sábado, 31 de janeiro de 2015

LIÇÃO 5: NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR EM VÃO




 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.7; Mateus 5.33-37; 23.16-19


Êxodo 20

7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

Mateus 5

33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.

Mateus 23

16 Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
18 E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor.
19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
 

OBJETIVO GERAL


Interpretar corretamente o mandamento “Não tomarás o nome do Senhor em vão”.


OBJETIVOS  ESPECÍFICOS


Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

I.    Mostrar como eram usados os nomes no Antigo Testamento.
II.   Apontar o problema da pronúncia do nome de Deus.
III.  Elencar as modalidades dos juramentos no Antigo Testamento.
IV. Apresentar a perspectiva de Jesus sobre o juramento.
 

SUBSÍDIO I

  

INTRODUÇÃO


Os nomes bíblicos carregam significados especiais, não se trata de uma terminologia arbitrária, mas de uma revelação do caráter da pessoa. Em relação a Deus, Seus nomes revelados na Bíblia expressam Sua natureza. Na aula de hoje estudaremos a respeito dos nomes de Deus, e dos seus significados, a partir dessa análise, compreenderemos porque o nome do Senhor não poderia ser tomado em vão, de acordo com o terceiro mandamento. Ao final, destacaremos o valor do Nome de Jesus, que é um nome que está acima de todo Nome.
  

I. O NOME DE DEUS


O terceiro mandamento diz respeito ao nome do Senhor (Ex. 20.7), que não deve ser profanado. O nome de Deus foi revelado aos Israelitas, Yahweh identificou-se como o Senhor do Seu povo. A revelação desse nome ocorreu antes do povo chegar ao Sinai, quando Moisés viu a sarça ardente indagou como deveria ser referenciado o Deus que o enviaria a libertar os israelitas do Egito (EX. 3.14,15).  O nome de Deus revelado foi um tetragrama YHWH, composto por quatro consoantes, que literalmente significa “Eu sou quem eu sou”. Esse nome identifica a autoexistência divina, isso quer dizer que Yahweh – como costuma ser pronunciado o tetragrama – não depende de outros para existir. Por esse motivo o salmista declarou: “Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra” (Sl. 8.1). Os israelitas não estavam sendo proibidos de chamar Deus pelo nome, tratava-se de uma orientação jurídica, isto é, o nome do Senhor não poderia ser usado para dar falso testemunho. No entanto, alguns rabinos levaram tão a sério esse mandamento que deixaram de pronunciar o tetragrama, de modo que atualmente não se sabe ao certo como esse deve ser pronunciado. O nome YHWH quando identificado na leitura costuma ser substituído por Adonai, termo hebraico que significa Meu Senhor, ou tão somente Senhor, como tem sido utilizado na tradução bíblica para o português. A proibição, portanto, não está no uso do nome, mas na sua utilização indevida.
  

II. A REVERÊNCIA AO NOME DE DEUS


O nome do Senhor deveria ser reverenciado, não apenas por aqueles que lidam com a justiça, mas também pelos profetas. O uso inapropriado da expressão “assim diz o Senhor”, sem que Deus tivesse falado se constituía em pecado (Jr. 14.14,15). Aqueles que falam nas igrejas e nos púlpitos, em nome do Senhor, devem estar conscientes dessa responsabilidade. Trata-se de um perjúrio usar o nome de Deus para declarar algo que Ele não revelou, ou mesmo para prometer fazer algo que não será cumprido (Lv. 19.12). Isso deve ser considerado porque o nome de Deus é Maravilhoso (Jz. 13.17; Is. 9.6,7), portanto Jesus nos ensinou que todos devem reconhecer que o Nome de Deus é Santo (Mt. 6.9). O livro dos Salmos nos instrui a dar glória ao nome do Senhor (Sl. 29.2), e a cantar glória ao Seu nome (Sl. 72.19), a bendizer o Seu Santo Nome (Sl. 103.1). O nome do Senhor não deve ser profanado, antes invocado (Gn. 4.24), e digno de confiança (Is. 50.10), além de ser considerado glorioso (Dt. 28.58). A grandeza de Deus deve ser motivo para a reverência em relação ao nome do Senhor, ninguém deve usar Esse Nome indevidamente. O Nome de Deus não deve ser motivo de piadas, muito menos de blasfêmias. Mas não nos compete julgar, muito menos tomar atitudes agressivas em relação àqueles que profanam o Nome do Senhor, pois a Deus pertence à vingança, não a nós (Rm. 13.1).


III. EM NOME DE JESUS


O nome do Senhor não apenas deve ser mencionado através dos nossos lábios, como esse Nome reflete a identidade de um Deus de amor e graça, devemos viver para Ele e tudo o que fizermos, devemos fazer em Seu Nome (Cl. 3.17). Isso também é motivo para temer o Deus de Israel, inclusive o nome do Senhor Jesus. O pecado de Ceva, ao usar o nome de Jesus indevidamente, deve servir de alerta para aqueles que se apropriam desse Nome para satisfazer interesses pessoais (At. 19.17). O nome de Jesus tem autoridade especial para Sua igreja, não se trata de um amuleto, como querem defender alguns adeptos da Confissão Positiva. É preciso ter cuidado, pois nem todos aqueles que dizem Senhor, Senhor têm parte no evangelho de Cristo (Mt. 7.21-23). O nome de Jesus tem autoridade porque Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome (Fp. 2.9). Por isso, diante dEle deve se dobrar todo joelho dos que estão no céu e na terra (Fp. 2.10,11). Jesus é um nome que salva os pecadores, pois todos aqueles que O invocam encontram vida eterna (At. 4.12; Rm 10.13; I Jo. 5.13). Em nome dEle recebemos o batismo, fomos imersos no Seu corpo, fazendo parte da comunidade dos santos (Mt. 28.19). A santificação, operada em nós pelo Espírito Santo, acontece em nome de Jesus (I Co. 6.11). Infelizmente o nome de Jesus tem sido usado para fins interesseiros no contexto evangélico. Há quem o faça em forma de jargão “Em o nome de Jesus”, sem dar ao Senhor a glória, a honra e a autoridade que Lhe é própria.


CONCLUSÃO


O nome de Deus é significativo porque revela Sua natureza, a maneira como Ele se mostra através da Palavra. Ele não é apenas Elohim, o Deus Criador (transcendente), é também, Yahweh (imanente), o Deus que se envolve. A maior prova do interesse de Deus por nós é a vinda de Jesus, um Nome que está acima de todo e qualquer nome. Em Seu Nome temos a segurança de que somos aceitos por Deus, de Quem agora podemos nos aproximar chamando-O de Pai (Rm. 8.15-17).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa



SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO

 
A dificuldade humana para dizer a verdade e cumprir com os seus compromissos na antiguidade eram motivos de juramentos triviais em coisas efêmeras da vida. Deus é santo e exige santidade de seu povo. Assim, o relacionamento de todas as pessoas deve ser honesto e cada um deve falar a verdade. A lei estabelece limites, pois Deus está presente nos relacionamentos pessoais de seu povo. [Comentário: Quem de nós jamais falou expressões tais como: "Meu Deus do Céu", "Deus é brasileiro", "Ai meu Deus" ou "Por Deus", "Se Deus quiser", "Que Deus te ajude "? E o terceiro mandamento? Será que ele se aplica a esses ditados populares? Ao longo do Pentateuco encontramos informações sobre cada um dos dez mandamentos, e quanto ao terceiro mandamento não é diferente. O contexto bíblico fala sobre o uso de modo trivial do nome divino, proibindo o perjúrio e toda a forma de profanação e blasfêmia do nome de YHWH. Como escreve Russell Norman Champlin: “Acima de todos os outros povos, os hebreus respeitavam e temiam a Deus. Por essa razão, não usavam o nome de Deus frivolamente. Eles pronunciavam os nomes de Deus com alterações que lhes permitiam não terem de verbalizar os sons exatos desses nomes. Os escribas registravam os nomes de Deus lavando frequentemente as mãos. Um dos mandamentos mosaicos, o terceiro, proibia o uso frívolo do nome divino (Êx 20.7). Sabemos que as culturas antigas acreditavam no poder espiritual dos nomes. Saber qual o nome de uma divindade, ou de um demônio, supostamente dava à pessoa certo poder sobre essa divindade ou demônio, em momentos de necessidade. No caso dos demônios, o conhecimento dos nomes deles poderia ser um meio de expeli-los. Esses fatos demonstram o respeito que algumas pessoas tinham pelos nomes, e talvez esse fosse um dos motivos pelo extremo respeito que os judeus tinham pelo nome divino. No judaísmo posterior, encontramos o uso espiritual de nomes; mas não temos evidências a esse respeito quanto à primitiva cultura judaica, embora isso deva ter existido em algum grau e de alguma maneira”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4131.]  Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!


I. O NOME DIVINO


1. O nome. Nos tempos do Antigo Testamento, o nome era empregado não simplesmente para distinguir uma pessoa das outras, mas também para mostrar o caráter e a índole do indivíduo. Houve caso de mudança de nomes em consequência de uma experiência com Deus como Abraão (Gn 17.5), Sara (Gn 17.15) e Jacó (Gn 32.28). O nome de Deus representa o próprio Deus, é inerente à sua natureza e revela suas obras e atributos. Não é um apelativo, nem simplesmente uma identificação pessoal ou uma distinção dos deuses das nações pagãs. A Bíblia revela vários nomes divinos que podemos classificar em dois grupos: genéricos e específicos. [Comentário: A Enciclopédia da Bíblia (Cultura Cristã) comenta o seguinte: “É característico do sistema hebraico-cristão o uso dos nomes para a deidade como instrumentos para a revelação divina. Os vários nomes, simples e compostos, empregados tanto no AT quanto no NT, não são meras construções ou designações humanas. Antes, são instrumentos reveladores, aparecendo como pontos centrais na carreira do povo israelita, e refletindo a auto-revelação de Deus. A simpatia de Israel por nomes refletia a atitude geral para com a nomenclatura que era comum aos povos antigos. Com eles o nome de uma pessoa não era apenas uma designação de uma relação familiar — não uma simples posse — mas algo distintivamente pessoal. Embora não haja nenhuma evidência de que no uso israelita dos nomes estes eram considerados (como em algumas culturas) por conter poderes espirituais, todavia os nomes eram vistos com muito respeito. Isto era verdadeiro acerca dos nomes pessoais; e a mesma seriedade é aparente no emprego das designações para a divindade entre os povos do AT. Na cultura semita, os nomes eram frequentemente usados para designar uma característica da pessoa nomeada. O sentimento parece ter sido o de nominar sua personalidade. Um exemplo deste tipo de uso é encontrado no caso do nome de Jacó, que significa “suplantador”, cujo sujeito era de fato uma pessoa astuta e egocêntrica. MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag.123.]

2. Nomes genéricos. São três os nomes genéricos que o Antigo Testamento aplica além do "Deus de Israel". Na sua tradução do hebraico para a nossa língua só aparecem dois nomes, "Deus" e "Altíssimo". O nome "Deus" em nossas bíblias é tradução do hebraico El (Nm 23.8) ou Eloah (Dt 32.15), ou seu plural, Elohim (Gn 1.1). O outro nome genérico é Elyon, "Altíssimo" (Dt 32.8), às vezes acompanhado de "El", como em El-Elyon, "Deus Altíssimo" (Gn 14.19,20). [Comentário: O Comentarista da lição, Pr Esequias Soares, escreve no livro que serve de apoio à revista deste trimestre: “O nome ELOHIM apresenta os primeiros vislumbres da Trindade. A declaração de Gênesis 1.1; traz o verbo no singular, "criou", e o sujeito no plural ELOHIM, "Deus", o que revela a unidade de Deus na Trindade. Construção similar aparece em várias partes do Antigo Testamento: "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gn 1.26); "Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós" (Gn 3.22); "Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua" (Gn 11.7). A Trindade é vista em ELOHIM à luz do contexto bíblico. O Novo Testamento explicitou o que antes estava implícito no Antigo Testamento. Quando ELOHIM refere-se às divindades falsas traz no plural o verbo, o pronome ou o adjetivo, representando a multiplicidade. Quando, porém, aplicado ao Deus de Israel, o verbo e o seus complementos vêm geralmente no singular. Os rabinos reconheceram a pluralidade neste nome, mas, como o judaísmo é uma religião que defende o monoteísmo absoluto, e não admite Jesus Cristo como o Messias de Israel, fica difícil para eles entenderem essa pluralidade. Para explicá-la, argumentam ser um plural de majestade, mas isso é uma determinação rabínica posterior. A definição de plural de majestade ou de excelência, como disse, foi dada pelo rabinato posterior. Disse Shlomo ibn Yitschaki, conhecido pela sigla RASHI, grande rabino e erudito judeu (nascido em 1040): "O plural de majestade não significa haver mais de uma pessoa na divindade". Essa declaração serviu para o judaísmo prosseguir sua marcha mantendo o monoteísmo absoluto sem Jesus e sem o Espírito Santo. No relato da criação e em muitas outras passagens do Antigo Testamento, ELOHIM é nome próprio usado como forma alternativa de Javé. Segundo Umberto Cassuto, esse nome é usado para se referir à ideia obscura e mais abstrata da deidade, de um Deus universal e Criador do mundo, indicando a transcendência da natureza de Deus; ao passo que Javé aparece quando as características estão claras e concretas e sugere um Deus pessoal que se relaciona diretamente com o povo. No capítulo um de Gênesis, Deus aparece como o Criador do universo físico e como o Senhor do mundo, exercendo domínio sobre todas as coisas. Tudo quanto existe veio à existência por causa exclusiva de Seu fiat (poder criador), sem qualquer contato direto entre Ele e a natureza. Portanto, aplicando-se aquelas regras, aqui cabe o uso do nome ELOHIM (CASSUTO, 1961, p. 32). ELOHIM é um dos nomes próprios de Deus, mas aparece como apelativo no Antigo Testamento quando se refere a divindades falsas, por exemplo os deuses do Egito (Êx 12.2) e de outras nações (Dt 13.7,8; Jz 6.10). A palavra é usada com relação às imagens dos cultos pagãos (Êx 20.23). As Escrituras fazem uso irregular de ELOHIM em referência a seres sobrenaturais (1 Sm 28.13) e juízes (SI 82.6). Aparece também, cerca de 20 vezes, com relação às divindades pagãs individuais”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 51-53.]

3. Nomes específicos. São três os nomes específicos que o Antigo Testamento aplica somente para o Deus verdadeiro: Shadday, Adonay e YHWH. El-Shadday, "Deus Todo-poderoso", é o nome que Deus usou ao revelar-se a Abraão (Gn 17.1; Êx 6.3). Adonay, "Senhor", é um nome próprio e não um pronome de tratamento (Is 6.1). O outro nome é o tetragrama (as quatro consoantes do nome divino, YHWH, Yahweh, Javé ou Jeová). A versão Almeida Corrigida, nas edições de 1995 e 2009, emprega "SENHOR", com todas as letras maiúsculas, onde consta o tetragrama no Antigo Testamento hebraico para distinguir de Adonay (Jz 6.22). [Comentário: o Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD), sobre a aplicação dos nomes próprios, traz o seguinte: “EL ELYON, EL SHADDAI, YAHWEH. A reviravolta notável na teologia bíblica é a de que o Deus vivo é progressivamente conhecido por meio dos acontecimentos históricos reais, nos quais Ele revela tanto a si mesmo quanto os seus objetivos. Com isso, os termos genéricos para divindade ganham um conteúdo mais específico, tornam-se nomes próprios e, sucessivamente, abrem caminho para designações posteriores que refletem mais plenamente a natureza de Deus, que é progressivamente revelada. A palavra El, termo mais comum para divindade, nas línguas semitas (mas que não é a palavra usual no Antigo Testamento), vem frequentemente associada a um substantivo ou a um adjetivo (cf. 'el 'elyon, "Deus Altíssimo", ou 'el shaddai, "Deus Todo-Poderoso"). Como consequência, tornou-se um nome próprio de Deus. El Shaddai tornou-se o nome patriarcal característico para Divindade, como consequência do concerto divino com Abraão. Enquanto Elohim representa Deus especialmente na função do Criador, Formador e Preservador do homem e do mundo, El Shaddai se concentra nos limites divinos dos processos naturais para os propósitos da sua graça. O nascimento de Isaque, o filho prometido, na ausência de qualquer possibilidade natural, mostra Deus como materializando de forma onipotente o seu objetivo de graça em uma criação finita e pecadora, decaída. Na LXX e no Novo Testamento, El Shaddai é traduzido como pantokrator, "O Todo-Poderoso", "O Onipotente" (cf. 2 Co 6.18; Ap 1.8; 4.8). Com a evolução da história religiosa hebraica, os primeiros nomes de Deus passaram para um plano secundário em vista da auto-revelação de Deus que ocorria. Mesmo assim, o nome El Shaddai não substitui completamente Elohim, uma vez que os hebreus conservam todas as designações de Divindade, algumas vezes intercambiando-as, conforme as circunstâncias possam sugerir um ou outro. O uso literário de nomes divinos, portanto, não fornece uma indicação inequívoca do desenvolvimento literário e da autoria dos escritos sagrados. O nome por excelência para o Deus de Israel é Jeová (YAHWEH), encontrado 6.823 vezes no Antigo Testamento. Por meio da libertação de Israel da escravidão no Egito, de sua adoção como uma nação, e de sua condução até a Terra Prometida, o DEUS Redentor é especialmente conhecido por esse nome. O DEUS auto-revelado se revela de maneira redentora de uma forma especial (EU SOU O QUE SOU, Êx 3.14). Veja Eu Sou. O Deus vivo, que havia anteriormente se manifestado aos patriarcas como El Shaddai (Êx 6.2ss.), não era totalmente desconhecido deles como Jeová, sendo esse nome encontrado frequentemente em Genesis e pronunciado pelo próprio Senhor Deus, e mesmo na bênção de Jacó (que nenhum redator teria alterado!). A partir de Abraão, o nome de Jeová aparece periodicamente nos registros sagrados. Mas com o resgate de Israel e com o estabelecimento da teocracia, Jeová torna-se o nome inconfundível no Antigo Testamento para o Deus vivo, que não apenas adapta a natureza pecadora à graça, mas também molda um novo tipo de graça em meio a este curso natural das coisas. Consequentemente, o nome Jeová (uma reconstrução artificial em português para a palavra hebraica YHWH, originalmente pronunciada Yahweh ou Yahveh) enfatiza, em particular, a atividade redentora de Deus. Devido às superstições, os hebreus chegaram a evitar pronunciar a palavra de quatro letras YHWH, substituindo-a por Adonai. Nos séculos mais recentes, Jeová tem servido como o equivalente a Yahweh na literatura, nos hinos e nas traduções da Bíblia em português. A Bíblia de Jerusalém adotou o nome Yahweh. Sobrepondo uma estrutura de desenvolvimento naturalista sobre a Bíblia, a crítica elevada diz que os múltiplos nomes de Deus, particularmente Elohim e Yahweh, refletem fontes literárias divergentes. Esta suposição foi, durante muito tempo, um alicerce da hipótese JEDP, agora desacreditada, que reduz o Pentateuco (q.v) a fontes originais conflitantes. A tentativa de explicar o nome composto Yahweh-Elohim por meio da combinação de documentos provou ser insustentável, e a hipótese JEDP é cada vez mais reconhecida como um grupo de fontes artificialmente projetadas (em um contexto preciso, sobre o qual os próprios críticos não entraram em acordo)”. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 540-541]


SÍNTESE DO TÓPICO I


 No Antigo Testamento, o nome de uma pessoa tinha a função de mostrar o caráter a índole de um indivíduo.



II. O NOME QUE SE TORNOU INEFÁVEL


1. A pronúncia do nome divino. O tetragrama é inefável no judaísmo desde o período interbíblico e permanece impronunciável pelos judeus ainda hoje. Isso para evitar a vulgarização do nome e assim não violar o terceiro mandamento. A escrita hebraica é consonantal; as vogais são sinais diacríticos* que os judeus criaram somente a partir do ano 500 d.C. Assim, a pronúncia exata das consoantes YHWH se perdeu no tempo. Os judeus religiosos pronunciam por reverência Adonay cada vez que encontram o tetragrama no texto sagrado na leitura da sinagoga.  [Comentário: Como escreve Russell Norman Champlin, O tetragrama sagrado YHWH (Yahweh) não deveria ser pronunciado. Com o passar dos anos, perdeu-se a pronúncia correta do tetragrama. Estudiosos adicionaram as vogais de Adonai (meu Senhor) combinando-as com as consoantes YHWH, e o resultado foi a forma Jeová. Não se trata, realmente, de um nome de Deus, mas de uma corruptela do nome, a fim de que pudesse ser proferido, sem nenhum temor pelos judeus. Mas nunca aparece, com essa forma, no original hebraico da Bíblia. Tal forma só começou a aparecer no século XII D.C. Antes disso, —cada vez que aparecia YHWH, os judeus pronunciavam «Adonai». Parafraseando CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4131. Sobre isto, ainda, transcrevo o que diz a Enciclopédia Histórico-Teológica Da Igreja Cristã. Vol 1. (Editora Vida Nova): “Os esforços para se determinar o significado do tetragrama (YHWH) mediante a investigação histórica têm sido dificultados pela escassez de dados relacionados com as várias formas do nome ya nas fontes históricas fora do AT. Por esta razão, a investigação geralmente tem seguido linhas filosóficas. G. R. Driver sugeriu que a forma ya era originalmente um grito de exclamação "emitido em momentos de empolgação ou êxtase, um precedente de ya(h)wá(h), ya(h)wá(h)y ou coisa semelhante". Sugeriu, ainda mais, que o nome Javé surgiu da consonância de uma extensão deya com o "tempo imperfeito de um verbo defectivo". Deste modo, ele viu a origem do nome numa etimologia popular e asseverou que a sua forma original foi esquecida (ZAW46.24). Mowinckel propôs a teoria de que o tetragrama deve ser entendido como palavra composta do elemento de exclamação e o pronome da terceira pessoa, hü’, com o significado de "Ó Ele!" Outra abordagem do problema é ver no tetragrama uma forma de paronomásia. Este conceito leva em conta a representação geral do nome ya nas culturas extrabíblicas do segundo milênio a. C. O nome Javé é entendido, portanto, como uma forma quadrilateral, e o relacionamento entre o nome hãyâ ("ser"), em Ex 3.14-15, não deve ser de etimologia mas, sim, de paronomásia. O ponto de vista mais comum é de que 0 nome é uma forma de um verbo trilateral, hwy. É geralmente considerado um imperfeito da raiz Qal, na terceira pessoa, ou um verbo também na terceira pessoa do imperfeito de uma raiz causativa. Outra sugestão é de que se trata de um particípio causativo com um y pré-formante que deve ser traduzido "Sustentador, Mantenedor, Estabelecedor". Com relação ao ponto de vista de que o tetragrama é urna forma alongada de um grito de exclamação, pode ser indicado que os nomes próprios semíticos tendem a abreviar-se; normalmente não são prolongados. A teoria de que o nome é paronomástico é atraente, mas quando se apela às ocorrências das formas de ya ou yw ñas culturas antigas, surgem vários problemas. E difícil explicar como a forma original poderia se ter prolongado até chegar à estrutura familiar quadrilateral. A sugestão de Mowinckel é atraente, porém especulativa. Além disso, é difícil compreender como o nome Javé poderia ter conotações de unicidade tão forte no AT se é urna forma de um nome divino representada em várias culturas no segundo milênio a. C. A derivação do tetragrama de uma raiz verbal também está comprometida com certas dificuldades. A raiz hwy, sobre a qual o tetragrama seria baseado segundo este ponto de vista, não é atestada nas línguas semíticas ocidentais antes dos tempos de Moisés. e a forma do nome não está de acordo com as regras que regem a formação de ver- bos lamed he’, conforme nós os conhecemos. Fica evidente que o problema é difícil. É melhor concluir que o uso da etimologia para determinar o conteúdo teológico do nome Javé é tênue. Para se compreender o significado teológico do nome divino, é necessário que se determine o contexto teológico de que o nome era revestido na religião hebraica. Jah, Yah. Esta forma mais curta de Javé ocorre duas vezes em Êxodo (15.2 e 17.15). A primeira destas passagens é refletida em Is 12.2 e SI 118.14. Ocorre também numerosas vezes na fórmula haPIõyâ ("louvai a yah"). Seu emprego nas passagens poéticas antigas e mais recentes e sua função de fórmula nos Salmos Halel sugerem que esta forma de Javé é um dispositivo do estilo poético. A forma composta de yah com Javé, em Is 12.2 [yah YHWH), indica uma função separada para a forma yah e, ao mesmo tempo, sua identificação com Javé”. Walter A. Elwell. Enciclopédia Histórico-Teológica Da Igreja Cristã. Vol 1. Editora Vida Nova. pag. 445-446.]

2. Jeová ou Javé? Na Idade Média, especificamente no século XIV, foram inseridas no tetragrama as vogais de Adonay (o "y" é semiconsoante no alfabeto hebraico). O resultado é a pronúncia "YeHoWaH". Isso para lembrar, na leitura, que esse nome é inefável e, dessa forma, pronunciar "Adonai". Esse enxerto no tetragrama resultou na forma "Jeová", que não aparece no Antigo Testamento hebraico. Estudos acadêmicos confirmam o que a maioria dos expositores do Antigo Testamento vinham ensinando, que a pronúncia antiga do nome é Yahweh, e na forma aportuguesada é Iavé ou Javé.  [Comentário: Yahweh era o nome pessoal do Deus de Israel. Que a forma Yahweh é a forma correta, pode-se provar mediante transcrições para o grego. Quando, pela primeira vez, foram inseridos sinais representando fonemas vogais, na Bíblia hebraica, já no século VII D.C., as letras vogais da palavra hebraica ADONAY, «Senhor», foram escritas intercaladas com as consoantes YHWH, produzindo assim o nome artificial Jeová. Esse não era, realmente, um nome divino; mas muitos, temendo pronunciar Yahweh, como apelativo por demais sagrado, passaram a usar Jeová como um substituto aceitável. Portanto, Jeová é um híbrido sem base bíblica nenhuma, que começou a ser usado de modo geral, como um dos nomes de Deus, no século XIV D.C. Isso ocorreu porque os eruditos cristãos da época não reconheceram a natureza híbrida da forma Jeová. Esse nome hebraico de Deus também aparece com as formas abreviadas de Yah (Êxo. 15:2, etc; em português, «Já») e Yahu ou Yeho. Estas duas últimas formas aparecem em inscrições hebraicas e assírias, e também nos papiros escritos em aramaico. Mas o nome abreviado original parece ter sido Yaw, que tem sido identificado com um dos nomes divinos pagãos encontrados nos documentos de Eras Shamra (vide), provenientes do norte da Fenícia, do século XV A.C. Alguns especialistas supõem que o nome Yahweh não foi cunhado por Moisés, e nem por qualquer dos demais autores bíblicos; antes, seria um nome pré-mosaico, como um antigo nome de Deus que Moisés usou, tal como a moderna palavra portuguesa «Deus» é apenas o aportuguesamento do termo latino Deus, que como é óbvio, antecede ao uso português por muitos e muitos séculos. Os trechos de Êx 3:13-15 e 6:4 parecem indicar que esse nome começou a ser usado no Antigo Testamento como se tivesse havido uma revelação especial do nome. Gn 4:26, por sua vez, parece dar a entender uma origem não hebreia, ou seja, quando esse nome começou a ser usado pelos hebreus, teria sido tomado por empréstimo de alguma fonte extrabíblica. Seja como for, a raiz do nome, sem dúvida, é antiquíssima, sendo provável que aparecesse entre os nomes de divindades mesopotâmicas. Alguns supõem que Moisés chegou a adorar Yahweh, mediante seu casamento com a filha de um queneu, em Midiã (Êx 3:1 ss; 18:12-24). A isso se chama de teoria quenita, o que, como é óbvio, é uma teoria rejeitada por muitos intérpretes conservadores, pois não querem aceitar a ideia de que os nomes de Deus, na Bíblia, possam ter tido origem pagã. Seja como for, a forma mais longa, YHWH, é confirmada desde o século IX A.C., como na pedra Moabita. De acordo com uma etimologia popular, essa palavra estaria ligada ao verbo hebraico ser (ver Êx 3:14), pelo que se referiria ao ser eterno de Deus, que é a fonte originária de todos os seres, não dependendo de qualquer outro ser para a sua vida e continuação em existência. Em termos teológicos isso aponta para a vida independente e necessária. Deus não deriva de outrem a sua forma de vida, e a sua forma de vida não pode deixar de existir. Todas as demais formas de vida dependem de sua vida, e todas as outras formas de vida, se excluirmos o fator da graça divina, são vidas não-necessárias. Em outras palavras, as demais vidas podem deixar de existir. A verdadeira imortalidade, para a alma humana, ocorre mediante a transformação segundo a imagem do Filho, que compartilha da forma de vida do Pai, que é independente e necessária, conforme já dissemos. Um grande mistério! Ver Rm 8:29; Cl 2:10; II Co 3:18 e o artigo intitulado Transformação Segundo a Imagem de Cristo. O General Abraham Ramiro Bentes, historiador brasileiro, de origem judaica, de cultura judaica bem reconhecida, autor de vários livros, diz o seguinte acerca do nome Yahweh: «...tendo o tempo inacabado, no semítico, o valor do futuro e do presente, assim traduzimos (o mesmo): «Eu Serei Sempre Quem Era». Os velhos comentários tinham uma compreensão neste sentido». (Das Ruínas de Jerusalém à Verdejante Amazônia, Edições Bloch, pág. 3). De conformidade com esse abalizado parecer, o nome Yahweh, pois, apontaria para a eternidade e a imutabilidade da pessoa de Deus. Objeções dos Eruditos Conservadores. Alguns eruditos, relutando em admitir qualquer origem pagã para os nomes divinos na Bíblia, supõem que o trecho de Êx 6:3, que diz: «...mas pelo meu nome, O Senhor (no hebraico, Yahweh), não lhes fui conhecido», não subentende que os hebreus não conhecessem e nem usassem esse nome, até que foi adotado para ser usado, nos dias de Moisés e, sim, que os judeus, então, começaram a ter um conhecimento experimental desse nome, em suas vidas espirituais. Esse conhecimento experimental lhes foi dado mediante o livramento da servidão ao Egito. Antes disso, como pastores na Palestina, Abraão, Isaque e Jacó conheciam Deus com o nome de El Shaddai, «o Todo Poderoso». Naturalmente, sabemos que El (com várias combinações) era um antigo nome mesopotâmico para Deus, que certamente já era usado antes do tempo de Abraão. Assim, no caso desse nome, também temos um uso pré-hebreu. Seja como for, o argumento, na realidade, não faz sentido. O que importa é a nossa experiência com o Ser Divino, e não as palavras e suas origens, que usamos como nomes de Deus. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4521.]

3. O significado. Esse nome vem do verbo hebraico hayah, "ser, estar". O significado desse verbo em Êxodo 3.14, "EU SOU O QUE SOU", indica que Deus é imutável e existe por si mesmo; é autoexistente, autossuficiente e que causa todas as coisas. Deus se revela pelo seu nome. O terceiro mandamento é um resumo e ao mesmo tempo uma recapitulação daquilo que Deus havia dito antes a Moisés (Êx 3.14; 6.3). [Comentário: Matthew Henry comentando o texto de Ex 3.14 diz: “Um nome que denota o que Ele é em si mesmo (v. 14): Eu sou o que sou. Isto explica o seu nome Jeová, e significa: (1) Que Deus é autoexistente; Ele tem a sua existência em si mesmo, e não depende de ninguém. O maior e melhor homem do mundo deve dizer: “Pela graça de Deus, sou o que sou”. Mas Deus diz de uma forma absoluta - pois Ele é mais do que qualquer criatura, homem ou anjo, e só Ele pode dizer - “Eu sou o que sou”. Sendo autoexistente, só Ele pode ser autossuficiente, e, portanto, todo-suficiente, a fonte inesgotável de vida e alegria. (2) Que Deus é eterno e imutável, e sempre o mesmo, ontem, hoje, e eternamente; Ele pode ser aquilo que quiser ser. Ele é, Ele era, e Ele há de vir. Veja Apocalipse 1.8. (3) Que não podemos, investigando, descobri-lo. Este é um nome que censura todas as indagações ousadas e curiosas a respeito de Deus, e na verdade diz: Não pergunte o meu nome, visto que é segredo, Juízes 13.18; Provérbios 30.4. Perguntamos o que Deus é? E suficiente para nós sabermos que Ele é o que é, o que Ele sempre foi, e sempre será. Quão pouco é o que temos ouvido dele! Jó 26.14. (4) Que Ele é fiel e verdadeiro em todas as suas promessas, imutável em sua palavra assim como em sua natureza, e não um homem que mente. Que Israel saiba disso: EU SOU me enviou a vós”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 235.]


SÍNTESE DO TÓPICO II


A pronúncia do tetragrama, YHWH, o que seria o nome exato de Deus, perdeu-se no tempo.


 
III. TOMAR O NOME DE DEUS EM VÃO


1. O terceiro mandamento (Êx 20.7; Dt 5.11). O termo hebraico lashaw, "em vão, inutilmente, à toa", indica algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. A Septuaginta emprega a expressão grega epimataio, "impensadamente". O substantivo shaw (pronuncia-se "chav") significa "vaidade, vacuidade". Corresponde a usar o nome de Deus de forma superficial, em conversas triviais, e faltar com a verdade em seu nome, como ao pronunciar um juramento falso (Lv 19.12) ou fazer um voto e não o cumprir (Ec 5.4).  [Comentário: O Catecismo Menor de Martinho Lutero sobre este mandamento diz: “Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, por isso, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a magia, mentir ou enganar; mas devemos pedir a sua ajuda em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer”. O mesmo escreve Russell Norman Champlin em obra já citada: “Abusos contra o nome de Deus. Vários desses abusos eram e continuam sendo possíveis: 1. O trivial. Até mesmo crentes exclamam, descuidadamente: “Ó meu Deus!” E até mesmo crentes piedosos falam de modo frívolo acerca do Senhor, como se Ele fosse apenas um bichinho de estimação. Combato essa forma ridícula de teísmo de acordo com a qual qualquer pensamento ou ato trivial é lançado na conta do Senhor. Trata-se de uma forma de auto- exaltação. Pois se o grande Deus está conosco em questões tão pequenas, então quão importantes nós somos. Em contraste com isso, os israelitas piedosos nem ao menos pronunciavam o nome divino Yahweh, mas corrompiam-no de alguma forma, para não se tornarem culpados de estarem tomando o nome de Deus em vão. 2. Nas artes mágicas e nos juramentos. Como nas conjurações e nos ritos pagãos. Ver Gn 32.27,29. O nome de Yahweh não podia ser usado em tais atividades. 3. O nome de Yahweh não podia ser misturado com os nomes de divindades pagãs, como se fizesse parte de algum panteão gentílico. 4. A proibição do uso do nome divino incluía a ideia de empregar o nome de Deus para invocar os mortos. O nome de Yahweh não podia ser misturado à bruxaria. 5. O nome de Yahweh não podia ser usado nos juramentos falsos, como se a veracidade de uma pessoa pudesse ser apoiada pelo grande DEUS (Lev. 19.12). 6. Embora 0 texto sagrado não o diga especificamente, temos aqui um mandamento contra toda espécie de profanação por meio de palavras, incluindo ou não os nomes divinos. O texto por certo subentende o uso devido da língua, em questões tanto sagradas quanto seculares. “Maldições e juramentos devem-se ao desejo de impressionar os outros. A maneira mais fácil de chocar outra pessoa e chamar sua atenção é o uso de alguma coisa sagrada ou nome santo. Mas o efeito desgasta-se quase imediatamente, e a blasfêmia passa a ser apenas um hábito inconveniente, expressando impotência e fraqueza de caráter” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Ameaças. Nenhuma punição é imposta aqui aos faltosos, mas fica entendido que o homem que usasse indevidamente o nome de Yahweh não escaparia do devido castigo. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.]

2. Juramento e perjúrio. O juramento é o ato de fazer uma afirmação ou promessa solene tomando por testemunha algum objeto tido por sagrado; o perjúrio é o falso juramento. As palavras do Senhor Jesus, "ouvistes que foi dito aos antigos" (Mt 5.33), não se referem ao Antigo Testamento, mas aos antigos ensinos dos rabinos, às suas interpretações peculiares das passagens da lei que falam sobre o tema (Êx 20.7; Lv 19.12; Dt 6.13). Isso fica claro, pois as palavras seguintes, "Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor", não aparecem em nenhum lugar no Antigo Testamento.  [Comentário: A manter uma consideração muito reverente ao santo nome de Deus (v. 12), e não conclamá-lo como testemunha, seja: 1. De uma mentira: “[Não] jurareis falso pelo meu nome”. Já é ruim dizer uma mentira, porém jurar é muito pior. Ou: 2. De uma brincadeira, e impertinências: “Pois profanaríeis o nome do vosso Deus” - usando-o com qualquer outro propósito diferente daquele para o qual deve ser religiosamente usado. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 410.]

3. Modalidades de juramentos. As autoridades israelitas escalonavam o juramento em diversas modalidades: pelo céu, pela terra, por Jerusalém (Mt 5.34-36), pelo Templo e pelo ouro do Templo; pelo altar e pela oferta que está sobre o altar e assim por diante (Mt 23.16-22). Segundo essa linha de pensamento, os juramentos se classificavam em obrigatórios e não obrigatórios. Jurar pelo Templo não seria válido; mas, se alguém jurasse pelo ouro do Templo, estava obrigado a cumpri-lo. Tais crenças e práticas eram condenadas nas Escrituras Sagradas. Tudo isso era uma forma de ocultar o pecado.. [Comentário: o Comentário Bíblico Beacon, sobre Juramentos (5.33-37): “A lei mosaica dizia: Não perjurarás (33; Lv 19.12; Nm 30.2; Dt 23.21), isto é, “jurar falsamente” - no Novo Testamento, este verbo só é encontrado aqui. Mas Jesus disse: De maneira nenhuma jureis (34). Ele proibiu especificamente jurar pelo céu, pela terra, por Jerusalém, ou pela nossa própria cabeça (34- 36). Os judeus defendiam que jurar pelo nome de Deus vinculava aquele que fazia o juramento, mas jurar pelo céu não trazia nenhum vínculo. Assim, os itens acima eram substituídos como uma forma de subterfúgio, para não se dizer a verdade. Bengel cita o ditado rabínico: “Como o céu e a terra passarão, assim também o juramento passará, pois os conclamou como testemunhas”.36 Jesus defendeu que Deus está sempre presente quando os homens falam; por esta razão, todos devem falar honestamente. O mandamento de Cristo foi: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não (37) - ou, como Beck apresenta: “Simplesmente diga: ‘Sim, sim; não, não’ ’’.Apropria prática de jurar é um triste reflexo do caráter humano. Jesus exige honestidade o tempo todo, esteja um homem sob juramento ou não. Não há um padrão duplo para o cristão. Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 60-61.]


SÍNTESE DO TÓPICO III


O terceiro mandamento corresponde a usar o nome de Deus de forma superficial, em conversas triviais, fúteis e insignificantes.



IV. O SENHOR JESUS PROIBIU O JURAMENTO?


1. Objetivo do terceiro mandamento. A finalidade é pôr um freio na mentira, restringir os juramentos e assim evitar a profanação do nome divino (Lv 19.12). O Senhor Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso a santificar o nome divino (Mt 6.9). Ninguém deve usar o nome de Deus nas conversas triviais do dia a dia, pois isso é misturar o sagrado com o comum (Lv 10.10). O Senhor Jesus condenou duramente essas perversões farisaicas, práticas que precisavam ser corrigidas ou mesmo substituídas. Este mandamento foi restaurado sob a graça e adaptado a ela na nova dispensação, manifesto na linguagem do cristão: "sim, sim; não, não" ( Mt 5.37). [Comentário:  O cristão não deve precisar fazer juramento algum em sua vida diária, seu falar deve ser “sim, sim” e “não, não”, como ensina Jesus. Somente a sinceridade total, sem um juramento de garantia, assegura a verdadeira fraternidade. Jesus afirma: Vocês sequer devem jurar, ou seja, vocês não devem fazer uso de todos esses juramentos de corroboração e juramentos compromissivos e não compromissivos. Vocês se enganam se pensam que, com essas artimanhas, podem escapar da maldição divina. Outra vez recorro a Russell Norman Champlin, quando este escreve: “Sim, sim... não, não». A repetição da palavra é a confirmação ou não da verdade. A garantia da honestidade do indivíduo deve ser a confiança na sua simples palavra. Provavelmente Jesus insistiria que tal honestidade deve ser inspirada pela consciência da presença de Deus e a relação do homem para com o Senhor. O homem cônscio da presença de Deus e que sente responsabilidade para com Deus, não mente. Tal honestidade não requer a confirmação de qualquer juramento. E o juramento feito—pelo homem desonesto—não tem valor. A desonestidade de nossa natureza se expressa não apenas na tendência em nos desviarmos da verdade pura, mas também na esperança de que nossos semelhantes façam a mesma coisa. A prática dos juramentos apenas agrava essa situação, porque o próprio juramento é usado para enganar, confirmando de maneira séria uma desonestidade. «Vém do maligno:». Alguns interpretam *do diabo», que é o ser maligno (Eut., Zig., Cris., Teof., Beza, Zwinglio, Fritzche, Meyer e outros). Ninguém negaria que, segundo as ideias básicas do N.T., todo mal tem origem na pessoa do diabo, direta ou indiretamente; mas a referência aqui é à perversidade dos homens que empregam o juramento com o fito de enganar e cumprir propósitos desonestos, profanando o nome de Deus nesse processo. Dificilmente tais homens usam de juramentos sem algum tipo de maldade. O próprio juramento tende a provocar a maldade. Não jures. Aquele que jura, mente. Aquele que mente, rouba. Que mais não faria o homem?CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 316.]

2. A proibição absoluta. Há os que entendem que a expressão "de maneira nenhuma" (Mt 5.34) é uma proibição de toda e qualquer forma de juramento. Entre os que defendem essa interpretação estão os amish e os quakers, que nos Estados Unidos se recusam a jurar nos tribunais de justiça. Eles acreditam que o Senhor Jesus não fez declaração sob juramento diante do Sinédrio (Mt 26.63,64). De igual modo, o apóstolo Paulo evitava fazer juramentos em afirmações solenes (Rm 9.1; 1 Co 1.23). [Comentário:  O abuso que os judeus faziam dos juramentos, levou Jesus a dizer, de modo nenhum jureis. É difícil achar uma brecha nesta diretiva (veja também Tiago 5:12). Assim, o crente não deveria jurar para autenticar suas declarações. Até mesmo o Estado deveria geralmente permitir uma afirmação em lugar do juramento exigido. Pelo céu. Os judeus usavam a sua engenhosidade para classificar os diversos juramentos, e geralmente perdoavam aqueles que não mencionassem Deus especificamente. Jesus mostrou que tal raciocínio enganosamente sutil era falso, pois Deus continua implicado quando os homens invocam os céus, a terra, ou Jerusalém; e até quando se jura pela própria cabeça está implicado Aquele que tem poder sobre a mesma. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim. Uma solene afirmação ou negação é o suficiente para o crente. O que passa disto. Acrescentando juramentos às nossas declarações, ou admitimos que não se pode confiar em nossas palavras costumeiras, ou nos rebaixamos ao nível de um mundo mentiroso, que vem do maligno.]

3. A proibição relativa. Outros afirmam que a proibição de Jesus se restringe aos juramentos triviais, e por essa razão o Senhor Jesus foi específico: "de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, [...] nem pela terra, [...] nem por Jerusalém, [...] nem jurarás pela tua cabeça (Mt 5.34-36). Outro argumento é que homens de Deus no Antigo Testamento faziam juramentos em situação solene e o próprio Deus jurou por si mesmo (Gn 24.3; 50.6,25; Hb 6.13,16). Consideram, ainda, como juramento a resposta de Jesus e as declarações solenes de Paulo (Mt 26.63,64; Rm 9.1; 1 Co 1.23). Essas últimas passagens bíblicas não parecem conclusivas em si mesmas; entretanto, a proibição relativa nos parece mais coerente. Mesmo assim, devemos evitar o juramento e substituir o termo por voto solene em cerimônias de casamento. [Comentário:  Segundo a tradição judaica, os juramentos sob o nome de DEUS eram válidos, tinham força, mas os que excluíssem o nome de Deus nada valiam. Jesus agora nos ensina que os dois preceitos são enganosos, visto que necessariamente Deus se envolve em cada transação — o céu é o seu trono, a terra é o estrado de seus pés, a cidade de Jerusalém é a cidade do grande Rei, e nós não conseguimos controlar nem mesmo a cor de nossos cabelos. (Barclay, vol. 1, pp. 159-60). Os que os seguidores de Jesus devem fazer é simplesmente dizer sim ou não, e honrar a palavra empenhada. Schweizer escreve: “Quando a palavra humana se deteriora de tal modo que sob certas circunstâncias sim pode significar não, e não sim, a comunidade está destruída” (p. 128). Estar sob o governo de Deus (isto é, em seu reino) é ser digno de confiança absoluta e honesto de modo transparente. Afastar-se desse princípio é cair sob a influência do maligno. Por toda a história da igreja tem havido crentes que acham que é errado fazer juramentos, sejam eles de que natureza forem. Entretanto, Jesus permitiu ao sumo-sacerdote que o colocasse sob juramento (Mateus 26:62-64), e Paulo invocou a Deus, para que lhe servisse de testemunha (2 Coríntios 1:23; cp. Gaiatas 1:20). O assunto sob consideração em Mateus não é tanto a questão de se fazer um juramento, mas a necessidade de se falar a verdade em todas as ocasiões. E inevitável que Jesus penetre a fundo na legislação, para chegar aos princípios essenciais que ela pretende ensinar. Codificar o ensino de Cristo é o mesmo que destruí-lo. As “regras” do Senhor vão muito mais longe do que toda nossa habilidade para regulamentar o exterior de modo satisfatório. Os princípios de Jesus nada exigem senão a entrega interior, total, aos propósitos e à natureza de Deus. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus. Editora Vida. pag. 58-59.]


SÍNTESE DO TÓPICO IV


A linguagem do cristão deve ser usada na perspectiva de Jesus: sim, sim ou não, não.



CONCLUSÃO


A linguagem do cristão deve ser sim, sim ou não, não. Não há necessidade de jurar, pois o testemunho, como crente em Jesus, fala por si mesmo. Se alguém precisa jurar para que se acredite em suas palavras, tal pessoa precisa fazer uma revisão de sua vida espiritual. Por essa razão, devemos viver o que pregamos e pregar o que vivemos. [Comentário: “Os fariseus desenvolveram regras elaboradas a respeito dos juramentos, e somente aqueles que empregavam o nome divino eram obrigatórios. Jesus ensina que um juramento é obrigatório independentemente do método utilizado. O uso de um juramento é supérfluo quando a palavra de alguém é suficiente. Fazer um juramento é uma confissão implícita de que nem sempre falamos a verdade! Assim, a recomendação de Jesus para nós é: seja o vosso falar “sim, sim”, “não, não”, o que passar disso é de procedência maligna. Está claro que Jesus não proíbe juramentos em tribunais, porque ele mesmo respondeu a Caifás sob juramento (Mt 26.63,64). Paulo fez apelos solenes a Deus (1 Co 15.31; 1 Ts 5.27). Devemos entender, então, que a determinação de Cristo sobre este assunto é que não devemos jurar, de.maneira nenhuma, exceto quando estivermos devidamente obrigados a isto, e quando a justiça ou a caridade para com o nosso irmão, ou o respeito pela comunidade tornarem necessário o juramento para o fim da contenda (Hb 6.16)]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.