quarta-feira, 23 de julho de 2014

LIÇÃO 3: A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Os cristãos do primeiro século enfrentaram perseguições, por causa disso alguns deles abandonaram a fé, e retornaram às práticas judaicas. Tiago, em consonância com o autor da Epístola aos Hebreus, conclama seus leitores a permanecerem firmes. O primeiro apela à sabedoria do alto, que se materializa na disposição para enfrentar a provação, sem negar a fé. Na aula de hoje estudaremos a respeito dessa sabedoria, que deve ser demonstrada, sobretudo, em humildade, na confiança em Deus, que é o provedor dessa sabedoria, diferente da humana ou diabólica.

1. SABEDORIA DO ALTO NA PROVAÇÃO

A falta de maturidade é uma demonstração de ausência de sabedoria, aqueles que não sabem lidar com as adversidades revelam infantilidade. Jó é um exemplo bíblico de sabedoria na provação, ao invés de blasfemar contra Deus, prostrou-se em terra em adoração, e disse: “nu sai do ventre da minha mãe, e nu partirei, o Senhor o deu, o Senhor o levou, louvado seja o nome do Senhor” (Jó. 1.20). Esse tipo de cristão está em extinção nos dias atuais, isso porque a ênfase no hedonismo está favorecendo um tipo de fé superficial, que beira à mediocridade, que não admite passar por situações adversas. Para Tiago a verdadeira sabedoria, tal como aquela expressa nos Provérbios, é prática e tem a ver com a convicção de fé, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que desejamos. O insensato, em Provérbios, é aquele que deixa de reconhecer suas limitações, que se fundamenta na autossuficiência, que acha que pode descartar Deus (Pv. 26.12). Existem esses até mesmo entre os que se dizem cristão, tais precisam pedir sabedoria para enfrentar os momentos difíceis, ao invés de negá-los. A palavra pistis em grego, geralmente traduzida por fé, traz nessa Epístola, a conotação de fidelidade. Para Tiago ter fé é mais do que acreditar, trata-se de uma disposição para enfrentar a provação. A demonstração da fidelidade resulta em obediência (Tg. 2.14), que não se deixa mover pelas circunstâncias (Tg. 1.6). Como fez Salomão, devemos pedir a Deus a sabedoria necessária para fazer a diferença entre a verdade e o engano (II Rs. 3.7-9). A sabedoria que o monarca recebeu era de Deus, não dos homens.  De vez em quando os cristãos são rotulados de ignorantes, e isso tem um fundo de verdade. Deus destrói a sabedoria dos sábios segundo o mundo, que fundamentam seus argumentos em axiomas. Por isso, para aqueles que não confiam nas promessas de Deus, a mensagem da cruz é totalmente absurda (I Co. 1.24-26). A loucura da pregação nos convida a confiar no Senhor, de todo coração e a não nos apoiar em nosso próprio entendimento (Pv. 3.5,6).

2. O VALOR DA SABEDORIA DO ALTO

A importância da sabedoria para o cristão é o próprio Jesus Cristo, nEle estão escondidos todos os tesouros da sabedoria (Cl. 2.3; I Co. 1.24).  O autor de Provérbios encerra em poucas palavras seu valor: “Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro [...] a sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado (Pv. 3.13,14,18). Essa sabedoria não é terrena, ou melhor não é deste mundo (Tg. 3.15), que é pura tolice, ao ser comparada com a sabedoria de Deus. A construção da torre de Babel é um exemplo do que pode fazer a sabedoria humana (Gn. 11.9). O projetos humanos tem causado muita desilusão, principalmente quando destituídos da orientação divina. A ciência tem trazido muitas contribuições para a sociedade, mas infelizmente tem servido mais para o mal do que para o bem. As grandes invenções estão a serviço dos interesses da minoria, pouco investimento tem sido feito na solução dos problemas sociais. O avanço do conhecimento não é proporcional à sabedoria, somos capazes de fazer viagens espaciais, mas não sabemos como conviver com nossos vizinhos. O otimismo da ciência, influenciado pelo Positivismo de Comte, está em declínio. A pós-modernidade é justamente a desconstrução dos valores cientificizados, até mesmo a confiança na educação está abalada. A formação acadêmica não é garantia de uma ética pautada no respeito ao próximo, sobretudo do temor a Deus, que é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Para Tiago a sabedoria de Deus é espiritual, não é física, do grego psykikos, ou natural. Se diferencia também por não ser demoníaca (Tg. 3.15), os conhecimentos humanos podem ser projetos para a mentira (Rm. 1.18-25), para semear o ódio e a discórdia. A verdadeira sabedoria provém do alto, ela não é resultante apenas de lógica, mas da oração, de momentos de intimidade com Deus (Tg. 1.5). A palavra de Deus é o fundamento dessa sabedoria, pois ela nos torna sábios para a salvação (II Tm. 3.15).

3. A DEMONSTRAÇÃO DA SABEDORIA DO ALTO

A sabedoria que não provém de Deus é falsa, e se manifesta através da inveja que causa amargura (Tg. 3.14,16). A sabedoria dos homens, pautada no egoísmo, busca apenas o interesse próprio. Existem até aqueles que se ufanam da religiosidade, como faziam os fariseus dos tempos de Jesus (Mt. 6.1-18). O conhecimento bíblico acumulado não garante que o detentor é uma pessoa sábia.  Existem casos de pessoas que tem muito conhecimento, mas não são amorosos, é justamente o amor que equilibra o conhecimento, e revela sabedoria (I Co. 8.1). A ética do amor é a base da verdadeira sabedoria, os cristãos que são sábios amam, tanto a Deus quanto ao próximo (Mt. 22.37,38; I Co. 13). O sentimento faccioso é uma característica da  sabedoria meramente humana (Tg. 3.14, 26).  A palavra eritheia dá ideia de partidarismo, um dos sentimentos predominantes na igreja de Corinto (I Co. 1.10-13). Os cristãos que amadureceram na fé não vivem em disputas, não estão preocupados em conseguir espaço, não perseguem os holofotes. Essa é uma sabedoria vã, no sentido bíblico de vaidade, que passa, é efêmera, temporária (Ec. 1.1,2). É uma pena que muitas pessoas estão se digladiando dentro das igrejas por causa de espaço. As disputas políticas no contexto eclesiástico é uma demonstração de falta de sabedoria. A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos conduz à mansidão, não se exaspera, não perde o controle (Tg. 3.13). A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos impulsiona para a pureza. A santidade é uma marca do cristão que busca agradar o Senhor, que não se envolve com o mundanismo, que não ama as coisas do presente século (Rm. 12.1,2). A sabedoria do alto faz sossegar a nossa alma (Tg. 3.17), e nos dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27). Essa é uma paz que excede todo entendimento (Fp. 4.6,7), sendo resultante do fruto do Espírito (Gl. 5.22).

CONCLUSÃO

Vivemos na era do conhecimento, as pessoas estão envoltas de informações, algumas deles extremamente desnecessárias. Os cristãos, em meio às adversidades da vida, devem buscar a sabedoria de Deus, que vem do alto. Essa sabedoria está fundamentada no amor, na paz de Deus que excede todo entendimento. Além disso, ela é tratável, aberta à revelação de Deus, cheia de misericórdia, se preocupa com os necessitados. Essa, portanto, é uma sabedoria prática, que produz frutos, dignos de arrependimento (Mt. 3.8), demonstrada em imparcialidade, não se deixa cooptar pelas conveniências, não é fingida. Busquemos, pois, a sabedoria de Deus, que diferentemente da sabedoria do mundo, não produz problemas e resulta em bênçãos espirituais (Tg. 3.16-18).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos os ensinamentos da Palavra de Deus acerca da importância da sabedoria divina para o nosso viver diário. Tiago inicia a temática em tom de exortação, enfatizando a necessidade da sabedoria divina como condição básica de levar a igreja a viver a Palavra de Deus com alegria, coerência, segurança e responsabilidade. E isso tudo sem precisar fugir das tribulações ou negar que o crente passa por problemas. A nossa expectativa é que você abrace o estilo de vida proposto pelo Santo Espírito nesta carta. Não fugindo da realidade da vida, mas enfrentando-a com sabedoria do alto e na força do Espírito Santo. [Comentário: A lição de hoje está direcionada à sabedoria, não a sabedoria do mundo, mas aquela doada por Deus, aquela que foi perdida em decorrência da rebelião do ser humano contra Deus; rebelião que deixou o pensamento humano “obscurecido” (Rm 1.21; Ef 4.18), pelo pecado que se coloca como uma parede entre nós e Deus. De qualquer modo, nesse aspecto o pensamento desvinculado de Deus, autocrático e arbitrário do ser humano encontra-se no caminho falso (Rm 1.22; 1Co 1.19,27; 1Co 2.14). Não somente o querer da pessoa natural, mas igualmente seu pensar foi condenado e “cruzado” pela cruz de Jesus, que na realidade representa o juízo de Deus sobre nós. Por nova sabedoria “espiritual”, no entanto, a Bíblia compreende o reconhecimento concedido e produzido por meio do Espírito de Deus: o reconhecimento daquilo que Deus faz e do que ele espera que o ser humano faça (1Co 1.24; 2.6s; 12.8; Ef 1.17; Cl 1.9; Tg 3.13,17). O cristão não vive isolado, mas na companhia de outros, na comunidade em que Deus o colocou. Essa comunidade é, em primeiro lugar, a igreja de Jesus Cristo. Conforme sua vocação, a igreja está no mundo para fazer brilhar a luz do evangelho. Para atuar de modo correto em seus respectivos lugares, o cristão e a igreja precisam de sabedoria e entendimento. Na parte introdutória de sua epístola, Tiago diz ao leitor como obter sabedoria: “deve pedir a Deus, que dá generosamente a todos sem encontrar culpa, e lhe será dada” (1.5). Ninguém pode viver sem sabedoria, pois ninguém deseja ser tolo. Assim, a sabedoria é muito bem guardada por aqueles que a têm e procurada por aqueles que dela são desprovidos] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A NECESSIDADE DE PEDIRMOS SABEDORIA A DEUS (Tg 1.5)

1. A sabedoria que vem de Deus. Tiago fala da sabedoria que vem do alto para distingui-la da humana, de origem má (Tg 3.13-17). Irrefutavelmente, a sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o homem alcança o discernimento da boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 2.10-19; 3.1-8,13-15; 9.1-6; Rm 12.1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos efeitos das suas reações. Enfim, a Palavra de Deus nos orienta a vivermos com prudência. Todavia, quando nos achamos em meio às aflições é possível que nos falte sabedoria. Por isso, o texto de Tiago revela ainda a necessidade de o crente desenvolver-se, adquirindo maturidade espiritual. [Comentário: Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Tiago enxerga a sabedoria como sendo uma necessidade para as pessoas, mas faz questão de mostrar os tipos de sabedoria que podemos encontrar à nossa volta. E para o apóstolo, mais do que ter, ou não, sabedoria, é imprescindível saber a quem pedir, é preciso utilizá-la. Uma pessoa pode ser culta e tola. Hoje se dá mais valor à inteligência emocional do que a inteligência intelectual. Uma pessoa pode ter muito conhecimento e não saber se relacionar com as pessoas. Ela pode saber muito e não saber viver com ela e com os outros. Sabedoria é também olhar para a vida com os olhos de Deus – A pergunta do sábio é: em meus passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como agiria, como reagiria? Cristo não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do que ensinar fórmulas de matemática. Há uma sabedoria que vem do alto e outra que vem da terra. Há uma sabedoria que vem de Deus e outra engendrada pelo próprio homem. A Bíblia traz alguns exemplos da tolice da sabedoria do homem: 1) A torre de Babel parecia ser um projeto sábio, mas terminou em fracasso e confusão; 2) Pareceu sábio a Abraão descer ao Egito em tempo de fome em Canaã, mas os resultados provaram o contrário (Gn 12.10-20); 3) O rei Saul pensou que estava sendo sábio que colocou a sua armadura em Davi; 4) Os discípulos pensaram que estavam sendo sábios quando despediram a multidão no deserto, mas o plano de Cristo era alimentá-la por meios deles; 5) Os experts em viagens marítimas pensaram que era sábio viajar para Roma e por isso não ouviram os conselhos de Paulo e fracassaram. A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é fruto de oração (1.5), ela é dom de Deus (1.17). Essa sabedoria está em Cristo: Cristo é a nossa sabedoria (1 Co 1.30). Em Jesus nós temos todos os tesouros da sabedoria escondido (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2 Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração (Ef 1.17; Tg 1.5). O crente que é verdadeiramente sábio ora continuamente a Deus em nome de Jesus. Na oração, ele está em comunhão com a fonte de sabedoria, pois o próprio Deus a dará liberalmente a qualquer um que lhe pedir (Tg 1.5). Assim como o rei Salomão pediu sabedoria para DEUS, nós também podemos pedir.]

2. Deus é o doador da sabedoria. O texto bíblico não detalha a maneira pela qual Deus concede sabedoria. Tiago apenas afirma que o Altíssimo a dá. Juntamente com a súplica pela sabedoria que fazemos ao Pai em oração, a epístola fornece riquíssimos ensinamentos (v.5): [Comentário: Tiago estava aprendendo com seu Senhor e Mestre. Ele mostrou-nos a grande e maravilhosa possibilidade, a saída para toda a perplexidade: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). A oração pedindo sabedoria divina é a oração pelo Espírito de Deus, porque a sabedoria é um dos efeitos do Espírito (Ef 1.17). Nosso Senhor reservou uma promessa especial à oração pelo Espírito (Lc 11.13). Os dons exteriores também são concedidos por Deus a quem não os pede a ele (Mt 5.45). Contudo, ele não despeja simplesmente seu Espírito, a si mesmo, sua salvação sobre as cabeças das pessoas. Não impõe a ninguém os dons interiores. Nesse aspecto ele requer ser rogado.]
a) O Senhor é que dá sabedoria. Jesus ensina que o Pai atende às orações daqueles que o pedirem (Mt 7.7,8).
b) O Senhor dá todas as coisas. Neste sentido, dizem as Sagradas Escrituras: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?” (Rm 8.32 cf. Jó 2.10).
c) O Senhor dá a todos os homens. Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.1,9).
d) O Senhor dá liberalmente. É de graça! Nosso Deus não vende bênçãos apesar de pessoas, em seu nome, “comercializá-las”.
e) O Senhor dá sem lançar em rosto. A expressão é sinônima do adágio popular “jogar na cara”. O Pai Celeste não age dessa forma. [Comentário: “Deus dá de bom grado.” A palavra grega para o modo como Deus dá significa “simplesmente”, “despretensiosamente”, “sem segundas intenções”. Lutero traduz “singelamente”. Ao dar, Deus não faz ressalvas e é cheio de bondade. Não se comporta como as pessoas, nem como os gentios pensavam a respeito de seus deuses. –“Ele dá sem repreender”: estamos acostumados à versão alemã de Lutero - “Ele não pressiona ninguém.” Não priva ninguém. Não coloca a cesta do pão fora de alcance (p. ex., para mostrar quem é chefe na casa). Literalmente o sentido é: “Ele não critica.” Nós também damos, mas não raro criticamos ao mesmo tempo, a começar por nossos próprios filhos. Por exemplo: “Você vem pedir ajuda depois que arrumou encrenca. Deveria ter pensado melhor antes.” Ou: “Depois de todas as suas atitudes para comigo, eu não deveria lhe dar mais nada!” DEUS não faz sermões nem críticas. Não nos prende ao que passou. “Sua misericórdia é nova a cada manhã” sobre nós “e sua fidelidade é grande” (Lm 3.22s). Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança. Tiago compartilha essa percepção. Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus. Tiago pode fazer isso com confiança total em que Deus a todos dá liberalmente. Aqui, Tiago apela à tradição a respeito de Jesus (os ensinos de Jesus ainda não escritos que, mais tarde, formariam os evangelhos), pois o Senhor prometera que Deus concederia a seus filhos o que lhe pedissem (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 11:9-13; João 15:7). Que dádiva melhor poderiam pedir do que a sabedoria de que necessitassem a fim de resistir às provações que estavam enfrentando? Deus... dá porque ele é doador; Deus dá liberalmente, o que significa que dá sem reservas mentais, dá com simplicidade, com um coração singelo. Não está procurando um lucro escondido da parte dos crentes; o Senhor não abriga motivos desprezíveis, tampouco sentimentos mesquinhos. Na verdade, não só o Senhor dá generosamente, mas não censura. Isso significa que Deus não se queixa do dom concedido, nem de seu custo. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 45.]

3. Peça a Deus sabedoria. Ainda no versículo cinco, Tiago estimula-nos a fazermos as seguintes perguntas: Falta-nos sabedoria espiritual? Sentimental? Emocional? Nos relacionamentos? Caso ache em si falta de sabedoria em alguma área, não desanime! Peça-a a Deus, pois é Ele quem dá liberalmente. E mais: não lança em rosto! Ouça as Escrituras e ponha em prática este ensinamento. Fazendo assim, terás sabedoria do alto. [Comentário: Não é incomum nos aproximarmos de Deus para pedir dEle bênçãos. Não é errado desejar ser abençoado por Deus, pois mesmo as pessoas que não tem em Jesus o seu Senhor desejam igualmente receber bênçãos dos céus. Pois bem, se cremos que Deus pode nos abençoar, porque não pedimos a Deus sabedoria? Tiago nos deixa evidente duas coisas: A sabedoria é uma bênção, e ela deve ser pedida a Deus. E Deus se importa com esse tipo de pedido? Sim, pois o apóstolo mostra o motivo máximo pelo qual devemos pedir a sabedoria a DEUS: “... e ser-lhe-á dada”. Deus tem prazer em oferecer aos seus filhos a sabedoria, e Tiago deixa claro que Ele nos dará a sabedoria que pedimos. A sabedoria que Deus tem para dar não é custosa. Quando oramos de acordo com a vontade de Deus, temos a certeza de que receberemos respostas de nossas orações e uma dessas respostas sem dúvida é a sabedoria como um presente divino. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 38. Quando somos provados precisamos pedir sabedoria (1.5-8). Quando estamos sendo provados, precisamos de discernimento e sabedoria (1.5; 3.13-18). O que é sabedoria? E mais que conhecimento. Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Conhecimento pode ser definido, nesse contexto, como conhecer bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a Bíblia. Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus. O sábio busca maturidade e não prazer.
Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm erudição, mas não sabem viver a vida nem fazer escolhas certas. Quando estamos sendo provados, precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades que Deus está nos dando para chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a entender como usar as provas para nosso bem e para a glória de Deus. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 20-21.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)

A sabedoria vem de Deus. Nós temos a necessidade de pedirmos a Ele, pois o Altíssimo é o doador.


II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA HUMILDE (Tg 3.13)

1. A sabedoria colocada em prática. Tiago conclama os servos de Deus, mais notadamente aqueles que exercem alguma liderança na igreja local, a demonstrarem sabedoria divina através de ações concretas (Dt 1.13,15; 4.6; Dn 5.12). A sabedoria é a virtude que devemos buscar e cultivar em nossos relacionamentos neste mundo (Mt 5.13-16). O tempo do verbo “mostrar”, utilizado por Tiago em 3.13, indica uma ação contínua em torno da finalidade ou do resultado de uma obra. Desta maneira, a Bíblia está determinando uma atuação cristã que promova as boas obras no relacionamento humano. [Comentário:  Assim como Tiago exorta os crentes a demonstrarem sua fé através das obras, ele também pede uma demonstração de sabedoria através de uma vida piedosa. A sabedoria nada será a menos que se manifeste na forma de boas obras e de uma vida moral e espiritual correta. Também precisa ser frutífera e poderosa, tal como se espera que seja a fé cristã (ver Tia. 2:14 e ss.), porquanto, de outro modo, será algo morto e inútil. Mediante sua vida boa e pacífica, o homem demonstrará a origem piedosa e divina de sua sabedoria. Portanto, o sábio é convidado a demonstrar a validade de sua sabedoria pelas suas obras de mansidão. A sabedoria que não é comprovada desse modo é uma sabedoria falsa: e mostra-se ainda mais falsa quando se torna motivo de orgulho e de contenda. «Tiago compartilha do conceito bíblico geral que a sabedoria não  consiste apenas no conhecimento, na astúcia e na habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e deve ser a vida piedosa. Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as pessoas e os grupos. Faz agudo contraste com o egoísmo calculista que é a causa de ‘desordem social e de todas as ‘práticas vis’... O astuto, o esperto, o manipulador habilidoso, está convencido que sua sagacidade superior é o que os sofisticados denominam de ‘egoísmo iluminado‘, o ‘conhecimento’, a manipulação de homens e de circunstâncias, para a satisfação de sua ganância. Para obter a sua finalidade, o homem astuto não mostra escrúpulos em mentir, desunir, enganar ou subornar, se pensa que poderá evitar ser apanhado. Uma boa parte da astúcia de que ele se orgulha e a sua habilidade de ‘encobrir‘ de ‘passar despercebido‘. Se a sua ambição só puder ser satisfeita mediante a deslealdade para com seus amigos, ou mediante a crueldade para com suas vítimas, isso é lamentável, mas é o preço que o ‘realista paga para ganhar o único sucesso que vale a pena ter neste mundo‘*. (Easton, in loc.). «...proceder...» No grego é usado o termo *anastrophe·, «conduta», «comportamento», o caráter geral de uma vida, algo que é indicado, nas páginas do N.T.. pela metáfora do «andar», que é de uso mui frequente. O «sábio» crente deve ser pessoa de uma conduta repleta de boas obras, efetuadas em mansidão. Somente a sabedoria divina, uma qualidade divinamente transmitida, pode tornar bem-sucedida a vida do crente. É algo por demais exigente para a personalidade humana sem ajuda. «Ações, ações, ações, é o clamor de Tiago. ‘Isto deveríeis ter feito, sem deixardes de fazer aquelas outras'. Sem a prática cristã, todas as outras coisas que alguém professe possuir é sal que já perdeu o sabor». (Plummer, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 39.]

2. A humildade como prática cristã. Instruída pela Palavra de Deus, a humildade cristã promove as boas obras na vida do crente (Tg 1.17-20; cf. Mt 11.29; 5.5). Quem é portador dessa humildade revela a verdadeira sabedoria, produzindo para si alegria e edificação (Mt 5.16). A fim de redundar em honra e glória ao nome do Senhor Jesus, a humildade deve ser uma virtude contínua. Isso a torna igualmente uma porta fechada para o crente não retornar às velhas práticas. O homem natural, dominado pelo pecado, não tem o temor de Deus nem o compromisso de viver para a honra e glória dEle. Porém, o que nasceu de novo e, portanto, “ressuscitou com Cristo”, busca ajuda do alto para viver em plena comunhão e humildade com o seu semelhante (Cl 3.1-17). [Comentário:  O sinal da sabedoria é um espírito manso e humilde. Como a arrogância e a insensatez andam juntas, assim também a humildade e a sabedoria. Comentando Mt 11.29, Russell Norman Champlin afirma: “Manso e humilde de coração. Evidentemente se refere às ideias de Zac. 9:9, que fala da humildade do Messias. Primeiramente o Messias humilhou-se na encarnação—«...a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens» (Fil. 2:7). No seu ministério, JESUS sempre apresentou provas de sua simpatia pelo estado e sofrimento da humanidade. Operou curas não para provar seu próprio poder e grandeza, mas porque anelava aliviar o sofrimento dos homens. Ressuscitou aos mortos porque simpatizou com a tristeza dos que estavam em luto. Pregou o evangelho, especialmente aos pobres, porque sentiu a desesperadora condição produzida pelo pecado. JESUS não assumiu posição de autoridade e grandeza, como o faziam alguns líderes dos judeus, nem procurou qualquer privilegio pessoal ante o governo. Viveu como homem pobre, no meio dos pobres, como homem humilde no meio dos humildes. Finalmente, submeteu-se à morte na cruz, uma morte vergonhosa e horrível, conforme se lê, ...humilhou-se, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz (Fil. 2:8)”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 382.]

3. Obras em mansidão de sabedoria. Vivemos em um tempo onde as pessoas se aborrecem por pouca coisa, onde tudo é motivo para desejar o mal ao outro. Vemos descontrole no trânsito, o destempero na fila, a pouca cordialidade com o colega de trabalho e coisas afins. Parece que as pessoas não convivem espontaneamente com as outras. Apenas se toleram! Nesse contexto, o ensino de Tiago é de sobremodo relevante: “Mostre, pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (v.13). Amor, cordialidade e solidariedade são valores éticos absolutos reclamados no Evangelho. Ouçamos a sua voz! [Comentário:  Sabedoria em Tiago tem mais que ver com uma conduta que reflete a natureza e a vontade de Deus do que com um intelecto aguçado. Tiago lança um desafio: “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês?” Tanto sabedoria como entendimento andam bem juntos. Sabedoria direciona os passos, e entendimento informa o destino das decisões. Segundo Tiago, ela é demonstrada pelo bom procedimento. A questão não é o quanto sabemos na nossa mente, mas quanto esse conhecimento é refletido no nosso procedimento. Por exemplo, quem não acharia um tanto estranho ver um médico que orienta pacientes na disciplina de uma vida regrada, mas que não passa de uma chaminé ambulante de tanto que fuma? O cristão deve demonstrar pelas suas boas obras a mansidão que a sabedoria genuína requer. Como em 2.18, as obras comprovam a fé genuína. A humildade mostra a verdadeira sabedoria que o cristão tem. Thomas Manton diz: “Um cristão é mais bem conhecido pela sua vida do que pelo seu discurso”. O Senhor Jesus convidou os cansados e sobrecarregados a tomar sobre eles o jugo dele para aprender com ele que é manso e humilde de coração. Quando tratamos pessoas com paciência e amor, mesmo aqueles que não têm posição de destaque na sociedade, imita-se a sabedoria e a humildade de Cristo. Jesus incluiu mansidão nas bem-aventuranças. A felicidade dos mansos inclui herdar a terra (Mt 5.5). Em Tiago, mansidão deve certificar a origem da sabedoria que se professa. Na antiguidade, sabedoria e humildade eram praticamente inimigas. A visão grega da sabedoria pressupunha o orgulho. Uma pessoa “sábia” tinha que se orgulhar de sua posição. Para Tiago, porém, afirmar que se prova ser uma pessoa sábia executando obras com humildade era algo totalmente contra aquela cultura. Algo que é também contra nossa cultura hoje. A tendência que temos é de exaltar-nos e orgulhar-nos de nossos próprios feitos. O oposto se mostra na sabedoria dos homens que não conhecem a Deus. É o caso dos que “dizendo-se sábios, tornaram se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens” (Rm 1.22,23). A  sabedoria que não tem respaldo na Bíblia é carente de mansidão. Sem entendimento, os intelectuais do nosso tempo carecem, na maioria dos casos, da sabedoria que o temor do Senhor produz (SI 111.10). Especular sobre as origens do universo, sobre as origens das espécies, carecem de humildade e sabedoria. Excluir o Criador de todos as explicações das maravilhas da natureza parece loucura do mais alto grau. Certamente, Manton está certo ao afirmar: “O mais evidente da sabedoria verdadeira é que seu possuidor é manso” (op. cit. p. 300). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)

A sabedoria deve ser colocada em prática como uma ação concreta através da humildade.

III. O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18)

1. Administrando a sabedoria. A sabedoria mencionada por Tiago assinala a vontade de Deus para a vida do crente. Uma vez dada por Deus, tal sabedoria constitui-se parte da natureza do crente. É resultado do novo caráter lapidado pelo Espírito Santo. É um novo pensar, um novo sentir, um novo agir. Deus dá ao homem essa sabedoria para que ele administre as bênçãos, os dons e todas as esferas de relacionamentos da vida humana. Quando Jesus de Nazaré expressou “assim brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5.16), Ele estava refletindo sobre o propósito divino de o crente viver a inteireza do Reino de Deus diante dos homens. [Comentário:  Ainda citando o comentário de Russell Norman Champlin, em Mt 5.16 ele afirma: “«Assim brilhe também a vossa luz·. Esse versículo considera os crentes em geral como luzes. A luz. do cristão deve ser constante como a luz da candeia, porque sem esse tipo de luz não haveria luz no mundo, e nem mesmo na casa de Deus. ou no escabelo de Deus, que é a terra (Mt 5.35 e Is 66.1). A luz do crente são suas boas obras (ver o vs. 14 sobre os outros usos do termo). Essas boas obras redundam em glória a Deus. Remover a luz e, portanto, a glória de Deus, é algo seríssimo. «Vosso Pai». Esta é a primeira vez que, nas palavras de Jesus, vemos o ensino de que Deus é Pai. Essa ideia era bem comum entre os judeus, c assim sendo, Jesus não estava introduzindo alguma doutrina nova, mas utilizava-se da compreensão que 0 povo já tinha para dar ênfase à necessidade de deixar a luz de Deus brilhar cm suas personalidades. Deus Pai tem prazer nas boas obras de seus filhos, porque tais obras provam que os discípulos são filhos de Deus. c também revelam algo sobre a natureza de Deus. Jesus foi o exemplo mais desenvolvido e elevado da natureza de Deus que já houve sobre a terra. Os rabinos usavam com frequência a frase: «Nosso c vosso Pai, que está nos céus». Nos escritos judaicos (Bammidbar Rabba, s. 15) lemos estas palavras: «Os israelitas disseram ao santo e bendito Deus: Tu mandas que acendamos lâmpadas para Ti; mas Tu és a Luz do Mundo e contigo mora a luz. O SANTO DEUS replicou: Não ordeno isso porque precise de luz, mas para que vós reflitais luz sobre mim, como eu vos tenho iluminado. Assim 0 povo poderá dizer: Eis como os israelitas O ilustram, isto é. Aquele que os ilumina à vista de toda a terra»”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 310.]

2. Sabedoria verdadeira e a arrogância do saber. Há pessoas orgulhosas que, por se julgarem sábias, não admitem serem aconselhadas ou advertidas. Sobre tais pessoas as Escrituras são claras (Jr 9.23). Entre os filhos de Deus não há uma pessoa que seja tão sábia que possa abrir mão da necessidade de aconselhar-se com alguém. O livro de Provérbios descreve que há sabedoria e segurança na multidão de conselheiros, pois do contrário: o povo perece (11.14). O rei Salomão orou a Deus pedindo-lhe sabedoria para entrar e sair perante o povo judeu (2Cr 1.10). Disto podemos concluir que lidar com o povo sem depender dos sábios conselhos de Deus é um pedantismo trágico para a saúde espiritual da igreja. Portanto, leve em conta a sabedoria divina! É um bem indispensável para os filhos de Deus. Para quem sente falta de sabedoria, Tiago continua a aconselhar: “peça-a a Deus”. [Comentário: A Única Verdadeira Razão para a Jactância (9.23-24) Jr 9.23-24 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria. Os pseudo-sábios, dos quais Jerusalém este tão repleto (ver o vs. 12), e os verdadeiramente sábios, dos quais havia tão poucos, não podiam jactar-se em sua falsa sabedoria ou em sua sabedoria autêntica; nem os fortes podiam gloriar-se em sua força; nem os ricos podiam jactar-se em suas riquezas e no poder que esta trazia. Todos os homens, sem importar a sua classe, tinham apenas uma razão válida para gloriar-se: conhecer e obedecer a YAHWEH (vs. 24), a fonte de toda a verdadeira sabedoria, de toda a força e de autênticas riquezas, Aquele que poderia ter impedido a matança provocada pelos babilônios, contanto que os judeus se aproximassem Dele em humildade e arrependimento. Muitos convites de Yahweh tinham exortado Judá a arrepender-se, mas foram todos inúteis. Houvera disponível muita gentileza amorosa (no hebraico, hesedh, o famoso amor de Deus). Mas o réprobo povo de Judá preferiu a ruína. Em Deus há amor, gentileza, justiça e retidão, e nessas coisas YAHWEH se deleitava. Judá, entretanto, preferiu a horrenda combinação de idolatria-adultério-apostasia, o que significa que foram cortadas todas as graças divinas. Cf. estes versículos com Mq 6.8 e 7.18. Deus se deleita na misericórdia, mas o povo de Judá insistia nas chamas do julgamento. Se a sabedoria, a força ou as riquezas são a tua parte, Não te glories, mas sabe que não são realmente tuas. Somente um Deus, de quem todos os dons procedem, É sábio, é poderoso e é realmente rico. (Focilides, antigo poeta pagão) Cf. I Co 1.31 e II Co 10.17. Esses versículos ensinam que os homens colhem aquilo que semeiam, mas também que podem escolher aquilo que vão semear. Se fizerem um trabalho bom, encontrar-se-ão com o Deus amoroso, misericordioso e beneficente que haverá de abençoá-los. O direito de escolha é genuíno, porquanto, de outro modo, não haveria responsabilidade moral. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3017.]

3. Atitudes a serem evitadas. “Onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (v.16). Aqui o autor da epístola descreve o resultado de uma “sabedoria” soberba e terrena. Classificando tal sabedoria, Tiago utiliza dois termos fortíssimos, afirmando que ela é “animal” e “diabólica”. Animal, porque é acompanhada por emoções oriundas de um instinto natural, primitivo, irracional e carnal, sendo por isso destituída de qualquer preocupação espiritual. Diabólica, porque o nosso adversário inspira pessoas a transbordarem desejos que em nada se assemelham aos que são oriundos do fruto do Espírito, antes, são sentimentos egoísticos, que se identificam com as obras da carne (2Tm 4.1-3; Gl 5.19-21). Atitudes que trazem contenda, facções, divisão, gritarias e irritabilidade devem ser evitadas em nossa família, em nossa igreja ou em quaisquer lugares onde nos relacionarmos com o outro. O Senhor nos chamou para paz e não para confusão. Vivamos, pois uma vida cristã sábia e em paz com Deus! [Comentário: Tiago, no versículo 14, fornece uma lista das “obras” características da ausência da mansidão. 1) Inveja {zelos, e no v. 16) amarga é o contrário da mansidão. E verdade que “zelo” pode ser um termo positivo (Rm 10.2; 2Co 7.7,11; 9.2), mas, em outros textos, claramente se refere à inveja (Rm 13.13; 2Co 12.20 e G1 5.2). Como um dos pecados capitais, Richard Gordon observou: “Os ressentidos, aqueles homens com câncer na psique, tornam-se os grandes assassinos”. “Não há muitas pessoas capazes de reprimir o segredo da satisfação com o infortúnio de seus amigos” (La Rochefoucauld, citado por Os Guiness, op. cit., p. 76). Lucas explica que a raiva do sumo sacerdote e dos saduceus no Sinédrio, que provocara a prisão dos apóstolos, brotou da inveja (At 5.17; cf. 13.45). Foram a inveja e as contendas que levaram a igreja de Corinto a rachar em quatro partidos (ICo 3.3). Foi esse pecado que corroeu o coração de Saul. Após Davi vencer Golias, as mulheres cantavam e dançavam, dizendo: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares”. Saul ficou muito irritado e aborrecido. Daí em diante, Saul olhava com inveja para Davi (ISm 18.7). Tiago descreve a inveja como amarga (pikria, “amarga”, “áspera”), no sentido de zelo fanático na promoção de uma causa. Não dá abertura para outro irmão apresentar seu ponto de vista, mas discute com veemência que a posição dele é a única que deve ser considerada. 2) Ambição egoísta (erithian), junto com a inveja amarga, é incluída por Tiago. Essa ambição carrega o sentido de utilizar meios indignos e divisores para promover interesses próprios. Paulo usa essa palavra em Romanos 2.8 para descrever o egoísmo daqueles que “rejeitam a verdade e seguem a injustiça”. Paulo temia que chegando em Corinto encontraria “brigas, invejas, manifestações de ira, divisões [eritheiai], calúnias, intrigas, arrogância e desordem” (2Co 2.20). Se tais atitudes e hostilidade mútua podiam aparecer na igreja de Corinto, também poderiam surgir nas igrejas para as quais Tiago destinou essa carta. Poderão despontar na nossa igreja! Daí a advertência contra o perigo de se tornar um canal para ação demoníaca (v. 15). 3) “Não se gloriem disso” (v. 14). Jactar-se e orgulhar-se por causa das divisões na igreja, parece completamente incoerente. Possivelmente, alguém concordava com Paulo: “Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados” (ICo 11.19). Mas a jactância que Tiago tem em mente, sem sombra de dúvidas, não tem nada de positivo. Nesse contexto, gloriar-se da ambição egoísta nega a verdade que se prega. Somente amando-se uns aos outros como Cristo os amou é que todos saberão que vocês são discípulos dele (Jo 13.34,35). Além disso, sabedoria que não tem sua origem na revelação bíblica, que se expressa em inveja amarga e ambição egoísta, que tem sua origem na natureza caída humana, combate a verdade do evangelho. Na oferta da salvação a todos que creem, DEUS oferece dignidade e aceitação. As atitudes egoístas separam e excluem. Endurecem as opiniões que podem ser falsas e nocivas. Por isso, Tiago, “o justo”, exorta seus leitores para que demonstrem sabedoria com mansidão. “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males” (v. 16). Confusão (gr. Akatastasia) significa desordem e transtorno. O sentido se aproxima daquele de nossa palavra “anarquia”. Para a igreja de Corinto, Paulo escreveu: “Mas tudo deve ser feito com decência e ordem”. A confusão em Corinto foi fomentada pela ambição egoísta e pela politicagem partidária. A igreja não se submetia à liderança de sua Cabeça. Acontece hoje também, motivo pelo qual a Palavra de Deus condena a “confusão e toda espécie de males”. A palavra “males” (phaulos, vil, ruim e corrupto) caracteriza práticas e atitudes que reconhecidamente carecem de humildade e do amor ágape. Quando Cristo não reina no coração, todo tipo de podridão floresce (veja Mc 7.21,22). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)

O valor da verdadeira sabedoria reflete a humildade; a arrogância, o orgulho, a soberba e a altivez à sabedoria terrena e diabólica.


CONCLUSÃO

Após estudarmos o tema “sabedoria humilde” é impossível ao crente admitir a possibilidade de vivermos a vida cristã em qualquer esfera humana sem depender da sabedoria do alto. A sabedoria divina não só garante a saúde espiritual entre os irmãos, mas da mesma maneira, a emocional e psíquica. Ela estabelece parâmetros para o convívio social sadio ao mesmo tempo em que nos previne para que não caiamos nos escândalos e pecados que entristecem o Espírito Santo. Ouçamos o conselho de Deus. Que possamos viver de forma sóbria, justa e piamente (Tt 2.12). [Comentário: Como poderemos conhecer uma pessoa sábia? Uma pessoa sábia é sempre uma pessoa humilde. Aquele que proclama as suas próprias virtudes carece de sabedoria. Como poderemos identificar uma pessoa que não tem sabedoria? Suas palavras e atitudes provocarão inveja, rivalidades, divisão, guerras. A vida cristã é uma semeadura e uma colheita. Nós colhemos o que semeamos. O sábio semeia justiça e não pecado. Ele semeia paz e não guerra. O que nós somos, nós vivemos e o que nós vivemos, nós semeamos. O que nós semeamos determina o que nós colhemos. Temos que semear a paz e não problemas no meio da família de Deus. Ló seguiu a sabedoria do mundo e trouxe problema para a sua família. Deus dá a sabedoria para aqueles que o pedem como fez para com Salomão. A sabedoria divina é pura, é pacifica, é cheia de misericórdia e principalmente imparcial. A sabedoria que é um dom de Deus (1.5) reflete a pureza do próprio Deus. Mais uma vez, a sabedoria é ligada à piedade, porque o próprio Deus é a origem e fonte da verdadeira sabedoria.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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