo de som (5-7). Alguns comentaristas acreditam que houve uma interpolação da primeira ou da última caracterização, visto que ambas descrevem o aspecto da fala. Mas essa repetição é mais bem-vista como parte da ênfase do poeta: do começo ao fim, esses são ídolos mudos que não têm palavra alguma para anunciar aos homens. O contraste com o Deus vivo e que fala é absoluto. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem (8). A coisa impressionante é que aqueles que os fazem e aqueles que adoram esse tipo de deuses se tornam como os próprios ídolos. Os pagãos fazem seus deuses à sua própria imagem, e então se tornam como eles! Esse é o efeito sobre nós em relação a quem adoramos. Nossos ídolos hoje podem ser dinheiro, poder, prazer ou qualquer outra coisa para a qual inclinamos o nosso coração. Mas se adoramos qualquer outra coisa que não seja Deus, tornamo-nos interesseiros e duros ou levianos e superficiais. W. T. Purkiser, M. A,. Comentário Bíblico Beacon Salmos. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 288.]

4. Mariolatria. É o culto de Maria, mãe de Jesus. Seus adeptos dirigem oração a ela, prostram-se diante de sua imagem e acreditam que sua escultura é milagrosa. Isso é idolatria! Os devotos, propagandeados pela mídia, atribuem a Maria uma posição que a Bíblia não lhe confere. Nós reconhecemos o papel honroso da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, mas ela mesma jamais aceitaria ser cultuada (Lc 1.46,47; 11.27, 28; 1Tm 2.5). [Comentário:  Mariolatria: Culto à Virgem Maria, levado ao exagero. Alfonso Liguori escreve no livro "As Glórias de Maria": “Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus . . . A Santa Igreja ordena um culto peculiar à Maria”. A ICR exalta Maria como tendo sido a mãe ideal e perfeita em toda a sua vida. Contudo, a Bíblia mostra que, em certa ocasião ela tentou atrapalhar o ministério de Jesus. Maria e os irmãos de Jesus tentaram fazê-Lo parar o Seu ministério. Esta passagem pode ser encontrada em Marcos 3:20-35 e vejam o que diz o verso 21: “E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si”. Maria foi agraciada mais do que todas as outras mulheres, porque lhe foi concedido ser a mãe de Jesus. Mas as Escrituras não ensinam em lugar algum que devemos dirigir-lhe orações, nem adorá-la, nem atribuir-lhe títulos especiais. Maria é digna do nosso respeito, mas somente o Filho é digno da nossa adoração. (1) Maria foi escolhida por Deus porque ela achou graça diante dEle (cf. Gn 6.8). Sua vida santa e humilde agradou tanto a Deus, que Ele a escolheu para tão sublime missão (2 Tm 2.21). (2) A bênção de Maria, por ter sido escolhida, trouxe-lhe grande alegria, mas também muita dor e sofrimento (ver 2.35), uma vez que seu Filho seria rejeitado e crucificado. Nesta vida, a chamada de Deus sempre envolve bênção e sofrimento, alegria e tristeza, sucesso e desilusão. O clero romano nega terminantemente que os católicos adoram a Maria, o que é oficialmente confirmado pelo Vaticano. Dizem que Veneram-na: Conferindo com o marianismo dos católicos romanos, prova de maneira irrefutável que se trata de adoração.
Se ajoelham diante de sua imagem, beijam a imagem, carregam em procissões sua imagem, ficaram cheios de fúria quando chutaram sua imagem, etc.... O sentido não tem como fugir da verdade. A ICR jamais admitirá que prega a divindade de Maria, da mesma forma que nega a adoração a ela. Maria é chamada, na reza Salve-rainha de “Rainha do Céu”, o mesmo nome de uma divindade pagã da Assíria (Jr 7.18; 44.17-25). Mãe de Deus? A palavra grega usada para “mãe de Deus” originalmente significa “portadora de Deus”. É impossível que Deus tenha mãe porque: A Bíblia diz que Deus é eterno (Sl 90.2, Is 40.28). Não tem começo, nem meio e nem fim de dias. Ele existe por si mesmo (Êx 3.14). A Bíblia esclarece que Maria é mãe do Jesus homem e nunca mãe de Deus (At 1.14). O teólogo católico romano Ludwig Ott, defendendo a doutrina espúria da veneração a Maria, mãe de Jesus, em sua obra Fundamentals of Catholic Dogma (Fundamentos do Dogma Católico), afirma: ‘À Maria, a mãe de Deus, confere-se o direito de receber o culto de hiperdulia’. Em outras palavras, segundo o catolicismo romano, ‘Maria deve ser venerada e honrada em um nível muito mais alto do que o de outras criaturas, sejam anjos ou santos. Contudo, essa veneração a Maria é substancialmente menor do que a cultus latriae (adoração) que é devida somente a Deus, no entanto, maior do que a cultus diliae (veneração) devida a anjos e aos outros santos’. Essa doutrina católica romana é uma das mais frágeis em argumentação, uma vez que cria uma confusão terminológica em torno dos termos adoração e veneração, além de defender pontos sem respaldo bíblico. Veneração significa ‘render culto’, ‘adoração’, sendo condenada pela Bíblia, seja em relação a anjos ou a santos (Ap 22.9), exceto a Deus. Além disso, em nenhum momento a Bíblia fala que Maria é superior a qualquer outra criatura e que deva receber orações ou mesmo veneração. Outra amostra do subterfúgio sem nexo do catolicismo romano está no fato de que a adoração a Maria (que por si só já é absurda) não está acima da adoração a Deus. Todavia, em suas orações, como na Novena de orações em honra a Nossa Mãe do Perpétuo Auxílio, declara-se, sem censura, que Maria é superior a Jesus: ‘Porque se me protegeres, querida Mãe, nada temerei daquilo que me possa sobrevir: nem mesmo dos meus pecados, pois obterás para mim o perdão dos mesmos [a Bíblia diz que só há perdão através de Jesus – At 4.12; 1 Tm 2.5; 1 Jo 1.7]; nem mesmo da parte dos demônios, porque és mais poderosa do que o inferno junto [a Bíblia diz que somente Jesus despojou os principados e potestades e só podemos expulsar demônios por Jesus – Cl 2.15; Mc 16.17]; nem mesmo de Jesus, o meu juiz, pois através de uma oração tua Ele será apaziguado [Maria seria a advogada e Jesus, o juiz, mas a Bíblia diz que hoje Jesus é o nosso advogado – 1 Jo 2.1].” MARIOLATRIA. Revista Resposta Fiel, Rio de Janeiro, Ano 4, nº 12, p. 6, jun.-ago.2004.]


SÍNTESE DO TÓPICO IV


Não há base bíblica para praticar o que a teologia romana ensina à igreja.



CONCLUSÃO


Devemos ter discernimento para distinguir ídolos de objetos meramente decorativos. Tudo aquilo que a pessoa ama mais do que a Deus torna-se idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). A Bíblia não proíbe as artes, nem a escultura em si mesma e nem a pintura. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35). O rei Salomão mandou esculpir querubins na parede e touros e leões para decorar o templo (1Rs 6.29; 7.29) e o palácio real (1Rs 10.19,20), mas nunca com objetivo de que tais objetos fossem adorados. [Comentário: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5). Um só mediador... Jesus Cristo. É somente através de Jesus Cristo que podemos aproximar-nos de Deus (Hb 7.25), confiando na sua morte expiatória para nos remir dos nossos pecados, e orando com fé, pedindo forças e misericórdia divinas para nos ajudar em todas as nossas necessidades (Hb 4.14-16). Não devemos permitir que criatura alguma usurpe o lugar de Cristo em nossa vida, dirigindo-se-lhe orações (ver Hb 8.6; 9.15; 12.24). As tentativas inglórias de fundamentar o marianismo na Bíblia fracassaram. As expressões: “O Senhor é contigo”; “bendita és tu entre as mulheres” (v.28) e “bendito o fruto do teu ventre” (v. 42), não são a mesma coisa que: “bendita és tu acima das mulheres”. Devemos esclarecer esses pontos aos seguidores da ICR, com respeito e amor, mas discordando de suas crenças, com base na Palavra de Deus. Muitos são sinceros e pensam estar fazendo a vontade de Deus.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.

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