quarta-feira, 23 de julho de 2014

LIÇÃO 4: GERADOS PELA PALAVRA DA VERDADE





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

A Teologia da Prosperidade, que prefiro denominar de Teologia da Ganância, faz opção pelos ricos, assumindo que os que não têm riquezas são amaldiçoados. A Teologia da Libertação, em outro extremo, defende que Deus fez opção pelos pobres, em detrimento dos ricos. Na lição de hoje estudaremos a respeito desse complexo assunto, e pouco compreendido no contexto evangélico. Mostraremos, inicialmente, a importância de ser gerado pela Palavra da verdade, para se posicionar a respeito do assunto, em seguida, mostraremos o que a Bíblia revela a respeito de ricos e pobres, ressaltando os ensinamentos de Tiago.

1. POBRES E RICOS NA PALAVRA DA VERDADE

Não podemos desconsiderar que a Bíblia diz muito sobre ricos e pobres. As palavras de Jesus, ao longo dos Evangelhos, ressalta a importância de considerar os necessitados (Mt. 25.40). Mas nem sempre a igreja evangélica atenta para essa relevante verdade, argumentando que nem só de pão vive o homem (Mt. 4.4). Essa também é uma verdade, mas isso não deve servir de justificativa para o descaso quanto aos que carecem de auxílio na igreja. Desde o Antigo Pacto Deus demonstrou interesse por aqueles que passavam fome (Lv. 19.9,10). A cultura do desperdício, incentivada pelo mercado, foi condenada por Jesus, que se preocupou em alimentar uma multidão faminta (M6t. 6.34-44). Existem pessoas que passam fome, e se encontram em condição de pobreza extrema, por causa da inveja e partidarismos, não porque não queiram trabalhar (I Co. 12.19-26). É importante fazer esse destaque porque há crentes que para não se envolverem com os pobres preferem culpá-los pela situação na qual se encontram. As generalizações precisam ser avaliadas, principalmente quando se trata daqueles que se encontram em condição de vulnerabilidade. Não podemos deixar de considerar que vivemos em uma sociedade desigual, que predomina a corrupção e que impera os interesses econômicos. O autor de Provérbios já antecipava as implicações de uma nação que não vive a partir de uma ética cristã (Pv. 17.23-26). Evidentemente a pobreza pode ser resultado de uma vida desregrada, controlada pelos vícios, como também mostra o escritor de Provérbios (Pv. 23.29-35). Mas nem sempre, pois o pagamento injusto dos salários pode ser uma das causas da pobreza, em virtude da ganância que se propaga na sociedade, percebemos que as pessoas trabalham cada vez mais, para ganharem cada vez menos (Lv. 19.13). O dinheiro se tornou um deus para o homem do presente século, verdade já revelada por Jesus ao relacioná-lo a Mamom (Mt. 6.24). Ao invés de entesourarem no céu, o ser humano moderno quer cada vez mais, sem se preocupar com aqueles que nada têm (Mt. 6.19-21). A política dos homens é estruturada para retirar os benefícios dos mais pobres, causando dependência e humilhação. Somente quando a cidade celestial vier, teremos um governo no qual o direito dos mais pobres será respeitado (Ap. 21.3-7). Aqueles que se aproveitam dos necessitados serão julgados pelo Senhor, principalmente os que controlam as leis injustamente para tirar vantagens pessoais (Is. 10.1,2).

2. POBRES E RICOS NA EPÍSTOLA DE TIAGO

A Epístola de Tiago, em consonância com a revelação geral das Escrituras, denuncia veementemente aqueles que enriquecem, aproveitando-se da situação de extrema pobreza. A pobreza, de acordo com esse apóstolo, acontece: 1) por causa de mecanismos legais, que suprime o direito daqueles que se endividaram (Tg. 2.1-12); 2) a cultura da ganância, que prima pela ostentação (Tg. 4.-13-17); e 3) mecanismos de opressão, através da retenção dos salários dos mais pobres (Tg. 5.4). Tiago reconhece que vivemos em um mundo caído, que faz com que as pessoas queiram oprimir umas as outras (Tg. 1.18,21; 4.6; 5.19,20). É um problema, como admoesta Paulo, colocar a confiança nas riquezas, principalmente porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). A Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não censura a riqueza, contanto que essa seja adquirida honestamente (Sl. 112; Pv. 10.4). Mas Tiago admoesta quanto ao ajuntamento de riqueza ilícita, que acarretará em juízo de Deus, além disso a ostentação trará ruína (Tg. 5.1). Isso acontece porque existem ricos que se entregam ao luxo retendo o salário dos trabalhadores, de forma corrupta e fraudulenta (Tg. 5.4). O autor dos Provérbios adverte àqueles que enriquecem roubando os pobres (Pv. 22.16,22), contrariando a ordenança de Deus dada através de Moisés  (Lv. 19.13; Dt. 24.14,15). O estilo de vida regalado dos ricos, bastante comum na sociedade contemporânea, incentivado pelo consumismo desenfreado, corrompe até mesmo as autoridades constituídas (Tg. 5.6). A política no Brasil reflete essa realidade, os eleitores escolhem seus candidatos, mas esses, ao se elegerem, governam para os ricos, sacrificando os pobres. No Antigo Pacto Amós denunciava aqueles que compravam as sentenças contra os pobres por dinheiro, condenando e matando os justos (Am. 2.6; 5.12,13). Deus advertiu aos juízes para não serem gananciosos (Ex. 18.21), nem parciais (Lv. 19.15), nem tolerarem o perjúrio (Dt. 19.16-19). A prática do suborno, às vezes normatizada pelo costume, foi condenada pelo Senhor (Is. 33.15; Mq. 3.11; 7.3). Existem pessoas que morrem nos hospitais por falta de assistência básica, enquanto isso o dinheiro que deveria ser aplicado na saúde escoa para os cofres dos ricos, para satisfazerem sua luxúria (Tg. 5.5).

3. POBRES E RICOS GERADOS PELA PALAVRA 

Não é pecado em si ser rico, Paulo reconhece que esses podem ser crentes, mas que não podem ser altivos, nem devem por sua esperança nas riquezas, antes em Deus, que nos concede abundantemente (I Tm. 6.17). Os ricos que são gerados pela palavra de Deus, não colocam o coração nas propriedades terrenas, sabem que nada trouxeram para este mundo, e que nada também levarão (I Tm. 6.7). Eles não fazem como o rico insensato da parábola contada por Jesus, que se ufanou de tudo o que havia adquirido na terra, sem atentar para seu fim iminente (Lc. 12.20). O salmista advertiu os ricos da sua época para que se suas riquezas aumentassem, não colocassem nelas o coração (Sl. 62.10). O maior capital de um cristão, independentemente da sua posição socioeconômica, é a piedade com contentamento, essa é grande fonte de lucro (I Tm. 6.6). Fazendo assim, o cristão cresce na Palavra de Deus, mais que isso, é gerado por ela (Tg. 1.18). O secularismo está solapando muitos cristãos, isso porque eles são incapazes de fazerem a distinção entre o certo e o errado (Is. 5.20). Deus está advertindo esta geração para que se volte para Sua palavra (Tg. 1.21). Precisamos de uma igreja saudável, fundamentada na Palavra, para evitar o superficialismo. Há igrejas que não têm mais tempo para a exposição do texto bíblico. Os cultos estão sendo transformados em “programas de auditório”, isso porque os “pastores” não querem perder os seus “fiéis”. É preciso também que os ouvintes sejam praticantes da Palavra (Tg. 1.22-25). A falta de compromisso de alguns evangélicos é preocupante, não são poucos os que frequentam a igreja, mas não vivem o que propõe o evangelho. Esses não se espelham na Palavra de Deus, ou seja, não fazem autoexame, findarão condenados com o mundo (I Co. 11.31,32). Bem-aventurados são aqueles que ouvem e praticam a Palavra de Deus, esses serão bem sucedidos em tudo que fizerem (Js. 1.6-8).

CONCLUSÃO

Careceremos de uma geração de cristãos que se fundamentem na Palavra de Deus. Esses não se deixarão conduzir pelos ditames deste mundo relativista, que transforma o errado em certo, o amargo em doce. Os valores desta sociedade estão deturpados, por isso a igreja precisa adotar um posicionamento profético, para denunciar o pecado, não apenas os morais, também os sociais. Não podemos fechar os olhos em relação à corrupção que resulta em pobreza extrema. Devemos ensinar que aqueles que roubam, inclusive os cofres públicos, devem abandonar essa prática, e trabalhar justamente, exercitando a generosidade (Ef. 4.28).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje vamos estudar acerca da qualidade relacional da igreja nos diversos níveis de interação entre pessoas geradas pela Palavra. Veremos a Epístola de Tiago apontando as distorções sociais que podem existir em um ambiente eclesiástico ou de convivência entre irmãos. A nossa perspectiva é a de que possamos nos relacionar com o outro independente da sua condição econômica e social. Ligados, sobretudo, pelo Evangelho. [Comentário: No seio da igreja local encontramos uma amostra social com todos os desníveis encontrados na sociedade secular, pobres e ricos, baixa escolaridade e formação acadêmica. Qual o contexto social em que a sua igreja local está localizada? Trata-se de uma cidade nobre? Ou da periferia? Quem são os seus alunos? Como se dá a relação social entre os seus alunos? O professor não pode planejar essa lição sem antes fazer estas perguntas e respondê-las com sinceridade. Tanto o pobre como o rico são exortados para gloriar-se em suas circunstâncias. O irmão pobre é rico em tesouros espirituais. Ele tem um status privilegiado no reino de Deus. Se o termo “rico” se refere aos cristãos abastados, Tiago entende que eles também podem alegrar-se no fato de terem discernido onde o verdadeiro tesouro se encontra. Se “rico” se refere aos ímpios, a referencia à sua glória é irônica. O tema da lição de hoje é urgente, desde que, na igreja local, a diferença entre pobres e ricos deve ser atenuada pelo exemplo daquela igreja de Atos 4.35!] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)

1. Os pobres na Igreja do primeiro século. Do ponto de vista social, a pobreza exclui o ser humano dos direitos básicos necessários à sua subsistência. Não é difícil reconhecer que a Igreja do primeiro século era constituída por duas classes sociais: a dos pobres e a dos ricos, tendo evidentemente mais pobres em sua composição. Uma vez que não podemos fazer acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11), os pobres daquela época, que foram gerados pela Palavra e inseridos no corpo de Cristo — a Igreja — tinham motivos de alegrar-se no Senhor, pois além do novo nascimento, eles eram acolhidos pela igreja local (Gl 2.10). [Comentário: A Igreja primitiva era composta em sua maioria por pessoas pobres, não obstante alguns possuírem bens, a exemplo de Barnabé, que vendeu uma propriedade e entregou o valor aos apóstolos para ser repartido com a comunidade (At 4.36,37). Uma correta posição diante de Deus não tem base em motivos étnicos, e nem quaisquer distinções autogeradas entre a humanidade (Rm 9.6-13; Gl 6.15). O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal comentando o texto de Gl 2.10, traz o seguinte: “Muito esforço seria necessário para promover a unidade no nível das raízes entre os cristãos de origem judaica e os gentios. Os apóstolos perceberam que uma maneira imediata e prática de transpor esta possível brecha seria lembrarem-se de ajudar aos pobres. Paulo assegurou que pretendia fazer isto com diligência. Ele nunca se esqueceu desta ideia. Ele continuava ansioso por ajudar os crentes pobres de Jerusalém. Nas suas viagens missionárias (especialmente na terceira), Paulo arrecadou fundos para ajudar os crentes de origem judaica que eram pobres e que viviam em Jerusalém (veja At 24.17; Rm 15.25-28; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9)”. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 268-269. Russell Norman Champlin também comenta este texto e afirma o seguinte: “De conformidade com a doutrina farisaica, as três grandes colunas sobre as quais se apoia o mundo espiritual, seriam as esmolas, o serviço no templo e o estudo da Torah. As condições econômicas da época, em muitas comunidades judaicas, mas sobretudo em Jerusalém, tornavam a prática das esmolas extremamente importante. Jerusalém parece ter sido sempre uma parasita econômica, dependente das rendas do templo, que vinham de outras regiões de Israel e até mesmo de países estrangeiros. Com base nos fundos dos tesouros do templo de Jerusalém e das milhares de sinagogas é que eram sustentadas as viúvas e outros pobres, sendo dali também tirados fundos para ajudar aos desempregados. Ao mesmo tempo, entretanto, líderes gananciosos se enriqueciam mediante o uso pessoal dos fundos destinados à comunidade. Estêvão selou a sua condenação ao indicar, em seu sermão, que o templo de Jerusalém estava obsoleto, e não era mais essencial para a verdadeira adoração. Ao menos por razões financeiras, discursos dessa natureza não poderiam mesmo ser tolerados entre os judeus antigos. (Ver Atos 7:49 e ss.). Falando sobre dinheiro, ninguém deseja contribuir, hoje em dia, para a manutenção do ministério e para a ereção de escolas. Mas quando se trata do estabelecimento da idolatria e da adoração falsa, nenhum custo é poupado. A verdadeira religião sempre padecerá da falta de fundos suficientes, ao passo que as religiões falsas são sustentadas pelas riquezas materiais». (Martinho Lutero, in loc.). «...dos pobres...» Estes deveriam ser relembrados e servidos. Provavelmente apelaram a Paulo, para que os ajudasse, e a coleta foi feita, pelo menos em parte, como resposta a esse apelo. Naturalmente que isso não foi apresentado como «condição» para a aceitação de Paulo por parte dos demais apóstolos; antes, foi a única coisa que veio a ser solicitada dele, no tocante a quaisquer sugestões adicionais que os apóstolos tinham a respeito dos labores de Paulo. Os «pobres», em geral, devem ser incluídos nessa ideia, ainda que parece ter havido uma preocupação especial como os pobres de Jerusalém e das cercanias”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 454.]

2. Os ricos na Igreja Antiga. Por vezes, os ricos são identificados na Bíblia como judeus proprietários de muitos bens e que negligenciavam as obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição (Lv 19.10; 23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1Tm 6.9,17-19). Por cuja razão, e pelas suas atitudes, eles eram frequentemente repreendidos pelas Escrituras (Am 3.10; Pv 11.28; 1Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e a postura de senhores poderosos, que pensam poder comprar as pessoas a qualquer preço. As Escrituras são claras em afirmar que o Reino de Deus não pode ser comprado por dinheiro algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-se um filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode encontrar maior dificuldade para desprender-se de suas riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É imprescindível que os mais abastados compreendam que após entregarem-se a Cristo, obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres submetem-se. Aqui, torna-se ainda mais clara a verdade bíblica: para Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11). [Comentário: Lucas 18.25-26 nos apresenta um caso que levou Jesus a fornecer aos seus discípulos um ensinamento sobre o perigo da riqueza. Ficou evidente que um homem de posses encontra dificuldade para entrar no reino de Deus por ter o coração preso à propriedade terrena. Esta situação foi esclarecida com o Senhor acrescentando ao que foi dito um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reinado de Deus.” O rico é tentado a confiar nas coisas terrenas, como são tentados aqueles cuja riqueza é a realização intelectual ou artística, ou em outros campos. Grandes realizadores frequentemente Têm dificuldade em confiar inteiramente na misericórdia de Deus. Neste caso, se o rico, com todas as suas vantagens, não pode facilmente ser salvo, quem poderá? A declaração do Senhor ensinou os ouvintes a lançar um olhar sincero para seu próprio coração. Consternados eles perguntam quem, então, poderá ser salvo? A salvação, para o rico ou pobre, é sempre um dom de Deus (Ef 2.18). Não obstante, tornar-se bem-aventurado, ser salvo, algo impossível a partir do ser humano, pode ser viabilizado por Deus. Nenhuma pessoa é capaz de transformar seu coração por força própria, para não se apegar mais às coisas terrenas. A onipotência da graça de Deus, porém, consegue renovar o coração, para que abra mão de tudo o que é terreno por causa do reino de Deus, para que busque, ao invés de bens terrenos, o tesouro celestial. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal traz o seguinte acerca do texto de Tiago 1.11: “Tiago descreveu um acontecimento comum no Oriente Médio. A manhã é frequentemente recebida por flores coloridas do deserto, que se abrem após o frio da noite. A sua morte é repentina com o ardor do sol. Este murchar e morrer, no caso das pessoas ricas, é tão repentino quanto a morte das flores silvestres. A morte sempre se intromete. A vida é incerta. O desastre é possível a qualquer momento. O pobre deve ficar feliz porque as riquezas não significam nada para Deus; caso contrário, as pessoas pobres seriam consideradas sem valor. O rico deve ficar feliz porque a prosperidade não significa nada para Deus, porque a prosperidade é facilmente perdida. Nós encontramos a verdadeira riqueza quando desenvolvemos a nossa vida espiritual, e não os bens materiais. Tiago inicia a sua carta certificando-se de que os crentes, tanto os pobres como os ricos, se vejam sob a mesma luz diante de Deus (veja Gl 3.28; Cl 3.11). Tiago convoca os seus leitores a encontrarem esperança nas promessas eternas de Deus.” Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 665.]

3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais. A igreja local deve receber a todos no espírito do Evangelho, isto é, como membros da família de Deus, pois através da salvação em Cristo, independentemente da condição social, todos têm a Deus como Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc 8.21). Somos coerdeiros, juntamente com Cristo, de uma herança eterna (1Pe 1.4), pertencentes à santa família de Deus (Ef 2.19) e cidadãos de um reino imutável (Hb 12.28). Na família de Deus há lugar para todo ser humano justificado por Cristo. Portanto, o irmão pobre e o irmão rico não devem se envergonhar de suas condições sociais. Se o Evangelho alcançou seus corações, o rico saberá biblicamente o que fazer com a sua riqueza. E o pobre, de igual forma, como viverá sua pobreza. O importante é que Cristo em tudo seja exaltado! [Comentário: Para os judeus, o fato de serem descendentes de Abrão já os tornava filhos de Deus, mas para Paulo, o termo “filhos de Deus” tem um novo significado. Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus como ficou provado no seu estilo de vida. Os crentes não têm apenas o Espírito (Rm 8.9), eles também são guiados por Ele. Em Romanos 8.14, O “...espírito de adoção...” é outro privilégio daqueles que estão em Cristo Jesus. Todos os que são de Cristo são assumidos na relação de filhos de Deus. Comentando Efésios 2.19, o Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal escreve: “Os gentios não são mais estrangeiros nem forasteiros. Estas palavras descrevem pessoas que vivem em um país que não é o seu, sem qualquer dos direitos de cidadania daquele país. Os gentios eram “estrangeiros” em relação aos judeus, bem como a qualquer esperança (sem Cristo) de um relacionamento com Deus (2.12). Esta era a sua antiga posição. Por causa de Cristo, entretanto, os gentios tornaram-se cidadãos, com todos aqueles que haviam sido chamados para serem os concidadãos dos Santos. Os judeus e os gentios que depositam a sua fé em Jesus Cristo como seu Salvador tornam-se membros da família de Deus”. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 328. O Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES, defende em seu livro “Efésios Igreja, a noiva gloriosa de Cristo, o seguinte: “Em primeiro lugar Paulo fala sobre uma nação (2.19a). “Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos.” Israel era a nação escolhida de Deus, mas eles rejeitaram seu redentor e sofreram as consequências disso. O reino foi tirado deles e dado a outra nação (Mt 21.43). Essa outra nação é a igreja (I Pe 2.9). No Antigo Testamento, as nações foram formadas pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. No livro de Atos, vemos essas três famílias unidas em Cristo. Em Atos 8, um descendente de Cam é salvo, o ministro da fazenda da Etiópia. Em Atos 9, um descendente de Sem é salvo no caminho de Damasco, Saulo de Tarso, o qual se tornou o apóstolo Paulo. Em Atos 10, um descendente de Jafé é salvo, Cornélio. O pecado dividiu a humanidade, mas Cristo faz dela uma nova nação. Todos os crentes das diferentes nacionalidades formam a nação santa que é a igreja. Francis Foulkes diz que em relação ao povo da aliança de Deus, os gentios eram xenoi e paraikos, “estrangeiros” e “imigrantes”, isto é, pessoas que, ainda que vivessem no mesmo país, tinham, contudo, os mais superficiais direitos de cidadania. Essa era a situação anterior, mas, de agora em diante, já não o é. Nas palavras do apóstolo, agora são “concidadãos dos santos”. Em segundo lugar, Paulo fala sobre uma família (2.19b). “[...] e membros da família de Deus.” Pela fé, entramos para a família de Deus, e Deus tornou-se nosso Pai. Essa família está no céu e também na terra (3.15). Os crentes vivos na terra e os crentes que dormem em Cristo no céu; não importa a nacionalidade, somos todos irmãos, membros da mesma família. Não deve haver mais barreira racial, cultural, linguística nem econômica. Somos um em Cristo. Temos o mesmo Espírito. Fomos salvos pelo mesmo sangue. Temos o mesmo Pai. Somos herdeiros da mesma herança. Moraremos juntos no mesmo lar”. LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, a noiva gloriosa de CRISTO. Editora Hagnos. pag. 67-68.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
Na igreja do primeiro século, pobres e ricos eram acolhidos em amor.

II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg 1.16,17)

1. Não erreis (v.16). Com essa advertência o meio-irmão do Senhor não está afirmando a doutrina da “santidade plena” ou perfeccionista: a de que o homem, uma vez remido, não mais pecará. Tal palavra tem como propósito conclamar o crente a não dar ouvidos à “voz” da concupiscência carnal. Recapitulando a mensagem dos versículos 12 a 15, que tratam do tema da tentação, os versículos 9 a 11 formam uma introdução ao tema da tentação, ao passo o que versículo 16 é uma advertência para os crentes não se curvarem aos desejos imorais e infames do mundo, pois Deus é a fonte de tudo o que é bom. Logo, não podemos dar crédito àquilo que é mau. [Comentário:  Não vos enganeis a respeito do quê? Seria o parágrafo anterior encerrado por este versículo, e teria relação com alguma crença segundo a qual a pessoa poderia lançar a culpa sobre Deus, ou abrigar a concupiscência, ou o pecado, sem que sobreviessem as más consequências? Ou será que esse versículo se refere ao engano sobre de onde vêm as provações (Tg 1.13)? Ou será que esse versículo é cabeçalho do parágrafo seguinte, referindo-se à falha em perceber que Deus nos dá o bem e nos traz salvação? Estruturalmente, a terceira opção é a preferível, porquanto o termo que designa os destinatários da carta, meus amados irmãos normalmente introduz um novo parágrafo. O perigo por trás do aviso de Tiago para que não nos enganemos/erremos é a tentação de crer que Deus não se importa, ou que não nos ajudará, ou até mesmo que possa estar trabalhando contra nós. A imagem não é agradável. Se chegarmos a crer que estamos sozinhos, é porque fomos enganados ou erramos. Se perdermos a confiança em Deus, significa que fomos enganados. Se ousarmos acusar a Deus de ser o tentador, estaremos terrivelmente enganados.]

2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus. Um dom de Deus, como a sabedoria que torna uma pessoa espiritualmente madura (v.4), não pode ser recebido pelo crente através de esforço humano. Quem o distribui é Deus. Este dom é fruto da graça do Pai para nós. Num tempo onde o ascetismo religioso tende a tirar o foco da glória de Deus e da sua benignidade, tornando o ser humano “digno” do céu, precisamos lembrar que a nossa vida espiritual não depende de disciplinas humanas para receber dádivas de Deus. Depende de um relacionamento livre, espontâneo e sincero com o Pai das Luzes mediante o seu Filho, Jesus Cristo, e na força do Espírito Santo. [Comentário:  Tiago afirma que a origem de todo bem está em Deus. Ele declara expressamente que o Pai celestial é a fonte de todo bem verdadeiro; e mais: ao se referir a Deus como o “Pai das luzes”, Tiago está enfatizando que nEle não há dúvida de que muitas das crises espirituais que muitos cristãos têm vivenciado nos dias de hoje está relacionada à sua má compreensão de Deus. Como pai das luzes”, Tiago está enfatizando que nEle não há trevas, isto é, não há fingimento, falsidade, maldade, mentira, erro, imperfeição. E Ele não muda: nEle, “não há mudança, nem sombra de variação”. Como o próprio Deus afirma através da instrumentalidade do profeta Malaquias: “Eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3.6). Ou seja, Deus é e continuará sendo a Fonte de todo bem.]

3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das Luzes. Ao escrever que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto”, Tiago declara que apenas as boas virtudes vêm de Deus. Não há sombra de variação no Pai das Luzes, isto é, nEle não há momentos de trevas e outros de luzes. Só há luz. Ele não muda e é bom! Não faz o mal aos seus filhos (Lc 11.11-13). Infelizmente, muitos têm uma visão turva de Deus como se Ele fosse um carrasco pronto a castigar-nos na primeira oportunidade. Não devemos falar sobre o Pai desta maneira, lembremo-nos do ensinamento joanino que fala sobre sermos defendidos e advogados por Jesus, o Filho de Deus (1Jo 2.1,2). [Comentário:  Em Lucas 11.11-13 Jesus explicou que os seus seguidores podem confiar que Deus atenderá as suas orações. Se nem os seres humanos que são maus pensam em dar a uma criança uma serpente em lugar de um peixe, ou um escorpião em lugar de um ovo, então quanto mais um Deus santo irá reconhecer e atender os pedidos dos cristãos? Com estas palavras, Jesus revelou o coração de Deus Pai. Deus não é egoísta, invejoso ou mesquinho; seus seguidores não precisam implorar nem humilhar-se quando vêm com seus pedidos. Ele é um Pai amoroso que entende, cuida, conforta e voluntariamente dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem. Como o Espírito Santo é a maior dádiva de Deus e Ele não se recusará a dá-la a quem a pedir, os crentes também podem contar com a provisão de Deus para todas as suas necessidades menores. Como o Pai celestial é perfeito trata bem os seus filhos! O presente mais importante que Ele poderia dar é o Espírito Santo (At 2.1-4), que Ele prometeu dar a todos os crentes depois da sua morte, ressurreição, e volta para o céu (Jo 15.26). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 399.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
Tudo o que é bom vem de Deus, pois nEle não há momento de bondade e maldade. Ele é sempre bom!

III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)

1. Algo que somente Deus faz. A regeneração é um milagre proveniente do Pai das Luzes, segundo a sua vontade (v.17). Foi Ele que nos gerou pela Palavra da Verdade. Ser gerado de novo é uma ação realizada exclusivamente pelo Pai das Luzes através do Santo Espírito. Ele limpa o homem dos seus pecados (Is 1.18), dando-lhe perdão e implantando-lhe um novo caráter. Aqui, acontece o que o nosso Senhor falou aos seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). O Pai é a fonte de nossa vida espiritual (Jo 1.12,13). [Comentário: “Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”( Is 1.18). Este é um dos mais citados versículos de Isaías, o clamor apaixonado de reforma no qual YAHWEH deixou de lado, por um minuto, Suas terríveis ameaças e convidou homens humildes a raciocinar com Ele. A ideia do versículo é a correção através de um discussão arrazoada na qual a verdadeira natureza das coisas é exposta, e o desejo pela mudança é instilado. A regeneração é algo que somente Deus faz. Salvação é uma ação concluída que tem um efeito presente. Em suas primeiras cartas, Paulo geralmente refere-se à salvação ou como um acontecimento futuro (Rm 5.9-10) ou como um processo presente (1Co 1.18; 2 Co 2.15). A única exceção é Romanos 8.24, onde Paulo refere-se à salvação como acontecida no passado, mas ainda por ser completada no retorno de Cristo: “Porque, na esperança, fomos salvos”. Algo muito importante no texto de Jo 14.23 - “...faremos nele morada...” e que deve nos gerar temor e tremor é que como o Espírito Santo habita no crente, do mesmo modo o fazem o Pai e o Filho (Rm 8.9-11; Ap 3.20)]

2. A Palavra da Verdade. Naqueles dias, parte da igreja estava dispersa, sofrendo muitas tribulações. Para superá-las era preciso uma inabalável convicção de que, apesar das lutas, ela não havia deixado de ser as primícias do Senhor entre as criaturas. Por esse motivo, Tiago enfatiza a expressão “Palavra da Verdade”. Fomos gerados e enxertados pela Palavra que salva a nossa alma (v.21). Assim, a despeito de todas as circunstâncias difíceis da vida, podemos aplicar essa verdade afirmando que somos filhos de Deus, as primícias entre as criaturas do Senhor. [Comentário: Devemos rejeitar toda imundícia e acúmulo de malícia. Segundo o texto grego, esta é uma ação definitiva. Por que devemos fazer isto? O progresso na nossa vida espiritual não pode ocorrer a menos que vejamos o pecado como ele é, deixemos de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo. A imagem das palavras de Tiago aqui nos apresenta livrando-nos dos nossos maus hábitos e atos como quem se despe de roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”, precisamos receber com mansidão a palavra de Deus, procurando viver de acordo com ela, porque ela foi enxertada em nossos corações e se torna parte do nosso ser. Deus nos ensina desde as profundezas das nossas almas, com o ensino do Espírito e com o ensino de pessoas orientadas pelo Espírito. O solo no qual a palavra é plantada deve ser acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar o nosso solo acolhedor, precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas vidas. A Palavra de Deus torna-se uma parte permanente de nosso ser, orientando-nos todos os dias. A palavra implantada é suficientemente forte para poder salvar a nossa alma. Quando absorvemos as características ensinadas na Palavra, estas se expressam no nosso modo de viver. As provações e as tentações não podem nos derrotar se estivermos aplicando a verdade de Deus às nossas vidas. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 668]

3. O propósito de Deus. A salvação é a maior bênção de Deus para a humanidade. O propósito divino não é primeiramente abençoar o crente com bênçãos materiais, mas fazer dele primícias de suas criaturas: os salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). No Antigo Testamento, as primícias eram a colheita do melhor fruto (Lv 23.10,11 cf. Êx 23.19; Dt 18.4). Ao referir-se às primícias, Tiago dizia aos primeiros irmãos, notadamente judeus, que eles foram escolhidos como primícias do Evangelho. Os primeiros de muitos outros que Deus havia começado a colher. Alegre-se no Senhor! Você faz parte das primícias da sua geração. Escolhido por Deus e nomeado por Ele para proclamar as virtudes do Senhor neste mundo. [Comentário: “...ele nos gerou...” literalmente “deu a luz” refere-se à graça da regeneração pela qual fomos adotados na família de Deus (1Pe 1.23). Quando o autor menciona "nós", a quem ele se refere? Aos leitores em geral ou aos cristãos? Os comentaristas têm pontos de vista divergentes. A verdade é significativa em qualquer um dos casos. Se entendermos "nós" como que significando homens criados à imagem de Deus, o significado é claro. Deus nos fez da maneira que somos — segundo a sua vontade. A razão para nossa liberdade, provas, perplexidades e problemas morais envolvendo escolha é que deveríamos ser semelhantes a Ele — como primícias das suas criaturas. Ele nos criou com liberdade para escolher o mal ou com liberdade para escolher o bem para que fôssemos em certo sentido os criadores do nosso próprio espírito, a glória coroada da sua palavra criativa (cf. Hb 11.3). Podemos, no entanto, com sólidas evidências exegéticas entender "nós" como que referindo-se à Igreja cristã. Robertson coloca o seguinte título para esse versículo: “O Novo Nascimento”. Deus, que é nosso Pai por meio da criação, é também nosso Pai por meio da redenção. Homens redimidos do pecado são a glória coroada dos propósitos de Deus para a vida humana — “os primeiros espécimes da sua nova criação” (Phillips). A palavra da verdade é a verdade do evangelho. Knowling vai mais adiante e afirma: “Não podemos esquecer que o nosso Senhor (Jo 17.17-19) fala da ‘palavra’ que é verdade, por meio da qual os discípulos devem ser santificados”. O propósito final de Deus é conduzir-nos à vitória por meio dos nossos testes para tornar-nos semelhantes a Ele em santidade e amor. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 160-161.. Comentando Tiago 1.18, Russell Norman Champlin·escreve o seguinte: “...primícias...» Um filho primogênito tinha privilégios superiores: tinha o lugar de precedência na família, exercia autoridade sobre seus irmãos mais novos, recebia uma bênção especial de seu pai, recebia a autoridade paterna, recebia dupla porção na herança, era tratado especialmente por seus pais, para que não fosse alienado. (Dt 15.16). Em sentido espiritual, Cristo é o primogênito acima de todos. Nele, os crentes chegam a participar de seus poderes e privilégios espirituais. Porém, na qualidade de primogênitos, eles também são primícias. São a melhor porção da colheita, dedicada a Deus, como o eram as primícias no antigo Israel. Deus era honrado com o oferecimento de suas vidas; a oferta dos primogênitos consagrou a humanidade inteira, mostrando que todos os homens, se o quiserem, podem participar de idênticos benefícios (ver Rm 11.16). (Ver também Ap 14.4. onde a igreja é chamada de primícias.). Em 1Co 15.20,23 o próprio Cristo recebe esse titulo, o que indica que ele ocupa o primeiro lugar em uma imensa companhia, que será levada à vida eterna e à ressurreição. (Ver Jr 2.3; 2Ts 2.13). “...das suas criaturas...” Deus possui uma vasta criação: e todos os seres inteligentes da mesma são passíveis de redenção: e esse é o plano divino relativo a eles. Ele mostra o que pode fazer pelos mesmos, através do que tem feito à igreja. A igreja, pois, é o modelo da redenção divina. Na antiga nação de Israel, as «primícias» de todas as coisas vivas, homens, gado, cereal, etc.. eram consagradas ao Senhor. Essa consagração de tudo santificava a nação inteira, tornando-a apta para ser usada por Deus (ver Ro 11.16). Assim também, no plano espiritual, o fato que Deus separou as primícias mostra-nos que, eventualmente, tudo se beneficiará da expiação e da vida ressurreta de Cristo. O produto da terra era de tipo mui diversos, como a cevada, o trigo, o vinho, o azeite, o mel, as novas árvores frutíferas e todo o produto da terra (ver Lv 23.10-14; Ex 23.16; 23.16,17; Dt 18.4: Lv 19.23,24 e Dt 26.2). Mediante o uso desses itens, os sacerdotes viviam. No terreno espiritual, as coisas (ou seres) de muitas espécies e gradações, se beneficiam daquilo que Cristo realizou, e tudo eventualmente, será consagrado a Deus, embora com níveis diversos de bem-estar e de glória. Toda a criação, por fim, participará, de algum modo, na glorificação dos filhos de Deus. (Ver Rm 8.20,21)”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 27.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
A partir da promessa da salvação, Deus colhe as suas primícias (os salvos) dentre as criaturas.

CONCLUSÃO
Inseridos no processo de aperfeiçoamento espiritual, sofremos os mais diversos tipos de provações, independentemente de nossa posição social, econômica e cultural. Tais situações aperfeiçoam-nos e amadurecem-nos como pessoas. Quando alguém é gerado pela Palavra da Verdade, ele é chamado pelo Pai a viver o Evangelho em fidelidade. Não podemos nos esquecer do nosso maior desafio: fazer o Evangelho falar num mundo dominado por relacionamentos distorcidos. Somos o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus: a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15). [Comentário: Vários tipos de circunstâncias de provação podem acometer os crentes, independente de sua condição social. Tiago exorta tanto o pobre como o rico a gloriar-se em suas circunstancias, sabendo que a herança no reino de Deus é baseada na soberana eleição de Deus. Ele não escolhe de acordo com os méritos ou status deste mundo. Os padrões deste mundo não tem nenhuma influencia sobre a graciosa eleição de Deus (1Co 1.28-29; Ef 1.4). Tiago não deixa espaço para nenhuma forma de misticismo da pobreza, pelo qual a pobreza em si torna a pessoa aceitável diante de Deus (Sl 9.18). Vimos acima que o objetivo de Deus é voltar a clarear o mundo obscurecido pela grande rebelião. “As nações hão de andar na luz dele e os reis no fulgor de Deus” (Is 60.3), “até que Deus seja tudo em todos” (1Co 15.28). Jesus é o resplendor da glória de Deus (Hb 1.3), é “luz, que veio ao mundo”. Nele a luz vinda de Deus novamente nos alcançou. Ele é a luz do mundo (Jo 8.12). Sob seu reflexo também nós somos “luz do mundo” (Mt 5.14). Mais do que isso: a luz está em nós por meio do Espírito dele, tornando-se transparente em nós. “Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6). Quando permanecemos singelamente voltados para nosso Senhor e abertos à influência de sua palavra e seu Espírito, ele nos garante que seremos “luz do mundo”.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

LIÇÃO 3: A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA HUMILDE





SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Os cristãos do primeiro século enfrentaram perseguições, por causa disso alguns deles abandonaram a fé, e retornaram às práticas judaicas. Tiago, em consonância com o autor da Epístola aos Hebreus, conclama seus leitores a permanecerem firmes. O primeiro apela à sabedoria do alto, que se materializa na disposição para enfrentar a provação, sem negar a fé. Na aula de hoje estudaremos a respeito dessa sabedoria, que deve ser demonstrada, sobretudo, em humildade, na confiança em Deus, que é o provedor dessa sabedoria, diferente da humana ou diabólica.

1. SABEDORIA DO ALTO NA PROVAÇÃO

A falta de maturidade é uma demonstração de ausência de sabedoria, aqueles que não sabem lidar com as adversidades revelam infantilidade. Jó é um exemplo bíblico de sabedoria na provação, ao invés de blasfemar contra Deus, prostrou-se em terra em adoração, e disse: “nu sai do ventre da minha mãe, e nu partirei, o Senhor o deu, o Senhor o levou, louvado seja o nome do Senhor” (Jó. 1.20). Esse tipo de cristão está em extinção nos dias atuais, isso porque a ênfase no hedonismo está favorecendo um tipo de fé superficial, que beira à mediocridade, que não admite passar por situações adversas. Para Tiago a verdadeira sabedoria, tal como aquela expressa nos Provérbios, é prática e tem a ver com a convicção de fé, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que desejamos. O insensato, em Provérbios, é aquele que deixa de reconhecer suas limitações, que se fundamenta na autossuficiência, que acha que pode descartar Deus (Pv. 26.12). Existem esses até mesmo entre os que se dizem cristão, tais precisam pedir sabedoria para enfrentar os momentos difíceis, ao invés de negá-los. A palavra pistis em grego, geralmente traduzida por fé, traz nessa Epístola, a conotação de fidelidade. Para Tiago ter fé é mais do que acreditar, trata-se de uma disposição para enfrentar a provação. A demonstração da fidelidade resulta em obediência (Tg. 2.14), que não se deixa mover pelas circunstâncias (Tg. 1.6). Como fez Salomão, devemos pedir a Deus a sabedoria necessária para fazer a diferença entre a verdade e o engano (II Rs. 3.7-9). A sabedoria que o monarca recebeu era de Deus, não dos homens.  De vez em quando os cristãos são rotulados de ignorantes, e isso tem um fundo de verdade. Deus destrói a sabedoria dos sábios segundo o mundo, que fundamentam seus argumentos em axiomas. Por isso, para aqueles que não confiam nas promessas de Deus, a mensagem da cruz é totalmente absurda (I Co. 1.24-26). A loucura da pregação nos convida a confiar no Senhor, de todo coração e a não nos apoiar em nosso próprio entendimento (Pv. 3.5,6).

2. O VALOR DA SABEDORIA DO ALTO

A importância da sabedoria para o cristão é o próprio Jesus Cristo, nEle estão escondidos todos os tesouros da sabedoria (Cl. 2.3; I Co. 1.24).  O autor de Provérbios encerra em poucas palavras seu valor: “Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro [...] a sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado (Pv. 3.13,14,18). Essa sabedoria não é terrena, ou melhor não é deste mundo (Tg. 3.15), que é pura tolice, ao ser comparada com a sabedoria de Deus. A construção da torre de Babel é um exemplo do que pode fazer a sabedoria humana (Gn. 11.9). O projetos humanos tem causado muita desilusão, principalmente quando destituídos da orientação divina. A ciência tem trazido muitas contribuições para a sociedade, mas infelizmente tem servido mais para o mal do que para o bem. As grandes invenções estão a serviço dos interesses da minoria, pouco investimento tem sido feito na solução dos problemas sociais. O avanço do conhecimento não é proporcional à sabedoria, somos capazes de fazer viagens espaciais, mas não sabemos como conviver com nossos vizinhos. O otimismo da ciência, influenciado pelo Positivismo de Comte, está em declínio. A pós-modernidade é justamente a desconstrução dos valores cientificizados, até mesmo a confiança na educação está abalada. A formação acadêmica não é garantia de uma ética pautada no respeito ao próximo, sobretudo do temor a Deus, que é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Para Tiago a sabedoria de Deus é espiritual, não é física, do grego psykikos, ou natural. Se diferencia também por não ser demoníaca (Tg. 3.15), os conhecimentos humanos podem ser projetos para a mentira (Rm. 1.18-25), para semear o ódio e a discórdia. A verdadeira sabedoria provém do alto, ela não é resultante apenas de lógica, mas da oração, de momentos de intimidade com Deus (Tg. 1.5). A palavra de Deus é o fundamento dessa sabedoria, pois ela nos torna sábios para a salvação (II Tm. 3.15).

3. A DEMONSTRAÇÃO DA SABEDORIA DO ALTO

A sabedoria que não provém de Deus é falsa, e se manifesta através da inveja que causa amargura (Tg. 3.14,16). A sabedoria dos homens, pautada no egoísmo, busca apenas o interesse próprio. Existem até aqueles que se ufanam da religiosidade, como faziam os fariseus dos tempos de Jesus (Mt. 6.1-18). O conhecimento bíblico acumulado não garante que o detentor é uma pessoa sábia.  Existem casos de pessoas que tem muito conhecimento, mas não são amorosos, é justamente o amor que equilibra o conhecimento, e revela sabedoria (I Co. 8.1). A ética do amor é a base da verdadeira sabedoria, os cristãos que são sábios amam, tanto a Deus quanto ao próximo (Mt. 22.37,38; I Co. 13). O sentimento faccioso é uma característica da  sabedoria meramente humana (Tg. 3.14, 26).  A palavra eritheia dá ideia de partidarismo, um dos sentimentos predominantes na igreja de Corinto (I Co. 1.10-13). Os cristãos que amadureceram na fé não vivem em disputas, não estão preocupados em conseguir espaço, não perseguem os holofotes. Essa é uma sabedoria vã, no sentido bíblico de vaidade, que passa, é efêmera, temporária (Ec. 1.1,2). É uma pena que muitas pessoas estão se digladiando dentro das igrejas por causa de espaço. As disputas políticas no contexto eclesiástico é uma demonstração de falta de sabedoria. A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos conduz à mansidão, não se exaspera, não perde o controle (Tg. 3.13). A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos impulsiona para a pureza. A santidade é uma marca do cristão que busca agradar o Senhor, que não se envolve com o mundanismo, que não ama as coisas do presente século (Rm. 12.1,2). A sabedoria do alto faz sossegar a nossa alma (Tg. 3.17), e nos dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27). Essa é uma paz que excede todo entendimento (Fp. 4.6,7), sendo resultante do fruto do Espírito (Gl. 5.22).

CONCLUSÃO

Vivemos na era do conhecimento, as pessoas estão envoltas de informações, algumas deles extremamente desnecessárias. Os cristãos, em meio às adversidades da vida, devem buscar a sabedoria de Deus, que vem do alto. Essa sabedoria está fundamentada no amor, na paz de Deus que excede todo entendimento. Além disso, ela é tratável, aberta à revelação de Deus, cheia de misericórdia, se preocupa com os necessitados. Essa, portanto, é uma sabedoria prática, que produz frutos, dignos de arrependimento (Mt. 3.8), demonstrada em imparcialidade, não se deixa cooptar pelas conveniências, não é fingida. Busquemos, pois, a sabedoria de Deus, que diferentemente da sabedoria do mundo, não produz problemas e resulta em bênçãos espirituais (Tg. 3.16-18).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos os ensinamentos da Palavra de Deus acerca da importância da sabedoria divina para o nosso viver diário. Tiago inicia a temática em tom de exortação, enfatizando a necessidade da sabedoria divina como condição básica de levar a igreja a viver a Palavra de Deus com alegria, coerência, segurança e responsabilidade. E isso tudo sem precisar fugir das tribulações ou negar que o crente passa por problemas. A nossa expectativa é que você abrace o estilo de vida proposto pelo Santo Espírito nesta carta. Não fugindo da realidade da vida, mas enfrentando-a com sabedoria do alto e na força do Espírito Santo. [Comentário: A lição de hoje está direcionada à sabedoria, não a sabedoria do mundo, mas aquela doada por Deus, aquela que foi perdida em decorrência da rebelião do ser humano contra Deus; rebelião que deixou o pensamento humano “obscurecido” (Rm 1.21; Ef 4.18), pelo pecado que se coloca como uma parede entre nós e Deus. De qualquer modo, nesse aspecto o pensamento desvinculado de Deus, autocrático e arbitrário do ser humano encontra-se no caminho falso (Rm 1.22; 1Co 1.19,27; 1Co 2.14). Não somente o querer da pessoa natural, mas igualmente seu pensar foi condenado e “cruzado” pela cruz de Jesus, que na realidade representa o juízo de Deus sobre nós. Por nova sabedoria “espiritual”, no entanto, a Bíblia compreende o reconhecimento concedido e produzido por meio do Espírito de Deus: o reconhecimento daquilo que Deus faz e do que ele espera que o ser humano faça (1Co 1.24; 2.6s; 12.8; Ef 1.17; Cl 1.9; Tg 3.13,17). O cristão não vive isolado, mas na companhia de outros, na comunidade em que Deus o colocou. Essa comunidade é, em primeiro lugar, a igreja de Jesus Cristo. Conforme sua vocação, a igreja está no mundo para fazer brilhar a luz do evangelho. Para atuar de modo correto em seus respectivos lugares, o cristão e a igreja precisam de sabedoria e entendimento. Na parte introdutória de sua epístola, Tiago diz ao leitor como obter sabedoria: “deve pedir a Deus, que dá generosamente a todos sem encontrar culpa, e lhe será dada” (1.5). Ninguém pode viver sem sabedoria, pois ninguém deseja ser tolo. Assim, a sabedoria é muito bem guardada por aqueles que a têm e procurada por aqueles que dela são desprovidos] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A NECESSIDADE DE PEDIRMOS SABEDORIA A DEUS (Tg 1.5)

1. A sabedoria que vem de Deus. Tiago fala da sabedoria que vem do alto para distingui-la da humana, de origem má (Tg 3.13-17). Irrefutavelmente, a sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o homem alcança o discernimento da boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 2.10-19; 3.1-8,13-15; 9.1-6; Rm 12.1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos efeitos das suas reações. Enfim, a Palavra de Deus nos orienta a vivermos com prudência. Todavia, quando nos achamos em meio às aflições é possível que nos falte sabedoria. Por isso, o texto de Tiago revela ainda a necessidade de o crente desenvolver-se, adquirindo maturidade espiritual. [Comentário: Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Tiago enxerga a sabedoria como sendo uma necessidade para as pessoas, mas faz questão de mostrar os tipos de sabedoria que podemos encontrar à nossa volta. E para o apóstolo, mais do que ter, ou não, sabedoria, é imprescindível saber a quem pedir, é preciso utilizá-la. Uma pessoa pode ser culta e tola. Hoje se dá mais valor à inteligência emocional do que a inteligência intelectual. Uma pessoa pode ter muito conhecimento e não saber se relacionar com as pessoas. Ela pode saber muito e não saber viver com ela e com os outros. Sabedoria é também olhar para a vida com os olhos de Deus – A pergunta do sábio é: em meus passos, o que faria Jesus? Como ele falaria, como agiria, como reagiria? Cristo não foi um mestre da escola clássica. Ele ensinou os seus discípulos na escola da vida. Ensinar a sabedoria é mais importante do que ensinar fórmulas de matemática. Há uma sabedoria que vem do alto e outra que vem da terra. Há uma sabedoria que vem de Deus e outra engendrada pelo próprio homem. A Bíblia traz alguns exemplos da tolice da sabedoria do homem: 1) A torre de Babel parecia ser um projeto sábio, mas terminou em fracasso e confusão; 2) Pareceu sábio a Abraão descer ao Egito em tempo de fome em Canaã, mas os resultados provaram o contrário (Gn 12.10-20); 3) O rei Saul pensou que estava sendo sábio que colocou a sua armadura em Davi; 4) Os discípulos pensaram que estavam sendo sábios quando despediram a multidão no deserto, mas o plano de Cristo era alimentá-la por meios deles; 5) Os experts em viagens marítimas pensaram que era sábio viajar para Roma e por isso não ouviram os conselhos de Paulo e fracassaram. A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é fruto de oração (1.5), ela é dom de Deus (1.17). Essa sabedoria está em Cristo: Cristo é a nossa sabedoria (1 Co 1.30). Em Jesus nós temos todos os tesouros da sabedoria escondido (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2 Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração (Ef 1.17; Tg 1.5). O crente que é verdadeiramente sábio ora continuamente a Deus em nome de Jesus. Na oração, ele está em comunhão com a fonte de sabedoria, pois o próprio Deus a dará liberalmente a qualquer um que lhe pedir (Tg 1.5). Assim como o rei Salomão pediu sabedoria para DEUS, nós também podemos pedir.]

2. Deus é o doador da sabedoria. O texto bíblico não detalha a maneira pela qual Deus concede sabedoria. Tiago apenas afirma que o Altíssimo a dá. Juntamente com a súplica pela sabedoria que fazemos ao Pai em oração, a epístola fornece riquíssimos ensinamentos (v.5): [Comentário: Tiago estava aprendendo com seu Senhor e Mestre. Ele mostrou-nos a grande e maravilhosa possibilidade, a saída para toda a perplexidade: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). A oração pedindo sabedoria divina é a oração pelo Espírito de Deus, porque a sabedoria é um dos efeitos do Espírito (Ef 1.17). Nosso Senhor reservou uma promessa especial à oração pelo Espírito (Lc 11.13). Os dons exteriores também são concedidos por Deus a quem não os pede a ele (Mt 5.45). Contudo, ele não despeja simplesmente seu Espírito, a si mesmo, sua salvação sobre as cabeças das pessoas. Não impõe a ninguém os dons interiores. Nesse aspecto ele requer ser rogado.]
a) O Senhor é que dá sabedoria. Jesus ensina que o Pai atende às orações daqueles que o pedirem (Mt 7.7,8).
b) O Senhor dá todas as coisas. Neste sentido, dizem as Sagradas Escrituras: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas?” (Rm 8.32 cf. Jó 2.10).
c) O Senhor dá a todos os homens. Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.1,9).
d) O Senhor dá liberalmente. É de graça! Nosso Deus não vende bênçãos apesar de pessoas, em seu nome, “comercializá-las”.
e) O Senhor dá sem lançar em rosto. A expressão é sinônima do adágio popular “jogar na cara”. O Pai Celeste não age dessa forma. [Comentário: “Deus dá de bom grado.” A palavra grega para o modo como Deus dá significa “simplesmente”, “despretensiosamente”, “sem segundas intenções”. Lutero traduz “singelamente”. Ao dar, Deus não faz ressalvas e é cheio de bondade. Não se comporta como as pessoas, nem como os gentios pensavam a respeito de seus deuses. –“Ele dá sem repreender”: estamos acostumados à versão alemã de Lutero - “Ele não pressiona ninguém.” Não priva ninguém. Não coloca a cesta do pão fora de alcance (p. ex., para mostrar quem é chefe na casa). Literalmente o sentido é: “Ele não critica.” Nós também damos, mas não raro criticamos ao mesmo tempo, a começar por nossos próprios filhos. Por exemplo: “Você vem pedir ajuda depois que arrumou encrenca. Deveria ter pensado melhor antes.” Ou: “Depois de todas as suas atitudes para comigo, eu não deveria lhe dar mais nada!” DEUS não faz sermões nem críticas. Não nos prende ao que passou. “Sua misericórdia é nova a cada manhã” sobre nós “e sua fidelidade é grande” (Lm 3.22s). Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança. Tiago compartilha essa percepção. Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus. Tiago pode fazer isso com confiança total em que Deus a todos dá liberalmente. Aqui, Tiago apela à tradição a respeito de Jesus (os ensinos de Jesus ainda não escritos que, mais tarde, formariam os evangelhos), pois o Senhor prometera que Deus concederia a seus filhos o que lhe pedissem (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 11:9-13; João 15:7). Que dádiva melhor poderiam pedir do que a sabedoria de que necessitassem a fim de resistir às provações que estavam enfrentando? Deus... dá porque ele é doador; Deus dá liberalmente, o que significa que dá sem reservas mentais, dá com simplicidade, com um coração singelo. Não está procurando um lucro escondido da parte dos crentes; o Senhor não abriga motivos desprezíveis, tampouco sentimentos mesquinhos. Na verdade, não só o Senhor dá generosamente, mas não censura. Isso significa que Deus não se queixa do dom concedido, nem de seu custo. Peter H. Davids. Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. pag. 45.]

3. Peça a Deus sabedoria. Ainda no versículo cinco, Tiago estimula-nos a fazermos as seguintes perguntas: Falta-nos sabedoria espiritual? Sentimental? Emocional? Nos relacionamentos? Caso ache em si falta de sabedoria em alguma área, não desanime! Peça-a a Deus, pois é Ele quem dá liberalmente. E mais: não lança em rosto! Ouça as Escrituras e ponha em prática este ensinamento. Fazendo assim, terás sabedoria do alto. [Comentário: Não é incomum nos aproximarmos de Deus para pedir dEle bênçãos. Não é errado desejar ser abençoado por Deus, pois mesmo as pessoas que não tem em Jesus o seu Senhor desejam igualmente receber bênçãos dos céus. Pois bem, se cremos que Deus pode nos abençoar, porque não pedimos a Deus sabedoria? Tiago nos deixa evidente duas coisas: A sabedoria é uma bênção, e ela deve ser pedida a Deus. E Deus se importa com esse tipo de pedido? Sim, pois o apóstolo mostra o motivo máximo pelo qual devemos pedir a sabedoria a DEUS: “... e ser-lhe-á dada”. Deus tem prazer em oferecer aos seus filhos a sabedoria, e Tiago deixa claro que Ele nos dará a sabedoria que pedimos. A sabedoria que Deus tem para dar não é custosa. Quando oramos de acordo com a vontade de Deus, temos a certeza de que receberemos respostas de nossas orações e uma dessas respostas sem dúvida é a sabedoria como um presente divino. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 38. Quando somos provados precisamos pedir sabedoria (1.5-8). Quando estamos sendo provados, precisamos de discernimento e sabedoria (1.5; 3.13-18). O que é sabedoria? E mais que conhecimento. Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Conhecimento pode ser definido, nesse contexto, como conhecer bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a Bíblia. Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus. O sábio busca maturidade e não prazer.
Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm erudição, mas não sabem viver a vida nem fazer escolhas certas. Quando estamos sendo provados, precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades que Deus está nos dando para chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a entender como usar as provas para nosso bem e para a glória de Deus. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 20-21.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)

A sabedoria vem de Deus. Nós temos a necessidade de pedirmos a Ele, pois o Altíssimo é o doador.


II. A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DA SABEDORIA HUMILDE (Tg 3.13)

1. A sabedoria colocada em prática. Tiago conclama os servos de Deus, mais notadamente aqueles que exercem alguma liderança na igreja local, a demonstrarem sabedoria divina através de ações concretas (Dt 1.13,15; 4.6; Dn 5.12). A sabedoria é a virtude que devemos buscar e cultivar em nossos relacionamentos neste mundo (Mt 5.13-16). O tempo do verbo “mostrar”, utilizado por Tiago em 3.13, indica uma ação contínua em torno da finalidade ou do resultado de uma obra. Desta maneira, a Bíblia está determinando uma atuação cristã que promova as boas obras no relacionamento humano. [Comentário:  Assim como Tiago exorta os crentes a demonstrarem sua fé através das obras, ele também pede uma demonstração de sabedoria através de uma vida piedosa. A sabedoria nada será a menos que se manifeste na forma de boas obras e de uma vida moral e espiritual correta. Também precisa ser frutífera e poderosa, tal como se espera que seja a fé cristã (ver Tia. 2:14 e ss.), porquanto, de outro modo, será algo morto e inútil. Mediante sua vida boa e pacífica, o homem demonstrará a origem piedosa e divina de sua sabedoria. Portanto, o sábio é convidado a demonstrar a validade de sua sabedoria pelas suas obras de mansidão. A sabedoria que não é comprovada desse modo é uma sabedoria falsa: e mostra-se ainda mais falsa quando se torna motivo de orgulho e de contenda. «Tiago compartilha do conceito bíblico geral que a sabedoria não  consiste apenas no conhecimento, na astúcia e na habilidade, mas antes, em uma profunda compreensão sobre o que é e deve ser a vida piedosa. Tal sabedoria produz concórdia e harmonia entre as pessoas e os grupos. Faz agudo contraste com o egoísmo calculista que é a causa de ‘desordem social e de todas as ‘práticas vis’... O astuto, o esperto, o manipulador habilidoso, está convencido que sua sagacidade superior é o que os sofisticados denominam de ‘egoísmo iluminado‘, o ‘conhecimento’, a manipulação de homens e de circunstâncias, para a satisfação de sua ganância. Para obter a sua finalidade, o homem astuto não mostra escrúpulos em mentir, desunir, enganar ou subornar, se pensa que poderá evitar ser apanhado. Uma boa parte da astúcia de que ele se orgulha e a sua habilidade de ‘encobrir‘ de ‘passar despercebido‘. Se a sua ambição só puder ser satisfeita mediante a deslealdade para com seus amigos, ou mediante a crueldade para com suas vítimas, isso é lamentável, mas é o preço que o ‘realista paga para ganhar o único sucesso que vale a pena ter neste mundo‘*. (Easton, in loc.). «...proceder...» No grego é usado o termo *anastrophe·, «conduta», «comportamento», o caráter geral de uma vida, algo que é indicado, nas páginas do N.T.. pela metáfora do «andar», que é de uso mui frequente. O «sábio» crente deve ser pessoa de uma conduta repleta de boas obras, efetuadas em mansidão. Somente a sabedoria divina, uma qualidade divinamente transmitida, pode tornar bem-sucedida a vida do crente. É algo por demais exigente para a personalidade humana sem ajuda. «Ações, ações, ações, é o clamor de Tiago. ‘Isto deveríeis ter feito, sem deixardes de fazer aquelas outras'. Sem a prática cristã, todas as outras coisas que alguém professe possuir é sal que já perdeu o sabor». (Plummer, in loc.). CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 39.]

2. A humildade como prática cristã. Instruída pela Palavra de Deus, a humildade cristã promove as boas obras na vida do crente (Tg 1.17-20; cf. Mt 11.29; 5.5). Quem é portador dessa humildade revela a verdadeira sabedoria, produzindo para si alegria e edificação (Mt 5.16). A fim de redundar em honra e glória ao nome do Senhor Jesus, a humildade deve ser uma virtude contínua. Isso a torna igualmente uma porta fechada para o crente não retornar às velhas práticas. O homem natural, dominado pelo pecado, não tem o temor de Deus nem o compromisso de viver para a honra e glória dEle. Porém, o que nasceu de novo e, portanto, “ressuscitou com Cristo”, busca ajuda do alto para viver em plena comunhão e humildade com o seu semelhante (Cl 3.1-17). [Comentário:  O sinal da sabedoria é um espírito manso e humilde. Como a arrogância e a insensatez andam juntas, assim também a humildade e a sabedoria. Comentando Mt 11.29, Russell Norman Champlin afirma: “Manso e humilde de coração. Evidentemente se refere às ideias de Zac. 9:9, que fala da humildade do Messias. Primeiramente o Messias humilhou-se na encarnação—«...a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens» (Fil. 2:7). No seu ministério, JESUS sempre apresentou provas de sua simpatia pelo estado e sofrimento da humanidade. Operou curas não para provar seu próprio poder e grandeza, mas porque anelava aliviar o sofrimento dos homens. Ressuscitou aos mortos porque simpatizou com a tristeza dos que estavam em luto. Pregou o evangelho, especialmente aos pobres, porque sentiu a desesperadora condição produzida pelo pecado. JESUS não assumiu posição de autoridade e grandeza, como o faziam alguns líderes dos judeus, nem procurou qualquer privilegio pessoal ante o governo. Viveu como homem pobre, no meio dos pobres, como homem humilde no meio dos humildes. Finalmente, submeteu-se à morte na cruz, uma morte vergonhosa e horrível, conforme se lê, ...humilhou-se, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz (Fil. 2:8)”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 382.]

3. Obras em mansidão de sabedoria. Vivemos em um tempo onde as pessoas se aborrecem por pouca coisa, onde tudo é motivo para desejar o mal ao outro. Vemos descontrole no trânsito, o destempero na fila, a pouca cordialidade com o colega de trabalho e coisas afins. Parece que as pessoas não convivem espontaneamente com as outras. Apenas se toleram! Nesse contexto, o ensino de Tiago é de sobremodo relevante: “Mostre, pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria” (v.13). Amor, cordialidade e solidariedade são valores éticos absolutos reclamados no Evangelho. Ouçamos a sua voz! [Comentário:  Sabedoria em Tiago tem mais que ver com uma conduta que reflete a natureza e a vontade de Deus do que com um intelecto aguçado. Tiago lança um desafio: “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês?” Tanto sabedoria como entendimento andam bem juntos. Sabedoria direciona os passos, e entendimento informa o destino das decisões. Segundo Tiago, ela é demonstrada pelo bom procedimento. A questão não é o quanto sabemos na nossa mente, mas quanto esse conhecimento é refletido no nosso procedimento. Por exemplo, quem não acharia um tanto estranho ver um médico que orienta pacientes na disciplina de uma vida regrada, mas que não passa de uma chaminé ambulante de tanto que fuma? O cristão deve demonstrar pelas suas boas obras a mansidão que a sabedoria genuína requer. Como em 2.18, as obras comprovam a fé genuína. A humildade mostra a verdadeira sabedoria que o cristão tem. Thomas Manton diz: “Um cristão é mais bem conhecido pela sua vida do que pelo seu discurso”. O Senhor Jesus convidou os cansados e sobrecarregados a tomar sobre eles o jugo dele para aprender com ele que é manso e humilde de coração. Quando tratamos pessoas com paciência e amor, mesmo aqueles que não têm posição de destaque na sociedade, imita-se a sabedoria e a humildade de Cristo. Jesus incluiu mansidão nas bem-aventuranças. A felicidade dos mansos inclui herdar a terra (Mt 5.5). Em Tiago, mansidão deve certificar a origem da sabedoria que se professa. Na antiguidade, sabedoria e humildade eram praticamente inimigas. A visão grega da sabedoria pressupunha o orgulho. Uma pessoa “sábia” tinha que se orgulhar de sua posição. Para Tiago, porém, afirmar que se prova ser uma pessoa sábia executando obras com humildade era algo totalmente contra aquela cultura. Algo que é também contra nossa cultura hoje. A tendência que temos é de exaltar-nos e orgulhar-nos de nossos próprios feitos. O oposto se mostra na sabedoria dos homens que não conhecem a Deus. É o caso dos que “dizendo-se sábios, tornaram se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens” (Rm 1.22,23). A  sabedoria que não tem respaldo na Bíblia é carente de mansidão. Sem entendimento, os intelectuais do nosso tempo carecem, na maioria dos casos, da sabedoria que o temor do Senhor produz (SI 111.10). Especular sobre as origens do universo, sobre as origens das espécies, carecem de humildade e sabedoria. Excluir o Criador de todos as explicações das maravilhas da natureza parece loucura do mais alto grau. Certamente, Manton está certo ao afirmar: “O mais evidente da sabedoria verdadeira é que seu possuidor é manso” (op. cit. p. 300). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)

A sabedoria deve ser colocada em prática como uma ação concreta através da humildade.

III. O VALOR DA VERDADEIRA SABEDORIA E A ARROGÂNCIA DO SABER CONTENCIOSO (Tg 3.14-18)

1. Administrando a sabedoria. A sabedoria mencionada por Tiago assinala a vontade de Deus para a vida do crente. Uma vez dada por Deus, tal sabedoria constitui-se parte da natureza do crente. É resultado do novo caráter lapidado pelo Espírito Santo. É um novo pensar, um novo sentir, um novo agir. Deus dá ao homem essa sabedoria para que ele administre as bênçãos, os dons e todas as esferas de relacionamentos da vida humana. Quando Jesus de Nazaré expressou “assim brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5.16), Ele estava refletindo sobre o propósito divino de o crente viver a inteireza do Reino de Deus diante dos homens. [Comentário:  Ainda citando o comentário de Russell Norman Champlin, em Mt 5.16 ele afirma: “«Assim brilhe também a vossa luz·. Esse versículo considera os crentes em geral como luzes. A luz. do cristão deve ser constante como a luz da candeia, porque sem esse tipo de luz não haveria luz no mundo, e nem mesmo na casa de Deus. ou no escabelo de Deus, que é a terra (Mt 5.35 e Is 66.1). A luz do crente são suas boas obras (ver o vs. 14 sobre os outros usos do termo). Essas boas obras redundam em glória a Deus. Remover a luz e, portanto, a glória de Deus, é algo seríssimo. «Vosso Pai». Esta é a primeira vez que, nas palavras de Jesus, vemos o ensino de que Deus é Pai. Essa ideia era bem comum entre os judeus, c assim sendo, Jesus não estava introduzindo alguma doutrina nova, mas utilizava-se da compreensão que 0 povo já tinha para dar ênfase à necessidade de deixar a luz de Deus brilhar cm suas personalidades. Deus Pai tem prazer nas boas obras de seus filhos, porque tais obras provam que os discípulos são filhos de Deus. c também revelam algo sobre a natureza de Deus. Jesus foi o exemplo mais desenvolvido e elevado da natureza de Deus que já houve sobre a terra. Os rabinos usavam com frequência a frase: «Nosso c vosso Pai, que está nos céus». Nos escritos judaicos (Bammidbar Rabba, s. 15) lemos estas palavras: «Os israelitas disseram ao santo e bendito Deus: Tu mandas que acendamos lâmpadas para Ti; mas Tu és a Luz do Mundo e contigo mora a luz. O SANTO DEUS replicou: Não ordeno isso porque precise de luz, mas para que vós reflitais luz sobre mim, como eu vos tenho iluminado. Assim 0 povo poderá dizer: Eis como os israelitas O ilustram, isto é. Aquele que os ilumina à vista de toda a terra»”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 310.]

2. Sabedoria verdadeira e a arrogância do saber. Há pessoas orgulhosas que, por se julgarem sábias, não admitem serem aconselhadas ou advertidas. Sobre tais pessoas as Escrituras são claras (Jr 9.23). Entre os filhos de Deus não há uma pessoa que seja tão sábia que possa abrir mão da necessidade de aconselhar-se com alguém. O livro de Provérbios descreve que há sabedoria e segurança na multidão de conselheiros, pois do contrário: o povo perece (11.14). O rei Salomão orou a Deus pedindo-lhe sabedoria para entrar e sair perante o povo judeu (2Cr 1.10). Disto podemos concluir que lidar com o povo sem depender dos sábios conselhos de Deus é um pedantismo trágico para a saúde espiritual da igreja. Portanto, leve em conta a sabedoria divina! É um bem indispensável para os filhos de Deus. Para quem sente falta de sabedoria, Tiago continua a aconselhar: “peça-a a Deus”. [Comentário: A Única Verdadeira Razão para a Jactância (9.23-24) Jr 9.23-24 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria. Os pseudo-sábios, dos quais Jerusalém este tão repleto (ver o vs. 12), e os verdadeiramente sábios, dos quais havia tão poucos, não podiam jactar-se em sua falsa sabedoria ou em sua sabedoria autêntica; nem os fortes podiam gloriar-se em sua força; nem os ricos podiam jactar-se em suas riquezas e no poder que esta trazia. Todos os homens, sem importar a sua classe, tinham apenas uma razão válida para gloriar-se: conhecer e obedecer a YAHWEH (vs. 24), a fonte de toda a verdadeira sabedoria, de toda a força e de autênticas riquezas, Aquele que poderia ter impedido a matança provocada pelos babilônios, contanto que os judeus se aproximassem Dele em humildade e arrependimento. Muitos convites de Yahweh tinham exortado Judá a arrepender-se, mas foram todos inúteis. Houvera disponível muita gentileza amorosa (no hebraico, hesedh, o famoso amor de Deus). Mas o réprobo povo de Judá preferiu a ruína. Em Deus há amor, gentileza, justiça e retidão, e nessas coisas YAHWEH se deleitava. Judá, entretanto, preferiu a horrenda combinação de idolatria-adultério-apostasia, o que significa que foram cortadas todas as graças divinas. Cf. estes versículos com Mq 6.8 e 7.18. Deus se deleita na misericórdia, mas o povo de Judá insistia nas chamas do julgamento. Se a sabedoria, a força ou as riquezas são a tua parte, Não te glories, mas sabe que não são realmente tuas. Somente um Deus, de quem todos os dons procedem, É sábio, é poderoso e é realmente rico. (Focilides, antigo poeta pagão) Cf. I Co 1.31 e II Co 10.17. Esses versículos ensinam que os homens colhem aquilo que semeiam, mas também que podem escolher aquilo que vão semear. Se fizerem um trabalho bom, encontrar-se-ão com o Deus amoroso, misericordioso e beneficente que haverá de abençoá-los. O direito de escolha é genuíno, porquanto, de outro modo, não haveria responsabilidade moral. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3017.]

3. Atitudes a serem evitadas. “Onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (v.16). Aqui o autor da epístola descreve o resultado de uma “sabedoria” soberba e terrena. Classificando tal sabedoria, Tiago utiliza dois termos fortíssimos, afirmando que ela é “animal” e “diabólica”. Animal, porque é acompanhada por emoções oriundas de um instinto natural, primitivo, irracional e carnal, sendo por isso destituída de qualquer preocupação espiritual. Diabólica, porque o nosso adversário inspira pessoas a transbordarem desejos que em nada se assemelham aos que são oriundos do fruto do Espírito, antes, são sentimentos egoísticos, que se identificam com as obras da carne (2Tm 4.1-3; Gl 5.19-21). Atitudes que trazem contenda, facções, divisão, gritarias e irritabilidade devem ser evitadas em nossa família, em nossa igreja ou em quaisquer lugares onde nos relacionarmos com o outro. O Senhor nos chamou para paz e não para confusão. Vivamos, pois uma vida cristã sábia e em paz com Deus! [Comentário: Tiago, no versículo 14, fornece uma lista das “obras” características da ausência da mansidão. 1) Inveja {zelos, e no v. 16) amarga é o contrário da mansidão. E verdade que “zelo” pode ser um termo positivo (Rm 10.2; 2Co 7.7,11; 9.2), mas, em outros textos, claramente se refere à inveja (Rm 13.13; 2Co 12.20 e G1 5.2). Como um dos pecados capitais, Richard Gordon observou: “Os ressentidos, aqueles homens com câncer na psique, tornam-se os grandes assassinos”. “Não há muitas pessoas capazes de reprimir o segredo da satisfação com o infortúnio de seus amigos” (La Rochefoucauld, citado por Os Guiness, op. cit., p. 76). Lucas explica que a raiva do sumo sacerdote e dos saduceus no Sinédrio, que provocara a prisão dos apóstolos, brotou da inveja (At 5.17; cf. 13.45). Foram a inveja e as contendas que levaram a igreja de Corinto a rachar em quatro partidos (ICo 3.3). Foi esse pecado que corroeu o coração de Saul. Após Davi vencer Golias, as mulheres cantavam e dançavam, dizendo: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares”. Saul ficou muito irritado e aborrecido. Daí em diante, Saul olhava com inveja para Davi (ISm 18.7). Tiago descreve a inveja como amarga (pikria, “amarga”, “áspera”), no sentido de zelo fanático na promoção de uma causa. Não dá abertura para outro irmão apresentar seu ponto de vista, mas discute com veemência que a posição dele é a única que deve ser considerada. 2) Ambição egoísta (erithian), junto com a inveja amarga, é incluída por Tiago. Essa ambição carrega o sentido de utilizar meios indignos e divisores para promover interesses próprios. Paulo usa essa palavra em Romanos 2.8 para descrever o egoísmo daqueles que “rejeitam a verdade e seguem a injustiça”. Paulo temia que chegando em Corinto encontraria “brigas, invejas, manifestações de ira, divisões [eritheiai], calúnias, intrigas, arrogância e desordem” (2Co 2.20). Se tais atitudes e hostilidade mútua podiam aparecer na igreja de Corinto, também poderiam surgir nas igrejas para as quais Tiago destinou essa carta. Poderão despontar na nossa igreja! Daí a advertência contra o perigo de se tornar um canal para ação demoníaca (v. 15). 3) “Não se gloriem disso” (v. 14). Jactar-se e orgulhar-se por causa das divisões na igreja, parece completamente incoerente. Possivelmente, alguém concordava com Paulo: “Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados” (ICo 11.19). Mas a jactância que Tiago tem em mente, sem sombra de dúvidas, não tem nada de positivo. Nesse contexto, gloriar-se da ambição egoísta nega a verdade que se prega. Somente amando-se uns aos outros como Cristo os amou é que todos saberão que vocês são discípulos dele (Jo 13.34,35). Além disso, sabedoria que não tem sua origem na revelação bíblica, que se expressa em inveja amarga e ambição egoísta, que tem sua origem na natureza caída humana, combate a verdade do evangelho. Na oferta da salvação a todos que creem, DEUS oferece dignidade e aceitação. As atitudes egoístas separam e excluem. Endurecem as opiniões que podem ser falsas e nocivas. Por isso, Tiago, “o justo”, exorta seus leitores para que demonstrem sabedoria com mansidão. “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males” (v. 16). Confusão (gr. Akatastasia) significa desordem e transtorno. O sentido se aproxima daquele de nossa palavra “anarquia”. Para a igreja de Corinto, Paulo escreveu: “Mas tudo deve ser feito com decência e ordem”. A confusão em Corinto foi fomentada pela ambição egoísta e pela politicagem partidária. A igreja não se submetia à liderança de sua Cabeça. Acontece hoje também, motivo pelo qual a Palavra de Deus condena a “confusão e toda espécie de males”. A palavra “males” (phaulos, vil, ruim e corrupto) caracteriza práticas e atitudes que reconhecidamente carecem de humildade e do amor ágape. Quando Cristo não reina no coração, todo tipo de podridão floresce (veja Mc 7.21,22). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)

O valor da verdadeira sabedoria reflete a humildade; a arrogância, o orgulho, a soberba e a altivez à sabedoria terrena e diabólica.


CONCLUSÃO

Após estudarmos o tema “sabedoria humilde” é impossível ao crente admitir a possibilidade de vivermos a vida cristã em qualquer esfera humana sem depender da sabedoria do alto. A sabedoria divina não só garante a saúde espiritual entre os irmãos, mas da mesma maneira, a emocional e psíquica. Ela estabelece parâmetros para o convívio social sadio ao mesmo tempo em que nos previne para que não caiamos nos escândalos e pecados que entristecem o Espírito Santo. Ouçamos o conselho de Deus. Que possamos viver de forma sóbria, justa e piamente (Tt 2.12). [Comentário: Como poderemos conhecer uma pessoa sábia? Uma pessoa sábia é sempre uma pessoa humilde. Aquele que proclama as suas próprias virtudes carece de sabedoria. Como poderemos identificar uma pessoa que não tem sabedoria? Suas palavras e atitudes provocarão inveja, rivalidades, divisão, guerras. A vida cristã é uma semeadura e uma colheita. Nós colhemos o que semeamos. O sábio semeia justiça e não pecado. Ele semeia paz e não guerra. O que nós somos, nós vivemos e o que nós vivemos, nós semeamos. O que nós semeamos determina o que nós colhemos. Temos que semear a paz e não problemas no meio da família de Deus. Ló seguiu a sabedoria do mundo e trouxe problema para a sua família. Deus dá a sabedoria para aqueles que o pedem como fez para com Salomão. A sabedoria divina é pura, é pacifica, é cheia de misericórdia e principalmente imparcial. A sabedoria que é um dom de Deus (1.5) reflete a pureza do próprio Deus. Mais uma vez, a sabedoria é ligada à piedade, porque o próprio Deus é a origem e fonte da verdadeira sabedoria.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa