sábado, 21 de agosto de 2021

LIÇÃO 8: NAAMÃ É CURADO DA LEPRA

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO

 INTRODUÇÃO 

A cura da lepra de Naamã nos revela que os métodos de Deus nem sempre são fáceis de compreender. Naamã, o comandante do exército da Síria, precisou exercitar sua obediência e fé ao mergulhar no rio Jordão, pois tal ato era demasiadamente humilhante para um homem de sua posição. Porém, ao deixar de lado o orgulho e cumprir a rigor o que Eliseu lhe dissera, Naamã alcançou a cura. – O milagre da cura de Naamã é uma demonstração de como as realidades de Deus são muitas vezes contrárias à realidade humana: uma criada orientou o seu mestre, invertendo os papéis; o rei de Israel, supostamente conhecedor de Deus, ficou desesperado diante de alguém que queria conhecer ao Senhor; um leproso foi purificado; um são foi punido com a lepra do outro; e um pagão passou a adorar a Deus.

 I. NAAMÃ, O CHEFE DO EXÉRCITO SÍRIO  

1. Naamã, um comandante honrado. Naamã era um ministro do alto escalão do governo da Síria, cuja capital era Damasco. A Síria havia atacado Israel várias vezes (1 Rs 11.2520.1,2222.31). Naamã era um comandante admirado e respeitado por todos devido às suas muitas vitórias em batalhas. Mas era leproso; e essa doença afetava sua integridade e o deixava vulnerável.

2. A escrava, uma testemunha de Deus. Em uma de suas incursões de guerra contra Israel, Naamã fez uma menina de escrava (2 Rs 5.2). Esta passou a morar na sua casa e, vendo o sofrimento do seu senhor, sugeriu à esposa de Naamã que fosse falar com o profeta Eliseu (2 Rs 5.3). A escrava se tornou uma agente de Deus na casa de Naamã, ainda que na condição de serva. Não importa onde estejamos e nem as nossas condições, sempre haverá uma oportunidade para falarmos de Deus às pessoas.

3. A caravana de Naamã. Naamã acreditou na palavra da escrava e foi até o seu rei a fim de lhe contar o que ela lhe dissera. O rei sírio preparou uma carta ao rei de Israel, recomendando a cura de seu comandante, bem como enviou presentes (2 Rs 5.5). O rei de Israel, ao saber do que se tratava a visita de Naamã, ficou atemorizado e rasgou as suas vestes, pois acreditava ser essa visita, um pretexto do rei sírio para atacá-lo (2 Rs 5.7).

Naamã, cujo nome significa “benevolente”, era um ministro do alto escalão do governo sírio, cuja capital era Damasco. Ele atacara várias vezes a Israel (ver 1 Rs 11.25; 20.1,22; 22.31), era valoroso, importante e respeitado pelas tantas vitórias que havia conquistado para os sírios; entretanto, havia uma grande dificuldade na sua vida bem-sucedida: ele era leproso. Foi essa dificuldade na sua vida que o Senhor Deus usou para mostrar-lhe a sua glória. Numa das suas incursões de guerra contra Israel, ele fez escrava uma menina que passou a morar na sua casa. Esta, vendo o sofrimento do seu amo, sugeriu à sua esposa que Naamã fosse falar com o profeta Eliseu. Isso demonstra como o ministério de Eliseu era amplamente conhecido entre os israelitas — tão conhecido a ponto de uma menina escrava ter ouvido falar dele. O reconhecimento do homem de Deus não depende de redes sociais ou mídias, mas, sim, da profundidade e seriedade do seu ministério, desde que feito em total dependência de Deus.

Essa menina tornou-se uma agente do Senhor na casa de Naamã. Ela não se deixou influenciar pela cultura pagã da Síria, mas continuou sendo temente ao Senhor a tal ponto de lembrar-se de que havia um homem de Deus em Israel. Pode-se afirmar que ela foi um arauto, ou uma evangelista, de Deus entre um povo pagão a ponto de convencer o comandante sírio a dar as costas para os seus deuses e pedir a cura ao Deus de Israel por meio do profeta Eliseu. Todos podem ser arautos do Senhor em qualquer lugar em que forem e estiverem, ainda que sejam lugares indesejados e opressivos, como o caso dessa menina.

A menina falou claramente aos seus amos quem era o profeta e a quem eles deveriam procurar, mas, equivocadamente, foram procurar o rei com uma carta e presentes. O rei de Israel entendeu aquilo como uma provocação e pretexto para uma nova guerra — por isso, a reação dele de rasgar as vestes (2 Rs 5.7). Na antiguidade oriental, esse gesto do rei era muito usado quando se recebiam notícias ruins ou quando se estava diante de uma situação fora de controle para demonstrar profunda angústia e pesar — nesse caso, em reconhecimento da sua impossibilidade em atender o general Naamã e o medo de uma provocação de guerra em tempos de paz. Para compensar a humilhação do general de ter de buscar ajuda no país com o qual travaram tantas guerras — pois tanto o rei da Síria quanto Naamã eram orgulhosos e haviam tido muitas vitórias bélicas sobre Israel —, levaram muitos presentes para entregar, porém, não procuraram o profeta Eliseu, mas o rei de Israel, que ficou apavorado. Eliseu ficou sabendo da história e teve que interferir diante do desespero do rei de Israel. O profeta solicitou que encaminhassem o caso a ele com uma afirmação de confiança em Deus e, sobretudo, ciente do seu ministério e da graciosidade do Senhor sobre a sua vida: “Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel” (2 Rs 5.8b).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

A verdadeira aula é um diálogo entre o professor e os alunos; o ideal seria que toda aula fosse como a resposta de uma pergunta dos alunos. Não é bom que somente o professor crie e fale, mas que ouça o aluno falar por sua vez.

Não é aconselhável transformar a aula num simples monólogo do professor para uma plateia de ouvintes receptivos e inertes, com o falso pressuposto, mais ou menos generalizado, de que a obrigação do aluno é ouvir, calar e reter. O verdadeiro ensino não consiste apenas na transferência de conhecimentos de uma cabeça para outra. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a criar novos hábitos de pensamento e de ação. O professor deve ser um comunicador dialogal e não um transmissor unilateral de informações.

II.  O MERGULHO NO RIO JORDÃO

1. Eliseu não se impressionou com a pompa. Ao saber sobre o que estava acontecendo e o porquê de o rei de Israel ter rasgado as suas vestes, Eliseu disse: “Por que rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel.” (2 Rs 5.8b). Então o comandante Naamã foi até a casa de Eliseu. Porém, ele não o recebeu, mas mandou um mensageiro com as instruções do que ele haveria de fazer para ser curado (2 Rs 5.10).

2. A decepção e a cura de Naamã.  O comandante sírio esperava que o profeta o recebesse com honras e que lhe tocasse com as mãos, mas a ordem foi de mergulhar sete vezes no rio Jordão. A decepção de Naamã foi evidente (2 Rs 5.11,12). Foi preciso a intervenção de seus empregados para que a ordem fosse cumprida. Contrariado, o comandante mergulhou sete vezes no rio Jordão e sua pele ficou como a de uma criança; ele estava purificado de sua lepra (2 Rs 5.14).

3. Deus ainda opera milagres, e não misticismos. O número sete, que Eliseu usou, representa a perfeição de Deus na simbologia hebraica. Entretanto, o episódio em 2 Reis 5 é o único que relata o uso desse número pelo profeta. Tal fato não nos dá o direito de usar uma forma de numerologia em nossos cultos ou campanhas intermináveis. Podemos e devemos invocar as bênçãos de Deus, pois esperamos o seu agir milagroso. Onde Ele age não é preciso numerologia ou superstição, pois o poder de Deus está acima de tudo isso. E mesmo que não haja um milagre visível, Ele está agindo, pois a fé é confiar nEle mesmo quando as coisas não acontecem do nosso jeito (Hb 11.13). Não por acaso, Jesus disse que “muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lc 4.27).

Eliseu não se impressionava com aquilo que a maioria das pessoas acharia uma grande honra, pois o profeta tinha compromisso com Deus, a quem ele realmente temia. Eliseu não foi até onde o poderoso general encontrava-se, mas fez o general vir até ele. Isso aponta para o fato de que o verdadeiro profeta de Deus não precisa correr atrás de poderosos ou cobiçar os seus presentes, pois é o Senhor quem cuida da sua vida. – O cortejo de soldados com o seu comandante estacionou em frente à casa de Eliseu, mas ele, que não se impressionava com títulos, cargos e posições, pois era um fiel servo do Deus altíssimo, nem foi recebê-lo, o que feriu ainda mais o orgulho do poderoso comandante Naamã. Ele simplesmente mandou o seu empregado dar-lhe o recado: “Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado” (2 Rs 5.10). – Tanto a forma como Eliseu recebeu Naamã quanto a ordem que lhe deu para ser curado foram humilhantes para o comandante sírio tão acostumado com honras reais. Ele imaginava ser recebido com pompas de um grande homem, mas não existem títulos nem cargos diante de Deus que deem margem para tratamentos diferenciados.    

A decepção de Naamã foi evidente. Ele saiu dali reclamando do profeta e resmungando contra a ordem recebida, porque o profeta não lhe recomendou os rios da Síria, que eram bem melhores, mas o insignificante rio Jordão. O general considerava os rios de Damasco melhores do que os de Israel. Foi preciso a intervenção dos seus empregados para que a ordem fosse cumprida. Contrariado, o comandante mergulhou sete vezes no rio Jordão, e a sua pele ficou como a de uma criança, e ele ficou purificado da sua lepra. Para Naamã, a cura foi possível porque ele, embora contrariado, agiu com obediência em fé ao que o profeta havia-lhe falado. Eliseu discerniu a necessidade do comandante para além da cura física. Ele precisava ir ao rio Jordão e dar um mergulho de humildade em obediência e fé. Tanto que, após a cura, ele prometeu que nunca mais ofereceria culto a nenhum outro deus, senão ao Senhor Todo-poderoso (2 Rs 5.17).

A humildade é uma grande virtude a ser aprendida, porém uma das mais difíceis, pois o orgulhoso dificilmente admitirá que não é humilde, e o humilde dificilmente sabe que é humilde. A humildade abre portas que o orgulho jamais será capaz de abrir, pois o orgulhoso sempre fere, oprime e machuca aqueles que são mais fracos do que ele, enquanto a humildade sempre considera o próximo como um ser igual, o que facilita o diálogo e a proximidade, possibilitando, também, a prática do cuidado sempre que necessário. Naamã, no alto das suas posições hierárquicas, quis comprar aquilo que Eliseu poderia dar a ele, pois ele não quis submeter-se a determinações simples como mergulhar no Jordão. Esse é o orgulho de quem exige fazer escolhas ao invés de submeter-se àquilo que o outro tem a oferecer-lhe. Ser humilde é reconhecer que as coisas nem sempre acontecem da maneira como imaginamos ou queremos. Muitas vezes, é preciso submeter-se à vontade do outro para que as possibilidades da vida sejam alargadas e, no caso de Naamã, para que a bênção de Deus viesse sobre a vida dele.   

A cura da lepra de Naamã mostra-nos que os métodos de Deus nem sempre são nossos métodos. Eliseu mandou o comandante exercitar a sua obediência em fé mergulhando no rio Jordão, o que certamente foi humilhante para Naamã, porém necessário, pois, além da cura física, ele também precisava da cura do seu orgulho e da idolatria, e todas essas bênçãos foram alcançadas na sua vida.

SUBSÍDIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO

“Deus cura Naamã (5.8-14). Os detalhes descrevem o cenário externo que, entretanto, era apenas incidental em relação ao milagre da cura que Deus realizou através de Eliseu. Ele representava um outro episódio significativo no ministério de Eliseu, e tinha o propósito de demonstrar que só o Senhor é Deus, e que os deuses de outras nações nada representavam. O rio Abana (12), atual Barada, começa nas montanhas do Líbano e corre através de Damasco, e torna possível a existência dessa cidade por causa do oásis formado em seu percurso. O rio Farpar (ou Farfar) não foi identificado tão facilmente como o Abana. É possível que a Bíblia se refira a um rio que começa nas montanhas do Líbano e corre cerca de 16 quilômetros em direção à região sudoeste de Damasco e que, nesse caso, seria chamado de rio de Damasco. Outra sugestão é que o rio Farpar seja uma referência a um afluente do Barada, o Nahr Taura.

[…] O registro da cura de Naamã representa um cativante relato da ‘cura do leproso’. Existe aqui um retrato notável sobre: (1) A grandeza que não leva a coisa alguma – um grande homem… porém leproso, 1; (2) O testemunho da fé de uma escrava, 2-4; (3) Um pedido inesperado e humilde, 9-11; (4) Alternativas mais atraentes, 12; (5) A obediência e a cura completa, 13,14” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.349).

III. GEAZI É ACOMETIDO DA LEPRA

1. A rejeição dos presentes. Após a sua cura física e sentimental, Naamã estava disposto a voltar a Eliseu, a fim de lhe presentear (2 Rs 5.15). A Bíblia não deixa claro se esse presente foi o mesmo enviado pelo rei sírio anteriormente; pode ser que o primeiro presente tenha ficado com o rei de Israel. Porém se for o mesmo, a quantia era composta de trezentos e cinquenta quilos de prata, e uns setenta quilos de ouro, e dez mudas de roupas finas; um valor muito grande para ser rejeitado. Mas, mesmo assim, Eliseu rejeitou o presente (2 Rs 5.16).

2. Homens de Deus não se deixam vender. A atitude de Eliseu ao recusar o presente de Naamã revela um comportamento de quem não vende a si mesmo ou as bênçãos de Deus (2 Rs 5.16). Tanto Elias quanto Eliseu eram honestos consigo mesmos e com Deus.

3. Por ganância Geazi é acometido da lepra. Depois de visitar Eliseu, Naamã partiu para a Síria. Quando Naamã iniciava sua viagem, Geazi, cheio de ganância em seu coração, foi até ele e, mentindo, se apoderou dos presentes oferecidos a Eliseu (2 Rs 5.21-24). Tal atitude nos revela o caráter distorcido de Geazi. Visando o bem material ele mentiu ao comandante sírio, traiu Eliseu e desonrou a Deus. Por isso, o jovem foi acometido de lepra e saiu diante do profeta, “branco como a neve” (2 Rs 5.27).

Com a cura física concretizada na vida de Naamã, concretizou-se também a cura do seu orgulho. Ele agora estava disposto a voltar e presentear Eliseu. Não se diz o que era, pois parece que a primeira leva de presentes pode ter ficado com o rei de Israel, mas, se eram os mesmos presentes, era composto de 350 quilos de prata, e uns 70 quilos de ouro, além de dez mudas de roupas finas — um valor muito grande para ser rejeitado. Mesmo assim, Eliseu rejeitou o presente, pois não queria deixar Naamã com a ideia pagã de que o Deus de Israel é comprado com ofertas e que os seus profetas são interesseiros dos bens terrestres em troca dos bens divinos ofertados. Além do caráter nobre de Eliseu ao rejeitar os presentes, havia uma lição para Naamã e toda a corte síria embutida na negativa de Eliseu: Jeová cura gratuitamente; assim, não era necessário oferecer presentes caríssimos e ofertas valiosas para que a bênção do Senhor acontecesse — contrariamente aos ídolos pagãos da Síria, cuja ganância nunca era alcançada, e cuja resposta nunca chegava. A presença do Senhor na vida de Eliseu valia muito mais do que aquela prata e ouro. Se ele aceitasse o presente, estaria trocando a glória de Deus na sua vida pela riqueza dos presentes de Naamã, mas o profeta sabia o que realmente era valioso na sua vida e, por isso, não trocou por nada. O profeta perderia os presentes, mas não perderia a presença de Deus na sua vida, pois essa presença era a garantia de que o seu ministério era abençoado e frutífero.

Mais uma vez, fica em evidência o caráter do homem de Deus, Eliseu, que não aceitou os presentes de Naamã em troca da bênção que lhe dera. Essa é a atitude de quem não vende as bênçãos do Senhor e também de quem não se vende a si mesmo, pois aceitar presentes de pessoas importantes tirar-lhe-ia a autoridade profética sobre eles. Tanto Elias quanto Eliseu eram honestos consigo mesmos e com Deus para não se deixarem vender. – O exemplo de Eliseu é uma denúncia à ganância de muitas pessoas hoje em dia que mercadejam os seus ministérios e aquilo que o Senhor gratuitamente oferece ao povo. Eliseu adverte que Deus não é uma mercadoria que se pode manipular em benefício próprio para ganhar dinheiro, ficar famoso ou ter prestígio. – Geralmente, quando se procura o dinheiro, a fama ou o prestígio, ficam de lado a ética e o respeito, pois, para atingi-los, torna-se aceitável ferir, lograr e manipular. “Atrás da fama vem o poder e o orgulho, e estes destroem relacionamentos, a confiança, o diálogo e a integridade.” Infelizmente, essa é a realidade de muitos líderes religiosos no Brasil, que manipulam a religiosidade e a simplicidade do povo para obterem favores pessoais. Os seus discursos operam no sentido de trabalharem com o medo e a ganância, presentes no coração humano, para obterem o seu desejado sucesso. Claro que essas características são subjetivas, e nem sempre o líder consegue discerni-las, pois estão enraizadas e tornaram-se um hábito no seu coração. 

A cura e a bênção de uma pessoa podem resultar em maldição para outra, assim como foi com Geazi, que não entendeu o grande propósito de Deus na vida de Naamã e, por isso, deixou-se levar pela ganância. - Os pensamentos de Geazi, ajudante de Eliseu, prenderam-se nos presentes de tal forma que ele não resistiu e, inventando uma mentira, foi atrás de Naamã e usurpou dele 60 quilos de prata. Isso mostrou o caráter distorcido de Geazi, que, além de ganancioso, também inventou uma mentira, demonstrando com isso que esses tipos de pecados não acontecem sozinhos, mas são acompanhados de vários outros pecados. Ele mentiu para Naamã e também tentou mentir para Eliseu, só que o Espírito Santo, que não se deixa zombar, já tinha discernido para Eliseu o que estava acontecendo, ao que a lepra de Naamã passou para Geazi. – A prata e o ouro de Naamã estavam contaminados com a lepra do pecado e da idolatria, que foi outro dos motivos de Eliseu rejeitá-los; mas, para Geazi, tornaram-se uma tentação desastrosa. Ao querer o tesouro, Geazi recebeu embutido nele a lepra. Essa triste realidade aponta para o fato de que as bênçãos e os dons de Deus são inegociáveis, podendo até mesmo tornar-se maldição quando manipulados de forma errada e com interesses espúrios, como fez Geazi.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“O pecado de Geazi. Foi um pecado complicado. 1. O amor ao dinheiro, aquela raiz de todos os males, estava na base do pecado. Seu senhor desprezou os tesouros de Naamã, mas ele os cobiçou (v.20). Seu coração estava guardado nas bagagens de Naamã e Geazi devia correr atrás dele para pegá-lo. Multidões, por cobiçarem as riquezas do mundo, se transpassaram a si mesmos com muitas dores.

2. Ele censurou a seu senhor por recusar presente de Naamã, condenou-o como tolo por não receber ouro quando podia tê-lo feito, cobiçou e invejou a sua bondade e generosidade a esse estrangeiro, embora fosse para o bem da alma dele. Resumindo, ele se achou mais sábio do que o seu senhor.

3. Quando Naamã, como uma pessoa de maneiras polidas, desceu de sua carruagem para encontrá-lo (v.21), Geazi lhe disse uma mentira deliberada, que o seu senhor o enviara até ele, e assim recebeu, para si mesmo, aquele presente que Naamã pretendia dar ao seu senhor.

4. Ele abusou de seu senhor, e de maneira vil o representou diante de Naamã como alguém que tinha se arrependido de sua generosidade, que era inconstante como quem não sabe o que quer, que dizia e voltava atrás, que não fazia uma coisa honrável, mas que logo devia desfazer novamente. A sua história dos dois filhos dos profetas era tão tola quanto falsa. Se ele tivesse implorado uma oferta para os dois jovens estudantes, com certeza menos do que um talento de prata seria o bastante.

5. Havia o perigo de ele desviar Naamã daquela santa religião à qual acabara de aderir, e diminuir a boa opinião que tinha a respeito dela. Ele poderia então dizer, como os inimigos de Paulo insinuaram a respeito dele (2 Co 12.16,17), que, embora o próprio Eliseu não tivesse sido um peso, ainda sendo astuto, ele o apanhou com fraude, enviando aquele que o cobrava” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Josué a Ester Edição Completa. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.566).

CONCLUSÃO 

A cura de Naamã nos mostra que Deus está disposto a perdoar e salvar a todos, independentemente de posição social ou nacionalidade. E, apesar de muitas vezes não compreendermos, o Senhor opera maravilhas de formas diferenciadas (2 Rs 5.11,12). Naamã, a princípio, não havia entendido o caminho para a cura, mas assim que a recebeu, reconheceu o Senhor como único e verdadeiro Deus. – Esse milagre que Deus realizou através de Eliseu foi ratificado por Jesus num dos seus discursos, quando explicou por que não faria milagres na sua terra. Diante dos olhos estupefatos das autoridades religiosas que duvidavam da sua messianidade, Jesus disse: “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lc 4.27).

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 3º Trimestre 2021 - Lição 8. Rio de Janeiro: CPAD, 21, ago. 2021. 

POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. 

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento, v. II Históricos, p. 449. Santo André: Geográfica, 2010. 

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