SUBSÍDIO I
“A democracia é a pior forma de governo, exceto todas
as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos” – frase atribuída a
Winston Churchill. Dizem alguns filósofos que a história da humanidade
pode se resumir na luta pelo poder. Ou como disse Karl Marx: “A
história de toda a sociedade até aos nossos dias nada mais é do que a história
da luta de classes”. Se Churchil e Marx estão certos, esta não é a
discussão que desejamos levantar aqui – é bom lembrar que Churchil e
Marx são cosmovisões completamente distintas uma da outra, conservadorismo
x socialismo. Entretanto, desde Noé e sua descendência, quando se
começou a estabelecer um governo humano, até os dias contemporâneos, muita
coisa aconteceu. Reinos se levantaram e reinos foram abatidos.
Imperadores chegaram ao poder e imperadores foram retirados do poder.
Os governos deixaram de ser uma pessoa para ser uma Carta Magna, com o
advento das constituições federais. O Estado não é mais o indivíduo, como
disse Luis XV da França (“O Estado sou eu”).
Tudo isso faz parte do plano de Deus para o
governo humano. Nosso Senhor disse: “Nenhum poder terias contra mim,
se de cima te não fosse dado” (Jo 19.11a). Nosso Senhor deixa claro que
todo poder que existe no mundo foi estabelecido por Deus. O apóstolo Paulo
escreveu: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque
não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há
foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1). A ideia bíblica de que a autoridade
foi ordenada por Deus para garantir a ordem e o bom
funcionamento para a sociedade é apresentada nas Escrituras desde
a família de Noé, quando do novo começo da humanidade, passando pela
história de toda civilização humana.
Essa é uma boa oportunidade para refletirmos sobre os
governos atuais que flertam com a ditadura, com a falta de interesse de
desenvolver a educação da nação e a prioridade de proteger o cidadão com
estratégias de segurança pública. São questões atuais e
necessárias para serem refletidas. Ainda em Romanos, o apóstolo Paulo
diz: “Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as
más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor
dela” (13.3). Neste texto, está implícito que o governo, segundo a
perspectiva de Deus e das Escrituras, é para fazer o bem, proteger as
pessoas de bem e fazer justiça a quem for vítima de um algoz que praticar
o mal. Todo poder estabelecido no mundo provém de Deus e prestará
contas a Ele!
Fonte: Revista Ensinador Cristão, ano 16 - nº 64 –
out/nov/dez de 2015.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje daremos continuidade ao tema
anterior, a respeito de Noé e seus filhos, após eles saírem da Arca. O foco
central desta aula será o governo humano, em comparação com o governo de Deus.
Inicialmente destacaremos a responsabilidade do governo humano, bem como suas
limitações. Em seguida, faremos uma incursão sobre o papel do cristão diante
dos governantes. É importante ressaltar, a princípio, a importância de um
posicionamento crítico, considerando a realidade dos diversos partidos
políticos no país, à luz da Palavra de Deus.
1. O GOVERNO
HUMANO NOS DIAS DE NOÉ
Após saírem da Arca, Noé e sua família deveriam
assumir algumas responsabilidades sociais. A primeira delas tinha a ver com a
multiplicação da vida, pois deveriam popular a terra novamente (Gn. 9.18). Ter
filhos continua sendo uma dádiva de Deus, mas é preciso que os pais tenham
acompanhem o crescimento deles. Eles devem ser ensinados no caminho que devem
andar, para que não venham a se desviar dele quando crescerem (Pv. 22.6).
Além disso, deveriam cuidar da natureza, tendo em vista a necessidade de
proteger o habitat (Gn. 9.2-4). A responsabilidade ambiental deve ser alvo de
todo cristão, é preciso evitar a tendência escapista, que se preocupa apenas
com o céu, esquecendo-se de preservar a terra para as futuras gerações. A
violência que deflagrou o dilúvio deveria ser evitada, ressaltando a dignidade
da vida humana. Essa situação parece se repetir nos dias atuais, há pessoas que
banalizam a vida, crimes hediondos são propagados diariamente nos noticiários.
Os cristãos devem adotar sempre uma atitude pela vida, contrariando a cultura
da morte, que prevalece na sociedade atual. Em seguida Deus estabeleceu um
Pacto com Noé, e a sua descendência, prometendo que jamais enviaria outro
dilúvio. A chuva não deveria mais ser motivo de preocupação para a família de
Noé. Mas é importante salientar que por causa do pecado a natureza foi afetada
diretamente pela Queda. Paulo nos lembra de que a natureza geme, na expectativa
pela redenção (Rm. 8.22). Por esse motivo testemunhamos tantos desastres
ambientais. Alguns deles são resultantes da intervenção degradante do ser
humano sobre a natureza.
2. O GOVERNO
HUMANO E O GOVERNO DIVINO
Em I Sm. 8.7-9 lemos que Israel
pediu um rei, demonstrando insatisfação com a atuação do profeta-juiz. Mas o
próprio Deus revelou que a nação não estava preterindo o profeta, mas a Ele
mesmo como governante daquele povo. Esse episódio representa a condição do
governo humano em relação ao governo divino na história da humanidade. Depois
do pecado, o ser humano não quer mais que Deus oriente a sua vida, por isso
escolheu seu próprio caminho. Os governos humanos são permitidos por Deus, na
verdade dEle emana todo o poder e autoridade. A fim de evitar o caos e a
desordem, as autoridades, e as próprias leis, servem para frear os instintos
malévolos do ser humano. O coração do homem é perverso, por isso Deus institui
o governo humano (Gn. 6.5). O governo humano tornou-se necessário, mesmo
apresentado fragilidades. A presença dele pode evitar a anarquia, fazendo com
que cada um faça o que bem entende (Jz. 17.6; 18.1; 19.1). Mas as leis humanas
são incapazes de impor limites às pessoas não regeneradas. Elas apenas
controlam seus desejos perversos, sobretudo quando temem ser punidos. É por isso
que a impunidade pode resultar em indiferença em relação à lei, e a propagação
da corrupção. Contudo, é a graça de Deus que transforma o coração humano (Jr.
31.31-34; Hb. 8.7-13). Nem mesmo a tão propalada educação, nos moldes que
testemunhamos na atualidade, é capaz de favorecer a sociedade as transformações
que necessita. Isso porque os bancos escolares, ao invés de ensinarem valores
para a vida, e que contribuam para a cidadania, estão formando meros
consumidores, e os estimulando a competitividade. As próprias teorias
educacionais precisam ser revistas, precisamos avaliar que pessoas queremos
formar, e quais valores são essenciais para os indivíduos, e para a
sociedade.
3. O GOVERNO
HUMANO E A RESPONSABILIDADE CRISTÃ
Há alguns equívocos, sobretudo
no meio evangélico, em relação ao papel do governo, e a responsabilidade do
cidadão. Isso porque temos uma tendência a centralizar a autoridade
governamental na pessoa do presidente. Mas no ocidente, diferentemente de
alguns governos orientais, somos regidos pelo processo democrático. E neste o
primado é o de que a lei emana do povo, e para o povo, com base na
Constituição. Por essa razão, é bom lembrar que: a autoridade inclui os ramos
do Executivo, Legislativo e Judiciário. Autoridade não é só o presidente da
República e seus ministros, mas os magistrados dos Tribunais Superiores, os
senadores e deputados; autoridade inclui, em uma federação, tanto os órgãos (e
seus ocupantes) da União Federal, como os dos Estados e município
(governadores, secretários, deputados estaduais, desembargadores, prefeitos,
vereadores, juizes, etc.); governo é o conjunto desses órgãos, de seus
ocupantes, com suas diretrizes. A competência e as atribuições desses órgãos
são delimitadas pela Constituição Federal, pelas Constituições Estaduais e
outras Leis Ordinárias e Complementares. Governantes e governados, os quais
devem obediência à lei, que assegura os direitos dos cidadãos, os quais devem
obediência à lei, e não aos governantes, quanto eles a infringem. Um deputado
de oposição é uma autoridade que discorde de outra autoridade: o presidente da
República, por exemplo. Garantindo a democracia a alternativa partidária, a
oposição de ontem, como aconteceu no Brasil, é o governo de hoje; e quando algo
errado for transformado em lei em uma democracia, o cristão poderá tomar duas
atitudes: desobedecer caso a lei atinja o ministério cristão ou a
vida humana (campos de concentração, genocídio, etc.); obedecer, protestando e
lutando, pelos canais legais, para que a lei seja revogada ou alterada, quando
estiver relacionada a valores do reino (liberdade, justiça e paz). Os cristãos
precisam ser esclarecidos a esse respeito, para não adotar uma postura
acrítica, principalmente diante dos descalabros dos governantes. E nesse
sentido que a máxima bíblica se aplica, e quando se fizer necessário, importa
antes obedecer a Deus do que aos homens (At. 5.29).
CONCLUSÃO
Seguindo a orientação de Jesus,
em Mt. 22.21, devemos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. O
cristão deve, entre outras obrigações, pagar impostos, e se for o caso, discordar,
lutando por reformas tributárias. Deve servir às Forças Armadas, quando ele for
um pacifista por dever de consciência, dependendo do país, poderá prestar
serviços cívicos não-militares ou requerer isenção. Deve obedecer à legislação
penal, por sua coincidência com as normas da Palavra (não matar, não furtar,
etc.). E deve obedecer à legislação civil (família, sucessão, comercial, etc.)
e às deliberações de cunho político, em tudo, porém, mantendo-se informado,
analisando, apoiando ou discordando, tendo a revelação divina como crivo
principal.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Deus fez chover sobre a terra por quarenta dias e
quarenta noites. As águas caíram e brotaram em tal quantidade, que vieram a
prevalecer por quase um ano. Veio a perecer, assim, toda a primeira civilização
humana. Enquanto isso, Noé e sua família, na grande arca, vagavam sobre as
águas que, dia a dia, iam diminuindo até que o chão enxuto apareceu.
Já fora do grande barco, os sobreviventes
empreendem uma nova obra civilizatória. E, para tanto, o patriarca recebe
instruções específicas do Senhor, a fim de que ele e seus filhos cumpram-lhe
fielmente a vontade: edificar uma sociedade baseada no amor a Deus e ao
próximo. Uma sociedade que, distanciando-se daquela região, alcançasse os
confins da terra.
Tinha início, naquele momento, o governo humano,
que haveria de perdurar, apesar de tantos dramas e tragédias, até nossos dias. [Comentário: Posto
que o dilúvio foi uma prefiguração do batismo cristão, conforme 1Pe3.20,21, a
saída de Noé e sua família da Arca pode ser tida como seu surgimento das águas
da morte para uma nova vida. Eles prefiguram a nova humanidade que prevalece
sobre o mal (Ap 21.7). Nesta lição, vamos estudar a dispensação do
governo humano. Dispensação é um período de tempo, longo ou
curto, no qual, através de uma lei fixa, Deus prova a humanidade, sob a qual a
humanidade deve ser fiel e obediente para que possa receber as bênçãos
prometida. Este método não só é o mais antigo, más também o mais razoável. A
palavra "dispensação", vem do latim "dispensatio", significando administração,
economia ou mordomia. Isso nos leva a afirmar que em
cada período bíblico Deus está administrando os tempos e as diferentes
revelações manifestadas ao homem. Na Bíblia vamos encontrar sete dispensações:
1. Dispensação da INOCÊNCIA
2. Dispensação da CONSCIÊNCIA
3. Dispensação do GOVERNO HUMANO
4. Dispensação da PROMESSA
5. Dispensação da LEI
6. Dispensação da GRAÇA
7. Dispensação do REINO OU MILENIAL.
A dispensação da consciência terminou em fracasso
porque a humanidade não obedeceu às determinações de sua consciência. Por
desobedecê-la durante um longo período sua consciência se enfermou a tal ponto
que não podia distinguir o bem do mal. Vimos que a raça humana, em virtude de
sua maldade e desobediência, foi destruída pelo Dilúvio. Depois do Dilúvio Deus
dá uma nova oportunidade à humanidade, através de Noé e sua família; esta é a
terceira dispensação, o "Governo Humano", tinha a completa vontade e
liberdade de Deus (Gn 9.1-7), isso incluía a permissão para formar um governo
humano e governar-se a si mesmo. Começou no fim do Dilúvio, durando 427 anos,
até o chamado de Abraão. A dispensação termina com a
humanidade intoxicada com a sua importância (Gn 11.4). O resultado foi o juízo
(vs. 8,9).].
I. UM NOVO COMEÇO
Noé e sua família permanecem a bordo da arca por
quase um ano (Gn 7.11; 8.13). Ao deixarem a embarcação, conscientizam-se de
que, de agora em diante, terão de se deparar com uma realidade inteiramente
nova. [Comentário: A capacitação dos seres humanos por Deus, com esta
autoridade judicial, mostra que estes permanecem diante de Deus como
dominadores (Gn 1.26) e lança fundamentos para o governo pelo Estado (Rm 13.1-7).].
1. Um novo relacionamento com a natureza. Se até aquele momento o homem havia convivido
harmonicamente com a criação, a partir de agora, esse relacionamento será
bastante traumático. Alerta o Senhor que os animais, por exemplo, terão medo e
pavor do ser humano (Gn 9.2). Para combatê-los, haveriam de surgir grandes
caçadores como Ninrode (Gn 10.9).
A natureza deveria ser domada a duras penas, a fim
de que o habitat dos filhos de Noé se fizesse sustentável. Sobre o assunto,
declara o apóstolo Paulo: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo,
geme e suporta angústias até agora” (Rm 8.22 —ARA). No Milênio, porém,
tal situação será revertida (Is 11.6). Por enquanto, todos jazemos sob um
pesado cativeiro. [Comentário: Depois do Dilúvio, Deus deu uma nova chance para a raça humana,
representada na família de Noé. Noé é o novo Adão. Em Gn 7 e 8 testemunhamos a
destruição de toda vida na face da terra, com a exceção de Noé e sua família.
Deus acabou com tudo e todos, para limpar sua terra do mal. Noé achou graça,
obedeceu a Deus, e foi usado grandemente por Deus. O homem passou a ter medo
dos animais (9.2). Gênesis 9.2 parece indicar que antes daquele momento a
convivência entre o homem e os animais tenha sido diferentes do que conhecemos
hoje. Alguns intérpretes se aproveitam da ideia de um possível relacionamento
harmonioso entre o homem e os animais, para explicarem como Noé conseguiu
controlá-los dentro da arca.].
2. Uma nova dieta. Se antes do Dilúvio todos dispunham de uma
dieta vegetal rica e farta, agora teriam de complementá-la com nutrientes
animais. Todavia, deveriam abster-se do sangue (Gn 9.4). Semelhante
recomendação fariam os apóstolos em Jerusalém (At 15.19,20). [Comentário: Além de vegetais para comer, agora recebem a
permissão de comer carne, com certa limitação. Eles não têm permissão de
participar de carne na qual fique sangue. O sangue era símbolo da vida, e no
homem particularmente não tinha de ser tratado de modo leviano. Deus fez o
homem conforme a sua imagem e, por isso, tinha uma condição especial. Contra
comer sangue, veja Gn 9.4. Deus nunca mudou essa determinação (At l5.29). O
sangue sempre foi precioso aos olhos de Deus.].
3. A bênção divina. Reconstruir a sociedade humana era tarefa
nada fácil. Noé e sua família teriam de recomeçar um processo civilizatório
que, por causa da grande inundação, perdera quase dois mil anos de invenções,
descobertas e avanços tecnológicos.
Nessa empreitada, o patriarca e seus filhos
necessitariam da plenitude da bênção divina. Bem-aventurando-os, ordena-lhes o
Senhor: “Mas vós, frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e
multiplicai-vos nela” (Gn 9.7). Não demoraria muito, conforme veremos nas
próximas lições, para que o homem voltasse a progredir e a ocupar os mais
remotos continentes. [Comentário: A
terceira vez que Deus abençoou os seres humanos e lhes ordena serem frutíferos.
As bênçãos de Deus para Noé, de ser fecundo e dominar, se constituem o ato
culminante de Deus na renovação da criação.].
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
Professor para a introdução do primeiro tópico da
lição faça a seguinte indagação: “Quanto tempo durou o dilúvio?”. Ouça os
alunos com atenção e incentive a participação de todos. Explique que “Gênesis 7
e 8 registra detalhes sobre isso. Os animais entraram na arca no dia 10 do mês
dois (7.8,9). A chuva começou sete dias depois (v.11), e o volume de água foi
aumentando até dia 27 do mês três (v.12). A arca não toca a terra até dia 17 do
mês sete (8.4). O cume de montanhas é visto no dia 1º do décimo mês (v.4), e as
portas da arca finalmente são abertas em 1º do mês um (v.13). A terra estava
seca o suficiente para Noé e sua família saírem em 27 do mês dois (v.14), um
ano e dez dias depois que o dilúvio começou” (RICHARDS, Lawrence O.Guia do
Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.30).
“O relato do dilúvio fala-nos, tanto do julgamento
do mal, como da salvação (Hb 11.7). (1) O dilúvio, trazendo a total destruição
de toda a vida humana fora da arca, foi necessário para extirpar a extrema
corrupção moral dos homens e mulheres e para dar à raça humana uma nova
oportunidade de ter comunhão com Deus. (2) O apóstolo Pedro declara que a
salvação de Noé em meio às águas do dilúvio, seu livramento da morte, figurava
o batismo do cristão” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2005, p.42).
II. O ARCO DE DEUS
Antes do Dilúvio, não havia chuva. Um vapor regava
a terra. A partir de agora, porém, haveria de cair regularmente sobre a terra,
como sinal da bênção divina (Mt 5.45). A pergunta, todavia, era inevitável: “E
se viesse outro dilúvio?”.[Comentário:Há toda uma série de palavras, frases e declarações
que pessoas diversas, inclusive cultas, e até obreiros, citam como se fossem da
Bíblia, quando na verdade não são. Devemos nos precaver para evitar esses
"senões" e impropriedades para com a Palavra de Deus. Aafirmação
de que até o dilúvio não havia chovido sobre a terra é uma destas citações sem
lastro. Isto dizem, tomando por base Gn 2.5,6: “Porque ainda o Senhor Deus
não tinha feito chover sobre a terra (...)”. Discordando do comentarista -
e o leitorexamine as Escrituras e textos auxiliares - o texto de Gn
2.5 refere-se à terra quando ainda não existia as plantas nem o homem. Vemos aí
neste texto que foi antes da criação do homem que a erva não brotava por não
chover, embora havia ali um vapor que não resultava no crescimento das plantas.
Isto posto, discordo da posição apresentada, pois, como sabemos, após a criação
do homem, houve um jardim. Caim, filho de Adão, era lavrador e, em certo
momento, ofereceu frutos em sacrifício a Deus. Noé fez a Arca de madeira. Vemos
então que plantas nasceram sobre a terra. Lembremo-nos que haviam dois
requisitos para que as plantas nascessem: lavrador e chuva. Também vamos nos
lembrar que o vapor não tinha capacidade de fazer plantas crescerem. Dessa
forma, está claro que teve de haver chuva antes do Dilúvio. Pura questão de
interpretação de texto].
1. Um novo pacto com a humanidade. Visando acalmar-lhes o espírito, promete-lhes
o Senhor: o mundo não voltará a ser destruído por uma nova inundação. Sem essa
promessa, a descendência de Noé teria desperdiçado seus esforços na construção
de arcas, torres e barragens.
Em sua misericórdia, o Senhor promete: “E eu
convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne
pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra” (Gn
9.11). [Comentário:O substantivo pacto significa, segundo o Novo
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “ajuste”, “convenção” ou “contrato”.
Estes tres substantivos são também usados para definir o significado do
substantivo aliança. Diferentes versões da Bíblia em português usam
os substantivos pacto, aliança, acordo e concerto para traduzir o substantivo
hebraico berith que aparece cerca de 290 vezes no
Antigo Testamento. Para todos esses sinônimos a ideia básica que
encontramos é a união entre duas partes, um pacto ou acordo bilateral.No verso
11, o Senhor diz: “Estabeleço uma aliança”, aquilo que precisamos
tem que vir do céu.A Aliança Noética foi uma aliança incondicional entre Deus e
Noé (especificamente) e Deus e a humanidade (em geral). Depois do dilúvio, Deus
prometeu à humanidade que nunca mais destruiria toda a vida na Terra com um
dilúvio (ver Gênesis capítulo 9). Deus deu o arco-íris como sinal da aliança, a
promessa de que toda a terra nunca mais teria um dilúvio e um lembrete de que
Deus pode e vai julgar o pecado (2 Pedro 2:5).].
2. O sinal do pacto noético. A fim de que a humanidade se lembrasse da
misericórdia de Deus, após cada chuva, o Senhor torna-lhes bem visível o seu
pacto: “O meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre
mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra,
aparecerá o arco nas nuvens” (Gn 9.13,14).
O arco de Deus, seria um fenômeno tão novo como a
chuva regular. Vendo-o a cada chuvarada, os descendentes de Noé poderiam
repousar nos cuidados divinos. [Comentário:“Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e
entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações.”
(9:12). Esta aliança permanecerá em vigor até a época em que nosso Senhor
retornar à terra para purificá-la com fogo (II Pe. 3:10). Toda aliança tem
um sinal que a acompanha. O sinal da aliança Abraâmica é a circuncisão (Gn
17.15-27); o da Mosaica é a observância do Sábado (Êx 20.8-11; 31.12-17). O
“sinal” do arco-íris é bastante apropriado. Ele consiste nos reflexos dos raios
de sol nas partículas de água das nuvens. A mesma água que destruiu a terra
forma o arco-íris. O arco-íris também aparece no final de uma tempestade.
Assim, este sinal assegura ao homem que a tempestade da ira de Deus (no
dilúvio) terminou.].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Peça que os alunos leiam Gênesis
9.9-17. Depois explique que estes versículos “falam do concerto que Deus fez
com a humanidade e com a natureza, pelo qual Ele prometeu que nunca mais
destruiria a terra e todos os seres viventes com um dilúvio (vv.11,15). O
arco-íris foi o sinal de Deus e o memorial perpétuo da sua promessa, no sentido
de nunca mais Ele destruir todos os habitantes da terra com um dilúvio. O
arco-íris deve nos lembrar da misericórdia de Deus e da sua fidelidade à sua
palavra” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.45).
III. O PRINCÍPIO DO GOVERNO HUMANO
Uma nova civilização estava prestes a recomeçar.
Mas, para que alcançasse plenamente os seus objetivos, era imperioso que ela se
formasse sob o império das leis. Por esse motivo, Deus institui o governo
humano.
1. O governo humano. Teologicamente, o governo humano é a
instituição estabelecida por Deus, logo após o Dilúvio, através da qual o
Senhor delega ao homem não somente a governança do planeta, como também a
administração da justiça (Rm 13.1). Essa instituição, sem a qual a civilização
humana seria inviável, pode ser sumariada nesta única sentença divina: “Quem
derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus
fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6).
O Senhor Jesus, ao ratificar esse princípio, foi
enfático ao realçar o lado benevolente e amoroso que deveria reger o governo
humano: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho
também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12). [Comentário:Antes do Dilúvio já havia sobre a terra um sistema
de governo -sugiro ao leitor diferenciar a dispensação do governo humano, que
surgiu com Noé e foi até o chamado de Abraão, do governo civil exercido pelo
Estado, que é o abrangido pelo texto áureo; notemos que Adão foi constituído
governador do Éden, a ele cabia administrar, lavrar e guardar o jardim,
logo depois, vemos surgir as primeiras cidades e povoados, e também de alguma
forma existiam regras de conduta em relação a Deus, para que pudesse ser
possível diferenciar os justos como Abel, Enoque e Noé dos injustos como Caim,
Lameque e etc. Porém, somente após o Dilúvio é que encontramos Deus se
pronunciando de forma direta sobre o relacionamento entre os homens. Deus agora
deu a Noé determinadas leis para governar a raça por elas, e o homem passou a
ser responsável pelo seu próprio governo - lembremos de Hamurabi e seu código
(1.700 a.C.). Algumas dessas leis formaram a base das leis humanas em todas as
eras desde então. Elas são necessárias para punir criminosos, sejam indivíduos
ou nações (Rm 13.1-6; 1 Pe 2.13,14); consequentemente, a aplicação das leis é
necessária bem como a guerra quando uma nação torna-se criminosa (Is 11.4-9;
65.20-25; Dn 2.21; 4.17-25; 5.21; 7.1-25; 8.20-25; 9.24-27;11.2-45; Zc 14; AP
19.11-21). Teologicamente falando, “Governo Humano” é a terceira dispensação e
teve a duração de 427 anos. Iniciou-se logo após o dilúvio e estendeu-se até o
chamado de Abraão quando ele tinha 75 anos de idade (Gn 8.15-16; 18-19;
9.18-19; 11.10-32; 12.1-3). Por conseguinte, não devemos confundir a terceira
dispensação com o governo civil pelo Estado, este possui suas bases naquele,
mas não é a continuidade daquela dispensação.].
2. O aperfeiçoamento do governo humano. Israel teve em vários períodos de sua
história, alguns governos que chegaram a ser perfeitos. Haja vista o reinado de
Ezequias (2Cr 29.1,2). Aliás, esses homens procuraram cumprir a Lei de Moisés,
porque sabiam que nenhum reino poderá ser construído anarquicamente.
Dessa forma, Noé e seus descendentes, sob as novas
regras baixadas pelo Senhor, puderam dar continuidade a história humana, apesar
das lacunas deixadas pelo Dilúvio. [Comentário:Os governos humanos fazem parte de um governo moral de Deus e são
necessários para a preservação da sociedade humana na terra (Rm13.1-2 Rm 13:5-7
I Pe 2:13-14).Os descendentes de Noé cresceram sobre a terra. Todas as
civilizações e impérios que já existiram, partiram do “multiplicai-vos”
ordenado por Deus a Noé e seus filhos. Ao longo da história, a humanidade já
testemunhou ótimos governos, que agiram conforme o padrão moral ordenado por
Deus, como também já foi testemunhado governos tiranos, corruptos e totalmente
manchados pelo pecado e agindo com influências malignas.].
SUBSÍDIO DIDÁTICO
“A Instituição do Governo Humano - No século antediluviano não havia nenhum governo
humano. Todo homem tinha liberdade para seguir ou rejeitar qualquer caminho.
Mesmo rejeitando o Caminho, não havia refreio contra o pecado. O primeiro
homicida, Caim, foi protegido contra um vingador (Gn 4.15). Sucessivos
homicidas (Lameque, por exemplo) exigiram semelhante proteção (Gn 4.23,24).
Durante séculos os homens haviam abusado do amor e da graça de Deus, e gastaram
seu tempo entregues a toda qualidade de pecado e vício. Após o dilúvio, o
caminho, o único Caminho para a vida eterna, ainda permaneceria aberto diante
deles, e cabia-lhes o direito de aceitar ou rejeitá-lo. Mas se o rejeitassem,
continuando desobedientes às leis divinas, eram passíveis de punição imediata
por parte dos seus contemporâneos, pois Deus instituiu um governo terrestre que
serviria de freio sobre os delitos dos ímpios. A ordem divina foi esta: ‘Se
alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu’ (Gn 9.6). A
pena capital é a função de maior seriedade do governo humano, e uma vez que
Deus concedeu ao homem essa responsabilidade judicial, automaticamente todas as
demais funções de governo foram também conferidas. O governo humano, assim
construído, exercendo a prerrogativa da pena capital, foi e é sancionada pelo
próprio Deus como um meio de deter os desobedientes (Rm 13.1-7; 1Tm 1.8-10). A
investidura dessa autoridade e responsabilidade no homem foi uma novidade do novo
pacto de Deus ao homem após o dilúvio.
Em comparação com a aliança adâmica, notamos que
há: 1) maior domínio sobre o reino animal; 2) uma dieta mais ampla; 3) a
promessa de Deus que não mais destruirá toda a carne; 4) e maior repressão
sobre os ímpios, incluindo a prerrogativa da pena capital, que seria ao mesmo
tempo uma ilustração do governo divino” (OLSON, Lawrence N. O Plano
Divino Através dos Séculos:As dispensações que Deus estabeleceu para
Israel, a Igreja e para o mundo. 26ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.69-71).
CONCLUSÃO
O governo humano é uma instituição divina. Foi
deixado pelo Senhor, objetivando levar a civilização a cumprir os seus
objetivos, até que o seu Reino seja instaurado entre nós através de Jesus
Cristo, seu Filho.
Enquanto isso, todos somos exortados a obedecer aos
mandatários e governantes, desde que estes não baixem leis que contrariem a
Palavra de Deus, que está acima de todas as legislações humanas. Por isso, eis
o nosso texto áureo: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). [Comentário:“Deus, o Senhor
supremo e Rei de todo o mundo, para a sua própria glória e para o bem público,
constituiu sobre o povo magistrados civis, a ele sujeitos, e para este fim os
armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos
malfeitores. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da
Palavra e dos Sacramentos ou o poder das chaves do Reino de Deus” (Confissão
de Westminster, capítulo XXIII. 1,3). Pelo fato de o governo civil
existir para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o
uso legal da força para aplicar as leis justas (Rm 13.4). Os crentes devem
reconhecer isso como parte da ordem de Deus. Porém, se o governo civil proíbe
aquilo que Deus exige ou exige aquilo que Deus proíbe, os crentes não devem
submeter-se, e alguma forma de desobediência civil se torna inevitável (At
4.18-31;5.17-29). Temos, ainda, a responsabilidade de exigir que os
governos civis cumpram o seu devido papel. Devemos orar pelos governantes,
obedecer-lhes e estar atentos com relação a eles (1Tm 2.1-4; 1Pe 2.13-14),
lembrando-os de que Deus os estabeleceu para governar, proteger e manter a
ordem.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio
da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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