LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.7; Mateus
5.33-37; 23.16-19
Êxodo 20
7 Não tomarás o nome
do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o
seu nome em vão.
Mateus 5
33 Outrossim,
ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus
juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos
digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 Nem pela terra,
porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande
Rei;
36 Nem jurarás pela
tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o
vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência
maligna.
Mateus 23
16 Ai de vós,
condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é;
mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
17 Insensatos e
cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
18 E aquele que
jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o
altar, esse é devedor.
19 Insensatos e
cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
OBJETIVO GERAL
Interpretar
corretamente o mandamento “Não tomarás o nome do Senhor em vão”.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
I. Mostrar como
eram usados os nomes no Antigo Testamento.
II. Apontar o problema da pronúncia do nome de Deus.
III. Elencar as modalidades dos juramentos no Antigo
Testamento.
IV. Apresentar a perspectiva
de Jesus sobre o juramento.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Os nomes bíblicos carregam
significados especiais, não se trata de uma terminologia arbitrária, mas de uma
revelação do caráter da pessoa. Em relação a Deus, Seus nomes revelados na
Bíblia expressam Sua natureza. Na aula de hoje estudaremos a respeito dos nomes
de Deus, e dos seus significados, a partir dessa análise, compreenderemos
porque o nome do Senhor não poderia ser tomado em vão, de acordo com o terceiro
mandamento. Ao final, destacaremos o valor do Nome de Jesus, que é um nome que
está acima de todo Nome.
I. O NOME DE DEUS
O terceiro mandamento diz
respeito ao nome do Senhor (Ex. 20.7), que não deve ser profanado. O nome de
Deus foi revelado aos Israelitas, Yahweh identificou-se como o Senhor do Seu
povo. A revelação desse nome ocorreu antes do povo chegar ao Sinai, quando Moisés
viu a sarça ardente indagou como deveria ser referenciado o Deus que o enviaria
a libertar os israelitas do Egito (EX. 3.14,15). O nome de Deus revelado
foi um tetragrama YHWH, composto por quatro consoantes, que literalmente
significa “Eu sou quem eu sou”. Esse nome identifica a autoexistência divina,
isso quer dizer que Yahweh – como costuma ser pronunciado o tetragrama – não
depende de outros para existir. Por esse motivo o salmista declarou: “Ó Senhor,
Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra” (Sl. 8.1). Os
israelitas não estavam sendo proibidos de chamar Deus pelo nome, tratava-se de
uma orientação jurídica, isto é, o nome do Senhor não poderia ser usado para
dar falso testemunho. No entanto, alguns rabinos levaram tão a sério esse
mandamento que deixaram de pronunciar o tetragrama, de modo que atualmente não
se sabe ao certo como esse deve ser pronunciado. O nome YHWH quando
identificado na leitura costuma ser substituído por Adonai, termo hebraico que
significa Meu Senhor, ou tão somente Senhor, como tem sido utilizado na
tradução bíblica para o português. A proibição, portanto, não está no uso do
nome, mas na sua utilização indevida.
II. A REVERÊNCIA AO NOME DE DEUS
O nome do Senhor deveria ser
reverenciado, não apenas por aqueles que lidam com a justiça, mas também pelos
profetas. O uso inapropriado da expressão “assim diz o Senhor”, sem que Deus
tivesse falado se constituía em pecado (Jr. 14.14,15). Aqueles que falam nas
igrejas e nos púlpitos, em nome do Senhor, devem estar conscientes dessa
responsabilidade. Trata-se de um perjúrio usar o nome de Deus para declarar
algo que Ele não revelou, ou mesmo para prometer fazer algo que não será
cumprido (Lv. 19.12). Isso deve ser considerado porque o nome de Deus é
Maravilhoso (Jz. 13.17; Is. 9.6,7), portanto Jesus nos ensinou que todos devem
reconhecer que o Nome de Deus é Santo (Mt. 6.9). O livro dos Salmos nos instrui
a dar glória ao nome do Senhor (Sl. 29.2), e a cantar glória ao Seu nome (Sl.
72.19), a bendizer o Seu Santo Nome (Sl. 103.1). O nome do Senhor não deve ser
profanado, antes invocado (Gn. 4.24), e digno de confiança (Is. 50.10), além de
ser considerado glorioso (Dt. 28.58). A grandeza de Deus deve ser motivo para a
reverência em relação ao nome do Senhor, ninguém deve usar Esse Nome
indevidamente. O Nome de Deus não deve ser motivo de piadas, muito menos de
blasfêmias. Mas não nos compete julgar, muito menos tomar atitudes agressivas
em relação àqueles que profanam o Nome do Senhor, pois a Deus pertence à vingança,
não a nós (Rm. 13.1).
III. EM NOME DE JESUS
O nome do Senhor não apenas deve
ser mencionado através dos nossos lábios, como esse Nome reflete a identidade
de um Deus de amor e graça, devemos viver para Ele e tudo o que fizermos,
devemos fazer em Seu Nome (Cl. 3.17). Isso também é motivo para temer o Deus de
Israel, inclusive o nome do Senhor Jesus. O pecado de Ceva, ao usar o nome de
Jesus indevidamente, deve servir de alerta para aqueles que se apropriam desse
Nome para satisfazer interesses pessoais (At. 19.17). O nome de Jesus tem
autoridade especial para Sua igreja, não se trata de um amuleto, como querem
defender alguns adeptos da Confissão Positiva. É preciso ter cuidado, pois nem
todos aqueles que dizem Senhor, Senhor têm parte no evangelho de Cristo (Mt.
7.21-23). O nome de Jesus tem autoridade porque Deus o exaltou soberanamente e
lhe deu um nome que é sobre todo o nome (Fp. 2.9). Por isso, diante dEle deve
se dobrar todo joelho dos que estão no céu e na terra (Fp. 2.10,11). Jesus é um
nome que salva os pecadores, pois todos aqueles que O invocam encontram vida
eterna (At. 4.12; Rm 10.13; I Jo. 5.13). Em nome dEle recebemos o batismo,
fomos imersos no Seu corpo, fazendo parte da comunidade dos santos (Mt. 28.19).
A santificação, operada em nós pelo Espírito Santo, acontece em nome de Jesus
(I Co. 6.11). Infelizmente o nome de Jesus tem sido usado para fins
interesseiros no contexto evangélico. Há quem o faça em forma de jargão “Em o
nome de Jesus”, sem dar ao Senhor a glória, a honra e a autoridade que Lhe é
própria.
CONCLUSÃO
O nome de Deus é significativo
porque revela Sua natureza, a maneira como Ele se mostra através da Palavra.
Ele não é apenas Elohim, o Deus Criador (transcendente), é também, Yahweh
(imanente), o Deus que se envolve. A maior prova do interesse de Deus por nós é
a vinda de Jesus, um Nome que está acima de todo e qualquer nome. Em Seu Nome
temos a segurança de que somos aceitos por Deus, de Quem agora podemos nos
aproximar chamando-O de Pai (Rm. 8.15-17).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A dificuldade humana
para dizer a verdade e cumprir com os seus compromissos na antiguidade eram
motivos de juramentos triviais em coisas efêmeras da vida. Deus é santo e exige
santidade de seu povo. Assim, o relacionamento de todas as pessoas deve ser
honesto e cada um deve falar a verdade. A lei estabelece limites, pois Deus
está presente nos relacionamentos pessoais de seu povo. [Comentário: Quem de nós jamais falou
expressões tais como: "Meu Deus do Céu", "Deus é
brasileiro", "Ai meu Deus" ou "Por Deus", "Se
Deus quiser", "Que Deus te ajude "? E o terceiro mandamento?
Será que ele se aplica a esses ditados populares? Ao longo do Pentateuco
encontramos informações sobre cada um dos dez mandamentos, e quanto ao terceiro
mandamento não é diferente. O contexto bíblico fala sobre o uso de modo trivial
do nome divino, proibindo o perjúrio e toda a forma de profanação e blasfêmia
do nome de YHWH. Como escreve Russell Norman Champlin: “Acima de todos os
outros povos, os hebreus respeitavam e temiam a Deus. Por essa razão, não
usavam o nome de Deus frivolamente. Eles pronunciavam os nomes de Deus com
alterações que lhes permitiam não terem de verbalizar os sons exatos desses
nomes. Os escribas registravam os nomes de Deus lavando frequentemente as mãos.
Um dos mandamentos mosaicos, o terceiro, proibia o uso frívolo do nome divino
(Êx 20.7). Sabemos que as culturas antigas acreditavam no poder espiritual dos
nomes. Saber qual o nome de uma divindade, ou de um demônio, supostamente dava
à pessoa certo poder sobre essa divindade ou demônio, em momentos de
necessidade. No caso dos demônios, o conhecimento dos nomes deles poderia ser
um meio de expeli-los. Esses fatos demonstram o respeito que algumas pessoas
tinham pelos nomes, e talvez esse fosse um dos motivos pelo extremo respeito
que os judeus tinham pelo nome divino. No judaísmo posterior, encontramos o uso
espiritual de nomes; mas não temos evidências a esse respeito quanto à
primitiva cultura judaica, embora isso deva ter existido em algum grau e de
alguma maneira”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4131.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas
Escrituras!
I. O NOME DIVINO
1. O
nome. Nos tempos do Antigo Testamento, o nome era empregado não simplesmente
para distinguir uma pessoa das outras, mas também para mostrar o caráter e a
índole do indivíduo. Houve caso de mudança de nomes em consequência de uma
experiência com Deus como Abraão (Gn 17.5), Sara (Gn 17.15) e Jacó (Gn 32.28).
O nome de Deus representa o próprio Deus, é inerente à sua natureza e revela
suas obras e atributos. Não é um apelativo, nem simplesmente uma identificação
pessoal ou uma distinção dos deuses das nações pagãs. A Bíblia revela vários
nomes divinos que podemos classificar em dois grupos: genéricos e específicos.
[Comentário: A Enciclopédia da Bíblia (Cultura Cristã)
comenta o seguinte: “É característico do sistema hebraico-cristão o uso dos
nomes para a deidade como instrumentos para a revelação divina. Os vários
nomes, simples e compostos, empregados tanto no AT quanto no NT, não são meras
construções ou designações humanas. Antes, são instrumentos reveladores, aparecendo
como pontos centrais na carreira do povo israelita, e refletindo a
auto-revelação de Deus. A simpatia de Israel por nomes refletia a atitude geral
para com a nomenclatura que era comum aos povos antigos. Com eles o nome de uma
pessoa não era apenas uma designação de uma relação familiar — não uma simples
posse — mas algo distintivamente pessoal. Embora não haja nenhuma evidência de
que no uso israelita dos nomes estes eram considerados (como em algumas
culturas) por conter poderes espirituais, todavia os nomes eram vistos com
muito respeito. Isto era verdadeiro acerca dos nomes pessoais; e a mesma
seriedade é aparente no emprego das designações para a divindade entre os povos
do AT. Na cultura semita, os nomes eram frequentemente usados para designar uma
característica da pessoa nomeada. O sentimento parece ter sido o de nominar sua
personalidade. Um exemplo deste tipo de uso é encontrado no caso do nome de
Jacó, que significa “suplantador”, cujo sujeito era de fato uma pessoa astuta e
egocêntrica. MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura
Cristã. Vol. 1. pag.123.]
2.
Nomes genéricos. São três os nomes genéricos que o Antigo
Testamento aplica além do "Deus de Israel". Na sua tradução do
hebraico para a nossa língua só aparecem dois nomes, "Deus" e
"Altíssimo". O nome "Deus" em nossas bíblias é tradução do
hebraico El (Nm 23.8) ou Eloah (Dt 32.15), ou seu plural, Elohim (Gn 1.1). O
outro nome genérico é Elyon, "Altíssimo" (Dt 32.8), às vezes
acompanhado de "El", como em El-Elyon, "Deus Altíssimo" (Gn
14.19,20). [Comentário: O Comentarista da lição, Pr Esequias Soares,
escreve no livro que serve de apoio à revista deste trimestre: “O nome
ELOHIM apresenta os primeiros vislumbres da Trindade. A declaração de Gênesis
1.1; traz o verbo no singular, "criou", e o sujeito no plural ELOHIM,
"Deus", o que revela a unidade de Deus na Trindade. Construção
similar aparece em várias partes do Antigo Testamento: "E disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gn 1.26);
"Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós" (Gn
3.22); "Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua" (Gn 11.7). A
Trindade é vista em ELOHIM à luz do contexto bíblico. O Novo Testamento
explicitou o que antes estava implícito no Antigo Testamento. Quando ELOHIM
refere-se às divindades falsas traz no plural o verbo, o pronome ou o adjetivo,
representando a multiplicidade. Quando, porém, aplicado ao Deus de Israel, o
verbo e o seus complementos vêm geralmente no singular. Os rabinos reconheceram
a pluralidade neste nome, mas, como o judaísmo é uma religião que defende o
monoteísmo absoluto, e não admite Jesus Cristo como o Messias de Israel, fica
difícil para eles entenderem essa pluralidade. Para explicá-la, argumentam ser
um plural de majestade, mas isso é uma determinação rabínica posterior. A
definição de plural de majestade ou de excelência, como disse, foi dada pelo
rabinato posterior. Disse Shlomo ibn Yitschaki, conhecido pela sigla RASHI,
grande rabino e erudito judeu (nascido em 1040): "O plural de majestade
não significa haver mais de uma pessoa na divindade". Essa declaração
serviu para o judaísmo prosseguir sua marcha mantendo o monoteísmo absoluto sem
Jesus e sem o Espírito Santo. No relato da criação e em muitas outras passagens
do Antigo Testamento, ELOHIM é nome próprio usado como forma alternativa de
Javé. Segundo Umberto Cassuto, esse nome é usado para se referir à ideia
obscura e mais abstrata da deidade, de um Deus universal e Criador do mundo,
indicando a transcendência da natureza de Deus; ao passo que Javé aparece
quando as características estão claras e concretas e sugere um Deus pessoal que
se relaciona diretamente com o povo. No capítulo um de Gênesis, Deus aparece
como o Criador do universo físico e como o Senhor do mundo, exercendo domínio
sobre todas as coisas. Tudo quanto existe veio à existência por causa exclusiva
de Seu fiat (poder criador), sem qualquer contato direto entre Ele e a
natureza. Portanto, aplicando-se aquelas regras, aqui cabe o uso do nome ELOHIM
(CASSUTO, 1961, p. 32). ELOHIM é um dos nomes próprios de Deus, mas aparece
como apelativo no Antigo Testamento quando se refere a divindades falsas, por
exemplo os deuses do Egito (Êx 12.2) e de outras nações (Dt 13.7,8; Jz 6.10). A
palavra é usada com relação às imagens dos cultos pagãos (Êx 20.23). As
Escrituras fazem uso irregular de ELOHIM em referência a seres sobrenaturais (1
Sm 28.13) e juízes (SI 82.6). Aparece também, cerca de 20 vezes, com relação às
divindades pagãs individuais”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos.
Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag.
51-53.]
3.
Nomes específicos. São três os nomes específicos que o Antigo
Testamento aplica somente para o Deus verdadeiro: Shadday, Adonay e YHWH.
El-Shadday, "Deus Todo-poderoso", é o nome que Deus usou ao
revelar-se a Abraão (Gn 17.1; Êx 6.3). Adonay, "Senhor", é um nome
próprio e não um pronome de tratamento (Is 6.1). O outro nome é o tetragrama
(as quatro consoantes do nome divino, YHWH, Yahweh, Javé ou Jeová). A versão
Almeida Corrigida, nas edições de 1995 e 2009, emprega "SENHOR", com
todas as letras maiúsculas, onde consta o tetragrama no Antigo Testamento
hebraico para distinguir de Adonay (Jz 6.22). [Comentário: o Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD), sobre a aplicação dos nomes
próprios, traz o seguinte: “EL ELYON, EL SHADDAI, YAHWEH. A reviravolta
notável na teologia bíblica é a de que o Deus vivo é progressivamente conhecido
por meio dos acontecimentos históricos reais, nos quais Ele revela tanto a si
mesmo quanto os seus objetivos. Com isso, os termos genéricos para divindade
ganham um conteúdo mais específico, tornam-se nomes próprios e, sucessivamente,
abrem caminho para designações posteriores que refletem mais plenamente a
natureza de Deus, que é progressivamente revelada. A palavra El, termo mais
comum para divindade, nas línguas semitas (mas que não é a palavra usual no
Antigo Testamento), vem frequentemente associada a um substantivo ou a um
adjetivo (cf. 'el 'elyon, "Deus Altíssimo", ou 'el shaddai,
"Deus Todo-Poderoso"). Como consequência, tornou-se um nome próprio
de Deus. El Shaddai tornou-se o nome patriarcal característico para Divindade,
como consequência do concerto divino com Abraão. Enquanto Elohim representa
Deus especialmente na função do Criador, Formador e Preservador do homem e do
mundo, El Shaddai se concentra nos limites divinos dos processos naturais para
os propósitos da sua graça. O nascimento de Isaque, o filho prometido, na
ausência de qualquer possibilidade natural, mostra Deus como materializando de
forma onipotente o seu objetivo de graça em uma criação finita e pecadora,
decaída. Na LXX e no Novo Testamento, El Shaddai é traduzido como pantokrator,
"O Todo-Poderoso", "O Onipotente" (cf. 2 Co 6.18; Ap 1.8;
4.8). Com a evolução da história religiosa hebraica, os primeiros nomes de Deus
passaram para um plano secundário em vista da auto-revelação de Deus que
ocorria. Mesmo assim, o nome El Shaddai não substitui completamente Elohim, uma
vez que os hebreus conservam todas as designações de Divindade, algumas vezes
intercambiando-as, conforme as circunstâncias possam sugerir um ou outro. O uso
literário de nomes divinos, portanto, não fornece uma indicação inequívoca do
desenvolvimento literário e da autoria dos escritos sagrados. O nome por
excelência para o Deus de Israel é Jeová (YAHWEH), encontrado 6.823 vezes no
Antigo Testamento. Por meio da libertação de Israel da escravidão no Egito, de
sua adoção como uma nação, e de sua condução até a Terra Prometida, o DEUS
Redentor é especialmente conhecido por esse nome. O DEUS auto-revelado se
revela de maneira redentora de uma forma especial (EU SOU O QUE SOU, Êx 3.14).
Veja Eu Sou. O Deus vivo, que havia anteriormente se manifestado aos patriarcas
como El Shaddai (Êx 6.2ss.), não era totalmente desconhecido deles como Jeová,
sendo esse nome encontrado frequentemente em Genesis e pronunciado pelo próprio
Senhor Deus, e mesmo na bênção de Jacó (que nenhum redator teria alterado!). A
partir de Abraão, o nome de Jeová aparece periodicamente nos registros
sagrados. Mas com o resgate de Israel e com o estabelecimento da teocracia,
Jeová torna-se o nome inconfundível no Antigo Testamento para o Deus vivo, que
não apenas adapta a natureza pecadora à graça, mas também molda um novo tipo de
graça em meio a este curso natural das coisas. Consequentemente, o nome Jeová
(uma reconstrução artificial em português para a palavra hebraica YHWH,
originalmente pronunciada Yahweh ou Yahveh) enfatiza, em particular, a
atividade redentora de Deus. Devido às superstições, os hebreus chegaram a
evitar pronunciar a palavra de quatro letras YHWH, substituindo-a por Adonai.
Nos séculos mais recentes, Jeová tem servido como o equivalente a Yahweh na
literatura, nos hinos e nas traduções da Bíblia em português. A Bíblia de
Jerusalém adotou o nome Yahweh. Sobrepondo uma estrutura de desenvolvimento
naturalista sobre a Bíblia, a crítica elevada diz que os múltiplos nomes de
Deus, particularmente Elohim e Yahweh, refletem fontes literárias divergentes.
Esta suposição foi, durante muito tempo, um alicerce da hipótese JEDP, agora
desacreditada, que reduz o Pentateuco (q.v) a fontes originais conflitantes. A
tentativa de explicar o nome composto Yahweh-Elohim por meio da combinação de
documentos provou ser insustentável, e a hipótese JEDP é cada vez mais
reconhecida como um grupo de fontes artificialmente projetadas (em um contexto
preciso, sobre o qual os próprios críticos não entraram em acordo)”. PFEIFFER
.Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 540-541]
SÍNTESE DO TÓPICO I
No Antigo Testamento, o nome de uma pessoa tinha a função de mostrar o
caráter a índole de um indivíduo.
II. O NOME QUE SE TORNOU
INEFÁVEL
1. A
pronúncia do nome divino. O tetragrama é inefável no judaísmo desde o
período interbíblico e permanece impronunciável pelos judeus ainda hoje. Isso
para evitar a vulgarização do nome e assim não violar o terceiro mandamento. A
escrita hebraica é consonantal; as vogais são sinais diacríticos* que os judeus
criaram somente a partir do ano 500 d.C. Assim, a pronúncia exata das
consoantes YHWH se perdeu no tempo. Os judeus religiosos pronunciam por
reverência Adonay cada vez que encontram o tetragrama no texto sagrado na
leitura da sinagoga. [Comentário: Como escreve
Russell Norman Champlin, O tetragrama sagrado YHWH (Yahweh) não deveria ser
pronunciado. Com o passar dos anos, perdeu-se a pronúncia correta do
tetragrama. Estudiosos adicionaram as vogais de Adonai (meu Senhor)
combinando-as com as consoantes YHWH, e o resultado foi a forma Jeová. Não se
trata, realmente, de um nome de Deus, mas de uma corruptela do nome, a fim de
que pudesse ser proferido, sem nenhum temor pelos judeus. Mas nunca aparece,
com essa forma, no original hebraico da Bíblia. Tal forma só começou a aparecer
no século XII D.C. Antes disso, —cada vez que aparecia YHWH, os judeus
pronunciavam «Adonai». Parafraseando CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4131.
Sobre isto, ainda, transcrevo o que diz a Enciclopédia Histórico-Teológica Da
Igreja Cristã. Vol 1. (Editora Vida Nova): “Os esforços para se determinar o
significado do tetragrama (YHWH) mediante a investigação histórica têm sido
dificultados pela escassez de dados relacionados com as várias formas do nome
ya nas fontes históricas fora do AT. Por esta razão, a investigação geralmente
tem seguido linhas filosóficas. G. R. Driver sugeriu que a forma ya era
originalmente um grito de exclamação "emitido em momentos de empolgação ou
êxtase, um precedente de ya(h)wá(h), ya(h)wá(h)y ou coisa semelhante".
Sugeriu, ainda mais, que o nome Javé surgiu da consonância de uma extensão deya
com o "tempo imperfeito de um verbo defectivo". Deste modo, ele viu a
origem do nome numa etimologia popular e asseverou que a sua forma original foi
esquecida (ZAW46.24). Mowinckel propôs a teoria de que o tetragrama deve ser
entendido como palavra composta do elemento de exclamação e o pronome da
terceira pessoa, hü’, com o significado de "Ó Ele!" Outra abordagem
do problema é ver no tetragrama uma forma de paronomásia. Este conceito leva em
conta a representação geral do nome ya nas culturas extrabíblicas do segundo
milênio a. C. O nome Javé é entendido, portanto, como uma forma quadrilateral,
e o relacionamento entre o nome hãyâ ("ser"), em Ex 3.14-15, não deve
ser de etimologia mas, sim, de paronomásia. O ponto de vista mais comum é de
que 0 nome é uma forma de um verbo trilateral, hwy. É geralmente considerado um
imperfeito da raiz Qal, na terceira pessoa, ou um verbo também na terceira pessoa
do imperfeito de uma raiz causativa. Outra sugestão é de que se trata de um
particípio causativo com um y pré-formante que deve ser traduzido
"Sustentador, Mantenedor, Estabelecedor". Com relação ao ponto de
vista de que o tetragrama é urna forma alongada de um grito de exclamação, pode
ser indicado que os nomes próprios semíticos tendem a abreviar-se; normalmente
não são prolongados. A teoria de que o nome é paronomástico é atraente, mas
quando se apela às ocorrências das formas de ya ou yw ñas culturas antigas,
surgem vários problemas. E difícil explicar como a forma original poderia se
ter prolongado até chegar à estrutura familiar quadrilateral. A sugestão de
Mowinckel é atraente, porém especulativa. Além disso, é difícil compreender
como o nome Javé poderia ter conotações de unicidade tão forte no AT se é urna
forma de um nome divino representada em várias culturas no segundo milênio a.
C. A derivação do tetragrama de uma raiz verbal também está comprometida com
certas dificuldades. A raiz hwy, sobre a qual o tetragrama seria baseado
segundo este ponto de vista, não é atestada nas línguas semíticas ocidentais
antes dos tempos de Moisés. e a forma do nome não está de acordo com as regras
que regem a formação de ver- bos lamed he’, conforme nós os conhecemos. Fica
evidente que o problema é difícil. É melhor concluir que o uso da etimologia
para determinar o conteúdo teológico do nome Javé é tênue. Para se compreender
o significado teológico do nome divino, é necessário que se determine o
contexto teológico de que o nome era revestido na religião hebraica. Jah, Yah.
Esta forma mais curta de Javé ocorre duas vezes em Êxodo (15.2 e 17.15). A
primeira destas passagens é refletida em Is 12.2 e SI 118.14. Ocorre também
numerosas vezes na fórmula haPIõyâ ("louvai a yah"). Seu emprego nas
passagens poéticas antigas e mais recentes e sua função de fórmula nos Salmos
Halel sugerem que esta forma de Javé é um dispositivo do estilo poético. A
forma composta de yah com Javé, em Is 12.2 [yah YHWH), indica uma função separada
para a forma yah e, ao mesmo tempo, sua identificação com Javé”. Walter
A. Elwell. Enciclopédia Histórico-Teológica Da Igreja Cristã. Vol 1. Editora
Vida Nova. pag. 445-446.]
2.
Jeová ou Javé? Na Idade Média, especificamente no século XIV,
foram inseridas no tetragrama as vogais de Adonay (o "y" é
semiconsoante no alfabeto hebraico). O resultado é a pronúncia
"YeHoWaH". Isso para lembrar, na leitura, que esse nome é inefável e,
dessa forma, pronunciar "Adonai". Esse enxerto no tetragrama resultou
na forma "Jeová", que não aparece no Antigo Testamento hebraico.
Estudos acadêmicos confirmam o que a maioria dos expositores do Antigo
Testamento vinham ensinando, que a pronúncia antiga do nome é Yahweh, e na
forma aportuguesada é Iavé ou Javé. [Comentário: Yahweh era o
nome pessoal do Deus de Israel. Que a forma Yahweh é a forma correta, pode-se
provar mediante transcrições para o grego. Quando, pela primeira vez, foram
inseridos sinais representando fonemas vogais, na Bíblia hebraica, já no século
VII D.C., as letras vogais da palavra hebraica ADONAY, «Senhor», foram escritas
intercaladas com as consoantes YHWH, produzindo assim o nome artificial Jeová.
Esse não era, realmente, um nome divino; mas muitos, temendo pronunciar Yahweh,
como apelativo por demais sagrado, passaram a usar Jeová como um substituto
aceitável. Portanto, Jeová é um híbrido sem base bíblica nenhuma, que começou a
ser usado de modo geral, como um dos nomes de Deus, no século XIV D.C. Isso
ocorreu porque os eruditos cristãos da época não reconheceram a natureza
híbrida da forma Jeová. Esse nome hebraico de Deus também aparece com as formas
abreviadas de Yah (Êxo. 15:2, etc; em português, «Já») e Yahu ou Yeho. Estas
duas últimas formas aparecem em inscrições hebraicas e assírias, e também nos
papiros escritos em aramaico. Mas o nome abreviado original parece ter sido
Yaw, que tem sido identificado com um dos nomes divinos pagãos encontrados nos
documentos de Eras Shamra (vide), provenientes do norte da Fenícia, do século
XV A.C. Alguns especialistas supõem que o nome Yahweh não foi cunhado por
Moisés, e nem por qualquer dos demais autores bíblicos; antes, seria um nome
pré-mosaico, como um antigo nome de Deus que Moisés usou, tal como a moderna
palavra portuguesa «Deus» é apenas o aportuguesamento do termo latino Deus, que
como é óbvio, antecede ao uso português por muitos e muitos séculos. Os trechos
de Êx 3:13-15 e 6:4 parecem indicar que esse nome começou a ser usado no Antigo
Testamento como se tivesse havido uma revelação especial do nome. Gn 4:26, por
sua vez, parece dar a entender uma origem não hebreia, ou seja, quando esse
nome começou a ser usado pelos hebreus, teria sido tomado por empréstimo de
alguma fonte extrabíblica. Seja como for, a raiz do nome, sem dúvida, é
antiquíssima, sendo provável que aparecesse entre os nomes de divindades
mesopotâmicas. Alguns supõem que Moisés chegou a adorar Yahweh, mediante seu
casamento com a filha de um queneu, em Midiã (Êx 3:1 ss; 18:12-24). A isso se
chama de teoria quenita, o que, como é óbvio, é uma teoria rejeitada por muitos
intérpretes conservadores, pois não querem aceitar a ideia de que os nomes de
Deus, na Bíblia, possam ter tido origem pagã. Seja como for, a forma mais
longa, YHWH, é confirmada desde o século IX A.C., como na pedra Moabita. De
acordo com uma etimologia popular, essa palavra estaria ligada ao verbo
hebraico ser (ver Êx 3:14), pelo que se referiria ao ser eterno de Deus, que é
a fonte originária de todos os seres, não dependendo de qualquer outro ser para
a sua vida e continuação em existência. Em termos teológicos isso aponta para a
vida independente e necessária. Deus não deriva de outrem a sua forma de vida,
e a sua forma de vida não pode deixar de existir. Todas as demais formas de
vida dependem de sua vida, e todas as outras formas de vida, se excluirmos o
fator da graça divina, são vidas não-necessárias. Em outras palavras, as demais
vidas podem deixar de existir. A verdadeira imortalidade, para a alma humana,
ocorre mediante a transformação segundo a imagem do Filho, que compartilha da
forma de vida do Pai, que é independente e necessária, conforme já dissemos. Um
grande mistério! Ver Rm 8:29; Cl 2:10; II Co 3:18 e o artigo intitulado
Transformação Segundo a Imagem de Cristo. O General Abraham Ramiro Bentes,
historiador brasileiro, de origem judaica, de cultura judaica bem reconhecida,
autor de vários livros, diz o seguinte acerca do nome Yahweh: «...tendo o tempo
inacabado, no semítico, o valor do futuro e do presente, assim traduzimos (o
mesmo): «Eu Serei Sempre Quem Era». Os velhos comentários tinham uma
compreensão neste sentido». (Das Ruínas de Jerusalém à Verdejante Amazônia,
Edições Bloch, pág. 3). De conformidade com esse abalizado parecer, o nome
Yahweh, pois, apontaria para a eternidade e a imutabilidade da pessoa de Deus.
Objeções dos Eruditos Conservadores. Alguns eruditos, relutando em admitir
qualquer origem pagã para os nomes divinos na Bíblia, supõem que o trecho de Êx
6:3, que diz: «...mas pelo meu nome, O Senhor (no hebraico, Yahweh), não lhes
fui conhecido», não subentende que os hebreus não conhecessem e nem usassem
esse nome, até que foi adotado para ser usado, nos dias de Moisés e, sim, que
os judeus, então, começaram a ter um conhecimento experimental desse nome, em
suas vidas espirituais. Esse conhecimento experimental lhes foi dado mediante o
livramento da servidão ao Egito. Antes disso, como pastores na Palestina,
Abraão, Isaque e Jacó conheciam Deus com o nome de El Shaddai, «o Todo
Poderoso». Naturalmente, sabemos que El (com várias combinações) era um antigo
nome mesopotâmico para Deus, que certamente já era usado antes do tempo de
Abraão. Assim, no caso desse nome, também temos um uso pré-hebreu. Seja como
for, o argumento, na realidade, não faz sentido. O que importa é a nossa
experiência com o Ser Divino, e não as palavras e suas origens, que usamos como
nomes de Deus. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4521.]
3. O
significado. Esse nome vem do verbo hebraico hayah, "ser,
estar". O significado desse verbo em Êxodo 3.14, "EU SOU O QUE
SOU", indica que Deus é imutável e existe por si mesmo; é autoexistente,
autossuficiente e que causa todas as coisas. Deus se revela pelo seu nome. O
terceiro mandamento é um resumo e ao mesmo tempo uma recapitulação daquilo que
Deus havia dito antes a Moisés (Êx 3.14; 6.3). [Comentário: Matthew Henry comentando o texto de Ex 3.14 diz: “Um nome que
denota o que Ele é em si mesmo (v. 14): Eu sou o que sou. Isto explica o seu
nome Jeová, e significa: (1) Que Deus é autoexistente; Ele tem a sua existência
em si mesmo, e não depende de ninguém. O maior e melhor homem do mundo deve
dizer: “Pela graça de Deus, sou o que sou”. Mas Deus diz de uma forma absoluta
- pois Ele é mais do que qualquer criatura, homem ou anjo, e só Ele pode dizer
- “Eu sou o que sou”. Sendo autoexistente, só Ele pode ser autossuficiente, e,
portanto, todo-suficiente, a fonte inesgotável de vida e alegria. (2) Que Deus
é eterno e imutável, e sempre o mesmo, ontem, hoje, e eternamente; Ele pode ser
aquilo que quiser ser. Ele é, Ele era, e Ele há de vir. Veja Apocalipse 1.8.
(3) Que não podemos, investigando, descobri-lo. Este é um nome que censura
todas as indagações ousadas e curiosas a respeito de Deus, e na verdade diz: Não
pergunte o meu nome, visto que é segredo, Juízes 13.18; Provérbios 30.4.
Perguntamos o que Deus é? E suficiente para nós sabermos que Ele é o que é, o
que Ele sempre foi, e sempre será. Quão pouco é o que temos ouvido dele! Jó
26.14. (4) Que Ele é fiel e verdadeiro em todas as suas promessas, imutável em
sua palavra assim como em sua natureza, e não um homem que mente. Que Israel
saiba disso: EU SOU me enviou a vós”. HENRY. Matthew. Comentário
Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 235.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
A pronúncia do tetragrama, YHWH, o que seria o nome exato de Deus,
perdeu-se no tempo.
III. TOMAR O NOME DE DEUS EM VÃO
1. O
terceiro mandamento (Êx 20.7; Dt 5.11). O termo hebraico lashaw,
"em vão, inutilmente, à toa", indica algo sem valor, irreal no
aspecto material e moral. A Septuaginta emprega a expressão grega epimataio,
"impensadamente". O substantivo shaw (pronuncia-se "chav")
significa "vaidade, vacuidade". Corresponde a usar o nome de Deus de
forma superficial, em conversas triviais, e faltar com a verdade em seu nome,
como ao pronunciar um juramento falso (Lv 19.12) ou fazer um voto e não o
cumprir (Ec 5.4). [Comentário: O Catecismo Menor de Martinho Lutero sobre
este mandamento diz: “Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, por
isso, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a magia, mentir ou enganar;
mas devemos pedir a sua ajuda em todas as necessidades, orar, louvar e
agradecer”. O mesmo escreve Russell Norman Champlin em obra já citada:
“Abusos contra o nome de Deus. Vários desses abusos eram e continuam sendo
possíveis: 1. O trivial. Até mesmo crentes exclamam, descuidadamente: “Ó meu
Deus!” E até mesmo crentes piedosos falam de modo frívolo acerca do Senhor, como
se Ele fosse apenas um bichinho de estimação. Combato essa forma ridícula de
teísmo de acordo com a qual qualquer pensamento ou ato trivial é lançado na
conta do Senhor. Trata-se de uma forma de auto- exaltação. Pois se o grande
Deus está conosco em questões tão pequenas, então quão importantes nós somos.
Em contraste com isso, os israelitas piedosos nem ao menos pronunciavam o nome
divino Yahweh, mas corrompiam-no de alguma forma, para não se tornarem culpados
de estarem tomando o nome de Deus em vão. 2. Nas artes mágicas e nos
juramentos. Como nas conjurações e nos ritos pagãos. Ver Gn 32.27,29. O nome de
Yahweh não podia ser usado em tais atividades. 3. O nome de Yahweh não podia
ser misturado com os nomes de divindades pagãs, como se fizesse parte de algum
panteão gentílico. 4. A proibição do uso do nome divino incluía a ideia de
empregar o nome de Deus para invocar os mortos. O nome de Yahweh não podia ser
misturado à bruxaria. 5. O nome de Yahweh não podia ser usado nos juramentos
falsos, como se a veracidade de uma pessoa pudesse ser apoiada pelo grande DEUS
(Lev. 19.12). 6. Embora 0 texto sagrado não o diga especificamente, temos aqui
um mandamento contra toda espécie de profanação por meio de palavras, incluindo
ou não os nomes divinos. O texto por certo subentende o uso devido da língua,
em questões tanto sagradas quanto seculares. “Maldições e juramentos devem-se
ao desejo de impressionar os outros. A maneira mais fácil de chocar outra
pessoa e chamar sua atenção é o uso de alguma coisa sagrada ou nome santo. Mas
o efeito desgasta-se quase imediatamente, e a blasfêmia passa a ser apenas um
hábito inconveniente, expressando impotência e fraqueza de caráter” (J. Coert
Rylaarsdam, in loc.). Ameaças. Nenhuma punição é imposta aqui aos faltosos, mas
fica entendido que o homem que usasse indevidamente o nome de Yahweh não
escaparia do devido castigo. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391.]
2.
Juramento e perjúrio. O juramento é o ato de fazer uma afirmação ou
promessa solene tomando por testemunha algum objeto tido por sagrado; o
perjúrio é o falso juramento. As palavras do Senhor Jesus, "ouvistes que
foi dito aos antigos" (Mt 5.33), não se referem ao Antigo Testamento, mas
aos antigos ensinos dos rabinos, às suas interpretações peculiares das
passagens da lei que falam sobre o tema (Êx 20.7; Lv 19.12; Dt 6.13). Isso fica
claro, pois as palavras seguintes, "Não perjurarás, mas cumprirás teus
juramentos ao Senhor", não aparecem em nenhum lugar no Antigo Testamento.
[Comentário: A manter uma consideração muito reverente ao
santo nome de Deus (v. 12), e não conclamá-lo como testemunha, seja: 1. De uma
mentira: “[Não] jurareis falso pelo meu nome”. Já é ruim dizer uma mentira,
porém jurar é muito pior. Ou: 2. De uma brincadeira, e impertinências: “Pois
profanaríeis o nome do vosso Deus” - usando-o com qualquer outro propósito
diferente daquele para o qual deve ser religiosamente usado. HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio.
Editora CPAD. pag. 410.]
3.
Modalidades de juramentos. As autoridades israelitas escalonavam o juramento
em diversas modalidades: pelo céu, pela terra, por Jerusalém (Mt 5.34-36), pelo
Templo e pelo ouro do Templo; pelo altar e pela oferta que está sobre o altar e
assim por diante (Mt 23.16-22). Segundo essa linha de pensamento, os juramentos
se classificavam em obrigatórios e não obrigatórios. Jurar pelo Templo não
seria válido; mas, se alguém jurasse pelo ouro do Templo, estava obrigado a
cumpri-lo. Tais crenças e práticas eram condenadas nas Escrituras Sagradas.
Tudo isso era uma forma de ocultar o pecado.. [Comentário: o Comentário Bíblico Beacon, sobre Juramentos (5.33-37): “A lei
mosaica dizia: Não perjurarás (33; Lv 19.12; Nm 30.2; Dt 23.21), isto é, “jurar
falsamente” - no Novo Testamento, este verbo só é encontrado aqui. Mas Jesus
disse: De maneira nenhuma jureis (34). Ele proibiu especificamente jurar pelo
céu, pela terra, por Jerusalém, ou pela nossa própria cabeça (34- 36). Os
judeus defendiam que jurar pelo nome de Deus vinculava aquele que fazia o
juramento, mas jurar pelo céu não trazia nenhum vínculo. Assim, os itens acima
eram substituídos como uma forma de subterfúgio, para não se dizer a verdade.
Bengel cita o ditado rabínico: “Como o céu e a terra passarão, assim também o
juramento passará, pois os conclamou como testemunhas”.36 Jesus defendeu que
Deus está sempre presente quando os homens falam; por esta razão, todos devem
falar honestamente. O mandamento de Cristo foi: Seja, porém, o vosso falar:
Sim, sim; não, não (37) - ou, como Beck apresenta: “Simplesmente diga: ‘Sim,
sim; não, não’ ’’.Apropria prática de jurar é um triste reflexo do caráter
humano. Jesus exige honestidade o tempo todo, esteja um homem sob juramento ou
não. Não há um padrão duplo para o cristão. Ralph Earle. Comentário
Bíblico Beacon. Mateus. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 60-61.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
O terceiro mandamento corresponde a usar o nome de Deus de forma
superficial, em conversas triviais, fúteis e insignificantes.
IV. O SENHOR JESUS PROIBIU O
JURAMENTO?
1.
Objetivo do terceiro mandamento. A finalidade é pôr um freio na
mentira, restringir os juramentos e assim evitar a profanação do nome divino
(Lv 19.12). O Senhor Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso a santificar o
nome divino (Mt 6.9). Ninguém deve usar o nome de Deus nas conversas triviais
do dia a dia, pois isso é misturar o sagrado com o comum (Lv 10.10). O Senhor
Jesus condenou duramente essas perversões farisaicas, práticas que precisavam
ser corrigidas ou mesmo substituídas. Este mandamento foi restaurado sob a
graça e adaptado a ela na nova dispensação, manifesto na linguagem do cristão:
"sim, sim; não, não" ( Mt 5.37). [Comentário: O cristão
não deve precisar fazer juramento algum em sua vida diária, seu falar deve ser
“sim, sim” e “não, não”, como ensina Jesus. Somente a sinceridade total, sem um
juramento de garantia, assegura a verdadeira fraternidade. Jesus afirma: Vocês
sequer devem jurar, ou seja, vocês não devem fazer uso de todos esses
juramentos de corroboração e juramentos compromissivos e não compromissivos.
Vocês se enganam se pensam que, com essas artimanhas, podem escapar da maldição
divina. Outra vez recorro a Russell Norman Champlin, quando este escreve: “Sim,
sim... não, não». A repetição da palavra é a confirmação ou não da verdade. A
garantia da honestidade do indivíduo deve ser a confiança na sua simples
palavra. Provavelmente Jesus insistiria que tal honestidade deve ser inspirada
pela consciência da presença de Deus e a relação do homem para com o Senhor. O
homem cônscio da presença de Deus e que sente responsabilidade para com Deus,
não mente. Tal honestidade não requer a confirmação de qualquer juramento. E o
juramento feito—pelo homem desonesto—não tem valor. A desonestidade de nossa
natureza se expressa não apenas na tendência em nos desviarmos da verdade pura,
mas também na esperança de que nossos semelhantes façam a mesma coisa. A
prática dos juramentos apenas agrava essa situação, porque o próprio juramento
é usado para enganar, confirmando de maneira séria uma desonestidade. «Vém do
maligno:». Alguns interpretam *do diabo», que é o ser maligno (Eut., Zig.,
Cris., Teof., Beza, Zwinglio, Fritzche, Meyer e outros). Ninguém negaria que,
segundo as ideias básicas do N.T., todo mal tem origem na pessoa do diabo,
direta ou indiretamente; mas a referência aqui é à perversidade dos homens que
empregam o juramento com o fito de enganar e cumprir propósitos desonestos,
profanando o nome de Deus nesse processo. Dificilmente tais homens usam de
juramentos sem algum tipo de maldade. O próprio juramento tende a provocar a
maldade. Não jures. Aquele que jura, mente. Aquele que mente, rouba. Que mais
não faria o homem?” CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 316.]
2. A
proibição absoluta. Há os que entendem que a expressão "de
maneira nenhuma" (Mt 5.34) é uma proibição de toda e qualquer forma de
juramento. Entre os que defendem essa interpretação estão os amish e os
quakers, que nos Estados Unidos se recusam a jurar nos tribunais de justiça.
Eles acreditam que o Senhor Jesus não fez declaração sob juramento diante do
Sinédrio (Mt 26.63,64). De igual modo, o apóstolo Paulo evitava fazer
juramentos em afirmações solenes (Rm 9.1; 1 Co 1.23). [Comentário: O abuso que os judeus faziam dos juramentos, levou Jesus a dizer,
de modo nenhum jureis. É difícil achar uma brecha nesta diretiva (veja também
Tiago 5:12). Assim, o crente não deveria jurar para autenticar suas
declarações. Até mesmo o Estado deveria geralmente permitir uma afirmação em
lugar do juramento exigido. Pelo céu. Os judeus usavam a sua engenhosidade para
classificar os diversos juramentos, e geralmente perdoavam aqueles que não
mencionassem Deus especificamente. Jesus mostrou que tal raciocínio
enganosamente sutil era falso, pois Deus continua implicado quando os homens
invocam os céus, a terra, ou Jerusalém; e até quando se jura pela própria cabeça
está implicado Aquele que tem poder sobre a mesma. Seja, porém, o vosso falar:
Sim, sim. Uma solene afirmação ou negação é o suficiente para o crente. O que
passa disto. Acrescentando juramentos às nossas declarações, ou admitimos que
não se pode confiar em nossas palavras costumeiras, ou nos rebaixamos ao nível
de um mundo mentiroso, que vem do maligno.]
3. A
proibição relativa. Outros afirmam que a proibição de Jesus se
restringe aos juramentos triviais, e por essa razão o Senhor Jesus foi
específico: "de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, [...] nem pela
terra, [...] nem por Jerusalém, [...] nem jurarás pela tua cabeça (Mt 5.34-36).
Outro argumento é que homens de Deus no Antigo Testamento faziam juramentos em
situação solene e o próprio Deus jurou por si mesmo (Gn 24.3; 50.6,25; Hb
6.13,16). Consideram, ainda, como juramento a resposta de Jesus e as
declarações solenes de Paulo (Mt 26.63,64; Rm 9.1; 1 Co 1.23). Essas últimas
passagens bíblicas não parecem conclusivas em si mesmas; entretanto, a proibição
relativa nos parece mais coerente. Mesmo assim, devemos evitar o juramento e
substituir o termo por voto solene em cerimônias de casamento. [Comentário: Segundo a tradição judaica, os juramentos sob o nome de DEUS eram
válidos, tinham força, mas os que excluíssem o nome de Deus nada valiam. Jesus
agora nos ensina que os dois preceitos são enganosos, visto que necessariamente
Deus se envolve em cada transação — o céu é o seu trono, a terra é o estrado de
seus pés, a cidade de Jerusalém é a cidade do grande Rei, e nós não conseguimos
controlar nem mesmo a cor de nossos cabelos. (Barclay, vol. 1, pp. 159-60). Os
que os seguidores de Jesus devem fazer é simplesmente dizer sim ou não, e
honrar a palavra empenhada. Schweizer escreve: “Quando a palavra humana se
deteriora de tal modo que sob certas circunstâncias sim pode significar não, e
não sim, a comunidade está destruída” (p. 128). Estar sob o governo de Deus
(isto é, em seu reino) é ser digno de confiança absoluta e honesto de modo
transparente. Afastar-se desse princípio é cair sob a influência do maligno.
Por toda a história da igreja tem havido crentes que acham que é errado fazer
juramentos, sejam eles de que natureza forem. Entretanto, Jesus permitiu ao
sumo-sacerdote que o colocasse sob juramento (Mateus 26:62-64), e Paulo invocou
a Deus, para que lhe servisse de testemunha (2 Coríntios 1:23; cp. Gaiatas
1:20). O assunto sob consideração em Mateus não é tanto a questão de se fazer
um juramento, mas a necessidade de se falar a verdade em todas as ocasiões. E
inevitável que Jesus penetre a fundo na legislação, para chegar aos princípios
essenciais que ela pretende ensinar. Codificar o ensino de Cristo é o mesmo que
destruí-lo. As “regras” do Senhor vão muito mais longe do que toda nossa
habilidade para regulamentar o exterior de modo satisfatório. Os princípios de
Jesus nada exigem senão a entrega interior, total, aos propósitos e à natureza
de Deus. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus.
Editora Vida. pag. 58-59.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
A linguagem do cristão deve ser usada na perspectiva de Jesus: sim, sim
ou não, não.
CONCLUSÃO
A linguagem do
cristão deve ser sim, sim ou não, não. Não há necessidade de jurar, pois o
testemunho, como crente em Jesus, fala por si mesmo. Se alguém precisa jurar
para que se acredite em suas palavras, tal pessoa precisa fazer uma revisão de
sua vida espiritual. Por essa razão, devemos viver o que pregamos e pregar o
que vivemos. [Comentário: “Os fariseus desenvolveram regras elaboradas
a respeito dos juramentos, e somente aqueles que empregavam o nome divino eram
obrigatórios. Jesus ensina que um juramento é obrigatório independentemente do
método utilizado. O uso de um juramento é supérfluo quando a palavra de alguém
é suficiente. Fazer um juramento é uma confissão implícita de que nem sempre
falamos a verdade! Assim, a recomendação de Jesus para nós é: seja o vosso
falar “sim, sim”, “não, não”, o que passar disso é de procedência maligna. Está
claro que Jesus não proíbe juramentos em tribunais, porque ele mesmo respondeu
a Caifás sob juramento (Mt 26.63,64). Paulo fez apelos solenes a Deus (1 Co
15.31; 1 Ts 5.27). Devemos entender, então, que a determinação de Cristo sobre
este assunto é que não devemos jurar, de.maneira nenhuma, exceto quando
estivermos devidamente obrigados a isto, e quando a justiça ou a caridade para
com o nosso irmão, ou o respeito pela comunidade tornarem necessário o
juramento para o fim da contenda (Hb 6.16)]. “NaquEle que me garante:
"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de
Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.