Essa é a avaliação de analistas
que ponderam também que os valores religiosos não são as principais
preocupações dos eleitores.
Para eles, posições contrárias à
homossexualidade ou ao aborto não subtraem ou somam votos de uma candidatura,
mas ganham destaque na disputa, como o episódio da revisão do capítulo sobre
direitos para homossexuais do programa de governo de Marina Silva (PSB), que é
evangélica.
O grande poder de comunicação
das lideranças evangélicas mobiliza este segmento, assim como um sentimento de
solidariedade com candidatos que sigam a mesma orientação religiosa.
"Esse segmento da população
tem uma orientação de solidariedade com outros evangélicos, quer por referência
moral, quer por disciplina de organização", disse a socióloga e
especialista em análise de pesquisas de opinião Fátima Pacheco Jordão.
Ela lembrou que as várias
vertentes evangélicas existentes no país possuem meios de comunicação de massa,
como emissoras próprias e espaços alugados em canais de TV.
"Eles estão se tornando
players, agentes importantes no cenário político. Já são, aliás. E do jeito que
a coisa anda, é possível que nós tenhamos pela primeira vez uma presidente
evangélica."
Marina, que é membro da
Assembleia de Deus, é a principal destinatária dos votos dos evangélicos.
Segundo a última pesquisa do Datafolha, ela cresceu 17 pontos entre os
evangélicos pentecostais e outros 17 pontos entre os não-pentecostais.
De acordo com o levantamento,
entre os pentecostais, grupo no qual a igreja frequentada pela ex-senadora
está, Marina tem 41 por cento das intenções de voto, contra 30 por cento da
presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e 11 por cento do
tucano Aécio Neves.
Entre os não-pentecostais, a
candidata do PSB lidera com 44 por cento, contra 29 por cento da petista e 13
por cento do tucano.
Marina também teve bom
crescimento entre os católicos, que representam a maioria da população, 11
pontos, mas segue atrás de Dilma neste segmento.
No total do eleitorado, o
Datafolha apontou empate em 34 por cento entre as duas principais candidatas.
Aécio tem 15 por cento.
Segundo dados do Censo de 2010
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os evangélicos
representam 22,2 por cento da população. Atualmente, estimativas de analistas
colocam esse percentual em até 30 por cento do eleitorado.
"As pesquisas mostram que
Marina Silva tem um desempenho no eleitorado evangélico muito melhor do que o
que ela tem entre o eleitorado católico. Se o eleitorado brasileiro fosse só de
evangélicos, ela ganharia com mais facilidade", disse o cientista político
Rubens Figueiredo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Consultores
Políticos (ABCOP).
Para Jordão, entretanto, o apoio
evangélico não é o principal fator que explica a ascensão de Marina, que se
tornou a principal estrela do cenário eleitoral ao assumir a cabeça de chapa do
PSB após a morte de Eduardo Campos, em agosto.
"A Marina é muito maior do
que o poder de persuasão das igrejas. Ela representa uma coisa maior do que
isso", avaliou a socióloga. "Ela não será nem beneficiada nem punida
pelas posições de ordem religiosa. Ela será atacada por isso."
Princípios Negociáveis
Nas últimas eleições, vários
candidatos têm buscado o apoio de lideranças evangélicas. Na campanha deste
ano, por exemplo, Marina levou Campos a um encontro com pastores quando o
ex-governador era o candidato do PSB.
Aécio também realizou encontros
com evangélicos e Dilma foi a um encontro de mulheres evangélicas e fez um
discurso no qual citou trechos da Bíblia.
Em 2010, a questão do aborto
ganhou destaque na eleição presidencial, ainda que, como afirma Jordão, o tema
tenha sido usado mais como ferramenta política do que pensando no interesse do
eleitorado.
No pleito deste ano, além de
Marina, o presidenciável pastor Everaldo (PSC) também é evangélico da
Assembleia de Deus. A Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil
(CGADB), no entanto, ainda não definiu qual dos dois candidatos vai apoiar para
presidente.
"A probabilidade de apoiar
qualquer um dos dois é maior que a de apoiar qualquer outro candidato",
disse à Reuters o pastor Lélis Marinho, presidente do Conselho Político da
CGADB.
Segundo ele, o apoio ao
candidato do PSC estava praticamente acertado, mas a entrada de Marina na
disputa mudou o panorama e, agora, não está descartado um apoio a ela já no
primeiro turno. Uma decisão deve ser tomada ainda nesta semana, disse Marinho.
No sábado passado, menos de 24
horas depois de lançar o programa de governo, a campanha de Marina divulgou uma
errata alterando trechos sobre as políticas para a comunidade LGBT (lésbicas,
gays, bissexuais e transexuais).
A mudança, que segundo a
candidata se deu para corrigir uma falha de editoração, eliminou os
compromissos com o apoio a uma lei que criminaliza a homofobia e com mudanças
na legislação para aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, entre
outros pontos. Marinho classificou a mudança no programa marineiro como uma
"abertura altamente positiva".
"Nós queremos ter liberdade
de falar aquilo que nós entendemos e que, inclusive, está na Bíblia Sagrada.
Ela condena a prática (homossexual)", disse o pastor.
"Não abrimos mão daquilo
que nós consideramos princípios... Agora, nós respeitamos a todos. Não é porque
eu defendo um princípio que eu acho que todo mundo é obrigado a defender esse
princípio. Mas eu não quero ser incomodado naquilo que eu defendo."
Não por acaso, Marinho, do
Conselho Político da CGADB, disse que o fato de Marina e pastor Everaldo serem
evangélicos "já os credenciam" para receber apoio dos fiéis.
Fonte: Exame
via Notícias
Cristãs
Extraído do blog: pointrhema
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