sexta-feira, 27 de novembro de 2015

LIÇÃO 9: BÊNÇÃO E MALDIÇÃO NA FAMÍLIA DE NOÉ


SUBSÍDIO I
O capítulo 9 de Gênesis, infelizmente, e por muito tempo, foi usado para amaldiçoar outros povos e raças. A “maldição contra Cam”, mais especificamente em relação a Canaã, seu filho, muitas vezes tem sido relacionada às pessoas de raças não-brancas, especialmente às pessoas negras. Logo, essa interpretação tem sido empregada para apoiar a suposta superioridade da raça branca, bem como a justificativa para a escravidão, que era muito comum entre alguns protestantes do passado na região sul dos EUA, na África do Sul no regime do apartheid e em muitos tipos de discriminação. É importante ressaltar esse fato, pois, no Brasil, recentemente, um conhecido pastor midiático trouxe à tona essa interpretação, trazendo grandes problemas e contundentes acusações de preconceito para os que pensam segundo essa corrente equivocada de interpretação bíblica.
Por que não se pode usar a “maldição de Canaã” para justificar, por exemplo, a miséria presente num continente como a África? Ora, em primeiro lugar, é difícil definir os “cananeus” como grupo racial específico, e ao que tudo indica, suas origens foram profundamente diversificadas. Segundo os estudiosos, possivelmente, os cananeus rumaram para a Arábia meridional e central, ao Egito, ao litoral do Mediterrâneo e à costa leste da África. Não se pode falar de um povo cananeu somente, mas de vários povos com cultura específica, língua própria etc: os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, os arqueus, os sineus, os arvadeus, os zemareus, os hamateus e a diversificação das famílias dos cananeus (Gn 10.15-18; cf. 15.18-21).
Nas Escrituras, o relato de Canaã foi exposto para explicar as implicações da conquista da terra de Israel no livro de Josué. De fato, a terra de Canaã, sua cultura e costumes, confrontavam diretamente a vontade e o plano de Deus. Entretanto, a maldição de Noé em relação a Cam, e especificamente ao seu neto Canaã, nada têm a ver com a África e, muito menos, com um recorte racial. Isso precisa ficar bem claro a seus alunos na classe!
Fonte: Revista Ensinador Cristão, ano 16 - nº 64 – out/nov/dez de 2015

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje estudaremos a respeito da profecia de Noé, impetrando maldição e benção sobre os seus filhos. Inicialmente destacaremos a plantação da vinha por Noé, e suas consequências imediatas. Em seguida, como se estabeleceu uma desgraça sobre aquela família. Ao final, destacaremos o cumprimento da maldição de Noé sobre os descendentes de Cam, e as bênçãos sobre Sem e Jafé. Essa também será uma oportunidade para refletir a respeito dos percalços pelos quais as famílias podem passar, bem como sobre o relacionamento entre pais e filhos.

1. NOÉ PLANTA UMA VINHA

Noé estava cumprindo sua missão cultural, trabalhando na agricultura, a fim de sustentar sua família. De certo modo seguiu a profissão do seu pai, Lameque (Gn. 5.28,29), e decidiu plantar uma vinha. A embriaguez sempre foi condenada na Bíblia, principalmente por causa das suas consequências para a vida das pessoas (Pv. 20.1; 23;19-21; Is. 5.11; Hc. 2.15; Rm. 13.13; I Co. 6.10; Ef. 5.18). Os israelitas não eram proibidos de tomar vinho com moderação, na verdade esse era considerado uma benção (Sl. 104.14,15; Dt. 14.26) e era usado também nos sacrifício (Lv. 23.13; Nm. 28.7). Isso, no entanto, não deve servir de estímulo para o consumo indiscriminado de vinho. Além disso, há pessoas que o melhor a fazer é manter distância, e seguindo a orientação de especialista, devem evitar até mesmo o primeiro gole. No caso de Noé, ao que tudo indica, colheu as uvas, as espremeu e depois aguardou que elas fermentassem. Ele fez algo que lhe trouxe vergonha, não apenas pela embriaguez, mas também por ter ficado nu. A pessoa que se entrega aos vícios acaba por fazer coisas fora do senso, que lhes colocarão em situações embaraçosas. É comum ver pessoas assumindo papeis vergonhosos por causa de bebidas alcoólicas. É lamentável que Noé, mesmo sendo reconhecido como o pregoeiro da justiça, e sobrevivido graciosamente ao dilúvio, tenha se colocado em uma situação vergonhosa. Uma das provas da veracidade da Bíblia é a sua honestidade em relação aos pecados dos homens e mulheres de Deus. Narrativas desse tipo estão registradas para que não venhamos a incorrer nos mesmos erros (I Co. 10.6-13).

2. A MALDIÇÃO DE NOÉ SOBRE CANAÃ

Quando Noé estava embriagado e nu em sua tenda, um dos seus filhos, Cam, entrou na tenda do pai, e o viu naquela situação. É possível que tenha se divertido ao vê-lo naquela condição deplorável. E mais que isso, tenha chamado seus irmãos para fazer o mesmo. A desonra de Cam antecipa o mandamento que viria a ser dado a Deus através de Moisés posteriormente, em relação à importância de honrar os pais (Ex. 20.12). Sem e Jafé, ao invés de seguirem o exemplo negativo do irmão, não quiseram humilhar o pai, antes o cobriram. Eles entraram de costas na tenda e cobriram o corpo nu do velho patriarca (Gn. 9.23). Há filhos que desonram seus pais, colocando-os em condições vergonhosas. Outros, porém, cuidam dos seus pais, com orgulho, e os preservam, principalmente na velhice. Em meio a essa sociedade utilitária, marcada pelo pragmatismo, é importante que os filhos não descartem seus pais. Por causa da humilhação imposta a Noé pelo seu filho Cam, este foi amaldiçoado. Na verdade, ele profetizou o futuro da descendência de Cam. O patriarca predisse três vezes que o filho de Cam se tornaria escravo, e seria servo desprezível. Na verdade, os cananeus vieram a ser um povo conquistado pelos israelitas, e se tornou instrumento de opróbrio (Gn. 15.18-21; Ex. 3.8, 17; Nm. 13.29; Js. 3.10; I Rs. 9.20). É importante ressaltar que a descendência de Cam nada tem a ver com a raça negra, como quiseram interpretar alguns racistas do passado. Essa foi uma visão equivocada, pautada no preconceito, para causar segregação.

3. AS IMPLICAÇÕES DA PROFECIA DE NOÉ

Em suas palavras Noé não apenas profetizou maldição, mas também bênçãos sobre o restante da sua família. Sem recebeu a promessa de que seria enriquecido por Deus, e se tornaria uma pessoa próspera. Da sua família viria Abraão, que se tornaria o pai de uma grande nação (Gn. 11.10-32). Mesmo sendo o segundo filho de Noé, Sem acabou tomando a primazia, por isso é comumente citado em primeiro lugar (Gn. 5.32; 6.10; 9.18; 10.1; I Cr. 1.4). Essa é uma demonstração do que acontece quando um filho se coloca debaixo da benção do pai. Os filhos desobedientes trazem para si a desgraça, muitos estão morrendo mais cedo do que deveriam, por causa da rebeldia (Ef. 6.1-4). Essa também é uma demonstração da graça de Deus, que necessariamente não abençoa o primogênito, mas aquele a quem Lhe apraz. Isso aconteceu com Abel (Gn. 4.4,5), Isaque (Gn. 17.15-22) e Jacó (Gn. 25.19-23). Em relação a Jafé, esses ficaram à sombra do seu irmão, e recebeu a benção através dele. Na verdade, este viria a dar origem aos gentios, que também foram agraciados por Deus. Nós também estamos na “tenda de Sem”, na medida em que Israel foi escolhido para ser “luz para os gentios” (Is. 42.6; 49.6). Não podemos esquecer que a salvação vem dos judeus (Jo. 4.22), e que o próprio Jesus era um judeu. Através de Jesus fomos agraciados pelo Deus de Abraão, Isaque e Jacó, tendo Ele trazido luz para os gentios (Lc. 2.32), que foi propagada pelos apóstolos a todos os povos (At. 1.8). A igreja continua tendo a responsabilidade de levar essa boa nova a todos as nações (Mt. 28.18,19).

CONCLUSÃO

As palavras de Noé, proferidas aos seus filhos, podem ser consideradas benção e maldição, e também profecias. Essas se cumpriram cabalmente na história de Sem, Jafé e Cam, e em relação a esse último, por ter humilhado ao seu pai, trouxe sobre si a desgraça. Estejamos, pois atentos às bênçãos de Deus, e não nos apartemos das nossas responsabilidades, sempre sóbrios e dispostos a levar o evangelho de Jesus até os confins da terra, no poder do Espírito Santo (At. 1.8).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A história de Noé e de sua família não se encerra com sua saída da Arca. Houve um fato triste que trouxe julgamento a um de seus descendentes, e a futura divisão das terras do novo mundo. Esta lição nos mostra o quanto devemos ensinar nossos filhos sobre o respeito para conosco, e o preço que se paga por não se ter o devido cuidado no tocante à  embriaguez, mesmo para aqueles que já nasceram de novo. Se por um lado a Bíblia nos adverte sobre o mau uso do vinho, do qual o crente deve se abster, por outro lado nos é dito sobre a consequência da bebida e do deboche no lar de pessoas que conhecem a Deus. Portanto, eduquemos a nós mesmos e aos nossos filhos.  [Comentário: Logo depois do dilúvio, uma ordem renovada é estabelecida. A fidelidade de Noé, que ocasionou a sua libertação, é agora manifesta numa expressão de culto a Deus quando ele desembarca da Arca e logo oferece ao Senhor um sacrifício agradável e Deus o abençoou, a Noé e seus filhos, Jafé (o mais velho), Sem (o do meio) e Cam (o mais jovem). Deus lhes ordena o mesmo que a Adão: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra". Foi-lhes dado domínio sobre todos os animais e permissão de matar e comer, mas foi-lhes avisado para não beber do sangue. Deus deu a Noé o governo de toda a terra. Depois disso, Noé plantou uma vinha, fez vinho e embebedou-se. Seu ato trouxe grande tristeza sobre sua descendência, pois Cam pecou contra seu pai, durante a bebedeira. Isso trouxe uma maldição sobre ele e sua descendência por todas as gerações vindouras.]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?

I. A VINHA DE NOÉ

Adaptando-se já à nova realidade, Noé faz-se lavrador e planta uma vinha (Gn 9.20). Do fruto desta, fermenta um vinho tão inebriante que o levou a escandalizar toda a família. O episódio serve-nos de grave advertência.

1. A destemperança do patriarca. Embriagado, o patriarca desnuda-se em sua tenda, indiferente à censura que poderia sofrer da esposa, filhos e netos (Gn 9.21).  Se não vigiarmos, o mesmo ocorrerá conosco. Eis por que, devemos agir com sobriedade em todas as instâncias da vida. Não foi sem razão que Paulo recomendou aos obreiros a abstinência de bebidas alcoólicas (1 Tm 3.3). Um bêbado, ainda que nascido de novo, age sempre de forma inconsequente. [Comentário: As Escrituras veem o vinho favoravelmente, isso inferimos de textos como Nm 15.5-10; Dt 14.26; Sl 104.15 e Jo 2.1-11, e ao mesmo tempo, advertem sobriamente do seu perigo (Is 5.22; Pv 21.17; 23.20-21, 29-35; Is 28.7), particularmente no desleixo moral exemplificado pela autoexposição (Lm 4.21; Hc 2.15). Os nazireus, sacerdotes exercendo o ofício e governantes tomando decisões deveriam se abster do vinho (Nm 6.3,4; Lv 10.9; Pv 31.4-5). Noé embriagado, desnuda-se e assim como Adão, o cabeça original da raça humana, pecou no comer (Gn 3.6), Noé, o cabeça da raça pós-diluviana, pecou no beber. A exposição da nudez é desmoralizante publicamente (2Sm 6.16) e incompatível com uma vida na presença de Deus. Alguns sugerem vários tipos de males que tiveram lugar na tenda de Noé. Enquanto a linguagem empregada pode deixar espaço para certos pecados sexuais (Lv 18), pessoalmente não encontro nenhuma razão para presumir qualquer má conduta por parte de Noé, além da indiscreta bebedeira e sua consequente nudez. A posição exegética de que o pecado de Cam e Canaã tenha sido contemplar de modo desrespeitoso a nudez do pai, encontra sua confirmação no versículo 25 que atesta que Sem e Jafé, para não recair no mesmo erro. Talvez a melhor descrição para a conduta e condição de Noé seja a palavra “impróprio”. Também não há como interpretar como um ato homossexual entre Cam e seu pai. Note ainda, que a referência utilizada pelo comentarista para afirmar que Paulo “recomendou aos obreiros a abstinência de bebidas alcoólicas” (1Tm 3.3), na verdade, o termo “dado ao vinho” sugere alguém “viciado”, e não se trata de recomendação mas de uma exigência! – “Convém, pois, que...” “Convém” é verbo intransitivo e indica ação ou fato.].

2. A irreverência de Cam. O destempero de Noé é flagrado por seu filho, Cam. Ao invés de calar-se e, discretamente, resguardar a honra do pai, saiu a depreciar-lhe a imagem (Gn 9.22). Ao que parece, ele não era muito diferente daqueles que pereceram no dilúvio. Mais tarde, atitudes como as de Cam seriam arroladas como faltas graves pela Lei de Moisés (Lv 18.7). Não entreguemos o faltoso ao vitupério. Se agirmos com amor, poderemos recuperá-lo plenamente (Tg 5.20). Doutra forma, perderemos almas mui preciosas aos olhos de Deus. Lembremo-nos da recomendação de nosso Senhor, de buscar a reconciliação  (Mt 18.15-18). [Comentário: Fitar a nudez alheia, seja com lascívia ou com desdém, é moralmente errado. O olhar malicioso e desdenhoso de Cam a seu pai, a quem ele deveria ter reverenciado, era particularmente repreensível (Êx 21.15-17). Se já é errado divulgar o pecado de outrem (Pv 10.12), muito mais ainda o do próprio pai. A história condena ainda a falta de respeito aos pais. O pecado de Cam consistiu em não honrar, nem respeitar seu pai; ao invés de cobri-lo, ele expôs a sua condição deplorável. Noé lança uma maldição que foi direcionada não para seu filho Cam que o teria visto naquela situação desnudo e sim, ao seu neto, filho mais novo de Cam, de nome Canaã. Talvez Canaã estivesse de alguma maneira envolvido no pecado de Cam, ou tivesse os mesmos defeitos de caráter do seu pai. A maldição prescrevia que os descendentes de Canaã (os quais não eram negros) seriam oprimidos e controlados por outras nações. Por outro lado, os descendentes de Sem e Jafé teriam a benção de Deus (vv. 26,27). Essa profecia de Noé era condicional à todas as pessoas a quem ela foi dirigida. Qualquer descendente de Canaã que se voltasse para Deus receberia, também, a bênção de Sem (Js 6.22-25; Hb 11.31); mas também quaisquer descendentes de Sem e de Jafé que se desviassem de Deus teriam a maldição de Canaã (Jr 18.7-10).].

3. O respeitoso gesto de Sem e Jafé. Diante da atitude irreverente e maldosa do irmão mais novo, Sem e Jafé tomaram "uma capa, puseram-na sobre ambos os seus ombros e, indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai; e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai" (Gn 9.23). Ajamos como Sem e Jafé, e muitos escândalos serão evitados no arraial dos santos. Isso não significa que os pecados serão acobertados. Todavia, o pecador tem de ser tratado com dignidade, a fim de que venha a experimentar plena restauração. Como gostaríamos de ser tratados em semelhantes circunstâncias? Sem e Jafé agiram amorosa e nobremente. [Comentário: Ao contrário de Cam e Canaã, Sem e Jafé evitaram cuidadosamente de incidir no mesmo equívoco de seu irmão e sobrinho (v.23). Ao despertar do sono e recuperar-se da embriaguez, Noé toma conhecimento dos atos de seus filhos, e seguindo a tradição do seu tempo pronuncia maldições e bênçãos segundo o agir de cada um deles.].
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Noé era um lavrador da terra, como fora Caim. Cuidar de plantas se tornou sua grande paixão e entre elas estava a videira. Esta é a primeira vez que a produção de vinho é aludida na Bíblia, e é significativo que esteja ligada a uma situação de desgraça.

Noé pode ter sido inocente, não conhecendo o efeito que a fermentação causa no suco de uva nem o efeito que o vinho fermentado exerce no cérebro humano. Isto não impediu que a vergonha entrasse no círculo familiar. Perdendo os sentidos, Noé tirou a roupa e se deitou nu. A nudez era detestada pelos primitivos povos semíticos, sobretudo pelos hebreus que a associavam com a libertinagem sexual (cf. Lv 18.5-19; 20.17-21; 1 Sm 20.30)" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 42).

II. O JUÍZO DE NOÉ SOBRE A IRREVERÊNCIA DA CAM

Já passada a embriaguez, Noé toma conhecimento do que lhe fizera o filho mais novo. Todavia, sendo um homem justo, não poderia deixá-lo sem disciplina. [Comentário:Deuteronômio 27.16 reforça a reação de Noé após despertar da embriagues: “Maldito quem desonrar o seu pai ou a sua mãe”. Na antiga sociedade hebraica, ver a nudez de pai ou mãe era considerado uma calamidade social grave, e um filho ou filha ver tal nudez propositadamente era um lapso sério da moralidade entre pais e filhos. De acordo com os padrões da época, Cam errou gravemente, como se não bastasse, correu até seus irmãos, fazendo do incidente um motivo de zombaria].

1. A maldição de Canaã. O patriarca castiga indiretamente a Cam, lançando sobre o filho deste uma pesada maldição: "Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos" (Gn 9.25).  À primeira vista, parece que o patriarca condena os cananeus à servidão. Mas o caso era bem mais grave. Eles seriam punidos com a perda de suas terras aos filhos de Abraão, o mais notável descendente de Sem, depois de Jesus Cristo.

Quanto aos demais filhos de Cam, haveriam de construir grandes e admiráveis civilizações como a egípcia e a etiópica (Gn 10.6). Aliás, o Egito foi um poderoso e culto império, acerca do qual há uma profecia maravilhosa (Is 19.18-25). [Comentário: Cam teve outros filhos além de Canaã (Cuxe, Mizraim e Pute – Gn 10.6), a maldição foi especificamente para Canaã e seus descendentes, isto é, os cananeus da Palestina, e não Cuxe e Pute, que provavelmente se tornaram os ancestrais dos etíopes e dos povos negros da África bem como, dos líbios. O cumprimento dessa maldição fez-se à época da vitória de Josué (1400 a.C.) e também na conquista da Fenícia e dos demais povos cananeus pelos persas. O Blog Voltemos ao Evangelho publicou um artigo do Pastor americano John Piper, onde ele afirma que “Primeiro, Noé toma essa ocasião do pecado de seu filho Cam e a usa para fazer uma predição sobre a prosperidade do filho mais novo de Cam, Canaã. Basicamente a predição é que os cananitas eventualmente seriam subjugados pelos descendentes de Sem e Jafé. [...] Cam tinha quatro filhos de acordo com Gênesis 10.6. “Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã”. Ora, em termos gerais, Cuxe é provavelmente o ancestral dos povos da Etiópia; Mizraim é o ancestral dos egípcios; e Pute é o ancestral dos povos do norte da África, os líbios. Mas Canaã é o único dos quatro filhos que não é ancestral de povos africanos. Gênesis 10.15–18 cita os descendentes de Canaã: “Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete, e aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, aos heveus, aos arqueus, aos sineus, aos arvadeus, aos zemareus e aos hamateus”. Todos esses povos eram habitantes de Canaã e proximidades, não da África. E a predição de Noé se tornou verdade quando as nações cananitas foram expulsas pelos israelitas por causa de sua perversidade (Deuteronômio 9.4–5). Então a maldição não recai sobre os povos africanos, mas sobre os cananitas. Segundo, a nação predita de Noé não dita como o povo de Deus deve tratar cananitas individuais. Por exemplo, cinco capítulos depois, em Gênesis 14.18, Abraão, descendente de Sete, encontra um cananita nativo chamado Melquisedeque, que era homem justo e “sacerdote do Deus Altíssimo”, e que abençoou Abraão. Abraão deu a ele o dízimo dos seus espólios. Então nem mesmo o fato de que Deus ordena julgamento sobre nações perversas dita a nós como devemos tratar indivíduos nas mesmas nações. Terceiro, em Gênesis 12, Deus coloca em ação um grande plano de redenção para todas as nações, para resgatá-las dessa e de qualquer outra maldição de pecado e julgamento. Ele chama a Abrão para todas as nações e faz uma aliança com ele e promete: Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”. “Todas as famílias da terra” inclui as famílias cananitas. Então o que vemos é que, com Abraão, Deus está colocando em ação um plano de redenção que derruba cada maldição sobre qualquer pessoa que recebe a bênção de Abraão, a saber, o perdão e a aceitação de Deus que vem através de Jesus Cristo, a semente de Abraão (Gálatas 3.13–14)”. Disponível em: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/11/os-africanos-nao-sao-descendentes-de-canaa-nem-estao-sob-maldicao-de-noe/].

2. A bênção de Sem e Jafé. Ao galardoar a atitude respeitosa e reverente de Sem e Jafé, o patriarca concede-lhes uma bênção eterna: "Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo" (Gn 9.26,27).

A irreverência e o deboche vêm destruindo muitos jovens promissores. A sociedade atual caracteriza-se pela insolência e por uma irreverência sem limites. Que tais coisas não nos invadam as igrejas, pois santidade convém à casa de Deus (Sl 93.5).

Eduquemos nossos filhos e netos, para que não sejam amaldiçoados e venham a perder a herança que lhes reservou o Senhor. Quem ama instrui, educa e disciplina. [Comentário: Notemos agora a beleza exegética da bênção sobre Sem: “Para Sem o nome divino usado é YHWH El enquanto para Jafé é Elohîm. Os dois nomes são significativos dentro do contexto da promessa messiânica a Sem. O texto não diz “Bendito seja Sem”, mas “Bendito seja YHWH El de Sem”, isto é, “YHWH será tanto o Deus quanto a bênção de Sem”! É aos descendentes de Sem que é confiada a Aliança e o conhecimento do Senhor e é através dela que o Messias é dado ao mundo!” A bênção de Jafé está subordinada a de Sem: “habite ele nas tendas de Sem”, o que equivale a dizer que Jafé e Sem teriam relações diplomáticas amigáveis! Todavia, Elohîm engrandeceria a Jafé de tal forma que Canaã lhe seria servo (v.27). Além de Canaã receber a sua sentença imprecatória, esta foi reforçada em cada bênção pronunciada a seus irmãos. Os cananitas seriam escravos tanto dos semitas (linhagem judaica) quanto dos jafetitas (povos indo-europeus)].

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Recuperando os sentidos, Noé ficou sabendo do que aconteceu e falou com seus filhos. Ele deixou Cam sem bênção e concentrou sua reprimenda em Canaã, cujos descendentes historicamente se tornaram um povo marcado por moralidades sórdidas e principalmente fonte de corrupção para os israelitas. A adoração Cananéia de Baal desceu às mais baixas profundezas da degradação moral. Embora os cananeus obtivessem certo poder, como os fenícios, pelo tráfico marítimo no Mediterrâneo, eles nunca conseguiram se tornar grande nação. Quase sempre foram dominados por outros povos" (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 52).

III. CUMPRE-SE A MALDIÇÃO DE CANAÃ

Noé não se limitou a abençoar a Sem e a Jafé, nem a amaldiçoar a Cam. O patriarca, na verdade, definiu o futuro messiânico de seus filhos. Passados aproximadamente 700 anos, sua profecia começa a cumprir-se. 

1. Canaã perde a sua herança. Cam, através de seu caçula, Canaã, não demorou a ocupar toda a terra que, no tempo de Josué, seria conquistada pelos hebreus. As possessões cananitas iam de Sidom, passando por Gerar e Gaza, até Sodoma e Gomorra (Gn 10.19). Sim, os sodomitas também eram descendentes de Cam. Tratava-se, de fato, de uma gente tão vil e tão debochada quanto seu patriarca; não demonstrava nenhum temor a Deus. 

Tendo em vista a degradação moral dos descendentes de Canaã, promete o Senhor ao semita Abraão: "À tua semente tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates, e o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu, e o heteu, e o ferezeu, e os refains, e o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu" (Gn 15.18-21). Todas essas nações eram da linhagem de Canaã. [Comentário: É lamentável que passagens como esta sejam usadas para justificar a escravidão. A maldição foi, antes de tudo, profética contra um futuro inimigo do povo de Deus, algo plenamente confirmado pela história posterior dos cananeus. Os cananeus recebem a maldição, não por serem uma raça diferente, mas por causa de sua depravação moral e dos deuses a quem adoravam (Lv 18.2-23). Não nos esqueçamos de Raabe, a mulher Cananéia, que foi integrada ao povo de Deus. Portanto, a maldição de Canaã deve ser interpretada dentro do contexto do Antigo Testamento e identificada como a vitória dos israelitas sobre os cananeus, habitantes da terra prometida. O Pr Esdras Costa Bentho, colunista da CPADNEWS, escreve em seu artigo A Maldição de Noé, a homossexualidade e a raça negra: “Acredita-se que para que a maldição recaísse sobre Canaã, ele tenha participado de alguma forma do desrespeitoso ato de seu pai Cam. Das 63 ocorrências do termo ārar (maldição) no Antigo Testamento, o verbo ocorre por 12 vezes como antônimo do verbo abençoar (bārak), e um desses casos é o versículo 25 do texto em apreço. Seguindo os conceitos anteriores (Gn 3.14, 17; 4.11), o sentido primário é de que Canaã e sua descendência estariam banidos, cercados de obstáculos e sem forças para resistirem seus inimigos tornando-se escravos dos escravos (ebed ‘abādîm). Devemos notar, contudo, que embora Cam tivesse outros filhos além de Canaã (Cuxe, Mizraim e Pute – Gn 10.6), a maldição foi especificamente para Canaã e seus descendentes, isto é, os cananeus da Palestina, e não Cuxe e Pute, que provavelmente se tornaram os ancestrais dos etíopes e dos povos negros da África. O cumprimento dessa maldição fez-se à época da vitória de Josué (1400 a.C.) e também na conquista da Fenícia e dos demais povos cananeus pelos persas. Por fim, não se trata de uma maldição dirigida aos negros africanos como costuma afirmar certos intérpretes. Os canaanitas foram totalmente extintos segundo a posição de vários biblistas e historiadores.” Disponível em:http://www.cpadnews.com.br/blog/esdrasbentho/cultura-crista/41/a-maldicao-de-noe-a-homossexualidade-e-a-raca-negra.html].

2. A bênção de Sem na pessoa de Israel. Depois de uma peregrinação de quarenta anos pelo Sinai, Israel, o ramo messiânico da grande família de Sem, desapossa Canaã daquela terra tão formosa (Js 6.21). Os que lhe escapam à espada, são submetidos a trabalhados forçados (Js 17.13). [Comentário: Gênesis 10.21 a 32 apresenta uma relação de nações oriundas de Sem. A Bíblia é uma grande fonte de informações a respeito das genealogias árabes. E os árabes são um povo semita (descendentes de Sem), tanto quanto os judeus. Concentrando o relato apenas no ramo que deu origem aos judeus a partir de Héber, temos que: a civilização Cananéia era tão corrupta que coexistir com eles seria uma grave ameaça à sobrevivência e ao bem-estar da nação dos hebreus. Israel é o instrumento do julgamento de Deus contra aqueles que se recusaram a honrá-lo.].

3. Jafé participa da bênção de Sem. O Evangelho veio-nos através de Cristo, o mais ilustre dos semitas. Logo após a morte dos apóstolos, porém, foram os filhos de Jafé que se encarregariam de proclamar o Evangelho até os confins da Terra. 

Jafé teve suas possessões alargadas desde a Europa às Américas. E, pela fé em Cristo, habitamos nas tendas de Sem (Gn 9.27). A profecia de Noé cumpriu-se rigorosamente. [Comentário:Os povos descendentes de Jafé foram os povos que conquistaram a Europa e a Ásia, tendo de fato uma “largueza de terras”. Esses povos tornaram-se os ancestrais de grandes nações como: Rússia, Lituânia, Polônia, Alemanha, Grécia, Roma, França, Ilhas Britânicas etc… Mathew Henry comentando a bênção de Jafé escreve: “Alguns entendem estas palavras como se referino totalmente a Jafé, com a finalidade de denotar, em primeiro lugar: A sua prosperidade exterior, que a sua semente seria tão numerosa e tão vitoriosa que eles deveriam ser senhores das tendas de Sem, o que foi cumprido quando o povo judeu, a raça mais iminente de Sem, foi tributário primeiro dos gregos e depois dos romanos, ambos da semente de Jafé. Observe que a prosperidade externa não é uma marca infalível da verdadeira igreja. As tendas de Sem nem sempre são as tendas do conquistador. Ou, em segundo lugar, isto denota a conversão dos gentios, e a entrada deles na Igreja. E então deveríamos entender que Deus persuadiria Jafé (porque este é o significado da palavra), e então, sendo assim persuadido, ele habitaria nas tendas de Sem, isto é, judeus e gentios seriam reunidos no aprisco do Evangelho. Comentário Bíblico Matthew Henry - Antigo Testamento, Volume 1
 Por Henry Matthew].


SUBSÍDIO DIDÁTICO

"Maldito seja Canaã. Quando Noé ficou sabendo do ato desrespeitoso de Cam, pronunciou uma maldição sobre Canaã, filho de Cam (não sobre o próprio Cam). (1) Talvez Canaã tivesse de alguma maneira envolvido no pecado de Cam, ou tivesse os mesmos defeitos de caráter do seu pai. A maldição prescrevia que os descendentes de Canaã (os quais não eram negros) seriam oprimidos e controlados por outras nações. Por outro lado, os descendentes de Sem e Jafé teriam a bênção de Deus (vv. 26,27). (2) Essa profecia de Noé era condicional a todas as pessoas a quem ela foi dirigida. Qualquer descendente de Canaã que se voltasse para Deus receberia, também, a bênção de Sem (Js 6.22-25; Hb 11.310; mas também quaisquer descendentes de Sem e de Jafé que desviassem de Deus teriam a maldição de Canaã (Jr 18.7-10)" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 42).





CONCLUSÃO

A grande lição que podemos extrair do texto que ora estudamos é que devemos agir com amor e cuidado ante nossos irmãos surpreendidos em faltas e pecados. Ajamos com amor, a fim de que sejam recuperados. Assim faria Jesus. Que em nossos arraiais não haja lugar para irreverências nem desrespeitos. Além disso, cuidemos da educação de nossos filhos e netos. Somos responsáveis por suas almas. [Comentário: Alguém já disse, e com razão, que Noé foi o maior evangelista de todos os tempos, porque, embora, ninguém creu em sua pregação, levou para a arca da salvação toda a sua família. Vale a pergunta: “O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua família?” Que sabor tem um homem chegar ao topo da pirâmide e alcançar sucesso em sua vida profissional e financeira e deixar para trás sua família? Nenhum sucesso vale a pena se o preço a pagar é o fracasso da família. Noé não entrou sozinho na arca. Levou sua mulher, seus três filhos e suas três noras. Ninguém de sua família fiou para trás. Todos foram salvos e sobreviveram ao dilúvio. O exemplo de Noé deve nos motivar a lutar por nossa família. Nosso tesouro mais precioso não são os bens que granjeamos, mas a família que temos. Nossos filhos valem mais do que toda a riqueza do mundo. Nossa família merece nossos melhores investimentos e deve ser o alvo das nossas orações mais fervorosas. Nenhum homem pode abrir mão de sua família. Nenhum pai pode desistir de ver seus filhos salvos e seguros dentro da arca da salvação. A salvação dos filhos é mais importante do que o sucesso deles. A salvação da família deve ser o nosso mais alto ideal, a nossa mais intensa luta, a nossa mais doce alegria. (Fonte: Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes). Noé, o “pregoeiro da justiça” é para nós  um exemplo magnífico. Devem imitá-lo na fé inabalável que teve na promessa divina, e na firmeza diante das zombarias de seus contemporâneos que se recusaram a receber sua mensagem.]. NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.



Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

LIÇÃO 8: O INÍCIO DO GOVERNO HUMANO



SUBSÍDIO I

“A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos” – frase atribuída a Winston Churchill. Dizem alguns filósofos que a história da humanidade pode se resumir na luta pelo poder. Ou como disse Karl Marx: “A história de toda a sociedade até aos nossos dias nada mais é do que a história da luta de classes”. Se Churchil e Marx estão certos, esta não é a discussão que desejamos levantar aqui – é bom lembrar que Churchil e Marx são cosmovisões completamente distintas uma da outra, conservadorismo x socialismo. Entretanto, desde Noé e sua descendência, quando se começou a estabelecer um governo humano, até os dias contemporâneos, muita coisa aconteceu. Reinos se levantaram e reinos foram abatidos. Imperadores chegaram ao poder e imperadores foram retirados do poder. Os governos deixaram de ser uma pessoa para ser uma Carta Magna, com o advento das constituições federais. O Estado não é mais o indivíduo, como disse Luis XV da França (“O Estado sou eu”).
Tudo isso faz parte do plano de Deus para o governo humano. Nosso Senhor disse: “Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado” (Jo 19.11a). Nosso Senhor deixa claro que todo poder que existe no mundo foi estabelecido por Deus. O apóstolo Paulo escreveu: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1). A ideia bíblica de que a autoridade foi ordenada por Deus para garantir a ordem e o bom funcionamento para a sociedade é apresentada nas Escrituras desde a família de Noé, quando do novo começo da humanidade, passando pela história de toda civilização humana.
Essa é uma boa oportunidade para refletirmos sobre os governos atuais que flertam com a ditadura, com a falta de interesse de desenvolver a educação da nação e a prioridade de proteger o cidadão com estratégias de segurança pública. São questões atuais e necessárias para serem refletidas. Ainda em Romanos, o apóstolo Paulo diz: “Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela” (13.3). Neste texto, está implícito que o governo, segundo a perspectiva de Deus e das Escrituras, é para fazer o bem, proteger as pessoas de bem e fazer justiça a quem for vítima de um algoz que praticar o mal. Todo poder estabelecido no mundo provém de Deus e prestará contas a Ele!

Fonte: Revista Ensinador Cristão, ano 16 - nº 64 – out/nov/dez de 2015. 

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje daremos continuidade ao tema anterior, a respeito de Noé e seus filhos, após eles saírem da Arca. O foco central desta aula será o governo humano, em comparação com o governo de Deus. Inicialmente destacaremos a responsabilidade do governo humano, bem como suas limitações. Em seguida, faremos uma incursão sobre o papel do cristão diante dos governantes. É importante ressaltar, a princípio, a importância de um posicionamento crítico, considerando a realidade dos diversos partidos políticos no país, à luz da Palavra de Deus.

1. O GOVERNO HUMANO NOS DIAS DE NOÉ

Após saírem da Arca, Noé e sua família deveriam assumir algumas responsabilidades sociais. A primeira delas tinha a ver com a multiplicação da vida, pois deveriam popular a terra novamente (Gn. 9.18). Ter filhos continua sendo uma dádiva de Deus, mas é preciso que os pais tenham acompanhem o crescimento deles. Eles devem ser ensinados no caminho que devem andar, para que não venham a se desviar dele quando crescerem (Pv. 22.6).  Além disso, deveriam cuidar da natureza, tendo em vista a necessidade de proteger o habitat (Gn. 9.2-4). A responsabilidade ambiental deve ser alvo de todo cristão, é preciso evitar a tendência escapista, que se preocupa apenas com o céu, esquecendo-se de preservar a terra para as futuras gerações. A violência que deflagrou o dilúvio deveria ser evitada, ressaltando a dignidade da vida humana. Essa situação parece se repetir nos dias atuais, há pessoas que banalizam a vida, crimes hediondos são propagados diariamente nos noticiários. Os cristãos devem adotar sempre uma atitude pela vida, contrariando a cultura da morte, que prevalece na sociedade atual. Em seguida Deus estabeleceu um Pacto com Noé, e a sua descendência, prometendo que jamais enviaria outro dilúvio. A chuva não deveria mais ser motivo de preocupação para a família de Noé. Mas é importante salientar que por causa do pecado a natureza foi afetada diretamente pela Queda. Paulo nos lembra de que a natureza geme, na expectativa pela redenção (Rm. 8.22). Por esse motivo testemunhamos tantos desastres ambientais. Alguns deles são resultantes da intervenção degradante do ser humano sobre a natureza.

2. O GOVERNO HUMANO E O GOVERNO DIVINO

Em I Sm. 8.7-9 lemos que Israel pediu um rei, demonstrando insatisfação com a atuação do profeta-juiz. Mas o próprio Deus revelou que a nação não estava preterindo o profeta, mas a Ele mesmo como governante daquele povo. Esse episódio representa a condição do governo humano em relação ao governo divino na história da humanidade.  Depois do pecado, o ser humano não quer mais que Deus oriente a sua vida, por isso escolheu seu próprio caminho. Os governos humanos são permitidos por Deus, na verdade dEle emana todo o poder e autoridade. A fim de evitar o caos e a desordem, as autoridades, e as próprias leis, servem para frear os instintos malévolos do ser humano. O coração do homem é perverso, por isso Deus institui o governo humano (Gn. 6.5). O governo humano tornou-se necessário, mesmo apresentado fragilidades. A presença dele pode evitar a anarquia, fazendo com que cada um faça o que bem entende (Jz. 17.6; 18.1; 19.1). Mas as leis humanas são incapazes de impor limites às pessoas não regeneradas. Elas apenas controlam seus desejos perversos, sobretudo quando temem ser punidos. É por isso que a impunidade pode resultar em indiferença em relação à lei, e a propagação da corrupção. Contudo, é a graça de Deus que transforma o coração humano (Jr. 31.31-34; Hb. 8.7-13). Nem mesmo a tão propalada educação, nos moldes que testemunhamos na atualidade, é capaz de favorecer a sociedade as transformações que necessita. Isso porque os bancos escolares, ao invés de ensinarem valores para a vida, e que contribuam para a cidadania, estão formando meros consumidores, e os estimulando a competitividade. As próprias teorias educacionais precisam ser revistas, precisamos avaliar que pessoas queremos formar, e quais valores são essenciais para os indivíduos, e para a sociedade.

3. O GOVERNO HUMANO E A RESPONSABILIDADE CRISTÃ

Há alguns equívocos, sobretudo no meio evangélico, em relação ao papel do governo, e a responsabilidade do cidadão. Isso porque temos uma tendência a centralizar a autoridade governamental na pessoa do presidente. Mas no ocidente, diferentemente de alguns governos orientais, somos regidos pelo processo democrático. E neste o primado é o de que a lei emana do povo, e para o povo, com base na Constituição. Por essa razão, é bom lembrar que: a autoridade inclui os ramos do Executivo, Legislativo e Judiciário. Autoridade não é só o presidente da República e seus ministros, mas os magistrados dos Tribunais Superiores, os senadores e deputados; autoridade inclui, em uma federação, tanto os órgãos (e seus ocupantes) da União Federal, como os dos Estados e município (governadores, secretários, deputados estaduais, desembargadores, prefeitos, vereadores, juizes, etc.); governo é o conjunto desses órgãos, de seus ocupantes, com suas diretrizes. A competência e as atribuições desses órgãos são delimitadas pela Constituição Federal, pelas Constituições Estaduais e outras Leis Ordinárias e Complementares. Governantes e governados, os quais devem obediência à lei, que assegura os direitos dos cidadãos, os quais devem obediência à lei, e não aos governantes, quanto eles a infringem. Um deputado de oposição é uma autoridade que discorde de outra autoridade: o presidente da República, por exemplo. Garantindo a democracia a alternativa partidária, a oposição de ontem, como aconteceu no Brasil, é o governo de hoje; e quando algo errado for transformado em lei em uma democracia, o cristão poderá tomar duas atitudes:   desobedecer caso a lei atinja o ministério cristão ou a vida humana (campos de concentração, genocídio, etc.); obedecer, protestando e lutando, pelos canais legais, para que a lei seja revogada ou alterada, quando estiver relacionada a valores do reino (liberdade, justiça e paz). Os cristãos precisam ser esclarecidos a esse respeito, para não adotar uma postura acrítica, principalmente diante dos descalabros dos governantes. E nesse sentido que a máxima bíblica se aplica, e quando se fizer necessário, importa antes obedecer a Deus do que aos homens (At. 5.29).

CONCLUSÃO

Seguindo a orientação de Jesus, em Mt. 22.21, devemos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. O cristão deve, entre outras obrigações, pagar impostos, e se for o caso, discordar, lutando por reformas tributárias. Deve servir às Forças Armadas, quando ele for um pacifista por dever de consciência, dependendo do país, poderá prestar serviços cívicos não-militares ou requerer isenção. Deve obedecer à legislação penal, por sua coincidência com as normas da Palavra (não matar, não furtar, etc.). E deve obedecer à legislação civil (família, sucessão, comercial, etc.) e às deliberações de cunho político, em tudo, porém, mantendo-se informado, analisando, apoiando ou discordando, tendo a revelação divina como crivo principal.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Deus fez chover sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites. As águas caíram e brotaram em tal quantidade, que vieram a prevalecer por quase um ano. Veio a perecer, assim, toda a primeira civilização humana. Enquanto isso, Noé e sua família, na grande arca, vagavam sobre as águas que, dia a dia, iam diminuindo até que o chão enxuto apareceu.
Já fora do grande barco, os sobreviventes empreendem uma nova obra civilizatória. E, para tanto, o patriarca recebe instruções específicas do Senhor, a fim de que ele e seus filhos cumpram-lhe fielmente a vontade: edificar uma sociedade baseada no amor a Deus e ao próximo. Uma sociedade que, distanciando-se daquela região, alcançasse os confins da terra.
Tinha início, naquele momento, o governo humano, que haveria de perdurar, apesar de tantos dramas e tragédias, até nossos dias. [Comentário: Posto que o dilúvio foi uma prefiguração do batismo cristão, conforme 1Pe3.20,21, a saída de Noé e sua família da Arca pode ser tida como seu surgimento das águas da morte para uma nova vida. Eles prefiguram a nova humanidade que prevalece sobre o mal (Ap 21.7). Nesta lição, vamos estudar a dispensação do governo humano. Dispensação é um período de tempo, longo ou curto, no qual, através de uma lei fixa, Deus prova a humanidade, sob a qual a humanidade deve ser fiel e obediente para que possa receber as bênçãos prometida. Este método não só é o mais antigo, más também o mais razoável. A palavra "dispensação", vem do latim "dispensatio", significando administração, economia ou mordomia. Isso nos leva a afirmar que em cada período bíblico Deus está administrando os tempos e as diferentes revelações manifestadas ao homem. Na Bíblia vamos encontrar sete dispensações:
1. Dispensação da INOCÊNCIA
2. Dispensação da CONSCIÊNCIA
3. Dispensação do GOVERNO HUMANO
4. Dispensação da PROMESSA
5. Dispensação da LEI
6. Dispensação da GRAÇA
7. Dispensação do REINO OU MILENIAL.
A dispensação da consciência terminou em fracasso porque a humanidade não obedeceu às determinações de sua consciência. Por desobedecê-la durante um longo período sua consciência se enfermou a tal ponto que não podia distinguir o bem do mal. Vimos que a raça humana, em virtude de sua maldade e desobediência, foi destruída pelo Dilúvio. Depois do Dilúvio Deus dá uma nova oportunidade à humanidade, através de Noé e sua família; esta é a terceira dispensação, o "Governo Humano", tinha a completa vontade e liberdade de Deus (Gn 9.1-7), isso incluía a permissão para formar um governo humano e governar-se a si mesmo. Começou no fim do Dilúvio, durando 427 anos, até o chamado de Abraão. A dispensação termina com a humanidade intoxicada com a sua importância (Gn 11.4). O resultado foi o juízo (vs. 8,9).].

I. UM NOVO COMEÇO

Noé e sua família permanecem a bordo da arca por quase um ano (Gn 7.11; 8.13). Ao deixarem a embarcação, conscientizam-se de que, de agora em diante, terão de se deparar com uma realidade inteiramente nova. [Comentário: A capacitação dos seres humanos por Deus, com esta autoridade judicial, mostra que estes permanecem diante de Deus como dominadores (Gn 1.26) e lança fundamentos para o governo pelo Estado (Rm 13.1-7).].

1. Um novo relacionamento com a natureza. Se até aquele momento o homem havia convivido harmonicamente com a criação, a partir de agora, esse relacionamento será bastante traumático. Alerta o Senhor que os animais, por exemplo, terão medo e pavor do ser humano (Gn 9.2). Para combatê-los, haveriam de surgir grandes caçadores como Ninrode (Gn 10.9).
A natureza deveria ser domada a duras penas, a fim de que o habitat dos filhos de Noé se fizesse sustentável. Sobre o assunto, declara o apóstolo Paulo: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rm 8.22 —ARA). No Milênio, porém, tal situação será revertida (Is 11.6). Por enquanto, todos jazemos sob um pesado cativeiro. [Comentário: Depois do Dilúvio, Deus deu uma nova chance para a raça humana, representada na família de Noé. Noé é o novo Adão. Em Gn 7 e 8 testemunhamos a destruição de toda vida na face da terra, com a exceção de Noé e sua família. Deus acabou com tudo e todos, para limpar sua terra do mal. Noé achou graça, obedeceu a Deus, e foi usado grandemente por Deus. O homem passou a ter medo dos animais (9.2). Gênesis 9.2 parece indicar que antes daquele momento a convivência entre o homem e os animais tenha sido diferentes do que conhecemos hoje. Alguns intérpretes se aproveitam da ideia de um possível relacionamento harmonioso entre o homem e os animais, para explicarem como Noé conseguiu controlá-los dentro da arca.].

2. Uma nova dieta. Se antes do Dilúvio todos dispunham de uma dieta vegetal rica e farta, agora teriam de complementá-la com nutrientes animais. Todavia, deveriam abster-se do sangue (Gn 9.4). Semelhante recomendação fariam os apóstolos em Jerusalém (At 15.19,20). [Comentário: Além de vegetais para comer, agora recebem a permissão de comer carne, com certa limitação. Eles não têm permissão de participar de carne na qual fique sangue. O sangue era símbolo da vida, e no homem particularmente não tinha de ser tratado de modo leviano. Deus fez o homem conforme a sua imagem e, por isso, tinha uma condição especial. Contra comer sangue, veja Gn 9.4. Deus nunca mudou essa determinação (At l5.29). O sangue sempre foi precioso aos olhos de Deus.].

3. A bênção divina. Reconstruir a sociedade humana era tarefa nada fácil. Noé e sua família teriam de recomeçar um processo civilizatório que, por causa da grande inundação, perdera quase dois mil anos de invenções, descobertas e avanços tecnológicos.
Nessa empreitada, o patriarca e seus filhos necessitariam da plenitude da bênção divina. Bem-aventurando-os, ordena-lhes o Senhor: “Mas vós, frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” (Gn 9.7). Não demoraria muito, conforme veremos nas próximas lições, para que o homem voltasse a progredir e a ocupar os mais remotos continentes. [Comentário: A terceira vez que Deus abençoou os seres humanos e lhes ordena serem frutíferos. As bênçãos de Deus para Noé, de ser fecundo e dominar, se constituem o ato culminante de Deus na renovação da criação.].


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

Professor para a introdução do primeiro tópico da lição faça a seguinte indagação: “Quanto tempo durou o dilúvio?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Explique que “Gênesis 7 e 8 registra detalhes sobre isso. Os animais entraram na arca no dia 10 do mês dois (7.8,9). A chuva começou sete dias depois (v.11), e o volume de água foi aumentando até dia 27 do mês três (v.12). A arca não toca a terra até dia 17 do mês sete (8.4). O cume de montanhas é visto no dia 1º do décimo mês (v.4), e as portas da arca finalmente são abertas em 1º do mês um (v.13). A terra estava seca o suficiente para Noé e sua família saírem em 27 do mês dois (v.14), um ano e dez dias depois que o dilúvio começou” (RICHARDS, Lawrence O.Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.30).
“O relato do dilúvio fala-nos, tanto do julgamento do mal, como da salvação (Hb 11.7). (1) O dilúvio, trazendo a total destruição de toda a vida humana fora da arca, foi necessário para extirpar a extrema corrupção moral dos homens e mulheres e para dar à raça humana uma nova oportunidade de ter comunhão com Deus. (2) O apóstolo Pedro declara que a salvação de Noé em meio às águas do dilúvio, seu livramento da morte, figurava o batismo do cristão” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.42).

II. O ARCO DE DEUS

Antes do Dilúvio, não havia chuva. Um vapor regava a terra. A partir de agora, porém, haveria de cair regularmente sobre a terra, como sinal da bênção divina (Mt 5.45). A pergunta, todavia, era inevitável: “E se viesse outro dilúvio?”.[Comentário:Há toda uma série de palavras, frases e declarações que pessoas diversas, inclusive cultas, e até obreiros, citam como se fossem da Bíblia, quando na verdade não são. Devemos nos precaver para evitar esses "senões" e impropriedades para com a Palavra de Deus. Aafirmação de que até o dilúvio não havia chovido sobre a terra é uma destas citações sem lastro. Isto dizem, tomando por base Gn 2.5,6: “Porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra (...)”. Discordando do comentarista - e o leitorexamine as Escrituras e textos auxiliares - o texto de Gn 2.5 refere-se à terra quando ainda não existia as plantas nem o homem. Vemos aí neste texto que foi antes da criação do homem que a erva não brotava por não chover, embora havia ali um vapor que não resultava no crescimento das plantas. Isto posto, discordo da posição apresentada, pois, como sabemos, após a criação do homem, houve um jardim. Caim, filho de Adão, era lavrador e, em certo momento, ofereceu frutos em sacrifício a Deus. Noé fez a Arca de madeira. Vemos então que plantas nasceram sobre a terra. Lembremo-nos que haviam dois requisitos para que as plantas nascessem: lavrador e chuva. Também vamos nos lembrar que o vapor não tinha capacidade de fazer plantas crescerem. Dessa forma, está claro que teve de haver chuva antes do Dilúvio. Pura questão de interpretação de texto].

1. Um novo pacto com a humanidade. Visando acalmar-lhes o espírito, promete-lhes o Senhor: o mundo não voltará a ser destruído por uma nova inundação. Sem essa promessa, a descendência de Noé teria desperdiçado seus esforços na construção de arcas, torres e barragens.
Em sua misericórdia, o Senhor promete: “E eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra” (Gn 9.11). [Comentário:O substantivo pacto significa, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “ajuste”, “convenção” ou “contrato”. Estes tres substantivos são também usados para definir o significado do substantivo aliança. Diferentes versões da Bíblia em português usam os substantivos pacto, aliança, acordo e concerto para traduzir o substantivo hebraico berith que aparece cerca de 290 vezes no Antigo Testamento. Para todos esses sinônimos a ideia básica que encontramos é a união entre duas partes, um pacto ou acordo bilateral.No verso 11, o Senhor diz: “Estabeleço uma aliança”,  aquilo que precisamos tem que vir do céu.A Aliança Noética foi uma aliança incondicional entre Deus e Noé (especificamente) e Deus e a humanidade (em geral). Depois do dilúvio, Deus prometeu à humanidade que nunca mais destruiria toda a vida na Terra com um dilúvio (ver Gênesis capítulo 9). Deus deu o arco-íris como sinal da aliança, a promessa de que toda a terra nunca mais teria um dilúvio e um lembrete de que Deus pode e vai julgar o pecado (2 Pedro 2:5).].

2. O sinal do pacto noético. A fim de que a humanidade se lembrasse da misericórdia de Deus, após cada chuva, o Senhor torna-lhes bem visível o seu pacto: “O meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens” (Gn 9.13,14).
O arco de Deus, seria um fenômeno tão novo como a chuva regular. Vendo-o a cada chuvarada, os descendentes de Noé poderiam repousar nos cuidados divinos. [Comentário:“Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações.” (9:12). Esta aliança permanecerá em vigor até a época em que nosso Senhor retornar à terra para purificá-la com fogo (II Pe. 3:10). Toda aliança tem um sinal que a acompanha. O sinal da aliança Abraâmica é a circuncisão (Gn 17.15-27); o da Mosaica é a observância do Sábado (Êx 20.8-11; 31.12-17). O “sinal” do arco-íris é bastante apropriado. Ele consiste nos reflexos dos raios de sol nas partículas de água das nuvens. A mesma água que destruiu a terra forma o arco-íris. O arco-íris também aparece no final de uma tempestade. Assim, este sinal assegura ao homem que a tempestade da ira de Deus (no dilúvio) terminou.].


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

Peça que os alunos leiam Gênesis 9.9-17. Depois explique que estes versículos “falam do concerto que Deus fez com a humanidade e com a natureza, pelo qual Ele prometeu que nunca mais destruiria a terra e todos os seres viventes com um dilúvio (vv.11,15). O arco-íris foi o sinal de Deus e o memorial perpétuo da sua promessa, no sentido de nunca mais Ele destruir todos os habitantes da terra com um dilúvio. O arco-íris deve nos lembrar da misericórdia de Deus e da sua fidelidade à sua palavra” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.45).

III. O PRINCÍPIO DO GOVERNO HUMANO

Uma nova civilização estava prestes a recomeçar. Mas, para que alcançasse plenamente os seus objetivos, era imperioso que ela se formasse sob o império das leis. Por esse motivo, Deus institui o governo humano.

1. O governo humano. Teologicamente, o governo humano é a instituição estabelecida por Deus, logo após o Dilúvio, através da qual o Senhor delega ao homem não somente a governança do planeta, como também a administração da justiça (Rm 13.1). Essa instituição, sem a qual a civilização humana seria inviável, pode ser sumariada nesta única sentença divina: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6).
O Senhor Jesus, ao ratificar esse princípio, foi enfático ao realçar o lado benevolente e amoroso que deveria reger o governo humano: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12). [Comentário:Antes do Dilúvio já havia sobre a terra um sistema de governo -sugiro ao leitor diferenciar a dispensação do governo humano, que surgiu com Noé e foi até o chamado de Abraão, do governo civil exercido pelo Estado, que é o abrangido pelo texto áureo; notemos que Adão foi constituído governador do Éden, a ele cabia administrar, lavrar e guardar o jardim, logo depois, vemos surgir as primeiras cidades e povoados, e também de alguma forma existiam regras de conduta em relação a Deus, para que pudesse ser possível diferenciar os justos como Abel, Enoque e Noé dos injustos como Caim, Lameque e etc. Porém, somente após o Dilúvio é que encontramos Deus se pronunciando de forma direta sobre o relacionamento entre os homens. Deus agora deu a Noé determinadas leis para governar a raça por elas, e o homem passou a ser responsável pelo seu próprio governo - lembremos de Hamurabi e seu código (1.700 a.C.). Algumas dessas leis formaram a base das leis humanas em todas as eras desde então. Elas são necessárias para punir criminosos, sejam indivíduos ou nações (Rm 13.1-6; 1 Pe 2.13,14); consequentemente, a aplicação das leis é necessária bem como a guerra quando uma nação torna-se criminosa (Is 11.4-9; 65.20-25; Dn 2.21; 4.17-25; 5.21; 7.1-25; 8.20-25; 9.24-27;11.2-45; Zc 14; AP 19.11-21). Teologicamente falando, “Governo Humano” é a terceira dispensação e teve a duração de 427 anos. Iniciou-se logo após o dilúvio e estendeu-se até o chamado de Abraão quando ele tinha 75 anos de idade (Gn 8.15-16; 18-19; 9.18-19; 11.10-32; 12.1-3). Por conseguinte, não devemos confundir a terceira dispensação com o governo civil pelo Estado, este possui suas bases naquele, mas não é a continuidade daquela dispensação.].

2. O aperfeiçoamento do governo humano. Israel teve em vários períodos de sua história, alguns governos que chegaram a ser perfeitos. Haja vista o reinado de Ezequias (2Cr 29.1,2). Aliás, esses homens procuraram cumprir a Lei de Moisés, porque sabiam que nenhum reino poderá ser construído anarquicamente.
Dessa forma, Noé e seus descendentes, sob as novas regras baixadas pelo Senhor, puderam dar continuidade a história humana, apesar das lacunas deixadas pelo Dilúvio. [Comentário:Os governos humanos fazem parte de um governo moral de Deus e são necessários para a preservação da sociedade humana na terra (Rm13.1-2 Rm 13:5-7 I Pe 2:13-14).Os descendentes de Noé cresceram sobre a terra. Todas as civilizações e impérios que já existiram, partiram do “multiplicai-vos” ordenado por Deus a Noé e seus filhos. Ao longo da história, a humanidade já testemunhou ótimos governos, que agiram conforme o padrão moral ordenado por Deus, como também já foi testemunhado governos tiranos, corruptos e totalmente manchados pelo pecado e agindo com influências malignas.].
  
SUBSÍDIO DIDÁTICO

“A Instituição do Governo Humano - No século antediluviano não havia nenhum governo humano. Todo homem tinha liberdade para seguir ou rejeitar qualquer caminho. Mesmo rejeitando o Caminho, não havia refreio contra o pecado. O primeiro homicida, Caim, foi protegido contra um vingador (Gn 4.15). Sucessivos homicidas (Lameque, por exemplo) exigiram semelhante proteção (Gn 4.23,24). Durante séculos os homens haviam abusado do amor e da graça de Deus, e gastaram seu tempo entregues a toda qualidade de pecado e vício. Após o dilúvio, o caminho, o único Caminho para a vida eterna, ainda permaneceria aberto diante deles, e cabia-lhes o direito de aceitar ou rejeitá-lo. Mas se o rejeitassem, continuando desobedientes às leis divinas, eram passíveis de punição imediata por parte dos seus contemporâneos, pois Deus instituiu um governo terrestre que serviria de freio sobre os delitos dos ímpios. A ordem divina foi esta: ‘Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu’ (Gn 9.6). A pena capital é a função de maior seriedade do governo humano, e uma vez que Deus concedeu ao homem essa responsabilidade judicial, automaticamente todas as demais funções de governo foram também conferidas. O governo humano, assim construído, exercendo a prerrogativa da pena capital, foi e é sancionada pelo próprio Deus como um meio de deter os desobedientes (Rm 13.1-7; 1Tm 1.8-10). A investidura dessa autoridade e responsabilidade no homem foi uma novidade do novo pacto de Deus ao homem após o dilúvio.
Em comparação com a aliança adâmica, notamos que há: 1) maior domínio sobre o reino animal; 2) uma dieta mais ampla; 3) a promessa de Deus que não mais destruirá toda a carne; 4) e maior repressão sobre os ímpios, incluindo a prerrogativa da pena capital, que seria ao mesmo tempo uma ilustração do governo divino” (OLSON, Lawrence N. O Plano Divino Através dos Séculos:As dispensações que Deus estabeleceu para Israel, a Igreja e para o mundo. 26ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.69-71).

CONCLUSÃO

O governo humano é uma instituição divina. Foi deixado pelo Senhor, objetivando levar a civilização a cumprir os seus objetivos, até que o seu Reino seja instaurado entre nós através de Jesus Cristo, seu Filho.
Enquanto isso, todos somos exortados a obedecer aos mandatários e governantes, desde que estes não baixem leis que contrariem a Palavra de Deus, que está acima de todas as legislações humanas. Por isso, eis o nosso texto áureo: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). [Comentário:Deus, o Senhor supremo e Rei de todo o mundo, para a sua própria glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis, a ele sujeitos, e para este fim os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da Palavra e dos Sacramentos ou o poder das chaves do Reino de Deus (Confissão de Westminster, capítulo XXIII. 1,3). Pelo fato de o governo civil existir para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o uso legal da força para aplicar as leis justas (Rm 13.4). Os crentes devem reconhecer isso como parte da ordem de Deus. Porém, se o governo civil proíbe aquilo que Deus exige ou exige aquilo que Deus proíbe, os crentes não devem submeter-se, e alguma forma de desobediência civil se torna inevitável (At 4.18-31;5.17-29). Temos, ainda, a responsabilidade de exigir que os governos civis cumpram o seu devido papel. Devemos orar pelos governantes, obedecer-lhes e estar atentos com relação a eles (1Tm 2.1-4; 1Pe 2.13-14), lembrando-os de que Deus os estabeleceu para governar, proteger e manter a ordem.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.