sexta-feira, 4 de agosto de 2017

LIÇÃO 6: A PECAMINOSIDADE HUMANA E A SUA RESTAURAÇÃO A DEUS


SUBSÍDIO I

 Pecaminosidade Humana

A definição teológica do pecado descrito na Declaração de Fé da Assembleia de Deus é “rebelião e desobediência, incapacidade espiritual, a falta de conformidade com a vontade de Deus em estado, disposição ou conduta e a corrupção inata do homem”. O pecado é um assunto nada agradável, mas o estudo dessa doutrina é extremamente importante por várias razões. Há uma diferença abissal entre a depravação humana e a santidade e a glória de Deus. Qualquer desvio dos padrões divinos se constitui num ato grave, que se chama pecado. A experiência humana é uma confirmação de tudo o que a Bíblia ensina sobre a realidade do pecado, do mal que existe no mundo, de como o ser humano criado em santidade à imagem de Deus veio a se corromper de modo que somente em Cristo é possível a sua restauração a Deus.
[...] O pecado é transgressão da lei de Deus: “porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4 – ARA). O substantivo “transgressão” ou verbo “transgredir” é de uso comum desde o Antigo Testamento. O verbo hebraico ‘avãr, literalmente “atravessar, passar”, não tem conotação moral: “E passou Abrão por aquela terra” (Gn 12.6). Mas é comum o seu uso no sentido de ir além de um limite estabelecido e é isso o que significa “transgredir um mandamento” ou “traspassar o mandado do SENHOR” (Nm 22.18; 24.13); “seus moradores, porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a aliança eterna” (Is 24.5); “eles traspassaram o meu concerto e se rebelaram contra a minha lei” (Os 8.1). 
[...] O termo grego para “transgressão” em 1 João 3.4 é anomia, que literalmente quer dizer “falta de lei, quebra da lei”; o ánomos é alguém para o qual não existe uma lei. A versão Almeida Atualizada e a Tradução Brasileira traduzem essa palavra por “iniquidade”.

(Texto extraído da obra A Razão da Nossa Fé: assim cremos, assim vivemos, CPAD, pp.86,87)

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos a respeito da pecaminosidade humana, a esse respeito, como bem destacou Chesterton, se há uma doutrina bíblica que pode ser comprovada essa é a do pecado. Inicialmente apresentaremos a origem do pecado, em seguida, sua natureza, e por fim, suas consequências. Destacaremos também que Deus preparou um plano para a restauração da humanidade, e que esse se concretizou em Cristo, através do Seu sacrifício expiatório na cruz do calvário.
                                                                                                       
1. A ORIGEM DO PECADO

O pecado originou-se na livre escolha das criaturas de Deus (Ap. 12.9), tanto de Satanás, a antiga serpente, quando por Adão e Eva (Gn. 3). Depois da queda de Adão e Eva, os homens tornaram-se pecadores por natureza e vivem num mundo em que forças poderosas os induzem a pecar. Antes de qualquer coisa, é preciso ressaltar que o pecado do homem não tem sua origem em Deus (Tg. 1.13-14). O pecado é, antes de tudo, resultante da escolha da pessoa que o comete (Gn. 3.4,5). Depois da queda de Adão, existe, no ser humano, uma natureza, que Paulo denomina de carnal (Rm. 7.18; Gl. 5.16-24) que se opõe ao espírito. Essa natureza é a vida egocêntrica, a negação ou a rejeição de Deus, é portanto, uma inclinação, uma tendência, uma predisposição para o pecado e para deixar de fazer a vontade de Deus.

2. A NATUREZA DO PECADO

No Antigo Testamento, o pecado significa: 1) errar o alvo (Gn. 4.7), isto é, ser achado em falta diante de Deus; 2) egoísmo que leva os homens a oprimirem seus semelhantes (Gn. 6.11; Ez. 7.23; Pv. 16.29); 3) transgressão contra a Lei da Santidade (Sl. 37+38; 51.13; Is. 53.12). No Novo Testamento, o pecado é: 1) uma dívida (Mt. 6.12) a qual o homem é incapaz de pagar por si mesmo; 2) iniquidade, que literalmente, é desordem (I Jo. 3.4); 3) desobediência (Hb. 2.2; Lc. 8.18); 4) transgressão, ou ir além do limite estabelecido por Deus (Rm. 4.15); 5) queda no padrão de conduta (Ef. 1.7); 6) impiedade, que se concretiza no descaso a Deus e às coisas sagradas (Rm. 1.18; II Tm. 2.16) e 7) erro – pecados cometidos por ignorância (Hb. 9.7).

3. AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

Como consequência, o pecado leva o homem a fragilidade espiritual, na medida em que: 1) acontece uma desfiguração da imagem divina (Gn. 9.6; Tg. 3.9); 2) a transmissão da natureza pecaminosa aos descendentes (Sl. 51.5); 3) discórdia interna – disputa interior que leva o homem à fragmentação do eu (Rm. 7.24); 4) a morte física e espiritual (Gn. 2.17; Rm. 3.23; 6.23). Conforme o relato de Gn. 3, o pecado trouxe consequências: 1) para a serpente (Gn. 3.14), 2) sobre Satanás (Gn. 3.15);  3) sobre Eva e as mulheres (Gn. 3.16); 4) sobre Adão e os homens (Gn. 3.17-19); 5) sobre toda a humanidade (Gn. 3.20-24).

4. O PECADO NA VIDA DO CRENTE

O crente não está isento de pecar (I Jo. 1.8-10), contudo, seu padrão de vida deve ser andar na luz (I Jo. 1.7). Para que isso aconteça, precisa meditar na Palavra de Deus (Sl. 119.11). Ao viver em pecado, o cristão: 1) perde a comunhão com Deus (I Jo. 1.6); 2) é excluído da comunhão com os irmãos da igreja local (I Co. 5.4-5); 3) recebe a disciplina de Deus (Hb. 12.6) e, em alguns casos, 4) a morte física (I Co. 11.30). É preciso, portanto que o crente dê lugar ao arrependimento, confesse o seu pecado a Deus, e o abandone (I Jo. 1.9).

5. A RESTAURAÇÃO DA HUMANIDADE

O pecado é universal, Paulo é enfático ao declarar que todos pecaram (Rm. 3.23), mas nem tudo está perdido, pois Deus preparou um plano para restaurar a humanidade. O mesmo Paulo assegura que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo (Rm. 6.23). Essa é uma demonstração da graça de Deus, pois Ele prova seu amor Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores, e indignos desse favor (Rm. 5.8). Em Jo. 3.16, nos deparamos com a Bíblia em miniatura, que expressa o plano salvífico de Deus, ao declarar que Deus amou o mundo de tal maneira que Deus Seu Filho Unigênito para todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

CONCLUSÃO

O homem foi criado como um ser bom e reto, como depreendemos da declaração de Gn. 1.26-31, contudo, por transgressão voluntária, o homem caiu, incorrendo não somente na morte física, mas também na morte espiritual, isto é, na separação de Deus (Gn. 1.26,27; 2.17; Rm. 5.12-19). Apesar de tudo, podemos ter a certeza que a provisão do Senhor em Jesus Cristo é suficiente para salvar a todos que nEle confiam, pois Ele, como bem expressou João Batista, é o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo. 1.29).
  
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A doutrina do pecado é conhecida nos tratados de teologia como Hamartiologia, da palavra grega hamartia. O estudo se reveste de suma importância porque se trata do problema básico de todos os seres humanos. Todos os conflitos no mundo e as confusões existentes na humanidade são manifestações do pecado. Ninguém pode se livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores da condenação eterna. O enfoque da presente lição é definir e explicar o pecado, bem como apresentar o meio divino para a solução humana. [Comentário: Hamartiologia (hamartia = erro, pecado + logós = estudo), como sugere o próprio nome, é a ciência que estuda o pecado e as suas origens e consequências. A doutrina do pecado é uma das mais importantes doutrinas da teologia cristã, pois ocupa-se a ressaltar a condição que o homem está em função do pecado, demonstrar sua impossibilidade em agradar a Deus, com o objetivo de demonstrar que o homem está perdido e abismado em relação a Deus, e que, sozinho não pode fazer nada para alterar essa realidade. De início, sabemos que esta é uma das mais difíceis questões em teologia. Deus fez tudo bom na criação. Então como foi que começou o pecado? Como esta criação boa se rebelou contra seu Criador? Por quem e como se originou o pecado? Há muita coisa que não sabemos sobre este assunto. Porém há conclusões necessárias a se considerar. Ao lermos a narrativa da Criação vemos que Deus ao concluir tudo o que havia feito, viu que “tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31). Isso significa que mesmo o mundo angelical que Deus havia criado não possuía anjos maus nem demônios àquela altura. Mas, quando chegamos a Gênesis 3, percebemos que Satanás, na forma de uma serpente, tentou Eva para que pecasse (Gn 3.1-5). Portanto, em um determinado tempo entre os eventos de Gênesis 1.31 e Gênesis 3.1, deve ter havido uma rebelião no mundo angelical, com muitos anjos se voltando contra Deus e tornando-se maus (leia 2Pe 2.4 e Jd 6).]

I. DEFININDO OS TERMOS
                                
1. Pecado. Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Cl 5.19-21). Mas há um termo genérico para designar o pecado com todos os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá, com "h" aspirado), que literalmente significa "errar o alvo" (Jz 20.16). O substantivo derivado desse termo aparece pela primeira vez no relato do assassinato de Abel por seu irmão Caim: "E, senão fizeres bem, o pecado jaz à porta" (Gn 4.7). O seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento é hamartia. Essa palavra na Septuaginta traduz 24 termos hebraicos no Antigo Testamento referentes ao pecado. [Comentário: Etimologicamente bem explicado acima, cabendo acrescentar apenas que tal como definido pela Bíblia, o pecado é uma violação do padrão de Deus para o comportamento humano. Estas palavras acima definidas falam de violar a norma de alguma forma (leia Rm 3.23). Outro termo frequente (parabasis no grego) descreve o “pecado”, como “transgressão”, que significa ultrapassar os limites estabelecidos. Ainda outro termo semelhante é paraptoma, que significa “um passo em falso” ou “uma invasão em terreno proibido.” Duas outras palavras do Novo Testamento são anomia, que significa “anarquia”, eparanomia, que significa “a contravenção.” Jesus disse pouco sobre a origem do “pecado”, exceto ao rastreá-lo ao coração e a vontade humana (Mt 6.22-23; 7.17-19; 18.7; Mc 7.20-23, Lc 13.34), mas Ele, de forma significativa, definiu o âmbito do pecado.]
2. Os termos hebraicos awon e peshá. Há na Bíblia um repertório amplo que revela o pecado nos seus vários aspectos, mas este espaço não nos permite uma apresentação exaustiva. O termo hebraico avon, "iniquidade, perversão", vem de uma raiz que significa "entortar, torcer", daí a ideia de perverter a lei de Deus. Essa palavra aparece traduzida em nossas versões como "injustiça" (Gn 15.16), "maldade" (Êx 20.5) e "iniquidade" (Lv 26.40). Já o verbo avah, de mesma raiz, descreve a natureza do coração da pessoa não regenerada (Jó 15.5). Isso revela a "vida torta" do pecador. O outro termo de importância na Hamartiologia do Antigo Testamento é o verbo pashá "transgredir" ou o substantivo peshá, "transgressão, delito" (Gn 31.36; 50.17). O ser humano forçou e foi além dos limites que Deus estabeleceu, e isso faz toda a humanidade, homens e mulheres, errar o alvo da vida. [Comentário: A Bíblia utiliza muitas palavras, tanto em hebraico como em grego, para definir o conceito de pecado, neste tópico são apresentadas duas: Awon – “Iniquidade” ou “culpa” (1Sm 3.13; Is 53.6; Nm 15.30-31); Pecha – “Rebelar”, “transgredir” ou “revoltar” (1Rs 12.19; 2Rs 3.5; Sl 51.13; Is 1.2). Em todas, o sentido geral é: “Afastamento dos padrões estabelecidos por Deus”. Para conhecer outros termos]
3. O que é pecado? Sabemos que a Bíblia não é um livro de definição, mas de descrição. Ela "revela a verdade em forma popular de vida e fato", como bem afirmou um historiador da Igreja Philip Schaff. As Escrituras declaram que "o pecado é a transgressão da lei" (l Jo 3.4; ARA) e que "toda iniquidade é pecado" (1 Jo 5.17). Essa declaração é geralmente conhecida como pecado de comissão, isto é, quando praticamos aquilo que não deveríamos fazer (Mt 15-3; Rm 5.14). Mas a Palavra de Deus nos ensina ainda que "aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado" (Tg 4.17). Esse pecado é chamado de omissão, pois consiste em nossa falta de ação naquilo que deveríamos fazer (Jo 9.41). [Comentário: O pecado não é eterno, pois teve princípio. Os gnósticos creem em dois princípios eternos: o bem e o mal. A partir da realidade do pecado algumas formas de pecados podem ser verificadas nas Escrituras. Uma delas é o pecado de comissão, ou seja, realizar aquilo que é expressamente condenado por Deus. Os nossos pais, Adão e Eva, foram proibidos de comer do fruto da árvore do bem e do mal. Entretanto, ainda assim dela comeram. Realizar conscientemente o que Deus de antemão condenou é um atentado a sua santidade e justiça (Sl 106.6). O pecado de omissão (Tg 4.17) é outra forma muito comum. Essa forma de transgredir as leis divinas, muitas vezes, é ignorada entre o povo de Deus. Porém, as consequências do seu julgamento não serão menores diante do Altíssimo (Mt 25.31-46). Não é apenas deixando de obedecer a lei expressa de Deus que incorremos em pecado, mas de igual modo, quando omitimo-nos de fazer o bem, pecamos contra Deus e a sua justiça (Lc 10.25-37; Jo 15.22,24).]


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
“A harmatologia, é uma palavra usada no campo teológico para designar ‘a doutrina do pecado', incluindo seus aspectos som brios e sua natureza destruidora, tanto aplicada no campo físico como no campo espiritual, mostrando em cada detalhe suas disposições hostis contra Deus, os seres e qualquer entidade no mundo da existência. Em sentido etimológico – a palavra ’pecado conforme se encontra em nossas versões, vem da palavra hebraica 'hatta'th', do qual origina-se a raiz hebraica 'h a ta ' traduzido na Septuaginta da palavra 'hamartia'. Existem algum as palavras que relatam significados semelhantes à palavra hebraica hatta' th', como também a palavra grega 'hamartia'. Estes termos são aplicados no tempo e no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa” (PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado, 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2012, pp. 13,14).

II. ORIGEM DO PECADO

1. O pecado no céu. Foi lá que tudo começou. O pecado já havia sido introduzido no universo quando Adão e Eva foram criados. Antes de acontecer na Terra, o pecado se originou no céu pelo mau uso do livre-arbítrio. Jesus disse que o Diabo peca desde o princípio (Jo 8.44). O querubim ungido foi criado perfeito em sabedoria e formosura, tinha o selo da perfeição (Ez 28.12-15), mas se rebelou contra Deus (Is 14.12-14). Foi o orgulho e a soberba que fizeram esse querubim se transformar em Satanás (1Tm 3.6). Ele foi expulso do céu com os anjos que o acompanharam em sua rebelião (2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7-9). [Comentário: O pecado não foi criado por Deus. Deus criou tudo bom; não é o Autor do pecado. Os seres morais não tinham pecado ao serem criados. Satanás foi criado de modo perfeito e sem pecado (Ez 28.15). “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29). O pecado não foi o resultado necessário para a finidade. O pecado teve início num princípio de negação, o que significa que ele não é o resultado de nenhuma força positiva. Os seres morais foram criados bons, mas não imutáveis e independentemente bons. Isto os poria em pé de igualdade em relação a Deus; envolveria o absurdo de Deus criar outro Deus. Somente Deus é imutável e independente. Não pode haver mais de um Deus, autoexistente, auto-suficiente, soberano e supremo. Os seres morais, anjos e homem, dependiam de Deus para continuarem bons. Um poder sustentador deve fluir continuamente de Deus para que as criaturas morais continuem como foram criadas (Sl 66.9; At 17.28; Cl 1.16-17; Hb 1.3. O pecado teve origem nos anjos. Wayne Grunden afirma que “Satanás pecou antes de os seres humanos terem caído, como fica evidente no fato de que ele (na forma de uma serpente) tentou Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). O NT também nos informa que Satanás “foi homicida desde o princípio” e que ele é ”mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Ele diz igualmente que o Diabo “vem pecando desde o princípio” (1 Jo 3.8). Em ambos os textos, a frase “desde o princípio” não sugere que Satanás tenha sido mau desde o tempo em que Deus começou a criar o mundo (“desde o princípio do mundo”) ou desde o começo de sua existência (“do princípio de sua vida”), mas sim desde o começo da história do mundo (Gn 3 e mesmo antes). A característica do Diabo tem sido a de originar o pecado e a de induzir outros a pecar.”]
2. O pecado no Éden. Adão tinha a permissão de Deus para comer de todas as árvores do jardim, exceto da árvore da ciência do bem e do mal: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16b,17). A advertência foi clara. Quando o casal comeu do fruto proibido, eles perceberam que estavam nus e procuraram se esconder da presença de Deus (Gn 3.7,8). Era a ruptura imediata da comunhão com Deus, a morte espiritual. O próprio Deus anunciou a vinda do Redentor (Gn 3.15) e em seguida pronunciou a sentença ao casal (Gn 3.16-19) e à sua posteridade. Foi por causa dessa desobediência que o pecado entrou no mundo e, com ele, a morte (Rm 5.12). Esse desastre é conhecido como a "Queda da humanidade". [Comentário: “Pelo que, como por um homem444 entrou o pecado266 nomundo2889, e pelo pecado, a morte, assim também a morte2288 passou a todos os homens, por isso que todos pecaram264.” (Rm 5.12). Paulo começa a fazer aqui uma comparação que não foi concluída senão nos versículos 18 a 21. A comparação foi interrompida por uma meditação que continua até o versículo 17. O texto inicia com o termo “portanto”, nesta versão “Pelo que”, indicando que aquilo que se segue está ligado, na mente de Paulo, com o que precedeu, pelo que a comparação e o contraste que ele traça entre Adão e Cristo é sua elaboração teológica do que já havia sido dito. Paulo salienta a ideia de “um só homem” por toda esta passagem, e isso indica que ele encarava tanto Adão como Cristo como indivíduos históricos. O Dicionário STRONG traz: 444 ανθρωπος anthropos:- 1) um ser humano, seja homem ou mulher; 1a) genericamente, inclui todos os indivíduos humanos. 266 αμαρτια hamartia:- 1a) não ter parte em; 1b) errar o alvo; 1c) errar, estar errado; 1d) errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro; 1e) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado; 2) aquilo que é errado, pecado, uma ofensa, uma violação da lei divina em pensamento ou em ação; 3) coletivamente, o conjunto de pecados cometidos seja por uma única pessoa ou várias.2889 κοσμος kosmos:- os habitantes da terra, homens, a família humana; a multidão incrédula; a massa inteira de homens alienados de Deus, e por isso hostil a causa de Cristo. 2289 θανατοω thanatoo:- 1) colocar à morte; pela morte, ser liberado do compromisso de algo; literalmente, tornar-se morto em relação à (algo). 264 αμαρτανω hamartano:- 1) não ter parte em; 2) errar o alvo; 3) errar, estar errado; 4) errar ou desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou andar no erro; 5) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado. Por causa da Queda, a morte tornou-se uma realidade e toda a criação está sujeita a ela. "Toda a criação geme" (Rm 8.22), esperando o momento em que Cristo voltará para libertá-la dos efeitos da morte. ]
3. A universalidade do pecado. A Bíblia é clara ao ensinar que herdamos a natureza pecaminosa de Adão (1Co 15.49). Isso passou a ser conhecido como "pecado original". A Bíblia não mostra como essa transmissão do pecado de Adão passou a todos os humanos, mas afirma que se trata de um fato incontestável (Rm 5.12,19). Assim, as Escrituras mostram como todos nós, homens e mulheres, estamos diante de Deus: "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). O quadro apresentado é como segue: todos se extraviaram, não há quem faça o bem (SI 14.1-5; Rm 3.10-12), por isso não há no mundo quem não peque (1Rs 8.46; Ec 7.20). A prova incontestável da universalidade do pecado é a morte (Rm 5.12). Nem mesmo os salvos em Cristo estão isentos dessa lei (1 Jo 1.8).0 pecado é um princípio real e presente na vida de todas as pessoas, desde o ventre materno (SI 51.5; 58.3). A Queda no Éden corrompeu toda a humanidade em todo o seu ser: corpo, alma e espírito, intelecto, emoção e vontade (Is 1.5, 6; 2 Co 7.1). [Comentário: A Bíblia ensina que, mesmo que nunca tivéssemos pecado—nunca feito algo errado—ainda seríamos contados como pecadores diante de Deus. Essa é a doutrina bíblica do pecado original. Quando você ouve sobre pecado original, a referência é ao pecado de Adão e ao fato que Deus nos considera responsáveis por esse primeiro pecado de Adão. Somos tão culpados quanto ele foi dessa primeira desobediência—tão culpados que fomos punidos assim como ele o foi. Nascemos em delitos e pecados, sofrendo a penalidade que Deus anunciou no princípio (Gn 2.17). http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/06/pve-por-que-seria-justo-herdarmos-a-natureza-pecaminosa-de-adao/ A queda do primeiro casal foi devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29) Jair de Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf. A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm  5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

O pecado no Éden, Satanás e a raça humana
“Duas árvores do jardim do jardim do Éden tinham importância especial. (1) A 'árvore da vida' provavelmente tinha por fim impedir a morte física. É relacionada com a vida perpétua, em 3.22.0 povo de Deus terá acesso à árvore da vida no novo céu e na nova terra (Ap 2.7; 22.2). (2) A 'árvore da ciência do bem e do mal' tinha a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência à sua palavra. Deus criou o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por amar e obedecer ao seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua vontade.
A raça humana está ligada a Deus mediante a fé na sua palavra como a verdade absoluta. Satanás, porque sabia disso, procurou destruir a fé que Eva tinha no que Deus dissera, causando dúvidas contra a palavra divina. Satanás insinuou que Deus não estava falando sério no que dissera ao casal. Noutras palavras, a primeira mentira proposta por Satanás foi uma forma de antinominianismo, negando o castigo da morte pelo pecado e apostasia. Um dos pecados capitais da humanidade é a falta de fé na Palavra de Deus. É admitir que, de certo modo. Deus não fala sério sobre o que Ele diz da salvação, da justiça, do pecado, do julgamento e da morte. A mentira mais persistente de Satanás é que o pecado proposital e a rebelião contra Deus, sem arrependimento, não causarão, em absoluto, a separação de Deus e a condenação eterna.
Satanás, desde o princípio da raça humana, tenta os seres humanos a crer que podem ser semelhantes a Deus, inclusive decidindo por contra própria o que é bom e o que é mau. Os seres humanos, na sua tentativa de serem 'como Deus', abandonam o Deus onipotente e daí surge os falsos deuses. O ser humano procura, hoje, obter conhecimento moral e discernimento ético partindo de sua própria mente e desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só Deus tem o direito de determinar aquilo que é bom ou mau” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:CPAD, 1995, pp. 34-36).

III. A SOLUÇÃO PARA O PECADO

1. Nem tudo está perdido. A Bíblia narra a situação humana descrevendo-a como "mortos em ofensas e pecados" (Ef 2.1) e que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). Morte significa "separação". Isso começou com a Queda de Adão e continuou com a sua posteridade (Is 59.2). Mas Deus, em sua infinita bondade e misericórdia, declara agora que nos "vivificou" (Ef 2.1a) e que o seu "o dom gratuito [...] é a vida eterna" (Rm 6.23b). A graça está disponível para toda a raça humana (Tt 2.11) e a salvação em Jesus pode ser encontrada em todos os lugares (At 17.30). [Comentário: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque. Eis aqui, o que tão somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias” (Ec 7.20,29). Nenhum homem é justo diante de Deus. O homem não faz o bem e não quer e não pode. O homem natural está totalmente sem a habilidade de agradar a Deus - “E não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.40). O pecado é a maior mazela da humanidade, pois, dele decorre todo o tipo de maldade e atrocidades que os homens cometem. O texto de Romanos 3.23 diz expressamente que “o salário do pecado é morte” e seria terrível se terminasse neste ponto. Mas, pela bondade e misericórdia de Deus, esse versículo continua, e o restante dele diz: “…mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna por Cristo Jesus, nosso Senhor.” A salvação é estendida a todos os homens, mas, eles tem que se conscientizarem que são pecadores e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), e que as condutas que eles praticam no dia-a-dia são ofensivas ao Criador.]
2. A provisão de Deus. O pecado entrou no mundo por um homem. Adão; assim também a redenção veio por um homem: "a graça de Deus, o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos" (Rm 5.15). A morte de Jesus foi expiatória, um sacrifício pelos nossos pecados que "Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue" (Rm 3.25). Expiação diz respeito ao sacrifício para purificação e ao perdão dos pecados por meio dos sacrifícios (Lv 4.35; 17.11). A propiciação é o ato que apazigua a ira divina contra o pecado, satisfazendo a santidade e a justiça de Deus. A expiação realizada pelo "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29) é um ato da graça de Deus em favor de todos os seres humanos (l Jo 2.2). Assim, o Senhor Jesus é a provisão de Deus para o pecador. [Comentário: No Calvário, a justiça de Deus chega ao seu cumprimento histórico, através de Cristo e sua missão redentora. A justificação pela fé foi um dos pilares da Reforma Protestante. A salvação é pela graça mediante a fé e não o resultado das obras nem mesmo da adição de fé mais obras. Assim sendo, a salvação não é uma conquista do homem, mas um presente de Deus (Ef 2.8). Não é uma medalha de honra ao mérito, mas uma manifestação do favor imerecido de Deus. Martinho Lutero disse: “Esta doutrina é a cabeça e a pedra fundamental. Por si só, ela gera, alimenta, edifica, preserva e defende a igreja de Deus. E sem ela, a igreja de Deus não poderia existir nem por uma única hora”. Martin Lloyd-Jones afirmou que a justificação pela fé “é a grande doutrina central de todo protestantismo, e vocês descobrirão que em cada avivamento ela sempre vem na vanguarda”. A igreja cai ou permanece de pé por causa desta doutrina. Ela é a espinha dorsal de todas as doutrinas bíblicas. John Piper diz: “Pregar e viver a justificação pela fé glorifica a Cristo, resgata pecadores desesperados, encoraja santos imperfeitos e fortalece igrejas frágeis”. Em Romanos 3.21, lemos: “Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas”. Paulo nos mostra como Deus se revelou para alcançar os gentios e judeus. A justificação é um ato legal, forense e judicial de Deus. É feita no tribunal de Deus e não em nosso coração. É um ato jurídico ou uma sentença divina na qual Ele declara perdoado todo pecador que crer em Jesus. Louis Berkhof define: “A justificação é um ato judicial de Deus no qual Ele declara, baseado na justiça de Jesus Cristo, que todas as exigências da lei estão satisfeitas com respeito ao pecador”. A justificação é o contrário de condenação. Ela é um ato único e legal que remove a culpa do pecado e restaura o pecador à sua condição de filho de Deus, com todos os seus direitos, privilégios e deveres. A justificação não ocorre na vida do pecador, não produz mudanças no seu caráter, mas no Tribunal de Deus. Justificação é uma declaração e santificação é transformação. Mas, é a partir da justificação que o Espírito Santo inicia no pecador todo o processo de santificação até a sua glorificação.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Lendo o Antigo Testamento e considerando séria e literalmente a sua mensagem, facilmente concluiremos que a salvação é um dos temas dominantes, e Deus, o protagonista. O tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente – ou ‘semente’ – da mulher esmagará a cabeça da serpente. ‘Este é o protoevangelium, o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle que restaurará o homem à vida’. Javé salvava o seu povo através de juízes (Jz 2.16,18) e outros líderes, como Samuel (1 Sm 7.8) e Davi (1 Sm 19.5). Javé livrou até mesmo a Síria, inimiga de Israel, por meio de Naamã (2 Rs 5.1). Não há salvador à parte do Senhor  (Is 43.11)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 97).

CONCLUSÃO

A única esperança é o Senhor Jesus, o único que pode nos restaurar a Deus. Restaurar é restituir, e isso se aplica tanto a possessões e bens (Êx 22.14; Is 58.12; Lc 19.8) como também a pessoas (Jr 30.17). O plano de Deus é restaurar todas as coisas (At 3.21), mas Ele começou com os seres humanos. Nós estávamos perdidos, como o filho pródigo, e fomos restaurados a Deus pelo arrependimento (At 3.19; 2 Co 7.10) e pela fé em Jesus (Rm 5.1). [Comentário: Como uma pessoa pode se tornar aceitável diante de Deus? A resposta está clara no Novo Testamento, especialmente nos escritos de Paulo, como a passagem clássica de Romanos 3.21-25. Nas Escrituras, a justificação é o contrário da condenação. É a declaração que diz que o pecador que crê é justo, e isso devido à retidão imputada de Cristo, o “dom da justiça”, conforme lemos em 5.17. Agora a justiça de Cristo é legalmente considerada como possessão do pecador crente. Todos os homens são pecadores e necessitam do perdão de Deus. A justiça de Deus é para todos e sobre todos, judeus e gentios, porque todos erraram o alvo, deixando de ser conforme o propósito de Deus. Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23). Infelizmente, a palavra portuguesa “justificação”, originária do latim, dá a ideia de “tornar justo”, no sentido de produzir justiça no justificado. Mas o termo grego original dikaiosyne não se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma declaração feita por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados diante de Deus, ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados por Cristo e na sua justiça imputada a nós. Em Romanos ficamos sabendo que justo é, portanto, quem foi declarado livre em processo, não por não ser efetivamente culpado, mas por ser reconhecido como tal. A doutrina da justificação pela fé é o cerne da teologia paulina, utilizada especialmente quando em confronto direto com o ensino judaico, que defendia que o homem encontra a graça de Deus quando cumpre a vontade divina por meio da lei. É somente pela fé na eficácia do sacrifício de Cristo na cruz que o homem pode ser considerado justo diante de Deus. Paulo chama a atenção aos gálatas por desprezarem este sacrifício e misturar a justificação com a santificação, confiando nas obras de justiça (Gl 1.6,9), o que Paulo chama de “outro evangelho”. Cuidemos para que não caímos no mesmo erro.] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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