sexta-feira, 3 de abril de 2020

LIÇÃO 1: CARTA AOS EFÉSIOS – SAUDAÇÃO AOS DESTINATÁRIOS


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
CARTA AOS EFÉSIOS

Mais um trimestre inicia-se e, com ele, o desafio de formarmos pessoas que se pareçam mais com Jesus. Esse é um dos mais nobres propósitos da Escola Dominical. Para esse fim, o assunto que estudaremos neste trimestre é a Carta do Apóstolo Paulo aos Efésios. Nesta primeira lição o seu objetivo geral é mostrar o panorama da epístola, trabalhando as questões de autoria e data; identificando o destinatário da carta; e, finalmente, mostrando o propósito divino da Epístola aos Efésios. Ao longo do trimestre veremos que grandes temas doutrinários e pastorais são abordados na Carta.  
Resumo Trimestre
O que podemos destacar como ponto central na Carta aos Efésios é que Cristo é a Cabeça e a Igreja, o seu Corpo. Esse ponto é importante deixar claro na primeira lição, pois tal verdade teológica perpassará toda a epístola.
Nesse sentido, o primeiro tópico apresentará o apóstolo Paulo como o autor da Carta aos Efésios e mostrará que a provável data de autoria da Epístola se deu por volta dos anos 61-62 d.C., durante sua prisão em Roma. Aqui, sugerimos que, ao final do tópico, você use o esboço da Epístola que se encontra no auxílio didático-pedagógico da revista do professor a fim de apresentar o panorama da Carta ao aluno. 
O segundo tópico tem o objetivo de identificar o destinatário da Epístola, passando pela cidade de Éfeso e a igreja que se encontra na cidade. Nesse aspecto, a epístola é considerada uma carta circular dirigida às igrejas da Ásia. Ela começa pela cidade de Éfeso, pois esta era um centro político, comercial e religioso da época. Não por acaso a cidade apresentava monumentos cívicos impressionantes, dentre eles, o templo de Artemis (deusa Diana), considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Finalmente, o terceiro tópico aborda o propósito, a mensagem que a epístola traz aos crentes de efésios. Logo, a abordagem da carta gira em torno de duas temáticas fundamentais: Jesus Cristo, a Cabeça; a Igreja, seu Corpo. Tudo culmina nessa verdade teológica.
Um importante lembrete
Há assuntos complexos ao longo do trimestre tais como: Eleição e Predestinação; Iluminação espiritual do crente; o Mistério da Unidade; a Relação Familiar do Crente; Batalha Espiritual, dentre outros. Por isso, prepare-se com bons Comentários Bíblicos e Bíblias de Estudos a fim de que você tenha o máximo de domínio do assunto. Bom trimestre! 

 Subsídio extraído da Revista Ensinador Cristão - Ano 21 nº81 (Jan/Fev/Mar)
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO
A Epístola aos Efésios é denominada de “a coroa dos escritos de Paulo” e ainda de “a rainha das epístolas”. Nela, o propósito eterno de Deus para a Igreja está revelado por meio de Cristo Jesus. Nesta lição, estudaremos os aspectos introdutórios e as principais abordagens doutrinárias da Epístola. Durante esse estudo, o conteúdo da Epístola deve nos levar à adoração a Deus e ao aperfeiçoamento de nossa vida cristã. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
A Carta aos Efésios foi descrita como a “coroa e clímax da teologia paulina”. Também como a “destilada essência da religião cristã, o mais autorizado e o mais consumado compêndio da nossa santa fé cristã”. Da Epístola aos Efésios D M Lloyd Jones diz: “ela é a expressão mais sublime e majestosa do evangelho”. Há passagens nos capítulos 1 e 3 em que o apóstolo Paulo é transportado para além de si mesmo e se perde e se abandona numa explosão de louvor, adoração e ações de graças (Ef 1.3,16; 2.20,21).
“O grande poeta e filósofo Coleridge disse de Efésios que era "a mais divina composição humana". E adicionava: "Abrange em primeiro termo aquelas doutrinas peculiares ao cristianismo e, logo, os preceitos comuns à religião natural". Efésios é sem dúvida uma carta que tem um lugar próprio na correspondência paulina.(EPHESIANS, WILLIAM BARCLAY - The Letter to the Ephesians, pág 9).
   I. AUTORIA E DATA
1. Autoria. Conforme o costume da época, o autor inicia a carta declarando sua identidade: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo” (1.1a). O livro de Atos menciona que ele se chamava Saulo (nome hebraico), mas que também era conhecido como Paulo (At 13.9). Em hebraico “Saulo” significa “solicitado”, provavelmente uma homenagem a “Saul”, o primeiro Rei de Israel que pertencia à mesma tribo do apóstolo (At 13.21; Fp 3.5). Já Paulo significa “pequeno”, era o seu nome romano (At 22.25). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
Efésios evidentemente foi escrita estando Paulo preso. Ele é indicado como o autor na saudação inicial (1.1). Ele se chama a si mesmo "prisioneiro de Cristo Jesus" (3.1); "detento no Senhor" que lhes roga (4.1); em sua famosa frase é um "embaixador em cadeias" (6:20). Paulo estava preso e muito perto de seu fim quando escreveu Efésios. Agora, preso em Roma, Paulo escreve esta mensagem superna, e envia-a por Tíquico juntamente com as cartas a Filemon e aos Colossenses.
É importante esclarecer que não houve uma mudança de nome, como aconteceu em outros casos (Abrão – Abraão; Jacó – Israel), mas e o que a Bíblia diz a respeito da mudança de nome é o seguinte:”Então Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para Elimas e disse” (At 13.9), ou seja, até este versículo, o apóstolo é chamado de Saulo; a partir de então passa a ser chamado de Paulo. De fato, a Bíblia diz era que ele tinha dois nomes diferentes, fato comum para um judeu que também tinha cidadania romana, como era o caso de Paulo. (EPHESIANS, WILLIAM BARCLAY - The Letter to the Ephesians, pág 9).
2. A assinatura apostólica. Nas treze cartas de sua autoria o Apóstolo se identifica como Paulo, nunca como Saulo. Provavelmente por considerar o nome mais apropriado para evangelizar o mundo gentílico (Rm 11.13). Outro detalhe relevante é a reivindicação de sua autoridade apostólica com a ressalva “pela vontade de Deus” (Ef 1.1), isto é, não escolhido por homens (Gl 1.1). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
“Paulo começa sua Carta mencionando os únicos dois títulos de fama que possui.
(1) Era um apóstolo de Cristo. Nesta afirmação tinha em mente três coisas.
(a) Significava que pertencia a Cristo. Sua vida não era sua própria para dispor dela a seu gosto: era possessão de Jesus Cristo e devia vivê-la de acordo com o que Cristo exigia.
(b) Significava que tinha sido comissionado e enviado por Jesus Cristo. A palavra apóstolos vem do verbo apostellein que significa despachar ou enviar. Podia usar-se, por exemplo, para um esquadro naval enviado a uma expedição ou para um embaixador enviado por seu país nativo. Descreve ao que é enviado para desempenhar uma tarefa especial. O cristão se considera a si mesmo, durante toda sua vida, como membro de uma força de trabalho de Cristo. Tem uma missão: a de servir a Cristo no mundo.
(c) Finalmente dá a entender que todo o poder que possuía era um poder delegado. O sinédrio era a corte suprema dos judeus. Em matéria de religião mantinha sua autoridade sobre cada judeu em todo mundo. Quando o sinédrio tinha chegado a uma decisão entregava-a a um apostolos para que por sua vez este a transmitisse às pessoas interessadas e verificasse seu cumprimento. Quando esse apostolos partia não o fazia simplesmente por autoridade e poder próprios: estava respaldado e acreditado pela autoridade do sinédrio a quem representava. O cristão é representante de Cristo no mundo. Mas não leva a cabo esta tarefa por virtude e poder próprios; com ele estão a virtude e o poder de Jesus Cristo.
    (2) Paulo continua dizendo que era apóstolo por vontade de Deus. Ao dizer isto não há nenhum acento de vanglória, mas sim de pura admiração. Paulo vivia no final de seus dias o assombro de que Deus tivesse eleito um homem como ele para esta tarefa.
O cristão nunca deve inflar-se de vanglória pela tarefa que Deus o encomenda; antes, tem que sentir-se maravilhado porque Deus o tenha considerado digno de desempenhá-la.” (EPHESIANS, WILLIAM BARCLAY - The Letter to the Ephesians, pág 22).
3. Uma epístola da prisão. A Epístola foi escrita no período em que Paulo se encontrava preso em Roma. Ele se identifica como “o prisioneiro de Jesus Cristo” (3.1), “o preso do Senhor” (4.1) e o “embaixador em cadeias” (6.20). Isso indica que era uma carta enviada do cárcere. Por essa razão, ela integra o rol das Epístolas da Prisão redigidas aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses e a Filemom. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
As Epístolas da Prisão é um conjunto de cartas paulinas tradicionalmente associadas ao período em que Paulo esteve preso em Roma, em meados do primeiro século: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Em cada uma destas quatro cartas é feita referência a estar em cadeias (Ef 3.1; 4.1;6.20; Fp 1.17,13,14;1.17; Cl 4.18; Fl 1.9).
4. Data. De acordo com Atos, após realizar três viagens missionárias e implantar igrejas na região do Mediterrâneo, Paulo esteve em prisão domiciliar por cerca de dois anos (At 28.30), entre 60 e 62 d.C. aproximadamente. A partir dessa premissa, a data provável da redação da Epístola aos Efésios ocorreu por volta de 61 e 62 d.C., tendo Tíquico como o seu portador (6.21). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
A carta foi escrita da prisão em Roma (At 28.16-31), talvez, entre 60-62 d.C. Paulo estava preso e muito perto de seu fim quando escreveu Efésios. Tiquico é o portador de Efésios e Colossenses (Ef 6.21; Cl 4.7), Onésimo é um companheiro de viagem de Tíquico (Cl 4.9) e parece ser o escravo fugitivo de Filemom (Fl 10 e SS).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A primeira lição deste trimestre tem por objetivo apresentar a Epístola aos Efésios de forma panorâmica. Por isso, ao expô-la, apresente os grandes pontos da epístola conforme eles estão organizados no material didático: Autoria e data; a questão de quem são os efésios, o contexto sociocultural da cidade e a inserção da igreja nela; e, finalmente, o porquê de o apóstolo escrever a carta para os crentes efésios.
Para ajudá-lo na exposição desta lição, esteja acompanhado de um bom Comentário Bíblico ou uma boa Introdução ao Estudo do Novo Testamento. A Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, também é uma boa ferramenta para a exposição dos assuntos que serão tratados aqui. Por último, sugerimos que você apresente aos alunos o esboço da Epístola, conforme quadro abaixo:
  II. DESTINATÁRIOS
1. A cidade de Éfeso. Fundada por volta de 1050 a.C., tornou-se num centro político, comercial e religioso da Ásia Menor, atual país da Turquia. Era uma cidade litorânea, cujo porto desaguava no mar Egeu. Sua rua principal era pavimentada em mármore com colunas trabalhadas em ambos os lados. Era considerada uma metrópole com cerca de 500 mil habitantes. Tinha o maior anfiteatro do mundo, com capacidade para 25 mil espectadores. Próximo dali ficava o estádio com a pista de corridas e a arena onde ocorriam as lutas entre animais selvagens, como também entre homens e animais. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
Localizada na foz do rio Cayster, do lado leste do mar Egeu, a cidade de Éfeso era talvez mais bem conhecida pelo seu magnificente templo — dedicado a Ártemis, ou Diana — uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ela era também um importante centro político, educacional e comercial, equiparado a Alexandria, no Egito, e Antioquia da Pisídia, na Ásia Menor meridional.
“A cidade como tal foi construída nas encostas dos montes Coresso e Piom. Atualmente, o que mais se destaca no local é o enorme teatro que fica de frente para o antigo porto e o mar. Construído originalmente no período helenista, esse teatro foi ampliado durante o governo de Cláudio, e tinha capacidade para 24.000 pessoas. Foi ao teatro que uma multidão furiosa arrastou dois dos companheiros de Paulo, quando os ourives causaram um tumulto por causa dos prejuízos no comércio de imagens de Ártemis (Diana, para os romanos), decorrentes da pregação de Paulo.” Leia mais em: costumesbiblicos
2. A religiosidade em Éfeso. A cidade abrigava o templo de Ártemis (Diana – a deusa da fertilidade), construído em mármore. A economia da cidade dependia dos milhares de turistas que a visitavam. Sua maior fonte de renda era o comércio de nichos de prata vendidos no templo, razão pela qual seus moradores ficaram alarmados com a pregação de Paulo contra a idolatria (At 19.27-29). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
“Ártemis (arte-mis) — Na mitologia clássica, a irmã de Apolo, filha de Leto e Zeus, equiparada com a Diana romana, a deusa-lua, que era uma caçadora e protetora da feminilidade. No entanto, Ártemis (At. 19:23-40) (NVI) tem pouco em comum com o seu homônimo clássico. Ela era realmente uma deusa-mãe lidiana, adorada na foz do rio Cayster muito antes dos gregos chegar a Éfeso. Em Éfeso, Ártemis era a deusa da fertilidade. Sua comitiva no templo incluía sacerdotes eunucos, assistentes, e prostitutas sagradas. Sua imagem (At. 19:35), provavelmente era um meteorito. Os santuários de prata (At. 19:24), bem como modelos de argila e mármore, podem ter sido réplicas do santuário primitivo. O templo dos dias de Paulo era uma das sete maravilhas do mundo. A adoração da Artemis em Éfeso estendia-se para a Grécia, Gália, em Roma, e da Síria. Os nabateus do 1º séc. AD adoravam a divindade Atargatis, que é equiparada a Ártemis. Nos tempos do NT havia um templo de Ártemis em Gerasa”. (Fonte: PFEIFFER, C. F., VOS, H. F.; REA, J. The Wycliffe Bible Encyclopedia. Moody Press. 1975; 2005).
O culto a Diana estava disseminado pelo Império Romano. É possível que o alvoroço descrito em At 19.27-29 tenha acontecido durante o festival anual da primavera realizado em honra à deusa. Esse alvoroço foi liderado por Demétrio, que pode ter sido o chefe da associação dos artífices, e isso explicaria a sua proeminência na oposição aos pregadores cristãos. Alegando ruína financeira, o zelo religioso e a preocupação com o prestígio da cidade dos ourives, ele provocou a massa contra os crentes, argumentando que os pregadores cristãos ameaçavam a continuidade da prosperidade de Éfeso. A reação violenta do seu público mostra que eles levaram a sério a ameaça.
3. A igreja de Éfeso. Paulo evangelizou a cidade e seus arredores durante três anos (At 20.31). Quando chegou a Éfeso, o Apóstolo encontrou doze discípulos, os quais batizou nas águas e conduziu a receber o batismo no Espírito Santo (At 19.5-7). Em seguida evangelizou os judeus na sinagoga por um espaço de três meses (At 19.8). E como alguns judeus resistiram ao Evangelho, voltou-se para os gentios pregando num salão alugado na escola de Tirano (At 19.9). Em Éfeso, Deus usou Paulo poderosamente e a igreja crescia, pois até os lenços e aventais do apóstolo foram usados para curar os enfermos e expulsar demônios (At 19.12). Grandes líderes da igreja também passaram por Éfeso: Apolo ministrou ali e foi instruído por Priscila e Áquila (At 18.24-28); Timóteo também foi designado para pastorear na cidade (1 Tm 1.3); e segundo Irineu (130-202 d.C.), bispo grego do primeiro século, o apóstolo João também liderou a igreja. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
A igreja de Éfeso foi muito bem estabelecida na doutrina apostólica. É provável que o evangelho tenha sido primeiramente levado a Éfeso por Priscila e Áquila, um casal excepcionalmente dotado (At 18.26), o qual foi deixado lá por Paulo durante a sua segunda viagem missionária (At 18.18-19). Paulo mesmo pastoreou essa Igreja por cerca de três anos. Depois de Paulo ter saído, Timóteo pastoreou a congregação, possivelmente por um ano e meio, em especial para reagir contra o falso ensino de uns poucos homens influentes (tais como Himeneu e Alexandre), os quais eram, provavelmente, presbíteros nessa congregação (1Tm 1.3,20). Todos os ensinos básicos lhe foram ministrados. “porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de deus” (At 20.27). Pelo teor e conteúdo da Epístola de Paulo aos Efésios, observa-se que aquela igreja era espiritual. É interessante notar que, mesmo com tão fantástica equipe doutrinária, depois de 30 anos ou mais, Cristo deu ao apóstolo João a carta para essa igreja, indicando que as pessoas de lá haviam abandonado o seu amor inicial por ele (Ap 2.1-7).
4. A saudação epistolar. A saudação é a mais breve dentre todos os escritos de Paulo. Ele se dirige “aos santos e fiéis em Cristo Jesus” (1.1), isto é, aqueles que foram separados e consagrados para ser a propriedade exclusiva de Deus (1 Pe 2.9). Paulo os cumprimenta com as palavras “graça e paz” (1.2), uma expressão que lembra o favor gratuito e imerecido de Deus. Quanto aos destinatários, a maioria dos intérpretes considera que a Epístola era uma carta circular destinada aos cristãos de maioria gentílica das muitas igrejas da Ásia, provenientes de Éfeso, a metrópole mais importante daquela região. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
‘Graça a vós outros e paz’ era uma saudação comum na Igreja primitiva e que Paulo usa em todas as suas cartas, e aqui, ele acrescenta ‘Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo’, por que, Deles vinha a autoridade com que Paulo falava, bem como as bênçãos da graça e da paz a todos os cristãos. A conjunção "e" indica equivalência; ou seja, o Senhor Jesus Cristo é tão divino quanto o Pai. É interessante notar que, como o nome Éfeso não é mencionado em todos os manuscritos antigos, alguns estudiosos acreditam que a carta era uma encíclica, escrita com a intenção de que fosse circulada e lida por todas as igrejas da Ásia Menor e que, simplesmente, foi primeiro enviada para os cristãos em Éfeso.
“"Graça e paz a vós." Aqui há duas palavras de enorme significado na fé cristã. A palavra graça contém sempre duas ideias principais. A graça é sempre algo amável. O termo grego caris pode traduzir-se por encanto. Na vida cristã deve haver certa bondade e certo encanto. Um cristianismo que não tem atrativos não é verdadeiro cristianismo. Graça descreve sempre um dom e um dom que o homem não pode obter por si mesmo, e que nunca ganhou nem mereceu em forma alguma. O tratamento que Deus nos dá, e seus dons, são coisas que recebemos por pura generosidade do coração de Deus. Cada vez que mencionamos a palavra graça pensamos no puro encanto da vida cristã e na pura e imerecida generosidade do coração de Deus. Devemos tomar cuidado ao relacionar à vida cristã a palavra paz. Em grego o termo é eirene, mas traduz o hebreu shalom. Na Bíblia a palavra paz nunca é puramente negativa: nunca descreve simplesmente a ausência de tribulações, dificuldades e aflições. Shalom significa tudo o que se relaciona com o bem supremo do homem; todo aquilo que contribui a fazê-lo homem no mais alto sentido da palavra; tudo o que faz com que a vida seja verdadeiramente digna de ser vivida. A paz cristã é algo absolutamente independente das circunstâncias externas.” (EPHESIANS, WILLIAM BARCLAY - The Letter to the Ephesians, pág 23).
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
A CIDADE DE ÉFESO
Situada em uma baía interior (hoje em dia coberta de lodo), a cidade se ligava, através de um canal estreito do Rio Cyster, ao mar Egeu, a uma distância aproximada de 3 milhas (4.8 quilômetros). A cidade ostentava impressionantes monumentos cívicos, incluindo-se entre eles o proeminente templo de Artemis (Diana), uma das sete maravilhas do mundo antigo. As moedas da cidade orgulhosamente exibiam o ‘slogan’ Neokoros, isto é, ‘guardiã do templo’. Paulo pregou a grandes multidões nessa cidade. Os artesãos se queixavam de que ele havia influenciado um grande número de pessoas em Éfeso e em praticamente toda a província da Ásia (At 19.26). Em um dos eventos mais dramáticos registrados no Novo Testamento, o apóstolo conseguiu desvencilhar-se de uma grande multidão no teatro. Essa estrutura, localizada na ladeira do monte Pion, no final do ‘Caminho da Arcádia’, podia acomodar 25.000 pessoas sentadas” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.387).
  III. PROPÓSITO E MENSAGEM
1. O propósito. Aparentemente a Epístola não aborda nenhum problema específico como em outras de Paulo. Porém, nos capítulos iniciais da Carta percebemos algumas ênfases que sinalizam a solução de certas questões. Por exemplo, havia novos convertidos que vinham do mundo helênico e praticavam religiões de mistérios e magia, mas que agora se reuniam com os santos de Éfeso. Não por acaso, o apóstolo Paulo mostra àqueles crentes que Cristo está no controle do universo inteiro (1.20-22).
Também é possível perceber outro tipo de ênfase do apóstolo. O passado daqueles cristãos era marcado pela imoralidade e bebedeiras, mas uma vez salvos pela graça, eles deveriam adotar um novo estilo de vida em Cristo (2.1-10).
Destaca-se ainda uma preocupação com a unidade e a paz entre judeus e gentios cristãos, enfatizadas pelo plano universal da redenção para ambos (2.11-18).
Sob essas premissas, então, podemos considerar que uma das intenções do autor aos Efésios era a de atender as múltiplas necessidades da igreja numa perspectiva pastoral. Por isso a Carta é apontada por estudiosos como o tratado teológico sobre a Igreja, o Corpo de Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
Os primeiros três capítulos são inteiramente teológicos, com ênfase na doutrina do Novo Testamento, e os três últimos são práticos, Paulo trata do comportamento cristão. Nos três primeiros capítulos da Carta Paulo oferece sua concepção sobre a unidade em Cristo. Nos seguintes três diz muito sobre o lugar da Igreja no plano de Deus para levar a cabo esta unidade. Paulo busca encorajar e admoestar os efésios, lembrando-os a respeito das imensuráveis bênçãos em Jesus Cristo; e por isso mesmo, deveriam viver de maneira digna delas. A verdade importante enfatizada é a igreja como o atual corpo espiritual e terreno de Cristo.
2. A mensagem. A mensagem de Efésios gira em torno de duas temáticas: Jesus Cristo, a cabeça (1.22; 4.15; 5.23); a Igreja, o corpo (1.23; 4.12; 5.30). Assim, podemos classificar os desdobramentos desses assuntos nos seguintes eixos temáticos: (1) A consumação do plano eterno de Deus na pessoa de Jesus Cristo (1.3-5); (2) a atuação do Espírito Santo como o penhor da experiência de salvação (1.13,14); (3) a reconciliação dos povos por intermédio da cruz de Cristo (2.16); (4) a revelação do mistério da vontade de Deus por obra do Espírito Santo (3.5); (5) um novo estilo de vida baseado na unidade, na comunhão com o Espírito, na frutificação, na adoração e na intercessão no Espírito (4.3,30; 5.9,18,19; 6.18); os novos relacionamentos conjugais e a luta contra o Diabo (5.21 – 6.20). Portanto, a Epístola contém uma combinação de doutrina, fé e prática da vida cristã, ou seja, de tudo o quanto Deus fez e do que se espera que a Igreja faça. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
A ideia chave de Efésios é a reunião de todas as coisas em Jesus Cristo. Cristo é o centro em quem se unem todas as coisas e o laço que todo o liga. Cristo é o cabeça do corpo e o Espírito Santo a sua força vital, por assim dizer. O corpo funciona por meio do uso fiel dos diversos dons de seus membros, concedidos de maneira soberana e única pelo Espírito Santo a cada cristão. Outros temas importantes incluem as riquezas e a plenitude das bênçãos para os cristãos. Paulo escreve a respeito da "riqueza de sua (de Deus) graça” (1.7), das "insondáveis riquezas de Cristo" (3.8) e da "riqueza da sua glória" (3.16). Paulo admoesta os cristãos a serem "tomados de toda a plenitude de Deus" (3,19) até que "cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (4.13) para encher-nos "do Espírito" (5.18). As riquezas que eles têm em Cristo são baseadas em sua graça (1.2.6-7; 2.7), sua paz (1.2), sua vontade (1.5), seu prazer e seu propósito (1.9), sua glória (1.12,14), seu chamado e sua herança (1.18), sua força e poder (1.19; 6.10), seu amor (2.4), o fato de tê-los criado (2.10), seu Espírito Santo (3.16), sua oferta e sacrifício (5.2) e sua armadura (6.11,13).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Não deixe de mencionar a questão do Espírito Santo na Carta aos Efésios, por isso, leve em conta o seguinte fragmento textual:
O Ministério do Espírito Santo em Efésios
Embora os temas mais importantes em Efésios sejam Cristo, a igreja e o plano eterno de Deus para redenção, é o Espírito Santo e o seu papel em relação ao crente e à Igreja, como presença poderosa de Deus, que faz de nós o povo de Deus e corpo de Cristo na terra. Em relação à proeminência do Espírito Santo em Efésios, Gordon Fee comenta (732): ‘Existem raros aspectos da vida cristã em que o Espírito Santo não assume o papel principal, e são raros os aspectos sobre o papel do Espírito que não tenham sido mencionados nessa carta’.
Em 1.13, o Espírito Santo é chamado (lit.) de ‘o Espírito Santo da promessa’, cuja importante promessa divina é um sinal de que os últimos dias já chegaram (Jl 2.28-32; At 2.16-21). Jesus promete batizar seus discípulos com o (ou no) Espírito Santo (At 1.5), assim como João Batista havia pregado (Mc 1.8; Jo 1.33) e nesse contexto refere-se ao Espírito como aquEle que o Pai havia prometido (Lc 24.49; At 1.4). [...] Além disso, em Efésios, o Espírito Santo é descrito como a marca ou o selo da propriedade de Deus (1.13), a primeira parte da herança do crente através de Cristo (1.14), ‘o Espírito de sabedoria e revelação’ (1.17), aquEle que capacita o crente a ter intimidade com o Pai (2.18), aquele pelo qual Deus habita na Igreja (2.22), o revelador do mistério de Cristo (3.4,5) e a pessoa que fortalece os crentes em seu íntimo (3.16)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.389).
  CONCLUSÃO
A Epístola revela um elaborado resumo da salvação e suas implicações para a vida cristã. Seu conteúdo recorda o favor imerecido que recebemos gratuitamente da parte de Deus. Suas exortações nos impelem a viver em santidade e, alicerçados em Cristo – a cabeça da Igreja (1.22), a batalhar contra as forças das trevas. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 1, 5 Abril, 2020]
Para que existe a Igreja? Qual é sua verdadeira função no plano de Deus? Onde intervém a Igreja neste propósito de trazer uma nova unificação a um mundo desunido? A Carta aos Efésios traz a resposta com uma das frases mais importantes do apóstolo: A Igreja é o corpo de Cristo! A Igreja tem que ser as mãos para a obra de Cristo, pés para correr atrás dos que se desviam, uma boca que fala por Ele, um instrumento e um corpo pelos quais pode operar. Efésios nos instrui que Cristo é o instrumento de Deus para a reconciliação, e que a Igreja é o instrumento de Cristo para essa reconciliação.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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