sexta-feira, 4 de julho de 2014

LIÇÃO 1: TIAGO – FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS



SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

A Epístola de Tiago, que será estudada ao longo deste trimestre, nos trará orientações a respeito do agir do cristão no mundo. Na aula de hoje introduziremos esse livro, considerando sua autoria, local, data e destinatário. Em seguida, destacaremos os propósitos da Epístola de Tiago, e ao final, apontaremos algumas instruções para os cristãos da contemporaneidade com base nesse texto bíblico.

1. EPÍSTOLA DE TIAGO

A Epístola de Tiago nem sempre foi compreendida pela igreja cristã, nem mesmo por alguns reformadores, que consideravam essa uma recaída no legalismo judaico. O próprio Lutero a criticava, argumentando que se tratava de “uma verdadeira epístola de palha, pois não é caracteristicamente evangélica”. Mas essa foi uma interpretação equivocada do sábio reformador, que não compreendeu o propósito do seu autor. Tiago, o autor da Epístola, é um dos quatro mencionados no Novo Testamento, sendo este o filho de José e Maria, portanto meio-irmão do Senhor (Mt. 1.18,20). Ele se tornou apóstolo de Cristo após testemunhar a ressurreição de Jesus, sendo considerado uma das colunas da igreja, além de ser líder influente em Jerusalém (At. 15.13-21; Gl. 1.19). O local da composição da Epístola é incerto, ainda que alguns estudiosos especulem que teria sido escrita em Jerusalém. A data provável deste escrito é entre 45 a 49 d. C., antes do concílio em Jerusalém (At. 15), sendo destinada aos cristãos judeus que residiam em comunidades de gentios fora da Palestina. Nas palavras do próprio Tiago, essa Epístola é destinada “às doze tribos que andam dispersas” (Tg. 1.1). A expressão “doze tribos”, nesse versículo é uma figuração dos israelitas daquela época, considerando que as doze tribos originais haviam sido desfeitas. Existem várias possibilidades de divisões dessa Epístola, apresentamos uma delas: Destino e saudação (Tg. 1.1); Provações e a maturidade cristã (Tg. 1.2-18); Cristianismo autêntico e suas obras (Tg. 1.19-2.26); Dissensões dentro da igreja (Tg. 3.1-4.12); Implicações de uma cosmovisão cristã (Tg. 4.13-5.11); e Exortações finais (Tg. 5.12-20). O versículo-chave da Epístola de Tiago certamente se encontra em Tg. 2.18: “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras, mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Mas há outros destaques, dentre eles: 1) a prática da Palavra de Deus (Tg. 1.22); 2) a religião pura e verdadeira (Tg. 1.27); e 3) o valor da oração do justo (Tg. 5.16).

2. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

A relação entre fé e obras é o ponto central da Epístola de Tiago, e está em consonância com o argumento do autor da Epístola aos Hebreus, defendendo que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb. 11.6), e de Paulo, ao justificar que tudo que não é da fé é pecado (Rm. 14.23). Isso quer dizer que a fé exige ação, principalmente para aqueles que se deparam com provações (Tg. 1.2-4). Tiago revela, ao orientar a igreja, que a fidelidade faz diferença, por isso, ao enfrentarmos oposição, devemos nos considerar bem-aventurados (Tg. 1.12). Isso porque ao contrário do que é propagado na atualidade, as provas são instrumentos utilizados por Deus para o crescimento do cristão. Tiago adverte os irmãos da igreja para não se esquecerem da Palavra de Deus, especialmente diante das situações adversas (Tg. 1.22-25). Tiago também adverte a igreja em relação à distinção que se fazia entre as pessoas, principalmente no que tange à posição social (Tg. 2.1-6). A esse respeito a igreja pode influenciar a sociedade, na medida em que as pessoas se respeitam mutuamente, e se aceitam como irmãos e irmãs em Cristo, independentemente da condição socioeconômica. Deus exige fé, mas essa não pode ser atestada sem as obras, como testemunho para as pessoas. O objetivo de Tiago é justamente apontar a demonstração da fé, que acontece somente pelas obras. Evidentemente ninguém é salvo pelas obras, a salvação é pela graça, por meio da fé, não das obras, para que ninguém se glorie (Ef. 2.8,9). Por outro lado, como assume o Paulo no mesmo texto, fomos criados para as boas obras, para que andássemos nelas (Ef. 2.10). As pessoas que nos observam, e o próprio Deus, verão as nossas obras, como demonstração de fidelidade (Tg. 2.14-18). Jesus, antes mesmo de Tiago, destacou que os crentes são sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13) e que nos tornamos conhecidos através do frutos (Mt. 7.20). O controle da língua é fundamental na demonstração da fé do cristão, por isso os crentes devem ter cuidado, pois se “essa é inflamada pelo inferno” (Tg. 3.8). Ao invés de usar a língua para difamar, ou mesmo para murmurar, devemos orar a Deus, mas é preciso orar com sabedoria, não apenas para satisfazer nossos desejos egoístas (Tg. 4.2). Para o autor, os crentes não podem pactuar com o mundo, tornar-se amigo do mundo, significa ser inimigo de Deus (Tg. 4.4), antes devemos confiar no Senhor, que está no comando de todas as coisas (Tg. 4.13-15). Por fim, Tiago destaca o valor da igreja em comunidade, inicialmente na confissão dos pecados, e na oração uns pelos outros (Tg. 5.16).

3. INSTRUÇÕES DA EPÍSTOLA DE TIAGO

A partir das instruções de Tiago aos crentes primitivos, concluímos que essa epístola, ao contrário do que afirmou Lutero, não é “uma epístola de palha”. Tiago continua atual, e traz uma alerta para os crentes deste século. Em sua Epístola nos conclama a um cristianismo autêntico, fundamentado não apenas na doutrina, mas também voltado para a prática. A igreja cristã precisa avaliar-se continuamente a partir dessa mensagem. A doutrina bíblica da salvação demanda um ato de fé, uma convicção no sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Ef. 2.8,9), mas também atitudes de fidelidade, que são demonstradas através de atitudes, condizentes com o evangelho de Jesus Cristo. Tiago não entra em contradição com Paulo, muito pelo contrário, seus posicionamentos se complementam. Em Rm. 3.28; 5.21; e Gl. 3.24 o Apóstolo dos gentios avalia a condição do homem pecador diante de Deus, mostrando a inutilidade da religião para a justificação. Em Tg. 2.24, o meio-irmão do Senhor ressalta a necessidade das obras, não apenas como demonstração perante os homens da salvação, mas também para nossa maturidade, na medida em que revelamos nossa fidelidade a Deus. Nesses tempos em que a igreja se volta para um cristianismo distanciado de um viver autenticamente cristão, faz-se necessário repensarmos, a partir da Palavra de Deus, quem de fato somos, e como devemos agir no mundo. A natureza da religiosidade precisa ser percebida à luz da orientação bíblica, caso contrário, nos tornaremos um mero ajuntamento de pessoas, debaixo de interesses meramente humanos. Os membros da igreja, como comunidade de fé, devem se relacionar uns com os outros, demonstrando atenção, especialmente os mais necessitados. Um cristianismo individualista, no qual as pessoas não se envolvem umas com as outras, nada tem a ver com aquele expresso por Jesus, ao edificar a Sua igreja. A igreja que é ekklesia sabe que está no mundo, que deve ser luz nas trevas, e apontar para Aquele que nos chamou para segui-Lo.

CONCLUSÃO

A Epístola de Tiago, escrita ainda no Século I, nos trás uma mensagem atual, que chama todo cristão à responsabilidade. A modernidade nos legou uma “zona de conforto”, até mesmo o cristianismo foi solapado por esse “modus vivendi”. Esse livro bíblico, que será estudado ao longo deste trimestre, abalará as estruturas de nossa sociedade acomodada. Oramos para Deus, que fale pela Palavra e o Espírito, a fim de que sejamos moldados à imagem de Cristo, e vivermos um cristianismo autêntico, em que nossas obras sejam condizentes com a fé que expressamos.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa.


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos a mensagem de Deus entregue aos santos irmãos do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor. Assim pode ser resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus. A espiritualidade superficial, a ausência de integridade, a carência de perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo são características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos. O estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o próximo, levando-nos a compreender que a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). [Comentário: Iniciamos mais um trimestre da escola dominical e pelos próximos três meses estaremos em contato com a Epístola de Tiago. Será um trimestre de Teologia Prática, de aplicação prática da teologia à vida quotidiana. Teremos lições preciosíssimas que nos auxiliarão na verificação de que estamos ou não sendo cristãos autênticos. Sim, pois você acreditaria em alguém que se diz mecânico, mas não consegue consertar um carro? Um enfermeiro que não sabe aplicar uma injeção? Tiago trata exatamente disto, ele defende que se alguém diz ter fé deve também possuir obras que testifiquem esta fé. Na verdade, o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras. Qual é a fé que salva? Como conciliar Romanos 3.28 com Tiago 2.24? Será que Tiago contradiz o ensino de Paulo? Qual o papel das obras na salvação? Prepare-se para mais um emocionante trimestre!] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)

1. Autoria. Em primeiro lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e, finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Gl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o autor não poderia ser outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém. [Comentário: A Epístola de Tiago é a primeira do grupo de epístolas consideradas como escritos gerais. Tais epístolas recebem essa designação por não serem endereçadas especificamente a qualquer grupo que possa ser identificado de imediato. Também recebe a denominação de “escritos católicos”, contudo, sem ligação nenhuma com Igreja Católica Apostólica Romana. A autoria desta Carta é entendida como sendo de Tiago, o irmão do Senhor (Mc 15.40). Ele identifica-se somente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (1.1). O nome Tiago era comum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento ocorrem ao menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome: Tiago, pai de Judas (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João; Tiago, filho de Alfeu. Tiago, irmão do Senhor, tem sido a teoria mais corrente em relação à autoria desta Carta. Paulo o destaca como apóstolo (G1 1.19), um homem que era considerado um dos pilares da igreja. D. A. Carson aborda dessa forma a pluralidade de candidatos à autoria: Destes quatro [Carson cita Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, Tiago filho de Alfeu, Tiago o menor e Tiago, irmão do Senhor], o último é de longe o mais óbvio candidato à autoria desta carta. Tiago, o pai de Judas é por demais obscuro para ser seriamente considerado; o mesmo vale, num grau menor, para Tiago, o filho de Alfeu. Por outro lado, Tiago, o filho de Zebedeu, tem um papel de destaque entre os Doze, mas a data de seu martírio — 44 d.C. (Veja At 12.2) — é provavelmente muito cedo para que o liguemos à carta. Resta, então, Tiago, o irmão do Senhor, que certamente é o Tiago mais proeminente na Igreja Primitiva. Há ainda estudiosos que entendem que essa carta é de autoria anônima. Sobre esse assunto, Carson comenta: Poucos estudiosos têm atribuído a carta a um Tiago desconhecido. Mas embora isso seja possível e não conflite em nenhum aspecto com nada existente na própria carta, a simplicidade da identificação do autor indica um indivíduo bem conhecido — e uma pessoa tão bem conhecida seria provavelmente mencionada no Novo Testamento. Depois de brevemente apresentadas as teorias, a Igreja Cristã tem tido em Tiago, o irmão de Jesus e bispo em Jerusalém, o autor dessa carta que atravessou os séculos e até hoje fala com toda a igreja.]

2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como local mais indicado de produção da epístola, tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente. [Comentário: A carta de Tiago já recebeu diversas propostas de datação. Esta tem sido determinada por alguns especialistas como tendo sido escrita em 45 ou 62 d.C. Os argumentos orbitam da seguinte forma para se deduzir que foi escrita em um desses períodos. Conforme Josefo, o martírio de Tiago ocorreu em 62 d. C, portanto, ele teve de escrever antes desse período sua carta. A epistola não faz menção sobre a controvérsia de judeus e cristãos entre os anos 50 e 60. Como relata o livro de Atos, Tiago foi o chamado “moderador” do Concílio de Jerusalém, evento que provavelmente teria sido realizado o ano 50 d.C. e que discutiu a chegada de gentios no seio da igreja cristã. E há estudiosos que entendem que como a Carta de Tiago não cita o apóstolo Paulo, é provável que Tiago escreveu sua Carta antes de Paulo ter sido considerado um obreiro de destaque. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 13-15. Tendo visto claramente as dificuldades que circundam este livro, no tocante à sua autoridade e canonicidade, podemos mais facilmente dizer algo de significativo sobre a questão do próprio autor. O livro identifica algum «Tiago» como seu autor. Mas, qual Tiago está em foco, que nos seja conhecido no N.T.? Ou tratar-se-ia de um Tiago desconhecido? Ou seria este livro uma pseudepígrafe, isto é, escrito em nome de um famoso Tiago do N .T., mas não na realidade? Essa prática era comum nos primeiros séculos da era cristã, havendo mais de cem escritos dessa natureza que chegaram até nós, supostamente de famosos cristãos primitivos, mas certamente sem que isso seja verdade. E esses são 08 escritos acerca dos quais temos algum conhecimento, pelo menos a través de fragmentos, ou títulos mencionados por outros pais da igreja. Deve ter havido um número muito maior de casos. Tal prática não era reputada desonesta, naqueles dias; era uma prática comum, usada tanto na literatura profana como na sagrada. 1. Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. incluído em todas as quatro listas sobre os doze apóstolos. Foi decapitado a mando de Herodes Agripa I, em 44 D.C. ou pouco antes. (Ver Atos 12:2). 2. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze apóstolos. (Ver Mat. 10:3; Marc. 3:18; Luc. 6:15 e Atos 1:13). 3. Tiago, irmão do Senhor. (Ver Gál. 1:19; 2:9,12; I Cor. 15:7; Atos 12:17; 15:13 e 21:18). Ficou convicto do caráter messiânico de Jesus, evidentemente através de aparição pessoal a ele, após a ressurreição de Cristo. Subsequentemente, tornou-se o líder principal da igreja de Jerusalém, uma figura de estatura sumo sacerdotal, muito respeitado entre judeus e cristãos, igualmente. 4. Tiago, o Menor (uma alusão à sua pequena estatura, a fim de distingui-10 de outros personagens do mesmo nome). (Ver Marc. 15:40; Mat. 27:56; Luc. 24:10). Muitos identificam esse Tiago com o filho de Alfeu. 5. Tiago, pai ou irmão de Judas, um dos doze apóstolos (ver Luc. 6:16 e Ato s 1:13). Ao invés desse Judas (não o Iscariotes), nas listas dos evangelhos de Marcos (capitulo terceiro) e de Mateus (capítulo décimo), aparece o nome de Tadeu ou Labeu. 6. Tiago, autor da epístola, que possivelmente, pode ser com um ou outro dos Tiagos mencionados acima. 7. Tiago, irmão de Judas (ver Jud. 1), por meio de quem a epístola de Judas teria sido escrita. Dentre esse número, os Tiagos de posição primeira, segunda, terceira e sétima têm sido identificados como o autor da epístola. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 2-3.]

3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo. [Comentário: O autor da carta indica que seus destinatários são as 12 tribos que estão dispersas: Tg 1.1 diz que “as doze tribos na dispersão” (em grego diáspora) são os destinatários (cf. 1Pe 1.1). O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal explica o seguinte: O cristianismo é judeu. Isto pode parecer uma contradição, mas é verdade. Maria, a mãe do nosso Senhor, era judia, como também José era judeu. Sendo assim, JESUS foi criado em um lar judeu. E no seu ministério público, JESUS dirigia-se primeiro aos judeus, o povo escolhido de DEUS, chamando-os ao arrependimento e à fé. Todos os doze discípulos originais eram judeus. O cristianismo iniciou-se no Templo e na sinagoga, quando os judeus que procuravam encontravam o Messias. Portanto, é bastante natural que Jerusalém fosse o berço da igreja. Este é o lugar onde JESUS foi crucificado e onde Ele ressuscitou e posteriormente ascendeu ao céu. Em Jerusalém, o ESPÍRITO SANTO encheu o primeiro grupo de crentes. E ali foi onde os apóstolos ministraram. A igreja de Jerusalém teve um crescimento explosivo, com milhares de pessoas respondendo positivamente ao Evangelho (At 2.41; 4.4; 5.14; 6.1,7). Os crentes encontravam-se nos pátios do Templo e nas suas casas (At 5.42), adorando, comendo, aprendendo, e servindo juntos. JESUS disse aos seus seguidores que transmitissem a fé além de Jerusalém, “em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). No sermão do monte das Oliveiras, JESUS predisse uma perseguição terrível e a destruição final de Jerusalém (Lc 21.5-24) - JESUS sabia que os seus seguidores se espalhariam. A perseguição começou pouco tempo depois da ascensão de JESUS. Quer estes primeiros cristãos estivessem prontos ou não, muitos deles foram forçados a se espalhar pelo império romano (At 8.1). Eles foram a Samaria e a lugares tão distantes quanto Fenícia, Chipre, e Antioquia da Síria (At 11.19). Os crentes espalhados “iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4) e, desta forma, acrescentavam muitos novos convertidos à fé. Isto gerou uma necessidade de acompanhamento, de instrução espiritual e de incentivo para os novos crentes. Por exemplo, os apóstolos em Jerusalém enviaram Pedro e João a Samaria, para avaliar o ministério de Filipe (At 8.14), e enviaram Barnabé a Antioquia, por terem ouvido falar que os gregos estavam se convertendo ali (At 11.19-22). Naturalmente, os seguidores de JESUS, o Messias, já estavam vivendo em muitas terras estrangeiras, tendo vindo à fé no Pentecostes. Realizada cinquenta dias depois da Páscoa, Pentecostes (também chamada Festa das Semanas) era uma festa de ação de graças pela colheita. Todos os anos, judeus de muitas nações reuniam-se em Jerusalém para esta celebração. De acordo com Atos 2.9-11, “partos e medos, elamitas e os que habitavam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes” ouviram, em suas línguas nativas, a mensagem que era cheia do ESPÍRITO. Eles também ouviram o poderoso sermão de Pedro (At 2.14-41), e muitos vieram à fé em CRISTO. Ao voltar às suas casas, estes novos convertidos tornaram-se uma equipe evangelizadora internacional. Na verdade, é provável que a igreja em Roma tenha sido fundada por aqueles que ouviram falar sobre JESUS e creram nele em Jerusalém, por ocasião do Pentecostes. Tiago, sendo o líder da comunidade cristã de Jerusalém e o pastor de um rebanho disperso, escreveu a este grande grupo de crentes judeus em CRISTO que estavam vivendo muito longe dos muros de Jerusalém. Assim ele endereçou a sua carta; “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1). Pelo fato de esta carta ter sido escrita no início da vida da igreja (antes das viagens missionárias de Paulo), praticamente todos os crentes teriam sido judeus, mas esta é uma carta para todos os cristãos, tanto judeus quanto gentios. Tiago sabia o que estes jovens crentes estariam enfrentando ao tentarem viver para CRISTO, longe dos apóstolos e anciãos. Haveria provações e perseguições, similares àquelas que tinham tirado muitos deles de suas casas. Haveria sofrimento. Haveria tentações. Haveria pressões. Tiago estava preocupado com que seus irmãos e irmãs cristãos conseguissem perseverar. Tiago também sabia que é fácil voltar a velhos hábitos ou à neutralidade espiritual quando se é afastado e cercado por aqueles que creem em outras coisas. Assim, ele desafiou os seus leitores a irem além de meras palavras e chegarem à ação — viver segundo a sua fé. Tiago também estava preocupado com o corpo, a comunhão, e a igreja. Assim, ele advertiu a respeito de discriminações e divisões e incentivou os crentes a tomarem cuidado com as suas palavras, procurarem a sabedoria divina, serem humildes, e orarem uns pelos outros. Os leitores desta carta do século teriam apreciado a abordagem direta e prática de Tiago. Ele foi direto ao ponto, com respostas orientadas pelo ESPÍRITO, que eles tanto necessitavam. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 654-655.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões.

II. O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO

1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27). [Comentário:  É necessário que tenhamos em mente que Tiago não está tentando resumir tudo o que envolve a verdadeira adoração a Deus. João Calvino afirma: “ele não dá uma definição geral de religião, mas nos lembra de que a religião sem as coisas que ele menciona é nada...”. ritual religioso, se praticado com um coração reverente e num espírito de adoração, não é errado — e a Palavra de Deus não pode ser “praticada” se primeiro não for “ouvida”. O que faz parte do culto a Deus? “Um culto puro e imaculado perante Deus, o Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si próprio incontaminado do mundo”: Deus nos presenteou com seu grande amor, dando-nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe agrademos, como o Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se para dentro do mundo e preservar-se diante do mundo. “Visitar órfãos e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial. Primeiramente ele tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma alguma somente a eles (Gl 6.10). É condizente com a intenção de nosso Senhor e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia, amor e fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5). Uwe Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica Esperança. Tg 1:27 / Em contraste com o crente piedoso, cuja língua é todavia afiada, a religião que nosso DEUS e Pai considera pura e imaculada não é primordialmente ritualística, feita de hábitos piedosos, mas a que procura visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo. A primeira característica, a da caridade e do interesse ativo pelos indefesos e fracos, com freqüência é mencionada no Antigo Testamento (Deuteronômio 14:29; 24:17-22),
bem como no Novo (Atos 6:1-6; 1 Timóteo 5:3-16). Os órfãos e as viúvas, ao lado dos estrangeiros e dos levitas, constituíam os pobres dentre o antigo Israel. A verdadeira piedade, portanto, vai ajudar os fracos e os pobres, porque DEUS é quem sustenta os oprimidos e indefesos (Deuteronômio 10:16-17). A segunda característica centraliza-se no mundo, designação comum em Paulo e em João para a cultura, os costumes e as instituições humanas (1 Coríntios 1- 3; 5:19; Efésios 2:2; João 12:31; 15:18-17; 16; 1 João 2:15-17). A verdadeira piedade não é conformação à cultura humana, mas a transformação à imagem de CRISTO (Romanos 12:1-2). Para Tiago, isso significa especificamente a rejeição dos motivos da concorrência, da ambição pessoal e do acúmulo de riquezas, paixões que jazem na raiz da falta de caridade e da multiplicação de conflitos na comunidade (e.g., 4:1-4). Ao declarar que essa, e nada mais, é a verdadeira religião aos olhos de DEUS, declara Tiago que a conversão é coisa vã se não conduzir a uma vida transformada. Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações. pag. 61.]

2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente perseguidos, humilhados e mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11). [Comentário:  Comentando Tg 1.17, 18, o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal afirma: Sendo assim, como podemos evitar cair em tentação? O caminho está em um relacionamento íntimo com DEUS e na aplicação da sua Palavra à nossa vida diária. Este padrão nos levará a ver claramente que toda dádiva boa e perfeita vem do alto. Em comparação com a visão de que DEUS envia o mal, Tiago ressalta o fato de que toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, de DEUS. Podemos ter certeza de que DEUS sempre deseja o melhor para nós - não boas coisas hoje e coisas más amanhã. O caráter de DEUS é sempre confiável e leal - em DEUS, não há mudança, nem sombra de variação (Ml 3.6). Nada pode impedir que a bondade de DEUS nos alcance. Ele não se intimida pelas nossas incoerências e infidelidades. 1.18 Um exemplo maravilhoso das boas coisas que DEUS nos dá (“toda boa dádiva e todo dom perfeito”) é o nascimento espiritual! Nós somos salvos porque DEUS decidiu nos tornar primícias das suas criaturas (seus próprios filhos). O nosso nascimento espiritual não se dá por acidente, nem porque DEUS tinha que fazê-lo. O novo nascimento é um presente para todos os crentes (veja Jo 3.3-8; Rm 12.2; Ef 1.5; Tt 3.5; 1 Pe 1.3,23; 1 Jo 3.9). A palavra da verdade é o Evangelho, as Boas Novas da salvação (Ef 1.13; Cl 1.5; 2 Tm 2.15). Nós somos informados sobre o novo nascimento por meio da leitura da Palavra de DEUS e da pregação do Evangelho, e respondemos positivamente a ele. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667.]

3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5.1-3). [Comentário:  Tiago sabe que as riquezas acumuladas em geral indicam injustiça. Na Palestina, em geral, tratava-se de injustiça contra os trabalhadores rurais. Vede! o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que por vós foi retido com fraude, está clamando. O sistema econômico da Palestina utilizava trabalhadores braçais diaristas, em vez de escravos, em parte porque o escravo passaria a custar mais, caso ele convertesse ao judaísmo. Esses trabalhadores contratados eram os filhos jovens das famílias de camponeses expulsas de suas terras por causa de bancarrota, quando as hipotecas das propriedades venceram e não havia como pagá-las. Tais trabalhadores viviam da mão à boca. O salário de hoje é para comprar o desjejum de amanhã. Quando o salário não era pago no fim do dia, a família passava fome. A despeito de uma porção de mandamentos no Antigo Testamento (Levítico 19:13; Deuteronômio 24:14-15), os ricos descobriam jeitos de reter o salário dos trabalhadores (e.g., Jeremias 22:13; Malaquias 3:5). O fazendeiro poderia retê-lo até o fim da época de colheita, a fim de garantir que o camponês viria trabalhar; poderia apelar para uma minúcia técnica a fim de provar que o contrato não foi cumprido; ou poderia alegar estar cansado demais para pagar o salário no fim do dia. Se o trabalhador reclamasse, o patrão o poria na lista negra; se fosse aos tribunais, o rico teria os melhores advogados. Assim é que Tiago retrata o dinheiro no bolso dos ricos, dinheiro que deveria ter sido usado para pagar os trabalhadores que clamam por justiça. Os clamores não deixaram de ser ouvidos por alguém: os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor Todo-poderoso. Visto tratar-se de ceifeiros, não pode haver desculpa de falta de dinheiro; há montões de cereais para serem vendidos. O trabalhador faminto apelou aos prantos para o único recurso que tem: DEUS. Ao mencionar o Senhor Todo-poderoso, Tiago lembra seu leitor de Isaías 5:9, onde as pessoas que adquirem grandes latifúndios são condenadas. Todos os judeus sabiam o que acontecia às pessoas condenadas por Isaías, e também sabiam que os ouvidos de DEUS estão abertos para os pobres (Salmo 17:1-6; 18:6; 31:2), de modo que a declaração de Tiago inclui a ameaça de julgamento. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 150-151.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
O propósito geral da epístola de Tiago era orientar, consolar e fortalecer a Igreja de Cristo que estava sendo perseguida.

III. ATUALIDADE DA EPÍSTOLA

1. Num tempo de superficialidade espiritual. Outro propósito da epístola é levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus e com o próximo. A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago chama a atenção para a verdade de que se as orientações de Jesus não forem praticadas, o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Portanto, a Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para desenvolver uma espiritualidade sadia e profunda. [Comentário: A insistência de Tiago para que os cristãos pratiquem a palavra de Deus, e não apenas a ouçam, e sua exigência das obras como partes integrantes da fé, compõem esta ênfase. A obediência à “lei da liberdade”, a exigência de Deus resumida por Jesus, deve ser sincera e coerente. E esta obediência tem um importante aspecto social. O mandamento para que amemos nosso próximo como a nós mesmos é a “lei régia” (2.8). Tiago insiste em que “a religião pura e sem mácula” deve se manifestar no cuidado para com os desprivilegiados e menos favorecidos (“visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações”, 1.27) e numa atitude altruísta e mansa diante dos outros (3.13-18). O favoritismo demonstrado aos ricos transgredi a “lei régia” (2.1-7), assim como também a maledicência (4.11-12).]

2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O leitor desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos, falsos mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo apóstolo dos gentios (2Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de Tiago evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24). [Comentário: Mais uma vez cito o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal: II Pd 3.14 Pelo fato de os crentes poderem confiar na promessa de DEUS de lhes trazer uma nova terra, e por eles estarem aguardando estas coisas, eles devem viver imaculados e irrepreensíveis em paz. Em outras palavras, somente esta esperança poderosa pode nos instigar a viver com justiça. O reino de DEUS será caracterizado pela paz com DEUS; portanto, os crentes devem praticar a paz com DEUS agora, preparando-se para vivê-la no reino. Não devemos agir como preguiçosos e ser complacentes somente porque CRISTO ainda não retornou. Na verdade, devemos viver em ansiosa expectativa de sua vinda. O que você deseja estar fazendo quando CRISTO voltar? É assim que você deve viver todos os dias. II Pd 3.15,16 Enquanto os crentes esperavam, talvez impacientemente, pelo retorno do Senhor, Pedro os lembrou de que eles tinham por salvação a longanimidade de nosso Senhor. A paciência de DEUS significa a salvação para muitos mais que terão a oportunidade de responder à mensagem do evangelho. Quando lemos as várias cartas do Novo Testamento, é interessante estudar a correlação entre os autores. Pedro era um dos doze discípulos de JESUS. Posteriormente, ele tornou-se o líder indiscutível da igreja de Jerusalém. Paulo veio mais tarde, depois de ser convertido na estrada para Damasco, através de uma visão de JESUS CRISTO (At 9). Paulo também era considerado um apóstolo. Pedro e Paulo tinham um grande respeito mútuo ao trabalharem nos ministérios para os quais DEUS os tinha chamado. Na época em que Pedro estava escrevendo, as cartas de Paulo já tinham uma grande reputação. Pedro apoiou as suas palavras com o aparente conhecimento dos crentes de que Paulo também tinha escrito a eles sobre o mesmo assunto. Pedro reconhecia o valor das cartas de Paulo para o crescimento da igreja, pois ele descreveu Paulo como alguém que lhes havia escrito segundo a sabedoria que lhe foi dada. Os ensinos dos apóstolos nunca eram distorcidos pela pessoa, nem pela área de ministério. Quer a carta viesse de Paulo, ou de Pedro, podia-se confiar que a mensagem seria a mesma, pois ela tinha vindo, em primeiro lugar, do próprio DEUS. Observe que Pedro escreveu sobre as cartas de Paulo como se elas estivessem no mesmo nível das outras Escrituras. A igreja primitiva já estava considerando as cartas de Paulo como sendo inspiradas por DEUS. Tanto Pedro como Paulo estavam cientes de que estavam transmitindo a Palavra de DEUS juntamente com os profetas do Antigo Testamento (veja I Ts 2.13). Nos primeiros dias da igreja, as cartas dos apóstolos eram lidas aos crentes e frequentemente passadas a outras igrejas. Às vezes, as canas eram copiadas e somente então eram passadas a outras igrejas. Os crentes consideravam estes textos como tendo tanta autoridade quanto as Escrituras do Antigo Testamento. Alguns leitores podem ter sido afastados por alguns dos comentários de Paulo, que eram difíceis de entender. Porém, a cura não está em ouvir àqueles que distorcerão a verdade, mas, antes, em continuar a crescer no conhecimento de JESUS. Quanto melhor conhecermos a JESUS, menos atraentes serão os falsos ensinos. Os falsos doutores distorciam todas as Escrituras para que elas significassem o que eles queriam. No entanto isto podia resultar em perdição. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 758.]

3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de Cristo, mas estão distantes das virtudes bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por intermédio de suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os seus interesses particulares e não a glória de Deus. Precisamos urgentemente priorizar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim como João Batista (Lc 3.8-14), que precisamos produzir frutos dignos de arrependimento. [Comentário: Uma comparação entre Romanos 4 e Tiago 2 revela uma aparente semelhança na escolha das palavras fé e obras e na citação de Gênesis 15.6: “Abraão creu em DEUS, e isto lhe foi imputado para justiça” (Rm 4.3; Tg 2.23). Qual é a relação entre a apresentação de Paulo da fé e das obras em Romanos e a de Tiago em sua epístola? Alguns comentaristas afirmam que Tiago escreveu sua epístola para criticar os ensinamentos de Paulo sobre fé e obras. Dizem que Paulo foi mal-entendido pela igreja, pois separou os conceitos de/é e obras. Tiago via um perigo nos ensinamentos apresentados por Paulo, a saber, da fé sem obras. Assim, pelo fato de alguns cristãos terem interpretado incorretamente a frase sem obras, Tiago escreveu sua carta para reforçar o ensinamento de que a fé resulta em obras. Na opinião de outros estudiosos, Tiago escreveu sua epístola antes de Paulo começar sua carreira como escritor, ou seja, depois que a Epístola de Tiago começou a circular na igreja primitiva, Paulo escreveu sua carta aos romanos para apresentar uma melhor compreensão do significado da fé sem obras. Tanto Tiago quanto Paulo desenvolvem o tópico de fé e obras, cada um de sua própria perspectiva e cada um com seu propósito. Tiago usa a palavra/é de modo subjetivo, no sentido de confiança e segurança no Senhor. Essa fé ativa dá ao crente perseverança, certeza e salvação (1.3; 2.14; 5.15). A fé é o envolvimento ativo do crente com a igreja e o mundo. Pela fé, ele recebe sabedoria (1.5), justiça (2.23) e cura (5.15). Paulo, por outro lado, com frequência, fala da fé de modo objetivo. Fé é o instrumento pelo qual o crente é justificado diante de DEUS (Rm 3.25,28,30; 5.1; G12.16; Fp 3.9). A fé é o meio pelo qual o crente se apropria dos méritos de CRISTO. Por causa desses méritos, o homem é justificado diante de DEUS. A justificação, portanto, vem como uma dádiva de DEUS para o homem - um dom que ele toma para si pela fé. A justificação é a declaração de DEUS de que ele restaurou o crente pela fé, colocando-o num relacionamento correto consigo mesmo. Em sua discussão sobre fé e obras, Tiago parece escrever de maneira independente da carta de Paulo aos romanos. Tiago aborda o assunto de um ponto de vista mais prático do que teológico. Com efeito, sua abordagem é simples, direta e consequente. A discussão de Paulo representa um estágio avançado do ensinamento que relaciona a fé com as obras. Pelo fato de a abordagem de Tiago diferir bastante da de Paulo, concluímos que ele escreveu sua epístola independente do ensinamento de Paulo e talvez até antes da redação de Romanos. Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Tiago e Epístola de João. Editora Cultura Cristã. pag. 27-28.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação pela fé” e “salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual sobre a fé posta em prática.

CONCLUSÃO
Como em toda a Escritura Sagrada, a Epístola de Tiago é um farol aceso e permanentemente atual. Ela nos alerta contra a mediocridade da vida supostamente cristã e nos exorta a fazer das Escrituras o nosso pão diário. Jesus Cristo sempre foi zeloso pelo bem estar do seu rebanho (Jo 10.10). Em todas as épocas Ele é o bom pastor que cuida das suas ovelhas (Jo 10.11). É do interesse do Mestre que os discípulos vivam em harmonia e amor mútuo, afim de não trazerem escândalo aos de dentro e, muito menos, aos de fora (1Co 10.32). E não nos esqueçamos: A religião pura e imaculada é a fé que se mostra através de nossas práticas e obras. [Comentário: Tiago 2.17-18: "Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.” Esta Epístola traça um caminhar na fé através da religião, da fé, e da sabedoria genuínas (1.1-27; 2.1 - 3.12; 3.13-5.20). Encontramos nela um notável paralelismo com o Sermão da Montanha (Mt 5-7). Tiago começa no primeiro capítulo descrevendo os traços gerais do caminhar na fé. No capítulo dois e no início do capítulo três, ele discute a justiça social e faz um discurso sobre a fé em ação. Ele então compara e contrasta a diferença entre a sabedoria terrena e a que provém do alto e nos encoraja a afastar-nos do mal e a nos aproximarmos de Deus. Tiago faz uma repreensão particularmente severa aos ricos que acumulam e aqueles que são auto-suficientes. Finalmente, ele termina encorajando os crentes a serem pacientes no sofrimento, orando e cuidando uns dos outros e reforçando a nossa fé através da comunhão. Está posto um desafio aos Cristãos para não apenas "dizer", mas "viver". Acima de tudo mais, Tiago motiva-nos a agir de acordo com o que Ele ensinou.]
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)".

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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