SUBSÍDIO
I
INTRODUÇÃO
É comum às pessoas desta geração buscarem informações, algumas delas
ainda se interessam por conhecimento, mas poucas querem realmente sabedoria. Na
aula de hoje atentaremos para a verdadeira sabedoria, como demonstração de
temor a Deus, demonstrada em obediência. Mostraremos, a princípio, a partir das
orientações de Tiago, o que é a verdadeira sabedoria, em seguida, destacaremos
que essa se manifesta na prática, e por fim, que é evidência de uma vida cristã
autêntica.
1. A VERDADEIRA SABEDORIA
A fonte da verdadeira sabedoria é o próprio Deus, considerando que os
homens, pelas suas investigações, são incapazes de obtê-la. Por isso Tiago
pergunta: Quem é sábio e tem entendimento? A concepção de sabedoria em Tiago é
bastante parecida com aquela do autor dos Provérbios (Pv. 8.1-21). Para esses a
sabedoria é muito mais que mero acúmulo de conhecimento, trata-se de uma
compreensão da vontade de Deus, e de uma prática condizente com essa revelação.
Os gregos antigos se vangloriavam de sua sophia – sabedoria, por isso
faltava-lhes humildade. Como diz Paulo, ao escrever aos Romanos, os
intelectuais, dizendo-se sábios, tornaram se loucos e trocaram a glória de Deus
imortal por imagens (Rm. 1.22,23). Os sábios segundo o mundo precisam ser mais
humildas, reconhecerem que necessitam de Deus, e que não sabem de tudo,
admitirem que são ignorantes em relação a muitas coisas, principalmente no que
tange às de Deus (Sl. 111.10). A prepotência do neoateismo tem distanciado
muitas pessoas de Deus, a falta de humildade e senso de ignorância, conduz o
ser humano a pensar que é maior que o Criador. Ser ateu significa fechar-se ao
mistério, à possibilidade da revelação divina, a assumir-se dogmático em
relação à existência de Deus, a acreditar na eternidade da matéria, mesmo sem
ter fundamento científico. Há intelectuais que têm muito conhecimento,
graduam-se, fazem seus mestrados e doutorados, por causa disso perdem a
singeleza de coração. Isso resulta, no contexto da Epístola de Tiago, em soberba,
e dificuldade para manter relacionamentos duradouros e saudáveis (Tg. 3.13,14).
A razão dessa condição está na fonte dessa sabedoria, que é da terra, não do
céu. A verdadeira sabedoria vem do alto, não é uma empreitada humana, tal como
foi a torre de Babel (Gn. 11.9).
2. MANIFESTA-SE NA PRÁTICA
Essa sabedoria humana se caracteriza por: 1) ser terrena (Tg. 3.15),
portanto é deste mundo (I Co. 1.20,21), proveniente da mera razão humana; 2)
ser animal, ou mais propriamente, física (Tg. 3.15), ou natural ( Co. 2.14); e
3) ser demoníaca (Tg. 3.15), por se respaldar nas mentiras do diabo (Rm.
1.18-25), pois ele é o pai da mentira (Jo. 8.44). A verdadeira sabedoria, a que
vem do alto, portanto de Deus, é fruto de oração (Tg. 1.15), é recebida quando
alguém a busca, e se predispõe a se apropriar dela, é uma dádiva do Senhor (Tg.
1.17), A manifestação concreta dessa sabedoria é o próprio Cristo, nEle repousa
a sophia tou theou – a sabedoria de Deus (I Co. 1.13), os tesouros da sabedoria
são encontrados nEle (Cl. 2.3). A maneira de conhecermos essa sabedoria é
através da Palavra de Deus, pois são as Escrituras que nos tornam sábios para a
salvação (II Tm. 3.15). A sabedoria humana se manifesta: 1) por meio de inveja
amargurada (Tg. 3.14,16), busca apenas a autopromoção, rouba a glória de Deus
(I Co. 1.23-31); 2) um sentimento faccioso (Tg. 3.14,15), é o partidarismo, na
busca pela satisfação dos interesses particulares (Fp. 2.3); 3) fundamentada na
mentira (Tg. 3.14), se alimenta da vaidade, e não respeita limites para
adquirir fama (I Co. 4.5). Mas a verdadeira sabedoria, que se manifesta na
prática, é pura (Tg. 3.17), está livre da ambição e dos sentimentos de
vangloria; é pacificadora (Tg. 3.17) não semeia contendas entre os irmãos,
estimulando a competitividade (Tg. 4.1,2); é ponderada (Tg. 3.17), não se lança
precipitadamente, principalmente para tirar vantagem dos mais fracos. A
verdadeira sabedoria também é tratável, se deixa persuadir com facilidade,
demonstra abertura para o aprendizado. Há pessoas nas igrejas que, assim como
procedeu Nabal, não conseguem maturidade espiritual, pois são intratáveis (I
Sm. 25.3,17). A sabedoria do alto também é cheia de misericórdia (Tg. 3.17),
não lida com as pessoas demonstrando inclemência, muito pelo contrario, sabem
que foram alcançados pela graça de Deus, por isso demonstram amor e compaixão.
Essa é uma sabedoria que produz frutos dignos de arrependimento, está
fundamentada nas virtudes do Espírito (Gl. 5.22), por isso não mostra
parcialidade, principalmente em relação aos mais pobres (Tg. 3.17), e não se
revela fingida, com hipocrisia, visando apenas benefícios particulares.
3. DA VIDA CRISTÃ AUTÊNTICA
A vida cristã dever ser marcada pela autenticidade, nela não há lugar
para fingimentos, ou palavras frívolas. Os fariseus do tempo de Jesus eram
pessoas que se pautavam em uma religiosidade aparente (Mt. 23). Eles foram
denunciados por Jesus porque não levavam a sério sua crença em Deus, e mais que
isso, se gloriavam das suas exterioridades, em detrimento dos valores interiores.
Nestes dias, nos quais as igrejas evangélicas buscam apenas aumentar o número
dos seus adeptos, carecemos de uma fé cristã autêntica, diferente do fermento
dos fariseus e saduceus, que busca crescimento a qualquer custo (Mt. 6.6,7). A
vida cristã autêntica é uma escolha, que se fez apesar de tudo e de todos, uma
entrega incondicional, uma disposição a confiar na Palavra de Deus (Rm.
11.8-12). Por esse motivo, os cristãos, em todos os tempos, precisam decidir,
se viverão a partir da sabedoria da terra ou do céu. As opções que o mundo
oferece são as mais diversas, as obras da carne se apresentam como uma
alternativa atraente (Gl. 5.17). Mas não estamos determinados a nos conduzir
pela natureza pecaminosa, para isso é preciso investir na vida espiritual, na
sabedoria praticada, concretizada na disciplina. O hedonismo tem influenciado
muitos cristãos a entregarem-se aos desejos pecaminosos. Há aqueles que não
fazem mais a diferença entre o que é certo e o que é errado, estão com as
mentes cauterizadas (I Tm. 4.1,2). Um pensador disse, expressando a visão deste
mundo, que a melhor maneira de vencer uma tentação é entregar-se a ela. Até
mesmo os cristãos estão esquecendo a sabedoria do alto, e se voltando para os
prazeres como um fim último. As consequências da falta de sabedoria do alto são
desastrosas, de acordo com Tiago, resultam em desordem, e em todo tipo de
prática vil. Por outro lado, a sabedoria do alto, traz colheita de justiça.
Como bem lembrou Paulo aos Gálatas, e bastante apropriado aos cristãos de hoje,
aquilo que o homem plantar, isso também ceifará (Gl. 6.7). Deus não se deixa
escarnecer, portanto, sejamos cautelosos em relação às sementes que estamos
colocando na terra (Pv. 22.8).
CONCLUSÃO
Há cristãos que desprezam a sabedoria de Deus, o autor de Provérbios nos
lembra que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Salomão,
após ter passado pela juventude, e ao se encontrar em idade avançada, lembrou
que o melhor é viver para o Criador. Esse é o dever de todo homem e mulher que deseja
agradar ao Senhor, e viver autenticamente para Ele (Ec. 12.13). Essa sábia
opção, além de satisfazer a Deus, nos faz bem, pois a vontade do Senhor, em Sua
sabedoria, não é para o nosso mal, antes para bem (Rm. 12.1,2).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO
II
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Tiago 3.13-18
13 - Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato,
as suas obras em mansidão de sabedoria.
14 - Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso
coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
15 - Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e
diabólica.
16 - Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e
toda obra perversa.
17 - Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois,
pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade e sem hipocrisia.
18 - Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a
paz.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conscientizar-se de que a nossa conduta pessoal demonstra se a nossa sabedoria é humilde ou demoníaca;
- Mostrar que onde prevalecem a inveja e sentimento faccioso, prevalece também o mal, e
- Analisar as qualidades da verdadeira sabedoria.
PALAVRA CHAVE
Sabedoria do Alto: Nesta lição, este tipo de sabedoria
caracteriza-se pela capacidade de conviver de forma íntegra, ética e respeitosa
para com todos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nessa lição aprenderemos que obter informação, ou conhecimento
intelectual, não significa adquirir sabedoria. Algumas pessoas são bem
inteligentes, mas ao mesmo tempo inaptas para relacionarem-se com outras
pessoas. Hoje estudaremos a sabedoria como a habilidade de exercer uma ética
correta com vistas a praticar o que é certo. Veremos a pessoa sábia como alguém
que se mostra madura em todas as circunstâncias da vida, pois é no cotidiano
que a sabedoria do crente deve se mostrar. [Comentário: Hoje,
veremos que se conhecimento intelectual fosse sinônimo de sabedoria, os
escribas seriam os mais sábios. Se a sabedoria humana tivesse valor, os
escribas e fariseus seriam as pessoas mais elogiadas por Cristo, e sabemos que
foi justamente o inverso, escribas e fariseus foram os mais bombardeados pelos
duros discursos de Cristo. Nossos dias são dinâmicos e dominados pelo conhecimento.
Facilmente encontramos a solução de problemas graves e doenças até pouco tempo
atrás consideradas sem curas. Tecnologias que, se bem empregadas, salvam vidas.
Não é esse tipo de sabedoria que Tiago combate. Não devemos desprezar, seria
loucura! Esse tipo de conhecimento é sadio, faz bem à humanidade e é uma prova
da capacidade intelectual que Deus concedeu ao homem. A questão tem início
quando o homem tenta usar esse tipo de conhecimento no reino de Deus. Tiago ao
falar “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos
dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada”, não se referia a esse tipo de
sabedoria (grande soma de conhecimento, ou erudição, ou ciência, ou saber). Ele
fala de outro tipo de sabedoria, a sabedoria vinda da parte de Deus - “para que
o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de
sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dEle” (Ef 1.17). Em Mateus
capítulo 11, Jesus inicia um discurso contra os escribas e os fariseus, e no versículo
19 ele chega ao ápice da mensagem, afirmando que: “Entretanto a sabedoria é
justificada pelas suas obras”. Jesus estava condenando a sabedoria diabólica
dos fariseus e dos escribas, que sabiam e não faziam; e afirma que o que
justifica a sabedoria é a prática de obras. Ou seja, não adianta saber se não
faz.] Vamos mergulhar mais fundo?
I. A CONDUTA PESSOAL DEMONSTRA
SE A NOSSA SABEDORIA É DIVINA OU DEMONÍACA (Tg 3.13-15)
1. A Sabedoria não se mostra com discurso (v. 13). Segundo as Escrituras,
quem é sábio? De acordo com o que nos ensina Tiago, é aquela pessoa que
apresenta “bom trato com os outros” e “obras de mansidão”. Note que os
conceitos de sabedoria, conforme expostos no texto, apenas podem ser provados
pela prática. Quem se julga sábio e inteligente, para fazer jus aos termos,
deve demonstrar sabedoria e habilidade na vida diária, tanto para com os de
dentro da igreja, quanto para com os de fora. [Comentário: 1 Coríntios 8.1 fala que o saber ensoberbece.
Quem busca a sabedoria somente para saber é soberbo. Não pode ser edificado
porque nele não está o amor de Deus, e o que edifica é o amor.Nos versículo 2 e
3, Paulo diz que se alguém julga saber alguma coisa, com efeito não aprendeu
ainda como convém saber. Mas se alguém ama a Deus esse é conhecido por Ele. O
Rev. Hernandes Dias Lopes escreve em sua obra TIAGO Transformando provas em triunfo (Editora Hagnos): “Sabedoria
é também olhar para a vida com os olhos de Deus. A pergunta do sábio é; em meus
passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como agiria, como reagiria? Cristo
não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola
da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do que apenas transmitir
conhecimento. Tiago está contrastando dois diferentes tipos de sabedoria: a
sabedoria da terra e a sabedoria do céu. Qual sabedoria governa a sua vida? Por
qual caminho você está trilhando? Que tipo de vida você está vivendo? Que
frutos esse estilo de vida está produzindo? A sua fonte é doce ou salgada
(3.12)? Tiago mostra, também, que essa sabedoria se reflete nos relacionamentos
(3.13.14). Sábio é aquele que é santo em caráter, profundo em discernimento e
útil nos conselhos. Você conhece o sábio e o inteligente pela mansidão da sua
sabedoria e pelas suas obras, ou seja, imitando a Jesus, que foi manso e
humilde de coração (Mt 11.29). Warren Wiersbe, comparando a sabedoria de Deus
com a sabedoria do mundo, faz três contrastes: quanto à sua origem, quanto às
suas características e quanto aos resultados.”LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.. Tiago compara o
sábio à fonte de água doce, não misturada com a amarga descrita no versículo
11, e à árvore cuja natureza é tal que produz “bons frutos”, nos versículos 12
e 17. Tiago aconselha aos mestres cristãos — ou pretendentes a mestres — na
Igreja e mais amplamente a todos que se chamam cristãos. “O temor do Senhor é o
princípio da sabedoria, e a ciência do Santo, a prudência” (Pv 9.10) - este é o
significado que Tiago emprega aqui. Suas obras seriam os resultados específicos
ou ações que brotam da sua vida reta. Todas essas ações devem ser realizadas em
mansidão de sabedoria, ou seja, com a humildade que é decorrente de ser
semelhante a Cristo.
2. Inveja e facção (v. 14). Se para ocupar a posição de mestre a pessoa
for motivada pela inveja, ou por um sentimento faccioso, de nada valerá o
ensino por ela ministrado. O que Tiago apresenta na passagem em estudo não diz
respeito ao conteúdo ministrado pelo mestre, mas à postura soberba e arrogante
adotada por ele ao ministrá-lo. As informações podem até ser corretas e
ortodoxas, mas a postura adotada pelo mestre lançará por terra, ou não, o
discurso por ele proferido. O mestre, por vocação, compreende a sua posição de
servo. Ele gosta de estar com as pessoas. Assim, naturalmente, ele ensinará o
aluno com eficiência, mas principalmente, com o seu exemplo e respeito (Mt
23.1-39). [Comentário: Sentir amarga inveja é o
resultado de um zelo mal orientado que traz a agressividade. É sentir raiva
pelas realizações de outras pessoas. Sempre que nós encontrarmos algum defeito
em um líder, devemos nos perguntar o que está nos motivando a este sentimento
tão forte a respeito do defeito desta pessoa. Será que nós não compartilhamos esta
mesma fraqueza? Nós nos imaginamos melhores naquela função? Ou, na verdade,
estamos simplesmente com inveja das capacidades ou do talento que Deus lhe
permitiu ter? Uma resposta afirmativa a qualquer destas perguntas deve nos
fazer tomar muito cuidado na maneira como expressamos as nossas críticas. O
Versículo 14, como em Filipenses 2.3, o egoísmo refere-se aos líderes da igreja
que estão desenvolvendo um “espírito partidário”. Isto produz facções que são
favoráveis ou contrárias ao pastor ou a determinados programas, que apoiam ou
não questões não necessariamente essenciais à fé cristã. O egoísmo é o desejo
de viver para si mesmo e para nada ou ninguém mais, somente para aquilo que se
pode aproveitar. Em um esforço para persuadir a outros, esta pessoa pode perder
a razão e se tornar fanática. Tendo confiança somente no seu conhecimento, ela
comporta-se de maneira arrogante e com superioridade em relação aos outros.
Pessoas assim não devem se gabar como se fossem sábias, pois este é o pior tipo
de mentira. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) comenta o versículo 14 assim:
“Aqueles que têm amarga inveja e sentimento faccioso no coração (v. 14) não são
humildes. Essa falha indica que eles não têm a sabedoria de Deus da qual brota
a mansidão. Essa “inveja amarga e ambição egoísta” (NVI) está em vosso coração
— o âmago da pessoa, de onde se originam as ações (cf. Mt 15.19). Tiago diz: Se
você encontrar esse tipo de espírito, “não se glorie disso e dessa forma esteja
em rebeldia e contrário à Verdade” (NT AmpL). O apóstolo pode estar usando a
verdade no seu sentido costumeiro. No entanto, em vista do significado
específico que ele dá a esse termo em 1.18 e 5.19, ele pode ser entendido como
sendo sinônimo da palavra evangelho. Assim “as pessoas são advertidas contra
expressões e ações que contradizem ‘a fé do nosso Senhor Jesus Cristo’” (2.1). A.
F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 179.].
3. Sabedoria
do alto e sabedoria diabólica (v. 1 5). A fonte da verdadeira sabedoria é o
temor ao Senhor (SI 51.6; 111.10; Pv 9.10). Mediante a nossa reverência e
confiança depositada no Altíssimo, o próprio Deus concede- -nos sabedoria para
vivermos. Mas não podemos nos esquecer da falsa sabedoria. Esta, afirma- -nos
Tiago, é “terrena”, “animal” e “diabólica”, pois não edifica, mas destrói; não
une, mas divide; não é humilde, mas soberba. É na arena da prática que a nossa
conduta pessoal demonstrará o tipo de sabedoria que obtemos - se do alto ou se
terrena. Deus nos guarde da falsa e diabólica sabedoria! [Comentário: “animal”, psuchikos;
Strong 5591: Pertencente ao natural ou físico, não-espiritual. É viver no
domínio dos cinco sentidos, preocupado apenas com sua vida. É estar de acordo
com luxúrias, desejos ilícitos e práticas impuras que abrem uma pessoa ao que é
diabólico. Gl 5.16 adverte, “Andai em Espírito e não cumprireis a
concupiscência da carne”. A origem e os padrões deste tipo de sabedoria são do
mundo, e não de Deus. Os seus professores são egocêntricos e superficiais. Esta
sabedoria não vem com a fé - ela é terrena e animal. “Animal” pode se referir
ao homem natural. A palavra para “animal” é usada no Novo Testamento a respeito
da pessoa que não tem o Espírito de Deus (3.15), ou que não aceita a orientação
que vem do Espírito de Deus (1Co 2.14). Este tipo de pessoa ensina somente a
sabedoria desta vida, baseada unicamente nos sentimentos humanos e no
raciocínio humano. A verdadeira origem destes pensamentos é o diabo, cujos
objetivos são sempre destrutivos e podem produzir na igreja, no lar e no
trabalho uma atmosfera que prejudica os relacionamentos. Pense na rapidez com
que as palavras, a linguagem e o tom de voz podem criar uma atmosfera
destrutiva. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) comenta: “Essa [...] sabedoria
(v. 15) — o espírito errado que Tiago descreve no versículo 14 — não vem do
alto. Inveja e ambição egoísta não são os frutos de uma vida cheia de Deus. Há
uma progressão decrescente na descrição do apóstolo acerca da origem dessas
atitudes. Essa sabedoria é terrena em contraste com a celestial. Ela reflete
uma preocupação com os valores passageiros em vez da preocupação com as coisas
de Deus (cf. Jo 8.23; Fp 3.19). Esse espírito é animal. A King James Version
traz “sensual” e a ASV traz “natural” na margem. “O grego é psychikos, que
descreve o homem como ele é em Adão (i.e., ‘natural’) em contraste com
pneumatikos (‘espiritual’)”. O termo é, às vezes, entendido como quase
equivalente a “carnal” ou “mundano”. Tiago alcança o grau máximo na descrição
das atitudes más de egoísmo e discórdia quando as chama de diabólica[s]
(daimoniodes), i.e., procedendo de Satanás e assemelhando-se ao espírito de
demônios. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD.
Vol. 10. pag. 179. Esta sabedoria não vem com a fé - ela é terrena e
animal. “Animal” pode se referir ao homem natural. A palavra para “animal” é
usada no Novo Testamento a respeito da pessoa que não tem o Espírito de Deus
(3.15), ou que não aceita a orientação que vem do Espírito de Deus (I Co
2.14).].
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A sabedoria do alto, divina, é evidenciada por
nossas ações.
II. ONDE PREVALECEM A INVEJA E
SENTIMENTO FACCIOSO, PREVALECE TAMBÉM O MAL (Tg 3.16)
1. A maldade do coração humano. "Quem quiser ser realmente o maior deve
tornar-se o menor de todos, e aquele que desejar o lugar de governo tem de se
apresentar como servo". É o que ensina o Senhor Jesus nos Evangelhos (Mt
20.25-28; Mc 10.42-45; Lc 22.24-27). Apesar de a vaidade e a ambição serem
sentimentos que despertam desejos latentes no ser humano (Pv 17.20), os
discípulos de Cristo não podem permitir que tais desejos os dominem. [Comentário: Coração. Nas páginas da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo
Testamentos, é o vocábulo mais completo para indicar todas as faculdades
humanas, como os sentimentos (ver Rm 9.2), a vontade (ver 1Co 4.5) e o
intelecto (ver Rm 10.6). e assim apontado o homem interior, o homem essencial,
aquela porção da personalidade humana que possui os meios naturais através dos
quais todo o homem deveria elevar seu conhecimento de Deus a níveis mais altos,
em gratidão. Todavia, é justamente o coração que se toma obscurecido. Albert
Einstein disse um dia: - "É mais fácil modificar a composição do
plutônio do que o espírito mau do homem; não é o poder explosivo de uma bomba
de grande potência que nos assusta, mas o poder malévolo do coração humano..."
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas..." e, no dizer de Isaías (1.5-6), "toda a
cabeça (sede dos pensamentos) está enferma e todo o coração (sede dos
sentimentos) está fraco, doente, sem coisa alguma sadia". Contudo, o
Evangelho diz que é do coração que saem as fontes para a vida, isto é, as forças explosivas para o
amor! A verdadeira grandeza é medida em termos de serviço e Jesus próprio
promoveu o padrão mais alto de serviço com a sua morte expiatória.]
2. A inveja e a facção instauram a desordem. Jesus de Nazaré sabia
desde antemão que a vaidade dominaria o coração de muitos dos seus seguidores.
Por isso Ele ensinava tal realidade nos Evangelhos. A Epístola de Tiago relata
exatamente os problemas anteriormente abordados por Jesus. Nos dias do
meio-irmão do Senhor, a "inveja" e o "espírito faccioso"
assolavam as igrejas locais (Tg 3.16). Atualmente, muitos são os problemas
dessa natureza em nossas igrejas. Injustiças e perseguições ocorrem em nossas
comunidades até mesmo em nome de Deus, quando sabemos que o Senhor nada tem
com tais atitudes (Jr 23.30-40). [Comentário:
O Rev Hernandes Dias Lopes, em
sua obra citada anteriormente, nos informa: Contraste sobre as características
da sabedoria (Tg 3.13,14,17). Desde que as duas sabedorias procedem de origens
radicalmente opostas, elas também operam em caminhos diferentes. Qual é a
evidência da falsa sabedoria? Em primeiro lugar, ela se manifesta por meio de
uma inveja amargurada (3.14,16). Essa ambição está ligada à cobiça de posição e
status. Tiago alertou para o perigo de se cobiçar ofícios espirituais na igreja
(3.1). A sabedoria do mundo diz: promova a você mesmo. Você é melhor do que os
outros. Os discípulos de Cristo discutiam quem era o maior dentre eles. Os
fariseus usavam suas atividades religiosas para se promoverem diante dos homens
(Mt 6.1-18). A sabedoria do mundo exalta o homem e rouba a Deus da sua glória
(I Co 1.27-31). O invejoso, em vez de alegrar-se com o triunfo do outro,
alegra-se com seu fracasso. Ele não apenas deseja ter como o outro, mas tem
tristeza porque não tem o que é do outro. O invejoso é alguém que tem uma super
preocupação com sua posição, dignidade e direitos. Em segundo lugar, a falsa
sabedoria manifesta-se através de um sentimento faccioso (3.14b,26b). Há
grandes feridas nos relacionamentos dentro das famílias e das igrejas. A
palavra que Tiago usa, erithia, significa espírito de partidarismo. Subentende
a inclinação por usar meios indignos e divisórios para promover os próprios
interesses. Era a palavra usada por um político à cata de votos. As pessoas
estão a seu favor ou então contra você. Paulo alertou em Filipenses 2.3 sobre o
perigo de estarmos envolvidos na obra de Deus com motivações erradas: vanglória
e partidarismo. Norman Champlin faz o seguinte comentário: As rivalidades entre
os mestres logo criam rivalidades na igreja. Os homens esforçam-se por ser,
cada qual, o líder mais poderoso; e aqueles que os apoiam adicionam combustível
ao fogo, até que tudo é consumido pelas chamas devoradoras da carnalidade.
Todos são “zelotes”, mas não em favor de Cristo; são todos ambiciosos, mas
somente em proveito próprio; todos estão consumidos de ardor, mas não do fogo
celestial, e, sim, do fogo do inferno. As dissensões eclesiásticas sempre foram
caracterizadas por situações assim, e quanto mais homens carnais são exaltados
e transformados em heróis, ou se apresentam a outros como tais, maior é o
desastre. Em terceiro lugar, a falsa sabedoria está misturada com a mentira
(3.14c). A inveja produz sentimento faccioso. Este promove a vaidade, e a
vaidade se alimenta da mentira (ICo 4.5).LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.75-76.]
3. Obras perversas. Como é do conhecimento de cada salvo em Cristo,
onde há "inveja" e "espírito faccioso", o mal impera. Em um ambiente onde a perversidade e a
malignidade estão presentes, muitas pessoas "adoecem" e até
"morrem" espiritualmente (1 Jo 3.15). Maldades contra o irmão, mentiras
contra o próximo, mexericos e falatórios, enfim, são atitudes que as pessoas
que passam a frequentar uma igreja local, naturalmente, esperam não encontrar.
Tais problemas listados acima podem facilmente ser evitados (Rm 2.17-24).
Depende apenas de cada um olhar para Jesus, depois para si mesmo e iniciar um
processo de correção de suas imperfeições e más tendências. Agindo assim, o
Senhor certamente dispensará sabedoria para o nosso bem viver (Tg 1.5-8). [Comentário: Paulo
declara que “Deus não é Deus de confusão” (1 Co 14.33) e Tiago confirma essa
verdade ao destacar que onde as forças satânicas estão agindo, aí há
perturbação (v. 16). Inveja e espírito faccioso confundem o homem que os
abriga, até que não consegue mais pensar claramente, nem agir com inteligência.
Esses dois males também corrompem e confundem todos os relacionamentos, as
atitudes e ações dos homens. Phillips traduz esse versículo da seguinte
maneira: “Porque onde você encontrar inveja e rivalidade, também encontrará
desarmonia e todo tipo de mal”. Russell Norman Champlin, comenta em sua obra O Novo Testamento Interpretado versículo
por versículo (Editora Candeias), o seguinte: “3.16b...cousas ruins...» No
grego, o adjetivo é «phaulos», que significa vil, depravado, indigno, ruim. O
autor sagrado não enumera as coisas que ele tinha em mente, porque,
provavelmente, deixa isso em aberto, para ser preenchido pela imaginação dos
seus leitores. Podemos pensar em imoralidades, desonestidade, furtos dos fundos
da igreja, desrespeito à autoridade, filhos desobedientes. O que tiver de
entortar, será entortado, porquanto a base espiritual da igreja já foi
destruída. Em suma cada uma das obras da carne (ver Gl. 5:19-21) será
praticada. O estado da igreja local inteira tornar-se-á vil, contrário totalmente
às exigências morais do evangelho”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag.
60.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Onde a sabedoria terrena e diabólica impera, há
inveja, espírito faccioso, perturbação e toda obra maligna.
III. AS QUALIDADES DA VERDADEIRA
SABEDORIA (Tg 3.17,18)
1. Características da verdadeira sabedoria. O objetivo de Tiago em
classificar as diferenças entre a sabedoria que vem do alto, e da terrena e demoníaca,
é mostrar que ambas podem facilmente ser identificadas através da prática
cotidiana. A primeira qualidade da "sabedoria que vem do alto",
ressaltada pelo líder de Jerusalém, é a pureza. O termo é um adjetivo grego,
hagnós, que se refere àquilo que é "sagrado", "casto" e
"sem mancha". A sabedoria que vem do alto é pura, não no sentido
humano da palavra, mas algo que vem exclusivamente de Deus para nós. [Comentário: Tiago descreve a sabedoria
prática e moral, e não o conhecimento teórico. Contrastando de modo completo
com a “sabedoria” demoníaca, temos a sabedoria que vem do alto. Para
salientá-la, Tiago relaciona um catálogo de virtudes que podem ser comparadas,
tanto em forma quanto em conteúdo, com o catálogo de Paulo quanto ao amor e ao
Espírito (1 Coríntios 13; Gálatas 5.22ss). Esta sabedoria é primeiramente pura,
o que significa que a pessoa está sincera e totalmente comprometida de seguir
com fidelidade as diretrizes morais de Deus; não existem motivos pérfidos ou
injustos por trás de sua santidade. Russell Norman Champlin, em obra já citada
anteriormente, afirma: “...sabedoria...
..lá do alto...» No grego é *anothen», que significa ·do alto», isto é, do
«mundo celestial·, em contraste com a sabedoria demoníaca e sensual dos mestres
pervertidos (ver o décimo quinto versículo). Temos aqui a alusão à sabedoria
divina, pois o ·alto· é o lugar da habitação de Deus. É possível que essa
expressão, além disso, seja um eufemismo para Deus, porquanto os judeus
relutavam em usar o nome divino, substituindo-o por algum outro titulo, como
reino dos céus, ao invés de ·reino de Deus·. A sabedoria celestial é inspirada
por Deus, e é sua propriedade particular. Os homens a recebem mediante a
iluminação do Espírito Santo. (Ver Ef 1.17,18). ...pura... isto é, ·não-contaminada»,
sem qualquer defeito moral, sem motivos ulteriores: livre do «espírito
faccioso»; livre da ambição humana e da autoglorificação. Não é algo meio bom.
meio mau; porquanto isso não poderia mesmo descrever a verdadeira sabedoria.
Trata-se de uma expressão pura, do íntimo; não tem falhas ocultas. Essa é sua
qualidade primária; e dessa qualidade se originam todas as outras, conforme se
vê na lista abaixo. Tal sabedoria é isenta das corrupções humanas, que fazem
parte integrante da sabedoria mundana; não conduz qualquer facção e nem
exaltação de um homem sobre outro: não contempla maldade moral, mas seu intuito
constante é a prática do bem. É inocente de quaisquer motivo dúbio, e seu
intuito é glorificar unicamente a Deus. O trecho de Sabedoria 7.25 atribui a
sabedoria a uma emanação pura da parte de Deus que retém a sua glória e pureza,
e assim não pode ser atingida por nenhuma contaminação.” CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 60-61.]
2. Mais sete características. Após assegurar a primeira característica da
sabedoria que procede de Deus, a pureza, Tiago elenca outras sete: paciência,
moderação, conciliação, misericórdia, bons frutos, imparcialidade e verdade.
Note que, de alguma forma, todas têm relação com o auto-domínio, ou com o
"domínio próprio" (Gl 5.22,23 - ARA). O Evangelho adverte-nos a ser
mais humanos e parecidos com Jesus, ou seja, não autoritários, inflexíveis,
coléricos, sem misericórdia, parciais com as pessoas e muito menos mentirosos.
Isso porque tais más qualidades são provenientes da sabedoria demoníaca, animal
e terrena (Gl 5.19-21). O Senhor nos chamou para o bem (Ef 2.10). Procuremos
fazer o bem com amor e verdade (Gl 6.9). [Comentário: Novamente cito Russel Noman Champlin: “Tg 3.17ª
·...pacifica...· A sabedoria não é
·contenciosa·, nem «facciosa» e nem *beligerante·. Não busca seus próprios
interesses, às expensas de outrem, conforme faz a carnal sabedoria humana. Pelo
contrário, confere a paz; alimenta-se da harmonia. O trecho de Pro. 3:17, diz
acerca da sabedoria: Os seus caminhos são caminhos deliciosos e todas as suas
veredas de paz. Bem-aventurados são os pacificadores, porquanto serão chamados
filhos de Deus. conforme se aprende em Mat. 5:9. (Quanto a notas expositivas
detalhadas sobre a ·paz», com poemas ilustrativos, ver João 14:27 e 16:33).
·...indulgente... No grego
temos o termo ·piekes·. isto é. Razoável cheio de consideração», ·moderado»,
·gentil», qualidades essas que os homens facciosos e por demais ambiciosos não
possuem. Antes, a sabedoria do homem espiritual é tratável, moderada, sem
temperamento radical.
·...tratável...· No grego é «eupeithes», isto é. ·facilmente
persuadido·, o contrário de ·obstinado», que normalmente é o caráter dos homens
por demais ambiciosos, que se tornam ditadores na igreja. Essa sabedoria é
«aberta à razão·. Pode ver o ponto de vista alheio, mudando suas próprias
opiniões.
·...plena de misericórdia...
Os homens por demais ambiciosos tendem para a crueldade e para o mau
temperamento. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia
no homem interior. Notemos que o homem verdadeiramente sábio será pleno de
misericórdia, tal como Deus. Através de sua misericórdia nos é permitido
continuar em nosso caminho, na direção de Deus e da verdade, apesar de nossas
muitas quedas e erros. O homem sábio segundo 0 mundo, entretanto, não demonstra
misericórdia para com ninguém, e procura fazer nome para si mesmo, de modo
brutal. Tal homem considera as pessoas meramente como objetos a serem usados
para sua própria satisfação e exaltação. Não tem espírito de amor e nem senso
altruísta genuíno; é alguém completamente egocêntrico, e acredita que deveria
ser o centro da vida de outras pessoas, igualmente. Fez de si mesmo um deus, e
destronizou Deus, até onde diz respeito à sua própria pessoa. Tornou-se em um
ateu prático, a despeito das crenças que porventura professe. O indivíduo
dotado de sabedoria falsa, outrossim, tem a boca cheia de maldição c amargura;
mas o homem verdadeiramente sábio é cheio de misericórdia. Este último aplica o
principio do amor cristão em sua vida diária. (Ver Tia. 1:27 e 2:13 quanto à
simpatia do homem bom por aqueles que padecem necessidade, com o resultado que
está sempre pronto a dar do que tem. Já o homem falsamente sábio nada dá;
antes, recolhe tudo quanto pode obter).
Misericórdia: Consideremos os pontos seguintes, a respeito dessa
qualidade cristã: I. Deus é o exemplo supremo de misericórdia (ver Luc. 6:36).
2. A misericórdia nos 6 ordenada nas Escrituras (ver Rom. 12:30 e Col. 2:12).
3. Deve essa qualidade ser gravada no coração (ver Pro. 3:3). 4. Deve ser uma
das características dos crentes (ver Pro. 37:26 e Isa. 57:1). 5. Deve ser
demonstrada com ânimo alegre (ver Rom. 12:8). quanto aos irmãos na fé (ver Zac.
7:9), para com os que sofrem aflições (Luc. 10:37) e até mesmo quanto aos
animais (ver Pro. 12:10). 6. £ beneficente para com aqueles que a exibem (ver
Pro. 11:17). 7. Quem usa de misericórdia é bem-aventurado (ver Mat. 5:7; Pro.
14:21).
...de bons frutos... A sabedoria tem o caráter da misericórdia,
cultivando o fruto do Espírito (ver Gál. 5:22.23); e assim sua vida é repleta
de piedade, sendo transformada para receber a imagem moral de Cristo, que é o
supremo possuidor dessas qualidades. Neste caso. os ·bons frutos· indicam as
·boas obras·. (Comparar com Mat. 21:45: Gál. 5:22; Efé. 5:8 e Fil. 1:11). Uma
vez mais Tiago enfatiza a questão das ·boas obras·. (Ver as notas expositivas
sobre isso, cm Tia. 2:14). Os feitos de bondade e de misericórdia (tal como se
vê cm Tg. 1:27), mui provavelmente estão praticamente em foco.
·...imparcial...· Este
adjetivo, no grego, é ·adiákritos», literalmente, «não-dividido em julgamento»,
sem variação, de todo o coração. Provavelmente isso alude à situação dos
versículos nono e décimo deste capítulo, onde vemos os homens sem sabedoria a
abençoarem a Deus e a amaldiçoarem aos homens. Essa palavra também pode
subentender que o homem verdadeiramente sábio é livre de ·incertezas·
espirituais; e, nesse caso, a questão da ·mente dúplice· está em foco, tal como
cm Tia. 1:6-8. O homem verdadeiramente sábio já se desfez, da mente dúplice,
entre as coisas terrenas e as celestiais; vive exclusivamente para a dimensão
eterna; também pode julgar com imparcialidade, tratando dos homens com justiça
e com honestidade. ·
...sem fingimento...· O homem
verdadeiramente sábio não precisa ser «insincero·, e nem hipócrita, porquanto
nada tem a ocultar, e não busca suas próprias vantagens. O vocábulo aqui usado
é, especificamente, ·sem hipocrisia·. Tal homem não precisa viver como um ator,
desempenhando um papel falso (que é o sentido original do vocábulo). Antes,
vive na sinceridade. (Ver Rom. 12:9; II Cor. 6:16 quanto a outros versículos de
natureza similar). A sabedoria não opera por detrás de uma máscara,
supostamente para o bem de outros, mas na realidade, visando apenas os seus
próprios interesses, conforme fazem certos mestres e lideres exageradamente
ambiciosos nas igrejas. ·Verdadeiramente, essa sabedoria 'não pode ser obtida
em troca de ouro, e nem a prata será pesada como seu preço'. Feliz é o homem
que a encontra'. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 60.]
3. O fruto da justiça (v.18). "Bem-aventurado quem tem fome e sede de
justiça" (Mt 5.6). Já imaginou essa verdade compreendida e assumida por
cada crente onde quer que este esteja? Já imaginou o tipo de mundo que teríamos
se compreendêssemos as implicações reais dos termos "fome" e "sede
de justiça"? Tiago diz que o fruto da justiça na vida do crente deve ser
semeado na paz de Deus. Ele, porém, acrescenta que essa realidade é para os
que, sabiamente, "exercitam a paz". Em outras palavras, é preciso
trabalhar pela paz. Seja sábio, semeie, portanto, o fruto da justiça e tenha
paz! [Comentário: No
versículo 18, o autor promete uma bênção final àqueles que servem a Deus e à
sua causa sem egoísmo e sentimento faccioso. Os pacificadores que semeiam em
paz colherão a justiça - este é o mesmo pensamento encontrado em Mt 5.6.
Justiça é o fruto da semente que semeia-se na paz. O espírito do nosso
testemunho cristão é quase tão importante para o progresso do Reino quanto a
verdade que proclamamos. O autor aqui ecoa o ensinamento do nosso Senhor quando
Ele disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos
de Deus” (Mt 5.9). Nenhum de nós sabe na prática o que significa ter fome e
sede, visto que, talvez, nunca tenhamos sentido fome e sede de verdade, o
máximo que já sentimos foi “apetite”. O que Jesus estava ensinando sobre a fome
e a sede era algo real e bem claro para os seus ouvintes. Eles sabiam o que
Jesus queria dizer com isso. Segundo os estudiosos bíblicos, o significado dos
termos “fome e sede” sugere uma necessidade extrema, desesperadora e muito
dolorida. A fome e a sede doem. Uma pessoa sedenta, em um deserto, sente os
seus músculos repuxarem, sente o seu estômago queimar, perde o senso do perigo
diante de uma possibilidade de saciar a sua necessidade premente. É exatamente
desse tipo de necessidade extrema que Jesus está falando, só que direcionada à
justiça. Sobre essa busca incansável pela justiça, Martyn Lloyd-Jones afirmou:
“A menos que tenhamos fome e sede de justiça, jamais haveremos de obtê-la,
nunca haveremos de experimentar aquela plenitude que nos foi prometida”. Jesus
está ensinando que devemos envidar todos os nossos esforços em busca de uma
vida reta, íntegra, justa. Ele mostra que da mesma forma que um faminto faz
qualquer coisa para ter a sua fome saciada, assim também o cidadão do reino de
Deus deveria fazer em relação à justiça. John MacArthur afirmou: “O versículo
para estudo fala de um desejo muito forte, uma intensa busca, uma força
apaixonada que existe dentro de nós, uma ambição”. Devemos almejar a justiça
mais do que as próprias necessidades físicas que temos. Sobre essa fome e sede
Martyn Lloyd-Jones escreveu: “Ter essa fome e sede de justiça, entretanto,
também significa que temos profunda consciência de que precisamos ser
libertados, de que precisamos do Salvador, de que percebemos a nossa
desesperadora situação e de que temos consciência de que a menos que nos sejam
providos um Salvador e a salvação, na verdade estaremos inteiramente
destituídos de esperança”. Buscar a justiça não é apenas ingressar em alguma
“ONG” em defesa dos direitos dos mais fracos, dos oprimidos, do consumidor
injustiçado ou outra coisa qualquer, mas, antes de tudo, olhar para dentro de
nós mesmos e perceber que aos olhos de Deus somos totalmente reprováveis, sem a
mínima condição de se autoaprovar. O nosso melhor diante de Deus não passa de
lixo. Jesus está falando não de uma justiça externa, de uma forma de
comportamento, ele está falando a respeito de uma transformação interior, do
reconhecimento do nosso pecado e da nossa miséria e da busca da justiça de
Cristo. O verdadeiro cidadão do céu é justificado pela justiça que Cristo
conquistou na cruz. Jesus está afirmando que as nossas ações, boas obras,
caridades, por melhores que sejam, por mais bem intencionadas, não conseguem
nos justificar diante do Senhor. Somente aquele que reconhece a sua total
necessidade e clama pela justiça divina, consegue saciar a fome e a sede da sua
alma. Ninguém consegue viver sem água e comida, ninguém consegue viver
espiritualmente sem a justiça de Cristo. John MacArthur escreveu: “Mas todos os
horrores imagináveis da fome perdem a importância quando comparados ao horror
da fome espiritual não satisfeita e da sede espiritual não saciada”. Almeje e
busque com todo o ardor saciar essa fome e sede em Deus, pois ele continua
convidando: “Vinde a mim e eu vos aliviarei”. Carlos Henrique, Felizes os
famintos e sedentos por justiça. http://www.mackenzie.br/justica.html]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A sabedoria que vem do alto é pura, moderada,
misericordiosa, imparcial e repleta de bons frutos e obras de justiça.
CONCLUSÃO
A nossa conduta pessoal demonstrará se temos a "sabedoria do
alto", que é pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia, de
bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia; ou se somos portadores da
terrena, animal e diabólica, que produz inveja, espírito faccioso, perturbação
e obras perversas. Qual o tipo de sabedoria está presente em sua vida? Fomos
chamados a não tomar a forma deste presente século, mas para isso precisamos da
sabedoria do alto. Só assim produziremos frutos que se coadunam com a sabedoria
que vem do alto. Busque a verdadeira sabedoria no Senhor com fé e você será um
testemunho vivo do poder de Deus! [Comentário:
“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as
suas obras em mansidão de sabedoria.” Os gregos buscavam a sabedoria terrena,
Paulo buscava a espiritual, que é conhecer a Cristo. Paulo escreve aos
Colossenses (Cl 2.20-23) que a sabedoria humana é baseada no estabelecimento de
leis, mas, que esse tipo de conhecimento, tem uma aparência de sabedoria e
humildade fingida, mas que não tem poder sobre os desejos da carne. E nem pode
Ter. Porque o que anula o poder da carne é conhecer a Cristo. É apaixonar-se
por Ele. É desejar a santidade porque Cristo assim o quer. É amar o que Ele
ama, é sonhar os sonhos dEle. E isso, a sabedoria humana e o conhecimento de
algumas coisas sobre o Senhor não pode lhe proporcionar. Só o conhecimento pelo
relacionamento. Ser sábio biblicamente não significa necessariamente ser culto
e ser capaz de armazenar muitos conhecimentos. Por isso, quando precisa de
conselho, não vai necessariamente à pessoa mais culta que você conhece. Poderá
encontrar apenas uma ignorância aparentemente sofisticada. A pessoa mais culta
nem sempre é a mais sábia. A sabedoria
de Deus é andar e não falar.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça
e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa