TEXTO ÁUREO
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“Que são israelitas, dos quais é a doção de filhos, e a glória, e os
concertos, e a lei, e o culto, e as promessas.” (Rm 9.1).
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VERDADE PRÁTICA
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Uma nova nação despontava no horizonte e precisava de uma
legislação que definisse as bases em que o povo devia viver, isto é,
fundamentada nas promessas feitas aos patriarcas.
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo
20.18-22; 24.4,6-8.
20.18 - E todo o povo viu os
trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo,
vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe.
19 - E disseram a Moisés: Fala
tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos.
20 - E disse Moisés ao povo: Não
temais, que Deus veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de
vós, para que não pequeis.
21 - E o povo estava em pé de
longe: Moisés, porém, se chegou à escuridade onde Deus estava.
22 - Então, disse o SENHOR a
Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que eu falei
convosco desde os céus.
24 - Um altar de terra me farás
e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as
tuas ovelhas, e as tuas vacas: em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória
do meu nome, virei ali e te abençoarei.
24.4 - E Moisés escreveu todas
as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um
altar ao pé do monte e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel;
6 - E Moisés tomou a metade do
sangue e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar.
7 - E tomou o livro do concerto
e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado
faremos e obedeceremos.
8 - Então, tomou Moisés aquele
sangue, e o espargiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o
SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras.
OBJETIVO
GERAL
Explicar
o processo de desenvolvimento da Lei de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Conhecer
como a Lei foi promulgada.
·
Afirmar a autoria
de Moisés.
·
Conceituar “Concerto”
ou Aliança”.
·
Classificar os sacrifícios
que foram estabelecidos com a Lei.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre estudaremos a respeito dos dez mandamentos, enfocando primordialmente
sua relação com a igreja de hoje. Existem diferentes abordagens
bíblico-teológicas quando à aplicação do decálogo na atualidade. Ao longo das
aulas, adotaremos uma perspectiva evangélica, isto é, que considere o contexto
no qual a torah foi revelada, mas que seja aplicado de acordo com os princípios
cristãos.
1. CONCEITO BÍBLICO-TEOLÓGICO DE
LEI
O uso desse termo sempre esteve
relacionado às instruções diárias de Deus para o Seu povo. A torah orientava
todos os aspectos da vida do povo israelita. E essa não era dos homens, mas do
próprio Deus, que fala pessoalmente a respeito da “minha torah” (Ex.16.28; Sl.
78.1; 89.20; Is. 51.4,7). Além da torah, Deus estabeleceu seus estatutos – hoq
em hebraico – às observâncias religiosas associadas aos levitas (Ex. 20.31; Lv.
6.18; 10.15). Para a cultura popular, particularmente a religiosa, a lei é
negativa, pois impõe limites às atitudes humanas. Para os escritores bíblicos,
a torah é positiva, pois mostra a vontade soberana de Deus para o bem do povo.
Deus revelou a Sua torah para o bem daqueles que foram chamados por Ele (Jr.
31.33). Os salmos, a maioria deles da autoria de Davi, celebram a beleza da
torah de Deus (Sl. 1; 19; 119). No Novo Testamento, a nomos – lei em grego –
diz respeito à torah, isto é, aos primeiros cinco livros da Bíblia, também
denominado de Pentateuco, e por extensão a todos os escritos do Antigo Pacto
(Mt. 5.17; Jo. 1.17; Rm. 3.21). A nomos, tal como a torah, diz respeito também
às regras e ordenanças de Deus ao Seu povo (Jo. 7.19; At. 15.5). Mas as
pessoas, ao contrário do que defendem alguns religiosos, não são salvas pela
nomos, mas pela graça de Deus, manifestada em Cristo (Ef. 2.8-10). As Epístolas
de Romanos e Gálatas, escritas por Paulo, refutam o argumento religioso da
salvação guarda da torah/nomos (Rm. 3.28; Gl. 2.16). Ainda que a torah/nomos
não salve, aquele que crê obedece, não para a salvação, mas porque foi salvo. A
anomia, expressão da língua portuguesa que vem de a (negação) nomia (lei) não
se coaduna com o caráter cristão, não se pode viver “sem nomos” (Rm. 2.12).
Paulo esclarece essa nova condição ética em Rm. 6.15, ao indagar: “Pois quê?
Havemos de pecar porque não estamos debaixo da nomos, mas debaixo da graça?”
Ele mesmo responde: “De modo nenhum”.
2. O PRINCÍPIO DA LEI DE DEUS
PARA OS ISRAELITAS
O livro do Êxodo põe em
evidência as dez palavras, fundamentadas na aliança com o povo de Deus com o
povo de Israel. A importância desse código para aquele povo é ressaltada pelo
fato de aparecerem duas vezes no Pentateuco (Ex. 20 e Dt. 5). O princípio da
lei se encontra em Gn. 2.9-16, nas instruções dadas a Adão e Eva no Jardim (Gn.
2.17). Essas são palavras do próprio Deus, isso é confirmado em Dt. 5.22, que
se revela como o Eu Sou (Ex. 3.13,14). O fundamento dessas dez palavras é
a santidade, primeiramente a de Deus, que demanda uma resposta do Seu povo (Lv.
19). Os feitos de Deus também determinam a exigência da torah, pois o Senhor
libertou Seu povo do Egito (Ex. 3.15). A torah, por conseguinte, decorre da
graça de Deus, pois primeiramente Ele salvou o povo, a fim de que esse fosse
preservado (Dt. 4.1). Contrariando a interpretação legalista da torah, a lei
deve ser percebida como um ato de liberdade, não de escravidão (Tg. 1.25). Por
isso, assim como fez o salmista, o ouvinte da torah deve se expressar seu amor
pela revelação de Deus (Sl. 119.97). Esse é um tema recorrente nos livros
poéticos, tendo em vista que, para esses autores, a tora do Senhor é lâmpada e
Suas correções o caminho para a vida (Pv. 6.23). A base do decálogo é
relacional, pois enfatiza o relacionamento do homem com Deus (1 ao 4) e com
outros homens (6 ao 10). Por esse motivo Jesus sumarizou essas palavras à
obediência de coração (Mt. 5.21-30; Mt. 22.38,39).
3. APLICAÇÃO PARA A LEI DE DEUS
HOJE
Essas
palavras consideram inicialmente que o Deus de Israel não é apenas um deus, é O
Deus entre muitas supostas divindades, podendo, assim, exigir exclusividade (I
Co. 8.5). Nossas mentes e corações devem está cheios daquilo que o Senhor falou
(Dt. 4.12-19), esse é o fundamento dos três primeiro mandamentos, o
reconhecimento de que Deus é Espírito, portanto deve ser adorado em espírito e
em verdade (Jo. 4.23-24), considerando que Sua palavra deve habitar em nós (Cl.
3.16). O quarto mandamento diz respeito à condição humana diante de Deus,
devemos saber que não somos máquinas, por essa razão, precisamos ter momentos
de contemplação, para nos voltar para Aquele que é nosso verdadeiro descanso.
Trata-se de um ato de imitação, pois o próprio Deus descansou (Gn. 2.1-3). As
palavras de Deus identifica nossa natureza redimida (Ef. 4.20-24), por isso
devemos honrar nossos pais, a família deve ter preeminência nos
relacionamentos. A paternidade deriva de Deus, isso é motivo suficiente para os
filhos honrarem seus pais (Ef. 3.15). A vida tem é valiosa aos olhos de Deus,
isso porque somos a imagem de Deus (Gn. 5.1; 9.6). Esse é um princípio que
dignifica o ser humano, por isso os servos de Deus serão sempre pró-vida. Outro
princípio estabelecido no decálogo é o da propriedade privada, sendo assim, as
relações comerciais e econômicas devem ser respeitadas. Mas o dinheiro não deve
ser colocado acima das pessoas, na verdade, caso é preciso ter cuidado para
esse não tomar o lugar de Deus (Mt. 6.24). Conforme adverte o apóstolo Paulo, o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). Nesse contexto, o
contentamento deve ser cultivado, a cobiça não deve ter lugar no coração
daqueles que amam a Deus (I Tm. 6.6). Em um mundo pautado pela mentira, o
respeito à verdade deve ser estimulado, afinal, o Deus a quem servimos não é de
mentira (Tt. 1.2).
CONCLUSÃO
Os dez
mandamentos, ou mais propriamente, as dez palavras, foram dadas a Israel, em
consonância com a aliança estabelecida por Deus com aquele povo. Mas essas
instruções, ressaltando a propriedade do termo torah em hebraico, podem ser
aplicadas à igreja nos dias atuais. O princípio norteador da torah se encontra
nas palavras de Cristo, que a corroborou destacando o amor como fundamento das
relações entre o homem e Deus e com os outros homens (Mt. 22.37-39)
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O tema do presente
trimestre são os Dez Mandamentos, a base de toda a legislação mosaica. Aqui
vamos iniciar com a solenidade da promulgação da lei, no Sinai*, a cerimônia do
concerto que Deus fez com Israel. O evento envolveu holocaustos e a leitura do
livro da lei num ritual com profundas implicações messiânicas. [Comentário:
Iniciamos 2015 com um currículo novo. A primeira lição trata dos “Dez
Mandamentos”. O que os Dez Mandamentos têm a nos dizer hoje? O objetivo deste
trimestre é ajudar o povo de Deus a distinguir entre lei e evangelho, lembrando
que os Dez Mandamentos não são a lei, mas parte dela, que introduz o sistema
legal de Moisés. Quando lemos os Dez Mandamentos, quase sempre, não paramos
para refletir no contexto de libertação em que o povo judeu estava situado.
Geralmente olhamos para os mandamentos como “leis fixas ou regras duras” e não
damo-nos conta de que a existência deste código divino tinha o objetivo de
garantir a liberdade recém-conquistada pelos israelitas. Há pouco, o povo judeu
fora liberto da opressão dos egípcios. Os mandamentos foram dados pelo Eterno
para conduzir Israel a uma vida de santidade prática. Neles, o povo poderia ver
a natureza de Deus e seu plano, segundo o qual deveriam viver. Os israelitas
sofreram as influências da cultura, da religião, da filosofia de vida egípcia,
etc. Não há como ficar incólume sob 430 anos de influência em uma cultura
majoritária como a do Egito Antigo. Por isso, a providência divina foi a de
estabelecer princípios divinos e de vida para os judeus a fim de que o processo
de libertação do povo não fosse em vão. Voltar ao “espírito” do Egito, em pleno
deserto, seria a sombra que os hebreus conviveriam por 40 longos anos. Mas,
Deus estava disposto a libertá-los para sempre dessa sombra.] Convido você para
mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1. A PROMULGAÇÃO DA LEI
1. A solenidade. O ritual do concerto e da promulgação da lei no pé do monte Sinai
aconteceu cerca de três meses após a saída de Israel do Egito (Êx 19.1-3). Os
israelitas permaneceram ali durante um ano (Nm 10.11,12). A revelação da lei
começa aqui e vai até o livro de Levítico (Lv 27.34). O livro de Números
registra as jornadas de Israel no deserto, e Deuteronômio é o discurso em que
Moisés recapitula a lei e traz ao povo uma reflexão sobre os acontecimentos no
deserto desde a saída do Egito, exortando Israel à fidelidade a Deus (Dt 1.3;
4.1). [Comentário:
O local onde nos encontramos é o Monte Sinai, de significado
desconhecido, sendo uma possível derivação da palavra seneh, um
arbusto espinhoso daquela região, ou pode ser uma referência ao deus lua Sin,
cujo culto havia-se espalhado por toda a Arábia. Às vezes esse monte é chamado
apenas de "a montanha de Deus" como em Ex 3.1 e 4.27; Sinai e
Horebe. Essas variações podem referir-se ao mesmo monte, ou podem estar em
vista montanhas diferentes localizadas na península. O escritor protestante
americano Norman Russel Champlin afirma que foram necessários três meses para
que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver escapado da servidão no Egito. Na
ocasião, um grande acontecimento esperava por eles, o pacto sinaítico. No
terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha
início na páscoa, no mês de abibe (nisã). Entre os israelitas também havia um
calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã,
correspondente ao nosso mês de maio. O Targum de Jonathan diz que a chegada de
Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da partida do Egito,
presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do
mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali
acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte em sua entrevista com
YAHWEH (hebraico: יהוה) ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu
os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais
tarde, que foi o sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo,
e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém,
dificilmente pode ser averiguada (Êx 19.2). O autor sacro oferece aqui uma
pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida
de Refidim (Êx 17.1) para o Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde
Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias. Fica entendido que YAHWEH
(יהוה) se manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos
pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte
cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a
cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de
outra grande revelação. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
2. A credibilidade de Moisés. Diante de tudo o
que aconteceu, quem poderia questionar a legitimidade de Moisés como mediador
entre Deus e o povo? Quem podia duvidar da autenticidade e da autoridade da lei
(Êx 20.22)? Não seria exagero afirmar que Deus quis fortalecer a autoridade de
Moisés com aquelas manifestações sobrenaturais (Êx 19.9). A manifestação
visível do poder de Deus ao povo era uma prova irrefutável de sua origem divina
(Êx 20.18-22; 19.16-19). As coisas de Deus são sempre às claras. Uma das
grandezas do cristianismo é que ele foi erigido sobre fatos. Os evangelhos
estão repletos dos milagres que Jesus operou diante do povo (Jo 18.19-21). [Comentário: Os israelitas tinham pedido que Moisés
atuasse como mediador entre Deus e eles mesmos (vs. 19), quando Moisés já
estava atuando nessa capacidade. YAHWEH (יהוה) instruiu Moisés para que
transmitisse ao povo a Sua palavra, e assim teve início a multiplicação dos dez
mandamentos básicos; e essa multiplicação, mediante a Interpretação, nunca
terminou para o judaísmo. YAHWEH (יהוה) enviava a Sua mensagem do Seu
céu, o que significa que estamos falando em termos de revelação. As coisas
ditas pelo Senhor seriam posteriormente formuladas nas Escrituras. O fato de
que a voz de YAHWEH (יהוה) era ouvida por Moisés servia de motivo para o
povo de Israel obedecer, pois as palavras subiam acima da compreensão imediata
deles. Segundo o comentarista bíblico e pastor presbiteriano inglês Matthew
Henry, isto pareceu, também, ter particularmente a finalidade de honrar Moisés:
“Para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam
eternamente”, v. 9. Desta maneira, a correspondência devia ser primeiro
estabelecida por uma manifestação perceptível da glória divina, e depois
deveria ter continuidade, de modo mais silencioso, pelo ministério de Moisés.
De igual maneira, o Espírito Santo desceu visivelmente sobre Cristo, no seu
batismo, e todos os que estavam presentes ouviram Deus falando com Ele (Mt
3.17), para que posteriormente, sem a repetição de tais sinais visíveis,
pudessem crer nele. E da mesma maneira, o Espírito desceu em línguas partidas
sobre os apóstolos (At 2.3) para que as pessoas cressem neles. Observe que
quando as pessoas se declararam dispostas a obedecer à voz de Deus, então Deus
prometeu que eles ouviriam a sua voz. Pois, se alguém quiser fazer a vontade
dele, irá conhecê-la, João 7.17. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 290.]
3. A lei. A lei de Moisés é o alicerce de
toda a Bíblia, e os judeus a consideram "a expressão máxima da vontade de
Deus". O termo hebraico torah aparece no Antigo Testamento como
"instrução, ensino, lei, decreto, código legal, norma", e vem da raiz
de um verbo que significa "instruir, ensinar". A Septuaginta emprega
a palavra grega nomos, "lei, norma", usada também no Novo
Testamento. Além de designar toda a legislação mosaica (Dt 1.5; 30.10) - o
Pentateuco (Lc 24.44; Jo 1.45) - indica também o Antigo Testamento (Jo 10.34,
35; Rm 3.19; 1 Co 14.21). Segundo os antigos rabinos, a lei contém 613
preceitos contendo 248 mandamentos e 365 proibições. [Comentário: Torah (hebraico תּוֹרָה,
instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh
(também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da
Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. É o equivalente ao
Pentateuco ma Bíblia Cristã. Chamada também de Lei de Moisés (Torat Moshê, תּוֹרַת־מֹשֶׁה),
por vezes o termo "Torá" é usado dentro do judaísmo rabínico para
designar todo o conjunto da tradição judaica, incluindo a Torá escrita, a Torá
oral (Talmud) e os ensinamentos rabínicos. A Bíblia de Estudo Genebra (Cultura
Cristã e SBB) traz a seguinte nota: “Os seres humanos não foram criados
autônomos (isto é, seres livres para seguirem sua própria lei), mas foram
criados seres teônomos, ou seja, para estarem sujeitos à lei de Deus. Isso não
constituía uma privação para o homem, porque Deus o criou de tal maneira que
uma obediência agradecida poderia proporcionar-lhe a mais alta felicidade.
Dever e prazer seriam coincidentes, como ocorreu com Jesus (Jo 4.34; cf. SI
112.1; 119.14, 16,47-48,97-113, 127-128, 163-167). O coração humano decaído
odeia a lei de Deus, tanto pelo fato de ser uma lei quanto por ela vir de Deus.
Os que conhecem a Cristo, contudo, descobrem não só que amam a lei e querem
guardá-la tanto para agradarem a Deus e como gratidão pela graça (Rm 7.18-22;
12.1-2) mas também que o Espírito Santo os conduz a um grau de obediência que
nunca tiveram antes (Rm 7 .6; 8.4-6; Hb 10.16). A lei moral de Deus está
abundantemente exposta nas Escrituras, no Decálogo (Os Dez Mandamentos), em
outros estatutos de Moisés, em sermões de profetas, no ensino de Jesus e nas
cartas do Novo Testamento. A lei reflete o caráter santo de Deus e seu
propósito para os seres humanos que criou. Deus ordena o comportamento que lhe
agrada e proíbe aquilo que o ofende. Jesus resume a lei moral nos dois grandes
mandamentos: o amor a Deus e o amor ao próximo (Mt 22.37-40). Ele diz que desses
dois dependem todas as instruções morais do Antigo Testamento. O ensino moral
de Cristo e de seus apóstolos é a velha lei aprofundada e reaplicada a novas
circunstâncias, as da vida no Reino de Deus, onde o Salvador reina, e na era
pós-pentecostes do Espírito, quando o povo de Deus é chamado a viver uma vida
santificada no meio de um mundo hostil (Jo 17.6-19). A lei bíblica é de várias
espécies. As leis morais ordenam o comportamento pessoal e comunitário, que
sempre são de nosso dever observar. As leis políticas do Antigo Testamento
aplicavam princípios da lei moral à situação nacional de Israel, quando Israel
era uma teocracia, como povo de Deus na terra. As leis do Antigo Testamento a
respeito de purificação cerimonial, regime alimentar e sacrifícios eram
estatutos temporários, com o objetivo de instruir o povo. Essas leis foram
canceladas pelo Novo Testamento, porque o seu significado simbólico foi
cumprido (Mt 15.20; Me 7.15-19; At 10.9-16; Hb 10.1-14: 13.9-10). A combinação
de leis morais, judiciais e rituais nos livros de Moisés comunicam a mensagem
de que a vida sob a orientação de Deus não deve ser vista nem vivida em
compartimentos, mas como uma unidade multifacetada. Comunicam também que a
autoridade de Deus como legislador deu força igual a todo o código. Contudo, as
leis eram de diferentes espécies e tinham diferentes propósitos. As leis
políticas e cerimoniais tinham aplicação limitada, enquanto parece claro, tanto
do contexto imediato quanto do ensino de Jesus, que a afirmação de Jesus a respeito
da imutável força universal da lei se refere à lei moral como tal (Mt 5.17-19;
cf. Lc 16.16-17). Deus exige a total obediência de cada pessoa a todas as
implicações de sua lei. Como diz o Catecismo Maior de Westminster; p. 99:
"A lei... obriga todos à plena conformidade do homem integral à retidão
dela e à inteira obediência para sempre"; "a lei é espiritual e,
assim, se estende tanto ao entendimento, à vontade, às afeições e a todas as
outras potências da alma, quanto às palavras, às obras e ao procedimento."
Em outras palavras, tanto os desejos quanto as ações devem ser retos. Jesus
condena a hipocrisia que oculta a corrupção íntima com fingimentos exteriores
(Mt 15. 7-8; 23.25-28). Além disso, as decorrências da lei são parte de seu
conteúdo: "onde um dever é ordenado, o pecado contrário é proibido; e,
onde um pecado é proibido, o dever contrário é ordenado".” Bíblia de
Estudo de Genebra. Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil. pag.
103.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
A Lei foi entregue a Moisés no Monte Sinai. O legislador de Israel
cumpriu o papel de mediador entre a vontade de Deus e o povo de Israel.
.
2. OS CÓDIGOS
1.
Classificação. Os críticos costumam
fragmentar os escritos de Moisés. Consideram a legislação mosaica uma coleção
de diversos códigos produzidos num longo lapso de tempo. A classificação
apresentada é a seguinte: os Dez Mandamentos encabeçam a lista desses
expositores (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). Em seguida, há o que eles denominam Código
da Aliança (Êx 20.22-23.33). O que vem depois é o Código de Santidade (Lv
17-26). O Código Sacerdotal é o restante do livro de Levítico e o Código
Deuteronômico (Dt 12-26).). [Comentário:
O Pentateuco é uma coletânea de escritos diversos. Nele encontramos história,
poema, genealogia, narrativa, prescrição e exortação, tudo com um objetivo
único: que Israel seja instruído quanto ao significado e propósito. O
comentarista deste trimestre, o Pastor Esequias Soares, escreve em sua obra que
serve de apoio a estas lições, Os dez Mandamentos. Valores Divinos para uma
Sociedade em Constante Mudança (CPAD): “Os códigos do Pentateuco são seções
distintas no sistema mosaico que a crítica considera porções legais produzidas
durante um longo lapso de tempo. Os críticos afirmam ter encontrado sete
grupos: os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17; Dt5.6-21); o que eles costumam chamar
de Código da Aliança (Êx 20.22-23.33); Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código
de Santidade (Lv 17- 26); Código Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico
(Dt 12-26); além do discurso sobre as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros
expositores mais ousados chegam a afirmar que o texto se constituía dos Dez
Mandamentos sem as explicações de Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10,
13-15, as quais teriam sido acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre
os críticos judeus e cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu
as tábuas sem as respectivas explicações, mas que Deus mandou o próprio Moisés
incluí-las no livro da Lei.” Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 21-22.]
2. O
que há de concreto? Estas seções ou códigos
são realmente identificáveis no Pentateuco; no entanto, é inaceitável a ideia
de sua existência independente de cada um deles na história. O argumento dos
críticos contraria todo o pensamento bíblico. Não existem provas bíblicas nem
extrabíblicas de qualquer código isolado no Antigo Israel. A Bíblia inteira
atribui a autoria a Moisés, e o próprio Senhor Jesus Cristo chamava o
Pentateuco de "lei de Moisés" (Lc 24.44). ). [Comentário: A visão das Escrituras
de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é sustentada pelas evidências.
Há seis passagens no Pentateuco que declaram especificamente a autoria de
Moisés (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,24-26; 31.22,30-32.43).
Três dessas referências estão ligadas às partes legislativas, e três às partes
históricas. Estas 6 partes são partes integrais do seu contexto, de forma que
as referências citadas provavelmente atribuem a Moisés a autoria de uma boa
parte do contexto em que elas ocorrem. Com relação a Gênesis, nenhuma
declaração específica de autoria é encontrada no livro. Mas Gênesis é uma parte
integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a acontecimentos relatados em
Êxodo, e sem ela o Êxodo não seria compreensível. O Êxodo pressupõe claramente
Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica voe, normalmente traduzida como
"e", mostra que deve ser conectada com o que precede em Gênesis. Se
Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do Pentateuco, também foi o autor de
Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do Pentateuco, Moisés foi o personagem
principal. Ele era o mediador pelo qual Deus falava à nação ao transmitir sua
lei. Deus deu a este patriarca as instruções para a construção do Tabernáculo,
e lhe revelou as leis com relação à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças
como "Então, disse o Senhor a Moisés", "Como o Senhor ordenara a
Moisés" etc. Quando chegamos a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O
livro começa com "Estas são as palavras que Moisés falou..." Em todo
o livro de Deuteronômio, Moisés aparece como a figura central. Nos demais
livros e passagens do AT, o Pentateuco é uniformemente considerado como obra de
Moisés. É correto dizer que a única lei autorizada que é reconhecida no AT é a
lei de Moisés; o mesmo é verdade em relação ao NT. Citações feitas do
Pentateuco atribuem sua autoria a Moisés (cf. Mt 19.8; Mc 10.3-5; Lc 24.27,44;
Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3 etc). Tanto o AT como o NT consideram Moisés
como o autor humano da lei. No século XVIII, surgiu a visão de que o Pentateuco
não era inteiramente uma obra de Moisés. Pensou-se que a presença de diferentes
nomes divinos em Gênesis fosse uma marca de diferentes autores. Finalmente,
assumiu-se que Gênesis consistia de três documentos principais, que foram
finalmente reunidos por um redator. Pensou-se que estes 3 documentos, ou partes
deles tivessem sido encontrados também em Êxodo, Levítico e Números, sendo que
Deuteronômio foi atribuído a uma fonte diferente. No entanto, a hipótese
documentária, como é chamada, embora sustentada por muitos estudiosos, destrói
a verdadeira unidade e harmonia do Pentateuco. E uma teoria que não tem o
suporte dos fatos e, portanto, deve ser abandonada. PFEIFFER .Charles F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1499-1500.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
Embora os críticos bíblicos afirmam que os escritos atribuídos a Moisés
são fragmentados, a Bíblia inteira, bem como o testemunho de Jesus Cristo,
atribui a Moisés a autoria do Pentateuco (Lc 24.44).
3. O CONCERTO
1. O
que é um concerto? O termo usado no Antigo
Testamento para "concerto" é berit, "pacto, aliança", que
literalmente indica obrigação entre pessoas como amigos, marido e mulher; entre
grupos de pessoas; ou entre divindade e indivíduo ou um povo. Sua etimologia é
incerta. A Septuaginta emprega o termo grego diatheke, "pacto, aliança,
testamento", ou seja, a mesma palavra usada por Jesus ao instituir a Ceia
do Senhor. O Antigo Testamento fala de três concertos: com Noé, com Abraão e
com Israel no monte Sinai (Gn 9.8-17; 15.18; Êx24.8). O Novo Testamento fala do
novo concerto que o Senhor Jesus fez com toda a humanidade (Mt 26.28; Hb 8.13). [Comentário: Em hebraico, uma
"aliança" é determinada pelo termo berit, e berit karat significa
"fazer (lit., 'cortar' ou 'lapidar') uma aliança". Em grego o termo é
diatheke (que pode significar tanto "pacto"como "último desejo e
testamento"), e o verbo é diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma
aliança é um acordo entre duas ou mais pessoas em que quatro elementos estão
presentes: partes, condições, resultados, garantias. As alianças bíblicas são importantes
como uma chave para duas grandes facetas da verdade: Soteriologia - O plano de
Deus através de Jesus Cristo para redimir os seus eleitos, está revelado de uma
maneira ampla e profunda nas sucessivas alianças. Mais uma vez cito Russell
Norman Champlin, que chama berit de pacto e
enumera-os assim: 1. O pacto edênico (Gn 1.26-28). Esse pacto
condicionava a vida do homem em seu estado de inocência; 2. O pacto
adâmico (Gn 3.14-19). Esse pacto condicionava a vida do homem após a queda,
dando-lhe a promessa da redenção; 3. O pacto noaico (Gn 9.1 e
ss). Esse pacto estabeleceu o principio do governo humano; 4. O pacto
abraâmico (Gn 15.8). Esse pacto diz respeito à fundação física e espiritual
de Israel, impondo condições aos que quisessem pertencer ao Israel espiritual; 5.
O pacto mosaico (Êx 19.25; 20.1-24.11 e 24.12-31.18). A lei foi dada,
supostamente como meio de vida, mas terminou por ser o motivo da morte e da
condenação; 6. O pacto palestiniano (Dt 28-30). Esse prometeu a
restauração de Israel no tempo devido; 7. O pacto davidico (2 Sm
7.8-17). Esse pacto estabeleceu a perpetuidade da família e do reino davídico,
cumprido em Cristo como Rei (Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3). Isso inclui o reino
milenar (2 Sm 7.8-17; Zc 12.8; Lc 1.31,33; At 15.14-17; I Co 15.24), que
tipifica o reino eterno de Cristo. 8. O novo pacto. Esse repousa
sobre a obra sacrificial e sacerdotal de Cristo, tendo por fito garantir a
bênção eterna e a salvação para os homens. Apesar dos homens não poderem
produzir nada que esse pacto exigia, por si mesmos, a verdade é que ele está
condicionado à fé e à outorga da alma nas mãos de Cristo. O trecho de Hb 10.19
– 12.3 é, essencialmente, uma descrição de como esse novo pacto é melhor. Ê o
pacto mosaico que está em foco no trecho de Hb 8.6, contrastado com o novo.
Fazia exigências impossíveis aos homens, transformando-os em escravos. Mas não
era capaz de dar-lhes a força para viverem à altura dessas exigências.
Portanto. o pacto baseado na lei estava condenado ao fracasso. No novo pacto
foi dada a lei do Espírito de Deus que opera no coração e em que as operações
intimas do Espírito garantem o cumprimento das condições. Dai vem o sucesso
desse novo pacto. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 6.]
2.
Preparativos. Até este ponto na
história dos israelitas, Deus vinha agindo em cumprimento às promessas feitas
aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Gn 15.18; 17.19; Êx 2.24). Essa promessa
precisava ser levada avante. Agora os filhos de Israel formavam um grande
aglomerado de pessoas, e essa multidão precisava ser organizada como nação e
estabelecida uma forma de governo com estatutos que constituíssem sua lei. [Comentário: Preparação para o Pacto
(19.1-25): Agora os israelitas tinham chegado ao monte Sinai. Ali eles
permaneceram, pelo resto dos eventos registrados no trecho compreendido entre
Êxodo 19.1 e Números 10.10. Estiveram ali pelo período de onze meses e seis
dias, desde o décimo quinto dia do terceiro mês de seu primeiro ano de jornadas
(ver Êx 12.2,6 e 19.1) até ao vigésimo dia do segundo mês de seu segundo ano de
jornadas (Nm 10.11). Ao receber a lei de Moisés, o povo de Israel tornou-se uma
virtual teocracia, ganhando assim a característica distintiva que fez deles o povo
de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava adquirindo novas dimensões.
Israel era agora a nação consagrada à lei, porquanto aquilo que o evangelho é
para a Igreja, a lei o é para Israel. Somente em Cristo o Pacto Abraâmico
receberia ainda maiores dimensões e espiritualidade do que recebeu com Moisés
(Gl. 3.14 ss). A redenção da servidão ao Egito tinha sido completa; muitos
milagres tinham levado Israel até àquela parada prolongada, no Sinai. Naquele
lugar, um novo pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva
em que ela se tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do
estado teocrático, sob YAHWEH (יהוה), o Deus único e verdadeiro. Ficou
assim estabelecido, de modo absoluto, o monoteísmo, se porventura isso já não tinha
acontecido antes. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 382.]
3. O
concerto do Sinai. O concerto do Sinai não
era apenas a ratificação da promessa feita a Abraão, mas sua aprovação oficial
(Gn 15.18; Gl 3.17). As duas partes envolvidas eram, de um lado, o grande Deus
Jeová: "se diligentemente ouvirdes a minha voz" (Êx 19.5); e, de
outro, Israel: "Tudo o que o SENHOR tem falado faremos" (Êx 19.8). O
povo reafirma esse compromisso mais adiante (Êx 24.7). Era um concerto
temporal, local e nacional com mediador falível, ao passo que o de Cristo tinha
aplicação universal, foi em favor de toda a raça humana e o Mediador era
perfeito. [Comentário: O Pacto
Mosaico. As alianças bíblicas (brit) fazem declarações sobre o que Deus
pretende ou está comprometido a fazer. Ao mesmo tempo em que Moisés ou o Pacto
da Lei compartilham essa característica essencial com outros pactos bíblicos,
eles são também diferentes entre si. A aliança original que Deus fez com Abraão
continha um número de declarações “E far-te-ei” feitas pelo Senhor (Gn 12).
Foram dadas a essas promessas força legal e formal em um pacto de sangue (Gn 1
5). Nessa época, Deus fez Abraão adormecer, e o Senhor passou sozinho entre as
partes dos animais sacrificados. O Senhor, então, demonstrou que manteria as
promessas feitas a Abraão não importando o que ele fizesse. Outras alianças,
tais como a de Davi e a Nova Aliança, são também compromissos unilaterais. Deus
fará o que prometeu independente da forma como o homem se comporte. O que
distingue a Aliança (Lei) Mosaica é o que Deus declara que fará dependendo de
como o seu povo se comportará. O povo de Deus será abençoado e protegido se
amar e obedecer ao Senhor. Se, por outro lado, o povo de Deus desviar-se para
cultuar divindades pagãs e abandonar os caminhos corretos, então o
Todo-Poderoso o disciplinará e o punirá. Somente aqui o que Deus fizer será em
resposta às escolhas de Israel. Há outras diferenças entre o Pacto Mosaico e os
outros. Os outros tratam do que Deus fará no final da história. Este pacto
refere-se ao que Deus fará a cada geração enquanto a história se desenrola. Os
outros são pactos permanentes. O Mosaico é um pacto temporário, valendo somente
até Jesus, o Redentor prometido. Hoje o Deus da Lei do AT continua a revelar a
natureza santa do Senhor e seus padrões morais. Entretanto, hoje o Santo
Espírito de Deus nos capacita a ter uma vida de amor que cada vez mais
demonstre perfeitamente o caráter do nosso Senhor. RICHARDS. Lawrence O.
Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. Editora CPAD. pag. 62.]
4. O
livro do concerto. Moisés "tomou o
livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo" (24.7). O concerto foi
feito sob as palavras desse livro que continha os mandamentos e os direitos e
deveres para a vida de Israel (24.8). Deus já havia mandado Moisés escrever os
acontecimentos ocorridos até a guerra dos amalequitas (Êx 17.14). Mas aqui o
texto se refere a uma coleção de ordenanças escritas pelo próprio Moisés
(24.4). Segundo Umberto Cassuto, professor das universidades de Milão, Roma e
Jerusalém, esse livro continha Êxodo 19-20.19 e 20.22-23.33. Nessa época, a
revelação do Sinai ainda estava em andamento. [Comentário: O livro da aliança (hebraico aepher
habberit) foi lido por Moisés como a base do pacto de YAHWEH (יהוה)
com Israel (Êx 24.7). Não há certeza sobre que livro era esse, mas,
provavelmente, era ou incluía o decálogo, isto é, Êxodo 20.2-17. Entretanto, a
expressão também foi aplicada a Êxodo 20.22 22: 33. Em 2º Reis, a expressão
refere-se à lei deuteronômica como um todo. Seja como for, estamos tratando da
mais antiga codificação da lei de Israel, que consiste em juízos (mispatim) e
estatutos (debarim). Os juízos eram mandamentos positivos: ...faze isto... e os
estatutos eram mandamentos negativos: Não. Também havia provisões chamadas leis
participiais, porquanto, no hebraico, são expressos por algum verbo no tempo
particípio: Fazendo isto ou aquilo, morrerá. A grosso modo, podemos dizer que o
..livro da aliança.. é o decálogo, com seus comentários e implicações. Um
código, similar quanto. a certos pontos, é o de Hamurabi, embora ali os homens
estivessem divididos em três classes: a aristocracia, a classe comum dos
cidadãos e os escravos. E as leis eram bastante desiguais, quando aplicadas a
essas três classes. Algumas das provisões, porém, eram idênticas, como, para
exemplificar, a sentença de morte contra o sequestro. (Êx 21.16; Dt 24.7;
Código de Hamurabi, nº 14). Quanto ao furto, as leis hebraicas não requeriam a
morte, e o código de Hamurabi requeria a punição capital, embora com o tempo,
isso fosse relaxado para o roubo de objetos religiosos ou de propriedades do
estado, posteriormente, foi requerida uma sêxtupla devolução. Ambos esses
códigos permitiam que as dividas fossem saldadas mediante a servidão, havendo
provisões para a redenção, a fim de que os cidadãos não se tomassem escravos
permanente Êx 21.2-11; Dt 15.12-18; Código de Hamurabi nº 117-119. A lei de
Talião, em face da qual o castigo aplicado correspondia exatamente ao dano
praticado, era aplicada de forma um tanto mais dura no código de Hamurabi (nº
198), do que na lei mosaica. Diz Êxodo 21.23-25: «Mas se houver dano grave,
então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe... O
povo comum e 'os escravos eram menos protegidos nas leis babilônicas do que na
lei mosaica. Um pastor que perdesse uma ou várias ovelhas, tinha de fazer
reparação em valores, de acordo com o Código de Hamurabi nº 267. A lei. mosaica
(Êx 22.10-13) era mais suave, porquanto admitia perdas que não se deviam à
culpa do pastor, como o ataque de algum animal feroz. Nesses casos, bastava-lhe
fazer um juramento de sua inocência, e nada precisava pagar. Essas e outras
comparações demonstram que o Código de Hamurabi, bem como outras legislações
existentes na região, juntamente com as leis do Antigo Testamento, estavam
alicerçadas sobre algum fundo comum de leis. Mas, em diversas provisões, as
leis do Antigo Testamento elevaram os padrões, injetando um maior espírito de
misericórdia do que outros códigos. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 869.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Enquanto o Antigo Testamento fala de três concertos – os de Noé, Abraão
e Israel – o Novo revela uma nova e suficiente aliança: Jesus Cristo se fez
homem.
4. O SACRIFÍCIO
1. Os
holocaustos. A solenidade foi
celebrada com sacrifícios de animais (20.4). O holocausto, olah, em hebraico,
significa "o que sobe", pois a queima subia em forma de fumaça, como
cheiro suave diante de Deus. Neste sacrifício, a vítima era completamente
queimada como sinal de consagração do ofertante a Deus. A Septuaginta emprega
holokautoma, derivado de duas palavras gregas: holos, "inteiro, completo,
total", e kaustos, "queima". Ou seja, uma oferta totalmente
queimada, ou completamente queimada no altar, era considerada o mais perfeito
dos sacrifícios. [Comentário:
Essa palavra vem do grego hol «inteiro». E kautoI.
«queimar». A Septuaginta usa essa palavra para. traduzir o termo hebraico olah,
que significa «trazido a Deus». Um sinônimo, kalil, significa
«queima completa», referindo-se ao consumo dos sacrifícios em sua totalidade,
incluindo os órgãos internos, a gordura e tudo o mais, até tudo tornar-se em
cinzas. A olah era oferecida como expiação pelo pecado. Outros
sacrifícios expiavam pelos pecados particulares, mas a olah
visava a uma expiação geral. Os holocaustos, no decorrer da sua história eram
efetuados privada e publicamente. Posterior: mente transformaram-se na tamid
diária, o grande sacrifício nacional, em favor de toda a nação de Israel. Essa
cerimônia é que deu origem à oração judaica diária, que prevalece no judaísmo
moderno. Em um sentido secundário, o termo é usado para indicar qualquer grande
e terrível destruição, como a destruição de seis milhões de judeus, por
determinação de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer grande
destruição, sem importar a sua causa, pode ser assim denominada. CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora
Hagnos. pag. 150.]
2. O
sangue. Deus mandou Moisés oferecer o sacrifício do
concerto e aspergir o sangue sobre o altar e o povo (24.6, 8). Todo o sistema
sacrifical fundamenta-se na ideia de substituição, e isso implica expiação,
redenção, perdão e sacrifício vicário à base de sangue (Lv 17.11). O sangue
aqui era o ponto de união entre Deus e seu povo; com ele, Israel começava uma
nova etapa em sua história (Sl 50.5). O escritor aos Hebreus lembra que o
concerto do Sinai foi celebrado com sangue e faz uma analogia com a Nova
Aliança, porque o Senhor Jesus a selou com seu próprio sangue (Hb 9.18-22). [Comentário: Metade do sangue dos
sacrifícios, que havia sido posto em receptáculos, a ser usado para aspergir o
povo (vs. 8). A outra meta- de foi aspergida sobre o altar. Temos aí o rito da
ratificação, selado a sangue. Por muitas vezes, o sangue fala de expiação; e,
talvez, essa idéia esteja incluída no rito, embora a noção principal tenha sido
a ratificação feita pelas duas partes interessadas: YAHWEH (יהוה)
representado pelo altar, e o povo de Israel, que foi aspergido. Entre vários
povos antigos havia pactos de sangue. Algumas vezes, o sangue dos sacrifícios
era sorvido pelas partes envolvidas no acordo. “Deus e o povo uniram-se em
sagrado companheirismo. Houve uma refeição sagrada (vss. 9-11), que também
servia de meio comum de estabelecimento dessa comunhão. Provavelmente devemos
pensar aqui em uma forma mais antiga, e que a aspersão do sangue simbolizava
aquilo que se fazia mais antigamente, ou seja, o sangue era bebido”. A aversão
de Israel ao uso de sangue como alimento não permitiria que eles bebessem do
sangue. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 411. Aqui é fornecida uma razão para
esta lei (v. 11): “Porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”. E, por
isto, é através do sangue que se faz a expiação, porque a vida da carne é o
sangue. O pecador merece a morte. Por isto, o sacrifício deve morrer. Mas,
sendo o sangue, de tal forma, a vida, a ponto de que os animais normalmente
eram mortos para o uso do homem, com a extração de todo o seu sangue, Deus
recomendou o espargir ou o derramar do sangue do sacrifício sobre o altar, para
significar que a vida daquele sacrifício era dada a Deus, em lugar da vida do
pecador, e como um resgate ou contra-oferta por ela. Por isto, sem derramamento
de sangue não há remissão, Hebreus 9.22. Por esta razão, eles não deveriam
comer o sangue. Além disto: (1) Esta era, então, uma razão muito boa. Pois
Deus, desta maneira, desejava preservar a honra daquela forma de expiação que
Ele tinha instituído, e conservar, na mente do povo, uma consideração reverente
por ela. Como o sangue do concerto era algo perceptível, nenhum sangue devia
ser comido ou pisoteado como algo comum, da mesma maneira como eles não deviam
ter ungüento nem perfume iguais àqueles que Deus havia ordenado que eles
fizessem para Ele. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo
Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 404-405.]
3. A
aspersão. Moisés colocou metade do sangue em bacias e
aspergiu outra metade sobre o altar (24.6). O sangue das bacias foi aspergido
sobre o povo, como recipiente das bênçãos de Deus e parte do concerto. O sangue
do altar representa o próprio Deus, a outra parte da aliança, visto que sem
derramamento de sangue não há remissão (Hb 9.22). Tudo isso era também um
prenúncio da redenção em Cristo. [Comentário: ASPERSÃO No AT, essa palavra envolve o uso de
sangue, água ou azeite. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) traz o seguinte: “A
necessidade de derramamento de sangue, tipificando a doação de vida, é resumida
no versículo 22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o
Tabernáculo e seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E quase todas as
coisas, segundo a lei, se purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é
o sangue remidor oferecido em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir
de sangue quando são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa
haver exceções em relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem
derramamento de sangue não há remissão de forma alguma. Esta é a grande
diferença entre o caminho de Deus e o caminho do homem, entre a verdadeira
religião e a falsa. O homem tem uma visão inadequada do pecado e despreza o
sangue como inerentemente necessário para o perdão. Mas ao exigir sangue, Deus
ressalta a excessiva pecaminosidade do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela
o seu infinito amor. O sangue do pecador pode ser poupado — mesmo o de animais
— porque Deus sacrificou seu próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29).” Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus.
Editora CPAD. Vol. 10. pag. 83.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Deus informou a Moisés, na Lei, a constituição de sacrifícios santos: os
holocaustos; derramamento de sangue; aspersão do sangue.
CONCLUSÃO
A
grandeza do acontecimento no Sinai mostra a natureza sem igual da cerimônia,
algo nunca visto. Era a manifestação do próprio Deus de maneira explícita
diante de todo o povo. O que devemos aprender é que a observância meramente
exterior, destituída de significado interior, não passa de simples cerimônia. A
riqueza espiritual e seu significado residem na figura do Filho de Deus e no
cumprimento do concerto em Cristo. [Comentário: A Lei, termo traduzido pela Septuaginta por dekalogos,
“decálogo" (deka, "dez", e logos,"palavra"). O
Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus"
(Êx 31.18), Agostinho de Hipona diz ser linguagem figurada que significa
"pelo Espírito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria,
"pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu
partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas dez palavras
(Êx 19.24, 25; 20.18-20). O Decálogo se reveste de um valor especial no
Pentateuco, mas para o cristianismo tem o mesmo valor que qualquer outra parte
do Antigo Testamento como Escritura inspirada por Deus (2 Tm 3.16). As dez
palavras foram escritas pelo próprio Deus em ambos os lados de duas tábuas de pedra, e entregues a Moisés (Êx 31.18; 32.15, 16; Dt
4.13; 5.22; 10.2-4). Os judeus, desde Fílon de Alexandria até a atualidade,
dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de cinco, um grupo para cada tábua.
Agostinho de Hipona supunha haver três mandamentos na primeira tábua e sete na
segunda. Calvino e muitos da atualidade acreditam que na primeira tábua estavam
gravados os quatro mandamentos relativos aos deveres do homem com Deus e, na
segunda, os seis mandamentos relativos ao homem e seu próximo. Alguns
interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as duas tábuas nos dois
grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino
no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento]. “NaquEle que me garante: ‘Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus’ (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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