SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Conforme estudamos na lição anterior, a Epístola de Tiago foi endereçada
às “doze tribos”, provavelmente judeus cristãos do primeiro século (Tg. 2.1).
Esses estavam passando por situações adversas, provações por seguirem a Cristo.
Na verdade esse é o preço do discipulado (Mt. 16.24). Na aula de hoje
destacaremos o aspectos das provações pelas quais os cristãos passam, bem como
os objetivos e as possibilidades de vitórias sobre essas. Ao final esperamos
motivar os irmãos e irmãs que são perseguidos por amor a Cristo a perseverarem
na fé, até a volta de Jesus.
1. A TENTAÇÃO QUE É PROVAÇÃO
A palavra traduzida por tentação na Almeida Revista e Corrigida (ARC) em
grego é peirasmós também significa provação. Nesse contexto essa palavra
seria mais adequada, ao invés de tentação, considerando que os crentes daquele
período estavam passando por perseguições por causa de Cristo. Nesse texto o
termo peirasmós tem uma conotação positiva, diferentemente da palavra tentação,
cujo significado é negativo. A provação aponta, de acordo com as instruções de
Tiago, para um teste, que resulta em aprovação ou reprovação. Evidentemente as
pessoas não querem sofrer, há até os cristãos que propõem um cristianismo
isento de sofrimento. Tal ensinamento não tem respaldo bíblico, pois Jesus
ensinou que no mundo teríamos aflições (Jo. 16.33). Paulo afirma que por muitas
tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus (At. 14.22). E alertou
Timóteo que todos os que querem viver piamente em Cristo padecerão perseguições
(I Tm. 3.12). Jó concluiu que o homem nasce para a tribulação como as faíscas
voam para cima (Jó. 5.7). As causas das provas são diversas, não
necessariamente elas provêm de Deus. Há pessoas que são provadas por causa da
condição humana. Isso acontece porque somos humanos, e como tais nós passamos
por enfermidades e desapontamentos, como qualquer outra pessoa, seja ela crente
ou descrente. Existem provas também que resulta dos nossos pecados, mas essas
não podem ser generalizadas, nem todas as pessoas sofrem por causa de pecados
(Jo. 9.1,2; 11.4). Algumas pessoas são provadas porque tomaram uma decisão por
Cristo. Nos dias atuais a perseguição predominante é ideológica, os cristãos
estão perdendo espaço, até mesmo empregos e posições sociais. Tiago utilizou o termo
poikilos que significa várias em grego, isso quer dizer que as provações
têm fontes variadas, mas até essas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus
(Rm. 8.28).
2. OS OBJETIVOS DAS PROVAÇÕES
Quando somos provados, essas não são além das nossas forças, Deus sabe
até onde somos capazes de suportá-las (I Co. 10.11). Por isso devemos saber que
as provações são passageiras, elas não duram para sempre (Tg. 1.2). Existem
pessoas que sofrem mais do que outras, e Deus tem seus propósitos em cada vida.
Não podemos esquecer que Ele pode utilizar as provações com o fim pedagógico
(Tg. 1.3,4). Deus é um dos poucos professores que primeiro entrega a prova para
que os alunos extraiam a lição depois. Abraão foi chamado por Deus, mas antes
precisou ser provado, a fim de mostrar seu compromisso com o Senhor. As provas
de Deus objetivam nosso amadurecimento espiritual. Os cristãos mais imaturos
são justamente aqueles que menos foram provados. As provas, quando resultam em
crescimento espiritual, fortalecem a fé dos crentes. Como destaca Paulo, nossa
leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória (II Co.
4.17). Todos nós estamos “em construção”, e Deus está trabalhando em nossas
vidas (Ef. 2.8-10). Assim Ele fez com José e Moisés, e está fazendo em muitos
outros, inclusive em nós. O resultado da provação é a perseverança, a palavra
grega é hupomene, que significa paciência, mais propriamente, firmeza
diante das adversidades. Os crentes imaturos não conseguem esperar muito, se
afastam do caminho na primeira adversidade que encontram. Por causa dessa
impaciência Moisés matou o egípcio, sansão contou seu segredo a Dalila, e Pedro
quase matou Malco. Ninguém deve temer as provas, nem mesmo aquelas que são
permitidas por Deus. Jó reconheceu que inicialmente conhecia Deus apenas de
ouvir, mas depois de provado teve uma percepção mais grandiosa da glória de
Deus (Jó. 42.5).
3. A VITÓRIA SOBRE AS PROVAÇÕES
Os evangélicos influenciados pelo hedonismo moderno pensam que a vitória
sobre a provação é justamente se livrar delas. Mas essa é uma realidade que não
se concretiza para todos, somente para alguns, de acordo com a soberania de
Deus. Há aqueles que somente obterão vitória das suas provas na eternidade,
como aconteceu com os heróis da galeria de Hebreus 11. A vitória sobre as
provações está justamente na fé, que é firme fundamento das coisas que se
esperam, mas que não são visíveis (Hb. 11.1). Esse é o tipo de fé que Deus
exige do Seu povo, não uma fé de barganha, alicerçada nas satisfações pessoais.
Essa geração está adoecida pelo hedonismo, o prazer tornou-se a razão de ser,
até mesmo entre os cristãos. Influenciados pela teologia da ganância, e pelo
movimento pseudopentecostal, querem apenas as mãos de Deus, se distanciam da
Sua face. A vitória que vence o mundo é a nossa fé (I Jo. 5.4), pistis em
grego, que também pode ser traduzida como fidelidade. Sem uma fé
compromissada é impossível agradar a Deus, os que dEle se aproximam devem ser
fieis, independentemente das circunstâncias (Hb. 11.6). Jesus se dirigiu às
igrejas perseguidas da Ásia Menor, mais especificamente para Esmirna, que
passaria por provações, instruindo-a para que essa fosse fiel até a morte (Ap.
2.8-11). Carecemos de uma geração de crentes que não tenha receio das
provações, que não se acomodem com o marasmo, e com essa filosofia hedonista.
Os bem-aventurados, conforme expôs Jesus, não são aqueles que não querem
sofrer. Justamente o contrário, os bem-aventurados são aqueles que são
perseguidos por causa do nome de Jesus. Esses devem exultar, pois grande será
no céu o galardão deles (Mt. 5.12). Enquanto não chegarmos ao céu, vivemos
nesta terra sujeitos às provações, essas servem para nosso amadurecimento
espiritual. Isso porque Deus está mais interessando em forjar nosso caráter do
que nos fazer financeiramente prósperos. O objetivo do Senhor, através das
muitas provações pelas quais passamos, é moldar nosso caráter em conformidade
com Cristo, nosso Modelo (Gl. 4.19).
CONCLUSÃO
Os cristãos não estão imunes às provas, estamos sujeitos às mesmas
condições dos descrentes. Por causa da nossa fé em Cristo podemos ser
perseguidos, quando isso acontecer devemos exultar, pois sabemos que
receberemos de Deus o galardão no céu. As provações pelas quais passamos nos
alinham a fim de que sejamos moldados ao caráter de Cristo. Deus está
construído nossas vidas, Ele está escrevendo nossa história. Mesmo nas
situações adversas devemos saber que Aquele que começou a boa obra haverá de
levá-la adiante, apesar dos pesares (Fp. 1.6).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO
II
INTRODUÇÃO
Definitivamente, o homem moderno não está preparado para sofrer. Os
membros de muitas igrejas evangélicas, através da Teologia da Prosperidade, têm
se iludido com a filosofia enganosa do “não sofrimento”. O resultado é que
quando o iludido sofre o infortúnio, perde a fé em “Deus”. Mas, que se entenda
bem, num “deus” que nada tem com as Escrituras! A lição dessa semana tem o
objetivo de resgatar esse ensinamento evangélico (Tg 1.2). Aprenderemos acerca
da tentação, do sofrimento e da provação, não como consequência de uma vida de
pecado ou de falta de fé, mas como o caminho delineado por Deus para o nosso
aperfeiçoamento. Ninguém melhor do que Jesus Cristo, com seu exemplo de vida,
para nos ensinar tal lição (Hb 5.8). O convite do Mestre é um chamado ao
sofrimento por amor do seu nome (Jo 16.33; Mt 5.10-12). [Comentário:
Alguns cristãos são mais provados do que outros, mas todos são provados
de alguma forma. Quem nunca se perguntou, porque estou passando por isso? São
as provas que exercitam a nossa fé! É assim que Deus nos forja, é através de
provações na vida dos seus filhos. As vezes penso que sou um filho queridinho
de Deus e assim, privado de situações ruins... na verdade, Deus não mima os
seus filhos. Quando mimamos nossos filhos, eles se estragam, eles crescem com
um caráter defeituoso. É a disciplina que aperfeiçoa o caráter da criança, como
Salomão enfatiza inúmeras vezes no Livro de Provérbios. Da mesma forma, são as
provações que aperfeiçoam a fé e o caráter cristãos. Como assevera o apóstolo
Pedro: “agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco
contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais
preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e
honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.6,7).] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. O FORTALECIMENTO PRODUZIDO
PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)
1. O que é tentação. O termo empregado na Bíblia tanto no hebraico,
massah, quanto no grego, peirasmos, para tentação, significa “prova”,
“provação” ou “teste”. A expressão pode estar relacionada também ao conflito
moral, isto é, a uma incitação ao pecado. De fato, como mostram as Escrituras,
a tentação é uma provação, uma espécie de teste. O pecado, por sua vez, já se
trata de um ato imoral consumado. Por isso, a tentação não é, em si mesma,
pecado, pois ninguém peca quando passa pelo processo “probatório”. A própria
vida terrena do Senhor Jesus demonstra, com clareza, a distinção entre tentação
e pecado. A Epístola aos Hebreus afirma que Jesus, o nosso Senhor, em tudo r
foi tentado. Ele foi provado e testado em todas as coisas. Todavia, o Mestre
não pecou (Hb 4.14-16). Portanto, confiantes de que Jesus Cristo é o nosso Sumo
Sacerdote perfeito, devemos nos aproximar, com fé, do trono da graça sabendo
que Ele conhece as nossas tentações e pode nos dar a força necessária para
resistirmos (1Co 10.13). [Comentário: Há uma
palavra hebraica e duas palavras gregas, envolvidas neste verbete, a saber: 1. Massah,
"teste". "provação". 2. Peirasmôs,
"teste", "prova". 3. Peirázo, ''testar'',
"submeter à prova". No original grego, tentação é
"peirasmos", que significa "teste", "provação",
"tentação para a prática do mal". Esse vocabulário pode incluir ou
não a ideia de alguma questão moral envolvida. Pode simplesmente indicar um
teste difícil, uma prova, e não alguma tentação tendente à prática do mal, uma
incitação ao pecado. Por outro lado, essa palavra pode envolver a ideia de
incitação ao pecado. Essa foi exatamente a palavra utilizada pelo Senhor Jesus,
em sua oração, no trecho de Mt 6.13, onde ele diz: " ... e não nos deixeis
cair em tentação...". É também o mesmo termo usado para indicar as
tentações que Satanás lançou contra o Senhor Jesus, no deserto (Lc 4. 13). Na
passagem de Tg 1.12 essa mesma palavra é empregada para indicar, bem
definidamente, a tentação à prática do mal. É lógico acreditarmos, por
conseguinte, que a tentação referida neste versículo tem por intuito incluir
questões tanto "morais" como "amorais", isto é, tentações
para a prática do pecado (o que é evidente no próprio contexto), mas
igualmente, certos períodos de dificuldades, o que também se evidencia quando
consideramos, no contexto, o que Paulo mesmo esperava para o fim desta era,
refletindo uma doutrina judaica comum, de que haveria um período geral de
tribulações, em todos os sentidos, quando se aproximasse o fim da presente
dispensação (1 Pd 4. 12 e Ap 3. 10 quanto a essa mesma ideia, nas páginas do
N.T.). Deus não tenta a homem algum para a prática do mal (Tg 1.12), embora ele
permita que as tribulações nos sobrevenham (Ml 6.13), e destas últimas o Senhor
Jesus orou pedindo livramento. Satanás foi capaz de tentar ao Senhor Jesus com
o mal; nada disso o diabo jamais teria podido fazer, sem a permissão divina. CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora
Hagnos. pag. 350-351.]
2. Fortalecimento após a tentação (v.2). Do mesmo modo que o ouro
precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa pelas
tentações para se aperfeiçoar no Reino de Deus (1 Pe 1.7). Quando tentado, o
crente é posto à prova para mostrar-se aprovado tal como Cristo, que foi
conduzido ao deserto para ser tentado por Satanás e embora debilitado e provado
espiritualmente, saiu do deserto vitorioso e fortalecido, tendo em seguida
iniciado seu ministério terreno de pregação a respeito do Reino de Deus (Lc
4.1-13). À luz do exemplo de Cristo, compreendemos bem o que Tiago quer dizer
quando exorta-nos a termos “grande gozo quando [cairmos] em várias tentações”.
Tal conselho aponta para a certeza de que ao passar pela tentação, além de
paciente e maduro, o crente se sentirá ainda mais fortalecido pela graça de
Deus. [Comentário: Em Tg
1.2 “Por várias provações”, apresenta os momentos altos e baixos, a aflição na
vida pessoal e na vida dos semelhantes, as dificuldades econômicas e
profissionais, as pessoas com as quais lidamos diariamente e que nos dificultam
as coisas. Alés destas situações, o crente enfrenta, ainda, aflições
específicas: ridicularizados, criticados, perseguidos, rejeitados,
hostilizados. Essas tribulações são “várias”, “multiformes”. Vêm de todos os
lados. São “coloridas”, como também se pode traduzir. Às vezes a situação se
torna “variada” demais para nós. Note que o versículo traz “Entrardes”,
denotando uma situação tempestuosa e repentina. É verdade que a Bíblia nos diz
que não precisamos ocultar quando também estamos tristes em diversos tormentos
(1Pe 1.6). Sim, ela nos diz que o próprio Jesus esteve triste quando atribulado
(Mt 26.38; Hb 5.7). Mas Tiago escreve: a rigor, deveis e podeis vos alegrar com
vossas tribulações. A questão é: como pode alguém ter grande gozo ao passar por
tentações ou provações? Tiago é formidável! devemos decidir ficar alegres em
situações em que a alegria seria, naturalmente, a nossa última reação. Quando
reconhecemos a soberania de Deus, devemos exibir uma resposta positiva e
radicalmente diferente diante dos eventos difíceis da vida. O Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal diz que é “Por meio das provações,[que]
Deus queima a nossa autossuficiência e as nossas atitudes egoístas, para que a
nossa autenticidade possa refletir a sua glória e lhe traga louvor. Como as
provações provam a força e a pureza da fé de alguém? Uma pessoa que vive uma
vida confortável pode achar muito fácil ser um crente. Mas conservar a fé
diante do ridículo, da calúnia, da perseguição ou até mesmo da morte prova o
verdadeiro valor daquela fé. Esta fé resulta em louvor, honra e glória
concedidos aos crentes pelo próprio Deus, quando Jesus Cristo retornar (na
revelação) para julgar o mundo e levar os crentes para casa.” Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 706.]
3. Felicidade pela tentação (v.12). Quando o cristão é submetido às tentações há
uma tendência de ele entregar-se à tristeza e à angústia. Mas atentemos para
esta expressão: “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação”. Em outras
palavras, como é feliz, realizado ou atingiu a felicidade aquele crente que é
provado, não em uma, mas em várias tentações (v.2). Ser participantes dos
sofrimentos de Cristo e ao mesmo tempo felizes parece paradoxal. A Bíblia,
porém, orienta-nos a que nos alegremos em Deus porque a tribulação produz a
paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina na esperança (Rm
5.3-5). Isto mesmo! Vivemos sob a esperança de receber diretamente de Jesus a
coroa da vida. Uma recompensa preparada de antemão pelo nosso Senhor para os
que o amam. Você ama ao Senhor? É discípulo dEle? Então, não tema passar pela
tentação. Há uma promessa: Você “receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem
prometido aos que o amam”. Alegre-se e regozije-se em ser participante das
aflições de Cristo, pois é justamente nessa condição — de felicidade verdadeira
—, que Ele nos deixará por toda a eternidade quando da revelação da sua glória
(1Pe 4.12,13)! [Comentário: A justificação não apenas
nos prepara para o céu, mas também nos equipa para vivermos vitoriosamente aqui
na terra. Paulo não está tratando de algo apenas para o porvir, mas de algo que
nos capacita a viver vitoriosamente em meio às tensões da vida. Nas palavras de
John Stott, há paz, graça e glória, sim! Porém, há também sofrimento Aquele que
foi justificado demonstra gloriosa alegria não apenas na esperança da glória,
mas também no sofrimento. A força do verbo grego kaucometha indica que nos
alegramos com grande e intenso júbilo. Tanto as tribulações presentes como a glória
vindoura são objetos de júbilo do cristão. Em outras palavras, regozijamo-nos
não somente no alvo, a glória, como também nos meios que conduzem a ela, isto
é, nos sofrimentos. Nestas duas coisas encontramos alegria. Nessa pedagogia
divina, quatro estágios devem ser observados. Em primeiro lugar, nós nos
gloriamos nas próprias tribulações (5.3). Não somos masoquistas, como aqueles a
quem agrada a dor; tampouco estoicos impassíveis e sofridos. Não nos gloriamos
no sofrimento ou por causa do sofrimento, mas por seus frutos, por seus
resultados. Nossa esperança da glória não pode ser obumbrada ante as angústias
e provações que agora nos cercam. O cristão não olha para a vida com uma visão
romântica, pessimista ou irreal. Não nega a existência da dor e do sofrimento.
Não murmura nem se insurge contra DEUS por causa do sofrimento. Sabe que o
sofrimento é proposital e pedagógico. As tribulações devem ser vistas à luz de
suas consequências eternas (IPe 4.12,13). O cristão não crê em acaso,
coincidência, sorte, azar ou determinismo. Não tem medo de sexta-feira 13 nem
de passar debaixo de escada. Sabe que nem um fio de cabelo da sua cabeça pode
ser tocado sem que DEUS saiba, permita e tenha um propósito. Concordo com
Geoffrey Wilson quando ele diz que “não existe atalho para a glória; a cruz
sempre precede a coroa (Fp 1.29,30). Este gloriar-se na tribulação é um fruto
da fé. Não é o efeito natural da tribulação, que, como vemos, leva grande parte
da humanidade a murmurar contra DEUS, e até mesmo a amaldiçoá-lo. E apenas o
conhecimento de que essas tribulações são conformes a determinação de seu Pai
celeste, que capacita o cristão a regozijar-se nelas, pois em si mesmas elas
são más, aflitivas, e não causa de júbilo (Hb 12.6; Ap3.19). A palavra
“tribulação”, no grego thlipsis, significa “pressão”. John Stott diz que essa
palavra se refere especificamente a oposição e perseguição por parte de um
mundo hostil. No sentido preciso, não se trata aqui de enfermidade, dor,
tristeza ou aflição, mas da pressão de um mundo posto no maligno. A vida cristã
é o enfrentamento de muitas pressões: do diabo, do mundo, de nossas fraquezas.
JESUS deixou claro que no mundo teremos aflições (Jo 16.33) e o apóstolo Paulo
diz: “[...] através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de DEUS”
(At 14.22). A palavra “tribulação” vem do latim tribulum, o lugar onde se
descascava o trigo, separando o grão da palha. O tribulum. era um pedaço pesado
de madeira com cravos de metal usado para debulhar cereais. Ao ser arrastado
sobre os cereais, o tribulum separava o grão da palha. Quando passamos por
tribulações e dependemos da graça de DEUS, as dificuldades nos purificam e nos
ajudam a eliminar a palha. As tribulações na vida do salvo não vêm para
destruí-lo, mas para purificá-lo. Elas não agem contra ele, mas a seu favor. As
tribulações não operam por si mesmas, à revelia, na vida dos salvos, mas são
trabalhadas pelo próprio DEUS, para o nosso bem. Por meio das tribulações, DEUS
esculpe em nós a beleza de CRISTO. Em segundo lugar, sabemos que a tribulação
produz perseverança (5.3). A tribulação é pedagógica. Ela gera paciência
triunfadora. Não poderíamos exercer a paciência sem o sofrimento, porque sem
este não haveria necessidade de paciência. A paciência nasce do sofrimento. A
palavra grega hupomone significa “paciência triunfadora”. Trata-se de uma
paciência vitoriosa, que não se entrega nem é passiva, mas triunfa alegremente
diante das intempéries da vida. Hupomone é paciência diante das circunstâncias
adversas. E o espírito que enfrenta as coisas e as supera. Não é o espírito que
resiste passivamente, mas o que vence e conquista ativamente as provas e
tribulações da vida. Isso significa saber que DEUS está no controle, forjando
em nós o caráter de CRISTO no cadinho das provas. As grandes lições da vida,
nós as aprendemos no vale da dor. O sofrimento é não apenas o caminho da
glória, mas também o caminho da maturidade. O rei Davi afirmou: “Foi-me bom ter
passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (SI 119.71). O
patriarca Jó disse que antes do sofrimento conhecia a DEUS só de ouvir falar,
mas por meio do sofrimento seus olhos puderam contemplar o Senhor (Jó 42.5). Em
terceiro lugar, sabemos que perseverança produz experiência (5.4). A palavra
grega dokime, traduzida por “experiência”, significa literalmente algo provado
e aprovado. Essa palavra era usada para descrever o metal submetido ao fogo do
cadinho com o propósito de remover-lhe as impurezas e torná-lo um metal
provado, legítimo e puro. William Hendriksen diz que, assim como o fogo
purificador do ourives livra o ouro e a prata das impurezas que no estado
natural a ele aderem, também a paciente resignação ou perseverança dos filhos
de DEUS os purifica. A palavra dokime, portanto, significa caráter provado e
aprovado como resultado de um teste de julgamento. Um bom exemplo disso é a
experiência vivida por Davi. Ele não quis a armadura de Saul porque nunca a
havia provado, não a havia submetido à prova. O que Paulo nos está ensinando é
que não devemos ter uma fé de segunda mão. Devemos conhecer a DEUS não apenas
de ouvir falar. Devemos conhecê-lo pessoalmente, profundamente,
experimentalmente. Em quarto lugar, sabemos que a experiência produz esperança
(5.5a). Esta não é uma esperança vaga nem vazia. E uma esperança segura, que não
nos decepciona nem nos deixa envergonhados. Mas como saber que essa esperança
não é uma fantasia nem uma ficção? A resposta de Paulo é meridianamente clara:
porque o amor de DEUS é derramado em nosso coração pelo ESPÍRITO SANTO que nos
foi outorgado. O apóstolo Paulo diz que o fundamento sólido sobre o qual
descansa nossa esperança de glória é o amor de DEUS. Há uma efusão do amor de
DEUS em nosso coração. Nesse momento o céu desce à terra e somos inundados
pelas profusas torrentes do amor divino. A justificação não é apenas um ato
jurídico de DEUS feito no céu; tem também reflexos concretos e reais na terra.
O resultado da justificação é uma bendita experiência de transbordamento do
amor de DEUS em nosso coração. LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O Evangelho
segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 207-211.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
A tentação é uma espécie de prova ou teste, que uma
vez vencido, fortalece a vida do crente.
II. A ORIGEM DAS TENTAÇÕES (Tg
1.13-15)
1. A tentação é humana. Embora a tentação objetive provar o crente,
as Escrituras afirmam que ela não vem da parte de Deus, mas da fragilidade
humana (Tg 1.13). O ser humano é atraído por aquilo que deseja. A história de
Adão e Eva nos mostra o primeiro casal sendo tentado por aquilo que lhe atraía
(Gn 3.2-6). Mesmo sabendo que não poderiam tocar na árvore no centro do Jardim
do Éden, depois de atraídos pelo desejo, Adão e Eva entregaram-se ao pecado (Gn
3.6-9). A Epístola de Tiago aplica o termo “gerar”, utilizado no versículo 15,
à ideia de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de ser
efetivamente consumada, a transgressão passa por um processo de gestação
interior no ser humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos
e jamais no Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”. [Comentário: Tg 1.13 Precisamos
ter uma visão correta de Deus para podermos perseverar durante os períodos de
provações. Especificamente, precisamos compreender a visão que Deus tem das
nossas tentações. As provações e tentações sempre se apresentam a nós com
escolhas. Deus quer que façamos boas escolhas, não más. As dificuldades podem
produzir maturidade espiritual e levar a benefícios eternos, se suportadas com
fé. Mas também se pode fracassar nos testes. Nós podemos ceder às tentações. E,
quando fracassamos, frequentemente usamos todos os tipos de desculpas e razões
para os nossos atos. O mais perigoso deles é dizer: “De Deus sou tentado”. É
crucial que nos lembremos de que Deus testa as pessoas para o bem; Ele não
tenta as pessoas para o mal. Mesmo durante as tentações, podemos ver a
soberania de Deus ao permitir que Satanás nos tente para melhorar a nossa fé e
nos ajudar a crescer na nossa confiança em Cristo. Em lugar de perseverarmos
(1. 12), nós podemos ceder ou desistir diante das provações e, desta forma,
culpar a Deus pelo nosso fracasso. Desde o início, a reação humana normal é
inventar desculpas e culpar os outros pelo pecado (veja Gn 3.12,13). Uma pessoa
que inventa desculpas está tentando transferir a culpa para outra coisa ou
pessoa. Um cristão, por outro lado, aceita a responsabilidade pelos seus erros,
confessa-os, e pede perdão a Deus. Por Deus não poder ser tentado pelo mal. Ele
não pode ser o autor da tentação. Tiago está argumentando contra a visão pagã
dos deuses, na qual o bem e o mal coexistiam. Deus não deseja o mal para o
povo; Ele não causa o mal; Ele não tenta enganar as pessoas - Ele a ninguém
tenta. A esta altura, uma pergunta pode ser feita acertadamente: “Se Deus
realmente nos ama, por que Ele não nos protege da tentação?” Um Deus que nos
protege da tentação é um Deus que não está disposto a nos permitir crescer.
Para que um teste seja uma ferramenta eficiente de crescimento, ele deve poder
permitir o fracasso. Na verdade. Deus prova o seu amor, protegendo-nos na
tentação, em vez de nos proteger da tentação (1Co 10.13). Tg 1.15 Tiago mostra
o resultado da tentação quando uma pessoa cede a ela. Observe que os dois
primeiros passos da tentação (havendo a concupiscência concebido, dá à luz o
pecado) enfatizam a natureza interna do pecado. Quando nos entregamos à
tentação, o nosso pecado coloca os eventos mortalmente em movimento - o pecado
gera a morte. Para abandonar o pecado, não basta deixar de pecar. O estrago já
foi feito. Decidir “não mais pecar' pode cuidar do futuro, mas não cura o
passado. Esta cura deve vir por meio do arrependimento e do perdão. Algumas
vezes, é necessário fazer uma reparação. Por mais amargo que pareça o remédio,
nós podemos ficar profundamente gratos pelo fato de que existe um remédio. Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 666-667.]
2. Atração pela própria concupiscência. O texto bíblico é claro
ao dizer que “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência” (v.14). A tentação exterioriza o vício, os desejos, a
malignidade da natureza humana, isto é, a concupiscência. Ser tentado é
sentir-se aliciado pela própria malícia ou os sentimentos mais reclusos de
nossa natureza má. Você tem ouvido o ressoar das suas malícias? Elas te atraem?
Ouça a Epístola de Tiago! Não dê vazão às pulsões interiores, antes procure
imitar Jesus afastando-se do pecado. Assim, não darás luz ao pecado e viverás. [Comentário: Alguns crentes
pensavam que, como Deus permitia as provações. Ele também deveria ser a origem
da tentação. Estas pessoas podiam desculpar os seus pecados, dizendo que a
culpa era de Deus. Tiago corrige isto. As tentações vêm de dentro, do engodo da
nossa própria concupiscência. Tiago destaca a responsabilidade individual pelo
pecado. Os desejos podem ser alimentados ou deixados morrer de fome. Se o
próprio desejo é mau, precisamos negá-lo. Isto depende de nós, com a ajuda de
Deus. Se incentivarmos os nossos desejos, eles logo se tornarão atos. A culpa
pelo pecado é somente nossa. O tipo de desejo que Tiago está descrevendo aqui é
o desejo descontrolado. Ele é egoísta e sedutor. Será que tira Satanás do
aperto, colocando a responsabilidade pela tentação sobre os nossos desejos?
Não. Podemos ser levados pelos nossos desejos, mas é o diabo que está por trás
dos impulsos quando nós estamos seguindo uma direção errada. A tentação vem dos
desejos maus dentro de nós, e não de Deus. Podemos montar e colocar a isca na
nossa própria armadilha. Ela começa com um mau pensamento e torna-se pecado
quando permanecemos no pensamento e permitimos que ele se transforme em uma
ação. Como uma bola de neve rolando ladeira abaixo, o pecado cresce e torna-se
ainda mais destruidor á medida que nós lhe damos mais liberdade. A melhor hora
para interromper uma tentação é antes que ela seja grande demais, ou esteja se
movendo rápido demais, fora de controle (veja Mt 4.I-I1; 1 Co 10.13; e 2 Tm
2.22, para mais informações sobre como escapar das tentações). Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 666.]
3. Deus nos fortalece na tentação. Embora a tentação seja fruto da fragilidade
humana, quando ouvimos o Espírito Santo, Deus nos dá o escape em tempo
oportuno: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos
não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o
escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13). O Santo Espírito nos fará
lembrar a Palavra de Deus para não pecarmos contra o nosso Senhor Altíssimo (Is
30.21; Jo 14.26). Todavia, para que isso seja uma realidade em nossa vida,
precisamos cultivara Palavra de Deus em nossos corações (Sl 119.11). [Comentário: As tentações acontecem na vida de todos os
crentes — ninguém está livre delas. A tentação em si não é um pecado; o pecado
só passa a existir quando a pessoa cede à tentação. Os crentes não devem ficar
assustados ou desanimados, ou pensar que estão sozinhos nas suas fraquezas.
Eles devem, antes, entender as suas fraquezas e se voltar a Deus, para que
possam resistir às tentações. Suportar as tentações traz grandes recompensas
(Tg 1.12). Mas Deus não abandona o seu povo aos caprichos de Satanás, pois Deus
é fiel. Ele não irá eliminar todas as tentações porque enfrentá-las e
permanecer forte na fé pode representar uma experiência de crescimento.
Entretanto, Deus promete evitar que elas se tornem tão fortes, que não possamos
lutar contra elas. O segredo de resistir à tentação é reconhecer a sua fonte, e
então reconhecer a origem da força que é capaz de combater contra ela. Além
disso. Deus promete dar também o escape para que possamos suportar e não cair
em pecado. Será necessário ter autodisciplina para procurar esse “escape” até
no meio da tentação e então utilizá-lo, assim que for encontrado. O escape é
sempre difícil e muitas vezes exige a ajuda dos outros. Uma das formas que Deus
nos dá para que consigamos fugir da tentação é o bom senso. Se um crente sabe
que será tentado em certas situações, então deve se afastar delas. Outra forma
é através dos amigos cristãos. Em vez de tentar enfrentar sozinho a tentação, o
crente pode explicar o seu dilema a um amigo cristão que lhe seja íntimo e
confiável e pedir a sua ajuda. Esse amigo poderá orar sensibilizar a pessoa, e
dar valiosos conselhos e opiniões. A verdade é que Deus ama tanto o seu povo,
que irá protegê-lo das tentações insuportáveis. E sempre irá oferecer uma
saída. A tentação nunca deverá inserir uma barreira de separação entre o crente
e Deus, e cada crente deve ser capaz de dizer: “Obrigado, Senhor Deus, por
confiar tanto em mim. O Senhor me considera capaz de enfrentar essa tentação.
Agora, o que o Senhor quer que eu faça?” Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 149.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
A origem das tentações é a fragilidade humana, a
atração pela própria concupiscência. Todavia, Deus é a fonte do nosso
fortalecimento na tentação.
III. O PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES
(Tg 1.3,4,12)
1. Para provar a nossa fé (v.3). Na época de Tiago, os cristãos estavam
desanimados por passarem duras provas de perseguição. No versículo três, o
meio-irmão do Senhor utiliza então o termo “sabendo”, o qual se deriva do verbo
grego ginosko e significa saber, reconhecer ou compreender, para encorajá-los a
compreenderem o propósito das lutas enfrentadas na lida cristã: Deus prova a
nossa fé (Tg 1.12). À semelhança do aluno que estuda e pesquisa para
submeter-se a uma prova e, em seguida, ser aprovado e diplomado, os filhos de
Deus são testados para amadurecer a fé uma vez dada aos santos (Jo 16.33; Jd
3). O capítulo 11 da epístola aos Hebreus lista inúmeras pessoas que tiveram
sua fé provada, porém, terminaram vitoriosas e aprovadas. Por isso o referido
texto bíblico é conhecido como a “galeria dos heróis da fé”. [Comentário: A prova da sua fé é a
pressão contínua que a vida exerce sobre você. A paciência, como uma pedra
preciosa, é o resultado desejado deste teste. A paciência não é uma submissão
passiva às circunstâncias; é uma resposta forte e ativa aos eventos difíceis da
vida, mantendo-lhe em pé à medida que você enfrenta as tempestades. Não é
simplesmente a atitude de suportar as provações, mas sim a capacidade de
convertê-las em glória e superá-las. Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 663. Aprova da nossa fé (v.
3) fortalece nossa paciência. Jesus disse: “E na vossa paciência que ganhareis
a vossa alma” (Lc 21.19). Tiago não nos dá este conselho com base na sua
autoridade pessoal. Sabendo que significa: “Descubram por conta própria”. O
tempo do verbo sugere uma ação progressiva e contínua — descobrindo
continuamente. O apóstolo diz, na verdade: “Procurem ser alegres e
perseverantes e vejam se não é a melhor maneira de lidar com as suas
provações”. E por que deveríamos continuar provando? Tasker responde: “Para que
os cristãos sejam perfeitos e completos, avançando até alcançar a vida
equilibrada de santidade perfeita e íntegra”. Essa é a vontade de Deus para o
cristão. A exortação aponta para uma santidade representando o alvo mais
elevado da maturidade cristã. Mas essa maturidade não deve estar dissociada do
cumprimento do mandamento do nosso Senhor e da sua provisão para alcançar esse
elevado nível de santidade. A palavra perfeitos é a mesma que Jesus usou quando
instruiu seus seguidores: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso
Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). A. F. Harper. Comentário Bíblico
Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 155.]
2. Produzir a paciência (vv.3,4). No grego, “paciência” deriva de hupomone e
denota a capacidade de perseverar, ser constante, ser firme, suportar as
circunstâncias difíceis. A palavra aparece em o Novo Testamento ao lado de
“tribulações” (Rm 5.3), aflições (2Co 6.4) e perseguições (2Ts 1.4). Mas também
está ligada à esperança (Rm 5.3-5; 15.4,5; 1Ts 1.3), à alegria (Cl 1.11) e,
frequentemente, à vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7; Hb 10.36). O termo ilustra a
capacidade de uma pessoa permanecer firme em meio à alguma pressão, pois quem é
portador da paciência bíblica não desiste facilmente, mesmo sob as circunstâncias
das provas extremas (Jó 1.13-22; 2.10). Tiago encoraja-nos então a
alegrarmo-nos diante do enfrentamento das várias tentações (v.1), pois a
paciência é resultado da prova da nossa fé. [Comentário: “Pois tendes o conhecimento de que o teste de
autenticidade de vossa fé produz paciência.” O termo grego para “paciência”,
hypomoné, significa também “perseverança”, “constância”, literalmente
“permanecer por baixo”, debaixo das condições difíceis, das tarefas onerosas,
dos sofrimentos físicos e psíquicos etc., permanecer debaixo de Deus e de sua
vontade, no lugar em que ele nos colocou. Nossa natureza humana perde a
paciência diante das adversidades. Mas em que sentido, afinal, as tribulações
produzirão paciência nos cristãos? Paulo escreve: “Estais radicados nele”, em
Cristo (Cl 2.7). As tribulações são capazes de nos prestar o serviço de nos
ensinar a enraizar-nos cada vez mais profundamente em Deus, a agarrar-nos cada
vez mais firmemente a ele. É como as árvores fazem na natureza: as de raízes
rasas são derrubadas, uma depois da outra, pela tempestade. As faias solitárias
sobre os montes agarram-se cada vez mais firmemente às rochas nas ventanias.
Consequentemente, nossa constância se fortalece cada vez mais nos testes de
autenticidade. – Igualmente colhemos experiências com nosso Senhor, como p.
ex.: “Ele tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir, ele empobrece
e enriquece; abaixa e também exalta” (1Sm 2.6s). Em novas provações saberemos
por experiência própria: não há motivos para resignar. Sabemos o que podemos
esperar de Deus nas provações, qual é o método de nosso Deus: ele socorre na
aflição e, na hora certa, também ajuda a sair dela. Em certas circunstâncias,
outros, ainda iniciantes na fé, poderão aprender algo com a tranquilidade, serenidade
e certeza daqueles que há muito vivem com seu Senhor e em muitas provações já
colheram numerosas experiências com ele. “… que têm sido exercitados” (Hb
12.11). Ademais é importante que preservemos as experiências de tribulações
anteriores para a atualidade e o futuro, para nós e outros (Sl 77.12) e as
façamos frutificar em determinadas ocasiões. Fritz Grünzweig. Comentário
Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.]
3. Chegar à perfeição. A habilidade de perseverar ou desenvolver a
paciência não acontece da noite para o dia. Envolve tempo, experiência e
maturidade. O meio-irmão do Senhor destaca na epístola a paciência para que o
leitor seja estimulado a chegar à perfeição e, consequentemente, à completude
da vida cristã, que se dará na eternidade. A expressão “obra perfeita” traz a
ideia de algo gradual, em desenvolvimento constante, com vistas à maturidade
espiritual. O motivo pelo qual o cristão é provado não é outro senão para que
persevere na vida cristã e atinja o modelo de perfeição segundo Cristo Jesus
(Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13). [Comentário:
Em f 4.13, a palavra “até” indica que o processo descrito em 4.12 deve
continuar até que um certo objetivo seja alcançado – quando todos os crentes
chegarem (conseguirem, alcançarem) à unidade da fé. Isto quer dizer a unidade
na crença no próprio Cristo, e essa crença relaciona-se intrinsecamente com o
nosso conhecimento dele. O objetivo inclui a realização de um esforço unido
para viver e proclamar essa fé. Unidade em nosso conhecimento refere-se ao mais
completo e total conhecimento experimental. Cada crente deve ter um
relacionamento íntimo e pessoal com Jesus Cristo. Paulo o chamou aqui de Filho
de Deus, mostrando que o seu conhecimento inclui um entendimento apropriado do
novo relacionamento com o Pai que foi concedido pelo Filho (Rm 8.10-17). Este
corpo unificado dos crentes é dito maduro e completamente adulto, à medida da
estatura completa de Cristo. O foco, neste versículo, está em nós - cada crente
como parte do corpo completo. Esta metáfora quer dizer que a igreja, como o
corpo de Cristo, deve se adequar à Cabeça em desenvolvimento e maturidade. Isto
não se refere à perfeição (impossível nesta vida), mas ao crescimento - como
crianças tornando-se adultas, o que leva ao próximo conselho referente a esse
crescimento. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol 2. pag. 337.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
O propósito das tentações é amadurecer o crente,
para que este desenvolva a paciência e chegue à perfeição.
CONCLUSÃO
Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da
vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor
Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas,
tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação
vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um
dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo
(Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã! Deus nos recompensará!
Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos
mais que vencedores. [Comentário: Note o dualismo: tentação =
amadurecimento, até atingirmos ... a medida da estatura da plenitude de
Cristo...; em outras palavras, a perfeição. A obtenção da «perfeição», na
realidade, consiste em assumirmos a total medida da plenitude de Cristo. Essa
expressão também define o que deve ser o «homem perfeito». Ninguém poderá ser
«perfeito» enquanto não for tudo quanto Cristo é. Trata-se de elevada doutrina,
que nos ensina profunda verdade. Essa elevação, entretanto, está oculta da
moderna igreja evangélica, que não pode elevar-se acima de pensamentos como
ficarmos livres do pecado. Porém, estarmos sem pecado não nos torna perfeitos.
Pois os anjos, que não caíram, são impecáveis, mas nem por isso participam da
perfeição de Deus Pai e de Deus Filho. O evangelho, porém, expõe ante os homens
essas perfeições, que transcendem infinitamente a mera impecabilidade que
muitos veem aqui.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
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