LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Daniel 1.1,2; 7.1; 12.4.
Daniel 1
1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 - E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma
parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar,
para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.
Daniel 7
1 - No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua
cama, um sonho e visões da sua cabeça; escreveu logo o sonho e relatou a suma
das coisas.
Daniel 12
4 - E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do
tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conhecer panoramicamente o livro de Daniel.
- Explicar a autoria e a história por trás do livro de Daniel.
- Compreender os fatos que propiciaram o exílio na Babilônia.
PALAVRA CHAVE
Providência: Ação pela qual Deus conduz os
acontecimentos e as criaturas para o fim que lhes for destinado.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Estamos iniciando o último trimestre de 2014, durante as próximas lições
estudaremos Daniel. Esse livro bíblico traz muitas orientações para a
integridade moral e espiritual do povo de Deus. Na aula de hoje faremos uma
apresentação panorâmica do livro, destacando sua atualidade em relação às
questões morais e espirituais que a igreja tem enfrentado. Mostraremos que
Daniel, de certo modo, é nosso “contemporâneo”, na medida em que se identifica
com os mesmos desafios que a igreja precisa enfrentar em períodos de crise.
1. DANIEL, O PROFETA
Daniel, cujo nome significa “Deus é meu Juiz” foi um profeta (Mt.
24.15), do qual pouco podemos saber a respeito, além do que nos está registrado
na Bíblia. Como Isaias era também membro da tribo de Judá, e ao que tudo
indica, membro da família real (Dn. 1.3-6). Em razão do cativeiro judaico na
Babilônia, Daniel teria sido levado muito jovem para essa terra (Dn. 1.4), no
terceiro ano de Joaquim (605 a. C.), oito anos antes da ida de Ezequiel para
esse mesmo cativeiro. Quando à Babilônia, Daniel foi colocado na corte de
Nabucodonosor, tornando-se conhecedor da ciência dos caldeus, e se destacando
em seu conhecimento diante dos demais sábios. Uma demonstração da superioridade
do conhecimento de Daniel foi reconhecida na capacidade dada por Deus para
interpretar o sonho de Nabucodonosor. Esse episódio deve ter ocorrido no segundo
ano do seu reinado, por volta do ano 603. a. C. Alguns anos mais tarde sucedeu
o segundo sonho de Nabucodonosor, também interpretado pelo profeta. Daniel foi
levado a uma alta posição de poder durante o reinado babilônico. Ele passou 70
anos no cativeiro, tendo acompanhado o governo medo-persa, de Dario e Ciro.
Justamente durante esse governo o profeta de Deus foi lançado na cova dos
leões, por causa da sua fidelidade a Deus. Daniel nos deixou um legado de
fidelidade a Deus, mesmo nos períodos de crise moral e espiritual. O livro de
Daniel se acha dividido em duas partes (1) histórica e (2) profética, na
primeira parte Daniel é apresentado em terceira pessoa; na segunda parte ele
mesmo narra os episódios. A seguir destacamos os princípios assuntos: 1) Daniel
e seus companheiros na corte de Nabucodonosor; 2) o sonho do rei com respeito à
grande imagem, simbolizando quatro reinos; 3) a fornalha de fogo na qual são
lançados os companheiros de Daniel; 4) o sonho de Nabucodonosor no qual foi
vista e uma grande árvore; 5) o banquete suntuoso e profano de Belsazar; 6)
Daniel é lançado na cova dos leões por causa da sua fidelidade a Deus; 7) visão
dos quatro grandes animais que subiam do mar, e seu juízo diante do Ancião de
Dias; 8) visão do carneiro com dois chifres, ferido pelo bode, que tinha um
chifre entre os olhos; 9) compreensão da profecia de Jeremias (Jr. 25.12;
29.10), quanto aos setenta anos das idolatrias de Jerusalém; e 10) outras
visões de Daniel a respeito do futuro de Israel e das outras nações.
2. NOSSO “CONTEMPORÂNEO”
O cenário espiritual de Judá, nos tempos do profeta Daniel, era caótico,
isso porque nos anos 608 a 597 a. C., Joaquim reinava em Jerusalém (II Rs.
23.34). Naqueles dias duas nações lutavam pelo controle da região, a saber,
Assíria e Egito. Neco, rei do Egito, subira para batalhar contra o rei da
Assíria (II Rs. 23.29, Josias, que era o rei de Judá, decidiu atacar o Egito,
mas morreu na batalha de Carquemis, em 608 a. C. Neco, em resposta ao ataque,
destituiu a Jeocaz, filho de Josias, tendo esse reinado apenas três meses,
impondo pesados tributos a Judá, constituindo rei a Jeoaquim, irmão deposto de
Jeocaz (II Rs. 23.31-35). Joaquim foi um rei ímpio, tendo este rasgado e
queimado o rolo da Palavra de Deus, que continha as mensagens do profeta
Jeremias (Jr. 36.20-26). De certo modo a situações política daquela época não é
diferente dos desafios que temos enfrentado nos dias atuais. A Palavra de Deus
está sendo desconsiderada, os governantes estão preocupados, a fim de agradar a
determinados grupos, em retirar os princípios cristãos de pauta. Acompanhamos,
na sociedade brasileira, um processo de descristianização do valores, e uma
processo contínuo de secularização. Alguns sacerdotes estão fazendo conchavos
com os políticos, a fim de tirarem proveito pessoal das iguarias que lhes são
oferecidas. Os profetas de Deus, tal como Jeremias e Daniel, estão denunciando
esses impropérios, e por isso estão sendo perseguidos. Como fez Joaquim com o
profeta Urias, ao desagradá-lo com mensagens contrários, alguns governantes
estão perseguindo, e se for o caso, matando os profetas de Deus (Jr. 26.20-23).
Mas Deus acompanha os acontecimentos, Ele é Senhor da história, no ano 606 a.
C., o cenário militar foi modificado, uma vitória de Nabucodonosor, da
Babilônia, sobre Neco, consolidou esse governo como uma potencial mundial. Em
605 a. C., após várias incursões sobre Jerusalém, Nabucodonosor domina aquele
local e leva cativo os nobres, dentre eles Daniel, para o cativeiro, o rei Joaquim rendeu-se sem resistência.
A abominação tomou conta de Jerusalém, pois em 586 a. C., após dezoito meses de
sítio, os exércitos do rei da Babilônia saquearam a cidade, destruindo também o
templo. O reinado de Nabucodonosor durou o período de 43 anos, tendo sido uma
período de desolação para o povo judeu, por se encontrar no cativeiro (Sl.
137.1-9).
3. IDENTIFICAÇÃO COM DANIEL
Daniel nos mostra como viver para Deus em temos de falta de integridade
moral e espiritual, principalmente na juventude. Por meio dos profetas o povo
de Judá foi advertido, Jeremias e Habucuque anteciparam que a Babilônia
invadiria Jerusalém, e levaria seu povo cativo. O testemunho de Daniel inspira
os crentes a viverem em santidade, e se aproximarem de Deus, ainda que a
maioria relativize Sua palavra. Daniel estava diante de uma geração que estava
colhendo os frutos que os seus pais haviam semeado (Dn. 1.2). Isso nos mostra
que a apostasia espiritual não acontece de uma hora para outra, é resulta de
uma negligência paulatina, um distanciamento sutil da Palavra de Deus. O povo
de Israel, ao invés de confiarem na Palavra, estavam se fundamentando no templo
(Jr. 7.7). Os templos são necessários, e importantes para as igrejas, mas é a
Palavra que conduz às vidas pelos caminhos do Senhor. Um templo suntuoso não
salvará uma igreja da ruína espiritual, o avivamento não depende de estruturas
arquitetônicas, mas da dependência de Deus. Daniel nos inspira a continuar
acreditando na intervenção divina, mesmo diante dos tempos difíceis, a despeito
de suas perdas e das vicissitudes pelas quais passou, seu coração permanecia em
Deus. Ao invés de murmurar pelas adversidades, o jovem Daniel buscou
discernimento e aproveitou as oportunidades, para estudar na Universidade da
Babilônia. Ainda que Nabucodonosor quisesse desintegrar a identidade dos jovens
judeus, inclusive alterando os seus nomes, Daniel sabia quais eram suas raízes,
e se matinha fiel aos seus princípios. Durante o período em que esteve naquela
Universidade, Daniel equilibrou o seu tempo, de modo a não se deixar contaminar
com as iguarias do rei, e dedicando tempo sua vida devocional diante do Senhor
(Dn. 1.5). O homem de Deus sabia que não podia se deixar dominar pela
aculturação, isto é, pelo domínio cultural dos babilônicos, aprendeu a tirar
proveito do que era necessário, mas sem relativizar seus valores judaicos. O
mundo pode tentar modificar os nossos nomes, mas não pode mudar nossos
corações, como Daniel não podemos esquecer-nos de quem somos, e o propósito
para o qual fomos criados.
CONCLUSÃO
Mesmo quando obteve honra em sua vida profissional, Daniel não se
esqueceu de Deus. Após a conclusão da sua graduação, passou a servir no palácio
de Nabucodonosor, mas sempre se manteve fiel aos seus princípios. Aqueles que
fazem a vontade de Deus seguirão seu curso, mesmo depois da queda dos impérios,
assim ocorreu com Daniel, que serviu até o primeiro ano de Ciro, rei persa,
depois da queda da Babilônia. Deus está no comando das situações da vida
daqueles que decidem viver para Ele, mesmo nos tempos de crise a mão do Senhor
estarão sobre eles. O futuro está no controle de Deus, ao Seu tempo fará o que
Lhe apraz, conforme Seus desígnios.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Dada à importância do livro de Daniel, nós o estudaremos sob a
perspectiva da escatologia bíblica. Indiscutivelmente, Daniel é um profeta
bíblico que não ficou restrito ao passado. Ele é contemporâneo! O seu nome, a
sua vida e obra são um exemplo de perseverança em Deus. Embora vivendo em
circunstâncias adversas e numa cultura pagã, Daniel não perdeu a fé no Deus
Altíssimo e o vínculo com o seu povo. O capítulo 24 do Evangelho de Mateus
revela um dos mais importantes discursos proféticos de Jesus. Ali, o Mestre de
Nazaré cita o profeta Daniel (v.15). Conquanto as profecias de Jesus nos
remetam ao contexto de Israel, as evidências proféticas descritas em Mateus 24
não se aplicam apenas à história do povo judeu, mas igualmente à todas as
etapas da história humana como descrita no livro de Daniel. [Comentário:
Neste último trimestre estudaremos o incomparável livro de Daniel, e
estaremos em contato com alguns dos temas de profecia mais importantes. Daniel,
estadista na corte de impérios pagãos da Babilônia e da Pérsia, criado e
formado no palácio do reino de Judá, não exercia nenhuma atividade religiosa,
já que não era da família sacerdotal, nem era um profeta. Entretanto, sua
fidelidade a Deus e o seu temor demonstrado, deu-lhe o privilégio de ser alguém
que Deus revelaria coisas profundas acerca do futuro do seu povo exilado na
Babilônia. A vida e o ministério de Daniel, o profeta e estadista,
desenvolveram-se em meio a grandes mudanças e transformações sociais,
religiosas e políticas do mundo de então. Com o desaparecimento do Império
Assírio em 606 a.C., entra no cenário o poderoso Nabucodonosor que se tornou um
dos mais famosos reis de todo o “Crescente Fértil”, cujo reinado durou 43 anos.
Nesse período, Nabucodonosor foi um imperador tenaz e conquistador, além de ter
restaurado cidades e templos em ruínas, ele construiu canais, represas e
portos, contribuindo com a civilização daquela época. Foi ele que conquistou
nações e, entre as quais, o reino de Judá e seus príncipes e sábios. Daniel,
Ananias, Misael e Azarias foram os jovens levados cativos, dos filhos de Judá,
para o Palácio da Babilônia. A estes quatro jovens, Deus deu o conhecimento e a
inteligência em todas as letras, e, a Daniel, deu entendimento em toda a visão
e sonhos (Dn 1.17). A contemporaneidade de Daniel diz respeito ao fato de que
as visões e revelações concedidas por Deus a ele têm uma abrangência profética
aos nossos tempos. Desde o período do cativeiro babilônico, passaram-se
aproximadamente 2.500 anos (550 a.C. — 2.014 d.C.) e o profeta Daniel é,
indiscutivelmente, um profeta que não ficou restrito ao passado. Daniel é um
profeta para nossos tempos; é um profeta contemporâneo. O nome, a vida e a obra
do profeta Daniel são um exemplo de um homem que, mesmo estando em
circunstâncias adversas, em meio a uma cultura pagã, não perdeu o vínculo com o
seu povo e com a sua fé em Deus. No Evangelho de Mateus temos um dos mais
importantes discursos proféticos de Jesus no qual Ele cita o profeta Daniel (Mt
24.15). As profecias de Jesus tinham um caráter especial porque se referiam
essencialmente ao povo de Israel. Entretanto, podemos perceber que as
evidências proféticas não se restringiam apenas a Israel, mas tinham e têm um
alcance e abrangência à toda a humanidade. A preocupação de Jesus era responder
a algumas questões que os judeus faziam quanto à vinda do Messias para
estabelecer o seu Reino na terra. Alguns biblicistas e pesquisadores da
história bíblica, ao analisarem o livro de Daniel do ponto de vista
histórica-crítica, criaram dificuldades para aceitar o conteúdo profético e
teológico do livro de Daniel. Porém, o cumprimento de algumas das profecias na
história de Israel, não só deram credibilidade ao livro, como serve de base
para o cumprimento do restante da profecia para o “fim do tempo” (Dn 8.17).
Portanto, o livro de Daniel não pode ser relegado a um papel secundário no
cânon das Escrituras. A igreja de Cristo reconhece o valor da história e da
profecia desse livro e proclama a Fé no Deus Todo-Poderoso que controla e
domina a história. Para entendermos o livro de Daniel em termos de história e
profecia, precisamos conhecer alguns elementos que dão consistência ao seu
estudo. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro
de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 17-19] Convido você para mergulharmos mais fundo nas
Escrituras!
I. A HISTÓRIA POR TRÁS DO LIVRO DE DANIEL
1. A formação histórica de Israel. A história do povo judeu começa com Abraão e
Sara (Gn 12.1-3). Eles tiveram um filho chamado Isaque, o filho da promessa de
Deus (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Isaque, por sua vez, gerou dois filhos, Esaú e
Jacó. Do segundo filho, Jacó, surgiu um clã de 12 filhos. O clã cresceu e
multiplicou-se e, posteriormente mudou-se para o Egito. Ali a família de Jacó
aumentou em número, tornando-se um povo altamente abundante em terra
estrangeira. A partir de então, formou-se Israel, a futura nação projetada por
Deus. Mas com o passar do tempo a família judaica perdeu as benesses que
desfrutava nos anos do rei egípcio que respeitava a liderança e a história de
José no Egito. Entretanto, através de uma intervenção divina, e sob a liderança
de Moisés, os israelitas saíram do Egito e peregrinaram pelo deserto até a
terra de Canaã por quarenta anos. A partir da libertação egípcia, Israel viveu
sob a égide de um governo teocrático, isto é, governado diretamente por Deus e
através de homens chamados por Ele para esta função. [Comentário: Deus deu início a uma nação
separada para Si chamando Abraão para andar em Sua presença. Deus, em sua
presciência escolheu Abraão, um dos personagens mais extraordinários da Bíblia
Sagrada, para ser o protótipo de um projeto que o colocaria na história. Abraão
e sua mulher Sara (Gn 12.1-3) seriam o ponto de partida para o cumprimento desse
projeto. De Abraão sairia uma família, uma raça, uma etnia especial que
representaria os interesses de Deus na terra. Abraão e Sara, na sua velhice,
geraram um filho especial chamado Isaque, o filho da promessa (Gn 15.4; 17.18;
21.1-3). Isaque se casa com Rebeca e gera dois filhos, os gêmeos Esaú e Jacó.
Do segundo filho Jacó, com uma prole de 12 filhos foi formada uma nação, a
nação projetada por Deus. A família de 12 filhos cresceu e, por esse modo, os
desígnios de Deus para a semente de Abraão se cumpriam historicamente.
Obedecendo ao propósito divino, esta família mudou-se, posteriormente, para o
Egito. Naquela terra, a família aumentou em número tornando-se um povo
gigantesco. Com a morte do antigo Faraó e morto, também, José, a família
proliferou-se na terra do Egito, mas perdeu as benesses do tempo de José e
passaram a viver como escravos por quatrocentos anos, até que Deus os tirou do
Egito com mão forte e poderosa. Os filhos de Jacó tornaram- se conhecidos como
os filhos de Israel. Saíram do Egito, por uma intervenção divina e viveram no
deserto por quarenta anos sob a liderança de Moisés. A partir de então, esse
povo viveu sob a égide de um governo diretamente de Deus, um governo
teocrático, através de homens chamados para esse mister. Elienai Cabral.
Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
Editora CPAD. pag. 19-20. Hernandes Dias Lopes, escreve em sua obra DANIEL
Um homem amado no céu (Editora Hagnos): A família tornou-se uma nação. Esta
desceu ao Egito, onde permaneceu quatrocentos anos. Deus tirou Israel do
cativeiro com mão forte e poderosa. Dez pragas vieram sobre o Egito,
desbancando as divindades do maior império do mundo. Israel perambulou no
deserto quarenta anos sob a liderança de Moisés. Durante sete anos conquistou a
terra, sob a liderança de Josué. Surge a Teocracia no período dos juízes. Esse
tempo durou cerca de trezentos anos, quando Israel oscilou entre pecado, juízo,
arrependimento e restauração. Depois da Teocracia veio a Monarquia. Cento e
vinte anos de Reino Unido sob Saul, Davi e Salomão. Com a morte de Salomão em
931 a.C., sob o governo de seu filho Roboão, o reino se dividiu em: reino do
Norte e Reino do Sul. O Reino do Norte, formado por dez tribos teve dezenove
reis, com 8 dinastias (uma sequência de governantes considerados como membros
da mesma família). Por causa de sua obstinação e desobediência foram levados
cativos em 722 a.C., pela Assíria, e jamais foram restaurados. O Reino do Sul,
formado pelas tribos de Judá e Benjamim, procedia da dinastia davídica. Esse
reino teve vinte reis e experimentou altos e baixos, momentos de glória e
tempos de calamidade, reis piedosos no trono e reis perversos e maus. Esse
reino alternou momentos de volta para Deus e momentos de rebeldia. Porque o
povo abandonou a Deus e não quis ouvir sua Palavra, Deus enviou seu juízo sobre
a nação. Os caldeus vieram contra eles, e Deus os entregou nas mãos de
Nabucodonosor, rei da Babilônia. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem
amado no céu. Editora Hagnos. pag. 18-19.].
2. O governo teocrático. Moisés morreu e o seu substituto foi Josué.
Sob o seu comando, Israel conquistou a terra de Canaã e instituiu um governo em
que a autoridade governamental vinha de Deus — a teocracia. Esse período
perdurou aproximadamente trezentos anos, incluindo o período dos juízes. Foi um
tempo difícil porque Israel afastou-se da direção divina e “cada um fazia o que
parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). [Comentário: Teocracia (do grego Teo: Deus + kratos: governo)
é o sistema de governo em que as ações políticas, jurídicas e policiais são
submetidas às normas de alguma religião. O poder teocrático pode ser exercido
direta ou indiretamente pelos clérigos de uma religião http://pt.wikipedia.org/wiki/Teocracia.
Atualmente, Israel que é oficialmente um Estado judeu (Israel opera sob um
sistema parlamentar como uma república democrática com sufrágio universal, mas o
judaísmo recebe privilégios do governo, por representar 81% da população
israelita). Frequentemente descrito como sendo um Estado teocrático. Durante o
período que Israel caminhou pelo deserto, o povo aprendeu a depender de DEUS
sob uma liderança teocrática através de Moisés. Quando Moisés morreu, Deus
levantou Josué para substituí-lo e, sob o seu comando, Israel conquista a terra
de Canaã. O período seguinte corresponde o dos juízes que dura aproximadamente
trezentos anos, quando o governo teocrático continua. O período dos Juízes foi
um período difícil porque Israel afastou-se da direção divina preferindo a
Monarquia. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do
Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 20. Pfeiffer vai
dizer que “Um dos principais elementos da aliança entre Deus e Israel é a
soberania de Deus. Este fato tem sido explicado e enfatizado nos últimos anos
pela descoberta de algumas semelhanças entre a escravidão hitita, ou tratados
de suserania, e a aliança de Israel com Deus (veja Meredith Kline, Treaty ofthe
Great King, Eerdmans, 1963). No NT, a ideia do governo de Deus é tirada da
esfera política, e se torna um sinônimo do reino de Deus, que é constituído
pelo governo de Deus entre os cristãos (e dentro de cada cristão), mas que só
poderá ser visto literalmente no final, quando Jesus Cristo retornar para
inaugurar o reino milenial”. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico
Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1909]
3. O governo monárquico. O reino de Israel esteve sob a liderança de
Saul, Davi e Salomão por cento e vinte anos. O rei Salomão morreu em 931 a.C.
marcando assim a decadência política, moral e religiosa da monarquia. Roboão, o
seu filho, assumiu o reino, mas acabou dividindo-o em dois: o do Norte e o do
Sul. O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas
tribos, Judá e Benjamim. No ano de 722 a.C. o Império Assírio dominou o reino
do Norte e subjugou o seu rei, os príncipes e todo o povo. O reino do Sul teve
momentos de glória, mas igualmente de calamidades. Constituído por alguns reis
piedosos e outros ímpios, acabou por ser invadido pelo Império da Babilônia.
Entre os anos 606 a.C. e 587 a.C., Nabucodonosor levou em cativeiro os nobres
de Jerusalém: príncipes, intelectuais e homens de guerra, etc., deixando em
Judá apenas os pobres e os deficientes. Toda esta história propiciou a
intervenção divina na vida de Israel para preservação do projeto original de
Deus. [Comentário: Não era a vontade divina
que Israel tivesse um rei como as outras nações? Embora o rei para eles não
fosse uma escolha errada em si, os israelitas estavam exigindo isso de maneira
equivocada. O povo claramente expôs seus motivos para querer um rei. Primeiro,
os hebreus queriam seguir as práticas das nações vizinhas (1 Sm 8.5). Segundo,
eles queriam um rei para liderá-los nas batalhas (1 Sm 8.20). Ambas as razões
apontavam para a rejeição a Deus como seu Rei (1 Sm 8.7). O Senhor demonstrou
em inúmeras ocasiões que Ele pelejaria as batalhas de Israel. Desde a
miraculosa queda das muralhas de Jericó (Js 6.20) até a fuga do exército dos
midianitas de Gideão (Jz 7.19-22), Deus livrou o Seu povo inúmeras vezes dos
seus inimigos. Por que os israelitas precisariam de um rei agora para
liderá-los nas batalhas? Além disso, Deus deu ao povo a Sua Palavra, os
profetas e os juízes para guiá-lo. Mas a trágica história dos juízes demonstra
que o povo de Deus ignorou a Sua orientação e aderiu às práticas de seus
vizinhos (Jz 3,7). Mais uma vez, os hebreus estavam seguindo seus vizinhos, em
vez de seguir o Deus vivo e a Palavra que Ele tinha dado a eles. Embora Samuel
tenha claramente lhes falado sobre o alerta de Deus, eles teimaram e preferiram
a sua própria vontade em detrimento da vontade o Senhor. Por fim, Deus permitiu
que os israelitas tivessem o que queriam. O Senhor lhes deu um rei como aqueles
vistos nas outras nações. O alto e belo Saul teria sido a escolha perfeita para
um rei. Mas, mediante o reinado trágico de Saul, Deus ensinou aos israelitas
que eles precisavam de um rei que não fosse igual aos reis das outras nações.
Eles precisavam de um rei que obedecesse à Palavra de Deus, em vez de seguir a
sua própria vontade; um rei que confiasse no Senhor, e não em si mesmo. À
sombra dos erros de Saul, Deus treinou o jovem Davi para andar nos Seus
caminhos de maneira que ele pudesse finalmente liderar a nação em retidão. EarI
D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo
Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 468. ]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Deus chamou Abraão e a partir dele deu início à
história do povo judeu.
II. OS FATOS QUE PROPICIARAM O EXÍLIO NA BABILÔNIA
1. O contexto político do reino de Judá. Em 606 a.C.
Nabucodonosor invadiu Jerusalém e, além da nobreza, tomou da cidade todos os
utensílios do Templo: ouro, prata e pedras preciosas. Jeoaquim, rei de Judá,
não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia, perdendo o domínio do seu
reino e também a confiança dos seus valentes. Entre os cativos expatriados para
Babilônia estava o profeta Ezequiel (Ez 1.1-3). O exército de Nabucodonosor
destruiu o Templo, saqueou Jerusalém e arrasou política, moral e
espiritualmente o reino de Judá. Babilônia se impôs como império por mais de
quatro décadas. Israel foi humilhado, passando de nação próspera à tributária
da Babilônia! [Comentário: Russell Norman Champlin
escreve em sua obra intitulada “Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo” (Editora Hagnos), que “Antes do cativeiro babilônico de Judá,
houve o cativeiro assírio que envolveu a nação do norte, Israel. A queda de
Samaria, capital do reino do norte, ocorreu em 722 a.C. O domínio assírio sobre
Judá começou em 721 a.C., quando caiu o reino do norte, mas Judá nunca se tornou
uma província assíria, embora tivesse pago tributo regularmente aos reis
assírios. Com o surgimento do reino caldeu, sob Nabucodonosor (605— 562 a.C.),
a situação de Judá piorou rapidamente. Em 598 a.C., Nabucodonosor invadiu Judá
e levou para o cativeiro o seu rei, Jeoaquim, e muitos dos principais cidadãos
dessa nação. O trecho de II Reis 24.15 mostra-nos que Ezequiel se encontrava
entre esses exilados. Os eruditos discordam quanto ao modo geral e ao número
das deportações. Presumivelmente, antes disso, em cerca de 605 a.C., houve
outra deportação, de tal modo que a deportação de Ezequiel foi a segunda de
três deportações. Na Babilônia, Ezequiel continuou a advertir aos que tinham
sido deixados na Judéia de que o pior ainda estava por vir. Os pecados
nacionais, mormente a idolatria, eram as causas espirituais de todos esses
infortúnios. O governo de Zedequias, em Judá, sob as ordens de Nabucodonosor,
foi incapaz de controlar os rebeldes líderes do estado judeu. A revolta
irrompeu contra o domínio estrangeiro, em 588 a.C.. Nabucodonosor não perdeu um
instante. Em 586 a.C., a terra inteira de Judá jazia arruinada, Jerusalém
estava destruída e saqueada e o templo não existia mais. E muitos outros
milhares de judeus foram então deportados (na terceira deportação)”. CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 3197]
2. Israel no exílio babilônico. Quando uma liderança perde a intimidade com
Deus e, por consequência, a credibilidade entre os homens, como aconteceu com
os últimos reis de Israel e de Judá, a tragédia espiritual e moral é
inevitável. O cativeiro de 70 anos na Babilônia, profetizado por Jeremias, foi
cabalmente cumprido (2Cr 36.21). Por outro lado, Deus nos ensina a conhecer os
seus desígnios. Foi no exílio babilônico que Israel aprendeu a conhecer a Deus
e não aceitar outro deus em seu lugar. O cativeiro propiciou a volta do povo de
Deus à comunhão com o Altíssimo. A partir desse panorama histórico
compreenderemos o livro do profeta Daniel. Para isto, precisamos igualmente
conhecer os aspectos gerais e a importância do livro e da pessoa do chamado
“profeta do cativeiro”. [Comentário: Os caldeus mataram jovens e
velhos sem demonstrar misericórdia, demoliram completamente o Templo e a cidade
e levaram o povo cativo para a Babilônia. Só então a terra passou a ter os
sábados de descanso. Estas palavras de Jeremias sugerem que o ano sabático não
foi observado durante o período da monarquia. Elas lembraram o povo de que
havia pelo menos duas razões para o cativeiro: (1) a idolatria; e (2) a falha
em manter o ano do jubileu. Por esta razão o cativeiro (606-536 a.C.) deveria
durar setenta anos - um sábado de repouso (cf. Jr 25.12; 29.10). Robert L.
Sawyer. Comentário Bíblico Beacon I e II Crônicas. Editora CPAD. Vol. 2. pag.
475. Elienai Cabral, em obra de apoio à revista deste trimestre, Integridade
Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje (Editora
CPAD), escreve: “No plano geral da revelação divina o livro de Daniel ocupa um
lugar de suma importância. Sua parte histórica é cheia de experiências
marcantes que revelam a soberania de Deus e o seu cuidado com aqueles que lhe
são fieis. A parte profética contém predições escatológicas cujo cumprimento
ainda não tem chegado. Essa parte ocupa os últimos seis capítulos os quais
trazem o registro de quatro visões proféticas dada especialmente a Daniel.
Essas visões apresentam figuras simbólicas dos reinos gentílicos envolvendo
tempos distintos nos quais Deus fará valer sua soberania no mundo,
especialmente, com as nações que unirão para massacrar a Israel no tempo do
Fim. Algumas dessas profecias já tiveram seu cumprimento na história e outras
que se cumprirão no tempo que Deus estabeleceu para se cumprirem. Ao longo do
estudo dessas profecias constataremos essas predições. As visões, portanto, se
estendem para o futuro”. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O
Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 23.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O povo de Deus se rebelou contra o Senhor e como
não se arrependeu, sofreu com o exílio na Babilônia.
III. DANIEL, O AUTOR E O LIVRO
1. O homem Daniel. Há pouca informação histórica sobre a família de
Daniel, senão a de que ele era da linhagem real de Israel (Dn 1.3). Levado para
a Babilônia ainda muito jovem, Daniel destacava-se como um judeu inteligente e
bem instruído. Ele possuía firmes convicções no Deus de Israel e era
contemporâneo de dois importantes profetas da nação israelita: Jeremias e Ezequiel.
Certamente esses profetas deixaram seus exemplos como legados para a vida do
jovem Daniel. Em 597 a.C., Ezequiel havia sido levado para a Babilônia (Ez
43.6,7). Ali esse experiente profeta chega a citá-lo em seu livro, descrevendo
Daniel como um homem de sabedoria e de justiça (Ez 14.14). [Comentário: Daniel "assentou em
seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho
que ele bebia" (1.8). Como uma concessão ao seu pedido, Daniel e seus
amigos tiveram permissão de apenas comer vegetais e beber água durante dez
dias, e demonstraram ter ficado mais saudáveis que os demais companheiros. Os
supervisores perceberam que esses jovens judeus possuíam grande habilidade e
sabedoria. Ao final de seu período de treinamento foram reconhecidos pelo rei
como superiores a todos os homens sábios da corte real. Através da divina
revelação, Daniel contou o sonho que o rei havia esquecido e também deu a
interpretação, que incluía a destruição do reino de Nabucodonosor (Dn 2). O rei
elogiou Daniel, honrou o seu Deus e o recompensou com presentes preciosos
(2.46,47) e também "o pôs por governador de toda a província de Babilônia,
como também por principal governador de todos os sábios de Babilônia"
(2.48). Mais tarde, Daniel interpretou outro sonho de Nabucodonosor e disse ao
rei que, durante algum tempo, ele perderia seu trono, mas que este seria
recuperado depois que ele tivesse se humilhado completamente (Dn 4). Deus
revelou, através de Daniel, certos aspectos do reino messiânico que poderiam
interferir no curso da história e da eternidade. Mais de 20 anos (561-539 a.C.)
nada foi registrado a respeito de Daniel; pode ser que ele tenha perdido sua
posição e o favor real. Então, na festa de Belsazar (q.v), que era o co-regente
com seu pai Nabonido, a rainha (provavelmente mãe de Belsazar, e filha de
Nabucodonosor) lembrou-se de Daniel, que foi convocado para interpretar uma
estranha inscrição na parede (Dn 5.10-28). De acordo com sua interpretação, a
Babilônia seria conquistada naquela noite (539 a.C.) por Dário, o medo. Embora
a história secular não tenha, até o momento, conhecido um personagem medo com o
nome de Dário, ele foi identificado por competentes estudiosos como sendo
Gobryas, governador da Babilônia no reinado de Ciro (John C. Whitcomb, Darius
the Mede). Dário reconheceu a habilidade de Daniel e o fez chefe de um conselho
de três presidentes e "pensava constituí-lo sobre todo o reino" (Dn
6.3). Em sua religião, Daniel manifestava a mesma fidelidade incondicional. Ele
desafiou o decreto de Dário e orava a Deus ao invés de fazer petições ao rei.
Foi lançado na cova dos leões e milagrosamente salvo (Dn 6). Ele nunca
transigiu as suas convicções, nem hesitou em sua lealdade a Deus. Viveu até o
terceiro ano do reinado de Ciro (536 a.C), chegando, provavelmente, a 90 anos
de idade e ainda bastante ativo. Ezequiel se referia a Daniel como um homem de
grande sabedoria e piedade (Ez 28.3) e o colocava ao lado de pessoas tão dignas
quanto Noé e Jó (Ez 14.14,20), homens de renomada virtude. Jesus se referiu a
Daniel pelo menos uma vez (Mt 24.15). PFEIFFER .Charles F. Dicionário
Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 519-520.].
2. A importância do livro. O livro de Daniel possui dois conteúdos: o
histórico e o profético. No plano geral da revelação divina, o livro de Daniel
ocupa um lugar de suma importância. Do capítulo 1 ao 6 o conteúdo é histórico,
e do 7 ao 12, profético. O conteúdo histórico do livro contém experiências que
revelam a soberania e o cuidado de Deus para com aqueles que lhe são fiéis. Já
o conteúdo profético traz predições escatológicas, em sua maioria, ainda não
cumpridas. Por este último conteúdo cremos na “contemporaneidade” de Daniel. [Comentário: O livro também mostraria
que Deus, embora juiz dos judeus, já que os deixou ir para o exílio, haveria de
restaurá-los, por causa de sua misericórdia. Naturalmente, o arcabouço
histórico poderia ter sido utilizado pelo autor como uma lição objetiva,
destinada a um povo posterior, que estivesse enfrentando um conjunto
inteiramente diverso de dificuldades. O Comentário Bíblico Beacon afirma que “O
livro de Daniel foi um livro para Daniel e para o atribulado povo remanescente
de Deus dos seus dias, mas esse também é um livro para todas as gerações,
designado para manter a história em perspectiva. O livro continua sendo
relevante para os nossos dias. Certamente, estamos mais próximos do tempo da
consumação do Reino de Deus do que qualquer povo que viveu antes de nós. Em
dias de profunda escuridão e conflitos cruciais, vamos extrair esperança e
coragem da mensagem transmitida a Daniel”. Roy E. Swim. Comentário Bíblico
Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 500.]
3. A autoria e as características do livro. Indiscutivelmente, foi o
próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele iniciou
sua obra escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de
Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em
hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico.
Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e
outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo
de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da
linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como
gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o
povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros. [Comentário: Desde a antiguidade a
tradição judaico-cristã tem declarado que Daniel escreveu esse livro durante o
exílio no século 6 a.C. O fato de os homens da Grande Sinagoga terem escrito o
livro de Daniel durante o período de Esdras e Neemias, de acordo com o Talmude,
significa apenas que eles o copiaram. O livro pretende revelar uma historia
séria e afirma que Daniel pronunciou as profecias ali contidas. JESUS
referiu-se à "abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel"
em Mateus 24.15. Até o momento, a opinião tradicional tem sido seriamente questionada.
O livro provavelmente data do século VI. A descoberta do nome de Belsazar
(q.v.) nas tábuas de argila da Babilônia, e a provável identificação feita por
Whitcomb em relação a Dário, o medo (q.v.) com sendo Gubaru (em grego,
Gobryas), foram muito longe para reivindicar a precisão histórica desse livro
para o século VI. Supostos problemas linguísticos e exegéticos têm sido mais
que adequadamente respondidos por estudiosos conservadores (SOTI, pp. 368ss.).
Fragmentos de Qumran do livro de Daniel (150 a.C.) também estão exercendo forte
pressão para localizar a data de sua autoria dentro de uma opinião
conservadora. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora
CPAD. pag. 520-522.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Umas das razões da importância do livro de Daniel está
no fato de que, em sua maioria, as predições escatológicas ainda não se
cumpriram.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel nos mostra o compromisso de um homem que se dispõe a
servir a Deus, mantendo a sua integridade moral e espiritual sem fazer
concessões ao sistema idólatra e opressor da Babilônia. Aprendemos igualmente
que a história humana não é casual, mas dirigida pelo Deus soberano, que faz
todas as coisas contribuírem para o bem daqueles que amam ao Senhor. [Comentário: O livro de Daniel consolida a literatura
apocalíptica e trata sobre a soberania de Deus em um mundo hostil a Ele. O que
o livro de Daniel nos ensina sobre o Deus que adoramos? Tome como exemplo as
profecias contidas nele — as que já se cumpriram e as que ainda se cumprirão.
De maneira bem vívida, elas mostram que YAHWEH é Aquele que cumpre a palavra!
(Is 55.11).]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Hermenêutico
“Uma correta interpretação de Daniel esclarece a
revelação de que Deus tem um futuro para Israel. Um raciocínio crítico acerca
da mensagem profética de Daniel cria uma concepção fictícia da importância do
livro. Tamanho erro na interpretação exclui o significado das profecias e torna
o livro de Daniel em um conto de fadas.
O livro de Daniel é a chave de todas as profecias
bíblicas. Sem ele, remotas revelações escatológicas e seu escopo profético são
inexplicáveis. As grandes profecias do Senhor, no discurso do monte das
Oliveiras (Mt 24,25; Mc 13; Lc 21), bem como 2 Tessalonicenses 2 e o livro de
Apocalipse (ambos mencionam o Anticristo de Daniel 11), só podem ser
compreendidas com a ajuda das profecias de Daniel” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Hermenêutico
“Uma correta interpretação do livro de Daniel
A fim de interpretar corretamente Daniel, duas
premissas são relevantes: (1) O livro é genuíno e foi escrito pelo profeta
Daniel no século VI a.C. Muitos críticos afirmam que o livro de Daniel faz
parte daquilo que conhecemos como literatura apocalíptica, que veio a surgir já
no período helenístico. Eles sustentam que fraudes de autoria e data são comuns
neste gênero literário. Tais suposições racionalistas são, contudo,
inaceitáveis. A interpretação de qualquer livro considerado apocalíptico não
exige uma hermenêutica específica ou sistemas interpretativos especiais. Mudar
sua hermenêutica é separar a profecia bíblica de seu cumprimento histórico. É
uma tentativa liberal de se considerar a profecia como mito ou fantasia. (2)
Uma interpretação precisa depende do fato de a profecia não ser apenas
possível, mas também do fundamento dos verdadeiros e genuínos escritos bíblicos
apocalípticos. As profecias levaram muitos supostos estudiosos a rejeitarem a
genuinidade das visões de Daniel. Muitos críticos rejeitaram de forma cabal o
que é claramente uma profecia predita. A única forma de explicarem a
meticulosidade e a acurácia das profecias de Daniel é relegando-as a uma época
posterior e a um outro autor” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia
Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175)
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Daniel, nosso contemporâneo
O livro de Daniel foi (e talvez ainda seja) objeto
de algumas controvérsias entre os teólogos. Não por acaso, um crente batista,
Willian Miller (ou Guilherme Miller), no ano de 1831, através de uma série de
cálculos, popularizou a interpretação de Daniel 8.14 cujo resultado previa a
volta de Jesus em 22 de Outubro de 1844. Miller errou na interpretação e até
hoje o nosso Senhor não veio!
Anteriores a Willian Miller, outros intérpretes
chegaram às conclusões semelhantes: o Jesuíta Manuel Lacunza (1731-1801); o
jurista mexicano, Gutierry de Rozas (1835); Adam Burwell, missionário canadense
da sociedade para propagação do Evangelho (1835); R. Scott, padre anglicano e,
em seguida, pastor Batista (1834); o missionário inglês, Joseph Wolff (1829).
Por que um livro bíblico, a Palavra de Deus, traria tantas discrepâncias?
O problema não está na Bíblia, mas em quem a
interpreta. Por isso, devemos considerar algumas informações ao iniciar o nosso
estudo em Daniel:
Um relato histórico. O conceito conversador e
tradicional de que o livro de Daniel é histórico e remonta os próprios dias do
profeta era unânime até aparecer a crítica moderna da Bíblia. Ainda assim, não
temos razões para mudar este conceito hoje.
O livro. O texto foi escrito em hebraico,
entretanto, os capítulos da seção 2.4 a 7.28 foram redigidos em aramaico.
Derivado da Caldeia, o aramaico era um idioma popular das relações
internacionais do período imperial babilônico.
O Esboço. Este nos ajuda a compreender a unidade
literária do livro de Daniel. A estrutura da obra bíblica consta assim: (I)
História [1-6] e (II) Profecia [7-12].
(I) História: Daniel na Babilônia [1]; as duas
imagens — o sonho e a estátua de Nabucodonosor [2 e 3]; Dois reis sob
disciplina — o orgulho de Nabucodonosor e a profanação de Belsazar [4 e 5]; O
decreto de Dario [6].
(II) Profecia: As duas visões dos animais-impérios
— os quatro animais / o bode e o carneiro [7 e 8]; A explicação das duas
profecias — os 70 anos de Jeremias e os acontecimentos dos últimos tempos
[9-12].
Propósito. Revelar o escape de Deus para o Seu povo,
apesar das injustiças promovidas pelos impérios pagãos. O profeta Daniel mostra
que o Senhor julgará os poderes políticos do mundo que institucionalizam a
injustiça. Quando entendemos a unidade literária de Daniel os símbolos e as
figuras apresentadas no livro tornam-se complementos do assunto central: a
Soberania de Deus.
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