SUBSÍDIO I
Pecaminosidade Humana
A definição
teológica do pecado descrito na Declaração
de Fé da Assembleia de Deus é “rebelião e desobediência,
incapacidade espiritual, a falta de conformidade com a vontade de Deus em
estado, disposição ou conduta e a corrupção inata do homem”. O pecado é um
assunto nada agradável, mas o estudo dessa doutrina é extremamente importante
por várias razões. Há uma diferença abissal entre a depravação humana e a
santidade e a glória de Deus. Qualquer desvio dos padrões divinos se constitui
num ato grave, que se chama pecado. A experiência humana é uma confirmação de
tudo o que a Bíblia ensina sobre a realidade do pecado, do mal que existe no
mundo, de como o ser humano criado em santidade à imagem de Deus veio a se
corromper de modo que somente em Cristo é possível a sua restauração a Deus.
[...] O pecado é transgressão da
lei de Deus: “porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4 – ARA). O
substantivo “transgressão” ou verbo “transgredir” é de uso comum desde o Antigo
Testamento. O verbo hebraico ‘avãr,
literalmente “atravessar, passar”, não tem conotação moral: “E passou Abrão por
aquela terra” (Gn 12.6). Mas é comum o seu uso no sentido de ir além de um
limite estabelecido e é isso o que significa “transgredir um mandamento” ou
“traspassar o mandado do SENHOR” (Nm 22.18; 24.13); “seus moradores, porquanto
transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a aliança eterna” (Is 24.5);
“eles traspassaram o meu concerto e se rebelaram contra a minha lei” (Os
8.1).
[...] O termo grego para
“transgressão” em 1 João 3.4 é anomia,
que literalmente quer dizer “falta de lei, quebra da lei”; o ánomos é
alguém para o qual não existe uma lei. A versão Almeida Atualizada e a Tradução
Brasileira traduzem essa palavra por “iniquidade”.
(Texto extraído da
obra A Razão da Nossa Fé: assim cremos, assim vivemos, CPAD,
pp.86,87)
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito da
pecaminosidade humana, a esse respeito, como bem destacou Chesterton, se há uma
doutrina bíblica que pode ser comprovada essa é a do pecado. Inicialmente
apresentaremos a origem do pecado, em seguida, sua natureza, e por fim, suas
consequências. Destacaremos também que Deus preparou um plano para a
restauração da humanidade, e que esse se concretizou em Cristo, através do Seu
sacrifício expiatório na cruz do calvário.
1. A ORIGEM DO PECADO
O pecado originou-se na livre escolha das
criaturas de Deus (Ap. 12.9), tanto de Satanás, a antiga serpente, quando por Adão
e Eva (Gn. 3). Depois da queda de Adão e Eva, os homens tornaram-se pecadores
por natureza e vivem num mundo em que forças poderosas os induzem a pecar.
Antes de qualquer coisa, é preciso ressaltar que o pecado do homem não tem sua
origem em Deus (Tg. 1.13-14). O pecado é, antes de tudo, resultante da escolha
da pessoa que o comete (Gn. 3.4,5). Depois da queda de Adão, existe, no ser
humano, uma natureza, que Paulo denomina de carnal (Rm. 7.18; Gl. 5.16-24) que
se opõe ao espírito. Essa natureza é a vida egocêntrica, a negação ou a
rejeição de Deus, é portanto, uma inclinação, uma tendência, uma predisposição
para o pecado e para deixar de fazer a vontade de Deus.
2. A NATUREZA
DO PECADO
No Antigo Testamento, o pecado significa: 1)
errar o alvo (Gn. 4.7), isto é, ser achado em falta diante de Deus; 2) egoísmo
que leva os homens a oprimirem seus semelhantes (Gn. 6.11; Ez. 7.23; Pv.
16.29); 3) transgressão contra a Lei da Santidade (Sl. 37+38; 51.13; Is.
53.12). No Novo Testamento, o pecado é: 1) uma dívida (Mt. 6.12) a qual o homem
é incapaz de pagar por si mesmo; 2) iniquidade, que literalmente, é desordem (I
Jo. 3.4); 3) desobediência (Hb. 2.2; Lc. 8.18); 4) transgressão, ou ir além do
limite estabelecido por Deus (Rm. 4.15); 5) queda no padrão de conduta (Ef.
1.7); 6) impiedade, que se concretiza no descaso a Deus e às coisas sagradas
(Rm. 1.18; II Tm. 2.16) e 7) erro – pecados cometidos por ignorância (Hb. 9.7).
3. AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO
Como consequência, o pecado leva o homem a
fragilidade espiritual, na medida em que: 1) acontece uma desfiguração da
imagem divina (Gn. 9.6; Tg. 3.9); 2) a transmissão da natureza pecaminosa aos
descendentes (Sl. 51.5); 3) discórdia interna – disputa interior que leva o
homem à fragmentação do eu (Rm. 7.24); 4) a morte física e espiritual (Gn.
2.17; Rm. 3.23; 6.23). Conforme o relato de Gn. 3, o pecado trouxe
consequências: 1) para a serpente (Gn. 3.14), 2) sobre Satanás (Gn.
3.15); 3) sobre Eva e as mulheres (Gn. 3.16); 4) sobre Adão e os homens (Gn.
3.17-19); 5) sobre toda a humanidade (Gn. 3.20-24).
4. O PECADO NA VIDA DO CRENTE
O crente não está isento de pecar (I Jo.
1.8-10), contudo, seu padrão de vida deve ser andar na luz (I Jo. 1.7). Para
que isso aconteça, precisa meditar na Palavra de Deus (Sl. 119.11). Ao viver em
pecado, o cristão: 1) perde a comunhão com Deus (I Jo. 1.6); 2) é excluído da
comunhão com os irmãos da igreja local (I Co. 5.4-5); 3) recebe a disciplina de
Deus (Hb. 12.6) e, em alguns casos, 4) a morte física (I Co. 11.30). É preciso,
portanto que o crente dê lugar ao arrependimento, confesse o seu pecado a Deus,
e o abandone (I Jo. 1.9).
5. A RESTAURAÇÃO DA HUMANIDADE
O pecado é universal, Paulo é enfático ao
declarar que todos pecaram (Rm. 3.23), mas nem tudo está perdido, pois Deus
preparou um plano para restaurar a humanidade. O mesmo Paulo assegura que o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Jesus Cristo (Rm. 6.23). Essa é uma demonstração da graça de Deus, pois Ele
prova seu amor Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores, e indignos desse favor (Rm. 5.8). Em Jo. 3.16, nos
deparamos com a Bíblia em miniatura, que expressa o plano salvífico de Deus, ao
declarar que Deus amou o mundo de tal maneira que Deus Seu Filho Unigênito para
todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
CONCLUSÃO
O homem foi criado como um ser bom e reto, como
depreendemos da declaração de Gn. 1.26-31, contudo, por transgressão
voluntária, o homem caiu, incorrendo não somente na morte física, mas também na
morte espiritual, isto é, na separação de Deus (Gn. 1.26,27; 2.17; Rm.
5.12-19). Apesar de tudo, podemos ter a certeza que a provisão do Senhor em
Jesus Cristo é suficiente para salvar a todos que nEle confiam, pois Ele, como
bem expressou João Batista, é o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(Jo. 1.29).
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
A doutrina do
pecado é conhecida nos tratados de teologia como Hamartiologia, da palavra
grega hamartia. O estudo se reveste de suma importância porque se trata do
problema básico de todos os seres humanos. Todos os conflitos no mundo e as
confusões existentes na humanidade são manifestações do pecado. Ninguém pode se
livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores da
condenação eterna. O enfoque da presente lição é definir e explicar o pecado,
bem como apresentar o meio divino para a solução humana. [Comentário: Hamartiologia
(hamartia = erro, pecado + logós = estudo), como
sugere o próprio nome, é a ciência que estuda o pecado e as suas origens e
consequências. A doutrina do pecado é uma das mais importantes doutrinas da
teologia cristã, pois ocupa-se a ressaltar a condição que o homem está em
função do pecado, demonstrar sua impossibilidade em agradar a Deus, com o
objetivo de demonstrar que o homem está perdido e abismado em relação a Deus, e
que, sozinho não pode fazer nada para alterar essa realidade. De início,
sabemos que esta é uma das mais difíceis questões em teologia. Deus fez tudo
bom na criação. Então como foi que começou o pecado? Como esta criação boa se
rebelou contra seu Criador? Por quem e como se originou o pecado? Há muita
coisa que não sabemos sobre este assunto. Porém há conclusões necessárias a se
considerar. Ao lermos a narrativa da Criação vemos que Deus ao concluir tudo o
que havia feito, viu que “tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31). Isso
significa que mesmo o mundo angelical que Deus havia criado não possuía anjos
maus nem demônios àquela altura. Mas, quando chegamos a Gênesis 3, percebemos
que Satanás, na forma de uma serpente, tentou Eva para que pecasse (Gn 3.1-5).
Portanto, em um determinado tempo entre os eventos de Gênesis 1.31 e Gênesis
3.1, deve ter havido uma rebelião no mundo angelical, com muitos anjos se
voltando contra Deus e tornando-se maus (leia 2Pe 2.4 e Jd 6).]
I. DEFININDO
OS TERMOS
1. Pecado. Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o
pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução,
rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição,
injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos. Muitos desses termos, e
outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm
1.29-32; Cl 5.19-21). Mas há um termo genérico para designar o pecado com todos
os seus detalhes, chattath, e seu equivalente verbal chattá (pronuncia-se hatá,
com "h" aspirado), que literalmente significa "errar o
alvo" (Jz 20.16). O substantivo derivado desse termo aparece pela primeira
vez no relato do assassinato de Abel por seu irmão Caim: "E, senão fizeres
bem, o pecado jaz à porta" (Gn 4.7). O seu equivalente grego na
Septuaginta e no Novo Testamento é hamartia. Essa palavra na Septuaginta traduz
24 termos hebraicos no Antigo Testamento referentes ao pecado. [Comentário: Etimologicamente
bem explicado acima, cabendo acrescentar apenas que tal como definido pela
Bíblia, o pecado é uma violação do padrão de Deus para o comportamento humano.
Estas palavras acima definidas falam de violar a norma de alguma forma (leia Rm
3.23). Outro termo frequente (parabasis no grego) descreve o
“pecado”, como “transgressão”, que significa ultrapassar os limites
estabelecidos. Ainda outro termo semelhante é paraptoma, que
significa “um passo em falso” ou “uma invasão em terreno proibido.” Duas outras
palavras do Novo Testamento são anomia, que significa “anarquia”, eparanomia,
que significa “a contravenção.” Jesus disse pouco sobre a origem do “pecado”,
exceto ao rastreá-lo ao coração e a vontade humana (Mt 6.22-23; 7.17-19; 18.7;
Mc 7.20-23, Lc 13.34), mas Ele, de forma significativa, definiu o âmbito do
pecado.]
2. Os termos hebraicos awon e
peshá. Há na Bíblia um
repertório amplo que revela o pecado nos seus vários aspectos, mas este espaço
não nos permite uma apresentação exaustiva. O termo hebraico avon,
"iniquidade, perversão", vem de uma raiz que significa
"entortar, torcer", daí a ideia de perverter a lei de Deus. Essa
palavra aparece traduzida em nossas versões como "injustiça" (Gn
15.16), "maldade" (Êx 20.5) e "iniquidade" (Lv 26.40). Já o
verbo avah, de mesma raiz, descreve a natureza do coração da pessoa não
regenerada (Jó 15.5). Isso revela a "vida torta" do pecador. O outro
termo de importância na Hamartiologia do Antigo Testamento é o verbo pashá
"transgredir" ou o substantivo peshá, "transgressão,
delito" (Gn 31.36; 50.17). O ser humano forçou e foi além dos limites que
Deus estabeleceu, e isso faz toda a humanidade, homens e mulheres, errar o alvo
da vida. [Comentário: A
Bíblia utiliza muitas palavras, tanto em hebraico como em grego, para definir o
conceito de pecado, neste tópico são apresentadas duas: Awon –
“Iniquidade” ou “culpa” (1Sm 3.13; Is 53.6; Nm 15.30-31); Pecha –
“Rebelar”, “transgredir” ou “revoltar” (1Rs 12.19; 2Rs 3.5; Sl 51.13; Is 1.2).
Em todas, o sentido geral é: “Afastamento dos padrões estabelecidos por Deus”.
Para conhecer outros termos]
3. O que é pecado? Sabemos que a Bíblia não é um livro de definição, mas de
descrição. Ela "revela a verdade em forma popular de vida e fato",
como bem afirmou um historiador da Igreja Philip Schaff. As Escrituras declaram
que "o pecado é a transgressão da lei" (l Jo 3.4; ARA) e que
"toda iniquidade é pecado" (1 Jo 5.17). Essa declaração é geralmente
conhecida como pecado de comissão, isto é, quando praticamos aquilo que não
deveríamos fazer (Mt 15-3; Rm 5.14). Mas a Palavra de Deus nos ensina ainda que
"aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado" (Tg
4.17). Esse pecado é chamado de omissão, pois consiste em nossa falta de ação
naquilo que deveríamos fazer (Jo 9.41). [Comentário: O pecado não é eterno, pois teve princípio. Os
gnósticos creem em dois princípios eternos: o bem e o mal. A partir da
realidade do pecado algumas formas de pecados podem ser verificadas nas
Escrituras. Uma delas é o pecado de comissão, ou seja, realizar aquilo que é expressamente
condenado por Deus. Os nossos pais, Adão e Eva, foram proibidos de comer do
fruto da árvore do bem e do mal. Entretanto, ainda assim dela comeram. Realizar
conscientemente o que Deus de antemão condenou é um atentado a sua santidade e
justiça (Sl 106.6). O pecado de omissão (Tg 4.17) é outra forma muito comum.
Essa forma de transgredir as leis divinas, muitas vezes, é ignorada entre o
povo de Deus. Porém, as consequências do seu julgamento não serão menores
diante do Altíssimo (Mt 25.31-46). Não é apenas deixando de obedecer a lei
expressa de Deus que incorremos em pecado, mas de igual modo, quando
omitimo-nos de fazer o bem, pecamos contra Deus e a sua justiça (Lc 10.25-37;
Jo 15.22,24).]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A
harmatologia, é uma palavra usada no campo teológico para designar ‘a doutrina
do pecado', incluindo seus aspectos som brios e sua natureza destruidora, tanto
aplicada no campo físico como no campo espiritual, mostrando em cada detalhe
suas disposições hostis contra Deus, os seres e qualquer entidade no mundo da
existência. Em sentido etimológico – a palavra ’pecado conforme se encontra em
nossas versões, vem da palavra hebraica 'hatta'th', do qual origina-se a raiz hebraica 'h a ta ' traduzido na Septuaginta da palavra 'hamartia'. Existem algum as palavras que relatam significados semelhantes
à palavra hebraica hatta' th', como também a palavra
grega 'hamartia'.
Estes termos são aplicados no tempo e
no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas
formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para
descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições
torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa” (PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado, 1. ed. Rio de
janeiro: CPAD, 2012, pp. 13,14).
II. ORIGEM
DO PECADO
1. O pecado no céu. Foi lá que tudo começou. O pecado já havia sido introduzido
no universo quando Adão e Eva foram criados. Antes de acontecer na Terra, o
pecado se originou no céu pelo mau uso do livre-arbítrio. Jesus disse que o
Diabo peca desde o princípio (Jo 8.44). O querubim ungido foi criado perfeito
em sabedoria e formosura, tinha o selo da perfeição (Ez 28.12-15), mas se
rebelou contra Deus (Is 14.12-14). Foi o orgulho e a soberba que fizeram esse
querubim se transformar em Satanás (1Tm 3.6). Ele foi expulso do céu com os
anjos que o acompanharam em sua rebelião (2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7-9). [Comentário: O
pecado não foi criado por Deus. Deus criou tudo bom; não é o Autor do pecado.
Os seres morais não tinham pecado ao serem criados. Satanás foi criado de modo
perfeito e sem pecado (Ez 28.15). “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29). O
pecado não foi o resultado necessário para a finidade. O pecado teve início num
princípio de negação, o que significa que ele não é o resultado de nenhuma
força positiva. Os seres morais foram criados bons, mas não imutáveis e
independentemente bons. Isto os poria em pé de igualdade em relação a Deus;
envolveria o absurdo de Deus criar outro Deus. Somente Deus é imutável e
independente. Não pode haver mais de um Deus, autoexistente, auto-suficiente,
soberano e supremo. Os seres morais, anjos e homem, dependiam de Deus para
continuarem bons. Um poder sustentador deve fluir continuamente de Deus para
que as criaturas morais continuem como foram criadas (Sl 66.9; At 17.28; Cl
1.16-17; Hb 1.3. O pecado teve origem nos anjos. Wayne Grunden afirma que “Satanás
pecou antes de os seres humanos terem caído, como fica evidente no fato de que
ele (na forma de uma serpente) tentou Eva (Gn 3.1-6; 2 Co 11.3). O NT também
nos informa que Satanás “foi homicida desde o princípio” e que ele é ”mentiroso
e pai da mentira” (Jo 8.44). Ele diz igualmente que o Diabo “vem pecando desde
o princípio” (1 Jo 3.8). Em ambos os textos, a frase “desde o princípio” não
sugere que Satanás tenha sido mau desde o tempo em que Deus começou a criar o
mundo (“desde o princípio do mundo”) ou desde o começo de sua existência (“do
princípio de sua vida”), mas sim desde o começo da história do mundo (Gn 3 e
mesmo antes). A característica do Diabo tem sido a de originar o pecado e a de
induzir outros a pecar.”]
2. O pecado no Éden. Adão tinha a permissão de Deus para comer de todas as
árvores do jardim, exceto da árvore da ciência do bem e do mal: "De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal,
dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás"
(Gn 2.16b,17). A advertência foi clara. Quando o casal comeu do fruto proibido,
eles perceberam que estavam nus e procuraram se esconder da presença de Deus
(Gn 3.7,8). Era a ruptura imediata da comunhão com Deus, a morte espiritual. O
próprio Deus anunciou a vinda do Redentor (Gn 3.15) e em seguida pronunciou a
sentença ao casal (Gn 3.16-19) e à sua posteridade. Foi por causa dessa
desobediência que o pecado entrou no mundo e, com ele, a morte (Rm 5.12). Esse
desastre é conhecido como a "Queda da humanidade". [Comentário: “Pelo
que, como por um homem444 entrou o pecado266 nomundo2889,
e pelo pecado, a morte, assim também a morte2288 passou
a todos os homens, por isso que todos pecaram264.”
(Rm 5.12). Paulo começa a fazer aqui uma comparação que não foi concluída senão
nos versículos 18 a 21. A comparação foi interrompida por uma meditação que
continua até o versículo 17. O texto inicia com o termo “portanto”,
nesta versão “Pelo que”, indicando que aquilo que se segue está ligado,
na mente de Paulo, com o que precedeu, pelo que a comparação e o contraste que
ele traça entre Adão e Cristo é sua elaboração teológica do que já havia sido
dito. Paulo salienta a ideia de “um só homem” por toda esta passagem, e
isso indica que ele encarava tanto Adão como Cristo como indivíduos históricos.
O Dicionário STRONG traz: 444 ανθρωπος anthropos:- 1) um ser
humano, seja homem ou mulher; 1a) genericamente, inclui todos os indivíduos
humanos. 266 αμαρτια hamartia:- 1a) não ter parte em; 1b) errar o
alvo; 1c) errar, estar errado; 1d) errar ou desviar-se do caminho de retidão e
honra, fazer ou andar no erro; 1e) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de
Deus, pecado; 2) aquilo que é errado, pecado, uma ofensa, uma violação da lei
divina em pensamento ou em ação; 3) coletivamente, o conjunto de pecados
cometidos seja por uma única pessoa ou várias.2889 κοσμος kosmos:- os
habitantes da terra, homens, a família humana; a multidão incrédula; a massa
inteira de homens alienados de Deus, e por isso hostil a causa de Cristo. 2289
θανατοω thanatoo:- 1) colocar à morte; pela morte, ser liberado do
compromisso de algo; literalmente, tornar-se morto em relação à (algo). 264
αμαρτανω hamartano:- 1) não ter parte em; 2) errar o alvo; 3) errar, estar
errado; 4) errar ou desviar-se do caminho da retidão e honra, fazer ou andar no
erro; 5) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado. Por causa da
Queda, a morte tornou-se uma realidade e toda a criação está sujeita a ela.
"Toda a criação geme" (Rm 8.22), esperando o momento em que
Cristo voltará para libertá-la dos efeitos da morte. ]
3. A universalidade do
pecado. A Bíblia é clara
ao ensinar que herdamos a natureza pecaminosa de Adão (1Co 15.49). Isso passou
a ser conhecido como "pecado original". A Bíblia não mostra como essa
transmissão do pecado de Adão passou a todos os humanos, mas afirma que se
trata de um fato incontestável (Rm 5.12,19). Assim, as Escrituras mostram como
todos nós, homens e mulheres, estamos diante de Deus: "todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). O quadro apresentado é
como segue: todos se extraviaram, não há quem faça o bem (SI 14.1-5; Rm
3.10-12), por isso não há no mundo quem não peque (1Rs 8.46; Ec 7.20). A prova
incontestável da universalidade do pecado é a morte (Rm 5.12). Nem mesmo os
salvos em Cristo estão isentos dessa lei (1 Jo 1.8).0 pecado é um princípio
real e presente na vida de todas as pessoas, desde o ventre materno (SI 51.5;
58.3). A Queda no Éden corrompeu toda a humanidade em todo o seu ser: corpo,
alma e espírito, intelecto, emoção e vontade (Is 1.5, 6; 2 Co 7.1). [Comentário: A
Bíblia ensina que, mesmo que nunca tivéssemos pecado—nunca feito algo
errado—ainda seríamos contados como pecadores diante de Deus. Essa é a doutrina
bíblica do pecado original. Quando você ouve sobre pecado original, a
referência é ao pecado de Adão e ao fato que Deus nos considera responsáveis
por esse primeiro pecado de Adão. Somos tão culpados quanto ele foi dessa
primeira desobediência—tão culpados que fomos punidos assim como ele o foi.
Nascemos em delitos e pecados, sofrendo a penalidade que Deus anunciou no
princípio (Gn 2.17). http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/06/pve-por-que-seria-justo-herdarmos-a-natureza-pecaminosa-de-adao/ A queda do primeiro casal foi devastadora para a
posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo completamente impossível
supor o que tenha sido o conhecimento prático da queda. Como projetar a
experiência da perda da perfeição original? Nada, em nossa existência, serve de
parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o Éden, partimos de nossa realidade
caída e, efetuando alguma modalidade de matemática espiritual, aplicamos o
maior exponencial que a nossa mente pode conceber, e temos um lugar paradisíaco
aos nossos olhos. Todavia, segundo o que afirmam as Escrituras, ainda assim tal
realidade está muito aquém da realidade que aguarda os filhos de Deus: ...mas,
como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co
1.29) Jair de Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da
Criação. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf. A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra
deve ser distinguida do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do
homem, a maldição e o posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que
toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o
reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele
relaciona a origem desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve
como o nosso ancestral comum (At 17.26; Rm 5.12-14). Apocalipse 12.9
identifica a serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.]
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O pecado no Éden, Satanás e a raça humana
“Duas
árvores do jardim do jardim do Éden tinham importância especial. (1) A 'árvore
da vida' provavelmente tinha por fim impedir a morte física. É relacionada com
a vida perpétua, em 3.22.0 povo de Deus terá acesso à árvore da vida no novo céu
e na nova terra (Ap 2.7; 22.2). (2) A 'árvore da ciência do bem e do mal' tinha
a finalidade de testar a fé de Adão e sua obediência à sua palavra. Deus criou
o ser humano como ente moral capaz de optar livremente por amar e obedecer ao
seu Criador, ou desobedecer-lhe e rebelar-se contra a sua vontade.
A
raça humana está ligada a Deus mediante a fé na sua palavra como a verdade absoluta.
Satanás, porque sabia disso, procurou destruir a fé que Eva tinha no que Deus
dissera, causando dúvidas contra a palavra divina. Satanás insinuou que Deus não
estava falando sério no que dissera ao casal. Noutras palavras, a primeira
mentira proposta por Satanás foi uma forma de antinominianismo, negando o
castigo da morte pelo pecado e apostasia. Um dos pecados capitais da humanidade
é a falta de fé na Palavra de Deus. É admitir que, de certo modo. Deus não fala
sério sobre o que Ele diz da salvação, da justiça, do pecado, do julgamento e
da morte. A mentira mais persistente de Satanás é que o pecado proposital e a
rebelião contra Deus, sem arrependimento, não causarão, em absoluto, a separação
de Deus e a condenação eterna.
Satanás,
desde o princípio da raça humana, tenta os seres humanos a crer que podem ser
semelhantes a Deus, inclusive decidindo por contra própria o que é bom e o que é
mau. Os seres humanos, na sua tentativa de serem 'como Deus', abandonam o Deus
onipotente e daí surge os falsos deuses. O ser humano procura, hoje, obter
conhecimento moral e discernimento ético partindo de sua própria mente e
desejos, e não da Palavra de Deus. Porém, só Deus tem o direito de determinar
aquilo que é bom ou mau” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro:CPAD, 1995, pp. 34-36).
III. A
SOLUÇÃO PARA O PECADO
1. Nem tudo está perdido. A Bíblia narra a situação humana descrevendo-a como "mortos em
ofensas e pecados" (Ef 2.1) e que "o salário do pecado é a
morte" (Rm 6.23). Morte significa "separação". Isso começou com
a Queda de Adão e continuou com a sua posteridade (Is 59.2). Mas Deus, em sua
infinita bondade e misericórdia, declara agora que nos "vivificou"
(Ef 2.1a) e que o seu "o dom gratuito [...] é a vida eterna" (Rm
6.23b). A graça está disponível para toda a raça humana (Tt 2.11) e a salvação
em Jesus pode ser encontrada em todos os lugares (At 17.30). [Comentário: “Na verdade que não há
homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque. Eis aqui, o que tão somente
achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias” (Ec
7.20,29). Nenhum homem é justo diante de Deus. O homem não faz o bem e não quer
e não pode. O homem natural está totalmente sem a habilidade de agradar a Deus
- “E não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.40). O pecado é a
maior mazela da humanidade, pois, dele decorre todo o tipo de maldade e
atrocidades que os homens cometem. O texto de Romanos 3.23 diz expressamente
que “o salário do pecado é morte” e seria terrível se terminasse neste
ponto. Mas, pela bondade e misericórdia de Deus, esse versículo continua, e o
restante dele diz: “…mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna por Cristo
Jesus, nosso Senhor.” A salvação é estendida a todos os homens, mas, eles
tem que se conscientizarem que são pecadores e estão destituídos da glória de
Deus (Rm 3.23), e que as condutas que eles praticam no dia-a-dia são ofensivas
ao Criador.]
2. A provisão de Deus. O pecado entrou no mundo por um homem. Adão; assim também a redenção
veio por um homem: "a graça de Deus, o dom pela graça, que é de um só
homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos" (Rm 5.15). A morte de Jesus foi
expiatória, um sacrifício pelos nossos pecados que "Deus propôs para
propiciação pela fé no seu sangue" (Rm 3.25). Expiação diz respeito ao
sacrifício para purificação e ao perdão dos pecados por meio dos sacrifícios
(Lv 4.35; 17.11). A propiciação é o ato que apazigua a ira divina contra o
pecado, satisfazendo a santidade e a justiça de Deus. A expiação realizada pelo
"Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29) é um ato da
graça de Deus em favor de todos os seres humanos (l Jo 2.2). Assim, o Senhor
Jesus é a provisão de Deus para o pecador. [Comentário: No Calvário, a justiça de Deus chega ao seu cumprimento histórico,
através de Cristo e sua missão redentora. A justificação pela fé foi um dos
pilares da Reforma Protestante. A salvação é pela graça mediante a fé e não o
resultado das obras nem mesmo da adição de fé mais obras. Assim sendo, a
salvação não é uma conquista do homem, mas um presente de Deus (Ef 2.8). Não é
uma medalha de honra ao mérito, mas uma manifestação do favor imerecido de
Deus. Martinho Lutero disse: “Esta doutrina é a cabeça e a pedra
fundamental. Por si só, ela gera, alimenta, edifica, preserva e defende a
igreja de Deus. E sem ela, a igreja de Deus não poderia existir nem por uma
única hora”. Martin Lloyd-Jones afirmou que a justificação pela fé “é a
grande doutrina central de todo protestantismo, e vocês descobrirão que em cada
avivamento ela sempre vem na vanguarda”. A igreja cai ou permanece de pé
por causa desta doutrina. Ela é a espinha dorsal de todas as doutrinas
bíblicas. John Piper diz: “Pregar e viver a justificação pela fé glorifica a
Cristo, resgata pecadores desesperados, encoraja santos imperfeitos e fortalece
igrejas frágeis”. Em Romanos 3.21, lemos: “Mas, agora, se manifestou,
sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas”.
Paulo nos mostra como Deus se revelou para alcançar os gentios e judeus. A
justificação é um ato legal, forense e judicial de Deus. É feita no tribunal de
Deus e não em nosso coração. É um ato jurídico ou uma sentença divina na qual
Ele declara perdoado todo pecador que crer em Jesus. Louis Berkhof define: “A
justificação é um ato judicial de Deus no qual Ele declara, baseado na justiça
de Jesus Cristo, que todas as exigências da lei estão satisfeitas com respeito
ao pecador”. A justificação é o contrário de condenação. Ela é um ato único
e legal que remove a culpa do pecado e restaura o pecador à sua condição de
filho de Deus, com todos os seus direitos, privilégios e deveres. A
justificação não ocorre na vida do pecador, não produz mudanças no seu caráter,
mas no Tribunal de Deus. Justificação é uma declaração e santificação é
transformação. Mas, é a partir da justificação que o Espírito Santo inicia no
pecador todo o processo de santificação até a sua glorificação.]
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Lendo
o Antigo Testamento e considerando séria e literalmente a sua mensagem, facilmente
concluiremos que a salvação é um dos temas dominantes, e Deus, o protagonista. O
tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente –
ou ‘semente’ – da mulher esmagará a cabeça da serpente. ‘Este é o protoevangelium, o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle
que restaurará o homem à vida’. Javé salvava o seu povo através de juízes (Jz
2.16,18) e outros líderes, como Samuel (1 Sm 7.8) e Davi (1 Sm 19.5). Javé
livrou até mesmo a Síria, inimiga de Israel, por meio de Naamã (2 Rs 5.1). Não
há salvador à parte do Senhor (Is 43.11)”
(HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal.
1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.
97).
CONCLUSÃO
A única esperança é o Senhor Jesus, o único que
pode nos restaurar a Deus. Restaurar é restituir, e isso se aplica tanto a
possessões e bens (Êx 22.14; Is 58.12; Lc 19.8) como também a pessoas (Jr
30.17). O plano de Deus é restaurar todas as coisas (At 3.21), mas Ele começou
com os seres humanos. Nós estávamos perdidos, como o filho pródigo, e fomos
restaurados a Deus pelo arrependimento (At 3.19; 2 Co 7.10) e pela fé em Jesus
(Rm 5.1). [Comentário: Como
uma pessoa pode se tornar aceitável diante de Deus? A resposta está clara no
Novo Testamento, especialmente nos escritos de Paulo, como a passagem clássica
de Romanos 3.21-25. Nas Escrituras, a justificação é o contrário da condenação.
É a declaração que diz que o pecador que crê é justo, e isso devido à retidão
imputada de Cristo, o “dom da justiça”, conforme lemos em 5.17. Agora a
justiça de Cristo é legalmente considerada como possessão do pecador crente.
Todos os homens são pecadores e necessitam do perdão de Deus. A justiça de Deus
é para todos e sobre todos, judeus e gentios, porque todos erraram o alvo,
deixando de ser conforme o propósito de Deus. Pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus (Rm 3.23). Infelizmente, a palavra portuguesa “justificação”,
originária do latim, dá a ideia de “tornar justo”, no sentido de
produzir justiça no justificado. Mas o termo grego original dikaiosyne não
se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma declaração feita
por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados diante de Deus,
ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados por Cristo e na
sua justiça imputada a nós. Em Romanos ficamos sabendo que justo é, portanto,
quem foi declarado livre em processo, não por não ser efetivamente culpado, mas
por ser reconhecido como tal. A doutrina da justificação pela fé é o cerne da
teologia paulina, utilizada especialmente quando em confronto direto com o
ensino judaico, que defendia que o homem encontra a graça de Deus quando cumpre
a vontade divina por meio da lei. É somente pela fé na eficácia do sacrifício
de Cristo na cruz que o homem pode ser considerado justo diante de Deus. Paulo
chama a atenção aos gálatas por desprezarem este sacrifício e misturar a
justificação com a santificação, confiando nas obras de justiça (Gl 1.6,9), o que
Paulo chama de “outro evangelho”. Cuidemos para que não caímos no mesmo erro.] “...
corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa
Disponível no blog:
auxilioebd.blogspot.com.br
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