LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.13; Números
35.16-25
Êxodo 20:13 - Não matarás.
Números 35:16-25
16. Porém, se o
ferir com instrumento de ferro e morrer, homicida é; certamente o homicida
morrerá.
17. Ou, se lhe ferir
com uma pedrada, de que possa morrer, e morrer, homicida é; certamente o
homicida morrerá.
18. Ou, se o ferir
com instrumento de pau que tiver na mão, de que possa morrer, e ele morrer,
homicida é; certamente morrerá o homicida.
19. O vingador do
sangue matará o homicida; encontrando-o, matá-lo-á.
20. Se também o
empurrar com ódio, ou com mau intento lançar contra ele alguma coisa, e morrer;
21. Ou por inimizade
o ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá aquele que o ferir;
homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.
22. Porém, se o
empurrar subitamente, sem inimizade, ou contra ele lançar algum instrumento sem
intenção;
23. Ou, sobre ele
deixar cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ele morrer, sem que
fosse seu inimigo nem procurasse o seu mal;
24. Então a
congregação julgará entre aquele que feriu e o vingador do sangue, segundo
estas leis.
25. E a congregação
livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar
à cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido; e ali ficará até à morte do
sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.
OBJETIVO GERAL
Apresentar
o sexto mandamento, ressaltando o propósito de Deus pela proteção da vida.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
I. Tratar a
abrangência e o objetivo do sexto mandamento.
II. Ressaltar a importância
da vida para Deus.
III. Apresentar o significado jurídico do homicídio.
IV. Descrever a punição do homicídio.
SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Dando continuidade aos estudos dos Dez Mandamentos, nos
deteremos na aula de hoje no sexto mandamento: Não matarás. Inicialmente
faremos uma análise da expressão, a fim de dirimir dúvidas teológicas, a partir
do hebraico bíblico. Em seguida, ressaltaremos o valor desse mandamento,
considerando a natureza sagrada da vida. Ao final, apontando os riscos de
deixar de levar a sério esse importante mandamento.
I. NÃO MATARÁS
Esse mandamento é um dos mais curtos, a expressão hebraica é lo
ratzach, ou simplesmente: “não mate”. O verbo hebraico ratzach tem a
especificidade de se referir “ao assassinato de um ser humano”. Nada tem a ver
com a pena de morte no sistema jurídico, ou em um confronto de guerra, ou até
mesmo à morte de um animal. Essa expressão, em Ex. 20.13, se refere ao
homicídio culposo, no qual há intenção de matar. Os casos de mortes acidentais
eram previstos no sistema mosaico, que preservava a vida daquele que as ocasionasse
(Dt. 4.42). Isso porque no sistema jurídico de Israel a pena capital era
permitida, além da morte resultante em confrontos bélicos. Essa possibilidade é
concebida também no Novo Testamento, o apóstolo Paulo não recomenda, mas atesta
que o governo “não traz debalde a espada” (...) e que esse “é ministro de Deus
e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm. 13.4). De acordo com esse texto,
não compete a qualquer pessoa realizar a vingança (Rm. 12.19), mas o governo
pode ter a responsabilidade de julgar, dependendo das leis do país, com a pena
capital. Mesmo com essa possibilidade, os cristãos costumam adotar um
posicionamento favorável à vida, dando ao transgressor a oportunidade para o
arrependimento. Além disso, faz-se necessário reconhecer que o Estado também é
falho, e pode incorrer no risco de julgar indevidamente as pessoas. Em um
contexto de corrupção, é possível que os condenados à morte sejam justamente
aqueles que se encontram em posição de vulnerabilidade. O evangelho de Jesus
Cristo garante ao pecador a possibilidade de arrependimento, e esse deve ser o
posicionamento da igreja (At. 3.19).
II. A VIDA É UMA DÁDIVA
O sexto mandamento ressalta a dignidade da vida humana,
infelizmente essa geração tem sido marcada pela cultura da morte. A morte está
se alastrando por todos os lados, e as vidas das pessoas estão sendo
coisificadas. A morte do ser humano está sendo banalizada, as produções
cinematográficas e os programas de TV atestam essa realidade. Os atentados à
vida também são comuns, empreitadas terroristas que assustam as pessoas,
chacinas de menores nas ruas e nas escolas. A cultura da violência está se
propagando de tal modo que estamos deixando de nos escandalizar com os
assassinatos. Cada ser humano que morre é contado com números frios, sem
atentar para a dignidade da vida nas Escrituras (Gn. 4.8; Lv. 24.21; , e que
nos é reafirmada nas palavras de Jesus (Jo. 10.10). Atentados contra a vida
podem ser constatados também nas práticas do aborto e da eutanásia (Jó. 12.10).
Comumente os evangélicos são rotulados de conservadores, em virtude do seu
posicionamento contra essas práticas. Na verdade, os cristãos se posicionam em
favor da vida, ao defenderem que o feto é vida (Sl. 139.13-16; Jr. 1.5), e que
a vida das pessoas não são descartadas, quando essas adoecem (Sl. 139.13-16),
ou estão nos dias da velhice (Sl. 92.14). A igreja deve manter seu
posicionamento firme em relação a esses assuntos, mas também dar o exemplo
através de práticas sociais que auxiliem pessoas marginalizadas, ou que se
tornaram vítimas de um sistema que descarta a vida humana. Como o samaritano da
parábola de Jesus, devemos ajudar os mais necessitados, aqueles que são
desconsiderados pela sociedade utilitarista (Lc. 10.31-37).
III. CUIDADO
Não é difícil transgredir o sexto mandamento, isso se atentarmos
para o conceito bíblico mais amplo de assassinato. Muitas pessoas estão matando
a fé uma das outras através de atitudes escandalosas. Além disso, a agressão
não se dá apenas pelos meios físicos, mas também pelo verbal (Mt. 5.21,22). A
ofensa é uma forma de manifestar esse mandamento, na medida em que denigre a
imagem da pessoa humana. Deus abomina o cerne do assassinato, onde esse se
origina, no ódio alimentado, e no desejo de vingança. Há pessoas que não matam
fisicamente, mas desejam que seus inimigos morram. Por esse motivo João adverte
que “todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (I Jo. 3.15). O coração de
algumas pessoas está repleto de ódio, por isso utilizam a língua para
disseminar a maldade, e destruir a vida das pessoas (Mt. 12.34). O autor dos
Provérbios destacou que existem pessoas cujas palavras são como pontas de
espada (Pv. 12.18). Há pessoas que agridem os outros verbalmente, e não se
ressentem de suas palavras, isso também é assassinato. As palavras têm o poder
de matar, existem muitas pessoas nas igrejas adoecidas por causa de uma
agressão verbal. Lembramos que um dos motivos do assassinato pode ser a inveja,
por causa dela Caim matou seu irmão Abel (Gn. 4.8). Esse sentimento tôxico tem
causado muitos males à sociedade, inclusive às igrejas, pessoas adoecidas que
querem se colocar acima das outras. Por causa da inveja muitos estão sendo
assassinatos diariamente, fisicamente, emocionalmente e espiritualmente.
CONCLUSÃO
Em meio à cultura da morte, a igreja da responsabilidade de levar
adiante a mensagem da vida. Não podemos esquecer que Jesus é a Vida (Jo. 11.25;
14.6). E porque estamos a serviço do Autor da Vida, devemos investir na vida,
se opondo à cultura da morte. Para tanto, precisamos pregar, usando as palavras
e atitudes que façam a diferença na sociedade. A vida de Cristo deve contagiar
as pessoas, devemos ser canais de vida, em um mundo no qual cada vez mais se
propaga a morte.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O sexto
mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é
que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela
qual deve ser estudado com diligência. A lei diz "não matarás". Isso
não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o
assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo. [Comentário:
Tirar a vida de um ser humano é o mais radical ato de violência. Quem o faz
destrói a mais preciosa criação de Deus — o homem, feito “à imagem e semelhança
do Criador”. Por isso, quando Deus sintetizou em dez mandamentos o que ele
exige do homem, Ele ordenou: “Não matarás” (Êx 20.13). O sexto mandamento
proíbe o homicídio deliberado, intencional, ilícito. Deus ordena a pena de
morte para a violação desse mandamento (Gn 9.6). O Novo Testamento condena, não
somente o homicídio mas também o ódio, que leva alguém a desejar a morte de
outrem (1Jo 3.15), bem como qualquer outra ação ou influência maléfica que
cause a morte espiritual de alguém (ver Mt 5.22; 18.6). Aqui surge uma série de
questões complexas, polêmicas e controversas. Vamos, então, analisar melhor o
hebraico lo’ tirtsah (não matarás), traduzido em nossas versões por
“matar”, num sentido geral, quando na realidade o seu significado é específico] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
I. O SEXTO MANDAMENTO
1. Abrangência. Este
é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão,
expressa de maneira simples com duas palavras: "Não matarás" (Êx
20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do
Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado
e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e
eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento. [Comentário: O Decálogo (Dez
Mandamentos) proíbe o abate (lo Tirza) (Êx 20.13; Dt 5.17), mas o mesmo termo
hebraico (rzh) é usado para descrever a pena capital, um ato permitido
em outros lugares na Torá (Nm 35.16, 17, 18, 19, 30). No Dicionário Vine o
verbo hebraico ratsah, de onde se deriva tirtsah, é traduzido por “matar, assassinar,
destruir”. O Termo aparece principalmente no material legal (Lei), e nos
profetas é usado para descrever o efeito da injustiça e ilegalidade em Israel
(Os 4.12; Is 1.21; Jr 7.9). Na Septuaginta a tradução é phoneúseis
(assassinarás).[VINE, W. E. et al. Dicionário Vine. , 2 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p. 180.]. Os teólogos de Westminster concluíram que
nesse mandamento Deus proíbe “o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no
caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência
ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira
pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas
e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios;
as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os
ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém” (Catecismo Maior
— resposta à pergunta 136).]
2.
Objetivo. O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o
respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor
(Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui "pensamentos e palavras, ira e
insultos". O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão
(1 Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito
de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).
[Comentário: O sexto
mandamento sempre fala de homicídio, culposo ou não. O mandamento enfatiza a
gravidade do crime. Gênesis 9.6 explica: “Quem derramar sangue do homem, pelo
homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado”.
Regulamentando a aplicação desse mandamento, o Antigo Testamento traz leis
rigorosas e severas para punir a violência contra a vida humana. O assassinato
era punido com a pena de morte (Êx 21.12). A mesma punição era aplicada ao
proprietário de um animal que matasse um ser humano, caso ficasse provado que a
morte resultou da negligência do dono do animal (Êx 21.29). O homicida tinha
direito à defesa, mas era julgado com rigor. Jesus trata o homicídio e o
assassinato de forma ainda mais rigorosa, condenando esses atos nas suas
raízes, nas intenções, mesmo quando eles não são executados. Ele afirmou:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a
julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra
seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará
sujeito ao inferno de fogo.” (Mt 5.21-22.) Todo assassinato tem uma ou mais
causas. Essas causas podem ser o ódio, a ira descontrolada, o desejo de
vingança, o insulto... E todas elas nascem no interior do ser humano, no
recôndito de seu ser, onde deve ser iniciado o combate à violência.]
3.
Contexto. "Não matarás" já era um mandamento antigo, mas agora é
introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade
pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750
a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de
autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a
revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência
dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15). [Comentário: Todas as civilizações antigas tratavam do
delito de homicídio em seus manuscritos. Alguns de forma mais severa, outras de
forma mais branda. Deus deu a todas as pessoas, em todas as épocas e culturas,
um instinto moral através da criação (Rm 2.14,15), embora o pecado possa distorcer
sua compreensão. O verbo usado neste mandamento tem como raiz rsh cujo
significado é matar. Sabendo disto, nosso interesse agora deve ser conhecer, de
perto, o sentido da raiz hebraica rsh comparando-o com o uso dos
outros verbos do seu campo semântico. Fazem parte deste campo os seguintes
verbos: mut (hifil, morrer (Nm 35,19.21); harag, matar (Sl 94,6) e o verbo de
origem aramaica qatal, matar, derramar sangue, executar (Jó 24,14).Todos estes
três verbos têm o significado de “matar”, no sentido mais amplo. Todavia, o
verbo rasah nunca é usado para designar uma ação de Deus, bem como a matança de
animais e suicídio (apesar de Nm 35,30). Assim, rasah pode ser definido como
matar violentamente uma pessoa (Frank Crusemann, Preservação da Liberdade, p.
56-59). Este verbo tem como objeto direto: um vizinho (Dt 19,5), um cidadão
israelita (1Rs 21,1-3), uma mulher de família (Dt 22,26), e a concubina de um
levita (Jz 20,4). O verbo é usado de forma absoluta como no Decálogo (Ex 20,13
e nos profetas (Is 1,2; Jr 7,9; Os 4,2; 6,9). Um animal nunca é objeto do verbo
rasah. Assim, estas observações mostram que o significado básico deste verbo é
a morte do ser humano numa condição normal de vida. Partindo do princípio que
Israel viveu num ambiente de guerra de conquista onde matar para obter terras
era normal, a proibição de matar o vizinho, o cidadão israelita, a mulher de
família, entre outros, deve ser vista como um grande avanço.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
Deus criou e deseja preservar a vida humana.
.
II. IMPORTÂNCIA
1. Da
vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6).
Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida
humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a
morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1 Rs 19.4; Jn
4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus
sabe a hora em que a vida humana deve cessar, Ele é o soberano de toda a
existência. [Comentário: O homem foi feito à imagem e semelhança de
Deus, é a coroa da criação e o representante de Deus na terra investido de
autoridade sobre as demais criaturas (Gn 1.26, 27; SI 8.5, 6). Todos os seres
humanos são irmãos porque vieram de um só casal e têm o mesmo sangue (At
17.26). O respeito à vida é o respeito a Deus. A primeira tábua do Decálogo se
refere à santidade de Deus, e a segunda, à santidade da vida. O sexto
mandamento inicia a série de proibições absolutas expressas com duas palavras
num ritmo lógico. Começa com a proteção da vida, o bem maior e inalienável, em
seguida vem a proteção da família, a célula mater da sociedade; depois aparece
a proteção da propriedade, dos bens e da honra. O respeito à vida é o princípio
dos deveres para com o próximo, a ordem divina de amar o próximo como Jesus nos
amou (Jo 13.34). "Não matarás” proíbe o homicídio e os pecados vinculados
à violência, tais como "o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no
caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência
ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira
pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança" (Catecismo Maior de
Westminster, 136) Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos
para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 88.]
2.
Não matar. A proibição do sexto mandamento é não assassinar.
O verbo hebraico ratsach, "matar, assassinar, destruir", aparece 47
vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira
ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das
palavras lo e tirtsach seria: "não assassinarás", ou "não
cometerás assassinato", pois "não matarás" é uma expressão
genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato
violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a
homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).
[Comentário: Deus abomina toda e qualquer forma de
homicídio e assassinato. O seu mandamento para todos os homens, de todos os
lugares e de todas as épocas, é: “Não matarás” (Êx 20.13). E quem desobedecer a
esse mandamento pagará muito caro por isso, pois o próprio Deus declarou: “Certamente,
requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei,
como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a
vida do homem. Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o
seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” (Gn 9.5, 6). Em 1João 3.15
“Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum
homicida tem permanente nele a vida eterna”, João enfatiza que há certos
pecados que o crente nascido de novo não cometerá, porque nele permanece a vida
eterna de Cristo (cf. 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2 Jo 9). Esses
pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da
pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra Deus, um afastamento
de Cristo, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl
5.4). O assassinato é um exemplo de pecado no qual há evidência clara de que a
pessoa continua nos laços da iniquidade ou que caiu da graça e da vida eterna
(v. 15; 2.11). Esse pecado abominável evidencia uma total rejeição da honra
devida a Deus, e da solicitude amorosa para com o próximo (cf. 2.9,10; 3.6-10;
1 Co 6.9-11; Gl 5.19-21; 1 Ts 4.5; 2 Tm 3.1-5; Hb 3.7-19). Jesus em Mateus
5.22, diz: “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar
contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca
será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do
inferno”. Aqui, Cristo não se refere à ira justa contra os ímpios e iníquos (Jo
2.13-17); Ele condena o ódio vingativo, que deseja, de modo injusto, a morte
doutra pessoa. Raca é um termo de desprezo que provavelmente
significa tolo, estúpido. Chamar alguém de louco,
com ira e desprezo, pode indicar um tipo de atitude de coração, conducente ao
perigo do fogo do inferno.]
3.
Etimologia. São raros os termos correspondentes ao verbo
ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo
radaha, "quebrar em pedaços, estilhaçar". O termo ratsach não é usado
na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e
militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de
morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de
vingança de sangue. [Comentário: O Dicionário Internacional de Teologia do
Antigo Testamento descreve ratsah da seguinte maneira: “Ratsah é uma raiz
exclusivamente hebraica. Não possui nenhum cognato claramente identificável nas
línguas da época. A raiz ocorre 38 vezes no AT, com 14 ocorrências em Números
35. Ela aparece pela primeira vez nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). Naquele texto
importante aparece no qal, junto com o advérbio de negação “não assassinarás”,
que é uma tradução mais exata do conhecido e demasiadamente genérico “não
matarás” [...]. As inúmeras ocorrências em Números 35 tratam do estabelecimento
das cidades de refúgio para onde podiam fugir aqueles que matassem alguém
acidentalmente. Números 35.11 deixa plenamente claro que o refúgio existia para
as pessoas culpadas de mortes acidentais, não premeditadas. Isso deixa claro
que ratsah se aplica igualmente tanto a casos de assassínios premeditados
quanto a mortes resultantes de outras circunstâncias, que em direito são
chamadas de “homicídio culposo”. A raiz também descreve a morte por vingança
(Nm 35.27, 30) e o assassínio motivado (2 Rs 6.32) [...]. Em um único caso em
todo o AT a raiz designa a morte de um homem por um animal (Pv 22.13). Mas
mesmo nesse contexto a ideia básica é a da hediondez de tal acontecimento. Em
todos os demais casos do uso de ratsah, é o crime de um homem contra se
semelhante e a censura divina que estão em proeminência” HARRIS, R. Laird
et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:
Vida Nova, 1998, p. 1451.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito
legal de pôr fim à vida.
III. PROCEDIMENTO JURÍDICO
1.
Significado do homicídio. O homicídio é o maior crime que um ser humano pode
cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis
anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador
desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo
homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua
imagem" (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe
ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou
coisa. [Comentário: A origem da palavra “homicídio”, como
diversas expressões jurídicas, haure do latim homicidium. Aduz Ivair Nogueira
Itagiba (1945, p. 47) que tal vocábulo “Compõe-se de dois elementos: homo e
caedere. Homo, que significa homem, provém de húmus, terra, país, ou do
sânscrito bhuman. O sufixo ‘cídio’ derivou de coedes, de caedere, matar”. A
palavra homicídio é lembrada pela Enciclopédia Britânica (1994, p. 108) como
“morte violenta ou assassinato”. No entanto, o significado mais lembrado foi
aquele dado pelo Criminalista italiano Carmignani (apud, COSTA JÚNIOR, 1991, p.
9), onde o “homicídio (hominis excidium) é a morte injusta de um homem,
praticado por um outro, direta ou indiretamente” http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9832. De toda a criação, a vida do ser humano é a mais
sagrada diante de Deus. A violação deliberada da vida do próximo implica em
retribuição pelas mãos de outros seres humanos que, neste caso, são agentes de
Deus. O filosofo francês Michel de Montaigne (1996, p. 367), certa vez aduziu: “Vivo
em uma época que, por causa de nossas guerras civis, abundam os exemplos de
incrível crueldade. Não vejo na história antiga, nada pior do que os fatos
dessa natureza, que se verificam diariamente e aos quais não me acostumo. Mal
podia eu conceber, antes de o ver, que existissem pessoas capazes de matar pelo
simples prazer de matar; pessoas que esquartejam o próximo, inventam engenhosos
e desconhecidos suplícios e novos gêneros de assassínios, sem ser movidos nem
pelo ódio nem pela cobiça, no intuito único de assistir ao espetáculo dos
gestos, das contrações lamentáveis, dos gemidos, dos gritos angustiados de um
homem que agoniza entre torturas.” Embora tal trecho possa ser corroborado
com os dias atuais, trata-se, na verdade, de uma publicação do ano de 1580, da
obra “Ensaios”, do aludido filosofo. Por causa do apelo à violência e ao derramamento
de sangue que surge no coração humano (cf. 6.11; 8.21), Deus procurou
salvaguardar a intocabilidade da vida humana, reprimindo o homicídio na
sociedade. Ele assim fez, de duas maneiras: (1) Acentuou o fato de que o
ser humano foi criado à imagem de Deus (1.26), e assim sua vida é sagrada aos
seus olhos; (2) instituiu a pena de morte, ordenando que todo homicida
seja castigado com a morte (cf. Êx 21.12,14; 22.2; Nm 35.31; Dt 19.1-13; ver Rm
13.4).Veja, ainda, a autoridade para o governo usar a espada no Novo
Testamento: At 25.11; Rm 13.4; Mt 26.52.]
2.
Homicídio doloso (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções
específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém
ferir de morte seu próximo, "com instrumento de ferro" (v. 16),
"com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de
madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa
golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo
"homicida", rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes
aqui. Trata-se de homicídio doloso. [Comentário: Vários textos
antigos já faziam a diferença entre o homicídio doloso (quando há intenção de
matar), a legítima defesa (quando a morte ocorre porque a pessoa está se
defendendo) e o homicídio culposo. Na Bíblia, ao fazer a partilha da Terra
Prometida entre as Doze Tribos de Israel, várias cidades dos levitas foram
separadas para serem cidades de refúgio para a pessoa que matava outra por
acidente. (Nm 35.6; Js 20.1-6). Podemos ver na Bíblia uma diferença entre
homicídio culposo e doloso. Números 35:9-34 é claro quanto a isto. A pessoa que
matava alguém por maldade, era morta pelo vingador, que era um dos parentes
mais próximos da vítima. Já aquele que matava alguém involuntariamente podia
correr para uma cidade de refúgio, onde era protegido da vingança. Interessante
é que em ambos os casos podemos perceber que o pecador sofria a consequência
por seu pecado, mesma que a consequência não fosse tão grave (lembra-se do
castigo “segundo as suas obras”?). Mesmo que homicida tivesse matado alguém sem
que houvesse nele a intenção e tivesse sido livrado da pena de morte, tinha de
morar por toda a vida na cidade de refúgio para não ser morto por um familiar
daquele que fora morto.]
3.
Homicídio culposo (Nm 35.22-25). Era o crime involuntário e
acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o
procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se
refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental
(Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era
agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1 Rs 1.50, 51). Esses dois
recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente. [Comentário: Homicídio culposo ou homicídio
involuntário ocorre quando uma pessoa mata outra, mas sem que tivesse esta
intenção, nem aceitando os riscos que levem à morte da outra; pode ser por
negligência, imperícia ou imprudência Jus Brasil, Homicídio culposo. A pena de morte só deveria ser aplicada após ser
comprovado o cometimento da infração (Ex.23:7; Dt.35:30). Não havia pena de
morte para quem cometesse morte por acidente (Dt.19:2-6; 35:15,22-25). Das
quarenta e oito cidades reservadas aos levitas, seis delas seriam cidades de
refúgio, “para que, nelas se acolha o homicida” (Nm 35.6). Que tipo de
homicida? Certamente, não eram os assassinos frios, violentos, contumazes. Eram
pessoas que tivessem cometido erros trágicos, acidentais, e que por isso mesmo,
provavelmente, estivessem sob forte tensão, emocionalmente abaladas pela
experiência vivida, desejando ansiosamente retroceder no tempo e apagar o
acontecimento. Observe em Números 35.16-28 a diferença entre o assassinato
intencional e o não intencional. “Segundo dizem os rabinos, para facilitar a
ida dos fugitivos, o Sinédrio tinha a responsabilidade de manter nas melhores
condições possíveis as estradas que davam acesso às cidades de refúgio. Não poderia
haver morros; em todos os rios deveria haver pontes, e a própria estrada
precisava ter pelo menos trinta e dois cúbitos de largura (cerca de dezesseis
metros). Em todas as curvas deveria haver placas de sinalização com a palavra
Refúgio. Além disso, o fugitivo deveria ser acompanhado de dois estudiosos da
Lei para, se possível, apaziguarem o vingador do sangue, caso este alcançasse o
fugitivo” (Merryl F. Unger, Unger’s Bible Dictionary, citado em
Charles Swindoll, Vivendo Sem Máscaras, p. 142). Enquanto permanecesse
dentro dos limites da cidade de refúgio, o transgressor estava seguro. Caso
saísse e fosse encontrado pelo vingador, este o mataria e ficaria sem culpa (Nm
35:26, 27).]
SÍNTESE DO TÓPICO
III
Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens
e agindo diretamente contra o próprio autor da vida, Deus.
IV. PUNIÇÃO
1. O
sangue de Abel. O termo "sangue" de Abel em "A voz
do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra" (Gn 4.10), está no
plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos
judeus, significa "sangue de sua descendência" ou seja: "todo
aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse
destruído o mundo inteiro" (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para
sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de
Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de
Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11). [Comentário: Tanto Caim como Abel
pareciam honrar a Deus de mesma forma através de cultos idênticos, mas na
realidade apresentavam as suas oferendas com disposições bem diferentes. As do
mais velho pareciam ser apenas um dom e as do mais novo, pelo contrário, davam
testemunho da sua reverência e piedade. Daí saíram os sentimentos de inveja
[...], que resultaram no assassínio de Abel (Gn 4, 3ss.) Aquele que concede a
vida também pode ouvir o seu clamor! (Veja Jó 16.18; Is 26.21; Ez 24.7-8; Mt
23.35; Ap 6.10). ]
2. O
vingador. A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm 35.19,21b),
goel, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o
assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio,
uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande
desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é
mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou
substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39). [Comentário: O hebraico ‘góel’
(‘resgatador’) veio a significar parente (Rt 2.20). Este ‘goel’ exercia o
direito de ‘vingador de sangue’ (Nm 35.19,21,27 - Dt 19.12). Outra palavra
hebraica é empregada para significar a redenção do primogênito (Êx 13.13,15).
No N.T. as duas ideias que as palavras redenção e remir do A.T. sugerem, são
compra (Gl 3.13 - 4.5, e Ap 5.9), e libertação (Lc 1.68 - 24.21 - Rm 3.24 - Ef
1.7 - Tt 2.14 - 1 Pe 1.18. “Porque eu sei que o meu Redentor (Go’el) vive, e
que por fim se levantará sobre a terra”. (Jó 19.25). Em caso de assassínio, a
morte deveria sem vingada por um go’el, o vingador de sangue. Este teria por
missão matar o causador da referida morte sendo paga “vida por vida”. O
vingador do sangue funcionava como um executor sem culpa. Este seria em
primeiro lugar o filho do morto, ou se este não existisse, um parente próximo.
Em 2 Sm14.11 é descrito um exemplo possível. A Bíblia Vida Nova traz o seguinte
comentário: “Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar
justiça por este: isto era uma garantia de que sempre haveria alguém
interessado em trazer o malfeitor à punição. A lei do refúgio era a maneira de
Deus preservar este costume contra o Vingador (Go’el) injusto e cruel” SHEDD,
Dr. Russel P. Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189.
A ideia fundamental do sistema do go’el é a proteção do pobre ou do desgraçado.
Muitas vezes se alude ao Senhor como goel ou remidor de seu povo (Jó 19.25;
Salmo 19.14; 49.15; Isaías41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é, sobretudo,
nosso goel ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’,
fez-se carne e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de
nossa herança e do aguilhão da morte”. Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou
na sinagoga, na cidade de Nazaré, e tomando o livro do profeta Isaías, leu: “O
Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor ” (Is 61.1,2).Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou:
“Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Ele deixou de ler a última
parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da Graça, é o Ano Aceitável
do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o Resgatador. Porém virá o
“Dia da Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá como Parente Vingador
para trazer juízo sobre Satanás, juízo sobre a terra]
3.
Expiação pela vida. O crime de assassinato podia ser expiado por uma
das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de
homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino
deve ser morto, ou seja, era "vida por vida" (Êx 21.23). A segunda
diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de
refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm
35.25). [Comentário: O
princípio da lei de Talião era usado para evitar a extrema brutalidade na
rigorosa retribuição. No antigo Oriente Próximo, era prática comum tirar a vida
de alguém que tinha causado injúria em retaliação por danos incorridos. O
acordo mosaico limitava a retaliação. Jesus se deparou com a interpretação
feita pelos fariseus para significar que uma pessoa deveria compensar a pessoa
que injuriara de modo equivalente aos danos causados. A palavra redenção vem
de: Lutron (grego), preço de soltura, resgate, preço de resgate, 3 vezes.
Lutroo (grego), resgatar, redimir, libertar pelo pagamento de um preço, 3
vezes. Lurosis (grego), Apolutrosis (grego), redenção, soltura, libertação.
Palavras hebraicas: padâh, resgatar, redimir; ga’al, redimir, agir como
parente; Go’el, redentor. O significado de redenção é libertar pagando um
preço. Libertar da escravidão ou de algum domínio sobre outrem. Para os judeus
a figura da redenção é tida na libertação divina da escravidão no Egito como
evento mais notável do Velho Testamento. Essa redenção fora feita de duas
maneiras: 1) por meio do sangue do cordeiro (Ex 12.1-13); e 2) a libertação do
poder do inimigo (Ex 12.26,27; 13.13,14). Para os gentios, o sentido é o de
libertar um escravo, cuja liberdade era paga (1Pe1.18). A redenção trata da
morte de Cristo e o preço do resgate que Ele pagou para providenciar a
salvação. A palavra Agorázō (ἀγοράζω) significa que redenção é um ato de
comprar, entrar no mercado e comprar. Isto é verificado pelo fato de Cristo ter
entrado no mercado do pecado e então comprou, pagando com o Seu próprio sangue
(1 Co 6.20; 7.23; 2 Pe 2.1; Ap 5.9; 14.3,4). No Velho Testamento verifica-se
que a redenção é obra do poder de Iahweh (Dt 15.15) ou de Seu amor (Sl
44.27).De acordo com o costume israelita, era possível para alguém ser redentor
em causa própria (Lv 25.49).O livro de Rute nos apresenta a figura do Go’el, um
parente chegado que tinha o direito de redimir. É mencionada a redenção
nacional do povo de Israel (Ex 6.6; 15.13; Sl 78.35; Jr 31.11; 50.33,34); bem
como a redenção individual (Ex 13.13-15; Nm 3.41; Jó 19.25);também é mencionada
a redenção de propriedade, nome e vida (Lv 25.25-34; Rt 4.4-6;3.4; Mt 22.23-33;
Nm 35.12-34; Js 20.1-6).O apóstolo Paulo nos ensina que Cristo se tornou a
nossa redenção (1Co 1.30). Diz que redenção mediante o sangue de Cristo é a
remissão dos pecados (Ef 1.7; Cl 1.14).De acordo com os próprios ensinos do
apóstolo Paulo, Cristo é o agente da redenção (Rm 3.24), realizado por meio da
encarnação (Jo 1.12-14) Pr. A. Carlos G. Bentes, Doutor em Teologia. O
PARENTE REMIDOR GO’ELO PARENTE VINGADOR. https://pt.scribd.com/doc/109932960/O-Parente-Remidor]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Não havia expiação para homicídio doloso; já para o homicídio culposo,
havia as cidades de refúgio.
CONCLUSÃO
O Senhor
Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter
nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo "não" à
violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus. [Comentário: “Não
matarás" é ratificado no Novo Testamento pelo Senhor Jesus Cristo e seus
apóstolos (Tg 2.11; 1 Jo 3.15). Jesus citou este mandamento juntamente com
aqueles que dizem respeito aos deveres do homem para com seu próximo: "Não
matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt
19.18,19). O apóstolo Paulo elencou esses mandamentos numa ordem e forma
levemente modificadas (Rm 13.9).]. A “NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.
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