sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LIÇÃO 9 - CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO



 VÍDEO 1


VÍDEO II



SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO
Após admoestar os crentes filipenses que o tenham como modelo a ser imitado, Paulo os adverte quanto aos perigos daqueles a quem denomina de “inimigos da cruz de Cristo”. Estudaremos, na aula de hoje, que esse não apenas devem ser evitados, mas também confrontados, por comprometerem a veracidade do evangelho. Ao final destacaremos que a perdição deles está prevista nas Escrituras, e que nós, os crentes em Jesus, estamos fundamentados em uma viva esperança, eterna que vem de Deus.

1. OS INIMIGOS DA CRUZ
Paulo, como pastor amoroso, protege suas ovelhas das ameaços dos inimigos, dos falsos mestres, daqueles que se infiltravam no meio do povo de Deus, somente para tirar proveito. Os inimigos da cruz de Cristo, a respeito dos quais o Apóstolo trata em suas Epístolas, mais especificamente Gálatas e Filipenses, são prioritariamente os judaizantes.
Esse movimento se tornou servo dos caprichos religiosos, achavam que dependiam de suas dietas alimentares para serem salvos. Por isso “o deus deles era o ventre”, pois determinavam previamente o que deveriam ou não comer para serem santos. A circuncisão, conforme já destacamos anteriormente, era uma condição imposta por eles para o pertencimento a Cristo. Esses, diferentemente de Paulo, e dos crentes de todas as gerações, se gloriavam não na cruz, isto é, no sacrifício de Jesus, mas em suas práticas legalistas (Gl. 6.12-15). Paulo destacou, assim como fez o autor da Epístola aos Hebreus, que o véu do templo foi rasgado, e que o homem agora tem livre acesso a Deus, por meio de Jesus Cristo (Hb. 10.19-25). A circuncisão, como qualquer outra prática religiosa, é incapaz de conduzir o ser humano à salvação (Ef. 2.8-16). Existem muitos evangélicos nestes dias que acham que são salvos por algo que façam ou deixam de fazer. A vaidade de alguns está no cumprimento do cabelo, ou de uma saia, restrições comumente direcionadas apenas às mulheres. Mas havia outro grupo entre os crentes filipenses, esses se voltavam para o lado oposto, eram totalmente liberais. Esses não eram legalistas, mas libertinos, argumentavam que os crentes podiam pecar, pois o corpo, a parte negativa do ser humano, seria destruído na sepultura. Esse pensamento foi influenciado pelo dualismo grego, a crença filosófica que a matéria era má, e por conseguinte, seria descartada no sepulcro. Essa cosmovisão helenista tem assumido muitas formas no cristianismo moderno, a mais perigosa é a do universalismo. Alguns líderes eclesiásticos estão defendendo que todas as pessoas serão salvas, pouco importando se receberam ou não a Cristo. Mas Paulo, em suas epístolas, tanto confrontou o ascetismo legalista (I Co. 7.1) quanto à libertinagem anomista (I Co. 6.12), e defendeu a produção do fruto do Espírito (Gl. 5.22).

2. O FIM DELES É A PERDIÇÃO
Esses falsos mestres estão investindo na destruição deles mesmos, pois mesmo pensando que estão adorando a Deus, na verdade estão adorando a eles mesmos (Fp. 3.19). Como o deus deles é o ventre, koilia em grego, apenas se gloriam do próprio umbigo. A vida deles é centrada no eu, são incapazes de se submeterem à autoridade da Palavra de Deus. Não admitem qualquer disciplina espiritual: oração, jejum e meditação. Os púlpitos evangélicos estão repletos de pregadores que tratam de assuntos que nada têm a ver com o evangelho. Os supostos pastores, que na verdade querem ser chamados de bispos e apóstolos, pregam apenas a si mesmos. Muitas igrejas, que não podem ser consideradas evangélicas no sentido próprio do termo, estão alicerçadas apenas no amor ao dinheiro. Esses pseudoevangélicos usam a Bíblia apenas para cooptar as pessoas a satisfazerem seus interesses. Não existe qualquer procedimento exegético na exposição das Escrituras. Eles pincelam os textos a seu bel-prazer, de acordo com suas conveniências, sem atentar para o sentido gramatical e contextual do versículo. Paulo diz que “a glória deles está na sua infâmia” (Fp. 3.19), isto é, eles deveriam se envergonhar do que estavam fazendo. Eles não apenas se entregavam dissolutamente ao pecado, mas também se vangloriavam dos seus atos libertinos. Eles falavam a respeito de Deus, mas a preocupação central deles era com o terreno, “apenas para as coisas materiais”. O meio evangélico está cheio desse tipo de pregador que não sabe mais o que significa ser salvo e ir para o céu. Na verdade, eles não têm qualquer sentimento em relação ao céu, pois o foco está exclusivamente nos valores terrenos. Eles pregam a ganância, travestida de prosperidade terrena, como se fosse o único prêmio a ser buscado pelos crentes. Eles ficam apavorados diante da morte, negam-se a tratar desse assunto. Por isso, para eles, a saúde física é idolatrada, argumentam até que um cristão de fé não pode adoecer. Muitos pseudoevangélicos estão se deixando levar por essa ladainha antievangélica. Esses inimigos da cruz de Cristo receberão sua paga na eternidade, o engano proliferado por eles não ficará impune. O caminho deles os conduzirá à perdição, pois eles estão pregando heresia, o que conduz à punição eterna (II Ts. 1.9). 

3. MAS A NOSSA CIDADE ESTÁ NOS CÉUS
Os crentes em Jesus não se apavoram diante da morte, pois sabem que ela é apenas uma passagem para uma eternidade com Cristo. Estamos na terra e devemos responder com responsabilidade a essa condição. Os cristãos, enquanto cidadãos da terra, têm direitos e deveres. Precisamos estar conscientes dessa situação, principalmente nos momentos de cobrar dos políticos. Há crentes que defendem uma obediência incondicional às autoridades, mas isso não é ensinado na Bíblia (At. 5.29). A democracia pressupõe diversidade de poderes e fiscalização por parte do povo, para que os poderes governem a contento. O respeito às autoridades é bíblico (Rm. 13.1), e deve ser considerado, mas não irresponsavelmente. Devemos orar, e agir através do voto (Tt. 3.1), para evitar que tenhamos autoridades que apenas governam para elas próprias. Por outro lado, não podemos também perder o foco, há líderes evangélicos que apenas enfatizam a dimensão temporal. Eles se engajam politicamente, mas se esquecem de que são cidadãos dos céus (Fp. 3.20). Para não incorrer no equívoco dos religiosos que apenas visualizam o terreno, devemos saber que “a nossa Pátria está nos céus”. O substantivo para pátria, em grego, é politeuma, e significa a conduta de alguém no mundo. O homem moderno está tão centrado no terreno, até mesmo entre aqueles que se dizem evangélicos, que não conseguem olhar para cima. Como cidadão do céu, o crente tem seu nome registrado naquele lugar (Lc. 4.3; 10.20), ele aguarda com expectação o momento que entrará no país celestial (Ap. 20.15). Paulo diz que o crente tem uma bendita esperança, que é a segunda vinda de Jesus Cristo (Ef. 3.20). Esse tema está desaparecendo dos púlpitos cristãos, são poucos o que têm interesse de pregar o arrebatamento da igreja. Mas essa é uma das doutrinas fundamentais da fé cristã, não podemos perder a esperança na volta de Jesus para arrebatar os seus (I Ts. 4.13-18). Um dia a trombeta soará e Cristo virá com os Seus anjos, para ressuscitar aqueles que morreram no Senhor, e para transformar os que estiverem vivos (I Co. 15.43-53).


CONCLUSÃO
Os inimigos da cruz de Cristo pregam um evangelho que nada tem a ver com a Palavra de Deus. Eles estão centrados em satisfazer seus apetites carnais ou em cumprir suas tradições religiosas. Mas os crentes em Jesus não perdem o foco, pois sabem que quando Cristo se manifestar serão semelhantes a Ele (I Jo. 3.2). Nesses dias tão difíceis, nos quais as pessoas estão se distraindo com o terreno, inclusive alguns denominados evangélicos, não podemos perder o céu de vista. Jesus nos prometeu um lugar, o qual está preparado, para que estejamos para sempre com Ele (Jo. 14.1).

Extraído do blog: subsidioebd.blogspot.com.br


SUBSÍDIO II
Lição 9 – Confrontando os inimigos da Cruz de Cristo

TEXTO ÁUREO
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). – “Esses inimigos eram, segundo a melhor interpretação, crentes professos que estavam corrompendo o evangelho com suas vidas imorais e falsos ensinos. Uma das razões da grandeza de Paulo era que ele possuía convicções firmes, cujo coração ficava muito intranquilo quando o evangelho era distorcido ou quando as pessoas a quem ele ministrava corriam perigo de deixar a fé (ver 3.2; Gl 1.9).


VERDADE PRÁTICA
A cruz de Cristo é o ponto central da fé cristã: sem ela não pode haver cristianismo.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 3.17-21.


OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
            • Conscientizar-se a respeito da necessidade de se manter firme em Cristo;
            • Saber quais são os inimigos da cruz de Cristo, e
            • Aprender a respeito do futuro glorioso daqueles que amam a cruz de Cristo.

PALAVRA-CHAVE
Inimigos: Na lição são os judaizantes e aqueles que não tinham comunhão com a cruz de Cristo

COMENTÁRIO
introdução
Das advertências de Paulo à igreja em Filipos, a exortação para que permanecessem firmes na fé e mantivessem a alegria que a nova vida em Cristo proporciona, é uma das mais importantes. O apóstolo assim os estimula, por estar ciente dos falsos cristãos que haviam se infiltrado no seio da igreja. Tais eram, de fato, inimigos da cruz de Cristo[Entramos com a lição anterior no terceiro capítulo da missiva aos Filipenses e vimos que Paulo faz uma severa advertência contra os judaizantes, denominados pelo apóstolo de “inimigos da cruz de Cristo”. Nos versos 1-4, Paulo adverte seus leitores contra um erro do lado judaico, que insistiam no legalismo, buscando outra vez subjulgar sob a Lei mosaica. Nos versos 17-21, adverte-os contra o perigo da frouxidão moral: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós” (veja também 1Co 11.1; Rm 16.17). Os “inimigos da cruz de Cristo” apregoavam o legalismo, a lei e os códigos de conduta, porém não conheciam a cruz ensanguentada. Todavia, Paulo chama a atenção não somente a respeito dos judaizantes, mas também quanto os irmãos que não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de Cristo. Paulo pede aos filipenses que lutem contra estes inimigos a fim de que não venham sucumbir na fé. Esta advertência de Paulo deve ser levada a sério pela igreja na atualidade, pois atualmente também muitos são os inimigos dessa cruz ensanguentada! Os servos de Cristo Jesus devem ter consciência de que, no meio da igreja local, infiltram-se os “inimigos da cruz de Cristo”.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO (3.17)


1. Imitando o exemplo de Paulo (v.17a). Quando Paulo pediu aos filipenses para que o imitassem, não estava sendo presunçoso. Precisamos compreender a atitude do apóstolo não como falta de modéstia, ou falsa humildade, mas imbuída de uma coragem espiritual e moral de colocar-se, em Cristo, como referência de vida e fé para aquela igreja (1Co 4.16,17; 11.1; Ef 5.1). Paulo mostrou que a verdadeira humildade acata serenamente a responsabilidade de vivermos uma vida digna de ser imitada. Que saibamos refletir sobre isso num tempo em que estamos carentes de referências ministeriais. [O que deviam imitar? Nos versos 7-13, lemos que Paulo não tinha confiança no seu eu-próprio, que estava disposto a sacrificar todas as coisas por Cristo, que reconhecia a sua própria imperfeição e que estava grandemente desejoso para avançar rumo ao alvo - o Senhor. Sua advertência é necessária, porque há aqueles que tomam uma atitude diferente, são “inimigos da cruz de Cristo”. Quando Paulo disse aos filipenses: "Uma coisa faço" (3.13), ele reduziu a vida cristã nesse objetivo. Por exemplo, os cristãos existem para glorificar a Deus, mas só poderão fazê-lo à medida em que eles se parecerem com Jesus Cristo. Quando eles evangelizarem os perdidos, eles estão imitando o Senhor, que veio para "buscar e salvar os que estavam perdidos" (Lc 19.10). Quando os crentes amadurecem espiritualmente eles "crescem na graça e no conhecimento de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2Pe 3.18). Quando eles "morrerem para o pecado e vivem para a justiça" (1Pe 2.24) eles se tornam mais e mais parecidos com Jesus, "que não conheceu pecado" (2Co 5.21; Hb 7.26; 1Pe 2.22, 1Jo 3.5). Paulo era um companheiro de viagem no caminho para a inatingível perfeição espiritual, e, portanto, um modelo para os fiéis seguirem. Ele foi modelo da virtude de moralidade, superando a carne, foi vitorioso sobre a tentação, foi modelo de adorador, de serviço a Deus, de paciência no sofrimento, soube lidar com as posses (riquezas e pobreza), e soube não se corromper diante das ofertas do mundo.].
2. O exemplo de outros obreiros fiéis (v.17b). O texto da ARA tem uma tradução melhor dessa passagem: “observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”. Paulo estava reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros cristãos, entre os quais Timóteo e Epafrodito, que eram referências para as suas comunidades. O apóstolo chama a atenção dos cristãos filipenses para observarem os fiéis e aprenderem uns com os outros objetivando a não se desviarem da fé. [Pela terceira vez neste capítulo Paulo carinhosamente trata dos Filipenses, como a irmãos (cf. vv.1,13). A frase juntar-se em seguir o meu exemplo literalmente lê no texto grego "ser imitadores e meus companheiros." Paulo exortou os Filipenses a imitar a maneira como ele viveu. Ele não estava se colocando em um pedestal de perfeição espiritual. Em vez disso, ele estava encorajando os filipenses a segui-lo, um pecador imperfeito, como ele perseguiu o objetivo de Cristo. As falhas de Paulo estão registradas no Novo Testamento, bem como seus triunfos. Indignado com o tratamento abusivo nas mãos do sumo sacerdote, ele gritou: "Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá a ti, parede branqueada; tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja ferido?"(At 23.3) - uma explosão que ele logo a seguir pediu desculpas (At 23.5). Por causa de sua luta com orgulho, o Senhor deu a Paulo um espinho na carne (2 Co 12.7). Três décadas depois de sua conversão, ele ainda pensava de si mesmo como o principal dos pecadores (1Tm 1.15). Se esforçando por ser exemplo, Paulo ordenou aos filipenses para que também observassem aqueles que andassem de acordo com o padrão que eles viam nele e em seus seguidores. O termo grego Skopeo (observar) é a forma verbal do substantivo traduzido como "meta" no versículo 14, e poderia ser traduzida como "fixar o olhar em." Paulo está com vigor, dizendo: "Concentre-se naqueles cuja caminhada (conduta diária) é de acordo com o padrão correto que vocês viram em mim e em meus companheiros". Isso incluiria Timóteo e Epafrodito, a quem os filipenses conheciam, assim como os bispos e diáconos de Filipos (1.1). A palavra nós, no entanto, é mais provável como um plural literário, uma forma humilde de Paulo para se referir a si mesmo.].

3. Tendo outro estilo de vida. Muitas vezes somos forçados a acreditar que somente os obreiros devem ter um estilo de vida separado exclusivamente a Deus. Essa dualidade entre “clero” e “leigos” remonta à velha prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade Média, onde uma elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna refém daquela. É urgente resgatar o ideal da Reforma Protestante, ou seja, a “doutrina do sacerdócio de todos os crentes”, ou “Sacerdócio Universal”, reivindicada em 1 Pedro 2.9. Todos nós, obreiros ou não, temos o livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus. Não tentemos costurar o véu que Deus rasgou! [Como sacerdócio real, observa-se a natureza real do adorador resgatado. Esta passagem se baseia no chamamento de Deus ao antigo Israel (Êx 19.5-7). Pedro e João (Ap 5.1-6) puxam esta verdade para a total aplicação e realização profética do crente no Novo Testamento. A Igreja é o novo Israel, agora incluindo os crentes gentios que, em outro tempo, não eram povo e que não tinham alcançado misericórdia. Essa citação de Os 1 é uma indicação de que o apóstolo podia encarar as profecias do Antigo Testamento sobre a nação de Israel como realizada na Igreja, o novo Israel espiritual].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
Todo crente, obreiros ou não, tem livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus.


II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO (3.18,19)
1. Os inimigos da cruz (v.18). Depois de identificar os inimigos da cruz de Cristo, Paulo mostra que o ministério pastoral é regado com muitas lágrimas. A maior luta do apóstolo era com as heresias dos falsos cristãos judeus. Paulo chama os judaizantes de “inimigos da cruz de Cristo”. O apóstolo conclamou a igreja a resistir tais inimigos, mesmo que com lágrimas, pois eles tinham como objetivo principal minar a sua autoridade pastoral. O apóstolo já havia enfrentado inimigos semelhantes em Corinto (1Co 6.12). Agora, em Filipos, havia outro grupo que adotava a doutrina gnóstica. Este grupo de falsos crentes (3.18,19) afirmava erroneamente que a matéria é ruim. Logo, não há nenhum problema em pecar através da “carne”, pois toda e qualquer coisa que fizermos com o corpo, e através dele, não afetará a nossa alma. Essa ideia herética e diabólica é energicamente refutada pela Palavra de Deus (1Ts 5.23). [Agora Paulo chega a uma parte muito importante da sua carta, ele exorta os cristãos filipenses para serem firmes em Cristo na observância do Evangelho. A preocupação do apóstolo era com os falsos mestres que se aproximavam dos crentes filipenses. Estes mestres eram considerados por ele “inimigos da cruz”, pessoas que trabalhavam para esvaziar o sentido da Cruz de Cristo. O apóstolo havia-os enfrentado noutras ocasiões. De acordo com especialistas do Novo Testamento, é difícil identificar estes inimigos da cruz na carta de filipenses. Mas pelo teor do ensino de Paulo contra uma concepção legalista de cristianismo e uma perspectiva libertina da graça, judaizantes e gnósticos são as identidades mais aceitas. Em 1Ts 5.23, a oração final de Paulo é de que seus convertidos possam ser inteiramente santificados, isto é, que todo o seu ser - espírito, alma e corpo - possa ser apresentado à vontade de Deus. O poder para esse acontecimento deve vir do Deus de paz. “Paz” significa prosperidade espiritual no sentido mais amplo.].
2. “O deus deles é o ventre” (3.19). O termo “ventre” aqui é figurado e representa os “apetites” carnais e sensuais. Os inimigos da cruz viviam para satisfazer os prazeres da carne — glutonaria, bebedice, imoralidade sexual, etc. — satisfazendo todos os desejos lascivos, pois acreditavam que tais atitudes “meramente carnais” não afetariam a alma nem o espírito. Porém, o ensino de Paulo aos gálatas derruba por terra esse equivocado pensamento (Gl 5.16,17). [Os versículos 18 e 19 poderiam descrever quaisquer adversários (1Co 1.23), inclusive os judaizantes (vs. 2-6; Gl 2.15-21). Paulo pode ter em mente, de forma especial, os que concebem a Cristo como espírito puro e que zombam da ideia dele trazer salvação por meio da encarnação e de um “corpo de sua carne” que pudesse morrer (Cl 1.22). Tais pessoas consideravam-se vivendo em um plano espiritual elevado, o que lhes permite entregarem-se livremente aos prazeres sensuais, seja comida (o “deus deles é o ventre”) ou sexo (“a glória deles está na sua infâmia” - confira 1Co 6.9,10) - práticas sensuais desenfreadas. Apetite traduz o grego koilia, que refere-se anatomicamente ao abdomem, particularmente ao estômago. Aqui ele é usado metaforicamente para se referir a todos, sem restrições quanto ao sexo, cor, raça ou crença (confira 1Co 6.13). Eles viviam o aqui e o agora, e jamais pensavam na eternidade. Os falsos mestres foram condenados porque não adoraram a Deus, mas por terem se inclinado aos seus impulsos sexuais. Poderia ser uma referência aos judaizantes que davam maior ênfase em manter as leis dietéticas judaicas. Os falsos mestres, tendo em vista que eram gentios, buscavam desenfreadamente os prazeres sensuais. Judas descreve tais pessoas como "homens ímpios, que transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam ao único Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (Jd 4).].
3. “A glória deles” (3.19). Paulo sabia que aqueles falsos crentes não tinham qualquer escrúpulo nem vergonha. Entregavam-se às degradações morais sem o menor pudor e, mesmo assim, queriam estar na igreja como se nada tivessem feito de errado. O apóstolo os trata como inimigos da cruz de Cristo, porque as atitudes deles invalidavam a obra expiatória do Senhor. A declaração paulina é enfática acerca daqueles que negam a eficácia da cruz de Cristo: a perdição eterna. O castigo dos ímpios será inevitável e eterno (Ap 21.8; Mt 25.46). Um dia, eles ressuscitarão para se apresentarem diante do Grande Trono Branco, no Juízo Final, e serão julgados e lançados na Geena (o lago de fogo), que é o estado final dos ímpios e dos demônios (Ap 20.11-15). [Um princípio recorrente nas Escrituras é que as coisas deste mundo são incompatíveis com o reino de Deus 1Co 15.50; Gl 5.21). “e cuja glória é para confusão deles” (Fp 3.19) - A glória deles não está nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3) e nem na cruz ensanguentada (Gl 6.14) tampouco de Cristo e de Deus Pai (1Co 1.30,31). Antes, gloriam-se em si mesmos, em sua sabedoria ou em alguma realização que consideram ser de extremado valor, mas que na opinião paulina “é para confusão deles”. O Novo Testamento constantemente alerta para o perigo representado por falsos mestres. No Sermão da Montanha, Jesus advertiu: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt 7.15). No Sermão do Monte Ele acrescentou: "Vede que ninguém engane vocês. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Eu sou o Cristo', e enganarão a muitos" (Mt 24.4-5).].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Paulo conclamou a igreja a resistir os inimigos da cruz de Cristo, mesmo que com lágrimas. Estes inimigos tinham como objetivo principal minar a fé dos irmãos.



III. O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO (3.20,21)
1. “Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp 3.20). [Paulo mais uma vez relembra seus leitores que, embora eles possam ser cidadãos de Roma, eles têm uma cidadania maior e realmente são apenas estrangeiros nesta terra - assim como Filipos era uma colônia romana (At 16.12), a igreja é uma colônia do céus]. Os inimigos da cruz de Cristo eram os crentes que viviam para as coisas terrenas. Paulo, então, lembra aos irmãos de Filipos que “a nossa cidade está nos céus”. Quando o apóstolo escreveu tais palavras, ele tomou como exemplo a cidade de Filipos. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Filipos estava localizada na principal rota de transportes da Macedônia, uma extensão da Via Ápia, que unia a parte oriental do império à Itália”. O apóstolo faz questão de mostrar que aquilo que Cristo tem preparado para os crentes é algo muito superior a Filipos (v.20). O apóstolo mostra que o cidadão romano honrava a César, porém os crentes de Filipos deveriam honrar muito mais a Jesus Cristo, o Rei da pátria celestial. Em breve o Senhor virá sobre as nuvens do céu com poder e glória, para arrebatar a sua igreja levando-a para a cidade celeste, a Nova Jerusalém (Mt 24.31; At 1.9-11). [A motivação para ser semelhante a Cristo é a esperança de seu retorno. Uma vez que Cristo está no céu, aqueles que o amam devem estar preocupados com o céu, ansiando por Cristo para voltar e levá-los para estar com Ele (1Ts 4.17). É consistente que os crentes tenham um foco celeste, porque a nossa pátria está nos céus. Politeuma (cidadania) aparece somente aqui no Novo Testamento, embora Paulo tenha usado o verbo relacionado em 1.27. Refere-se ao lugar onde se tem um estatuto oficial, a comunidade onde o próprio nome está gravado no registro dos cidadãos. Embora os crentes vivam neste mundo, eles são cidadãos do céu. Eles são membros do reino de Cristo, que não é deste mundo (Jo 18.36). A referência de Paulo à cidadania pode ter sido especialmente significativa aos Filipenses, uma vez que Filipos era uma colônia romana. Os filipenses eram cidadãos romanos, embora obviamente vivendo fora de Roma, assim como os crentes são cidadãos do céu embora vivam na terra. É do céu que aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Para os discípulos que viram a ascensão de Cristo ao céu e que ouviram dos anjos: "Homens da Galileia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi levado de vocês para o céu, há de vir exatamente da mesma maneira como vocês O têm visto ir para o céu"(At 1.11). Em João 14.2-3 O próprio Jesus prometeu: "Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fosse, eu vos não teria dito, pois vou preparar-vos lugar. Quando eu for e preparar um lugar para vocês, eu voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também." Por causa dessas promessas, os crentes devem estar "aguardando a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Co 1.7), e "para esperar o seu Filho do céu, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, que é Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1Ts 1.10). Até Ele voltar, os crentes "...também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo." (Rm 8.23b).].
2. “Que transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3.21). O estado atual do nosso corpo é de fraqueza, pois ainda estamos sujeitos às enfermidades e à morte. Mas um dia receberemos um corpo glorificado e incorruptível. Os gnósticos ensinavam que o mal era inerente ao corpo. Por isso, diziam que só se deve servir a Deus com o espírito. Eles afirmavam ainda que de nada aproveita cuidar do corpo, pois este se perderá. Erroneamente, acrescentavam que o interesse de Cristo é salvar apenas o espírito. A Palavra de Deus refuta tal doutrina. Ainda que venhamos a sucumbir à morte, seremos um dia transformados e teremos um corpo glorioso semelhante ao de Cristo glorificado (Fp 3.21; 1Ts 5.23; 1Co 15.42-54). [Diante de uma atitude de desprezo do corpo, Paulo celebra a transformação de nossos corpos por Cristo (1Co 15.50-53). Cristo ressuscitou, ele mesmo, corporalmente da sepultura, como “primícias” de uma grande colheita (1Co 15.23). Assim como o Pai fez justiça à obediência de Cristo (2.6-11), também a fidelidade dos crentes na aflição culminará na gloriosa ressurreição que lhes está preparada. A promessa do retorno de Cristo oferece segurança, já que Jesus prometeu: "E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6.39-40). Os crentes não devem esperar pela volta de Cristo com atitudes de resignação passiva ou desinteresse entediado. Em vez disso, eles devem estar aguardando o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Os crentes não estão esperando por um evento, mas uma Pessoa. O termo grego Apekdechomai (aguardamos) é freqüentemente usada para falar de esperar pela segunda vinda de Cristo (por exemplo, Rm 8.19, 23, 25; Gl 5.5; 1Co 1.7; Hb 9.28).Apekdechomai (aguardamos) descreve não só ansiedade, mas também paciência.].
3. Vivendo em esperança. Vivemos tempos trabalhosos e difíceis (2Tm 3.1-9). Quantas falsas doutrinas querem adentrar nossas igrejas. Infelizmente, não são poucos os que naufragam na fé. Nós, contudo, à semelhança de Paulo, nutrimos uma gloriosa esperança (Rm 8.18). Haja o que houver, aconteça o que acontecer, o nosso coração estará seguro em Deus e em sua promessa (Ap 7.17; 21.4) [Paulo e Silas são presos, açoitados e trancados no cárcere. Mas eles não praguejam, não se desesperam, não se revoltam contra Deus. Eles têm paz no vale. Em vez de clamar por vingança contra os seus inimigos, eles clamam pelo nome de Deus para adorá-Lo. Eles fazem um culto na cadeia. Cantam e oram a despeito das circunstâncias mais adversas. O evangelho que pregam aos outros funciona também para eles. Na verdade, eles sabem que Deus está no controle da situação. Assim, certamente Deus pode nos dar livramento diante de circunstâncias impostas nestes tempos trabalhosos e difíceis. Paulo descreveu os falsos mestres como inimigos da cruz de Cristo. O termo "cruz" não se limita ao instrumento real de madeira para condenação à morte (1Co 1.1718, 23; 2.2; Gl 3.1; 6.14; Ef 2.16; Cl 1.20, 2.14, 1Pe 2.24), mas significa a morte expiatória de Cristo em todos os seus aspectos. Os falsos mestres eram contra a salvação!].
SINOPSE DO TÓPICO (III)
À semelhança de Paulo precisamos ter a confiança de que o futuro daqueles que amam a cruz de Cristo será glorioso.

CONCLUSÃO
Precisamos estar atentos, pois muitos são os inimigos da cruz de Cristo. Eles procuram introduzir, sorrateiramente, doutrinas contrárias e perniciosas à fé cristã. Muitos são os ardis do adversário para enganar os crentes e macular a Igreja do Senhor. Por isso, precisamos vigiar, orar e perseverar no “ensino dos apóstolos” até a vinda de Jesus. Eis a promessa que gera a gloriosa esperança em nosso coração. [A igreja de Filipos enfrentava dois sérios problemas: um interno e outro externo. Primeiro, a quebra da comunhão. A desunião dos crentes era um pecado que atacava o coração da igreja. Segundo, a heresia doutrinária. A igreja estava sob ataque também pelo perigo dos falsos mestres (3.2). O judaísmo e o perfeccionismo atacavam a igreja. Paulo os chama de adversários (1.28), inimigos da cruz de Cristo (3.17). Ralph Martin diz que os mestres discutidos em Filipenses 3.12-14 são judeus. Eles se vangloriavam da circuncisão (3.2), a que Paulo replica com uma afirmação de que a igreja é o verdadeiro Israel (3.3). Eles se gloriavam na “carne”, cortada na execução do rito; ele se gloria apenas em Cristo. Eles se orgulhavam de suas vantagens, especialmente de seu conhecimento de Deus; ele só encontra verdadeiro conhecimento de Deus em Cristo. A justiça deles era baseada na lei (3.9); a confiança de Paulo descansa na dádiva de Deus. Os judeus buscavam e esperavam obter justiça; Paulo fixa os seus olhos em alvos diferentes e anseia por ganhar a Cristo. Esses falsos mestres viviam como inimigos da cruz – em seu comportamento, deificando seus apetites, honrando valores vergonhosos, só pensando nas coisas deste mundo (3.19). Paulo tem de lidar também com os missionários gnósticos perfeccionistas. Eles alardeavam seu “conhecimento” (3.8) e professavam ter alcançado uma ressurreição, já experimentada, dentre os mortos (3.10). São “perfeitos” (3.12). Esses gnósticos são, de fato, inimigos da cruz de Cristo (3.18), libertinos e condenados (3.19). Cuidemos para que nossa esperança repouse apenas na cruz ensanguentada e não confiemos na carne!].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco de Assis Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere
Meu coração te ofereço, Senhor, pronto e sincero (Calvino)

 Extraído do Blog auxilioebd.blogspot.com.br




Nenhum comentário:

Postar um comentário