sexta-feira, 11 de julho de 2014

LIÇÃO 2: O PROPÓSITO DA TENTAÇÃO






SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Conforme estudamos na lição anterior, a Epístola de Tiago foi endereçada às “doze tribos”, provavelmente judeus cristãos do primeiro século (Tg. 2.1). Esses estavam passando por situações adversas, provações por seguirem a Cristo. Na verdade esse é o preço do discipulado (Mt. 16.24). Na aula de hoje destacaremos o aspectos das provações pelas quais os cristãos passam, bem como os objetivos e as possibilidades de vitórias sobre essas. Ao final esperamos motivar os irmãos e irmãs que são perseguidos por amor a Cristo a perseverarem na fé, até a volta de Jesus.

1. A TENTAÇÃO QUE É PROVAÇÃO

A palavra traduzida por tentação na Almeida Revista e Corrigida (ARC) em grego é peirasmós também significa provação. Nesse contexto essa palavra seria mais adequada, ao invés de tentação, considerando que os crentes daquele período estavam passando por perseguições por causa de Cristo. Nesse texto o termo peirasmós tem uma conotação positiva, diferentemente da palavra tentação, cujo significado é negativo. A provação aponta, de acordo com as instruções de Tiago, para um teste, que resulta em aprovação ou reprovação. Evidentemente as pessoas não querem sofrer, há até os cristãos que propõem um cristianismo isento de sofrimento. Tal ensinamento não tem respaldo bíblico, pois Jesus ensinou que no mundo teríamos aflições (Jo. 16.33). Paulo afirma que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus (At. 14.22). E alertou Timóteo que todos os que querem viver piamente em Cristo padecerão perseguições (I Tm. 3.12). Jó concluiu que o homem nasce para a tribulação como as faíscas voam para cima (Jó. 5.7). As causas das provas são diversas, não necessariamente elas provêm de Deus. Há pessoas que são provadas por causa da condição humana. Isso acontece porque somos humanos, e como tais nós passamos por enfermidades e desapontamentos, como qualquer outra pessoa, seja ela crente ou descrente. Existem provas também que resulta dos nossos pecados, mas essas não podem ser generalizadas, nem todas as pessoas sofrem por causa de pecados (Jo. 9.1,2; 11.4). Algumas pessoas são provadas porque tomaram uma decisão por Cristo. Nos dias atuais a perseguição predominante é ideológica, os cristãos estão perdendo espaço, até mesmo empregos e posições sociais. Tiago utilizou o termo poikilos que significa várias em grego, isso quer dizer que as provações têm fontes variadas, mas até essas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm. 8.28).

2. OS OBJETIVOS DAS PROVAÇÕES

Quando somos provados, essas não são além das nossas forças, Deus sabe até onde somos capazes de suportá-las (I Co. 10.11). Por isso devemos saber que as provações são passageiras, elas não duram para sempre (Tg. 1.2). Existem pessoas que sofrem mais do que outras, e Deus tem seus propósitos em cada vida. Não podemos esquecer que Ele pode utilizar as provações com o fim pedagógico (Tg. 1.3,4). Deus é um dos poucos professores que primeiro entrega a prova para que os alunos extraiam a lição depois. Abraão foi chamado por Deus, mas antes precisou ser provado, a fim de mostrar seu compromisso com o Senhor. As provas de Deus objetivam nosso amadurecimento espiritual. Os cristãos mais imaturos são justamente aqueles que menos foram provados. As provas, quando resultam em crescimento espiritual, fortalecem a fé dos crentes. Como destaca Paulo, nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória (II Co. 4.17). Todos nós estamos “em construção”, e Deus está trabalhando em nossas vidas (Ef. 2.8-10). Assim Ele fez com José e Moisés, e está fazendo em muitos outros, inclusive em nós. O resultado da provação é a perseverança, a palavra grega é hupomene, que significa paciência, mais propriamente, firmeza diante das adversidades. Os crentes imaturos não conseguem esperar muito, se afastam do caminho na primeira adversidade que encontram. Por causa dessa impaciência Moisés matou o egípcio, sansão contou seu segredo a Dalila, e Pedro quase matou Malco. Ninguém deve temer as provas, nem mesmo aquelas que são permitidas por Deus. Jó reconheceu que inicialmente conhecia Deus apenas de ouvir, mas depois de provado teve uma percepção mais grandiosa da glória de Deus (Jó. 42.5).

3. A VITÓRIA SOBRE AS PROVAÇÕES

Os evangélicos influenciados pelo hedonismo moderno pensam que a vitória sobre a provação é justamente se livrar delas. Mas essa é uma realidade que não se concretiza para todos, somente para alguns, de acordo com a soberania de Deus. Há aqueles que somente obterão vitória das suas provas na eternidade, como aconteceu com os heróis da galeria de Hebreus 11. A vitória sobre as provações está justamente na fé, que é firme fundamento das coisas que se esperam, mas que não são visíveis (Hb. 11.1). Esse é o tipo de fé que Deus exige do Seu povo, não uma fé de barganha, alicerçada nas satisfações pessoais. Essa geração está adoecida pelo hedonismo, o prazer tornou-se a razão de ser, até mesmo entre os cristãos. Influenciados pela teologia da ganância, e pelo movimento pseudopentecostal, querem apenas as mãos de Deus, se distanciam da Sua face. A vitória que vence o mundo é a nossa fé (I Jo. 5.4), pistis em grego, que também pode ser traduzida como fidelidade. Sem uma fé compromissada é impossível agradar a Deus, os que dEle se aproximam devem ser fieis, independentemente das circunstâncias (Hb. 11.6). Jesus se dirigiu às igrejas perseguidas da Ásia Menor, mais especificamente para Esmirna, que passaria por provações, instruindo-a para que essa fosse fiel até a morte (Ap. 2.8-11). Carecemos de uma geração de crentes que não tenha receio das provações, que não se acomodem com o marasmo, e com essa filosofia hedonista. Os bem-aventurados, conforme expôs Jesus, não são aqueles que não querem sofrer. Justamente o contrário, os bem-aventurados são aqueles que são perseguidos por causa do nome de Jesus. Esses devem exultar, pois grande será no céu o galardão deles (Mt. 5.12). Enquanto não chegarmos ao céu, vivemos nesta terra sujeitos às provações, essas servem para nosso amadurecimento espiritual. Isso porque Deus está mais interessando em forjar nosso caráter do que nos fazer financeiramente prósperos. O objetivo do Senhor, através das muitas provações pelas quais passamos, é moldar nosso caráter em conformidade com Cristo, nosso Modelo (Gl. 4.19).

CONCLUSÃO

Os cristãos não estão imunes às provas, estamos sujeitos às mesmas condições dos descrentes. Por causa da nossa fé em Cristo podemos ser perseguidos, quando isso acontecer devemos exultar, pois sabemos que receberemos de Deus o galardão no céu. As provações pelas quais passamos nos alinham a fim de que sejamos moldados ao caráter de Cristo. Deus está construído nossas vidas, Ele está escrevendo nossa história. Mesmo nas situações adversas devemos saber que Aquele que começou a boa obra haverá de levá-la adiante, apesar dos pesares (Fp. 1.6).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

Definitivamente, o homem moderno não está preparado para sofrer. Os membros de muitas igrejas evangélicas, através da Teologia da Prosperidade, têm se iludido com a filosofia enganosa do “não sofrimento”. O resultado é que quando o iludido sofre o infortúnio, perde a fé em “Deus”. Mas, que se entenda bem, num “deus” que nada tem com as Escrituras! A lição dessa semana tem o objetivo de resgatar esse ensinamento evangélico (Tg 1.2). Aprenderemos acerca da tentação, do sofrimento e da provação, não como consequência de uma vida de pecado ou de falta de fé, mas como o caminho delineado por Deus para o nosso aperfeiçoamento. Ninguém melhor do que Jesus Cristo, com seu exemplo de vida, para nos ensinar tal lição (Hb 5.8). O convite do Mestre é um chamado ao sofrimento por amor do seu nome (Jo 16.33; Mt 5.10-12). [Comentário: Alguns cristãos são mais provados do que outros, mas todos são provados de alguma forma. Quem nunca se perguntou, porque estou passando por isso? São as provas que exercitam a nossa fé! É assim que Deus nos forja, é através de provações na vida dos seus filhos. As vezes penso que sou um filho queridinho de Deus e assim, privado de situações ruins... na verdade, Deus não mima os seus filhos. Quando mimamos nossos filhos, eles se estragam, eles crescem com um caráter defeituoso. É a disciplina que aperfeiçoa o caráter da criança, como Salomão enfatiza inúmeras vezes no Livro de Provérbios. Da mesma forma, são as provações que aperfeiçoam a fé e o caráter cristãos. Como assevera o apóstolo Pedro: “agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.6,7).] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. O FORTALECIMENTO PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)

1. O que é tentação. O termo empregado na Bíblia tanto no hebraico, massah, quanto no grego, peirasmos, para tentação, significa “prova”, “provação” ou “teste”. A expressão pode estar relacionada também ao conflito moral, isto é, a uma incitação ao pecado. De fato, como mostram as Escrituras, a tentação é uma provação, uma espécie de teste. O pecado, por sua vez, já se trata de um ato imoral consumado. Por isso, a tentação não é, em si mesma, pecado, pois ninguém peca quando passa pelo processo “probatório”. A própria vida terrena do Senhor Jesus demonstra, com clareza, a distinção entre tentação e pecado. A Epístola aos Hebreus afirma que Jesus, o nosso Senhor, em tudo r foi tentado. Ele foi provado e testado em todas as coisas. Todavia, o Mestre não pecou (Hb 4.14-16). Portanto, confiantes de que Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote perfeito, devemos nos aproximar, com fé, do trono da graça sabendo que Ele conhece as nossas tentações e pode nos dar a força necessária para resistirmos (1Co 10.13). [Comentário: Há uma palavra hebraica e duas palavras gregas, envolvidas neste verbete, a saber: 1. Massah, "teste". "provação". 2. Peirasmôs, "teste", "prova". 3. Peirázo, ''testar'', "submeter à prova". No original grego, tentação é "peirasmos", que significa "teste", "provação", "tentação para a prática do mal". Esse vocabulário pode incluir ou não a ideia de alguma questão moral envolvida. Pode simplesmente indicar um teste difícil, uma prova, e não alguma tentação tendente à prática do mal, uma incitação ao pecado. Por outro lado, essa palavra pode envolver a ideia de incitação ao pecado. Essa foi exatamente a palavra utilizada pelo Senhor Jesus, em sua oração, no trecho de Mt 6.13, onde ele diz: " ... e não nos deixeis cair em tentação...". É também o mesmo termo usado para indicar as tentações que Satanás lançou contra o Senhor Jesus, no deserto (Lc 4. 13). Na passagem de Tg 1.12 essa mesma palavra é empregada para indicar, bem definidamente, a tentação à prática do mal. É lógico acreditarmos, por conseguinte, que a tentação referida neste versículo tem por intuito incluir questões tanto "morais" como "amorais", isto é, tentações para a prática do pecado (o que é evidente no próprio contexto), mas igualmente, certos períodos de dificuldades, o que também se evidencia quando consideramos, no contexto, o que Paulo mesmo esperava para o fim desta era, refletindo uma doutrina judaica comum, de que haveria um período geral de tribulações, em todos os sentidos, quando se aproximasse o fim da presente dispensação (1 Pd 4. 12 e Ap 3. 10 quanto a essa mesma ideia, nas páginas do N.T.). Deus não tenta a homem algum para a prática do mal (Tg 1.12), embora ele permita que as tribulações nos sobrevenham (Ml 6.13), e destas últimas o Senhor Jesus orou pedindo livramento. Satanás foi capaz de tentar ao Senhor Jesus com o mal; nada disso o diabo jamais teria podido fazer, sem a permissão divina. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 350-351.]

2. Fortalecimento após a tentação (v.2). Do mesmo modo que o ouro precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa pelas tentações para se aperfeiçoar no Reino de Deus (1 Pe 1.7). Quando tentado, o crente é posto à prova para mostrar-se aprovado tal como Cristo, que foi conduzido ao deserto para ser tentado por Satanás e embora debilitado e provado espiritualmente, saiu do deserto vitorioso e fortalecido, tendo em seguida iniciado seu ministério terreno de pregação a respeito do Reino de Deus (Lc 4.1-13). À luz do exemplo de Cristo, compreendemos bem o que Tiago quer dizer quando exorta-nos a termos “grande gozo quando [cairmos] em várias tentações”. Tal conselho aponta para a certeza de que ao passar pela tentação, além de paciente e maduro, o crente se sentirá ainda mais fortalecido pela graça de Deus. [Comentário: Em Tg 1.2 “Por várias provações”, apresenta os momentos altos e baixos, a aflição na vida pessoal e na vida dos semelhantes, as dificuldades econômicas e profissionais, as pessoas com as quais lidamos diariamente e que nos dificultam as coisas. Alés destas situações, o crente enfrenta, ainda, aflições específicas: ridicularizados, criticados, perseguidos, rejeitados, hostilizados. Essas tribulações são “várias”, “multiformes”. Vêm de todos os lados. São “coloridas”, como também se pode traduzir. Às vezes a situação se torna “variada” demais para nós. Note que o versículo traz “Entrardes”, denotando uma situação tempestuosa e repentina. É verdade que a Bíblia nos diz que não precisamos ocultar quando também estamos tristes em diversos tormentos (1Pe 1.6). Sim, ela nos diz que o próprio Jesus esteve triste quando atribulado (Mt 26.38; Hb 5.7). Mas Tiago escreve: a rigor, deveis e podeis vos alegrar com vossas tribulações. A questão é: como pode alguém ter grande gozo ao passar por tentações ou provações? Tiago é formidável! devemos decidir ficar alegres em situações em que a alegria seria, naturalmente, a nossa última reação. Quando reconhecemos a soberania de Deus, devemos exibir uma resposta positiva e radicalmente diferente diante dos eventos difíceis da vida. O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal  diz que é “Por meio das provações,[que] Deus queima a nossa autossuficiência e as nossas atitudes egoístas, para que a nossa autenticidade possa refletir a sua glória e lhe traga louvor. Como as provações provam a força e a pureza da fé de alguém? Uma pessoa que vive uma vida confortável pode achar muito fácil ser um crente. Mas conservar a fé diante do ridículo, da calúnia, da perseguição ou até mesmo da morte prova o verdadeiro valor daquela fé. Esta fé resulta em louvor, honra e glória concedidos aos crentes pelo próprio Deus, quando Jesus Cristo retornar (na revelação) para julgar o mundo e levar os crentes para casa.Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 706.]

3. Felicidade pela tentação (v.12). Quando o cristão é submetido às tentações há uma tendência de ele entregar-se à tristeza e à angústia. Mas atentemos para esta expressão: “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação”. Em outras palavras, como é feliz, realizado ou atingiu a felicidade aquele crente que é provado, não em uma, mas em várias tentações (v.2). Ser participantes dos sofrimentos de Cristo e ao mesmo tempo felizes parece paradoxal. A Bíblia, porém, orienta-nos a que nos alegremos em Deus porque a tribulação produz a paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina na esperança (Rm 5.3-5). Isto mesmo! Vivemos sob a esperança de receber diretamente de Jesus a coroa da vida. Uma recompensa preparada de antemão pelo nosso Senhor para os que o amam. Você ama ao Senhor? É discípulo dEle? Então, não tema passar pela tentação. Há uma promessa: Você “receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. Alegre-se e regozije-se em ser participante das aflições de Cristo, pois é justamente nessa condição — de felicidade verdadeira —, que Ele nos deixará por toda a eternidade quando da revelação da sua glória (1Pe 4.12,13)! [Comentário: A justificação não apenas nos prepara para o céu, mas também nos equipa para vivermos vitoriosamente aqui na terra. Paulo não está tratando de algo apenas para o porvir, mas de algo que nos capacita a viver vitoriosamente em meio às tensões da vida. Nas palavras de John Stott, há paz, graça e glória, sim! Porém, há também sofrimento Aquele que foi justificado demonstra gloriosa alegria não apenas na esperança da glória, mas também no sofrimento. A força do verbo grego kaucometha indica que nos alegramos com grande e intenso júbilo. Tanto as tribulações presentes como a glória vindoura são objetos de júbilo do cristão. Em outras palavras, regozijamo-nos não somente no alvo, a glória, como também nos meios que conduzem a ela, isto é, nos sofrimentos. Nestas duas coisas encontramos alegria. Nessa pedagogia divina, quatro estágios devem ser observados. Em primeiro lugar, nós nos gloriamos nas próprias tribulações (5.3). Não somos masoquistas, como aqueles a quem agrada a dor; tampouco estoicos impassíveis e sofridos. Não nos gloriamos no sofrimento ou por causa do sofrimento, mas por seus frutos, por seus resultados. Nossa esperança da glória não pode ser obumbrada ante as angústias e provações que agora nos cercam. O cristão não olha para a vida com uma visão romântica, pessimista ou irreal. Não nega a existência da dor e do sofrimento. Não murmura nem se insurge contra DEUS por causa do sofrimento. Sabe que o sofrimento é proposital e pedagógico. As tribulações devem ser vistas à luz de suas consequências eternas (IPe 4.12,13). O cristão não crê em acaso, coincidência, sorte, azar ou determinismo. Não tem medo de sexta-feira 13 nem de passar debaixo de escada. Sabe que nem um fio de cabelo da sua cabeça pode ser tocado sem que DEUS saiba, permita e tenha um propósito. Concordo com Geoffrey Wilson quando ele diz que “não existe atalho para a glória; a cruz sempre precede a coroa (Fp 1.29,30). Este gloriar-se na tribulação é um fruto da fé. Não é o efeito natural da tribulação, que, como vemos, leva grande parte da humanidade a murmurar contra DEUS, e até mesmo a amaldiçoá-lo. E apenas o conhecimento de que essas tribulações são conformes a determinação de seu Pai celeste, que capacita o cristão a regozijar-se nelas, pois em si mesmas elas são más, aflitivas, e não causa de júbilo (Hb 12.6; Ap3.19). A palavra “tribulação”, no grego thlipsis, significa “pressão”. John Stott diz que essa palavra se refere especificamente a oposição e perseguição por parte de um mundo hostil. No sentido preciso, não se trata aqui de enfermidade, dor, tristeza ou aflição, mas da pressão de um mundo posto no maligno. A vida cristã é o enfrentamento de muitas pressões: do diabo, do mundo, de nossas fraquezas. JESUS deixou claro que no mundo teremos aflições (Jo 16.33) e o apóstolo Paulo diz: “[...] através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de DEUS” (At 14.22). A palavra “tribulação” vem do latim tribulum, o lugar onde se descascava o trigo, separando o grão da palha. O tribulum. era um pedaço pesado de madeira com cravos de metal usado para debulhar cereais. Ao ser arrastado sobre os cereais, o tribulum separava o grão da palha. Quando passamos por tribulações e dependemos da graça de DEUS, as dificuldades nos purificam e nos ajudam a eliminar a palha. As tribulações na vida do salvo não vêm para destruí-lo, mas para purificá-lo. Elas não agem contra ele, mas a seu favor. As tribulações não operam por si mesmas, à revelia, na vida dos salvos, mas são trabalhadas pelo próprio DEUS, para o nosso bem. Por meio das tribulações, DEUS esculpe em nós a beleza de CRISTO. Em segundo lugar, sabemos que a tribulação produz perseverança (5.3). A tribulação é pedagógica. Ela gera paciência triunfadora. Não poderíamos exercer a paciência sem o sofrimento, porque sem este não haveria necessidade de paciência. A paciência nasce do sofrimento. A palavra grega hupomone significa “paciência triunfadora”. Trata-se de uma paciência vitoriosa, que não se entrega nem é passiva, mas triunfa alegremente diante das intempéries da vida. Hupomone é paciência diante das circunstâncias adversas. E o espírito que enfrenta as coisas e as supera. Não é o espírito que resiste passivamente, mas o que vence e conquista ativamente as provas e tribulações da vida. Isso significa saber que DEUS está no controle, forjando em nós o caráter de CRISTO no cadinho das provas. As grandes lições da vida, nós as aprendemos no vale da dor. O sofrimento é não apenas o caminho da glória, mas também o caminho da maturidade. O rei Davi afirmou: “Foi-me bom ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (SI 119.71). O patriarca Jó disse que antes do sofrimento conhecia a DEUS só de ouvir falar, mas por meio do sofrimento seus olhos puderam contemplar o Senhor (Jó 42.5). Em terceiro lugar, sabemos que perseverança produz experiência (5.4). A palavra grega dokime, traduzida por “experiência”, significa literalmente algo provado e aprovado. Essa palavra era usada para descrever o metal submetido ao fogo do cadinho com o propósito de remover-lhe as impurezas e torná-lo um metal provado, legítimo e puro. William Hendriksen diz que, assim como o fogo purificador do ourives livra o ouro e a prata das impurezas que no estado natural a ele aderem, também a paciente resignação ou perseverança dos filhos de DEUS os purifica. A palavra dokime, portanto, significa caráter provado e aprovado como resultado de um teste de julgamento. Um bom exemplo disso é a experiência vivida por Davi. Ele não quis a armadura de Saul porque nunca a havia provado, não a havia submetido à prova. O que Paulo nos está ensinando é que não devemos ter uma fé de segunda mão. Devemos conhecer a DEUS não apenas de ouvir falar. Devemos conhecê-lo pessoalmente, profundamente, experimentalmente. Em quarto lugar, sabemos que a experiência produz esperança (5.5a). Esta não é uma esperança vaga nem vazia. E uma esperança segura, que não nos decepciona nem nos deixa envergonhados. Mas como saber que essa esperança não é uma fantasia nem uma ficção? A resposta de Paulo é meridianamente clara: porque o amor de DEUS é derramado em nosso coração pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi outorgado. O apóstolo Paulo diz que o fundamento sólido sobre o qual descansa nossa esperança de glória é o amor de DEUS. Há uma efusão do amor de DEUS em nosso coração. Nesse momento o céu desce à terra e somos inundados pelas profusas torrentes do amor divino. A justificação não é apenas um ato jurídico de DEUS feito no céu; tem também reflexos concretos e reais na terra. O resultado da justificação é uma bendita experiência de transbordamento do amor de DEUS em nosso coração. LOPES. Hernandes Dias. ROMANOS O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 207-211.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
A tentação é uma espécie de prova ou teste, que uma vez vencido, fortalece a vida do crente.


II. A ORIGEM DAS TENTAÇÕES (Tg 1.13-15)

1. A tentação é humana. Embora a tentação objetive provar o crente, as Escrituras afirmam que ela não vem da parte de Deus, mas da fragilidade humana (Tg 1.13). O ser humano é atraído por aquilo que deseja. A história de Adão e Eva nos mostra o primeiro casal sendo tentado por aquilo que lhe atraía (Gn 3.2-6). Mesmo sabendo que não poderiam tocar na árvore no centro do Jardim do Éden, depois de atraídos pelo desejo, Adão e Eva entregaram-se ao pecado (Gn 3.6-9). A Epístola de Tiago aplica o termo “gerar”, utilizado no versículo 15, à ideia de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de ser efetivamente consumada, a transgressão passa por um processo de gestação interior no ser humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos e jamais no Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”. [Comentário:  Tg 1.13 Precisamos ter uma visão correta de Deus para podermos perseverar durante os períodos de provações. Especificamente, precisamos compreender a visão que Deus tem das nossas tentações. As provações e tentações sempre se apresentam a nós com escolhas. Deus quer que façamos boas escolhas, não más. As dificuldades podem produzir maturidade espiritual e levar a benefícios eternos, se suportadas com fé. Mas também se pode fracassar nos testes. Nós podemos ceder às tentações. E, quando fracassamos, frequentemente usamos todos os tipos de desculpas e razões para os nossos atos. O mais perigoso deles é dizer: “De Deus sou tentado”. É crucial que nos lembremos de que Deus testa as pessoas para o bem; Ele não tenta as pessoas para o mal. Mesmo durante as tentações, podemos ver a soberania de Deus ao permitir que Satanás nos tente para melhorar a nossa fé e nos ajudar a crescer na nossa confiança em Cristo. Em lugar de perseverarmos (1. 12), nós podemos ceder ou desistir diante das provações e, desta forma, culpar a Deus pelo nosso fracasso. Desde o início, a reação humana normal é inventar desculpas e culpar os outros pelo pecado (veja Gn 3.12,13). Uma pessoa que inventa desculpas está tentando transferir a culpa para outra coisa ou pessoa. Um cristão, por outro lado, aceita a responsabilidade pelos seus erros, confessa-os, e pede perdão a Deus. Por Deus não poder ser tentado pelo mal. Ele não pode ser o autor da tentação. Tiago está argumentando contra a visão pagã dos deuses, na qual o bem e o mal coexistiam. Deus não deseja o mal para o povo; Ele não causa o mal; Ele não tenta enganar as pessoas - Ele a ninguém tenta. A esta altura, uma pergunta pode ser feita acertadamente: “Se Deus realmente nos ama, por que Ele não nos protege da tentação?” Um Deus que nos protege da tentação é um Deus que não está disposto a nos permitir crescer. Para que um teste seja uma ferramenta eficiente de crescimento, ele deve poder permitir o fracasso. Na verdade. Deus prova o seu amor, protegendo-nos na tentação, em vez de nos proteger da tentação (1Co 10.13). Tg 1.15 Tiago mostra o resultado da tentação quando uma pessoa cede a ela. Observe que os dois primeiros passos da tentação (havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado) enfatizam a natureza interna do pecado. Quando nos entregamos à tentação, o nosso pecado coloca os eventos mortalmente em movimento - o pecado gera a morte. Para abandonar o pecado, não basta deixar de pecar. O estrago já foi feito. Decidir “não mais pecar' pode cuidar do futuro, mas não cura o passado. Esta cura deve vir por meio do arrependimento e do perdão. Algumas vezes, é necessário fazer uma reparação. Por mais amargo que pareça o remédio, nós podemos ficar profundamente gratos pelo fato de que existe um remédio. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 666-667.]

2. Atração pela própria concupiscência. O texto bíblico é claro ao dizer que “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (v.14). A tentação exterioriza o vício, os desejos, a malignidade da natureza humana, isto é, a concupiscência. Ser tentado é sentir-se aliciado pela própria malícia ou os sentimentos mais reclusos de nossa natureza má. Você tem ouvido o ressoar das suas malícias? Elas te atraem? Ouça a Epístola de Tiago! Não dê vazão às pulsões interiores, antes procure imitar Jesus afastando-se do pecado. Assim, não darás luz ao pecado e viverás. [Comentário:  Alguns crentes pensavam que, como Deus permitia as provações. Ele também deveria ser a origem da tentação. Estas pessoas podiam desculpar os seus pecados, dizendo que a culpa era de Deus. Tiago corrige isto. As tentações vêm de dentro, do engodo da nossa própria concupiscência. Tiago destaca a responsabilidade individual pelo pecado. Os desejos podem ser alimentados ou deixados morrer de fome. Se o próprio desejo é mau, precisamos negá-lo. Isto depende de nós, com a ajuda de Deus. Se incentivarmos os nossos desejos, eles logo se tornarão atos. A culpa pelo pecado é somente nossa. O tipo de desejo que Tiago está descrevendo aqui é o desejo descontrolado. Ele é egoísta e sedutor. Será que tira Satanás do aperto, colocando a responsabilidade pela tentação sobre os nossos desejos? Não. Podemos ser levados pelos nossos desejos, mas é o diabo que está por trás dos impulsos quando nós estamos seguindo uma direção errada. A tentação vem dos desejos maus dentro de nós, e não de Deus. Podemos montar e colocar a isca na nossa própria armadilha. Ela começa com um mau pensamento e torna-se pecado quando permanecemos no pensamento e permitimos que ele se transforme em uma ação. Como uma bola de neve rolando ladeira abaixo, o pecado cresce e torna-se ainda mais destruidor á medida que nós lhe damos mais liberdade. A melhor hora para interromper uma tentação é antes que ela seja grande demais, ou esteja se movendo rápido demais, fora de controle (veja Mt 4.I-I1; 1 Co 10.13; e 2 Tm 2.22, para mais informações sobre como escapar das tentações). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 666.]

3. Deus nos fortalece na tentação. Embora a tentação seja fruto da fragilidade humana, quando ouvimos o Espírito Santo, Deus nos dá o escape em tempo oportuno: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13). O Santo Espírito nos fará lembrar a Palavra de Deus para não pecarmos contra o nosso Senhor Altíssimo (Is 30.21; Jo 14.26). Todavia, para que isso seja uma realidade em nossa vida, precisamos cultivara Palavra de Deus em nossos corações (Sl 119.11). [Comentário:  As tentações acontecem na vida de todos os crentes — ninguém está livre delas. A tentação em si não é um pecado; o pecado só passa a existir quando a pessoa cede à tentação. Os crentes não devem ficar assustados ou desanimados, ou pensar que estão sozinhos nas suas fraquezas. Eles devem, antes, entender as suas fraquezas e se voltar a Deus, para que possam resistir às tentações. Suportar as tentações traz grandes recompensas (Tg 1.12). Mas Deus não abandona o seu povo aos caprichos de Satanás, pois Deus é fiel. Ele não irá eliminar todas as tentações porque enfrentá-las e permanecer forte na fé pode representar uma experiência de crescimento. Entretanto, Deus promete evitar que elas se tornem tão fortes, que não possamos lutar contra elas. O segredo de resistir à tentação é reconhecer a sua fonte, e então reconhecer a origem da força que é capaz de combater contra ela. Além disso. Deus promete dar também o escape para que possamos suportar e não cair em pecado. Será necessário ter autodisciplina para procurar esse “escape” até no meio da tentação e então utilizá-lo, assim que for encontrado. O escape é sempre difícil e muitas vezes exige a ajuda dos outros. Uma das formas que Deus nos dá para que consigamos fugir da tentação é o bom senso. Se um crente sabe que será tentado em certas situações, então deve se afastar delas. Outra forma é através dos amigos cristãos. Em vez de tentar enfrentar sozinho a tentação, o crente pode explicar o seu dilema a um amigo cristão que lhe seja íntimo e confiável e pedir a sua ajuda. Esse amigo poderá orar sensibilizar a pessoa, e dar valiosos conselhos e opiniões. A verdade é que Deus ama tanto o seu povo, que irá protegê-lo das tentações insuportáveis. E sempre irá oferecer uma saída. A tentação nunca deverá inserir uma barreira de separação entre o crente e Deus, e cada crente deve ser capaz de dizer: “Obrigado, Senhor Deus, por confiar tanto em mim. O Senhor me considera capaz de enfrentar essa tentação. Agora, o que o Senhor quer que eu faça?” Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 149.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
A origem das tentações é a fragilidade humana, a atração pela própria concupiscência. Todavia, Deus é a fonte do nosso fortalecimento na tentação.

III. O PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES (Tg 1.3,4,12)

1. Para provar a nossa fé (v.3). Na época de Tiago, os cristãos estavam desanimados por passarem duras provas de perseguição. No versículo três, o meio-irmão do Senhor utiliza então o termo “sabendo”, o qual se deriva do verbo grego ginosko e significa saber, reconhecer ou compreender, para encorajá-los a compreenderem o propósito das lutas enfrentadas na lida cristã: Deus prova a nossa fé (Tg 1.12). À semelhança do aluno que estuda e pesquisa para submeter-se a uma prova e, em seguida, ser aprovado e diplomado, os filhos de Deus são testados para amadurecer a fé uma vez dada aos santos (Jo 16.33; Jd 3). O capítulo 11 da epístola aos Hebreus lista inúmeras pessoas que tiveram sua fé provada, porém, terminaram vitoriosas e aprovadas. Por isso o referido texto bíblico é conhecido como a “galeria dos heróis da fé”. [Comentário: A prova da sua fé é a pressão contínua que a vida exerce sobre você. A paciência, como uma pedra preciosa, é o resultado desejado deste teste. A paciência não é uma submissão passiva às circunstâncias; é uma resposta forte e ativa aos eventos difíceis da vida, mantendo-lhe em pé à medida que você enfrenta as tempestades. Não é simplesmente a atitude de suportar as provações, mas sim a capacidade de convertê-las em glória e superá-las. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 663. Aprova da nossa fé (v. 3) fortalece nossa paciência. Jesus disse: “E na vossa paciência que ganhareis a vossa alma” (Lc 21.19). Tiago não nos dá este conselho com base na sua autoridade pessoal. Sabendo que significa: “Descubram por conta própria”. O tempo do verbo sugere uma ação progressiva e contínua — descobrindo continuamente. O apóstolo diz, na verdade: “Procurem ser alegres e perseverantes e vejam se não é a melhor maneira de lidar com as suas provações”. E por que deveríamos continuar provando? Tasker responde: “Para que os cristãos sejam perfeitos e completos, avançando até alcançar a vida equilibrada de santidade perfeita e íntegra”. Essa é a vontade de Deus para o cristão. A exortação aponta para uma santidade representando o alvo mais elevado da maturidade cristã. Mas essa maturidade não deve estar dissociada do cumprimento do mandamento do nosso Senhor e da sua provisão para alcançar esse elevado nível de santidade. A palavra perfeitos é a mesma que Jesus usou quando instruiu seus seguidores: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 155.]

2. Produzir a paciência (vv.3,4). No grego, “paciência” deriva de hupomone e denota a capacidade de perseverar, ser constante, ser firme, suportar as circunstâncias difíceis. A palavra aparece em o Novo Testamento ao lado de “tribulações” (Rm 5.3), aflições (2Co 6.4) e perseguições (2Ts 1.4). Mas também está ligada à esperança (Rm 5.3-5; 15.4,5; 1Ts 1.3), à alegria (Cl 1.11) e, frequentemente, à vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7; Hb 10.36). O termo ilustra a capacidade de uma pessoa permanecer firme em meio à alguma pressão, pois quem é portador da paciência bíblica não desiste facilmente, mesmo sob as circunstâncias das provas extremas (Jó 1.13-22; 2.10). Tiago encoraja-nos então a alegrarmo-nos diante do enfrentamento das várias tentações (v.1), pois a paciência é resultado da prova da nossa fé. [Comentário: “Pois tendes o conhecimento de que o teste de autenticidade de vossa fé produz paciência.” O termo grego para “paciência”, hypomoné, significa também “perseverança”, “constância”, literalmente “permanecer por baixo”, debaixo das condições difíceis, das tarefas onerosas, dos sofrimentos físicos e psíquicos etc., permanecer debaixo de Deus e de sua vontade, no lugar em que ele nos colocou. Nossa natureza humana perde a paciência diante das adversidades. Mas em que sentido, afinal, as tribulações produzirão paciência nos cristãos? Paulo escreve: “Estais radicados nele”, em Cristo (Cl 2.7). As tribulações são capazes de nos prestar o serviço de nos ensinar a enraizar-nos cada vez mais profundamente em Deus, a agarrar-nos cada vez mais firmemente a ele. É como as árvores fazem na natureza: as de raízes rasas são derrubadas, uma depois da outra, pela tempestade. As faias solitárias sobre os montes agarram-se cada vez mais firmemente às rochas nas ventanias. Consequentemente, nossa constância se fortalece cada vez mais nos testes de autenticidade. – Igualmente colhemos experiências com nosso Senhor, como p. ex.: “Ele tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir, ele empobrece e enriquece; abaixa e também exalta” (1Sm 2.6s). Em novas provações saberemos por experiência própria: não há motivos para resignar. Sabemos o que podemos esperar de Deus nas provações, qual é o método de nosso Deus: ele socorre na aflição e, na hora certa, também ajuda a sair dela. Em certas circunstâncias, outros, ainda iniciantes na fé, poderão aprender algo com a tranquilidade, serenidade e certeza daqueles que há muito vivem com seu Senhor e em muitas provações já colheram numerosas experiências com ele. “… que têm sido exercitados” (Hb 12.11). Ademais é importante que preservemos as experiências de tribulações anteriores para a atualidade e o futuro, para nós e outros (Sl 77.12) e as façamos frutificar em determinadas ocasiões. Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.]

3. Chegar à perfeição. A habilidade de perseverar ou desenvolver a paciência não acontece da noite para o dia. Envolve tempo, experiência e maturidade. O meio-irmão do Senhor destaca na epístola a paciência para que o leitor seja estimulado a chegar à perfeição e, consequentemente, à completude da vida cristã, que se dará na eternidade. A expressão “obra perfeita” traz a ideia de algo gradual, em desenvolvimento constante, com vistas à maturidade espiritual. O motivo pelo qual o cristão é provado não é outro senão para que persevere na vida cristã e atinja o modelo de perfeição segundo Cristo Jesus (Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13). [Comentário: Em f 4.13, a palavra “até” indica que o processo descrito em 4.12 deve continuar até que um certo objetivo seja alcançado – quando todos os crentes chegarem (conseguirem, alcançarem) à unidade da fé. Isto quer dizer a unidade na crença no próprio Cristo, e essa crença relaciona-se intrinsecamente com o nosso conhecimento dele. O objetivo inclui a realização de um esforço unido para viver e proclamar essa fé. Unidade em nosso conhecimento refere-se ao mais completo e total conhecimento experimental. Cada crente deve ter um relacionamento íntimo e pessoal com Jesus Cristo. Paulo o chamou aqui de Filho de Deus, mostrando que o seu conhecimento inclui um entendimento apropriado do novo relacionamento com o Pai que foi concedido pelo Filho (Rm 8.10-17). Este corpo unificado dos crentes é dito maduro e completamente adulto, à medida da estatura completa de Cristo. O foco, neste versículo, está em nós - cada crente como parte do corpo completo. Esta metáfora quer dizer que a igreja, como o corpo de Cristo, deve se adequar à Cabeça em desenvolvimento e maturidade. Isto não se refere à perfeição (impossível nesta vida), mas ao crescimento - como crianças tornando-se adultas, o que leva ao próximo conselho referente a esse crescimento. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 337.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
O propósito das tentações é amadurecer o crente, para que este desenvolva a paciência e chegue à perfeição.

CONCLUSÃO
Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas, tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã! Deus nos recompensará! Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos mais que vencedores. [Comentário: Note o dualismo: tentação = amadurecimento, até atingirmos ... a medida da estatura da plenitude de Cristo...; em outras palavras, a perfeição. A obtenção da «perfeição», na realidade, consiste em assumirmos a total medida da plenitude de Cristo. Essa expressão também define o que deve ser o «homem perfeito». Ninguém poderá ser «perfeito» enquanto não for tudo quanto Cristo é. Trata-se de elevada doutrina, que nos ensina profunda verdade. Essa elevação, entretanto, está oculta da moderna igreja evangélica, que não pode elevar-se acima de pensamentos como ficarmos livres do pecado. Porém, estarmos sem pecado não nos torna perfeitos. Pois os anjos, que não caíram, são impecáveis, mas nem por isso participam da perfeição de Deus Pai e de Deus Filho. O evangelho, porém, expõe ante os homens essas perfeições, que transcendem infinitamente a mera impecabilidade que muitos veem aqui.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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