SUBSÍDIO
I
INTRODUÇÃO
A sociedade moderna está impregnada pela ideia do sucesso, muitas vezes
alcançado a qualquer custo, sem qualquer consideração ética, mais que isso, sem
o aval divino. Na aula de hoje estudaremos a respeito dos perigos da busca
desenfreada pela autorrealização pessoal, ressaltando, sobretudo, as
implicações que essa pode trazer, quando distanciadas dos princípios divinos.
Destacaremos, na aula de hoje, que a autorrealização pressupõe uma ética, e que
essa deve se respaldar nos princípios cristãos.
1. A AUTORREALIZAÇÃO HUMANA
Nas livrarias os livros que mais são vendidos são aqueles que motivam à
autorrealização, esses são comumente reconhecidos como “autoajuda”. Isso porque
se fundamentam na concepção de sucesso, independentemente de Deus. O mundo
empresarial comprou essa concepção, que é considerada normal em um contexto no
qual Deus se tornou desnecessário. Em consonância com Tiago, devemos ter
cuidado com a competitividade exacerbada que predomina nos mundo dos negócios,
e que, às vezes, está sendo adotado dentro das igrejas. As desavenças no âmbito
eclesiástico não têm o respaldo divino (Tg. 4.1). As invejas e cobiças estão
sendo colocadas em um patamar que os outros deixam de ser considerados. Há até
aqueles que oram com intento de satisfazerem suas vaidades (Tg. 4.3). Devemos
tomar cuidado com essas orações, na maioria das vezes elas refletem os desejos
mais ocultos, e em alguns casos, sentimentos de ganância. Alcançar determinados
espaços não pode ser a razão de ser, a competitividade também tem limites, o
respeito ao próximo continua sendo o padrão ético de Jesus (Mt. 22.37). Paulo,
em consonância com a mensagem de Tiago, nos orienta a deixar morrer nossos
membros, para não sermos controlados pelas nossas paixões (Cl. 3.5-9). Não há
limite para a cobiça, em uma sociedade de consumo, quanto mais se tem mais se
quer. A propaganda incita à inveja, a buscar primeiro nossos interesses, e
colocar os outros em segundo plano, inclusive o reino de Deus. Mas Jesus nos
ensina que devemos colocar o reino de Deus primeiro, e as coisas necessárias
nos serão acrescentadas (Mt. 6.33). Como o salmista, nosso maior desejo deve
ser agradar a Deus, Ele precisa ser sempre nosso maior anelo (Sl. 63.1).
Devemos lembrar sempre que o cristianismo nada tem a ver com esses padrões absorvidos
pela sociedade. A igreja precisa ser diferente, não apenas no modo de vestir,
mas também em seu proceder. Como bem destacou Kierkegaard, “no dia que o
cristianismo e o mundo se tornarem amigos, o cristianismo deixará de existir”.
2. O PERIGO DA AUTORREALIZAÇÃO
Esse sistema de autorrealização em que os fins justificam os meios não é
cristão, é diabólico. Não devemos esquecer que o mundo jaz no maligno (I Jo.
5.19) e que Satanás, o deus deste século, cegou o entendimento das pessoas (II
Co. 4.4). Destacamos algumas das tendências atuais: valorização do temporário
em detrimento do eterno (I Co. 7.32,33), a cobiça dos olhos, através da
ostentação de bens, que alimenta a soberba da vida, não provém de Deus (I Jo.
2.16); e o desejo desenfreado de ter sempre mais, ao ponto de perder a própria
vida (Mt. 16.26; Lc. 9.25). A parábola contada por Jesus, a respeito do rico
insensato, deve servir de alerta a todos aqueles que se entregam
desordenadamente aos interesses mundanos (Lc. 12.19-21). Muitas pessoas estão
trocando o tesouro celestial, que a traça não corrói nem a ferrugem o atinge,
pelos tesouros terrenos (Mt. 6.21). Tenhamos cuidado para não nos deixar levar
pelo pensamento da maioria, nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, como se
costuma dizer. Fomos alcançados pela graça de Deus, e essa nos reclama a um
modo de viver diferenciado, que não se pauta pelo mundanismo (Tt. 2.11,12). Os
valores deste mundo nada têm a ver com os princípios da Palavra de Deus (I Jo.
2.15). Enquanto que a sociedade exalta aqueles que conseguiram “vencer na
vida”, a mensagem evangélica diz “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça
aos humildes” (Pv. 3.34; Tg. 4.6). Existe um ranking daqueles que são
considerados os mais ricos do mundo, e esse é divulgado todos os anos pelas
principais revistas internacionais. Mas será que esses mesmos ricos podem ser
considerados assim do ponto de vista de Deus? Os critérios do Senhor em relação
ao sucesso são diferentes daqueles apregoados pelo mundo dos negócios. Na
perspectiva divina o modelo de sucesso é o de Jesus, que se esvaziou, tomando a
forma de servo, de igual modo, devemos considerar sempre os outros superiores a
nós mesmos (Fp. 2.3). A fé cristã não exalta, ou pelo menos não deveria,
aqueles que conseguiram seu “lugar ao sol”. A preocupação dos cristãos, como
foi a de Cristo, deve ser com aqueles que se encontra em condição de
vulnerabilidade. O auxílio aos mais pobres é uma missão a ser perseguida por
todos os cristãos, levando às pessoas o evangelho integral, que percebe tanto o
corpo quanto o espírito.
3. O EQUILIBRO NAS REALIZAÇÕES
A busca pela realização pessoal necessariamente não é pecado, todas as
pessoas podem estudar, também comercializar, mas a soberba não deve ser o
fundamento de qualquer empreendimento. Em tudo que fazemos devemos estar
debaixo da sujeição de Deus, nada temos ou podemos ter sem que Ele nos permita.
Ao invés de seguir os ditames deste mundo tenebroso, devemos ouvir a Palavra de
Deus, e escolher ir após Jesus, como seus discípulos (Mt. 16.24-28). Para isso
precisamos resistir ao diabo, revestindo-nos de toda armadura de Deus (Ef.
6.10-18), não nos dobrando aos seus ardis (Tg. 4.7; I Pe. 5.7,8). Quando mais
nos aproximamos de Deus, mais nos distanciamos do alcance de Satanás (Tg. 4.8).
O autor de Hebreus nos chama à aproximação de Deus, com um coração sincero e
repleto de fé (Hb. 10.22). A adoração ao Senhor é o caminho por meio do qual
nos achegamos ao trono da graça, o próprio Deus busca adoradores, que o fazem
em espírito e em verdade (Jo. 4.24). É nessa disposição que podemos trabalhar,
estudar e fazer qualquer coisa, tudo na fé em Cristo Jesus, que a todos abençoa
(I Co. 10.31-33; II Tm. 3.16; I Pe. 2.9). Os cristãos não podem fazer parte do
mundo (satânico), mas estão no mundo (físico) a fim de atrair o mundo (pessoas)
para Deus. Nessa missão, devemos ter cuidado para não sermos engodados pelos
padrões que podem nos distanciar de Deus. Não precisamos entrar nessa
competitividade doentia, confiemos no Senhor, assim como fez Abraão (Gn. 13.8).
Os cristãos não estão impedidos de estudarem, buscar promoções no trabalho, mas
estão limitados pela ética bíblica. Atitudes que envergonham o evangelho não
deve ser utilizadas para se alcançar determinado fim. As mãos dos cristãos
devem estar limpas, nada de duplo ânimo, isto é, procedimentos contraditórios
(Tg. 4.8). Não somos cristãos apenas durante o período que estamos dentro do
templo, mas em todos os momentos da vida, vinte e quatro horas por dia.
CONCLUSÃO
Mas para aqueles que se arredaram com o pecado, Tiago nos traz uma
mensagem de esperança. É preciso sentir a miséria da condição de distanciamento
de Deus, e lamentar o desejo de autorrealização fora dos padrões bíblicos. A
conversão é uma possibilidade, que se concretiza na vida daqueles que abandonam
o orgulho. O sucesso, como um fim em si mesmo, não tem respaldo escriturístico.
A advertência de Jesus nesse sentido é enfática: “Ai de vós, que estais fartos,
porque tereis fome, ai de vós, o que agora rides, porque vos lamentareis e
chorareis” (Lc. 6.25).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO
II
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Tiago 4.1-10.
1 - Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto,
a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 - Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis
alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3 - Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites.
4 - Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é
inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus.
5 - Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós
habita tem ciúmes?
6 - Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá,
porém, graça aos humildes.
7 - Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 - Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9 - Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso
riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
10 - Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Analisar qual é a origem dos conflitos e discórdias na vida do crente e da igreja;
- Mostrar que o crente não pode flertar com o sistema do mundo; e
- Compreender que a autorealização não pode vir em primeiro lugar em nossas vidas.
PALAVRA CHAVE
Autorrealização: Ato ou efeito de realizar a si próprio.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de
vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando
esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso
Deus à margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal. Ao concluirmos o
estudo dessa semana veremos que não se pode abrir mão de Deus para realizarmos
os nossos sonhos, pois os dEle devem estar em primeiro lugar!. [Comentário:
O título desta lição é interessante e instigante. Hoje veremos que a
busca pela autorrealização humana não é contraria à Bíblia, pelo contrário, ela
só é nociva quando for colocada como um fim em si mesma. O Dicionário Aurélio
da Língua Portuguesa define o termo realizar como: “alcançar seu objetivo ou ideal”
(FERREIRA, 2004, p. 1190). Realização das suas próprias capacidades ou
habilidades. O texto de Tiago 4.1-10 nos apresenta o ensino de que Deus não nos
concede aquilo que pedirmos se as nossas motivações forem equivocadas. A vida
cristã autêntica exige a renúncia de nós mesmos! Tiago exorta ainda que os
crentes não devem estar em conflitos uns com o outros; e, por fim, ele lembra
que aqueles que decidiram seguir a Cristo devem se desligar completamente do
mundo, pois o Senhor exige exclusividade. Depois de discorrer sobre dois
perigos que ameaçam a vida cristã - a língua e a sabedoria animal, terrena e
diabólica, Tiago passa a discorrer sobre a indevida prevalência do ego humano,
ou da natureza pecaminosa do homem, aquilo que o apóstolo Paulo chama de carne,
que tantos transtornos causam, também, à vida cristã.] Vamos mergulhar mais fundo?
I. A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS
DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos são esses? Tiago abre o capítulo 4 perguntando: “Donde
vêm as guerras e pelejas entre vós?”. Em seguida, responde retoricamente:
“Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos
membros guerreiam?” (v.1). Aqui, o líder da igreja de Jerusalém denuncia o tipo
de sabedoria que estava predominando na igreja: a terrena, animal e diabólica.
Por quê? Ora, entre aqueles crentes havia “guerras e pelejas” e “interesses dos
próprios deleites”, enquanto os menos favorecidos estavam à margem dessas
ambições. Estava nítido que eles não semeavam a paz. [Comentário:
Em Tiago 4.1, a palavra “pelejas” refere-se a Luta, combate,
briga.
Desentendimento, desavença. Em contraste à sabedoria divina que produz
uma atmosfera de paz, na qual crescerá a semente da justiça (Tg 3.18), a
sabedoria terrena provoca um conflito interpessoal crônico. A fonte é uma
natureza contenciosa e egoísta. Tiago não está falando de conflitos deflagrados
entre pessoas que não servem à Deus, mas ele fala a pessoas convertidas; são
disputas dentro da igreja, entre os crentes. Tiago está descrevendo uma situação
em que um grupo chega a um estado de guerra. Quando se atinge este grau, os
crentes deixaram de ser pacificadores (Tg 3.18) e passaram a viver em
antagonismo aberto uns contra os outros. Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal (Editora CPAD), tratando desta perícope, traz o seguinte: “A palavra “guerras” refere-se a batalhas com
armas, um conflito armado. Esta palavra é usada de maneira figurada para
indicar a luta entre poderes, tanto terrenos quanto espirituais. Obviamente,
haverá desacordos em qualquer igreja. Mas, quando isto acontecer, será que
seremos suficientemente sábios para entender a razão? Identificaremos a sua
origem? Quando tratados de maneira correta, com sabedoria devota, estes
problemas podem levar ao crescimento. Infelizmente, entretanto, algumas igrejas
tornam-se campos de batalha permanentes. Os novos crentes encontram-se em meio
a um fogo cruzado de discussões, ressentimentos e lutas pelo poder que
aparentam ser uma verdade espiritual, mas que frequentemente são simplesmente conflitos
pessoais. Neste processo, os observadores inocentes são, a umas vezes,
profundamente feridos. Muitos de nós conhecem pessoas que se afastaram da
igreja por causa de um conflito que nada tinha a ver com o Evangelho. Guerras e
pelejas têm sido causadas não por alguma força externa, mas pelos maus desejos
(versão NTLH) das pessoas. Quando cada pessoa procura o seu próprio prazer, o
resultado só pode ser conflito, ódio, e divisão. A expressão “lutando dentro de
vocês” (versão NTLH) sugere uma batalha furiosa entre o desejo de fazer o bem e
o desejo de fazer o mal”. Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 682.]
2. A origem dos males (Tg 4.2). “Combateis e guerreais” (v.2), é a afirmação
do meio-irmão do Senhor em relação àquelas igrejas. Tiago não mascara o que
está no coração humano: a cobiça e a inveja. Estas são as predisposições
básicas da nossa natureza para desenvolver uma atitude combativa e de guerra
contra as pessoas, até mesmo em nome de Deus (Jo 16.2). Quem procede assim
ainda não entendeu o Evangelho e nem mesmo atina para a verdade de que Deus não
tem compromisso algum com os desejos egoístas, mas atenta à pureza e a
verdadeira motivação do coração (1Sm 16.7; Lc 18.9-14). [Comentário: Em Tiago 4.2, os desejos
descritos tornam-se tão fortes, que as pessoas estão prontas até para matar, como traz a versão NTLH, no
intuito de conseguir aquilo que desejam. Talvez Tiago esteja aqui lançando mão
da hipérbole (figura de retórica no qual o significado da expressão é
exagerado) para o ódio e a amargura. Em lugar de reavaliarem os seus desejos,
as pessoas descritas por Tiago recorrem à inveja, a lutas, a disputas, e a
coisas piores do que estas. Mas, apesar de todo o seu egoísmo e antagonismo
para conseguirem o que desejam, elas ainda não podem alcançar estas coisas.
Russell Norman Champlin, em sua obra intitulada Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo (Editora Hagnos), discorrendo sobre o texto de 1 Sm
16.7, afirma o seguinte: “Não atentes
para a sua aparência. Saul era homem de elevada estatura, algo muito apreciado
pelos antigos. Ver os comentários sobre I Sam. 9.2 e 10.23. Samuel estava
caindo no erro de julgar um homem por sua aparência física. Samuel não estava
olhando para o interior, mas YAHWEH era observador dos corações. Há a aparência
e há a realidade. O homem vê a aparência de uma pessoa ou coisa, e assim faz
julgamentos precipitados. Mas Deus vê a realidade do homem ou coisa, e faz um
juízo verdadeiro. Samuel tinha de ajustar-se à maneira divina de avaliar
pessoas e coisas. É frequentemente verdadeiro que as aparências enganam. Os
homens são facilmente enganados e atos tolos ocorrem por causa de decepções. A
questão da escolha do segundo rei de Israel era muito importante para ser feita
de acordo com sua aparência física. Por isso mesmo, YAHWEH teve de intervir
desde o começo, certificando-se de que Davi fosse ungido. O coração de Eliabe
não era tão bom quanto a sua aparência física. Ele não era um candidato
apropriado.” CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1180.]
3. O porquê de não recebermos bênçãos (Tg 1.3). O texto sagrado mostra o
porquê de as pessoas que agem assim não receberem as bênçãos de Deus, apesar de
muitas vezes aparecerem “profetas” profetizando o contrário. Em primeiro lugar,
Deus não é um garçom que está diuturnamente ao nosso serviço. Segundo, como
vimos, Ele não têm compromisso com os nossos interesses mundanos. E,
finalmente, quando pedimos, o pedimos mal, pois não é a vontade divina que está
em nosso coração, mas o desejo egoístico da natureza humana pedindo a Deus para
chancelá-lo. [Comentário: Quase tão ruim quanto não
pedir é pedir de maneira equivocada. Se não entendermos bem o uso correto da
oração, poderemos deixar de orar, ou tentar manipular a Deus, encostá-Lo na
parede (como se isso fosse possível). Mais adiante, Tiago deixa claro que,
quando oramos, precisamos nos humilhar diante de Deus (4.7). Se não for assim,
poderemos não ser atendidos. Nós não deveríamos ficar surpresos quando as
nossas orações não forem atendidas, isso porque os nossos motivos são,
frequentemente, equivocados. Muitos de nós gastaríamos o que recebêssemos em
nossos próprios deleites. Esta passagem é um convite à reflexão! Mais uma vez
cito Russell Norman Champlin: “Tg 4.3
Para eles, orar era apenas um meio de fomentar a ganância. Se conseguissem
qualquer coisa com esse propósito dúbio, teriam a certeza que não fora Deus
quem lhe dera. Tinham perdido completamente o conceito do uso apropriado da
oração. Tinham-na transformado em um instrumento da carnalidade. Em que eles se
importavam acerca da oração como um avanço na santidade e no bem-estar
espiritual? Agiam como se houvesse apenas a dimensão terrena na existência, sem
céu e sem Deus. Eram teístas professos, mas eram ateus na prática, porquanto,
na realidade, imaginavam que Deus não desempenhava qualquer papel vital em suas
vidas. Do «eu» e seus prazeres tinham feito os seus deuses. Eram idólatras da
pior espécie. Nada há de errado nas orações que pedem a prosperidade e o
bem-estar físico; conforme se depreende de III João 2. E bom alguém gozar de
boa saúde e estar financeiramente próspero. Mas é mau fazer dessas coisas a
finalidade central de nossas vidas. Outrossim, os leitores originais da
epístola tinham como alvos verdadeiros de suas vidas a busca pelos prazeres,
pelo conforto e pelo poder; e assim não se preocupavam apenas com uma abastança
mais razoável. Tinham substituído a dimensão eterna pela dimensão temporal;
tinham feito da autoindulgência algo mais importante do que cumprir a vontade
de Deus, sendo transformados segundo a imagem de Cristo, o que é e deverá ser
sempre o alvo de toda a existência. (Ver Ef 1.10). «...buscai pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão
acrescentadas» (Mt 6.33). «Uma vida consagrada ao serviço de Deus é a melhor
oração que pede bênçãos temporais. A oração feita com espírito ganancioso é
como a de um bandido, que pede sucesso para os seus assaltos.» (Plummer, in
loc.). «...mal...», isto é, erradamente. Aquela gente pedia com «propósitos
egoístas», para obter os frutos ilegítimos dos prazeres. Essas orações não são
ouvidas por Deus. (Quanto ao fato que Deus ouve as orações dos justos e
penitentes, (ver Sl 34.15-17; 145.18; Pv 10.24); Salmos de Salomão 6:6; Luc.
18:9 e ss.; Tg. 1:6 e ss.-, I João 5:14). «...esbanjares em vossos prazeres...»
A ideia central é que eles desejam a abastança financeira, a fim de se ocuparem
mais diligentemente na busca pelos prazeres; e existem ainda outros meios pelos
quais os prazeres podem ser obtidos, e as petições de tais pessoas incluem
qualquer coisa mediante o que o «eu» pode ser satisfeito. «Até mesmo as orações
dos crentes com frequência são melhor respondidas quando os seus desejos são
menos atendidos». (Faucett, in loc.). «Queriam fazer de Deus o ministro de suas
próprias concupiscências». (Calvino, in loc.). «O sentido geral é: se realmente
orásseis corretamente, esse senso de contínua sede por coisas mundanas em maior
quantidade não existiria: todas as vossas necessidades apropriadas seriam
supridas; e aqueles desejos impróprios, que geram guerras e contendas entre vós
desapareceriam. Pediríeis, e pediríeis bem, e, consequentemente, obteríeis».
(Alford, in loc.). «É grande a misericórdia de Deus quando ele não ouve aos
homens que fazem orações injustas. (Ver Sal. 66:18)» (Quesnel, in loc.).” CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 63.].
SINOPSE DO
TÓPICO (1)
As guerras e pelejas entre os crentes são frutos
dos desejos egoístas e carnais que carregamos em nosso interior.
II. A BUSCA EGOÍSTA (Tg 4.4,5)
1. Adúlteros e amigos do sistema mundano (Tg 4.4). Tiago chama de
“adúlteros e adúlteras” os crentes que flertaram com o sistema do mundo. Mas a
qual sistema mundano o escritor da epístola se refere? Olhando para o contexto
anterior da passagem em apreço, veremos que Tiago se refere às más atitudes (a
inveja, a cobiça, o deleite carnal, as pelejas e as guerras, isto é, o egoísmo
do coração humano) que caracterizam o sistema presente deste mundo. Os que
flertaram com tal sistema fizeram-se inimigos de Deus. [Comentário: Adúlteros e adúlteras
são termos metafóricos no Antigo Testamento para aqueles que violam seus votos
de amar a Deus e, em vez disso, seguem seus ídolos. Um relacionamento ilícito
com o mundanismo resulta em estranhamento e hostilidade com Deus. A palavra adúlteros
descreve claramente a infidelidade espiritual das pessoas e tenciona
despertá-las para que encarem a sua verdadeira condição espiritual. Tiago
escreve à pessoas convertidas, à crentes que estavam tentando amar a Deus e ao
mesmo tempo, mantinham um relacionamento com o mundo. O fato de Deus expressar,
nos termos mais fortes possíveis, a importância da fidelidade tem o objetivo de
nos inquietar. Os padrões bíblicos de comportamento pessoal, conjugal e
espiritual estão sob constante ataque de erosão. O Comentário Bíblico Beacon
(Editora CPAD), comentando Tiago 4.4, traz o seguinte: “As palavras Adúlteros e adúlteras não se encontram nos textos gregos
mais antigos. Deveríamos interpretar adúlteras figuradamente, como Jesus usou
esse termo quando chamou as pessoas falsas e infiéis dos seus dias de “geração
[...] adúltera” (Mt 12.39). A expressão não sabeis vós supõe que os leitores
estavam familiarizados com essa verdade mas a estavam ignorando. O mundo aqui,
como em outras partes do Novo Testamento, significa tudo que as pessoas pensam e
fazem que desconsidera Deus e é contrário à sua vontade. Por meio de palavras
retumbantes, Tiago declara que o povo de Deus deve tomar uma decisão clara
entre Deus e todas as atitudes não-cristãs. Se pertencemos a Deus, a amizade do
mundo precisa nos deixar. Se nos agarramos a qualquer caminho errado,
nutrindo-o como um amigo, nos tornamos inimigos de Deus e não temos mais uma
base bíblica para crer que estamos em um relacionamento de salvação com Ele”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10.
pag. 182.]
2. “Inimigos de Deus”. O líder da igreja de Jerusalém faz esta
afirmação baseado nas duas imagens linguísticas usadas por ele para configurar
a amizade dos crentes com o sistema mundano: “adúlteros e adúlteras”. Quando
Tiago usa essas duas imagens, ele quer mostrar que da mesma forma que Israel
procurou estabelecer acordos não só com o Deus de Abraão, mas também com Baal,
Asera e outras divindades de Canaã, os leitores de Tiago também procuraram
estabelecer tanto a amizade com o mundo, quanto com Deus. Todavia, Tiago mostra
que a amizade com Deus e com o mundo, transformará as pessoas em “inimigas de
Deus”. [Comentário: O Rev
Hernandes Dias Lopes, escreve em sua obra intitulada TIAGO - Transformando
provas em triunfo, (Editora Hagnos): “Em guerra contra De (Tg 4.s4-10). A raiz
de toda a guerra é rebelião contra Deus. Mas como um crente pode estar em
guerra contra Deus? Cultivando amizade com os inimigos de Deus. Tiago cita três
inimigos com quem não podemos ter amizade, se desejamos viver em paz com Deus.
Tiago fala de tentações que estão fora de nós (o mundo e o diabo) e tentações
que estão dentro de nós (a carne). Tiago fala do mundo (4.4). A palavra kosmos
foi empregada em um sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o
princípio do mal que opera sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana
com seus valores, princípios e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema
que rege o mundo é anti- Deus. Se o mundo valoriza a riqueza, começamos a
valorizar a riqueza também. Se o mundo valoriza o prestígio, começamos a
valorizar o prestígio. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.
Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: primeiro, sendo amigo
do mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1.27). Terceiro, amando
o mundo (I Jo 2.15-17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12.2). O
resultado é ser condenado com o mundo (I Co 11.32). Assim, seremos salvos como
que por meio do fogo (I Co 3.11-15). Amizade com o mundo é uma espécie de
adultério espiritual. O crente está casado com Cristo (Rm 7.4) e deve ser fiel
a Ele (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2; ICo 11.2). O mundo é inimigo de Deus e
ser amigo do mundo é constituir-se em inimigo de Deus. Não dá para ser amigo do
mundo e de Deus ao mesmo tempo. Temos que tomar cuidado com as pequenas coisas.
O mundo envolve as pessoas pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool
do dia para a noite. Ninguém se lança de cabeça nas aventuras loucas das drogas
no primeiro trago ou na primeira picada. Ninguém começa uma vida licenciosa num
primeiro flerte. A sedução do mundo é como uma fenda numa barragem, começa
pequena, mas pode conduzir a um grande desastre. LOPES. Hernandes Dias.
TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 86-88.]
3. O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). O Espírito Santo que em nós habita é zeloso.
Ele é o selo que marca-nos como propriedade exclusiva de Deus (2Co 1.21,22; 1Pe
2.9). No versículo cinco do capítulo quatro, os leitores de Tiago aparecem como
o objeto dos “ciúmes do Espírito”. Por isso, o autor sagrado os confronta
chamando-os de “adúlteros e adúlteras”. Tal advertência é a admoestação de Deus
para o seu povo. Aqui, também cabe lembrar-nos de uma promessa registrada na
Primeira Epístola Universal de João: temos um advogado à destra de Deus
(2.1,2). [Comentário: Parece estranha a ideia de que Deus tem ciúmes, mas é exatamente disso
que Tiago está falando no versículo 5. E a expressão “... diz a Escritura...”
não quer dizer que as palavras que vêm a seguir — “O Espírito que em nós
habita tem ciúmes” — se trata de uma citação fiel, ao pé da letra, de algum
texto do Antigo Testamento. O que Tiago diz é que essa é uma das mensagens das
Sagradas Escrituras no Antigo Testamento: o Espírito do Senhor tem ciúmes de
seus filhos. O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (Editora CPAD)
comentando Tg 4.5, diz: “O texto em Tiago 4.6 (o próximo versículo) é uma
citação do Antigo Testamento — especificamente Provérbios 3.34. No entanto,
esta expressão não é uma citação direta de nenhum versículo do Antigo
Testamento. Tiago está adotando uma abordagem usada em outras passagens do Novo
Testamento, que consiste em resumir ensinamentos do Antigo Testamento em vez de
citá-los diretamente. O texto grego da frase “o Espírito que em nós habita tem
ciúmes” oferece diversas traduções alternativas, de modo que o contexto deve
nos ajudar a determinar o que o autor quis dizer. Tiago estava dizendo que
Deus, que fazia com que o seu Espírito residisse nos crentes, tem ciúme do seu
relacionamento, ou estava dizendo que o espírito que Deus pôs no homem é
inclinado aos ciúmes - e por essa razão deve ser mantido em observação. O
objetivo desta declaração é confirmar a comunhão do crente com Deus, e a sua
posição contrária ao mundo. Podemos dizer que nos relacionaremos tanto com Deus
como com o mundo, mas, na prática, só poderemos escolher um caminho. Quanto
mais nos entregarmos ao mundo, mais forte será a nossa fidelidade ao mundo.
Quanto mais nos entregarmos a Deus, mais forte será a nossa ligação com Ele.
“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21),
disse Jesus. Para aqueles que fazem a escolha sábia, enfrentando aquilo que
pode parecer uma batalha desanimadora, Tiago acrescenta uma mensagem
maravilhosa de esperança.” Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 683.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Os crentes que estão divididos entre a igreja e o
mundo são denominados por Tiago de “adúlteros e adúlteras”. O crente jamais
deve flertar com o sistema do mundo.
III. A BUSCA DA AUTORREALIZAÇÃO
(Tg 4.6-10)
1. Humilhando-se perante Deus (Tg 4.6,7). Uma vez admoestados pelo
Espírito Santo, temos a promessa de que Ele nos dará “maior graça”. Tal maior
graça é o fato de que “Deus resiste aos soberbos”, mas “dá, porém, graça aos
humildes”. Se acolhermos a advertência do Senhor, a tão almejada realização
humana acontecerá de maneira completa em Deus. Humilharmo-nos diante do Senhor
é reconhecermos quem somos à luz da sua admoestação. É acolher com humildade o
confronto do Senhor. O arrogante, o soberbo e o ganancioso nunca terão esta
atitude e, por isso, serão abatidos. E ainda, à luz do ensino de Tiago,
resistir ao Diabo significa não desejar as mesmas coisas que a falsa sabedoria
nos oferece: egoísmo, orgulho, soberba etc. É não almejarmos a posição dos
mestres orgulhosos e soberbos, mas contentarmo-nos com a vocação de servirmos ao
Senhor, voluntária e espontaneamente, em espírito e em verdade (Jo 4.23). [Comentário: Mais uma vez, lanço mão da
obra do Rev. Hernandes Dias Lopes, já citada anteriormente, para comentar este
tópico da lição: “Tiago fala do diabo
(4.6,7). O pecado predileto do diabo é a vaidade, o orgulho. Ele tenta as
pessoas nessa área (4.6,7). Ele tentou Eva e tenta os novos crentes (I Tm 3.6).
Deus quer que dependamos dEle enquanto o diabo quer que dependamos de nós. O
diabo gosta de encher a nossa bola. O grande problema da igreja hoje é que
temos muitas celebridades e poucos servos. Há tanta vaidade humana que não
sobra espaço para a glória de Deus. Como podemos vencer esses três inimigos?
Tiago nos informa que Deus está incansavelmente do nosso lado (4.6). Ele sempre
nos dá graça suficiente para vencer. Mas a graça de Deus não nos isenta de
responsabilidade. Nos versículos 7-10 há vários mandamentos para obedecer. A
graça não nos isenta da obediência. Quanto mais graça, mais obediência. Tiago
menciona quatro atitudes, segundo Warren Wiersbe, que podem nos dar vitória;
submissão a Deus, resistência ao diabo, comunhão com Deus e humildade diante de
Deus. Em primeiro lugar, devemos nos submeter a Deus (4.7). Essa palavra é um
termo militar que significa fique no seu próprio posto, ponha-se no seu lugar.
Quando um soldado quer se colocar no lugar do general ele tem grandes
problemas. Renda-se incondicionalmente. Ponha todas as áreas da sua vida sob a
autoridade de Deus. Por isso um crente rebelde não pode viver consigo nem com
os outros. Davi pecou contra Deus, adulterando, mentindo, matando Urias e
escondendo o seu pecado. Mas quando ele se humilhou, se submeteu e confessou,
encontrou paz novamente com Deus. Em segundo lugar, devemos resistir ao diabo
(4.7). O diabo não é para ser temido, mas resistido. Somente quem se submete a
Deus pode resistir ao diabo. A Bíblia nos ensina a não dar lugar ao diabo (Ef
4.27). LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo.
Editora Hagnos. pag. 88-89. Nós precisaremos confiar no poder de Deus
para resistir a tais desejos malignos. Este poder está disponível. Citando
Provérbios 3.34, Tiago oferece esperança àqueles que desejam a comunhão com
Deus. Deus resiste aos soberbos porque o orgulho nos torna egocêntricos e nos
leva a concluir que nós merecemos tudo o que podemos ver, tocar, ou imaginar.
Ele cria apetites avarentos que superam em muito aquilo de que necessitamos. O
orgulho pode sutilmente fazer com que não mais vejamos os nossos pecados ou a
nossa necessidade de perdão. Mas a humildade abre o caminho para que a graça de
Deus flua em nossa vida; assim.]
2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9). Se o orgulhoso e o
soberbo decidirem-se por se achegarem a Deus, o Senhor lhes será propício. A
mão de Deus “não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido,
agravado, para não poder ouvir” (Is 59.1). O que precisa acontecer é um
verdadeiro arrependimento! A exortação bíblica de Tiago a essas pessoas é que o
“riso” e a “aparente felicidade” delas, produzidos pela amizade do mundo,
convertam-se em “choro”, “lamento” e “miséria” (v.9; cf. 2Co 7.10), assim que
elas perceberem-se como “inimigas de Deus”. Esta é a atitude genuína de um
verdadeiro arrependimento. [Comentário: Uma pessoa com duplo ânimo
tenta apegar-se a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. O homem de coração dobre é
uma pessoa atraída em direções opostas. Sua fidelidade é divididae, devido à
sua falta de sinceridade, ele vacila entre a crença e a descrença. Veja o que o
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (Editora CPAD) nos fala sobre a
perícope de Tg 4.8,9: “A ideia de
humildade diante de Deus agora inclui o benefício adicional da resposta
imediata de Deus. Nós podemos nos chegar a Deus e Ele se chegará a nós. A
instrução de limpar as mãos significa purificar os nossos atos e modificar o
nosso comportamento exterior. A maneira como nós vivemos é importante para
Deus. A medida que nos aproximamos de Deus, nós nos tornamos conscientes de
hábitos e atos na nossa vida que não agradam a Ele. Limpar as mãos dá a ideia
de remover estas coisas da maneira como vivemos. Precisamos nos afastar dos
pecados que Deus nos mostra. De maneira similar, a instrução de purificar o
coração pede a pureza de pensamentos e motivos – modificações em nosso
interior. As pessoas não podem continuar sendo hipócritas, tentando amar tanto
a Deus como ao mundo. A pureza de coração, portanto, implica sinceridade. À
medida que Deus se aproxima de nós, devemos sentir a nossa falta de
merecimento. Afinal, estamos obtendo a permissão de nos aproximarmos do Deus
santo e perfeito. Tiago descreveu um longo processo espiritual nos oito últimos
versículos. Ele começou descrevendo as pessoas em conflito umas com as outras e
consigo mesmas. A seguir, ele descreveu a origem de tais conflitos nos desejos
inapropriados, que são motivados, em grande parte, pela tentativa de permanecer
próximas tanto do mundo como de Deus. O desmascarar de uma vida como esta e a
convocação dos crentes à humildade pode não ser uma mensagem bem recebida. A
rendição pode não vir com facilidade. Desejos arraigados há muito tempo podem
reagir com desobediência. O arrependimento poderá ter que incluir a recordação
do quanto nós nos afastamos do caminho de Deus antes de termos retornado. Estes
termos diferentes, misérias, lamentações, pranto e tristeza captam a luta de
uma alma que se aproxima de Deus. Existe uma morte que está acontecendo. É um
chamado ao arrependimento profundo e sincero. O riso das pessoas (o riso
escarnecedor que se recusou a levar o pecado a sério) e a sua alegria com os
prazeres do mundo precisam ser completamente transformados - em tristeza pelos
seus pecados (veja também Lc 6.25). Até que isto ocorra, não há espaço para o
riso da liberdade verdadeira e a alegria do Senhor. A vida cristã envolve alegria,
mas, quando nós percebemos os nossos pecados, precisamos nos lamentar, para que
possamos nos arrepender. Somente depois da lamentação é que podemos passar para
a alegria na graça que Deus nos dá.” Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 684.]
3. “Humilhai-vos perante o Senhor” (Tg 4.10). Ao abrir mão de nossa
autorrealização sob as perspectivas mundanas do egoísmo, do individualismo, da
soberba e da inveja, seremos pessoas satisfeitas e realizadas com o Dono da
vida. Como poderemos ser felizes sem a presença do Doador da vida (Jo 12.25)? A
exaltação do Senhor ser-nos-á dada mediante a sua graça e bondade infinitas.
Humilhemo-nos, portanto, debaixo da potente mão de Deus (1Pe 5.6)! [Comentário: Humilhar-nos perante o
Senhor e admitir a nossa dependência dele significa reconhecer que o nosso
valor vem somente de Deus. É reconhecermos a necessidade desesperada que temos
de sua ajuda e sujeitarmo-nos à sua vontade para a nossa vida. Embora nós não mereçamos
a graça de Deus, Ele nos alcança no seu amor e nos dá valor e dignidade, apesar
dos nossos defeitos humanos. considerando que pode vir a ser necessário que uma
pessoa se curve perante outra que a ama e à qual magoou severamente, quanto
mais será preciso que nos humilhemos diante do santo e puro Deus, que nos ama
de modo inconcebível, por causa de nossa culpa em pensamentos, palavras e
ações, com a qual magoamos o seu amor da forma mais grave possível. Humilhar-se
perante Deus significa reconhecer a própria culpa e o juízo justo de Deus sem
objeções e réplicas, sem restrições e tentativas de se justificar. É essa a
única atitude com a qual se pode suplicar por perdão e graça. “E ele vos
exaltará”: exaltará, hupsoo; Strong 5312: Relacionada ao substantivo hupsos,
“altura”, o verbo significa erguer ou levantar. É usado literalmente em Jo
3.14; 8.28; 12.32,34; figuradamente, a respeito de privilégios espirituais
concedidos a uma cidade (Mt 11.23; Lc 10.15), e metaforicamente, no sentido de
exaltar a nós mesmos resultará em uma queda desonrosa, mas humilhar a nós
mesmos leva à exaltação neste e no mundo seguinte. Deus não mantém prostrada e
cheia de vergonha a pessoa que se humilha diante dele. Reveste-a com sua
justiça, que nos foi conquistada por meio de Jesus Cristo (2Co 5.21; Rm 8.1)]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
Como criaturas, precisamos nos humilhar diante do
nosso Criador, reconhecendo que sem Ele nada somos e nada podemos fazer.
CONCLUSÃO
A partir dos ensinamentos do Senhor Jesus, desfrutaremos da verdadeira
felicidade em Deus. Que venhamos atentar para o ensinamento desta lição,
humilhando-nos na presença de Deus através de Cristo Jesus. [Comentário: Tiago nos ensina nessa bela passagem de sua
epístola que não há vitória sobre as paixões pecaminosas e nem exaltação
espiritual na vida do cristão sem humilhação diante de Deus, sem submissão
total à sua vontade através de Sua Palavra! A solução para as desavenças e
conflitos entre nós é a humilhação, porque nossas motivações, desejos e formas
de agir estarão completamente harmonizados com a perfeita vontade do Senhor. Se
nos considerarmos miseráveis, como realmente o somos, se chorarmos e
lamentarmos a nossa vil condição, alcançaremos o favor imerecido de Deus,
receberemos a Sua graça e desfrutaremos da Sua glória!]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
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