sábado, 18 de setembro de 2021

LIÇÃO 12: O REINADO DE JOSIAS

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

Josias foi o último dos reis justos de Judá. Nunca houve um rei como ele que se voltasse para o Senhor de todo o coração. Este grande monarca e fiel homem de Deus expurgou o país de todas as falsas divindades ali colocadas por seus ancestrais. E ao saber que o livro da Lei havia sido encontrado dentro do Templo, iniciou em seu reino a maior e mais impactante renovação espiritual vista entre todas as tribos de Israel. – O nascimento do rei Josias foi profetizado aproximadamente 300 anos antes, quando um profeta anônimo foi enviado à Jeroboão enquanto este sacrificava aos seus falsos deuses. Sob a perspectiva do autor de Reis e Crônicas, Josias foi um dos melhores reis que Israel teve, pois limpou o Templo de muitas divindades, dos rituais e da simbologia pagã que haviam colocado nele, a saber: a estaca sagrada (poste-ídolo), o aposento das prostituições sagradas, lugar onde as mulheres teciam véus para Aserá, os cavalos e o carro do deus Sol ali colocados pelos reis de Judá e os altares que os reis de Judá tinham levantado no terraço (2 Rs 23.4-12). Ele também destruiu os altares, os ídolos e os rituais em vários locais fora de Jerusalém e nos lugares altos das cidades. Fez uma limpeza geral contra as formas de adoração idólatras que se haviam instalado em Israel e que foram instituídas pelos reis que o antecederam. Inclusive os altares a deuses que foram introduzidos por Salomão também foram destruídos por Josias. Ele aniquilou toda uma cultura idólatra e trabalhou para que os sacerdotes dessas divindades também perdessem os seus postos. 

 I. JOSIAS REPARA O TEMPLO

1. “Achei o livro da Lei no Templo do Senhor”. Com seu desejo de realizar reparos na Casa do Senhor, Josias ordenou a Safã, o escrivão, e a outros assessores, que fossem ao encontro do sumo sacerdote Hilquias e arrecadassem todos os possíveis recursos financeiros (2 Rs 22.4). Pode-se imaginar a enorme surpresa que teve o escrivão do rei ao receber do sumo sacerdote Hilquias a notícia de que o Livro do Senhor havia sido achado dentro da Casa do Senhor (2 Rs 22.8). Por este relato percebe-se como era o nível de desinteresse das coisas de Deus por quem deveria zelar, não apenas pelo sagrado Livro, mas pelo cumprimento das leis divinas expressas nele.

2. O rei rasgou suas vestes. Ao saber do conteúdo do livro, Safã, o escrivão, levou-o imediatamente ao rei Josias (2 Rs 22.10). O rei leu o livro tão avidamente, e ficou tão pasmado diante da realidade de haver descumprido seu conteúdo, que não tardou em rasgar suas próprias vestes em sinal de profunda tristeza e consternação (2 Rs 22.11).

Ao ser impactado pela mensagem do livro, Josias não se justificou em razão dos próprios pecados, como fazem os que não querem conformar suas vidas à vontade soberana de Deus. O rei não culpou a ninguém; simplesmente se humilhou rasgando suas vestes, demonstrando a piedade do seu coração.

3. Entendendo a vontade de Deus. Por ordem de Josias, o sumo sacerdote Hilquias e seus auxiliares foram consultar a profetiza Hulda para saberem se os pecados de Judá tinham atingido o nível do juízo divino (2 Rs 22.12-142 Cr 34.22). Então a profetiza confirmou que Jerusalém realmente seria destruída, mas que por amor a Josias, isso aconteceria somente após a morte dele (2 Rs 22.18-20). Assim Deus demonstrou que ouviu a oração do rei; embora, a condenação de Judá estivesse sendo apenas adiada (Jr 11.9-1713.27).

Quando o escrivão do rei foi enviado a conversar com o sacerdote Hilquias, cujo nome significa “Javé é minha porção”, para iniciar e organizar a reforma do Templo, este lhe comunicou que havia achado o livro da Lei de Moisés. Hilquias achou o livro, mas não se mostrou surpreso pelo seu conteúdo, pois tudo indica que tivera contato com ele anteriormente. O achado do livro dentro do Templo obviamente significa que ele estava perdido naquele lugar, mas isso parece muito incoerente. Como o livro da Lei de Moisés poderia ter-se perdido dentro do Templo? Talvez pelo motivo exposto adiante: de que um escriba zeloso propositadamente o tivesse guardado; só que o real motivo foi, provavelmente, o descaso para com o livro que a idolatria sistematizada ocasionou à liderança religiosa e civil. Dessa forma, a lassidão espiritual e o relaxamento religioso daqueles que deveriam zelar não apenas pela guarda, mas também pelo cumprimento da Lei fez com que o mais precioso livro fosse perdido paradoxalmente dentro do lugar onde ele deveria ser guardado e anunciado com veemência. – A perda do livro dentro do Templo, portanto, é uma realidade factível ainda hoje. Seria impossível perder a Palavra de Deus materialmente, pois a temos em milhões de cópias e, mais recentemente, em meios digitais dos mais variados tipos e variações. Nunca nos faltarão exemplares físicos ou eletrônicos da Bíblia, mas, assim mesmo, ela poderá ser perdida cada vez que a negligenciamos, como bem afirmou Tiago: “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.” (Tg 1.22-25) – Portanto, é preciso proatividade em relação à observância, ao cumprimento e à obediência àquilo que a Palavra de Deus diz; não uma observância exterior e hipócrita, mas uma observância que parte de um coração adorador. O cerne do entendimento da Palavra de Deus é estabelecer um relacionamento com o seu autor para compreendê-la espiritualmente, pois o seu conteúdo é relacional, porque contamos com a presença do seu autor, o Espírito Santo. As principais mudanças tomadas em nossa vida são feitas num relacionamento espiritual com a Palavra de Deus e o seu autor. A Palavra de Deus serve-nos primordialmente de duas maneiras: (1) através do confronto, com a sua voz moral e ética, e (2) através do conforto, com a sua voz amorosa e consoladora. Muitas pessoas veem a Palavra de Deus apenas como conforto em tempos de angústia, mas ela não serve somente para isso. A sua função também é causar desconforto diante do pecado e dos desvios da própria Palavra. Assim, para que ela, de fato, produza conforto permanente, na maioria dos casos precisará produzir desconforto ao confrontar a miserabilidade do pecador. A Palavra de Deus cria algo novo em nossas entranhas e gera mudanças de comportamentos, hábitos, vícios e abandono de pecados. Dessa forma, é preciso deixar a Palavra ler a alma humana, invertendo-se a forma natural de leitura. Por isso, o salmista escreveu: “Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Sl 119.11, NVI). A versão bíblica A Mensagem substitui “pecar contra ti” por “entrar em falência”, o que demonstra a impossibilidade de prosperidade humana sem ter a Palavra de Deus como bússola infalível.

Quando o escrivão Safã recebeu o livro das mãos de Hilquias, ele imediatamente tomou um tempo para lê-lo. Não se sabe se ele fez isso apenas por curiosidade ou se já queimava no seu coração o desejo por um avivamento, visto ser ele funcionário do rei, que, anos antes, começara a adorar a Deus no Templo. Certamente, toda a corte real já havia sido influenciada pela devoção do rei. – Depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, Safã levou o livro ao rei, que o leu tão avidamente e causou-lhe tanto impacto que, diante da percepção concreta de que haviam falhado grandemente em cumprir o seu conteúdo, ele rasgou as vestes, o que, na antiguidade, era um sinal de profunda consternação e tristeza. Isso mostra um profundo arrependimento e contrição por parte desse rei piedoso, mas também coragem de lutar contra aquilo que o seu pai e, principalmente, o avô haviam instituído. O rei sabia que não seria um trabalho fácil, pois toda a sociedade e todas as camadas dela estavam tomadas pela idolatria e, além disso, não estavam há tempos fazendo o culto a Deus corretamente. – A reação do rei não foi a de justificar-se diante dos seus pecados, como muitos fazem quando não querem deixar a vida que não se conforma com a vontade de Deus. Ele nem mesmo culpou a ninguém; simplesmente se humilhou e, em sinal exterior do que já havia acontecido no seu coração, rasgou as suas vestes.

O rei Josias entendeu com exatidão o que a Lei de Moisés dizia, pois compreendeu que o Senhor estava irado com eles porque, da mesma forma como os seus antepassados, haviam negligenciado vários preceitos da Lei. Assim, ele enviou os seus mensageiros a consultarem a profetisa Hulda. Naquela época, era normal as pessoas servirem-se de alguém com dons especiais para saberem a vontade de Deus. Hoje, embora esses dons ainda operem livremente pelo Espírito Santo, é salutar que a comunhão íntima de cada um com o Senhor seja tão estimada que não se precise buscar ajuda de outros para ouvir a voz de Deus, pois o Espírito Santo testifica no coração de cada crente sobre qual é a vontade de Deus (Rm 8.16), da mesma forma como Paulo era guiado pelo Espírito Santo (At 13.2; 16.7). – A profetisa Hulda confirmou a certeza que o rei já tinha, e, de fato, o veredito celestial já estava feito: Jerusalém seria destruída, mas, por amor a Josias e pela sinceridade do seu arrependimento, isso aconteceria somente depois da sua morte, demonstrando, assim, que o Senhor ouviu a oração do rei e atentou para o seu arrependimento genuíno. Neste texto, a palavra hebraica para arrependimento (2 Rs 22.19) é rakak, que significa ser amolecido ou enternecido. – Arrependimento é um ataque sem tréguas contra toda impiedade e idolatria, a começar pela própria pessoa, como foi o caso de Josias. Só depois é que ele colocou em prática as maneiras de alcançar o maior número de pessoas para um novo pacto com o Senhor Deus.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para alcançarmos os objetivos fundamentais que formulamos, quais deverão ser os nossos objetivos imediatos? O que planejamos fazer neste trimestre, neste mês, nesta lição? Esses planos variam com as situações. Os interesses e as necessidades de nossos alunos deverão determinar nossos objetivos para cada lição em particular. Muitas vezes o comentarista da lição sugere as metas em conexão com ela. Essas metas poderão ou não coincidir com as necessidades da classe. Por isso, deve o professor determinar seus objetivos de acordo com a realidade de sua classe. Tendo em mente o assunto da lição a ser ensinada, o professor poderá perguntar-se:

· Quais conhecimentos desejo que meus alunos adquiram?

· Quais situações desejo que eles enfrentem?

· Quais atitudes e decisões desejo que eles tomem?

II. A RENOVAÇÃO DO PACTO COM O SENHOR

1. A leitura do livro diante do povo. Josias, como um líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, sabia que a reforma não teria êxito se todos não fossem envolvidos. Por isso convocou todas as autoridades de Judá e de Jerusalém, e todo o povo; do mais simples ao mais importante, para se reunirem no Templo do Senhor e ouvirem a leitura da Lei de Deus (2 Rs 23.1,2). Ouvindo a mensagem, o povo preparou o coração para uma nova aliança com o Senhor.

O verdadeiro avivamento começa com a escuta da Palavra de Deus. Quando a Bíblia passa ser ouvida com seriedade, o coração é quebrantado, a nossa vida é avivada e o Espírito Santo faz morada. O avivamento por meio da Palavra é duradouro.

2. A destruição dos ídolos. No início de sua reforma, quando tinha completado oito anos de reinado, o rei Josias reparou o Templo, tirando todos os utensílios que tinham sido feitos para Baal (2 Rs 22.123.2). Além disso, ele expurgou as imundícies idolátricas de todas as cidades de Judá, e só voltou à Jerusalém quando todo o trabalho de limpeza havia terminado (2 Rs 23.4-20). O coração de Josias fervia de amor pelo Deus de Abraão, tão ultrajado por seu povo.

O achado do livro era um argumento muito convincente que Josias poderia usar diante do povo e para incrementar ainda mais as reformas que já haviam iniciado anos antes. O mesmo impacto que Josias teve ao ler o livro ele também queria o povo tivesse. O livro foi lido primeiramente por Safã, depois pelo rei e, por último, pelo povo. Como um líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, a reforma não teria êxito se todos não fossem envolvidos. Ele chamou os principais líderes civis e religiosos, e todos foram juntos ao Templo, mostrando unidade de propósitos, desde a pessoa mais humilde a mais ilustre. Essa leitura do livro preparou o coração do povo para a proposta que Josias fez de fazer uma nova aliança com Deus, ao que todo povo concordou e comprometeu-se.

Imediatamente após a leitura do livro e a nova aliança com Deus, começou uma reforma ainda mais radical do que a que já havia sido iniciada quando Josias tinha 16 anos. Agora não sobraria nenhum ídolo em Judá. A reforma passou por todo o Israel, incluindo algumas tribos do Reino do Norte, que, a essa altura, já estavam no exílio por conta da idolatria. Por todas as cidades ele promoveu total limpeza das imundícies idolátricas e só voltou para Jerusalém após terminado esse expurgo. O coração de Josias estava fervendo de amor ao Deus de Abraão, tão tristemente ultrajado pelo seu povo. Que maravilha! Que nos dê homens como Josias, tementes e zelosos pelas coisas de Deus.

Uma reforma tão radical como essa custou um alto preço tanto para Josias quanto para os envolvidos nos cultos pagãos, pois ele demitiu — e alguns até matou — os sacerdotes falsos, os prostitutos sagrados, os médiuns e os adivinhos. O próprio rei percorreu todo o reino numa limpeza total sem precedentes na história de Israel. Para ter certeza de que os altares e lugares sagrados idólatras não seriam usados novamente, mandou queimar ossos humanos dos sacerdotes pagãos sobre todos esses lugares, profanando-os e tornando-os imprestáveis para o culto.

Josias foi tomado de profunda convicção e zelo para levar a cabo a sua reforma. Por isso, diz-se que ele foi o melhor rei de Judá depois de Davi, no sentido de agradar a Deus em todas as coisas (2 Rs 22.2). A própria Bíblia afirma que Josias andou nos caminhos do seu pai Davi, embora fosse filho do idólatra Amom. Isso demonstra a nova paternidade espiritual de Josias, que abriu mão da perversa herança dos seus antepassados idólatras.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“O compromisso religioso inicial de Josias foi demonstrado por seus esforços para reparar o Templo do Senhor. Ele estava desorientado, pois aparentemente durante o reinado de Manassés a maioria das cópias das Escrituras do Antigo Testamento foi destruída. Então uma cópia da lei, que alguns acreditam compreender todos os cinco livros de Moisés, foi achada. Um Josias abalado percebeu quão desobediente Judá tinha sido.

Perguntas dirigidas a Hulda, uma profetisa, trouxe de volta a palavra de que o destino de Judá estava selado. Mas em razão de Josias ter sido humilde e sensível a Deus, o desastre viria apenas depois de sua morte.

Deus ainda está à procura de pessoas que estão abaladas pelo abandono da sociedade sobre os princípios bíblicos de santidade e de justiça. Quando formos humildes e sensíveis, Deus nos abençoará individualmente a despeito do que possa acontecer a nossa terra.

O zelo de Josias era tão grande que ele começou a livrar Judá de todas aquelas práticas contra as quais a Palavra de Deus falava. A lista das suas ações sugere a extensão da apostasia de Judá.

O que podemos apreciar sobre Josias é o seu exemplo de total compromisso. Nenhum de nós poderia fazer um pedido mais importante do que sermos como Josias, que ‘se [converteu] ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças’ (23.25).

O reinado de 31 anos de Josias sobre Judá não mudou a direção da sua nação. Mas os seus constantes esforços para servir ao Senhor lhe renderam a honra divina. Deus não exige que sejamos bem-sucedidos. Ele nos chama, porém, para sermos totalmente comprometidos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.226,27).

III. A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA

1. A celebração da Páscoa e a restauração do culto e dos ofícios do Templo. Somente depois de dezoito anos de reinado foi que Josias conseguiu comemorar a primeira Páscoa. Esta foi a maior celebração desde os tempos do profeta Samuel (2 Rs 23.21-23). Josias também reestabeleceu a liturgia do culto, o sacerdócio, e diversos ofícios que eram praticados no Templo; tais como, sacerdotes, levitas, cantores, guardas do Templo etc.

2. A maior páscoa da monarquia. A Páscoa era uma das maiores festas do povo de Israel. Relembrava a proteção divina e o livramento da escravidão no Egito. Deveria ser sempre festejada, pois permitia ao povo recordar as obras que o Senhor realizara no passado (Êx 12.14,24-27). No entanto, devido ao pecado, o povo se esqueceu dos feitos e promessas de Deus.

Após achar o livro da Lei do Senhor, derrubar os altares a deuses pagãos e destituir os sacerdotes que realizavam tais abominações, Josias deu ordem para que o povo retornasse à celebração da Páscoa ao Senhor. Ele realizou o maior festejo do seu tempo. Nunca houvera Páscoa tão fervorosa (2 Rs 23.21-23).

O rei Josias restituiu o ofício dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores e dos guardas do Templo e ofereceu sacrifícios e holocaustos conforme manda a Lei. Foram oferecidos muitos animais em sacrifício, que foram comidos pelo povo. Ao todo, foram oferecidos 37.600 carneiros e cabritos e 8.500 touros. Foi uma grande festa sem precedentes que durou sete dias. Interessante observar que a Arca da Aliança não estava no seu devido lugar no Santo dos Santos do Templo, mas havia sido negligenciada nos tempos de adoração dos falsos deuses. Algum rei anterior, em conivência com os sacerdotes e de forma relapsa, havia tirado a Arca do seu lugar, mas a reforma de Josias foi abrangente, pois todos os detalhes foram observados. Assim, a Arca da Aliança voltou para o seu lugar, e a reforma estava completa, e, durante o reinado de Josias, o povo de Israel adorou somente a Deus, o Senhor.

Como já afirmado, a Páscoa comemorada por Josias foi a maior da época da monarquia. Não há detalhes quanto à época que Josias comemorou a Páscoa, mas ela era celebrada todos os anos na primavera em 14 de Nisã (originariamente, Abib). Nela, os israelitas relembravam o modo milagroso pelo qual Deus operou a salvação do seu povo, livrando-os da opressão, do sofrimento, da angústia e da escravidão promovidos pelos egípcios. Era a lembrança da fidelidade de Deus à sua promessa, do seu amor libertador e do seu cuidado em favor do seu povo. – O nome hebraico para referir-se à páscoa é Pesah, que pode significar pular, passar por cima, saltar por cima ou, também, passar de largo, no sentido de poupar a vida, pois o anjo destruidor passou de largo na noite da fuga do Egito e poupou os primogênitos das casas onde havia sido aplicado o sangue nas ombreiras e na verga das portas (Êx 12.7). Essa determinação havia sido dada por Deus, diante da teimosia de Faraó, para que o povo de Israel não fosse atingido pela última praga lançada sobre o Egito, que era a morte dos primogênitos de homens e animais. Portanto, na casa dos israelitas onde houvesse sido sacrificado um cordeiro e o sangue deste aspergido nos locais indicados, não sucederia a mortandade. Assim, trata-se do misericordioso cuidado do Senhor em preservar os filhos de Israel quando um poder destruidor “passou por cima” deles sem causar-lhes dano. A festa passou a ser celebrada. A festa passou a ser celebrada, mais tarde, de modo alegre. Na primeira noite do Seder (ordem ou liturgia), a família israelita festejava a liberdade que o Senhor Deus dera ao povo

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“[…] Somos informados de que nunca se celebrou tal páscoa como esta em nenhum dos reinados anteriores, não, desde os dias dos juízes (v.22), o que, a propósito, insinua que, embora o relato que o livro de Juízes dá do estado de Israel sob aquela dinastia pareça apenas melancólico, ainda houve, então, alguns dias dourados.

Parece que essa páscoa foi extraordinária por causa do número e da devoção dos participantes, de seus sacrifícios e ofertas, e de sua exata observância das leis da festa. E não ocorreu agora como na páscoa de Ezequias, quando participaram muitos que não estavam limpos de acordo com a purificação do santuário, e foi permitido aos levitas fazerem o trabalho dos sacerdotes. Nós temos motivos para pensar que durante todo o restante do reinado de Josias a religião floresceu e as festas do Senhor foram muito cuidadosamente observadas. Mas nessa páscoa, a satisfação que eles tiveram no concerto recentemente renovado, a reforma no prosseguimento dela, e o renascimento de uma ordenança cujo original divino eles tinham encontrado recentemente no livro da Lei, e que tinha sido negligenciado por muito tempo ou guardado sem cuidado, os colocou em grande entusiasmo de santa alegria. E Deus ficou satisfeito em recompensar o zelo que tiveram em destruir a idolatria com sinais incomuns da sua presença e favor. Tudo isso concorreu para fazer dessa páscoa uma festa de destaque” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Josué a Ester Edição Completa. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.632).

CONCLUSÃO 

Josias fez uma limpeza geral em Israel, eliminando todas as formas de idolatria instituídas pelos reis que o antecederam, inclusive o rei Salomão. Este grande monarca e figura do Messias, foi a promessa de Deus sobre Judá, de que o paganismo não prevaleceria sobre seus reis, mas que a raiz de Jessé voltaria a brotar (Is 11.1-4Rm 15.12). – Josias, portanto, foi a promessa de Deus sobre Judá, bem como uma figura do Messias vindouro, de que a idolatria não teria prevalência sobre os seus reis, mas a raiz de Jessé brotaria ainda que a nação fosse um monte de troncos queimados (ver Is 6.12,13). Infelizmente, Josias foi morto em campo de batalha contra o Egito, batalha esta que ele não precisava ter-se envolvido. O profeta Jeremias compôs um lamento pela morte de Josias, que foi entoado durante um longo tempo pelos judeus (2 Cr 35.25).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 12. Rio de Janeiro: CPAD, 19, set. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010.  

sábado, 11 de setembro de 2021

LIÇÃO 11: O REINADO DE EZEQUIAS

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O reinado de Ezequias foi um dos melhores de Judá. Seu governo foi reto, justo, honesto e agradável aos olhos do Senhor. Ele fez importantes reformas no culto e na adoração a Deus. A partir da destruição dos ídolos de Judá, reestruturou todo o sistema religioso, o que culminou num grande avivamento para o povo de Deus.  – Ezequias começou a reinar com 11 anos de idade em 729 a.C. em corregência com o seu pai, Acaz, mas incrivelmente não foi influenciado pela apostasia espiritual promovida pelo seu pai. Aos 25 anos, quando finalmente assumiu o trono sozinho, a sua primeira iniciativa foi promover a reforma das instituições religiosas de Judá. Nos seus anos de corregência, Ezequias provavelmente discerniu que a forma como o seu pai reinou não agradava a Jeová, pois isso havia trazido sérias consequências para o povo de Deus, inclusive o Reino do Norte. Israel já estava em processo final como nação. Essa sensibilidade do rei ao que estava acontecendo com o Norte pode ter sido uma das influências que veremos adiante. – Boa parte do sucesso da reforma de Ezequias deu-se em virtude do impacto que o povo de Judá teve diante das ameaças assírias, bem como a derrota completa que o império estava infligindo no Reino do Norte, que, na época da reforma de Ezequias, estava sendo levado cativo pela Assíria. Mas, para muito além disso, o seu segredo estava em ele dar ouvidos ao seu grande conselheiro, o profeta Isaías (2 Rs 19.6; 20.1-6); ele fez um pacto com o Senhor (2 Cr 29.10); e começou a sua obra reformista assim que assumiu o trono (2 Cr 29.3).

 I. O JUSTO REINADO DE EZEQUIAS

1. Um rei reformista. Ezequias instaurou uma ampla renovação espiritual do povo de Deus, em Jerusalém. Reuniu os sacerdotes e levitas e lhes propôs uma nova aliança com Deus (2 Cr 29.4-11). Esta aliança incluiria uma reforma radical no comportamento e na espiritualidade do povo. O rei mandou destruir os altares pagãos; reabrir as portas do Templo; restabelecer as ofertas e os sacrifícios; reinstituir os ofícios sacerdotais e, ainda, celebrar a Páscoa. A despeito de tudo isso, o que mais se destaca nas atitudes de Ezequias é que ele “se chegou ao SENHOR, não se apartou de após ele e guardou os mandamentos que o SENHOR tinha dado a Moisés” (2 Rs 18.6).

Assim, o rei Ezequias tinha um coração disposto a fazer a vontade de Deus no Reino de Judá. Por isso ele reuniu os sacerdotes, demais levitas e lideranças para reconhecer o verdadeiro estado pecaminoso da nação (2 Cr 29.4-11). Ezequias tinha um coração quebrantado e, por isso, foi reformista.

2. A purificação dos lugares sagrados. Com a convocação de Ezequias, os sacerdotes e os levitas se reuniram e se prontificaram a purificar e santificar a casa do Senhor (2 Cr 29.3-5). Retiraram e jogaram fora todas as coisas impuras que estavam no Templo e restabeleceram o culto e os sacrifícios, conforme a Lei de Moisés (2 Cr 29.18-21). A purificação foi tão completa que, no relato do segundo livro de Crônicas, capítulo 29 e versículos 18 e 19, a palavra “todos” é repetida várias vezes no texto. Nada ficou de fora!

3. A adoração nacional. A fim de restabelecer o culto a Deus, Ezequias convocou os maiorais da cidade para estarem na Casa do Senhor (2 Cr 29.20). Ali foram oferecidos diversos sacrifícios para a reconciliação de todo o Israel. Foi nesse momento de muita comoção, que o rei, seus assessores, e toda a congregação de Israel se prostraram diante do Senhor (2 Cr 29.28,29). Que cenário maravilhoso! Uma nação inteira se prostrando e adorando àquEle que é digno de toda honra, glória e louvor.

Além de toda a reforma, Ezequias também mandou celebrar a Festa da Páscoa, que há muito tempo não se via (2 Cr 30.1). Todos foram convidados a participar, inclusive as tribos do Norte. Houve um grande ajuntamento de pessoas em Jerusalém. Depois, Ezequias, os sacerdotes e os levitas, oraram pela cura e santificação do povo (2 Cr 30.27).

A convocação do rei Ezequias ao povo para a santidade, adoração a Deus e amplas reformas espirituais ocasionou um dos maiores avivamentos do Antigo Testamento. Houve um impacto espiritual tão grande que, ao voltar para a casa, o povo destruiu as estátuas dos falsos deuses, rompeu com a idolatria. Deus ainda levanta líderes para promover verdadeiras reformas espirituais.

O projeto de reformas de Ezequias teve sucesso dentro de Judá, porém resultou em desavenças com o rei Sargão II da Assíria, sucessor de Tiglate-Pileser, pois, até então, as alianças entre Acaz e Tiglate-Pileser envolviam os judeus com os cultos pagãos da Assíria. Com a reforma religiosa de Ezequias e o abandono da idolatria, a principal consequência foi a quebra das relações políticas com o rei que governava naquele período, Sargão II. Nesse período, as relações entre os dois reinos ficaram cada vez mais melindrosas, as tensões internas aumentavam devido à instabilidade, e ameaças exteriores e o medo de que o mesmo que aconteceu no Norte pudesse acontecer ali era cada vez mais evidente. – Foi no reinado de Senaqueribe (705 a.C. a 681 a.C.) que aconteceu a independência da Babilônia diante da Assíria. Embora essa independência tenha sido por um breve período de tempo, deu-se o início de uma nova força política que viria dominar o Mediterrâneo, inclusive causar o exílio de Judá dando fim ao projeto e esforços do rei Ezequias. Foi no reinado de Manassés que Judá entrou em declínio total e foi subjugada pela Babilônia. Se os irmãos do Norte foram deportados no primeiro momento, a preocupação de Isaías dá-se em alertar o seu povo de que o mesmo sucederia com eles no Sul, pois eles estavam indo pelo mesmo caminho de abandono da Aliança com Jeová, tal como os irmãos do Norte. O profeta, além de exortar, profetizou sobre um futuro tenebroso que viria, mas também vaticinou que havia esperança no Messias vindouro. – Portanto, apesar do seu zelo religioso, a sua reforma pode também ter sido motivada por questões políticas. Quando do discurso de Rabsaqué no muro da cidade (2 Rs 18.19-25; 28-35), tentando intimidar o povo de Jerusalém a uma sublevação contra Ezequias, a reforma religiosa foi mencionada, o que faz supor que ela pode ter sido utilizada para frear a influência Assíria sobre Judá. A visita dos babilônios e o encantamento de Ezequias diante deles (2 Rs 20.12,13) é outra evidência em direção à sua motivação política na reforma religiosa. A verdade é que o Senhor pode utilizar-se de artifícios humanos para atingir os seus objetivos, como foi no caso da reforma, sem que isso lhe tire o mérito do milagre e da sua intervenção na história

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O professor deve entender que a forma como conduz os trabalhos na classe e a linguagem utilizada são fundamentais no processo de aprendizagem. Portanto:

II. SENAQUERIBE INVADE JUDÁ

1. As ameaças de Senaqueribe. O Império Assírio estava em franco crescimento. Ele havia invadido várias nações do Oriente Médio, inclusive, Israel, que fora levado para o cativeiro (2 Rs 18.11,12). Agora, Senaqueribe, rei da Assíria, achava que poderia fazer o mesmo com Judá. Foi então que resolveu expedir seu poderoso exército para sitiar Jerusalém e ameaçar o rei Ezequias, visto que ele havia se rebelado contra o governo assírio (2 Cr 32.1).

Durante o cerco a Jerusalém, Senaqueribe, por meio de seus oficiais, usou como estratégia intimista a difamação de Ezequias e o afrontamento da grandeza de seu Deus (2 Cr 32.10-15). Como seu propósito era abalar o moral do rei e do povo, todas essas injúrias foram pronunciadas em hebraico.

2. O temor do rei Ezequias. As ameaças dos assírios pasmaram Ezequias e o medo se espalhou por toda a corte de Judá (2 Rs 18.3719.1); o que levou o rei a consultar o profeta Isaías (Is 37.1-7). E a palavra dele foi de vitória para o povo de Deus. Aqui aprendemos que a obediência a Deus não é sinônimo da ausência de problemas e enfrentamentos. Entretanto, a mão protetora do Altíssimo nunca deixa seu povo desamparado.

As ameaças inimigas sempre usam elementos conhecidos e de confiança tentando abalar a legitimidade da fé. Ameaças inimigas são inflacionadas, exageradas e eivadas de mentiras e meias verdades bem contadas e organizadas; tudo para gerar um clima de insegurança e desconfiança. Mas elas também contêm elementos de verdade para convencer. Por exemplo, Judá não tinha mesmo um poderio militar para fazer jus à Assíria. Segundo o pensamento pagão, se os deuses das nações conquistadas pela Assíria não lhes livraram, como Deus iria fazê-lo? Os oficiais assírios também disseram que o Senhor já havia autorizado a queda de Jerusalém, mas não sabiam eles que estavam afrontando o único Deus verdadeiro com aquelas palavras zombeteiras e difamatórias. – As ameaças causaram medo em toda corte de Ezequias e no povo (2 Rs 18.37; 19.1), ao que Ezequias consultou o profeta Isaías (Is 37.1-7), que vaticinou a vitória do povo de Deus e confortou o rei. Obediência a Deus não é sinônimo de ausência de problemas e enfrentamentos, porém a mão protetora do Senhor nunca deixou o seu povo desamparado.

SUBSÍDIO HISTÓRICO

“Rabsaqué adverte Ezequias (18.19-25). A mensagem de Rabsaqué era uma típica ostentação assíria planejada para destruir a confiança de Ezequias. Deve-se observar a partir de suas advertências que o rei de Judá estava, naquele momento, resoluto e determinado em sua revolta contra Senaqueribe. O grande rei, o rei da Assíria (19) é apenas parte do título frequentemente usado pelos reis da Assíria. Os anais deste rei têm início da seguinte forma: ‘Senaqueribe, o grande rei, o poderoso rei, rei do universo, rei da Assíria…’

A aliança estabelecida entre Judá e o Egito, era tão frágil quanto a palavra de lábios (20), com o bordão de cana quebrada como suporte (21). O Faraó é Tiraca (Taharqo), que foi co-regente com seu irmão a partir de 690/89. Ele era o líder das forças egípcias que Senaqueribe enfrentou (19.9)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.376,77).

III. A ORAÇÃO DO REI E O LIVRAMENTO DO SENHOR

1. A oração confiante de Ezequias. Para intensificar ainda mais sua estratégia do medo, o rei assírio enviou cartas atrevidas e ameaçadoras ao rei Ezequias (2 Cr 32.17). A mensagem exigia a rendição de Jerusalém. Mas o rei de Judá apresentou essas cartas diante do Senhor, e orou fervorosamente (Is 37.14-20). Nessa oração Ezequias agradeceu a Deus e declarou sua soberania sobre tudo e todos. E, apresentando as afrontas de Senaqueribe, pediu ao Eterno que o livrasse daquele ímpio.

2. Deus conforta o rei. Deus usou o profeta Isaías para confortar o rei Ezequias e mostrar que estava com ele. O Senhor disse que tinha ouvido as orações do rei a respeito do atrevimento de Senaqueribe (Is 37.6,7,21,22). Aquele ímpio havia afrontado e blasfemado do verdadeiro e único Deus. Naquela mesma noite, sem que Ezequias usasse qualquer arma, o Senhor dos Exércitos lhe deu o livramento. Um anjo do Senhor foi enviado por Deus e matou, de uma só vez, cento e oitenta e cinco mil assírios (2 Rs 19.35). O fim de Senaqueribe não poderia ser mais trágico. Foi assassinado pelos próprios filhos (2 Cr 32.21).

Não se tem certeza se a Assíria cercou Jerusalém uma ou duas vezes no reinado de Ezequias. Alguns estudiosos dizem que o relato bíblico refere-se ao mesmo evento, mas também existem evidências que dizem o contrário, afirmando que a Assíria invadiu duas vezes Judá. Na primeira vez, foi convencida a abandonar o cerco por causa das altas taxas que Ezequias mandou para a Assíria (2 Rs 18.14-16), embora várias cidades tivessem sido tomadas. E a segunda vez foi pela intervenção divina (2 Rs 19.35,36). – A reação de Ezequias às ameaças do grande exército assírio é um modelo para todo crente que sabe que o socorro só pode vir do Senhor, não adiantando confiar em apoios humanos — no caso de Ezequias, a referência é do rei do Egito. Para intensificar as ameaças, o rei assírio enviou uma carta a Ezequias, que a tomou nas mãos e literalmente a apresentou na Casa do Senhor num gesto de fé simples, porém cheio de sinceridade, fazendo, assim, uma oração de quem confia em Deus mesmo em meio a maior angústia. Ezequias engrandeceu ao Senhor Deus, declarou o seu domínio e soberania sobre tudo e todos, apresentou as palavras de Senaqueribe e a afronta diante do Senhor e pediu a ajuda e livramento dEle. Entretanto, o mais importante é que Ezequias expressou a sua alma diante de Deus no singelo gesto de colocar as cartas na presença dEle. - 2. Deus Conforta o Rei Quase imediatamente, Deus enviou uma mensagem a Ezequias por intermédio do profeta Isaías, em forma de poesia, para confortar o rei e dar-lhe garantia de que o Senhor estava do seu lado. Naquela noite mesmo, Deus deu livramento sem que Ezequias tivesse que portar qualquer arma. Um anjo do Senhor matou 185 mil assírios e deu livramento ao seu povo (2 Rs 19.35). Dessa forma, a queda de Senaqueribe começou quando ele tentou afrontar ao Deus vivo e colocar-se como maior do que Ele. O fim de Senaqueribe foi trágico, sendo este assassinado pelos próprios filhos (2 Cr 32.21).

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO

“A palavra de Deus referente a Senaqueribe (19.20-28). A resposta de Deus à oração de Ezequias, mais uma vez, veio através de Isaías, o profeta. Para compreender claramente a mensagem, veja o texto bíblico completo. Era uma resposta de esperança para o rei de Judá e a angustiada Jerusalém. A atitude deles com relação a Senaqueribe poderia ser de desprezo e zombaria (21). Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti, isto é, ‘ela balança a cabeça detrás de ti’. O rei da Assíria não só zombava do povo de Jerusalém, mas de Deus, o Santo de Israel (22) – um título para o Senhor, usado principalmente por Isaías (cf. Is 5.24; 30.12, etc). Senaqueribe havia arrogantemente perseguido as suas muitas conquistas (23,24), e contava até mesmo com a aprovação de Deus – não ouvistes que já dantes fiz isto? (25, cf. Is 105-11). A difícil segunda parte do versículo 25 pode ser traduzida como: ‘E agora eu o executei, transformando as cidades fortes em ruínas’ (Moffatt). Entretanto, a Assíria foi além dos planos de Deus. Ela arrogantemente, perseguiu o seu desejo por conquistas, e assim Deus declarou a Senaqueribe: Eu te farei voltar pelo caminho por onde vieste (28, cf. Is 10.12-19)” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.379).

CONCLUSÃO 

A lição que aprendemos nesta história é que ninguém pode afrontar e zombar do Todo-poderoso e ficar impune. O reinado de Ezequias foi muito diferente da maioria dos reis de Judá, pois ele foi temente ao Senhor e confiou nEle nos momentos mais difíceis de seu reinado. Ezequias nos deixou uma grande lição: Deus sempre ouve os sinceros de coração, que confiam nEle mesmo diante do medo e da insegurança. – O trágico fim de Senaqueribe mostra que ninguém pode zombar nem afrontar a Deus, pois os seus servos, mesmo em desvantagem, têm enorme vantagem quando confiam nEle. O reinado de Ezequias foi muito diferente da maioria dos reis de Judá, especialmente durante a reação às ameaças de Senaqueribe e às reformas que ele fez no culto ao Senhor. Ezequias foi temente a Deus, confiou nEle nos momentos de crise e deixou uma grande lição espiritual para todo crente: o Senhor sempre ouve um coração sincero que confia nEle mesmo nos momentos de medo e insegurança.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 11. Rio de Janeiro: CPAD, 12, set. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

LIÇÃO 10: O CATIVEIRO DE ISRAEL: REINO DO NORTE

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

O cativeiro de Israel ocorreu durante o reinado do rei Oseias. Nessa época, a Assíria começava a crescer e a se tornar um grandioso império, controlando várias nações, inclusive Israel. Durante os últimos trinta anos de Israel, o país foi acometido de muitas tragédias, injustiças e assassinatos, em razão de desprezarem e desobedecerem aos mandamentos de Deus. A nação israelita entrou em decadência política, social, econômica e religiosa. – As advertências de Deus para que os israelitas abandonassem a idolatria e fossem poupados não surtiu efeito. A nação afundava-se nos seus pecados cada vez mais. A solução de Deus para o seu povo escolhido foi a dispersão por meio do cativeiro, não sem antes agir com misericórdia e amor, como demonstrado pelo profeta Oseias. Por causa da sua recusa ao chamado do Senhor e a sua constante idolatria eles experimentaram o cativeiro da Assíria. A Assíria foi um dos primeiros grandes impérios e ficou conhecida pela sua força bélica e a sua crueldade desferida contra os seus inimigos, cortando os seus lábios, língua, membros sexuais, orelha e nariz e, ainda por cima, obrigando-os a trabalhar como escravos. Além disso, eles tinham métodos de matança ainda mais cruéis: os inimigos eram esfolados vivos, queimados ou espetados numa estaca até ficarem totalmente exauridos. Os assírios espalhavam o horror por onde passavam, causando muito medo em todas as nações e fazendo com que quase ninguém lhes oferecesse resistência. O poderio de terror assírio somente seria vencido quando surgiu Nabopolassar e o seu filho Nabucodonosor, que venceram o Império Assírio e fortaleceram o Império Babilônico.

 I. SAMARIA É CERCADA PELO REI DA ASSIRIA

1. Israel sob o reinado de Jeroboão II. A nação de Israel experimentou prosperidade econômica e reconquistas de territórios perdidos para a Síria que, durante algum tempo, dominava a Palestina. Mas infelizmente, conforme nos adverte os profetas Amós e Oseias, esses resultados foram alcançados através de corrupção, injustiça social, hipocrisia religiosa e sincretismo (2 Rs 17.2,29-33). Os períodos de prosperidade não fizeram o povo retornar a Deus para adorá-lo, conforme a Lei.

2. A traição do rei Oseias. O rei da Assíria, Salmaneser, descobriu que Oseias, seu vassalo, o traíra ao buscar apoio do Egito e interromper o pagamento dos tributos ao seu reino (2 Rs 17.3,4). Enfurecido, o soberano mandou prender Oseias, marchou com seus exércitos contra Samaria, e a sitiou por três anos (2 Rs 17.5). A partir daí, Israel não teria mais chances de negociação; só lhe restaria a guerra e a consequente deportação.

3. A advertência dos profetas. O aumento da riqueza nacional, especialmente sob o reinado de Jeroboão II, fez com que pequenos proprietários fossem espoliados pelos mais ricos, até que se tornassem pobres e servos desses usurpadores. Enquanto os mais abastados viviam na extravagância, os pobres eram vilipendiados e permaneciam na miséria. Essas injustiças fizeram com que os profetas Amós e Oseias formalizassem graves denúncias (Am 5.6-9). Todos estes brutais pecados da nação de Israel foram apontados pelos profetas com pesadas advertências ao arrependimento, e apelos à misericórdia e ao amor de Deus (Os 7.11-14).

O Todo-Poderoso sempre abominou o sincretismo em Israel, em que o povo adorava os ídolos e ao mesmo tempo oferecia cultos a Deus. Foi por isso que o profeta Amós advertiu àquela obstinada nação com tanta severidade (Am 5.21-27). Deus não se deixa escarnecer, e não tolera um coração dividido com outros deuses ou objetos de adoração. Esses falsos deuses influenciavam o coração do povo, inclinando-o contra a vontade de Deus declarada em sua Palavra.

Oseias foi considerado um rei rebelado quando buscou apoio do Egito e interrompeu o pagamento dos tributos de reino vassalo. Isso enfureceu tanto o rei Assírio Salmeneser V que ele fez um cerco a Samaria que durou três anos. Agora, Israel não teria mais chances nem negociações, e somente a guerra e a deportação resolveriam a situação. – Os cercos a qualquer cidade na Idade Antiga eram repletos de muitos sofrimentos, pois as entradas da cidade eram fechadas; ninguém podia sair; os campos ficavam sem cultivo; as mercadorias necessárias não entravam na cidade, prejudicando, assim, o comércio e o escambo; a água muitas vezes era racionada e extremamente escassa, de forma que uma pesada angústia era infligida ao povo. Essa estratégia de guerra era utilizada pelo exército inimigo para esvair as forças de resistência da cidade a ser conquistada; portanto, três anos de cerco foi um longo tempo de desespero para uma nação que já fazia tempo que não se importava mais com o culto a Deus.

Incansavelmente, Deus enviou os seus profetas, em especial Amós e Oseias no Reino do Norte, com apelos para que a terrível sentença fosse revogada pelo arrependimento. “Buscai o Senhor e vivei, para que não se lance na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague” (Am 5.6). Deus abominou o sincretismo que o povo estava praticando, adorando os ídolos, sendo injustos e infiéis e, ao mesmo tempo, querendo oferecer culto a Deus, misturando a sua devoção com outros deuses. Por isso, o profeta Amós advertiu: “Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça, como o ribeiro impetuoso. Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Antes, levastes a tenda de vosso Moloque, e o altar das vossas imagens, e a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos. Portanto, vos levarei cativos, para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus dos Exércitos”. (Am 5.21-27)

Deus não se deixa escarnecer. Ele especialmente não tolera quando o coração está dividido com outros deuses que disputam lugar e dão ordens ao coração humano; ou seja, o ser humano passa a fazer escolhas segundo o seu falso deus em detrimento das sábias escolhas da Palavra de Deus, que são vida.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O professor deve ser capaz de escolher, usar e eventualmente desenvolver métodos de ensino. Há dois componentes nessa tarefa. Primeiro, o docente deve ser capaz de trabalhar de forma independente com os métodos pedagógicos habituais, abrangendo os seguintes componentes: objetivos, conteúdo, recursos, modo de operar, formas de prover acompanhamento, organização de ensino e avaliação. Segundo, também deve conhecer as diversas formas de se conceber um método pedagógico.

Espera-se do professor que:

• Escolha objetivos pedagógicos e didáticos coerentes com a sua identidade, seu trabalho e com o programa de sua Escola Dominical;

• Escolha e maneje com eficácia as diferentes formas de trabalho e atividades didáticas;

• Conheça diferentes tipos de métodos pedagógicos;

• Assegure um bom manejo de classe.

II.  OS PECADOS DO POVO E SUA QUEDA

1. O terrível pecado da idolatria. Desde que o reino de Israel foi dividido, o Norte se inclinou mais intensamente à idolatria que o Sul. Provavelmente esta foi a razão de Israel ter sido levado para o cativeiro algumas dezenas de anos antes de Judá.

Apesar do caos espiritual e rejeição de Israel, Deus queria salvar o povo. Foi então que o Senhor convocou o profeta Oseias para uma situação bastante estranha. Pediu que ele se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela (Os 1.2). Essa prostituta representaria a nação de Israel.

Oseias cumpriu a ordem do Senhor e se casou com Gômer (Os 1.3) e teve três filhos. Cada filho que o profeta tinha com a prostituta mostrava a desaprovação divina com o povo de Israel. Deus colocou o casamento do profeta Oseias como uma lição prática da infidelidade do reino do Norte. Nesta metáfora, a prostituta (Israel) deixa seu marido (Deus) para se deleitar com seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Hoje se pode ver o mesmo padrão de vida imoral sempre que o povo de Deus se desvia da genuína dedicação ao Todo-poderoso (Pv 5.3).

2. Outras causas do cativeiro. Os pecados relacionados à exploração e indiferença para com o pobre foram duramente criticados pelos profetas. Percebe-se que tais iniquidades são colocadas em pé de igualdade com a idolatria. O profeta Amós condenou estas transgressões de maneira implacável: “Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados […] Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do necessitado e destruís os miseráveis da terra (Am 4.18.4). A situação era tão grave que até os sacerdotes fizeram um conluio com os governantes para extorquir o povo (Os 6.9,10). Deus fez um juramento dizendo que jamais se esqueceria das maldades de Israel (Am 8.4-7).

 Para mostrar o seu grande amor pelo povo escolhido, Deus chamou o profeta Oseias como um exemplo vivo daquilo que Ele estava fazendo com Israel. Casou-se com uma prostituta, muito amada por ele, mas o relacionamento deles aconteceu entre as fugas da esposa e os apelos para que voltasse que Oseias fez incansavelmente. A metáfora da sua própria vida que Oseias utiliza é que a prostituta (Israel) deixa o seu marido (Deus) para deleitar-se com os seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles. Da união com Gômer, nasceram-lhes filhos, cujos nomes que o profeta colocou indicavam o momento em que Israel estava vivendo com Deus por causa dos seus pecados. Assim, os adultérios de Gômer, esposa de Oseias, eram uma ilustração do que Israel estava vivendo em relação a Deus. Ao primeiro filho, Oseias colocou o nome de Jezreel, que significa “Deus semeia”, referindo-se ao local onde Deus julgou os filhos idólatras de Acabe, cumprindo-se a profecia de Elias; ou seja, Deus trataria com a nação idólatra como tratou com Acabe. A segunda filha foi chamada de Lo-ruhamah, que significa “desfavorecida”, simbolizando o sofrimento de Israel por causa da desobediência, mas o Senhor não teria compaixão dela. A terceira filha chamou-se Lo-ammi, que significa “não-meu-povo”, simbolizando que Deus estava rejeitando Israel por causa do seu pecado.

Desde que o reino foi dividido entre o Norte e o Sul, a opção do Reino do Norte foi aplicar-se à idolatria. Além da inclinação natural a esse mal, havia um receio de que o povo do Norte nostalgicamente quisesse ir adorar a Jeová em Jerusalém, o que seria um grave problema político, pois poderia ocasionar a fragilização por meio da religião ao Reino do Norte. Dessa forma, assim que ocorreu a divisão, houve uma preocupação em estabelecer locais de culto a Jeová como em Betel, Gilgal e Jericó, mas também em aproveitar a inclinação à idolatria do povo, e, nesses mesmos locais e em outros de Israel, foram erguidos locais de culto para divindades pagãs. Assim, havia várias opções para o povo não se dirigir a Jerusalém. Essa política foi iniciada por Jeroboão I, motivo pelo qual ele tornou-se referência principal para a idolatria e o sincretismo religioso em todo o livro de Reis. – A inclinação de Israel para a idolatria foi muito maior que a do Reino de Judá. Certamente, esse foi o motivo por que o cativeiro de Israel aconteceu algumas dezenas de anos antes do de Judá. A lista de reis de Israel que constam no livro de Reis não tem nenhum que tenha sido bom no sentido de encaminhar o povo para um compromisso com Deus. A maioria deles praticou idolatria abertamente e ainda incentivou o povo a fazê-lo; já outros adoravam os ídolos e a Deus como se fossem divindades de um mesmo páreo (2 Rs 17.33).

O profeta Oseias faz um brilhante trocadilho com a falsidade existente na adoração aos deuses, referindo-se ao fato de que os falsos deuses adorados por Israel não lhes socorreram no momento de maior aflição. Tais deuses, ante os quais a nação de Israel prostrava-se com rituais, cultos e sacerdotes, eram impotentes para socorrê-la: “Os moradores de Samaria serão atemorizados pelo bezerro de Bete-Áven, porquanto o seu povo se lamentará por causa dele, como também os seus sacerdotes (que nele se alegravam), e por causa da sua glória, que se apartou dela.” (10.5) – Especialmente grave era a forma como os sacerdotes entraram em conluio com os administradores e governantes para extorquir o povo. Vejamos o que escreveu Oseias sobre isso: “Como hordas de salteadores que espreitam alguém, assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho para Siquém; sim, eles têm praticado abominações. Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prostituição de Efraim; Israel é contaminado.” (Os 6.9,10)

Tempo depois, o profeta Jeremias profetizou algo parecido para Judá: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; e que fareis no fim disso?” (Jr 5.30,31). Jeremias aponta para um faz-de-conta, como num acordo coletivo silencioso e subjetivo, em que o clero e o povo fazem de conta que servem a Deus. Além das causas morais, sociais e espirituais descritas anteriormente e que ocasionaram o cativeiro, outras causas também podem ser apontadas, mas que certamente são consequências do declínio moral e espiritual: “A divisão do reino deixou Israel enfraquecido e este não pode enfrentar sozinho os seus inimigos. As alianças que Israel fez com as nações vizinhas também o enfraqueceram, pois muitas vezes ele teve que pagar elevados tributos. Além do mais, enfraqueceu-se lutando contra Judá. Sobretudo, os reis do norte eram indignos. Houve várias revoltas, acompanhadas muitas vezes de regicídios e mudanças de dinastia. Dezenove reis e nove dinastias reinaram nos dois séculos de sua existência, e dentre estes reis, dez morreram de forma violenta. 

Essa situação espiritual calamitosa de Israel atraiu a indignação divina, até que, conforme relato de Reis, Ele expulsou-os da sua presença. Os israelitas foram levados cativos pela Assíria em 722 a.C., ao final do cerco a Samaria, que durou três anos. Segundo os registros do rei assírio Sargão II, foram exilados 27.280 cativos. Os deportados nunca mais voltaram, exceto alguns poucos para repovoar Samaria; certamente, os exilados desapareceram para sempre, absorvendo as práticas pagãs e misturando-se com os demais povos.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“A Aversão de Deus à Idolatria. Deus não tolerará nenhuma forma de idolatria.

(1) Ele advertia frequentemente contra ela no AT.

(a) Nos dez mandamentos, os dois primeiros mandamentos são contrários diretamente à adoração a qualquer deus que não seja o Senhor Deus de Israel (ver Êx 20.3,4 notas). (b) Esta ordem foi repetida por Deus noutras ocasiões (e.g., Êx 23.13,24; 34.14-17; Dt 4.23,24; 6.14; Js 23.7; Jz 6.10; 2 Rs 17.35,37,38). (c) Vinculada à proibição de servir outros deuses, havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar as imagens de nações pagãs na terra de Canaã (Êx 23.24; 34.13; Dt 7.4,5; 12.2,3).

(2) A história dos israelitas foi, em grande parte, a história da idolatria.

Deus muito se irou com o seu povo por não destruir todos os ídolos na Terra Prometida. Ao contrário, passou a adorar os falsos deuses. Daí Deus castigar os israelitas, permitindo que seus inimigos tivessem domínio sobre eles. (a) O livro de Juízes apresenta um ciclo constantemente repetido, em que os israelitas começavam a adorar deuses-ídolos das nações que eles deixaram de conquistar. Deus permitia que os inimigos os dominassem; o povo clamava ao Senhor; o Senhor atendia o povo e enviava um juiz para libertá-lo. (b) A idolatria no Reino do Norte continuou sem dificuldade por quase dois séculos. Finalmente, a paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital de Israel e removeu dali as dez tribos (2 Rs 17.6-18). (c) O Reino do Sul (Judá) teve vários reis que foram tementes a Deus, como Ezequias e Josias, mas por causa dos reis ímpios como Manassés, a idolatria se arraigou na nação de Judá (2 Rs 21.1-11). Como resultado, Deus disse, através dos profetas, que Ele deixaria Jerusalém ser destruída (2 Rs 21.10-16). A despeito dessas advertências, a idolatria continuou (e.g., Is 48.4-5; Jr 2.4-30; 16.18-21; Ez 8) e, finalmente, Deus cumpriu a sua palavra profética por meio do rei Nabucodonosor de Babilônia, que capturou Jerusalém, incendiou o templo e saqueou a cidade (2 Rs 25).

(3) O Novo Testamento também adverte todos os crentes contra a idolatria. (a) A idolatria manifesta-se de várias formas hoje em dia. Aparece abertamente nas falsas religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e ao materialismo, ao invés de confiarem em Deus somente. Finalmente, ela ocorre dentro da igreja, quando seus membros acreditam que, a um só tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo. (b) Daí, o NT nos admoestar a não sermos cobiçosos, avarentos nem imorais” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.447).

III. OS ESTRANGEIROS OCUPAM SAMARIA

1. A mistura de gente e o sincretismo. Após o exílio, alguns israelitas pobres permaneceram em Samaria e região. A política dos assírios era que os territórios espoliados fossem reocupados por povos de outras etnias e origens; promovendo assim, uma grande migração e reassentamento de pessoas. O objetivo era misturar as nacionalidades para evitar possíveis rebeliões e enfraquecer as províncias. Essa mistura de gente (Ne 13.3Jr 25.20) fez com que o povo de Israel, que restou em Samaria junto aos deportados de outras nações, tornasse a religião israelita ainda mais sincrética. É por isso que lemos no Evangelho de João: “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9).

2. Jesus e os samaritanos. Apesar do antagonismo entre judeus e samaritanos, Jesus os contemplou com muito amor. Ele deu atenção à mulher samaritana e lhe anunciou o Reino, fazendo-a conhecedora da Fonte de Água que sacia a sede humana de forma definitiva (Jo 4.13,14). E, em razão da dúvida daquela mulher sobre o legítimo lugar de adoração a Deus, Jesus foi enfático em dizer que o lugar não é físico ou geográfico, e sim espiritual: o coração do homem (Jo 4.23,24).

Na parábola do “bom samaritano”, Jesus contrasta a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a natural espiritualidade de um samaritano. Foi aquele homem, considerado indigno, que mostrou compaixão para com o ferido à beira do caminho: “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O Mestre quebrou paradigmas de religiosidade e espiritualidade ao se relacionar de forma amável e acolhedora com os samaritanos.

Havia sobrado uns poucos israelitas pobres que ficaram após o exílio em Samaria e região. A política Assíria era de que o território espoliado e vencido seria reocupado por povos de outras regiões e etnias, provocando, assim, uma grande migração e reassentamento de pessoas, misturando-se às nacionalidades para evitar rebeliões e enfraquecer as províncias. – Esse procedimento do império fez com que o povo que restou em Samaria, aliado aos que foram para ali deportados pelos assírios, tornasse a religião ainda mais sincrética. Veja a lista de deuses que eram adorados nesse novo momento da história samaritana: Sucote-Benote, Nergal, Asima, Nibaz, Tartaque, Adrameleque e Anameleque (2 Rs 17.30-31). – Essa mistura de gente em Israel após o cativeiro assírio deu início ao povo samaritano, uma raça mista e odiada pelos judeus, em que qualquer pessoa era nomeada sacerdote ao bel-prazer daquele que tinha condições de sustentar um sacerdote. Como a terra ficou muito menos habitada do que era antes, leões começaram a proliferar e atacar as pessoas. Foi daí que surgiu a lenda de que atacaram pelo motivo de que não estavam adorando o deus da terra. Por causa disso o imperador assírio enviou um sacerdote a Betel que conhecia os costumes judaicos para tentar aplacar a ira de Deus. Israel, no entanto, já não adorava mais ao Senhor Deus fazia muito tempo. “Mesmo quando esses povos adoravam o Senhor, também prestavam culto aos seus ídolos. Até hoje seus filhos e seus netos continuam a fazer o que os seus antepassados faziam” (2 Rs 17.41, NVI).    

A mistura de etnias, culturas e religiosidades em Samaria após o cativeiro assírio gerou uma mistura de gente e um sincretismo tão grande que Judá, o Reino do Sul, passou a não suportar mais essa situação e condenou tal atitude — embora alguns reis posteriores tenham chamado algumas pessoas do Norte para adorarem a Deus em Jerusalém. É por esse motivo que a Bíblia afirma que “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9). Embora houvesse uma preocupação com a mistura e a adoração a falsos deuses por parte dos judeus, isso também criou uma cultura de intolerância religiosa que Jesus Cristo utilizou para denunciar muitas práticas hipócritas dos judeus da sua época. – O antagonismo com os samaritanos era tão grande que as autoridades religiosas de Israel dos tempos de Jesus afirmaram: “[...] Não dizemos nós bem que és samaritano e que tens demônio?” (Jo 8.48). Essa afirmação foi feita pelas autoridades quando Jesus falou-lhes que tinham por pai o Diabo e que lhes faziam as vontades, e não a vontade do seu Pai (Jo 8.42-47). - Apesar desse antagonismo entre judeus e samaritanos, Jesus olhou com muito carinho para estes. Certa vez, Ele intentou passar a noite numa aldeia samaritana, mas foi impedido por eles (Lc 9.52,53). – Apesar disso, Ele recebeu com carinho a mulher samaritana e anunciou a ela o Reino de Deus, mostrando a fonte da água que sacia a sede de forma a nunca mais ter sede. Jesus também a informou sobre qual é o verdadeiro lugar de adoração diante da dúvida dela quando afirmou que o coração é o lugar mais ideal para praticar a adoração, e não um lugar geográfico específico. Jesus desmontou o antagonismo entre judeus e samaritanos que existia há séculos quando afirmou que até mesmo os sincretistas samaritanos seriam aceitos por Deus se o adorassem em espírito e em verdade. – Outro episódio de Jesus que envolve samaritanos é a parábola do Bom Samaritano. Nesse caso, Jesus está contrastando a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a espiritualidade cotidiana do samaritano, que, indigno e idólatra aos olhos da liderança religiosa judaica, mostrou compaixão para com o ferido à beira do caminho, contrastando com o cerimonialismo religioso do levita e do sacerdote. “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). Jesus quebrou paradigmas de religiosidade e espiritualidade quando contou essa parábola e, por conseguinte, quando se relacionou de forma acolhedora com os samaritanos.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“Israel é levada cativa. Finalmente, Israel teve de pagar pelos seus pecados. Deus permitiu que a Assíria derrotasse e dispersasse o povo. Eles foram levados em cativeiro, engolidos pelo poderoso e ímpio Império Assírio. O pecado sempre traz disciplina, e as consequências do pecado são, às vezes, irreversíveis.

O Senhor julgou o povo de Israel, porque ele havia copiado os maus costumes das nações vizinhas, adorando falsos deuses, adotando costumes pagãos, e seguindo seus próprios desejos. Aqueles que criam sua própria religião tendem a viver de maneira egoísta. E viver para si mesmo, como Israel aprendeu, traz sérias consequências da parte de Deus. Às vezes, seguir a Deus é difícil e doloroso, mas considere a alternativa. Você pode morrer com Deus, ou morrer sozinho. Decida ser uma pessoa de Deus, e fazer o que ele diz, independentemente do custo que isso lhe traga. O que Deus pensa a seu respeito é infinitamente mais importante do que pensam os que estão à sua volta.

A destruição veio a Israel, tanto por causa de seus pecados públicos como pelos secretos. Os israelitas não apenas toleravam a iniquidade e a idolatria em público, como cometiam pecados ainda piores em particular. Os pecados secretos são aqueles que não desejamos que os outros conheçam, porque são vergonhosos ou incriminadores” (Veja Rm 12.1-2; 1 Jo 2.15-17)” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 830).

CONCLUSÃO 

Não faltou advertências para que Israel abandonasse a idolatria e fosse poupado do cativeiro. Todavia, nada surtiu efeito. Cada vez mais a nação afundava em seus pecados. A maneira drástica, porém misericordiosa e amorosa, de Deus retornar seu povo ao aconchego do seu amor, foi, infelizmente, conduzi-lo ao cativeiro e à dispersão. – Que Deus nos ajude a atentarmos mais para a sua Palavra a fim de não colhermos os amargos frutos da desobediência. – Como os profetas de Deus haviam advertido, Israel foi levado ao exílio. Tudo aquilo que o Senhor prediz acontece. Isto é claro, é uma boa notícia para aqueles que confiam nEle e lhe obedecem – podem acreditar em suas promessas; porém é uma triste notícia para aqueles que o ignoram e lhe desobedecem. Tanto as promessas como as advertências que Deus tem apresentado em sua palavra seguramente se cumprirão.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 535.

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 29, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010.