SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Os cristãos do primeiro século enfrentaram perseguições, por causa disso
alguns deles abandonaram a fé, e retornaram às práticas judaicas. Tiago, em
consonância com o autor da Epístola aos Hebreus, conclama seus leitores a
permanecerem firmes. O primeiro apela à sabedoria do alto, que se materializa
na disposição para enfrentar a provação, sem negar a fé. Na aula de hoje
estudaremos a respeito dessa sabedoria, que deve ser demonstrada, sobretudo, em
humildade, na confiança em Deus, que é o provedor dessa sabedoria, diferente da
humana ou diabólica.
1. SABEDORIA DO ALTO NA PROVAÇÃO
A falta de maturidade é uma demonstração de ausência de sabedoria,
aqueles que não sabem lidar com as adversidades revelam infantilidade. Jó é um
exemplo bíblico de sabedoria na provação, ao invés de blasfemar contra Deus,
prostrou-se em terra em adoração, e disse: “nu sai do ventre da minha mãe, e nu
partirei, o Senhor o deu, o Senhor o levou, louvado seja o nome do Senhor” (Jó.
1.20). Esse tipo de cristão está em extinção nos dias atuais, isso porque a
ênfase no hedonismo está favorecendo um tipo de fé superficial, que beira à
mediocridade, que não admite passar por situações adversas. Para Tiago a
verdadeira sabedoria, tal como aquela expressa nos Provérbios, é prática e tem a
ver com a convicção de fé, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que
desejamos. O insensato, em Provérbios, é aquele que deixa de reconhecer suas
limitações, que se fundamenta na autossuficiência, que acha que pode descartar
Deus (Pv. 26.12). Existem esses até mesmo entre os que se dizem cristão, tais
precisam pedir sabedoria para enfrentar os momentos difíceis, ao invés de
negá-los. A palavra pistis em grego, geralmente traduzida por fé, traz nessa
Epístola, a conotação de fidelidade. Para Tiago ter fé é mais do que acreditar,
trata-se de uma disposição para enfrentar a provação. A demonstração da
fidelidade resulta em obediência (Tg. 2.14), que não se deixa mover pelas
circunstâncias (Tg. 1.6). Como fez Salomão, devemos pedir a Deus a sabedoria necessária
para fazer a diferença entre a verdade e o engano (II Rs. 3.7-9). A sabedoria
que o monarca recebeu era de Deus, não dos homens. De vez em quando os
cristãos são rotulados de ignorantes, e isso tem um fundo de verdade. Deus
destrói a sabedoria dos sábios segundo o mundo, que fundamentam seus argumentos
em axiomas. Por isso, para aqueles que não confiam nas promessas de Deus, a
mensagem da cruz é totalmente absurda (I Co. 1.24-26). A loucura da pregação
nos convida a confiar no Senhor, de todo coração e a não nos apoiar em nosso
próprio entendimento (Pv. 3.5,6).
2. O VALOR DA SABEDORIA DO ALTO
A importância da sabedoria para o cristão é o próprio Jesus Cristo, nEle
estão escondidos todos os tesouros da sabedoria (Cl. 2.3; I Co. 1.24). O
autor de Provérbios encerra em poucas palavras seu valor: “Como é feliz o homem
que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais
proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro [...] a sabedoria é árvore
que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado (Pv.
3.13,14,18). Essa sabedoria não é terrena, ou melhor não é deste mundo (Tg.
3.15), que é pura tolice, ao ser comparada com a sabedoria de Deus. A
construção da torre de Babel é um exemplo do que pode fazer a sabedoria humana
(Gn. 11.9). O projetos humanos tem causado muita desilusão, principalmente
quando destituídos da orientação divina. A ciência tem trazido muitas
contribuições para a sociedade, mas infelizmente tem servido mais para o mal do
que para o bem. As grandes invenções estão a serviço dos interesses da minoria,
pouco investimento tem sido feito na solução dos problemas sociais. O avanço do
conhecimento não é proporcional à sabedoria, somos capazes de fazer viagens
espaciais, mas não sabemos como conviver com nossos vizinhos. O otimismo da
ciência, influenciado pelo Positivismo de Comte, está em declínio. A
pós-modernidade é justamente a desconstrução dos valores cientificizados, até
mesmo a confiança na educação está abalada. A formação acadêmica não é garantia
de uma ética pautada no respeito ao próximo, sobretudo do temor a Deus, que é o
princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Para Tiago a sabedoria de Deus é espiritual,
não é física, do grego psykikos, ou natural. Se diferencia também por não ser
demoníaca (Tg. 3.15), os conhecimentos humanos podem ser projetos para a
mentira (Rm. 1.18-25), para semear o ódio e a discórdia. A verdadeira sabedoria
provém do alto, ela não é resultante apenas de lógica, mas da oração, de
momentos de intimidade com Deus (Tg. 1.5). A palavra de Deus é o fundamento
dessa sabedoria, pois ela nos torna sábios para a salvação (II Tm. 3.15).
3. A DEMONSTRAÇÃO DA SABEDORIA DO ALTO
A sabedoria que não provém de Deus é falsa, e se manifesta através da
inveja que causa amargura (Tg. 3.14,16). A sabedoria dos homens, pautada no
egoísmo, busca apenas o interesse próprio. Existem até aqueles que se ufanam da
religiosidade, como faziam os fariseus dos tempos de Jesus (Mt. 6.1-18). O
conhecimento bíblico acumulado não garante que o detentor é uma pessoa
sábia. Existem casos de pessoas que tem muito conhecimento, mas não são
amorosos, é justamente o amor que equilibra o conhecimento, e revela sabedoria
(I Co. 8.1). A ética do amor é a base da verdadeira sabedoria, os cristãos que
são sábios amam, tanto a Deus quanto ao próximo (Mt. 22.37,38; I Co. 13). O
sentimento faccioso é uma característica da sabedoria meramente humana
(Tg. 3.14, 26). A palavra eritheia dá ideia de partidarismo, um dos
sentimentos predominantes na igreja de Corinto (I Co. 1.10-13). Os cristãos que
amadureceram na fé não vivem em disputas, não estão preocupados em conseguir
espaço, não perseguem os holofotes. Essa é uma sabedoria vã, no sentido bíblico
de vaidade, que passa, é efêmera, temporária (Ec. 1.1,2). É uma pena que muitas
pessoas estão se digladiando dentro das igrejas por causa de espaço. As
disputas políticas no contexto eclesiástico é uma demonstração de falta de
sabedoria. A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos conduz à mansidão, não se
exaspera, não perde o controle (Tg. 3.13). A sabedoria do alto, que vem de
Deus, nos impulsiona para a pureza. A santidade é uma marca do cristão que
busca agradar o Senhor, que não se envolve com o mundanismo, que não ama as
coisas do presente século (Rm. 12.1,2). A sabedoria do alto faz sossegar a
nossa alma (Tg. 3.17), e nos dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27). Essa
é uma paz que excede todo entendimento (Fp. 4.6,7), sendo resultante do fruto
do Espírito (Gl. 5.22).
CONCLUSÃO
Vivemos na era do conhecimento, as pessoas estão envoltas de
informações, algumas deles extremamente desnecessárias. Os cristãos, em meio às
adversidades da vida, devem buscar a sabedoria de Deus, que vem do alto. Essa
sabedoria está fundamentada no amor, na paz de Deus que excede todo entendimento.
Além disso, ela é tratável, aberta à revelação de Deus, cheia de misericórdia,
se preocupa com os necessitados. Essa, portanto, é uma sabedoria prática, que
produz frutos, dignos de arrependimento (Mt. 3.8), demonstrada em
imparcialidade, não se deixa cooptar pelas conveniências, não é fingida.
Busquemos, pois, a sabedoria de Deus, que diferentemente da sabedoria do mundo,
não produz problemas e resulta em bênçãos espirituais (Tg. 3.16-18).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos os ensinamentos da Palavra de Deus acerca da
importância da sabedoria divina para o nosso viver diário. Tiago inicia a
temática em tom de exortação, enfatizando a necessidade da sabedoria divina
como condição básica de levar a igreja a viver a Palavra de Deus com alegria,
coerência, segurança e responsabilidade. E isso tudo sem precisar fugir das
tribulações ou negar que o crente passa por problemas. A nossa expectativa é
que você abrace o estilo de vida proposto pelo Santo Espírito nesta carta. Não
fugindo da realidade da vida, mas enfrentando-a com sabedoria do alto e na
força do Espírito Santo. [Comentário: A lição de hoje está direcionada à sabedoria,
não a sabedoria do mundo, mas aquela doada por Deus, aquela que foi perdida em
decorrência da rebelião do ser humano contra Deus; rebelião que deixou o
pensamento humano “obscurecido” (Rm 1.21; Ef 4.18), pelo pecado que se coloca
como uma parede entre nós e Deus. De qualquer modo, nesse aspecto o pensamento
desvinculado de Deus, autocrático e arbitrário do ser humano encontra-se no
caminho falso (Rm 1.22; 1Co 1.19,27; 1Co 2.14). Não somente o querer da pessoa
natural, mas igualmente seu pensar foi condenado e “cruzado” pela cruz de
Jesus, que na realidade representa o juízo de Deus sobre nós. Por nova
sabedoria “espiritual”, no entanto, a Bíblia compreende o reconhecimento
concedido e produzido por meio do Espírito de Deus: o reconhecimento daquilo
que Deus faz e do que ele espera que o ser humano faça (1Co 1.24; 2.6s; 12.8;
Ef 1.17; Cl 1.9; Tg 3.13,17). O cristão não vive isolado, mas na companhia de
outros, na comunidade em que Deus o colocou. Essa comunidade é, em primeiro
lugar, a igreja de Jesus Cristo. Conforme sua vocação, a igreja está no mundo
para fazer brilhar a luz do evangelho. Para atuar de modo correto em seus
respectivos lugares, o cristão e a igreja precisam de sabedoria e entendimento.
Na parte introdutória de sua epístola, Tiago diz ao leitor como obter
sabedoria: “deve pedir a Deus, que dá generosamente a todos sem encontrar
culpa, e lhe será dada” (1.5). Ninguém pode viver sem sabedoria, pois ninguém
deseja ser tolo. Assim, a sabedoria é muito bem guardada por aqueles que a têm
e procurada por aqueles que dela são desprovidos] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. A NECESSIDADE DE PEDIRMOS
SABEDORIA A DEUS (Tg 1.5)
1. A sabedoria que vem de Deus. Tiago fala da sabedoria que vem do alto para
distingui-la da humana, de origem má (Tg 3.13-17). Irrefutavelmente, a
sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o homem alcança o discernimento da
boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 2.10-19; 3.1-8,13-15; 9.1-6; Rm
12.1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias
iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos
efeitos das suas reações. Enfim, a Palavra de Deus nos orienta a vivermos com
prudência. Todavia, quando nos achamos em meio às aflições é possível que nos
falte sabedoria. Por isso, o texto de Tiago revela ainda a necessidade de o
crente desenvolver-se, adquirindo maturidade espiritual. [Comentário: Sabedoria é o uso correto
do conhecimento. Tiago enxerga a sabedoria como sendo uma necessidade para as
pessoas, mas faz questão de mostrar os tipos de sabedoria que podemos encontrar
à nossa volta. E para o apóstolo, mais do que ter, ou não, sabedoria, é
imprescindível saber a quem pedir, é preciso utilizá-la. Uma pessoa pode ser
culta e tola. Hoje se dá mais valor à inteligência emocional do que a
inteligência intelectual. Uma pessoa pode ter muito conhecimento e não saber se
relacionar com as pessoas. Ela pode saber muito e não saber viver com ela e com
os outros. Sabedoria é também olhar para a vida com os olhos de Deus – A
pergunta do sábio é: em meus passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como
agiria, como reagiria? Cristo não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou
os seus discípulos na escola da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do
que ensinar fórmulas de matemática. Há uma sabedoria que vem do alto e outra
que vem da terra. Há uma sabedoria que vem de Deus e outra engendrada pelo
próprio homem. A Bíblia traz alguns exemplos da tolice da sabedoria do homem:
1) A torre de Babel parecia ser um projeto sábio, mas terminou em fracasso e
confusão; 2) Pareceu sábio a Abraão descer ao Egito em tempo de fome em Canaã,
mas os resultados provaram o contrário (Gn 12.10-20); 3) O rei Saul pensou que
estava sendo sábio que colocou a sua armadura em Davi; 4) Os discípulos pensaram
que estavam sendo sábios quando despediram a multidão no deserto, mas o plano
de Cristo era alimentá-la por meios deles; 5) Os experts em viagens marítimas
pensaram que era sábio viajar para Roma e por isso não ouviram os conselhos de
Paulo e fracassaram. A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela
é fruto de oração (1.5), ela é dom de Deus (1.17). Essa sabedoria está em
Cristo: Cristo é a nossa sabedoria (1 Co 1.30). Em Jesus nós temos todos os
tesouros da sabedoria escondido (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto
que ela nos torna sábios para a salvação (2 Tm 3.15). Ela nos é dada como
resposta de oração (Ef 1.17; Tg 1.5). O crente que é verdadeiramente sábio ora
continuamente a Deus em nome de Jesus. Na oração, ele está em comunhão com a
fonte de sabedoria, pois o próprio Deus a dará liberalmente a qualquer um que
lhe pedir (Tg 1.5). Assim como o rei Salomão pediu sabedoria para DEUS, nós
também podemos pedir.]
2. Deus é o doador da sabedoria. O texto bíblico não detalha a maneira pela
qual Deus concede sabedoria. Tiago apenas afirma que o Altíssimo a dá.
Juntamente com a súplica pela sabedoria que fazemos ao Pai em oração, a
epístola fornece riquíssimos ensinamentos (v.5): [Comentário: Tiago estava aprendendo com seu Senhor e
Mestre. Ele mostrou-nos a grande e maravilhosa possibilidade, a saída para toda
a perplexidade: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). A oração pedindo sabedoria divina é a oração pelo
Espírito de Deus, porque a sabedoria é um dos efeitos do Espírito (Ef 1.17).
Nosso Senhor reservou uma promessa especial à oração pelo Espírito (Lc 11.13).
Os dons exteriores também são concedidos por Deus a quem não os pede a ele (Mt
5.45). Contudo, ele não despeja simplesmente seu Espírito, a si mesmo, sua
salvação sobre as cabeças das pessoas. Não impõe a ninguém os dons interiores.
Nesse aspecto ele requer ser rogado.]
a) O Senhor é que dá sabedoria. Jesus ensina
que o Pai atende às orações daqueles que o pedirem (Mt 7.7,8).
b) O Senhor dá todas as coisas. Neste sentido,
dizem as Sagradas Escrituras: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou,
antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as
coisas?” (Rm 8.32 cf. Jó 2.10).
c) O Senhor dá a todos os homens. Ele não faz
acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.1,9).
d) O Senhor dá liberalmente. É de graça! Nosso
Deus não vende bênçãos apesar de pessoas, em seu nome, “comercializá-las”.
e) O Senhor dá sem lançar em rosto. A
expressão é sinônima do adágio popular “jogar na cara”. O Pai Celeste não age
dessa forma. [Comentário: “Deus
dá de bom grado.” A palavra grega para o modo como Deus dá significa
“simplesmente”, “despretensiosamente”, “sem segundas intenções”. Lutero traduz
“singelamente”. Ao dar, Deus não faz ressalvas e é cheio de bondade. Não se
comporta como as pessoas, nem como os gentios pensavam a respeito de seus
deuses. –“Ele dá sem repreender”: estamos acostumados à versão alemã de Lutero
- “Ele não pressiona ninguém.” Não priva ninguém. Não coloca a cesta do pão
fora de alcance (p. ex., para mostrar quem é chefe na casa). Literalmente o
sentido é: “Ele não critica.” Nós também damos, mas não raro criticamos ao
mesmo tempo, a começar por nossos próprios filhos. Por exemplo: “Você vem pedir
ajuda depois que arrumou encrenca. Deveria ter pensado melhor antes.” Ou:
“Depois de todas as suas atitudes para comigo, eu não deveria lhe dar mais
nada!” DEUS não faz sermões nem críticas. Não nos prende ao que passou. “Sua
misericórdia é nova a cada manhã” sobre nós “e sua fidelidade é grande” (Lm
3.22s). Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora
Evangélica Esperança. Tiago compartilha essa percepção. Se algum de vós
tem falta de sabedoria, peça-a a Deus. Tiago pode fazer isso com confiança
total em que Deus a todos dá liberalmente. Aqui, Tiago apela à tradição a
respeito de Jesus (os ensinos de Jesus ainda não escritos que, mais tarde,
formariam os evangelhos), pois o Senhor prometera que Deus concederia a seus
filhos o que lhe pedissem (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 11:9-13; João
15:7). Que dádiva melhor poderiam pedir do que a sabedoria de que necessitassem
a fim de resistir às provações que estavam enfrentando? Deus... dá porque ele é
doador; Deus dá liberalmente, o que significa que dá sem reservas mentais, dá
com simplicidade, com um coração singelo. Não está procurando um lucro
escondido da parte dos crentes; o Senhor não abriga motivos desprezíveis,
tampouco sentimentos mesquinhos. Na verdade, não só o Senhor dá generosamente,
mas não censura. Isso significa que Deus não se queixa do dom concedido, nem de
seu custo. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora
Vida. pag. 45.]
3. Peça a Deus sabedoria. Ainda no versículo cinco, Tiago estimula-nos
a fazermos as seguintes perguntas: Falta-nos sabedoria espiritual? Sentimental?
Emocional? Nos relacionamentos? Caso ache em si falta de sabedoria em alguma
área, não desanime! Peça-a a Deus, pois é Ele quem dá liberalmente. E mais: não
lança em rosto! Ouça as Escrituras e ponha em prática este ensinamento. Fazendo
assim, terás sabedoria do alto. [Comentário:
Não é incomum nos aproximarmos de Deus para pedir dEle bênçãos. Não é
errado desejar ser abençoado por Deus, pois mesmo as pessoas que não tem em
Jesus o seu Senhor desejam igualmente receber bênçãos dos céus. Pois bem, se
cremos que Deus pode nos abençoar, porque não pedimos a Deus sabedoria? Tiago
nos deixa evidente duas coisas: A sabedoria é uma bênção, e ela deve ser pedida
a Deus. E Deus se importa com esse tipo de pedido? Sim, pois o apóstolo mostra
o motivo máximo pelo qual devemos pedir a sabedoria a DEUS: “... e ser-lhe-á
dada”. Deus tem prazer em oferecer aos seus filhos a sabedoria, e Tiago deixa
claro que Ele nos dará a sabedoria que pedimos. A sabedoria que Deus tem para
dar não é custosa. Quando oramos de acordo com a vontade de Deus, temos a
certeza de que receberemos respostas de nossas orações e uma dessas respostas
sem dúvida é a sabedoria como um presente divino. Alexandre Coelho e Silas
Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 38. Quando somos provados precisamos pedir sabedoria (1.5-8).
Quando estamos sendo provados, precisamos de discernimento e sabedoria (1.5;
3.13-18). O que é sabedoria? E mais que conhecimento. Sabedoria é o uso correto
do conhecimento. Conhecimento pode ser definido, nesse contexto, como conhecer
bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a Bíblia. Sabedoria é olhar para a vida com
os olhos de Deus. O sábio busca maturidade e não prazer.
Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm erudição, mas não sabem
viver a vida nem fazer escolhas certas. Quando estamos sendo provados, precisamos
de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades que Deus está nos dando para
chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a entender como usar as provas
para nosso bem e para a glória de Deus. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO
Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 20-21.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A sabedoria vem de Deus. Nós temos a necessidade de
pedirmos a Ele, pois o Altíssimo é o doador.
II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA
SABEDORIA HUMILDE (Tg 3.13)
1. A sabedoria colocada em prática. Tiago conclama os servos de Deus, mais
notadamente aqueles que exercem alguma liderança na igreja local, a
demonstrarem sabedoria divina através de ações concretas (Dt 1.13,15; 4.6; Dn
5.12). A sabedoria é a virtude que devemos buscar e cultivar em nossos
relacionamentos neste mundo (Mt 5.13-16). O tempo do verbo “mostrar”, utilizado
por Tiago em 3.13, indica uma ação contínua em torno da finalidade ou do
resultado de uma obra. Desta maneira, a Bíblia está determinando uma atuação
cristã que promova as boas obras no relacionamento humano. [Comentário:
Assim como Tiago exorta os crentes a demonstrarem sua fé através
das obras, ele também pede uma demonstração de sabedoria através de uma vida
piedosa. A sabedoria nada será a menos que se manifeste na forma de boas obras
e de uma vida moral e espiritual correta. Também precisa ser frutífera e
poderosa, tal como se espera que seja a fé cristã (ver Tia. 2:14 e ss.),
porquanto, de outro modo, será algo morto e inútil. Mediante sua vida boa e
pacífica, o homem demonstrará a origem piedosa e divina de sua sabedoria.
Portanto, o sábio é convidado a demonstrar a validade de sua sabedoria pelas
suas obras de mansidão. A sabedoria que não é comprovada desse modo é uma
sabedoria falsa: e mostra-se ainda mais falsa quando se torna motivo de orgulho
e de contenda. «Tiago compartilha do conceito bíblico geral que a sabedoria
não consiste apenas no conhecimento, na
astúcia e na habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e
deve ser a vida piedosa. Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as pessoas
e os grupos. Faz agudo contraste com o egoísmo calculista que é a causa de
‘desordem social e de todas as ‘práticas vis’... O astuto, o esperto, o
manipulador habilidoso, está convencido que sua sagacidade superior é o que os
sofisticados denominam de ‘egoísmo iluminado‘, o ‘conhecimento’, a manipulação
de homens e de circunstâncias, para a satisfação de sua ganância. Para obter a
sua finalidade, o homem astuto não mostra escrúpulos em mentir, desunir,
enganar ou subornar, se pensa que poderá evitar ser apanhado. Uma boa parte da
astúcia de que ele se orgulha e a sua habilidade de ‘encobrir‘ de ‘passar
despercebido‘. Se a sua ambição só puder ser satisfeita mediante a deslealdade
para com seus amigos, ou mediante a crueldade para com suas vítimas, isso é
lamentável, mas é o preço que o ‘realista paga para ganhar o único sucesso que
vale a pena ter neste mundo‘*. (Easton, in loc.). «...proceder...» No grego é
usado o termo *anastrophe·, «conduta», «comportamento», o caráter geral de uma
vida, algo que é indicado, nas páginas do N.T.. pela metáfora do «andar», que é
de uso mui frequente. O «sábio» crente deve ser pessoa de uma conduta repleta
de boas obras, efetuadas em mansidão. Somente a sabedoria divina, uma qualidade
divinamente transmitida, pode tornar bem-sucedida a vida do crente. É algo por
demais exigente para a personalidade humana sem ajuda. «Ações, ações, ações, é
o clamor de Tiago. ‘Isto deveríeis ter feito, sem deixardes de fazer aquelas
outras'. Sem a prática cristã, todas as outras coisas que alguém professe
possuir é sal que já perdeu o sabor». (Plummer, in loc.). CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 39.]
2. A humildade como prática cristã. Instruída pela Palavra de Deus, a humildade
cristã promove as boas obras na vida do crente (Tg 1.17-20; cf. Mt 11.29; 5.5).
Quem é portador dessa humildade revela a verdadeira sabedoria, produzindo para
si alegria e edificação (Mt 5.16). A fim de redundar em honra e glória ao nome do
Senhor Jesus, a humildade deve ser uma virtude contínua. Isso a torna
igualmente uma porta fechada para o crente não retornar às velhas práticas. O
homem natural, dominado pelo pecado, não tem o temor de Deus nem o compromisso
de viver para a honra e glória dEle. Porém, o que nasceu de novo e, portanto,
“ressuscitou com Cristo”, busca ajuda do alto para viver em plena comunhão e
humildade com o seu semelhante (Cl 3.1-17). [Comentário: O sinal
da sabedoria é um espírito manso e humilde. Como a arrogância e a insensatez
andam juntas, assim também a humildade e a sabedoria. Comentando Mt 11.29,
Russell Norman Champlin afirma: “Manso e humilde de coração. Evidentemente se
refere às ideias de Zac. 9:9, que fala da humildade do Messias. Primeiramente o
Messias humilhou-se na encarnação—«...a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma
de servo, tornando-se em semelhança de homens» (Fil. 2:7). No seu ministério,
JESUS sempre apresentou provas de sua simpatia pelo estado e sofrimento da
humanidade. Operou curas não para provar seu próprio poder e grandeza, mas
porque anelava aliviar o sofrimento dos homens. Ressuscitou aos mortos porque
simpatizou com a tristeza dos que estavam em luto. Pregou o evangelho,
especialmente aos pobres, porque sentiu a desesperadora condição produzida pelo
pecado. JESUS não assumiu posição de autoridade e grandeza, como o faziam
alguns líderes dos judeus, nem procurou qualquer privilegio pessoal ante o
governo. Viveu como homem pobre, no meio dos pobres, como homem humilde no meio
dos humildes. Finalmente, submeteu-se à morte na cruz, uma morte vergonhosa e
horrível, conforme se lê, ...humilhou-se, tornando-se obediente até à morte, e
morte de cruz (Fil. 2:8)”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 382.]
3. Obras em mansidão de sabedoria. Vivemos em um tempo onde as pessoas se
aborrecem por pouca coisa, onde tudo é motivo para desejar o mal ao outro.
Vemos descontrole no trânsito, o destempero na fila, a pouca cordialidade com o
colega de trabalho e coisas afins. Parece que as pessoas não convivem
espontaneamente com as outras. Apenas se toleram! Nesse contexto, o ensino de
Tiago é de sobremodo relevante: “Mostre, pelo seu bom trato as suas obras em
mansidão de sabedoria” (v.13). Amor, cordialidade e solidariedade são valores
éticos absolutos reclamados no Evangelho. Ouçamos a sua voz! [Comentário: Sabedoria
em Tiago tem mais que ver com uma conduta que reflete a natureza e a vontade de
Deus do que com um intelecto aguçado. Tiago lança um desafio: “Quem é sábio e
tem entendimento entre vocês?” Tanto sabedoria como entendimento andam bem
juntos. Sabedoria direciona os passos, e entendimento informa o destino das
decisões. Segundo Tiago, ela é demonstrada pelo bom procedimento. A questão não
é o quanto sabemos na nossa mente, mas quanto esse conhecimento é refletido no
nosso procedimento. Por exemplo, quem não acharia um tanto estranho ver um
médico que orienta pacientes na disciplina de uma vida regrada, mas que não passa
de uma chaminé ambulante de tanto que fuma? O cristão deve demonstrar pelas
suas boas obras a mansidão que a sabedoria genuína requer. Como em 2.18, as
obras comprovam a fé genuína. A humildade mostra a verdadeira sabedoria que o
cristão tem. Thomas Manton diz: “Um cristão é mais bem conhecido pela sua vida
do que pelo seu discurso”. O Senhor Jesus convidou os cansados e
sobrecarregados a tomar sobre eles o jugo dele para aprender com ele que é
manso e humilde de coração. Quando tratamos pessoas com paciência e amor, mesmo
aqueles que não têm posição de destaque na sociedade, imita-se a sabedoria e a
humildade de Cristo. Jesus incluiu mansidão nas bem-aventuranças. A felicidade
dos mansos inclui herdar a terra (Mt 5.5). Em Tiago, mansidão deve certificar a
origem da sabedoria que se professa. Na antiguidade, sabedoria e humildade eram
praticamente inimigas. A visão grega da sabedoria pressupunha o orgulho. Uma
pessoa “sábia” tinha que se orgulhar de sua posição. Para Tiago, porém, afirmar
que se prova ser uma pessoa sábia executando obras com humildade era algo
totalmente contra aquela cultura. Algo que é também contra nossa cultura hoje.
A tendência que temos é de exaltar-nos e orgulhar-nos de nossos próprios
feitos. O oposto se mostra na sabedoria dos homens que não conhecem a Deus. É o
caso dos que “dizendo-se sábios, tornaram se loucos e trocaram a glória do Deus
imortal por imagens” (Rm 1.22,23). A
sabedoria que não tem respaldo na Bíblia é carente de mansidão. Sem
entendimento, os intelectuais do nosso tempo carecem, na maioria dos casos, da
sabedoria que o temor do Senhor produz (SI 111.10). Especular sobre as origens
do universo, sobre as origens das espécies, carecem de humildade e sabedoria.
Excluir o Criador de todos as explicações das maravilhas da natureza parece
loucura do mais alto grau. Certamente, Manton está certo ao afirmar: “O mais
evidente da sabedoria verdadeira é que seu possuidor é manso” (op. cit. p.
300). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A
Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A sabedoria deve ser colocada em prática como uma
ação concreta através da humildade.
III. O VALOR DA VERDADEIRA
SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18)
1. Administrando a sabedoria. A sabedoria mencionada por Tiago assinala a
vontade de Deus para a vida do crente. Uma vez dada por Deus, tal sabedoria
constitui-se parte da natureza do crente. É resultado do novo caráter lapidado
pelo Espírito Santo. É um novo pensar, um novo sentir, um novo agir. Deus dá ao
homem essa sabedoria para que ele administre as bênçãos, os dons e todas as
esferas de relacionamentos da vida humana. Quando Jesus de Nazaré expressou
“assim brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5.16), Ele estava refletindo
sobre o propósito divino de o crente viver a inteireza do Reino de Deus diante
dos homens. [Comentário: Ainda citando o comentário de Russell
Norman Champlin, em Mt 5.16 ele afirma: “«Assim brilhe também a vossa luz·.
Esse versículo considera os crentes em geral como luzes. A luz. do cristão deve
ser constante como a luz da candeia, porque sem esse tipo de luz não haveria
luz no mundo, e nem mesmo na casa de Deus. ou no escabelo de Deus, que é a
terra (Mt 5.35 e Is 66.1). A luz do crente são suas boas obras (ver o vs. 14
sobre os outros usos do termo). Essas boas obras redundam em glória a Deus.
Remover a luz e, portanto, a glória de Deus, é algo seríssimo. «Vosso Pai».
Esta é a primeira vez que, nas palavras de Jesus, vemos o ensino de que Deus é
Pai. Essa ideia era bem comum entre os judeus, c assim sendo, Jesus não estava
introduzindo alguma doutrina nova, mas utilizava-se da compreensão que 0 povo
já tinha para dar ênfase à necessidade de deixar a luz de Deus brilhar cm suas
personalidades. Deus Pai tem prazer nas boas obras de seus filhos, porque tais
obras provam que os discípulos são filhos de Deus. c também revelam algo sobre
a natureza de Deus. Jesus foi o exemplo mais desenvolvido e elevado da natureza
de Deus que já houve sobre a terra. Os rabinos usavam com frequência a frase:
«Nosso c vosso Pai, que está nos céus». Nos escritos judaicos (Bammidbar Rabba,
s. 15) lemos estas palavras: «Os israelitas disseram ao santo e bendito Deus:
Tu mandas que acendamos lâmpadas para Ti; mas Tu és a Luz do Mundo e contigo
mora a luz. O SANTO DEUS replicou: Não ordeno isso porque precise de luz, mas
para que vós reflitais luz sobre mim, como eu vos tenho iluminado. Assim 0 povo
poderá dizer: Eis como os israelitas O ilustram, isto é. Aquele que os ilumina
à vista de toda a terra»”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 310.]
2. Sabedoria verdadeira e a arrogância do saber. Há pessoas orgulhosas
que, por se julgarem sábias, não admitem serem aconselhadas ou advertidas.
Sobre tais pessoas as Escrituras são claras (Jr 9.23). Entre os filhos de Deus
não há uma pessoa que seja tão sábia que possa abrir mão da necessidade de
aconselhar-se com alguém. O livro de Provérbios descreve que há sabedoria e
segurança na multidão de conselheiros, pois do contrário: o povo perece
(11.14). O rei Salomão orou a Deus pedindo-lhe sabedoria para entrar e sair
perante o povo judeu (2Cr 1.10). Disto podemos concluir que lidar com o povo
sem depender dos sábios conselhos de Deus é um pedantismo trágico para a saúde
espiritual da igreja. Portanto, leve em conta a sabedoria divina! É um bem
indispensável para os filhos de Deus. Para quem sente falta de sabedoria, Tiago
continua a aconselhar: “peça-a a Deus”. [Comentário: A Única Verdadeira Razão para a Jactância
(9.23-24) Jr 9.23-24 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua
sabedoria. Os pseudo-sábios, dos quais Jerusalém este tão repleto (ver o vs.
12), e os verdadeiramente sábios, dos quais havia tão poucos, não podiam
jactar-se em sua falsa sabedoria ou em sua sabedoria autêntica; nem os fortes
podiam gloriar-se em sua força; nem os ricos podiam jactar-se em suas riquezas
e no poder que esta trazia. Todos os homens, sem importar a sua classe, tinham
apenas uma razão válida para gloriar-se: conhecer e obedecer a YAHWEH (vs. 24),
a fonte de toda a verdadeira sabedoria, de toda a força e de autênticas
riquezas, Aquele que poderia ter impedido a matança provocada pelos babilônios,
contanto que os judeus se aproximassem Dele em humildade e arrependimento.
Muitos convites de Yahweh tinham exortado Judá a arrepender-se, mas foram todos
inúteis. Houvera disponível muita gentileza amorosa (no hebraico, hesedh, o
famoso amor de Deus). Mas o réprobo povo de Judá preferiu a ruína. Em Deus há
amor, gentileza, justiça e retidão, e nessas coisas YAHWEH se deleitava. Judá,
entretanto, preferiu a horrenda combinação de idolatria-adultério-apostasia, o
que significa que foram cortadas todas as graças divinas. Cf. estes versículos
com Mq 6.8 e 7.18. Deus se deleita na misericórdia, mas o povo de Judá insistia
nas chamas do julgamento. Se a sabedoria, a força ou as riquezas são a tua
parte, Não te glories, mas sabe que não são realmente tuas. Somente um Deus, de
quem todos os dons procedem, É sábio, é poderoso e é realmente rico.
(Focilides, antigo poeta pagão) Cf. I Co 1.31 e II Co 10.17. Esses versículos
ensinam que os homens colhem aquilo que semeiam, mas também que podem escolher
aquilo que vão semear. Se fizerem um trabalho bom, encontrar-se-ão com o Deus
amoroso, misericordioso e beneficente que haverá de abençoá-los. O direito de
escolha é genuíno, porquanto, de outro modo, não haveria responsabilidade
moral. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Hagnos. pag. 3017.]
3. Atitudes a serem evitadas. “Onde há inveja e espírito faccioso, aí há
perturbação e toda obra perversa” (v.16). Aqui o autor da epístola descreve o
resultado de uma “sabedoria” soberba e terrena. Classificando tal sabedoria,
Tiago utiliza dois termos fortíssimos, afirmando que ela é “animal” e
“diabólica”. Animal, porque é acompanhada por emoções oriundas de um instinto
natural, primitivo, irracional e carnal, sendo por isso destituída de qualquer
preocupação espiritual. Diabólica, porque o nosso adversário inspira pessoas a
transbordarem desejos que em nada se assemelham aos que são oriundos do fruto
do Espírito, antes, são sentimentos egoísticos, que se identificam com as obras
da carne (2Tm 4.1-3; Gl 5.19-21). Atitudes que trazem contenda, facções,
divisão, gritarias e irritabilidade devem ser evitadas em nossa família, em
nossa igreja ou em quaisquer lugares onde nos relacionarmos com o outro. O
Senhor nos chamou para paz e não para confusão. Vivamos, pois uma vida cristã
sábia e em paz com Deus! [Comentário: Tiago,
no versículo 14, fornece uma lista das “obras” características da ausência da
mansidão. 1) Inveja {zelos, e no v. 16) amarga é o contrário da mansidão. E
verdade que “zelo” pode ser um termo positivo (Rm 10.2; 2Co 7.7,11; 9.2), mas,
em outros textos, claramente se refere à inveja (Rm 13.13; 2Co 12.20 e G1 5.2).
Como um dos pecados capitais, Richard Gordon observou: “Os ressentidos, aqueles
homens com câncer na psique, tornam-se os grandes assassinos”. “Não há muitas
pessoas capazes de reprimir o segredo da satisfação com o infortúnio de seus
amigos” (La Rochefoucauld, citado por Os Guiness, op. cit., p. 76). Lucas
explica que a raiva do sumo sacerdote e dos saduceus no Sinédrio, que provocara
a prisão dos apóstolos, brotou da inveja (At 5.17; cf. 13.45). Foram a inveja e
as contendas que levaram a igreja de Corinto a rachar em quatro partidos (ICo
3.3). Foi esse pecado que corroeu o coração de Saul. Após Davi vencer Golias,
as mulheres cantavam e dançavam, dizendo: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas
de milhares”. Saul ficou muito irritado e aborrecido. Daí em diante, Saul
olhava com inveja para Davi (ISm 18.7). Tiago descreve a inveja como amarga
(pikria, “amarga”, “áspera”), no sentido de zelo fanático na promoção de uma
causa. Não dá abertura para outro irmão apresentar seu ponto de vista, mas
discute com veemência que a posição dele é a única que deve ser considerada. 2)
Ambição egoísta (erithian), junto com a inveja amarga, é incluída por Tiago.
Essa ambição carrega o sentido de utilizar meios indignos e divisores para
promover interesses próprios. Paulo usa essa palavra em Romanos 2.8 para
descrever o egoísmo daqueles que “rejeitam a verdade e seguem a injustiça”.
Paulo temia que chegando em Corinto encontraria “brigas, invejas, manifestações
de ira, divisões [eritheiai], calúnias, intrigas, arrogância e desordem” (2Co
2.20). Se tais atitudes e hostilidade mútua podiam aparecer na igreja de
Corinto, também poderiam surgir nas igrejas para as quais Tiago destinou essa
carta. Poderão despontar na nossa igreja! Daí a advertência contra o perigo de
se tornar um canal para ação demoníaca (v. 15). 3) “Não se gloriem disso” (v.
14). Jactar-se e orgulhar-se por causa das divisões na igreja, parece
completamente incoerente. Possivelmente, alguém concordava com Paulo: “Pois é necessário
que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês
são aprovados” (ICo 11.19). Mas a jactância que Tiago tem em mente, sem sombra
de dúvidas, não tem nada de positivo. Nesse contexto, gloriar-se da ambição
egoísta nega a verdade que se prega. Somente amando-se uns aos outros como
Cristo os amou é que todos saberão que vocês são discípulos dele (Jo 13.34,35).
Além disso, sabedoria que não tem sua origem na revelação bíblica, que se
expressa em inveja amarga e ambição egoísta, que tem sua origem na natureza
caída humana, combate a verdade do evangelho. Na oferta da salvação a todos que
creem, DEUS oferece dignidade e aceitação. As atitudes egoístas separam e
excluem. Endurecem as opiniões que podem ser falsas e nocivas. Por isso, Tiago,
“o justo”, exorta seus leitores para que demonstrem sabedoria com mansidão.
“Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”
(v. 16). Confusão (gr. Akatastasia) significa desordem e transtorno. O sentido
se aproxima daquele de nossa palavra “anarquia”. Para a igreja de Corinto,
Paulo escreveu: “Mas tudo deve ser feito com decência e ordem”. A confusão em
Corinto foi fomentada pela ambição egoísta e pela politicagem partidária. A
igreja não se submetia à liderança de sua Cabeça. Acontece hoje também, motivo
pelo qual a Palavra de Deus condena a “confusão e toda espécie de males”. A
palavra “males” (phaulos, vil, ruim e corrupto) caracteriza práticas e atitudes
que reconhecidamente carecem de humildade e do amor ágape. Quando Cristo não
reina no coração, todo tipo de podridão floresce (veja Mc 7.21,22). Russell
P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS.
Editora Shedd Publicações.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O valor da verdadeira sabedoria reflete a
humildade; a arrogância, o orgulho, a soberba e a altivez à sabedoria terrena e
diabólica.
CONCLUSÃO
Após estudarmos o tema “sabedoria humilde” é impossível ao crente
admitir a possibilidade de vivermos a vida cristã em qualquer esfera humana sem
depender da sabedoria do alto. A sabedoria divina não só garante a saúde
espiritual entre os irmãos, mas da mesma maneira, a emocional e psíquica. Ela
estabelece parâmetros para o convívio social sadio ao mesmo tempo em que nos
previne para que não caiamos nos escândalos e pecados que entristecem o
Espírito Santo. Ouçamos o conselho de Deus. Que possamos viver de forma sóbria,
justa e piamente (Tt 2.12). [Comentário: Como
poderemos conhecer uma pessoa sábia? Uma pessoa sábia é sempre uma pessoa
humilde. Aquele que proclama as suas próprias virtudes carece de sabedoria.
Como poderemos identificar uma pessoa que não tem sabedoria? Suas palavras e
atitudes provocarão inveja, rivalidades, divisão, guerras. A vida cristã é uma
semeadura e uma colheita. Nós colhemos o que semeamos. O sábio semeia justiça e
não pecado. Ele semeia paz e não guerra. O que nós somos, nós vivemos e o que
nós vivemos, nós semeamos. O que nós semeamos determina o que nós colhemos.
Temos que semear a paz e não problemas no meio da família de Deus. Ló seguiu a
sabedoria do mundo e trouxe problema para a sua família. Deus dá a sabedoria
para aqueles que o pedem como fez para com Salomão. A sabedoria divina é pura,
é pacifica, é cheia de misericórdia e principalmente imparcial. A sabedoria que
é um dom de Deus (1.5) reflete a pureza do próprio Deus. Mais uma vez, a
sabedoria é ligada à piedade, porque o próprio Deus é a origem e fonte da
verdadeira sabedoria.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
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