SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Nesta última aula do trimestre, estudaremos a
respeito da manifestação da graça e da salvação de Deus. Inicialmente,
trataremos sobre a manifestação da graça, e seu caráter pedagógico para o
cristão. Em seguida, abordaremos o relacionamento do cristão com as
autoridades, ressaltando a submissão, sobretudo à Palavra de Deus. E ao final,
concluiremos mostrando, a partir das orientações de Paulo, como deveria ser o
relacionamento de Tito com as pessoas, incluindo as autoridades civis.
1. A MANIFESTAÇÃO DA PEDAGOGIA
DA GRAÇA
A graça salvadora de Deus se manifestou a todos os
homens (Tt. 2.11), através de Jesus Cristo. Essa é uma graça revelada (gr.
epifania), nenhum de nós poderia conhecer o favor imerecido de Deus, a menos
que Ele mesmo a tivesse manifestado. Por isso a celebração natalina é uma
oportunidade para reconhecer e agradecer a Deus por sua graça. A graça (gr.
charis) tem procedência divina, os seres humanos estão acostumados a
religiosidade, que exige sempre algo em troca, mas em Cristo identificamos o
amor generoso de Deus. Os pecadores não merecem a graça de Deus, são dignos de
condenação. Mas Deus manifestou não apenas graça, também misericórdia,
pois não recebemos aquilo que merecemos. A graça de Deus em Cristo foi
manifestada a todos os homens, isto é, a pessoas de toda tribo, língua, povo e
nação (Ap. 5.9). Todos são carentes da graça de Deus, independentemente da
condição socioeconômica, da faixa etária ou do sexo. A salvação de Deus é para
todos, pois todos pecaram, e ficaram distanciados da glória de Deus (Rm. 3.23).
Por isso Deus enviou Seu Filho Unigênito ao mundo, para que todo aquele que
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Ele é o dom gratuito
de Deus (Rm. 6.23), a prova do amor de Deus para conosco (Rm. 5.8). Mas essa
não é uma graça barata, que nada exige daqueles que receberam. É preciso
lembrar que não somos salvos pelas obras (Ef. 2.8,9), mas para as boas obras
(Ef. 2.10). Por isso a graça de Deus tem um caráter pedagógico, ela nos ensina
a renegar a doutrina da impiedade, da prática do pecado. Ela também nos ensina
a renegar a ética relativista, que acata todos os posicionamentos como verdade.
Ela nos ensina a praticar o bem, a nos preocuparmos com o próximo. Ela nos
ensina a viver no presente século de forma sensata, a partir de uma conduta
moderada (gr. sophronos) para a glória de Deus (Tt. 2.12).
2. O RELACIONAMENTO DOS
CRISTÃOS COM AS AUTORIDADES
O relacionamento entre as pessoas da igreja é um
dos temas centrais da Epístola de Paulo a Tito. No início do Cap. 3 o Apóstolo
orienta o jovem pastor quanto ao tratamento a ser dado às autoridades civis.
Isso mostra que a vida cristã deve ser isolada das responsabilidades sociais,
os cristãos não pertencem ao sistema mundano, que se distancia dos valores
divinos, por outro lado, está inserido na realidade social. Por isso devem
estar sujeitos às autoridades que governam, sendo obedientes, e prontos para
toda boa obra (Tt. 3.1; Rm. 13.1). A submissão do cristão às autoridades não
pode ser irrestrita, principalmente quando os princípios humanos contrariarem a
Palavra de Deus (At. 5.29). Não podemos apoiar um Estado absolutista e
opressor, que promove o mal e coíbe o bem, se for o caso, os cristãos têm o
direito de desobedecer. O objetivo do Estado não é favorecer os mais ricos, em
detrimento dos mais pobres, antes é promover o bem e coibir o mal (Rm. 13.4).
Devemos orar pelas autoridades constituídas (I Tm. 2.1,2), mas isso não quer
dizer que iremos apoia-las. Devemos votar com cautela, avaliando o passado,
sobretudo o compromisso do candidato. A obediência do cristão ao Estado também
tem a ver com a Constituição. Evidentemente essa não é superior a Palavra de
Deus, mas até mesmo as autoridades devem se reger por aquela. É nesse contexto
que o cristão deve cooperar com a sociedade, buscando o bem de todos, sem
favorecer injustamente uma minoria.
3. A CAPACIDADE RELACIONAL
DOS CRISTÃOS
O cristão deve saber se relacionar bem com todas as
pessoas, não apenas com as autoridades constituídas (Tt. 3.2). Isso começa pelo
cuidado com a língua, para não difamar as pessoas, não denegrindo as imagens
dos outros, sem conhecimento de causa. Os cristãos precisam ser bons
construtores de pontes, ao invés de edificador de muros. Há cristãos que se
isolam das outras pessoas, são incapazes de desenvolver um relacionamento
produtivo. Como Saul, existem pessoas que são tóxicas, não conseguimos
permanecer muito tempo perto delas. Os crentes devem demonstrar mansidão (gr.
prauteta). O comportamento apropriado do cristão está fundamenta em uma doutrina
correta. Existe uma relação entre a ortodoxia e a ortopraxia, isso quer dizer
que somente poderá haver um comportamento correto, fundamentado em uma doutrina
correta (Tt. 3.3-8). Precisamos investir no ensinamento bíblico em nossas
igrejas, caso contrário, os crentes serão conduzidos por doutrinas errôneas.
Devemos recordar que antes de conhecermos a Jesus como Salvador, éramos
néscios, desobedientes, desgarrados, voltados às paixões mundanas, na malícia e
inveja. Mas fomos alcançados pela graça maravilhosa de Deus, a salvação em
Cristo chegou até nós. Por esse motivo, devemos viver em novidade de vida, não
mais entregues aos desejos pecaminosos. Experimentamos a regeneração (gr.
paliggenesia), o nascimento do alto (Jo. 3.3), por isso somos novas criaturas
(I Co. 5.17). Isso nos coloca em uma nova dimensão espiritual, e nos dá a
possibilidade de nos relacionar produtivamente com as pessoas: evitando
discussões e repreendendo os facciosos, (Tt. 3.9-15)
CONCLUSÃO
Ao final do estudo dessas Epístolas Pastorais,
compreendemos o significado real do ministério cristão. A exposição aclarada
dessas verdades serviu de despertamento para que a igreja continue valorizando
os obreiros dedicados, sobretudo aqueles devotados a Palavra de Deus. Ao mesmo
tempo, devem manter distância dos falsos mestres, daqueles que se infiltram nas
igrejas, tão somente para tirar proveito do rebanho. E não esqueçamos que,
fomos alcançados pela graça maravilhosa, que se manifestou em Jesus Cristo,
sendo esse o mote da nossa pregação, e um estimulo para viver em santidade.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta
última lição do trimestre estudaremos a respeito da graça divina. A graça de
Deus é a mais extraordinária manifestação do seu amor para com a humanidade.
Mas esta só pode usufruir os benefícios desse recurso divino, se reconhecer o
seu estado miserável, em termos espirituais, e converter-se mediante a
aceitação de Cristo como Salvador. [Comentário: Segundo a Bíblia,
todos nós pecamos (Ec 7.20, Rm 3.23, 1Jo 1.8). Como resultado do pecado, todos
nós merecemos a morte (Rm 6.23) e julgamento eterno do lago de fogo (Ap
20.12-15). Com isso em mente, todo dia que vivemos é um ato de misericórdia de
Deus. Posto que a graça traz salvação, é crucial compreender o que a graça
significa. A graça de Deus é seu favor ativo em outorgar o maior dom aos que
merecem o maior castigo. Essa graça penetrou em nossas trevas morais e
espirituais. Difere de misericórdia, embora algumas vezes as Escrituras usem a
graça como um sinônimo de misericórdia. Graça é favor imerecido. O termo no original
grego é charis, que deriva
de charizomai. Esta
palavra significa “mostrar favor para” e assume a bondade do doador e a
indignidade do receptor. Quando charis é usada para indicar a atividade de
Deus, significa “favor não merecido”; assim, dizemos que nós recebemos a graça
de Deus. Estamos dizendo, ao mesmo tempo, que somos indignos dela e que não
podemos trabalhar por ela. Desta maneira, definimos graça como ela é usada no
Novo Testamento, ou seja, "O eterno e absolutamente livre favor de Deus
concedido a pessoas indignas e culpadas na doação de bênçãos espirituais e
eternas".] Vamos pensar maduramente sobre a
fé cristã?
1. A MANIFESTAÇÃO DA
GRAÇA DE DEUS
1. A graça comum. Graça vem da palavra hebraica hessed, e do
termo grego charis, cujo sentido mais comum é o de "favor imerecido que
Deus concede ao homem, por seu amor, bondade e misericórdia". A partir
dessa conceituação, podemos ver a "graça comum", pela qual Deus dá
aos homens as estações do ano, o dia, a noite, a própria vida, ou seja, todas
as coisas" (At 17.25 b). [Comentário: Graça comum é um
conceito teológico do protestantismo, primariamente em círculos calvinistas ou
reformados, que se refere à graça de Deus que é comum a toda a humanidade. Ela
é comum porque seus benefícios se estendem a todos os seres humanos sem
distinção. Ela é graça porque é concedida por Deus em Sua soberania. Neste
sentido, a graça comum distingue-se da concepção calvinista de graça especial
ou graça salvadora, que se estende somente aos escolhidos por Deus para a
redenção. Wayne Grudem assim explica a Graça Comum: “Podemos definir graça
comum da seguinte maneira: Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às
pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação. A palavra comum aqui
significa algo que é dado a todos os homens e não é restrito aos crentes ou aos
eleitos somente”. Nos círculos Arminianos, o termo correto seria Graça
Preveniente, vista como sendo uma graça universal, ou graça comum. Porém, o termo
graça comum tem conotações bem diferentes, especialmente quando estudado à luz
da fé reformada (Calvinista), que expressa a idéia de que esta graça se estende
a todos os homens, em contraste com a graça particular, que
limita a uma parte da humanidade, a saber, os eleitos. A graça
preveniente é uma doutrina arminiana crucial, na qual os calvinistas também
acreditam, mas os arminianos a interpretam diferentemente. A graça preveniente
é simplesmente aquela graça de Deus que convence, chama, ilumina e capacita, e
que precede a conversão e torna o arrependimento e a fé possíveis. Os
calvinistas a interpretam como irresistível e eficaz; a pessoa em quem ela
opera irá crer e arrepender-se para salvação. Os arminianos a interpretam como
resistível; as pessoas são sempre capazes de resistir à graça de Deus, como a
Escritura chama a atenção (At 7.51). Mas sem a graça preveniente, elas
inevitavelmente e inexoravelmente resistirão à vontade de Deus por causa de sua
escravidão ao pecado.].
2. A graça salvadora. "Porque a
graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens"
(2.11). Está à disposição de "todos os homens", mas só é alcançada
por aqueles que creem em Deus, e aceitam a Cristo Jesus como seu único e
suficiente Salvador. Por intermédio dela, Deus salva, justifica e adota o
pecador como filho (Jo 1.12). [Comentário: A graça salvadora é
aquela que vem sobre o homem, “morto em seus delitos e pecados” (Ef 2.1),
incapaz de ter qualquer reação em relação a tudo que diz respeito a Deus para
“vivificá-lo juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2.5). É a
graça que confere salvação (At 15.11; Rm 3.24; 5.15; 11.6; Tt 2.11). A graça
salvadora confere ao homem habilidades em todos os campos e esferas da vida,
capacita-o a fazer boas obras e o leva a um compromisso mais sério com Deus e o
sagrado. Muito embora, alguns, hoje em dia, têm tentado baratear a graça
salvadora de Deus, oferecendo salvação como se fosse mercadoria estendida em um
balcão, o que se percebe de bíblico e teológico nesse conceito é que a graça
salvadora de Deus é oferecida para a justificação e vem atrelada a uma mudança
de iniciativa e postura. O apóstolo Paulo escreveu que “é pela graça que
sois salvos” (Ef 2.8). Isso quer dizer que o homem nada fez e nada faz nesse
processo de salvação. Ele é paciente, o agente é Deus em sua graça. Pode-se
concluir que salvação é graça de Deus derramada na vida dos eleitos em Cristo
(Ef 1.4). Nitidamente, não se trata de uma graça dispensada a todos os homens,
mas a um grupo especial, e especial em Cristo. Paulo, em vários textos,
refere-se à igreja como eleita. Perceba que a igreja não elege, mas é eleita,
ou seja, mais uma vez depara-se com o favor imerecido de Deus – com a graça.
Mas, uma graça que não se iguala à comum, pois não é outorgada a todos os
homens. A essa graça, os teólogos chamam graça salvadora.].
3. Graça justificadora e regeneradora. A Graça de
Deus é a fonte da justificação do homem (Rm 3.21-26). Uma vez nascida de novo,
a pessoa passa a ser "nova criatura" (2 Co 5.17), tomando parte na
família de Deus: "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos Santos e da família de Deus" (Ef 2.19). [Comentário: Justificação é o ato de Deus pelo qual Ele declara
justo aquele que crê em Jesus Cristo. O homem, que era culpado e condenado
perante Deus, agora é absolvido e declarado justo pelo próprio Deus
(justificado), por meio de Jesus Cristo (Rm 5.1). Nos que estão em Cristo, a
justiça de Deus é manifestada (2Co 5.21) e por Ele obtemos o perdão dos pecados
(Ef 1.7). Regeneração e Adoção – regenerar significa gerar de novo. O homem,
morto em transgressões e ofensas, precisa de uma nova vida em Cristo, sendo
esta concedida pelo ato divino do novo nascimento (Jo 1.12,13; 3.3-5). Sugere
uma cena familiar. O crente é um com Cristo, em virtude de sua morte expiatória
e do Seu Espírito vivificante. Nele somos feitos novas criaturas, com uma nova
vida (2Co 5.17). O novo homem, em Cristo, torna-se herdeiro de Deus e membro de
Sua família (Rm 8.14-17).].
4. Graça santificadora. A graça de
Deus só pode ser eficaz, na vida do convertido, se ele se dispuser a negar-se a
si mesmo para ter uma vida de santidade. A falta de santificação anula os
efeitos da regeneração e da justificação. Diz a Bíblia: "Segui a paz com
todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14). [Comentário: A salvação é um
processo que se inicia na conversão e termina na ressurreição de nossos corpos,
no dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim, a “santificação”, como parte da
salvação, está relacionada à separação da propriedade exclusiva de Deus (que
somos nós) para uma vida que O glorifique (Rm 12.1-2). Tendo paz com Deus, e
tendo recebido uma nova vida, o novo homem, dessa hora em diante, dedica-se ao
serviço de Deus. Comprado por elevado preço (1Pe 1.14-19), já não é dono de si
mesmo; não mais vive na prática do pecado, mas serve a Deus de dia e de noite
(Lc 2.37). Tal pessoa é santificada por Deus e, por sua própria vontade,
entrega-se a Ele para viver em santificação e em novidade de vida. Somos
santificados (1Co 1.2), e Ele é feito para nós santificação (1Co 1.30). Ele é o
autor da salvação eterna (Hb 12.2). O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida
foi harmonizada com Deus, foi adotada na família divina, e agora dedica-se a
servi-Lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de
graça, consiste em “justificação, regeneração, adoção e santificação. Sendo
justificado, ele pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de Deus;
sendo santificado, ele é santo, literalmente uma pessoa santa”. A santificação
está consubstanciada na salvação formando um conjunto integralizado, conforme
vemos em Hb 12.14, assim: "Segui a paz com todos, e a santificação, sem
a qual ninguém verá o Senhor".].
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, explique aos alunos o
conceito de "graça comum", dizendo que se trata de uma abordagem
eminentemente da teologia reformada. É uma tentativa de se responder uma
questão angustiante observada na existência dos santos, bem como observou o
salmista Asafe (Sl 73). Se o salário do pecado é a morte, por que as pessoas
que pecam não morrem imediatamente e não vão definitivamente para o inferno, mas
desfrutam de bênçãos incontáveis na terra? Ainda, como pode Deus dispensar
bênçãos a pecadores que merecem apenas, e somente, a morte, mesmo as pessoas
que serão condenadas para sempre ao inferno? Neste contexto é que a doutrina da
"graça comum" traz uma resposta bíblica acerca da questão. É uma
graça pela qual Deus dá aos seres humanos bênçãos ou dádivas inumeráveis que
não fazem parte da salvação. Ou seja, não significa que quem as recebe já é
salvo. A base bíblica para esse entendimento é a graça manifestada por Deus na
esfera física da vida (Gn 3.18; Mt 5.44,45; At 14.16,17); na esfera intelectual
(Jo 1.9; Rm 1.21; At 17.22,23); na esfera da criatividade (Gn 4.17,22); na
esfera da sociedade (Gn 4.17,19,26; Rm 13.3,4); na esfera religiosa (1 Tm 2.2;
Mt 7.22; Lc 6.35,36). Ou seja, não é porque o mal reinante no ser humano é
fruto do pecado original que ele fará somente obras más. Não, a Graça de Deus
opera em todos os homens e faz com que eles façam coisas boas também.
2. A CONDUTA DO SALVO EM
JESUS
1. Sujeição às autoridades (v.
1). O cristão
sincero deve obedecer aos governantes e autoridades constituídas, desde que
estes não desrespeitem a Lei de Deus. Jesus mandou dar "a César o que é de
César" e "a Deus o que é de Deus" (Mt 22.21). [Comentário: Nossa obediência às autoridades
não é servil. Deve ser positiva e crítica. Calvino afirma que a igreja deve ser
a consciência do Estado, alertando-o sempre de seu papel. O poder das
autoridades possui balizas e limites. O Estado não pode ser absolutista,
divinizado, encabrestando as consciências e violentando e determinando o foro
íntimo das pessoas. A atitude a assumir em face das autoridades é sujeição. O
termo “hypotalassesthai” não implica de modo algum um servilismo.
Trata-se de uma sujeição como convém no Senhor. Essa sujeição visa evitar a
desordem e promover a paz. Conforme o v. 5, a obediência à autoridade não tem o
caráter de resignada submissão inspirada pelo temor ou medo, seja de multa,
seja de prisão. Sua obediência não é só por medo de conseqüências. Você obedece
por questão de consciência, pois aceita que a autoridade vem de Deus e quando
obedece a autoridade, obedece a Deus - Deus é a fonte de toda autoridade e os
que exercem autoridade na terra o fazem por delegação divina. A autoridade
precisa reconhecer que sua autoridade é delegada. Quem exerce autoridade, a
exerce debaixo da autoridade de Deus. Está subalterno à autoridade de Deus. Foi
constituído por Deus para governar de conformidade com a justiça. Deus é o
protótipo e o arquétipo da autoridade. É a autoridade de Deus que se exerce,
quando exercem as autoridades civis sua autoridade a serviço do bem. Leia este interessante artigo do
Ver Hernandes Dias Lopes: http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/a-autoridade-civil/#.VgCc8n0T8Q0].
2. O relacionamento do cristão
(v. 2). Aqui, vemos
quatro comportamentos éticos, exigidos dos cristãos. Vejamos:
a) Não infamar a ninguém. É pecado muito grave caluniar alguém, seja na
igreja, seja fora dela. É passível de sanção judicial ou condenação na justiça
humana. Muito mais, na Lei de Deus. Normalmente, a infâmia é ditada com
intenção de prejudicar o outro. O cristão deve cultivar o fruto do Espírito da
"benignidade", que é a qualidade de quem só faz o bem (Gl 5.22). [Comentário: Segundo o dicionário Michaelis
da Língua Portuguesa, "difamar" vem do latim "diffamare", e
significa "falar mal de". Enredo, intriga, bisbilhotice, chocarrice,
desordem, balbúrdia. Difamação quer dizer também mentira, embuste. Porque; ora
fala-se de um erro na vida de uma pessoa, ora inventa-se ou aumenta-se.
Mexerico é também uma maneira covarde de se falar da vida alheia porque ocorre
na ausência daquele de quem se fala. O mexerico não leva assinatura, não
implica em responsabilidades. O difamador teme as implicações das suas palavras
porque no fundo não sabe se é verdade aquilo que diz. Ao espalhar contendas,
fomentar divisões e discórdias no meio do povo de Deus o difamador age como
instrumento do diabo, praticando abominação contra o Senhor. Deus condena esta
prática: "Quem, Senhor, habitará no Teu tabernáculo? Quem há de morar
no Teu santo monte? ...Aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao
próximo, nem lança injúria contra o seu próximo" (Sl 15.1-3); "O
que encobre o ódio tem lábios falsos, e o que difama é um insensato"
(Pv 10.18); "O homem perverso levanta a contenda , e o difamador separa
os maiores amigos" (Pv 16.28).].
b) Não ser contencioso. Contendas nas igrejas geralmente têm resultados
muito prejudiciais. Infelizmente em algumas reuniões, até mesmo de ministros
cristãos, vemos pessoas contendendo umas com as outros, por causa de interesses
políticos ou pessoais. Isso não agrada a Deus (2 Tm 2.24). [Comentário: “Mas, se alguém quiser
ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1Co
11.16). É muito comum na vida cotidiana de uma Igreja Local a ocorrência de
conflitos. Por vezes surgem divergências entre os irmãos, ou mesmo entre a
própria liderança. Em Tiago 4.1-10 lemos acerca de “Guerras e contendas”, duas
palavras que denotam que estava havendo divisões, rixas e competições dentro da
Igreja de Cristo (Será que esse era um problema só do tempo de Tiago?). Donde
vem então as guerras e contendas? - pergunta Tiago. Ele mesmo responde: “Dos
vossos deleites”, ou seja, o espírito de contenda entre os irmãos é produto da
carnalidade humana, da carne trabalhada pelo intenso desejo de prazer, de
satisfação. Então Tiago enumera uma série de atitudes erradas daqueles irmãos:
- Cobiça: Desejar melhores condições de vida não é errado. É uma legítima
aspiração humana. Mas “cobiçar” aqui não é uma aspiração legítima.É um desejo
não inspirado por Deus . - Inveja: Significa aqui “arder em ciúmes “pelas
posses alheias. - Pedidos mal feitos: Lembremo-nos das palavras de Jesus em Mt
7.7,8. Muitas vezes pedimos e não recebemos porque pedimos mal. São os
deleites, os prazeres que nos levam a pedir mal, de forma desfocada da vontade
divina. - Amor ao mundo: Importa lembrar aqui que “mundo” não são as pessoas.
“Deus amou o mundo...”Temos um sentido moral no termo: não é possível amar a
Deus e ao conjunto de valores pervertidos que se opõe a Ele. “Infiéis” traz
literalmente o sentido de “adultério”. O cristão deu seu coração a Jesus
Cristo. Apaixonou-se por Ele. Amar o mundo é adulterar contra Cristo, é dividir
o amor que lhe foi prometido.].
c) Ser modesto. A modéstia deve ser evidente na vida de homens
e mulheres cristãos. Revela a simplicidade exortada por Jesus, em seu
evangelho: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto,
sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mt 10.16). [Comentário: Como cristãos, nosso
comportamento define o tom de como os outros nos vêem e dão valor a nossa fé.
Modéstia é o mesmo que simplicidade e temperença em todas as coisas. Paulo
convoca todo cristão a que seja “hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo,
consagrado, tenha domínio próprio” (Tt 1.8). E é assim que devemos ser. Nossa vida
deve ser marcada pela abstinência voluntária em meio ao luxo extravagante.
Recusamo-nos a permitir que o luxo e a ostentação penetrem em nosso estilo de
vida. Nosso uso dos recursos é sempre moderado pela necessidade humana.].
d) Mostrar "mansidão para
com todos os homens". Deve ser
característica marcante, do servo de Deus, ser "manso e humilde de
coração", como Jesus ensinou (Mt 11.29). Além de não ser interessante a
contenda, no meio cristão, o crente precisa ser "manso para com todos,
apto para ensinar, sofredor" (2 Tm 2.24b). [Comentário:(Mt 5.5):
Esta bem-aventurança está na contra-mão dos valores do mundo – O mundo rejeita
os valores do Reino de Deus. A humanidade pensa em termos de força, de poderio
militar, bélico, econômico, político. Quanto mais agressivo, mais forte. Esse é
o pensamento do mundo. Jesus, porém, diz que não são os fortes e os arrogantes
que são felizes; nem são eles que vão herdar a terra, mas os mansos. Ser
cristão é ser totalmente diferente. Somos uma nova criatura. Temos um novo
nome, uma nova vida, uma nova mente, um novo Reino. Ser manso não é um atributo
natural. A mansidão não é apenas uma boa índole, uma pessoa educada
socialmente. Não apenas algo externo, convencional, mas uma atitude interna,
uma obra da graça no coração, fruto do Espírito. Spurgeon dizia que “ser manso
não é virtude, é graça”. Ninguém é naturalmente manso. Só aqueles que
reconhecem que nada merecem diante de Deus e choram pelos seus próprios
pecados, podem ser mansos diante de Deus e dos homens.Extraído de http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/11/por-que-os-mansos-sao-felizes/#.VgCnLH0T8Q0].
3. A lavagem da renovação do
Espírito Santo (v. 3). Vivíamos
entregues ao pecado e longe de Deus, mas Cristo nos salvou e nos purificou.
Como novas criaturas não temos mais prazer no pecado. Observe, a seguir, algumas
características, segundo Paulo que caracterizam o homem que vive segundo a
carne: [Comentário: Segundo a
bíblia, carnal é a pessoa dirigida, governada pela carne, isto é, a natureza
pecadora herdada de Adão, a disposição interior que é inclinada para o pecado,
para o que é mal. É chamada de Velha Natureza, Velho Homem, Natureza Adâmica e
Natureza Terrena ou Natureza carnal. Todo ser humano já nasce com ela,
independente da sua escolha. No decorrer da vida, esta natureza carnal precisa
ser regenerada e a única coisa que a regenera é o novo nascimento Porque “o que é nascido da carne (o
que é humano) é carne...”. (Jo 3.6); “... aquele que não nascer de novo não
pode ver o Reino de Deus”. (Jo 3.3).].
a) Insensatez. Refere-se à velha vida, plena de loucura,
imprudência, leviandade e incoerência, que leva muitos à perdição eterna. Na
parábola das dez virgens, Jesus chama a atenção para as cinco
"loucas" ou insensatas, que não se preveniram com o azeite para
esperar o noivo (Mt 25.1-13). Jesus também falou sobre o homem
"insensato", que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26). O desastre
espiritual torna-se inevitável. [Comentário: Há um grupo de homens e mulheres
que está se perdendo e Jesus lhes disse: “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que
está nos céus.” (Mt 7.21). Uma indagação desde já se coloca: O que é fazer
a vontade do Pai? É ter a comunhão, a dependência e o relacionamento com a
fonte do poder que é Cristo. E logo vem a segunda indagação: Por que você está
na Igreja à qual pertence? Por que o pastor pregou um sermão bonito? Por que
sua mãe pediu? Por que a doutrina lhe convenceu? Você está na Igreja porque os
irmãos são muito amorosos? Por que gosta do templo? Por que não gostou de outra
Igreja? Pois bem, a meu sentir, tudo isso é edificar na areia, sua casa vai
ruir. Mas se você é cristão porque se apaixonou por Cristo, porque Jesus é tudo
na sua vida e ela passou a ser uma permanente dependência de Jesus, então você
construiu sua casa na Rocha.].
b) Desobediência. A desobediência foi o primeiro pecado cometido
pelo homem (Rm 5.19). E desde então é a "mãe" de todos os pecados,
cometidos, em todos os tempos (Rm 11.30), por aqueles que são "filhos da
desobediência" (Ef 2.2; 5.6; Cl 3.6). [Comentário: Todo aquele que está sem Cristo
é controlado pelo “príncipe das potestades do ar”, isto é, Satanás. Sua mente é
obscurecida por Satanás, para que não veja a verdade de Deus (cf. 1 Co 4.3,4).
Tais pessoas estão escravizadas pelo pecado e concupiscências da carne (v. 3;
Lc 4.18). A pessoa irregenerada, por causa de sua condição espiritual não
poderá compreender, nem aceitar a verdade à parte da graça de Deus (vv.5, 8; 1
Co 1.18; Tt 2.11-14).].
c) Extravio. Sem Deus, sem a salvação em Cristo, o homem é
um perdido, como ovelha sem pastor (Mt 9.36). É uma situação difícil e por
vezes desesperadora. Mas é feliz quem faz como o "filho pródigo", que
tomou a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido
com amor e misericórdia (Lc 15.18-24). [Comentário: A pessoa sem Cristo é
responsável pelo seu pecado, pois Deus dá a cada ser humano uma medida de luz e
graça, com a qual possa buscar a Deus e escapar da escravidão do pecado,
mediante a fé em Cristo (Jo 1.9; Rm 1.18-32; 2.1-6).].
d) Servindo a "várias
concupiscências e deleites". Outra tradução fala de "paixões e
prazeres", que dominam a vida do homem sem Deus. Os deleites da carne
impedem que o homem se converta a Deus de verdade, sufocado pelos
"espinhos" da vida (Lc 8.14). As concupiscências da vida, ou os
desejos exacerbados da carne são impedimento para uma vida de santidade e
fidelidade a Jesus (1 Pe 4.3; Jd 16). [Comentário: Concupiscência é grande desejo
de bens ou gozos materiais, apetite sensual. A concupiscência é um vício
próprio da carne e se opõe à obra do Espírito Santo na vida do cristão. O
apóstolo Paulo nos exorta dizendo: “Andai em Espírito e não cumprireis a
concupiscência da carne, porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito
contra a carne; e estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis”
(Gl 5.16-17). É a fonte da corrupção deste mundo - 2Pd 1.4; é coisa vil, e não
poderia ser colocada no homem por Deus - Cl 3.5; escarnece do próprio Deus 2Pd
3.3-4. Os apóstolos predisseram que no último tempo haveria escarnecedores que
andariam segundo as suas ímpias concupiscências. “Estes são os que causam
divisões, sensuais, que não têm o Espírito” (Jd 17-19).].
e) "Vivendo em malícia e
inveja". Malícia é
sinônimo de maldade, perversidade, malignidade, o que não deve fazer parte da
vida cristã (Ef 4.31; Cl 3.8); a inveja é outro sentimento indigno para um
cristão sincero. A inveja é "a podridão dos ossos" (Pv 14.30). [Comentário: Malícia é a tendência para
julgar, dizer, agir com maldade; dolo, má-fé. O malicioso é aquele que vê
maldade em tudo o que acontece ou em tudo que ouve. Como ele é uma pessoa
maldosa, ele tem a tendência de achar que todos em sua volta também o são, e por
isso, faz prejulgamento das pessoas, baseado na sua própria experiência. O
problema da malícia é que ela faz com que a pessoa que a pratica iguale a todos
por baixo. A malícia é uma lente que faz a pessoa ver sujeira/impureza em todos
e em tudo. E, 1 Co 14.20 diz "Irmãos, não sejais meninos no
entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento".
Por que meninos na malícia? - Porque as crianças confiam nas pessoas, não as vê
como inimigas ou como perigosas. A criança é naturalmente ingênua, pura,
sincera. é assim que todo aquele que é nascido de novo, pela Palavra deve ser e
de se comportar. Inveja é o sentimento que faz a pessoa desejar o que a outra
tem (pode ser tanto bens materiais ou mesmo qualidades inerentes ao ser). Mas,
o problema é que o invejoso não deseja ter uma coisa semelhante à que a outra
pessoa tem, mas ter exatamente a mesma coisa, ou, não sendo lhe sendo possível
ter a mesma coisa, o invejoso deseja que o bem da outra pessoa lhe seja tirado.
O invejoso não suporta saber que tem alguém no grupo que ele frequenta melhor
ou maior que ele. Numa outra perspectiva, a inveja também pode ser definida
como uma vontade frustrada de possuir os atributos ou qualidades de um outro
ser, pois aquele que deseja tais virtudes é incapaz de alcançá-la, seja pela
incompetência e limitação física, seja pela intelectual.].
f) Odiosos, odiando "uns
aos outros". A
"lavagem da regeneração do Espírito Santo" nos faz "justificados
pela sua graça" e herdeiros da vida eterna (3.4-7). João adverte-nos ao
dizer que "qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que
nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna" (1 Jo 3.15). No Antigo
Testamento, só era homicida quem matasse alguém com algum tipo de objeto
perigoso. No evangelho da graça de Deus, é homicida quem, no coração, odeia o
seu irmão. [Comentário: Este texto
responde ao que foi escrito no texto anterior em que o autor descreve sobre a
necessidade de servos mansos no tratamento para com os outros. Se hoje nós
somos pessoas que se esforçam para vivermos uma vida mais justa, não podemos
nos esquecer de que antes de nos convertermos ao evangelho de Cristo, vivíamos
como os incrédulos vivem no mundo. De forma que eu não posso condenar os
outros, por aquilo que eu fazia quando ainda estava na mesma situação do meu
próximo. Deve haver compreensão nisto. Essas são características próprias
daqueles que ainda não se converteram pelo poder do evangelho de Cristo. O
homem natural é dominado pela malícia, se deixa levar pela inveja para com o seu
semelhante e o seu coração tem facilidade de ser infectado pelo ódio e pela
raiva. Antes de sermos transformados em uma nova criatura pela influencia do
evangelho das boas novas, o que prevalecia em nossos corações era o ódio por
aqueles que de alguma maneira nos faziam oposição ou nos contrariasse. Quem não
tem Deus em sua vida, só pensa em prejudicar o seu próximo.].
SUBSÍDIO DIDÁTICO
A Natureza da Política
"A essência da política é a luta por poder e
influência. Todos os grupos e instituições sociais precisam de métodos para
tomar decisões para seus membros. A política nos ajuda a fazer isso. A palavra
grega da qual política é derivada é polis, que significa 'cidade'. Política no
sentido clássico envolve a arte de fazer uma cidade funcionar bem. Também ajuda
a administrar nossas organizações e governos. Quando nosso sistema político é
saudável, mantemos a ordem, provemos a segurança e obtemos a capacidade de
fazer coisas como comunidade que não poderíamos fazer bem individualmente.
Votamos as leis, fazemos a polícia impô-las, arrecadamos impostos para
estradas, sistemas de esgoto, escolas públicas e apoio nas pesquisas de câncer.
Em nossas organizações particulares, um sistema político sadio nos ajuda a
adotar orçamentos, avaliar pessoal, estabelecer e cumprir políticas e regras e
escolher líderes. No melhor dos casos, a política melhora a vida de um grupo ou
comunidade. A política toma uma variedade de formas, como eleições, debates,
subornos, contribuições de campanha, revoltas ou telefonemas para legisladores.
Como vê, alistei maneiras nobres e ignóbeis de influenciar as decisões de um
sistema político. Algumas delas são formais, como as eleições, ao passo que
outras são informais, como telefonar para vereadores, deputados e senadores e
pressioná-los a votar do nosso modo" (PALMER, Michael D. Panorama do
Pensamento Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.447).
3. AS BOAS OBRAS E O
TRATO COM OS HEREGES
1. A prática das boas obras (v. 8). Praticar boas
obras faz parte do dia a dia do servo ou da serva de Deus. "Porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Quem está em Cristo tem prazer em
praticar aquilo que é bom e agradável ao seu próximo e a Deus. [Comentário: praticar boas obras faz parte da nossa criação em
Cristo, fomos criados
para viver com Deus
e manifestar sua presença na face da terra. Não são elas que nos justificam ou
dão acesso à salvação. Pelo contrário, são conseqüência da vida de Cristo em
nós. São fruto de alguém que já recebeu uma nova natureza e produz um novo
fruto. Nosso Senhor testificou que as boas obras do mundo são más. "O
mundo não vos pode aborrecer, mas ele aborrece a mim, porquanto dele testifico
que as suas obras são más", (Jo 7.7). Ele também testificou em relação
aos fariseus, que em todas as obras que faziam eram só para serem louvados
pelos homens. "E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos
homens; pois trazem largas filacterios, e alargam as franjas dos seus vestidos"
(Mt 23.5). Lemos ainda sobre as obras mortas, as obras da carne e as obras de
Satanás. Por isto precisamos fazer uma distinção ao tratarmos sobre o assunto
de boas obras. As Escrituras tornam bem claro que ninguém, a não ser os salvos,
podem fazer isto. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus
para as boas obras" (Ef 2.10). "Portanto os que estão na carne
não podem agradar a Deus" (Rm 8.8). As boas obras são o fruto do
Espírito, e ninguém, a não ser os salvos, tem o Espírito. As boas obras são o
resultado e não a causa da salvação. A ordem divina é salvação, depois o
serviço. Somos salvos para servir a Deus e aos outros. Em cada campo, exceto na
mecânica, é preciso que haja vida antes da atividade. Cada homem, por natureza,
está morto em pecados e alienado de Deus. A crença que o pecador pode trabalhar
para ganhar a salvação é uma das piores heresias. "Não pelas obras de
justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela
lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5).].
2. Como tratar com os hereges (v. 10). Paulo ensina
que devemos evitar os falsos mestres, não nos envolvendo em suas discussões
tolas. Muitas vezes acabamos discutindo e dando uma atenção demasiada aos
ensinos que são contrários a Palavra de Deus. [Comentário: Temos de lidar com
escarnecedores com sabedoria (Pv 26:4-5). Não devemos imitar os modos de um
tolo por nos envolver em discussões intermináveis; mas devemos responder brevemente
[com profundidade mas brevemente, e uma única vez] aos argumentos do tolo, para
que ele não saia por ai pensando que não há respostas e, assim, considerar-se
um sábio, em sua própria presunção. É difícil lidar com as pessoas que estão no
laço do diabo. Elas, muitas vezes, zombam da verdade e são arrogantes e
orgulhosas em relação àqueles que a pregam, e somos tentados a responder na
mesma moeda. Mas, se você os tratar de forma semelhante a como eles nos tratam,
nós só vamos incitar mais ódio neles (Pv 15.1). Veja como Policarpo, discípulo
dos apóstolos tratava um herege: “O próprio Policarpo, quando Marcião, um dia,
se lhe avizinhou e lhe dizia: “Prazer em conhecê-lo”, respondeu: “Eu te conheço
como o primogênito de Satã”; tanta era a prudência dos apóstolos e dos seus
discípulos, que recusavam comunicar, ainda que só com a palavra, com alguém que
deturpasse a verdade, em conformidade com o que Paulo diz: “Foge do homem
herege depois da primeira e da segunda correção, sabendo que está pervertido e
é condenado pelo seu próprio juízo” (Tt.3.10-11).].
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"A segunda proibição que Paulo faz é contra os
facciosos, aqueles que causam divisões por meio de discordâncias. 'Depois de
uma e outra admoestação, evita-o', ou seja, tente ajudá-lo corrigindo o seu erro
através de advertências ou aconselhamento. Tais inimigos só devem ter duas
chances e então devem ser evitados.
'A razão pela qual o 'herege' deve ser rejeitado é
justamente esta; em sua divisão, 'tal' homem demonstra que 'está pervertido e
peca, estando já em si mesmo condenado'. Ao persistir em seu comportamento
divisor, o 'falso mestre' tornou-se pervertido ou 'continua em seu pecado',
deste modo 'se autocondenando'. Isto é, por sua própria persistência no
comportamento pecaminoso, condenou a si mesmo, colocando-se de fora, sendo
consequentemente rejeitado por Tito e pela igreja" (Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1515).
É feliz quem faz como o “filho pródigo”, que tomou
a decisão sábia de retornar humilhado à casa do pai, onde foi recebido com amor
e misericórdia.
CONCLUSÃO
A graça de Deus é a fonte da salvação do homem. É
favor jamais merecido por qualquer pessoa, e manifesta o seu amor e sua
benignidade para com o pecador. Essa graça é manifestada "a todos os homens",
mas só é eficaz, na vida de quem aceita a Cristo como Salvador pessoal. [Comentário: A Graça de Deus é um favor da parte
Dele, já que não somos merecedores de nada e é a fonte da provisão
de Deus para as nossas vidas. Através dela Ele se revela em amor, tendo sempre
um comportamento justo e pelo meio da nossa fé se comunica conosco. A graça é a
única base de nossa aceitação. “Para louvor da glória de sua graça, que ele
nos concedeu gratuitamente no Amado”. (Ef 1.6). Por conseguinte,
qualquer ensino que ofereça fórmulas ou técnicas para obter a aceitação de
Deus, que não seja pela graça somente, é falso. O perdão de pecados, a redenção
por meio do sangue de Cristo, a sabedoria e o entendimento e todas as bênçãos
espirituais são concedidos somente pela graça (Ef 1.1-5).]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.