sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

LIÇÃO 10 - CUMPRINDO AS OBRIGAÇÕES DIANTE DE DEUS






 SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO
A existência humana pressupõe obrigações, ninguém está sozinho no mundo, estamos em relação com os outros. Na lição de hoje trataremos a respeito das responsabilidades que temos para conosco, os outros, e principalmente diante de Deus. Mostraremos, nesta aula, que precisamos viver bem conosco, por conseguinte, saber lidar com as necessidades dos outros, em sociedade, e por último, a importância de viver responsavelmente diante de Deus. Destacaremos, ao final, que a disposição para cumprir as responsabilidades com sabedoria é uma demonstração de maturidade na vida do ser humano.


1. OBRIGAÇÕES PESSOAIS
Uma pessoa sábia não pode pautar sua vida em futilidades, a fim de evitar esse equívoco é necessário atentar para o que de fato faz sentido. Muitas pessoas estão roubando a si mesmas, pois não investem tempo em seu futuro. Há aqueles que pensam apenas em obter riquezas, e pensam que elas lhes trarão total satisfação (Ec. 5.10). O homem moderno, que vive debaixo da égide do consumismo, se conforma com pouco, se deixa levar pelo prazer como um fim em si mesmo. O acúmulo de dinheiro é posto como a razão maior da existência, o final é sempre a frustração, pois somente em Deus o ser humano encontra satisfação (Ec. 5.11). Jesus advertiu as pessoas da Sua época sobre necessidade o perigo de pautar a vida somente nas riquezas, Ele ressaltou que a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui (Lc.  12.15). Paulo orienta ao jovem obreiro Timóteo para que não colocasse sua confiança na temporalidade das riquezas, lembrando que o amor do dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). Evidentemente todos nós precisamos de dinheiro para viver, mas não podemos ter a ilusão de pensar que acumulá-lo é o segredo da felicidade. Geralmente as pessoas mais infelizes são justamente aquelas que têm muito dinheiro. É melhor ter dinheiro suficiente para manter-se do que ter uma fortuna e não conseguir dormir tranquilamente (Ec. 5.12). O dinheiro, como bem disse o Senhor Jesus, está atrelado a uma divindade, Mamom, que escraviza a pessoas (Mt. 6.24). Seguindo do autor de Provérbios, buscamos o equilíbrio, nem a riqueza nem a pobreza, mas a porção necessária para o sustento (Pv. 30.7-9). Mais importante do que ter muito dinheiro é desfrutar da presença de Deus em nossas vidas, e gozar das bênçãos que Ele nos providencia por meio do esforço humano (Ec. 5.18-20). O trabalho é o meio do homem e da mulher desfrutarem da prosperidade de Deus, mas sempre com temor, contando os dias diante do Senhor, a fim de encontrar coração sábio (Sl. 90.12). A maior riqueza do cristão não está no banco, mas em sua entrega ao Senhor, e de dedicar-se ao Seu Reino (Mt. 6.33).


2. OBRIGAÇÕES POLÍTICO-SOCIAIS
Estamos inseridos em uma dimensão temporal, tanto somos cidadãos do céu quanto da terra (Fp. 3.20,21). Por isso, temos obrigações não apenas no âmbito celestial, mas também no terrenal (Jo. 15.17). Nesse contexto se aplica a pergunta feita a Jesus: É lícito pagar imposto a Cesar? (Mt. 22.17). A resposta, dada pelo próprio Mestre é a de dar a César o que lhe é de direito, isso implica, para o cristão, que temos obrigações de ordem política (Mt. 22.18-21). Paulo expõe essa responsabilidade em sua Epístola aos Romanos, ressaltando a obrigação dos cristãos se portarem com respeito e em submissão às autoridades constituídas (Rm. 13.1-7), sabendo que essas também têm responsabilidades, de punir aqueles que infringem a lei (I Pe. 2.13-17). Dentre as obrigações do cristão em relação à política destacamos: 1) orar por aqueles que assumem posição de governo, para que cumpram seu dever, satisfazendo aos interesses da coletividade (I Tm. 2.1,2); 2) pagar impostos, a fim de que o governo disponha de recursos para investir nas necessidades básicas da sociedade, tais como saúde, educação e segurança (Mt. 22.21); 3) obedecer às leis, a fim de dar exemplo à sociedade a qual pertence, evitando que o evangelho seja desacreditado por meio da ilegalidade (I Pe. 2.13); e 4) honrar os governantes, não se dirigir a eles com palavras torpes, ou desrespeitosas, criticando quando necessário, com as devidas comprovações (I Pe. 2.17; Jd. 8-10). Isso porque há limite na obediência às autoridades, não há respaldo bíblico para uma subserviência cega, que não questiona valores que se opõem à vontade de Deus. Em algumas situações cabe mais obedecer a Deus do que aos homens (At. 5.29), um exemplo disso são as leis que afrouxam em relação ao divórcio (Mt. 19.6). Sempre que um governo coloca-se contra os valores cristãos, deixa de servir a Deus e torna-se um anticristo, por isso deve ser criticado, com base na palavra de Deus. Enquanto cristãos, temos a obrigação também de agir para diminuir as carências sociais, não podemos esperar apenas que os governantes resolvam todos os problemas. Aqueles que seguem a Cristo devem buscar provisão para a família (I Tm. 5.18,16), amar o próximo indistintamente (Mt. 22.29), satisfazer as necessidades dos irmãos mais pobres  (At. 4.34; 6.1; Gl. 6.10; Tg. 2.15,16; I Jo. 3.16,17). Uma igreja genuinamente cristã se compromete com causas sociais, pois percebe o ser humano em sua integralidade, não apenas o espírito, mas também o corpo (I Ts. 5.23).

3. OBRIGAÇÕES ECLESIASTICO-RELIGIOSAS
Todos os cristãos têm responsabilidades eclesiástico-religiosas, isso porque todos aqueles que frequentam a igreja são por ela responsáveis. Salomão chama a atenção dos seus ouvintes para a oferta e os sacrifícios, práticas comuns no Antigo Testamento, principalmente com animais. Na Aliança fundada em Jesus, não se faz mais necessário o sacrifício de animais, pois o sangue de Cristo cumpriu perfeitamente essa exigência religiosa (Hb. 10.1-14). Mas os cristãos de hoje devem oferecer sacrifícios espirituais, no próprio corpo (Rm. 12.1,2), contribuir financeiramente (Fp. 4.18); louvores e boas obras (Hb. 12.15,16); coração quebrantado (Sl. 51.17); e orações de fé (Sl. 141.1,2). Justamente no que tange à oração, Salomão adverte quanto a sua seriedade, a fim de que não nos apresentemos de forma descuidada diante do Senhor (Ec. 5.1,2). Ao orar, Jesus nos ensinou a não usar de vãs repetições (Mt. 6.7), por isso devemos preparar o coração para adentrar a presença do Altíssimo (Sl. 141.1,2). Os votos devem ser pagos, não para ser aceitos por Deus, mas para expressar nossa devoção a Ele (Nm. 30; Dt. 23.21-23; At. 18.18). Por outro lado, ninguém deve pensar que agrada a Deus apenas cumprindo determinas exigências religiosas, tais como faziam os fariseus (Mt. 23). Votos feitos com devoção devem ser pagos com sinceridade, não como um meio de barganhar com Deus, mas como uma expressão da nossa fé (Sl. 66.13,14). A partir dessa condição, podemos, de fato, ser adoradores encontrados por Deus, que se dobram diante dEle, em espírito e em verdade (Jo. 4.24). Essa percepção de adoração nos conduz à reverência, ao cuidado quando nos encontramos na presença de Deus (Ec. 5.1). Também à obediência, pois de nada adianta ser religioso, cumprir algumas obrigações ritualísticas e não fazer a vontade de Deus (I Sm. 15.22). É preciso também ter cuidado para não colocar Deus no mesmo patamar do homem, como fazem alguns adeptos das teologias antropocêntricas. Deus é Deus, é Criador, o homem é criação, portanto deve ser concebido diante das suas limitações temporais e espaciais (Dt. 4.15-20). O ser humano está na dimensão imanente, no tempo e no espaço, mas Deus é transcendente, é por isso que Ele é Deus, e não homem.


CONCLUSÃO
O cristão não deve viver apenas para si, ele tem obrigações em relação aos outros. Isso não quer dizer que precise ter um sentimento negativista sobre sua pessoa. O fato de ter sido aceito por Deus deve servir de motivação para o amor ao próximo, e principalmente a Deus. O equilíbrio está justamente no amor a si mesmo, ao próximo e a Deus (Mt. 22.36-38). Aqueles que amam apenas a si são egoístas, apenas ao próximo não passam de filantropistas, e apenas a Deus são fanáticos. O tripé das obrigações cristãs passa pelo crivo do amor-ágape, no sacrifício de Cristo pelos homens, modelo para os Seus discípulos em relação aos outros (Jo. 3.16; I Jo. 3.16). 
Extraído do blog: subsidioebd


SUBSÍDIO II


Adorando e servindo a Deus em unidade

O texto de 1 Pedro 2.5-10 destaca enfaticamente a Igreja de Jesus Cristo como povo de Deus: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal de esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados . Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”. Como povo de Deus, devemos adorá-lo. Isso implica liturgia. Em outras palavras, ao tratar de liturgia cristã, devemos fazê-lo sob a perspectiva da doutrina da adoração cristã.

No Novo Testamento, vemos alguns termos ou frases litúrgicos como, por exemplo:

a) Em Mateus 18.20, lemos: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”. Aqui encontramos synagesthai eis to emon onoma, que se refere a estarmos reunidos em nome de Jesus;

b) Em Atos 20.7, lemos: “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite”. Neste texto, encontramos synagesthai klasai arton, que diz respeito a se reunir com o fim de partir o pão;

c) Em 1 Coríntios 11.33, temos: “Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntai para comer, esperai uns pelos outros”. Nesta passagem, encontramos synagesthai eis ton phagein, que fala de se reunir ou se ajuntar para comer.

Explicando e definindo liturgia

Vejamos o significado da palavra liturgia nos sentidos etimológico, bíblico e semântico:

a) Do grego leitourgia –  “Obra pública ou dever público”
b) No sentido etimológico, a palavra “liturgia” significa “uma ação do povo”, pois é a junção dos vocábulos leitos e ergon, formando leitourgia.
c) O sentido natural de liturgia é ministério ou serviço do povo.
d) Do ponto de vista do apóstolo Paulo, a tradução correta de leitourgia seria “serviço de adoração” (Gl 5.19-22)
e) Em um certo período da história da Igreja, a liturgia era privilégio do clero.
f) A liturgia do culto deve envolver, de fato, a participação ativa dos ministrantes e do povo na adoração.
g) No Novo Testamento, a palavra liturgia ou leitourgia se encontra, às vezes, com o sentido de “serviço” ou de “ministério, como nas passagens a seguir:

"E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa", Lc 1.23.

"Porque a admiração desse serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também redunda em muitas graças, que se dão a Deus", 2Co 9.12.

"E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós", Fp 2.17.

"Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço", Fp 2.30.

"Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas", Hb 8.6.

"E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério", Hb 9.21.

h) Outros termos derivados ajudam a elucidar o vocábulo liturgia:
1- Leitourgós, que significa “servo, servidores”.
2- Leitourgikós, que significa “ministradores” (Hb 1.14).

Igreja e liturgia  

Existe uma relação entre eclésia e leitourgia no grego bíblico:

a) Eclésia significa “a convocação de pessoas que se reúnem ‘fora’ de suas casas num lugar para tratarem de assuntos de interesse comum”. Daí a idéia de “tirados para fora”.
b) Leitourgia significa o serviço dessas pessoas que formam a eclésia, e visando uma atividade especial.  Portanto, a partir desses dois conceitos, compreendemos que a Igreja é a reunião de pessoas que saíram “para fora” de seus contextos mundanos, e a reunião dos que vivem pela salvação e invocam o Senhor (At 11.22; 13.1 e 1Pd 2.9-10).

O conteúdo da liturgia cristã  Existem quatro formas de liturgia, a saber:

a) A elaborada;
b) A livre;
c) A funcional;
d) A dirigida.

A liturgia cristã autêntica se destaca por sua fundamentação cristológica, como Paulo deixa claro no texto de Colossenses 1.13-19. Uma leitura superficial do Novo Testamento é suficiente para convencer-nos de que a própria vida de Jesus foi e é uma vida litúrgica, isto é, sacerdotal. Com sacerdotal, aqui, me refiro ao sentido de serviço, como ocorre em passagens como 1 Pedro 2.9 e Hebreus 7.27 e 9.11.

Ora, se adorar é prestar culto e serviço a Deus, Jesus é o maior exemplo de adoração, pois Ele ofereceu serviço de si mesmo, como “oferta única”: "Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados", Hb 10.14. "Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado", 1Pd 1.19.

A liturgia torna-se nula se ela não puder ser identificada pela presença de Cristo no culto:

a) Jesus inaugurou o serviço de adoração da Igreja, quando instituiu a celebração da Santa Ceia (Lc 22.14-20). Ele disse “Isto é o meu corpo” e “Isto é o meu sangue”. O texto se refere à presença de Cristo. Não confundir com transubstanciação e consubstanciação.

b) Em outra metáfora, a “da videira e os ramos”, Jesus instituiu a relação entre ele e seus discípulos (a Igreja): “Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim”, Jo 15.4.

c) Não precisamos de objeto físico ou material de Cristo para termos a sua presença.

d) Se hoje, na adoração feita, sabemos que a presença de Cristo é apenas espiritual, sensorial e invisível, também sabemos que um dia teremos a sua presença plena e perfeita. "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória", Cl 3.4.


Pastor Elienai Cabral  


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