SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Vivemos em mundo dominado por Mamom, o deus das riquezas, a adoração a
essa divindade tem ceifado muitas vidas. Na aula de hoje estudaremos a respeito
desse assunto, ressaltando os perigos de se dobrar diante do dinheiro (Mt.
6.24). Quando se trata de dinheiro, nem sempre os cristãos estão conscientes
que podem pecar tanto por omissão quanto por opressão. Por isso, destacaremos
nesta aula que há um processo de naturalização desse tipo de pecado, de forma
que as pessoas julgam normal a opressão, principalmente dos mais pobres.
1. O PECADO E O PERIGO DAS RIQUEZAS
O mundo jaz no maligno, e o dinheiro pauta as decisões, regidas por
Mamom, o deus das riquezas (Mt. 6.24). Há aqueles que querem atenuar o papel do
dinheiro nesta sociedade, admitindo que esse é bom. No entanto, a visão de
Jesus, em relação às riquezas, é negativa (Mt. 6.19-21), bem como a de Paulo (I
Tm. 6.10). Qualquer pessoa sóbria reconhecerá que o dinheiro tem trazido mais
mal do que bem à humanidade. Diariamente vidas são ceifadas por causa da busca
desenfreada pelas riquezas (Pv. 11.28). Os ricos estão ficando cada vez mais
ricos, e os pobres cada vez mais pobres. Entre os cristãos há aqueles que
admitem essa realidade como se isso fosse normal. Existem até aqueles que se
envolvem em negócios escusos, e querem justificar tais procedimentos como se
fosse benção do Senhor. Os recursos que deveriam ser investidos nas
necessidades básicas da população, tais como saúde e educação, são desviados
para benefício de poucos, resultando em enriquecimento ilícito. A igreja tem
sido cúmplice dessa realidade, considerando seu pecado de omissão. Existem até
pastores que se beneficiam economicamente das alianças políticas. Na medida em
que esses auferem lucros por meio da política corrupta, estão contribuindo para
a manutenção de um sistema opressor, que desfavorece os mais pobres. É
uma tristeza chegar aos hospitais públicos, e também atestar as dificuldades
pelas quais passa a educação do nosso país. Os filhos dos mais abastados
frequentam escolas particulares, nem sempre de boa qualidade, enquanto que as
escolas públicas se encontram em condição precária. Se refletirmos a respeito
dessa condição, chegaremos à conclusão de que somos todos culpados. Nesses dias
que antecedem as eleições, precisamos avaliar bem nossos candidatos. Não
adianta votar em um candidato apenas porque é evangélico, é preciso ponderar
sobre seu compromisso social. A agenda moralmente evangélica também não é
critério suficiente, devemos também averiguar seu preparo para lidar com as
demandas dos mais necessitados.
2. PARA OS PECADOS DE OMISSÃO
Tiago destaca o pecado da ilicitude no trato do dinheiro, especialmente
quando pessoas são oprimidas (Tg. 5.1). No meio evangélico a famigerada
teologia da ganância, geralmente denominada de prosperidade, serve de fomento
para propagar a desigualdade social. Existem evangélicos que acham normal ver
os pobres passar por carências. Os fundamentalistas tentam até encontra
justificativas morais, argumentando que as pessoas são pobres porque se
distanciam de Deus. Antigamente se explicava a imponência americana com base em
sua formação evangélica. Mas o que dizer da China, que nunca teve um
compromisso com a fé cristã, por também desfruta de prosperidade? A relação
entre prosperidade e riqueza é falaciosa, não tem qualquer fundamentação
bíblica. Existem pessoas simples nas igrejas, que não dispõem de condição
financeira favorável, mas que são verdadeiros servos e servas de Deus. Por
outro lado, há alguns que têm contas bancárias vultosas, mas que vivem de
maneira descompromissada com a palavra de Deus. Os ricos, tanto aqueles que
estão dentro das igrejas, quanto os que estão do lado de fora, irão prestar
contas diante de Deus (Tg. 5.4). Ter recursos financeiros é mais do que um
privilégio, é também uma responsabilidade. Ecoando as palavras de provérbios,
Tiago lembra que existem aqueles que se enriquecem usufruindo das carência dos
pobres (Pv. 22.16,22). Desde a Antiga Aliança Deus já havia advertido ao povo
de Israel para que esse não se aproveitasse dos mais pobres (Dt. 24.14,15; Lv.
19.13). Tiago denuncia o pecado da ostentação, os ricos pecam quando vivem
regaladamente, gastam seu dinheiro em coisas supérfluas, apenas para mostrar
seu poder de compra (Tg. 5.4). Até mesmo o tráfico de influência é condenado
por Tiago, os juízes serão penalizados pelo Senhor, aqueles que se vendem na
coorte, para retirar o direito do mais necessitado (Tg. 5.6). Através do
profeta Isaias o Senhor chama a atenção dos juristas que criam leis injustas,
tão somente visando o desfavorecimento dos pobres (Is. 10.1). Deus já havia
orientado os juízes para que não fossem gananciosos (Ex. 18.21), muito menos
parciais (Lv. 19.15), e que não aceitassem suborno (Dt. 19.16-19).
3. PARA OS PECADOS DE OPRESSÃO
Amós é um exemplo de profeta que não pactua com os pecados de omissão, e
denuncia os pecados de opressão (Am. 5.12,13). De igual modo, Tiago chama a
atenção daqueles que acumulam riquezas como um fim em si mesmo. Evidentemente
isso nada tem a ver com o cuidado previdente, associado à manutenção da família
(II Co. 12.14; I Tm. 5.8; Mt. 25.27). Mas devemos ser cautelosos para não
confiarmos nas riquezas, o cristão não pode colocar seu coração no dinheiro.
Jesus censurou o rico insensato que pensou ser o dono da própria vida (Lc.
12.15-21). A vida é passageira, e as riquezas não podem garantir vida eterna (I
Tm. 6.17). Tiago lembra que as riquezas são passageiras (Tg. 5.2,3), com Paulo
assume que nada trouxemos para esse mundo, e que dele nada levaremos (I Tm.
6.7). Portanto, devemos investir na piedade com contentamento (I Tm. 6.6). Há
pessoas que estão sendo devoradas pelas próprias riquezas, a paixão pelos bens
do presente século está correndo as suas almas (Tg. 5.3). Patrões, sejam eles
evangélicos ou não, prestarão contas a Deus quanto à maneira que trataram seus
empregados. Os empregadores cristãos têm a responsabilidade de tratar com
justiça seus empregados. Eles não podem abusar financeiramente dos seus
trabalhadores, atentando para as normas trabalhistas do nosso país. Ao invés de
exercitar a ganância, somos orientados pela Palavra a viver com generosidade
(II Co. 6.10). E mais que isso, devemos também trabalhar para modificar as
estruturas sociais arraigadas neste país. Não podemos acatar com naturalidade
práticas que são consideradas normais. Existem pessoas que não fizeram opção
pela pobreza, elas se encontram em tal condição por causa da injustiça social.
Os cristãos devem dar o exemplo, não apenas “dando o peixe”, mas também
“ensinando a pescar”. E quando necessário, denunciar atitudes que cerceie o
direito dos pobres e necessitados.
CONCLUSÃO
O pecado é uma realidade, em sua etimologia grega, a palavra significa
“errar o alvo”. Fato é que todos pecaram, e por isso foram destituídos de Deus
(Rm. 3.23). Mas a graça de Deus, em Jesus Cristo, nos dá gratuitamente a vida
eterna (Rm. 6.23). A salvação em Cristo nos impele à responsabilidade social,
não podemos nos furtar da defesa pelos mais pobres. A naturalização da
injustiça pode nos conduzir à omissão, e se não estivermos atentos, à opressão.
Como crentes em Cristo, devemos fazer a diferença na sociedade, auxiliando aos
mais necessitados, e contribuindo para a melhoria e funcionamentos das
estruturas sociais, para o bem da coletividade.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Tiago 4.17; 5.1-6.
Tiago 4
17 - Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.
Tiago 5
1 - Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias,
que sobre vós hão de vir.
2 - As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão
comidas da traça.
3 - O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará
testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os
últimos dias.
4 - Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e
que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos
ouvidos do Senhor dos Exércitos.
5 - Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes, e
cevastes o vosso coração, como num dia de matança.
6 - Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conscientizar-se dos perigos do pecado de omissão.
- Mostrar que adquirir bens à custa da exploração alheia é pecado.
- Saber que Deus ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados
PALAVRA CHAVE
Pecado
de comissão: Realizar aquilo que é
expressamente condenado por Deus.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a contundente reprimenda da Palavra de Deus à
opressão dos ricos contra os pobres. A denúncia de Tiago é semelhante a dos
profetas do Antigo Testamento: de Isaías, de Ezequiel, de Amós, de Miqueias e
de Zacarias (Is 3.14,15; 58.7; Ez 16.49; Am 4.1; 5.11,12; 8.4-8; Mq 6.12; Zc
7.10) contra os senhores que oprimiam os pobres. É importante refletirmos sobre
este assunto, pois alguns pensam que as advertências dos santos profetas
ficaram restritas à época da Lei (Lv 25.35; Dt 15.1-4,7,8). Entretanto, o mesmo
tema é alvo do ensinamento do próprio Senhor Jesus (Lc 6.24,25). Igualmente, o
livro de Atos nos informa que a Igreja do primeiro século cuidava dos pobres
(At 2.42-45). Isso significa que o tema abordado nesta lição é atual e urgente. [Comentário:
Tiago exorta agora, acerca das consequências trágicas da omissão de
crentes mais abastados quanto à condição humilde de outros irmãos (Tg 1.27;
2.15,16). Interessante notar que Tiago , ainda que indiretamente, acusa os
omissos de assassinos enquanto o seu pecado é responsável pelas mortes
desnecessárias entre os mais necessitados, por não atenderem ‘as suas
necessidades (Tg 4.3; 5.4,6). Esta missiva foi escrita por Tiago durante a
grande fome que abateu a Judeia, por volta do ano 46 d.C., assim, o apostolo vê
que a morte de alguns irmãos poderia ser poupada se não fosse a omissão dos
mais ricos. Os bens fazem
as pessoas se sentirem autossuficientes e julgarem ter encontrado a felicidade
que estavam procurando. Aqueles que escolhem o conforto presente e não o
caminho de Deus têm a sua consolação agora. Aqueles que tentam encontrar
satisfação por intermédio da riqueza irão descobrir que a riqueza é a única
recompensa que terão e que não durará. Vamos esmiuçar esta exortação de Tiago e
aplica-la ‘a nossa vida?] Convido você para mergulharmos mais fundo nas
Escrituras!
I. O PECADO DE OMISSÃO (Tg 4.17)
1. A realidade do pecado. Um dia o homem resolveu voluntariamente
desobedecer a Deus (Gn 3.1-24). O pecado, então, tornou-se uma realidade fatal.
A partir dessa atitude rebelde, todas as relações dos seres humanos entre si,
com o Criador e com a criação, foram distorcidas (Rm 1.18-32). Assim, a
humanidade e a criação sofrem e gemem como vítimas da vaidade humana (Rm
8.19-22). Não somos capazes de, por nós mesmos, vencermos o pecado! Contudo, em
Jesus toda essa grave realidade pode ser superada, pois o Pai enviou o seu
Filho para que morresse por nós e, assim, resgatasse-nos da miséria do pecado
(Rm 8.3; Hb 10.1-39). [Comentário: Segundo
1Jo 3.4, pecado é iniquidade. A lei contra a qual se estima o pecado não é
simplesmente a lei mosaica, mas sim toda e qualquer revelação de Deus durante
todos os tempos. O pecado é descrito na Bíblia como transgressão à lei de Deus
e rebelião contra Deus (Dt 9.7; Js 1.18). Lúcifer, a “estrela brilhante, o
filho da manhã”, foi o primeiro a transgredir. Não satisfeito com sua glória,
desejou tomar o lugar do Eterno, esta foi a causa de sua queda e o começo do
pecado (Is 14.12-15). Tornou-se adversário de Deus e foi o causador da queda
humana no Jardim do Éden, onde ele tentou Adão e Eva com a mesma fascinação:
“sereis como Deus”. Gênesis 3 nos conta a respeito da rebelião de Adão e Eva
contra Deus e contra Seus mandamentos. Daquele nefasto momento em diante, o
pecado tem sido passado através de todas as gerações. Romanos 5.12 nos diz que
através de Adão, o pecado entrou no mundo e assim a morte veio a todos os
homens, porque “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Pecado não é somente
alguma coisa contrária ao que Deus disse que o homem não deveria fazer, mas é
também algo contrário ao que Deus não quer que o homem faça, com base nos
princípios revelados. Dessa forma, uma definição completa e inclusiva do pecado
seria: o pecado é tudo o que é contrário ao caráter de Deus. Como a glória de
Deus é a revelação do seu caráter, o pecado é uma insuficiência do homem em
relação à glória ou ao caráter de Deus (Rm 3.23). J. C. Ryle escreve em sua
obra Santidade
– Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor (Editora Fiel): “...Naturalmente,
não preciso dizer, a qualquer um que lê a sua Bíblia com atenção, que um homem
pode quebrar a lei de Deus em seu coração e em seus pensamentos, mesmo quando
não há qualquer ato externo e visível de iniquidade Nosso Senhor resolveu a
questão sem deixar dúvidas, ao proferir o Sermão do Monte (Mt 5:21-28). Até
mesmo um de nossos poetas disse, com toda a verdade: “Um homem pode sorrir,
sorrir e ainda ser um vilão. Porém, penso que é necessário relembrar aos
leitores que um homem pode cometer um pecado e, no entanto, fazê-lo por
ignorância, julgando-se inocente, quando na realidade é culpado. Não consigo
perceber qualquer garantia bíblica para a moderna afirmativa de que “o pecado
não é pecado, enquanto não o percebermos e tomarmos consciência dele”. Pelo
contrário, nos capítulos quarto e quinto daquele livro muito negligenciado,
Levítico, bem como em Números 15, vejo Israel sendo distintamente instruído de
que havia pecados de ignorância que tornavam as pessoas imundas e que
precisavam ser expiados (Lv 4:1-35; Lv 5:14-19; Nm 15:25-29). E também encontro
o Senhor ensinando expressamente que o servo que não soube da vontade do seu
senhor, e não agiu conforme essa vontade, não será desculpado pela sua
ignorância, mas castigado (Lc 12:48). Faríamos bem em relembrar que, ao fazer
de nosso conhecimento e de nossa consciência miseravelmente imperfeitos a
medida de nossa pecaminosidade, estamos pisando em terreno perigoso. Um estudo
mais profundo do livro de Levítico nos faria muito bem."...J. C. Ryle
- Santidade – Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor, Editora Fiel - p.28-29].
2. O pecado de comissão (Gn 3.17-19). A partir da realidade do pecado algumas
formas de pecados podem ser verificadas nas Escrituras. Uma delas é o pecado de
comissão, ou seja, realizar aquilo que é expressamente condenado por Deus. Os
nossos pais, Adão e Eva, foram proibidos de comer do fruto da árvore do bem e
do mal. Entretanto, ainda assim dela comeram. Realizar conscientemente o que
Deus de antemão condenou é um atentado a sua santidade e justiça (Sl 106.6). [Comentário: Quando Deus colocou o homem
no jardim, Ele lhe deu duas tarefas: lavrá-lo e guardá-lo. Em contexto
agrícola, lavrar significa cultivar, ação que inclui o ato de podar videiras.
Quando ordenou o Senhor Deus ao homem, Ele deixou claro sua relação soberana
com o homem e a relação subordinada do homem com Ele. Deus tinha este direito,
porque Ele é o Criador e o homem é a criatura. Para expressar proibição, aqui é
empregada a maneira mais forte possível em hebraico para colocar a árvore da
ciência do bem e do mal fora da alçada do homem. Visto que o discurso direto é
inerentemente pessoal, a ordem: Não comerás, é pessoal e a qualidade do
negativo hebraico a coloca em negação permanente. A importância da ordem é
aumentada pela severidade do castigo. Isto é muito forte na sintaxe hebraica,
sendo que a força é um tanto quanto mantida na tradução com a palavra
certamente.].
3. O pecado de omissão (Tg 4.17). Outra forma muito comum é o pecado de
omissão. Essa forma de transgredir as leis divinas, muitas vezes, é ignorada entre
o povo de Deus. Porém, as consequências do seu julgamento não serão menores
diante do Altíssimo (Mt 25.31-46). Não é apenas deixando de obedecer a lei
expressa de Deus que incorremos em pecado, mas de igual modo, quando
omitimo-nos de fazer o bem, pecamos contra Deus e a sua justiça (Lc 10.25-37;
Jo 15.22,24). [Comentário: Somos ensinados a viver à
altura das nossas convicções em toda a nossa conduta, e, não importa se estamos
tratando com Deus ou com os homens. Que nos empenhemos em nunca agir contra o
nosso próprio conhecimento (v. 17): “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não
faz comete pecado”. E o pecado agravado; é pecado com testemunha; e significa
ter a pior testemunha contra a sua própria consciência. Observe: (1). Isso está
imediatamente conectado com a lição clara de dizer: “Se o Senhor quiser, e se
vivermos, faremos isto ou aquilo”. Eles talvez estejam dispostos a dizer: “Isso
é uma coisa muito óbvia; quem não sabe que todos dependemos do Deus
Todo-poderoso para viver, para respirar e para todas as coisas?” Se você de
fato sabe isso, então sempre que você agir de forma contrária a essa
dependência, lembre-se disto: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz
comete pecado”. (2). Os pecados de omissão serão julgados, assim como os
pecados cometidos. Aquele que não faz o bem que ele sabe que deve fazer e
aquele que faz o mal que ele sabe que não deve fazer serão condenados. Que
então nos empenhemos para que a consciência seja corretamente informada, e que
então seja fiel e continuamente obedecida. Pois, “...se o nosso coração nos não
condena, temos confiança para com Deus” (1 Jo 3.21); mas se “...dizeis: Vemos
(e não agimos de acordo com nossa vista), por isso, o vosso pecado permanece”
(Jo 9.41). HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A
APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 846. A fim de resumir seu
pensamento, Tiago acrescenta um provérbio conclusivo que alguns supõem poderia
ter sido um ensino de Jesus, por causa do tom e do tema: Aquele, pois, que sabe
o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado. Aparentemente, apenas reprova
o pecado da omissão: Quando uma pessoa sabe o que deveria fazer (e.g., dar algo
a um pobre), mas negligencia esse ato de caridade, não desperdiçou apenas uma oportunidade
de obedecer — tal pessoa pecou. No entanto, o contexto levanta esse ensino da
arena da verdade genérica e coloca-o nas vidas desses negociantes. Há
claramente algo que eles “sabem” que “devem” fazer e pelo que são responsáveis
(Lucas 12:47-48), que é obedecer a Deus e segui-lo nos negócios. Entretanto,
seus interesses comerciais com frequência os induzem a planejar segundo os
padrões do mundo, e a acumular bens, à semelhança do rico louco (Lucas
12:13-21). Nas Escrituras, fazer o bem frequentemente é praticar atos de
caridade (Tiago 1:21-25 e Gálatas 6:9). Portanto, Tiago pode estar sugerindo
que eles planejam segundo o mundo porque são motivados pelo mundo, visto que
Deus tem seu próprio modo de investir dinheiro: dá-lo aos pobres (Mateus 6:19-21).
Se levassem a Deus em consideração, não estariam, com certeza, tentando
melhorar seu padrão de vida; Deus os conduziria ao alívio dos que sofrem ao seu
redor, isto é, a fazer o bem. Tendo falado a cristãos cujos corações estavam
sendo seduzidos pelo mundo, Tiago dirige a atenção, a seguir, aos incrédulos
ricos. Tiago os condena sem rebuços, com linguagem parecida à do Senhor Jesus
(Lucas 6:20-26), a fim de desviar os cristãos da sedução das riquezas, e
prepará-los para suportar o teste do sofrimento nas mãos dos ricos. Peter
H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 148.].
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Deus é santo e abomina tanto o pecado de comissão
como o de omissão.
II. O PECADO DE ADQUIRIR BENS ÀS
CUSTAS DA EXPLORAÇÃO ALHEIA (Tg 5.1-3)
1. O julgamento divino sobre os comerciantes ricos (v.1). Não é a primeira vez que
Tiago menciona os ricos em sua epístola (Tg 1.9-11; 2.2-6). Entretanto, aqui há
uma particularidade. Enquanto nos outros textos o meio-irmão do Senhor faz
advertências ou denúncias contra os ricos, o quinto capítulo apresenta o juízo
divino contra eles. Da forma em que o texto da epístola está construído,
percebemos que não há indício algum de que a sentença divina é exclusiva para
os que conhecem a Deus, deixando “os ricos ignorantes” de fora do juízo divino.
O alvo aqui são todos os ricos, crentes ou descrentes, que conduzem os seus
negócios de maneira desonesta e opressora contra os menos favorecidos. [Comentário: O Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal (Editora CPAD), comentando Tg 5.1, afirma o
seguinte: “Estes ricos provavelmente não
são crentes, mas pessoas não-crentes e ricas (talvez as mesmas pessoas a que se
fez referência em 2.6). Muito provavelmente, os ricos proprietários de terras
são o objeto da repreensão mordaz de Tiago. Estas pessoas vivem em ambientes de
luxo, repletas de alimentos e dinheiro. Mas há terríveis misérias, que sobre
eles hão de vir não se tratando de sofrimentos terrenos, mas eternos -, e eles
devem se lamentar de tristeza pelo que perderão. As palavras “chorai e
pranteai” eram frequentemente usadas no Antigo Testamento pelos profetas para
descrever a reação dos ímpios quando o Dia do Senhor (o dia do juízo de Deus)
chegasse (veja Is 13.6; 15.3; Am 8.3). Jesus disse que entre aqueles que fossem
excluídos do reino de Deus haveria pranto e ranger de dentes (Mt 8.12; 22.13;
24.51; 25.30)”. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol. 2. pag. 687. Russell Norman Champlin escreve:
«...Atendei agora...» Literalmente temos aqui «Vinde, agora...», no sentido de
«Vede, agora...», uma incisiva chamada à atenção, no estilo da diatribe. «...
chorai lamentando...» Em Tg. 4:9, a lamentação e o choro são vinculados ao
arrependimento, o que conduz à restauração da alma. Em contraste com isso, aqui
temos uma lamentação provocada pelo julgamento inevitável. Não há aqui qualquer
chamada ao arrependimento. «As lamentações, diferentemente de Tg. 4:9, não são
uma expressão de humilde arrependimento, e, sim, de remorso e terror sem alívio»
(Poteat, in loc.). Tudo isso, naturalmente, mostra a intensidade com que o
autor sagrado sentia os erros sociais em que os pobres eram oprimidos pelos
ricos. Não é verdade que muitos são reduzidos a escravos virtuais, que recebem
salários ridículos por um trabalho árduo, que lhes consome longas horas? O
avanço do comunismo no mundo não tem resultado essencialmente do fato de ser um
bom sistema econômico, pois a experiência não tem demonstrado isso; pelo
contrário, seu progresso se deve aos abusos do capitalismo. Consideremos os
aluguéis que são cobrados, o preço das consultas aos médicos, etc. Nessas, e
noutras áreas, exerce-se uma feroz pressão econômica, que muitos governos não
conseguem controlar, ou se recusam a fazê-lo. «...chorai...» No grego é Maio»,
«chorar», com frequência usada com o sentido de «chorar pelos mortos», sentido
tristeza e desespero. Esse é: o choro daqueles que antecipam um juízo severo, e
não o choro dos penitentes. (Comparar com Ap 6.15-16 e Jl 1.5).
«...lamentando...» No grego, «ololudzo», termo usado para indicar «chorar em
voz alta», «uivos de lamentação». Era termo usado para descrever a palavra
anterior. O «choro» será em altos uivos de lamentação. «...desventuras...» No
grego é «talaiporia», «misérias». Há uma alusão direta aos «sofrimentos dos
condenados», ao julgamento, embora certas tristeza, provocadas pelo infortúnio,
talvez não estejam excluídas do pensamento do autor sagrado. «...sobrevirão...»
No grego é usado o particípio presente—agora mesmo elas começam a concretizar-se,
imediatamente antes da «parousia» (ou segundo advento de Cristo). CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 73.].
2. O mal que virá (v.2). De modo geral, onde se encontra a confiança
dos ricos? A Bíblia afirma que a confiança dos ricos está amparada nos bens que
possuem (Pv 10.15; 18.11; 28.11). Não atentando para a brevidade da vida e a
transitoriedade dos bens materiais, eles orgulham-se e confiam na quantidade de
bens que possuem (Jr 9.23; 1Tm 6.9,17). Tiago diz que as riquezas dos ricos
desonestos e arrogantes estão apodrecidas e as suas roupas comidas pela traça,
isto é, brevemente elas se mostrarão ineficazes para garantir-lhes o futuro. Os
ricos opressores terão uma triste surpresa em suas vidas! [Comentário: Note o seguinte: “gastos
de ferrugens” - ouro e prata não se desgastam pela ferrugem (que é o resultado da oxidação do ferro que
em contato com o oxigênio se oxida e se deteriora pouco a pouco), pelo que
sabemos que o autor sagrado falava sobre a ferrugem sobrenatural, sobre o
eventual poder consumidor do julgamento, que reduzirá as falsas riquezas dos
homens ao nada. riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas (Tg 5.2)
Ambos os verbos deste versículo e o primeiro verbo do versículo seguinte (enferrujaram)
estão no tempo perfeito. Figuram a verdadeira inutilidade desta riqueza à vista
daquele que conhece o valor do que é permanente e eterno. A riqueza deve ser
usada para bons propósitos, não entesourada. Para aqueles ricos a quem Tiago se
referia, era muito melhor guardar esses estoques do que dá-los aos pobres (Sl
41.2; Pv 19.17; Sir 4.1-6; Mt 5.42; 25.40; Lc 6.38; Gl 6.9s; Hb 13.16). Talvez
também se visasse aguardar tempos em que se poderia vendê-los a preços vis. –
“Vossas roupas estão comidas de traças”: os antigos não tinham dinheiro em
moeda, como hoje. Acumulavam-se sobretudo valores materiais, tecidos, vestes
preciosas etc. Também João Batista convocou – de forma audível para muitos em
Israel – a um comportamento diferente (Lc 3.11). Novamente somos lembrados aqui
do Sermão do Monte (Mt 6.20).].
3. A corrosão das riquezas e o juízo divino (v.3). Jesus de Nazaré falou do
mesmo assunto no Sermão da Montanha, ao advertir que “não [devemos ajuntar]
tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões
minam e roubam” (Mt 6.19). Sabemos que nos dias atuais, muitos ignoram esta
admoestação do Senhor, dizendo que não é bem isso que Ele quis dizer. Ora,
então do que se tratava o assunto do nosso Senhor, senão do perigo de se
acumular bens neste mundo? A arrogância demonstrada pelo rico insensato revela
esse desvario do nosso tempo (Lc 12.15-21). Olhando para os dois textos
citados, tanto o de Mateus quanto o de Lucas, é impossível não atentarmos para
essas duas perspectivas: a denúncia para o mal da riqueza e a revelação
profética do juízo divino contra a confiança nela (Ap 3.17; 6.15; 13.16). [Comentário: No
capítulo 5, Tiago mais uma vez chama a atenção para a transitoriedade e a
deterioração natural das riquezas. Ele já havia feito essa alusão no capítulo
1, usando como analogia a beleza passageira da flor (w. 10,11). E nota ao texto
de Tg 5.3, o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (Editora CPAD)
afirma: “Os metais preciosos acumularam-se e estragaram-se sem ter sido
usados. Quando a riqueza não é usada para ajudar os outros, ela perde o seu
valor. Tiago nos adverte de que até mesmo o que parece ser mais indestrutível
(ouro e prata) estará condenado se não for colocado em um bom uso. A
inutilidade do ouro e da prata acumulados os comerá como fogo no inferno.
Então, se revelará a avareza, o egoísmo e a maldade dos ricos. Eles deixaram de
fazer o bem com o que tinham, e isto é pecado (4.17). Poucas pessoas no mundo
ocidental podem ler esta passagem com entendimento e não ficar pelo menos
marcadas pela sua verdade. Nós provavelmente adicionamos uma nova dimensão ao
problema, porque não acumulamos para preservar para mais tarde, mas acumulamos
para gastar, ou até mesmo para desperdiçar. Os crentes da atualidade
encontram-se participando da tendência da sociedade de consumir tanto quanto
possível sem considerar as condições em outras partes do mundo, ou até mesmo o
que vamos deixar para os nossos filhos e netos. Será que a nossa ferrugem não
dará testemunho contra nós nos últimos dias?” Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 687-688.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A Palavra de Deus condena àqueles que adquirirem
riquezas às custa da exploração dos pobres e necessitados.
III. O ESCASSO SALÁRIO DOS
TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS (Tg 5.4-6)
1. O clamor do salário dos trabalhadores (v.4). O Evangelho alcança
pessoas de todos os tipos e classes sociais. Muitos que constituem a classe
alta econômica de nossa nação têm crido em Cristo. Outros filhos do nosso meio
têm emergido e alcançado altos patamares econômicos. De funcionários,
tornaram-se patrões, juízes, políticos, etc. Por isso, é preciso advertir que a
Bíblia tem conselhos divinos claros para a ética do homem cristão que se tornou
rico ou do rico que se tornou cristão. Neste quarto versículo, com tons graves,
o líder da igreja de Jerusalém levanta-se como um profeta veterotestamentário
bradando contra a injustiça social (Jr 22.13; Ml 3.5). Para tal exercício,
Tiago evoca a Lei, isto é, utiliza a Escritura do primeiro testamento para
fundamentar a sua redação epistolar (Dt 24.14,15). O meio-irmão do Senhor
adverte que o Todo-Poderoso certamente se levantará contra toda a sorte de
opressão e injustiça! [Comentário: Os trabalhadores descritos
em Tg 5.4, trabalhavam e deveriam receber seu salário ao fim da jornada daquele
dia. Caso o patrão não efetuasse o pagamento daquela jornada, certamente toda a
família passaria fome. Se o proprietário se recusasse a pagar, havia pouca
coisa ou nada que o trabalhar pudesse fazer. O dinheiro que deveria ter sido
entregue ao trabalhador também era uma evidência contra estas pessoas ricas. O
clamor pelo salário retido dos trabalhadores e dos que ceifaram entraram nos
ouvidos do Senhor dos Exércitos. O único recurso que os pobres tinham era
clamar a Deus. Se estivermos enfrentando a opressão, a fé exige que nós nos
lembremos de que Deus é a nossa força e o nosso defensor. Circunstâncias
temporárias não alteram a soberania de Deus. Deus nos protegerá do mal
espiritual nesta vida e nos dará as alegrias que nós desejamos na vida porvir.
Ele nos assegurará que a justiça será feita e julgará os opressores.].
2. A regalia dos ricos que não temem a Deus cessará (v.5). O versículo cinco lembra
a denúncia proferida por Jesus em Lucas 16.19-31, quando o Senhor fala acerca
do mendigo Lázaro e do rico opressor: uma vida regalada que não se importava com
o futuro e com o próximo, vivendo festejos como se o fim nunca fosse chegar.
Deleitando-se em suas riquezas, mal pensava o rico que entesourava para si
juízos de Deus. [Comentário: Os estilos de vida dos
ricos e famosos podem interessar aos meios de comunicação, mas são nocivos para
Deus. Estes ricos, que tomaram as terras dos pobres e depois se recusaram a
pagar os seus merecidos salários, mostraram uma enorme falta de consideração e
um grande egoísmo. A isto, eles acrescentaram uma atitude de desperdício e
autoindulgência que Deus detesta. Uma vida de luxo e de satisfação de cada
capricho não tem basicamente nenhum valor. O dinheiro não significará nada
quando Cristo retornar, de modo que nós devemos passar o nosso tempo acumulando
tesouros que terão valor no reino eterno de Deus. O dinheiro em si não é o
problema; os líderes cristãos precisam de dinheiro para viver e sustentar as
suas famílias; os missionários precisam de dinheiro para ajudar a transmitir o
Evangelho; as igrejas precisam de dinheiro para realizar eficazmente o seu
trabalho. E o amor ao dinheiro que leva à iniquidade (I Tm 6.10) e que faz com
que alguns subjuguem a outros para conseguir mais. Esta é uma advertência a
todos os cristãos que são tentados a adotar padrões mundanos em lugar dos
padrões de Deus (Rm 12.1,2) e um encorajamento a todos aqueles que são
oprimidos pelos ricos. Para estas pessoas ricas, o seu tesouro é a riqueza
mundana. Elas aproveitaram a vida, banqueteando-se como no dia da matança de um
animal. Ironicamente, Tiago diz que elas são como animais gordos preparados
para a matança, no dia em que vier o julgamento de Deus (veja Jr 12.1-3). Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 688. O
mal do versículo 5 é mais uma faceta do espírito egoísta refletido nos
versículos 2-3. As riquezas condenam todo aquele que as usa para um prazer
puramente pessoal. A Bíblia Viva parafraseia as palavras de forma correta:
“Vocês gastaram seus anos aqui na terra divertindo-se, satisfazendo todos os
seus caprichos”. Há várias interpretações da frase num dia de matança (cf. Jr
12.3). As diferenças dependem do significado da preposição. Num (em um) pode
significar “em”, “no”, “por meio de”, “para”. Matthew Henry viu nessa frase uma
referência às festas judaicas em que muitos sacrifícios eram oferecidos. “Vocês
vivem como se cada dia fosse um dia de sacrifícios, uma festa; e, dessa forma,
seus corações são engordados e nutridos para a estupidez, imbecilidade, orgulho
e insensibilidade, em detrimento da miséria e aflição dos outros”. De acordo
com o contexto parece que a preposição en em relação ao dia do julgamento pode
ser melhor traduzida por “para”. Uma tradução recente interpreta esse versículo
da seguinte maneira: “Vocês viveram na terra luxuosamente, engordando-se como
gado — e o dia para a matança chegou”. Moffatt ressalta e aguça o conceito:
“como para o dia de matança”. A finalidade dessa seção inteira é resumida por
Moffatt da seguinte maneira: “Vocês precisam pagar com a sua vida pelo deleite
cruel que custou a vida de suas vítimas, as vítimas da sua opressão social e
judicial”. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. pag. 190.].
3. O pobre não resiste à opressão do rico (v.6). Há severas condenações
no Antigo Testamento contra a opressão dos menos favorecidos (Êx 23.6; Dt
24.17). O fato de essa advertência aparecer em o Novo Testamento indica a
gravidade dessa atitude (1Tm 6.17-19). Muitos podem se perguntar por que a
Bíblia é tão dura contra os ricos injustos. Uma vez que eles estão
economicamente bem posicionados, o pobre, ou “justo”, sucumbe à sua opressão,
restando a eles apenas Deus para defendê-los. Assim, mesmo que o pecado de
opressão continue sendo consumado, entendemos biblicamente que o Senhor dos
Exércitos continua a ouvir o clamor dos pobres! [Comentário: A
condenação e a morte de pessoas justas provavelmente eram tanto ativas como
passivas. As pessoas inconvenientes podem realmente ter sido assassinadas, mas
é mais provável que as pessoas pobres que não podiam pagar as suas dívidas
fossem lançadas na prisão ou forçadas a vender todas as suas posses. Sem meios
de sustento, e sem oportunidades até mesmo para trabalhar para pagar suas
dívidas, estas pessoas pobres e suas famílias frequentemente morriam de fome.
Deus também considerava isto um assassinato. De uma maneira ou de outra, no
sistema injusto, isto era legal. O pobre não tinha como resistir. O seu único
recurso contra os ricos iníquos era clamar a Deus. As condições que Tiago está
descrevendo podem parecer desesperadoras. Muitos dos ricos não se arrependerão.
Entretanto, os crentes podem viver com esperança, porque Cristo está voltando.
Ele trará juízo e justiça. Tiago agora passa a falar a respeito da volta de
Cristo. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD.
Vol. 2. pag. 688-689. O versículo 6 reflete a riqueza desonesta adquirida
por meio de ações fraudulentas da justiça. Em 2.6, Tiago refere-se aos ricos
que “vos arrastam aos tribunais”. Ele não vos resistiu provavelmente significa
que o pobre não tinha uma defesa legal adequada. Nos tribunais, os ricos
influentes têm “condenado e devastado” o pobre que não tem condições de pagar o
salário de um advogado ou o suborno para o juiz. O desamparo da vítima somente
aumenta a culpa do opressor. Quando o desejo por riqueza se torna tão intenso a
ponto de planejar tirar a vida de outra pessoa, a ganância tornou-se assassina.
O poder propiciado pela riqueza também é malversado em relação à liberdade,
honra e vida de terceiros.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Deus ouve o clamor dos trabalhadores injustiçados.
Ele é justo e não aceita nenhuma forma de opressão e injustiça.
CONCLUSÃO
As advertências de Tiago são relevantes e oportunas para os nossos dias.
Quanto engano tem sido cometido por ensinamentos deturpados em nome de uma
suposta prosperidade. Tal teologia tem levado muitas pessoas a tornarem-se
materialistas. Tiago nos exorta a demonstrarmos uma fé verdadeira, não apenas
de palavras, mas principalmente em obras (Tg 2.14-26). De igual maneira,
conforme a lição de hoje, o nosso desafio é vivermos um estilo de vida segundo
o Evangelho, onde a simplicidade, a modéstia e o contentamento devem ser as
suas marcas. [Comentário: Tiago não demoniza a
riqueza, mas se opõe ao coração centrado nelas. A Bíblia Sagrada traz muitas
advertências para que não depositemos a nossa confiança nas riquezas materiais
(Sl 49.6,7). Tiago defende que a nossa confiança deve está posta em Deus, que
tudo pode e graciosamente derrama Suas chuvas de bênçãos sobre o Seu povo. O
crente jamais deve esquecer que os que confiam no Senhor serão como o monte de
Sião, que não se abala, mas permanece para sempre! (Sl 125.1), somente Ele pode
conceder aos Seus a segurança eterna, paz, prosperidade, proteção e vida
abundante tanto nesta vida como na vindoura!]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliológico
“Por que contra o rico? (5.1-6)
Em Jerusalém, eram poucas as pessoas da classe alta que se mostravam
sensíveis ao Evangelho. Enquanto crescia a perseguição contra a igreja
primitiva, muitos crentes perderam sua fonte de subsistência e passaram a ser
explorados pelos poderosos. As investidas de Tiago contra os ricos são: 1) eles
anseiam aumentar a riqueza com o sofrimento dos outros; 2) defraudam seus
empregados; 3) vivem de maneira extravagante, e amam a boa vida; e, 4) matam os
justos.
Temos condições de ser pacientes até mesmo quando provocados pela avidez
dos exploradores da riqueza. Pois, sabemos que Cristo, o Juiz, está às portas
(Tg 5.7-9)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9ª Edição. RJ: CPAD,
2010, p.875).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
“Riqueza
A Bíblia Sagrada traz muitas advertências para que não depositemos a
nossa confiança nas riquezas materiais (Sl 49.6,7). Também não podemos colocar
o nosso coração nas riquezas.
Tiago deixou registradas fortes palavras de advertência aos ricos (Tg
5.1), que também servem, sem dúvida, para os ricos de todas as épocas. Estes, a
quem Tiago se referiu, não foram julgados por serem ricos, mas porque haviam
feito um mau uso de suas riquezas. Os cristãos também podem fazer um mau uso da
riqueza que possuem, seja ela pequena ou grande. Eles também podem, sem dúvida,
como vários crentes nos dias de Tiago, invejar aqueles que possuem riquezas. A
inveja é um pecado tão grande quanto o mau uso da riqueza. É também muito
importante que os meios utilizados para se alcançar a riqueza sejam adequados.
Evidentemente, aqueles a quem Tiago se dirige em 5.1 haviam enriquecido às
custas da exploração dos trabalhadores” (PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS,
Howard F. (Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD,
2009, p.1680).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Os Pecados de omissão e de opressão
O amor cristão deve se manifestar em todo e qualquer ambiente que
demanda o relacionamento humano. Principalmente nos círculos cristãos. Naturalmente,
o amor de Cristo, não é nem pode ser um amor de viés obrigatório, pois amor
compelido não é amor verdadeiro. O amor demonstrado por Jesus nos designa a ser
um e somente um corpo com Ele. Por isso podemos destacar alguns desdobramentos
do amor na relação profissional entre funcionário e patrão.
Enquanto funcionários de uma empresa, nossa real motivação deve ser a do
respeito, pois somos chamados a viver numa dimensão de serviço a Deus, mas
também aos homens. De sorte, não há como honrar a Deus se a minha dimensão
relacional com os homens de autoridade está confusa ou quebrada. É impossível
viver um dualismo entre “servir a Deus” e “não servir o próximo”.
O discípulo de Jesus é convidado a fazer o bem e a se aperfeiçoar
naquilo que faz, não somente por causa do patrão, mas acima de tudo por Cristo.
E aí que se revela a própria realização humana, pois patrão e funcionário têm
um mesmo Senhor! Não há favoritismo de Deus nessa relação. O mesmo Senhor que
auxilia o patrão é o mesmo que auxilia o funcionário. NEle, ambos são irmãos.
Prezado professor, trabalhe estas questões com a classe perguntando o
seguinte: Se você é patrão o que pensar sobre o que a Palavra diz a respeito da
tua relação com o teu funcionário? E você que é funcionário, como enxergar esta
relação com o teu patrão? Certa feita o nosso Senhor disse que o mais forte
subjugava o mais fraco no mundo gentílico, e isso, era perfeitamente normal.
Mas entre nós, não! Entre os cristãos, o amor mútuo dos irmãos é o que deve
sobrepujar. Cada qual exercerá o seu próprio papel, seja na função de patrão ou
na de funcionário.
Ambos não podem esquecer: “Sujeitai-vos um ao outro em amor” a qualquer
tempo e em qualquer dimensão profissional, seja ou não cristã. Professor lembre
a classe de que o que Tiago está condenando em sua epístola é a injustiça, a
exploração econômica e toda sorte de males que os ricos deste mundo, crentes ou
não, poderiam evitar se assumissem a consciência “de ter fome e sede de
justiça” que emana do Evangelho.
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