SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
A Teologia da Prosperidade, que prefiro denominar de Teologia da
Ganância, faz opção pelos ricos, assumindo que os que não têm riquezas são
amaldiçoados. A Teologia da Libertação, em outro extremo, defende que Deus fez
opção pelos pobres, em detrimento dos ricos. Na lição de hoje estudaremos a
respeito desse complexo assunto, e pouco compreendido no contexto evangélico.
Mostraremos, inicialmente, a importância de ser gerado pela Palavra da verdade,
para se posicionar a respeito do assunto, em seguida, mostraremos o que a
Bíblia revela a respeito de ricos e pobres, ressaltando os ensinamentos de
Tiago.
1. POBRES E RICOS NA PALAVRA DA VERDADE
Não podemos desconsiderar que a Bíblia diz muito sobre ricos e pobres.
As palavras de Jesus, ao longo dos Evangelhos, ressalta a importância de
considerar os necessitados (Mt. 25.40). Mas nem sempre a igreja evangélica
atenta para essa relevante verdade, argumentando que nem só de pão vive o homem
(Mt. 4.4). Essa também é uma verdade, mas isso não deve servir de justificativa
para o descaso quanto aos que carecem de auxílio na igreja. Desde o Antigo
Pacto Deus demonstrou interesse por aqueles que passavam fome (Lv. 19.9,10). A
cultura do desperdício, incentivada pelo mercado, foi condenada por Jesus, que
se preocupou em alimentar uma multidão faminta (M6t. 6.34-44). Existem pessoas
que passam fome, e se encontram em condição de pobreza extrema, por causa da
inveja e partidarismos, não porque não queiram trabalhar (I Co. 12.19-26). É
importante fazer esse destaque porque há crentes que para não se envolverem com
os pobres preferem culpá-los pela situação na qual se encontram. As
generalizações precisam ser avaliadas, principalmente quando se trata daqueles que
se encontram em condição de vulnerabilidade. Não podemos deixar de considerar
que vivemos em uma sociedade desigual, que predomina a corrupção e que impera
os interesses econômicos. O autor de Provérbios já antecipava as implicações de
uma nação que não vive a partir de uma ética cristã (Pv. 17.23-26).
Evidentemente a pobreza pode ser resultado de uma vida desregrada, controlada
pelos vícios, como também mostra o escritor de Provérbios (Pv. 23.29-35). Mas
nem sempre, pois o pagamento injusto dos salários pode ser uma das causas da
pobreza, em virtude da ganância que se propaga na sociedade, percebemos que as
pessoas trabalham cada vez mais, para ganharem cada vez menos (Lv. 19.13). O
dinheiro se tornou um deus para o homem do presente século, verdade já revelada
por Jesus ao relacioná-lo a Mamom (Mt. 6.24). Ao invés de entesourarem no céu,
o ser humano moderno quer cada vez mais, sem se preocupar com aqueles que nada
têm (Mt. 6.19-21). A política dos homens é estruturada para retirar os
benefícios dos mais pobres, causando dependência e humilhação. Somente quando a
cidade celestial vier, teremos um governo no qual o direito dos mais pobres
será respeitado (Ap. 21.3-7). Aqueles que se aproveitam dos necessitados serão
julgados pelo Senhor, principalmente os que controlam as leis injustamente para
tirar vantagens pessoais (Is. 10.1,2).
2. POBRES E RICOS NA EPÍSTOLA DE TIAGO
A Epístola de Tiago, em consonância com a revelação geral das
Escrituras, denuncia veementemente aqueles que enriquecem, aproveitando-se da
situação de extrema pobreza. A pobreza, de acordo com esse apóstolo, acontece:
1) por causa de mecanismos legais, que suprime o direito daqueles que se
endividaram (Tg. 2.1-12); 2) a cultura da ganância, que prima pela ostentação
(Tg. 4.-13-17); e 3) mecanismos de opressão, através da retenção dos salários
dos mais pobres (Tg. 5.4). Tiago reconhece que vivemos em um mundo caído, que
faz com que as pessoas queiram oprimir umas as outras (Tg. 1.18,21; 4.6;
5.19,20). É um problema, como admoesta Paulo, colocar a confiança nas riquezas,
principalmente porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm.
6.10). A Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, não censura a riqueza,
contanto que essa seja adquirida honestamente (Sl. 112; Pv. 10.4). Mas Tiago
admoesta quanto ao ajuntamento de riqueza ilícita, que acarretará em juízo de
Deus, além disso a ostentação trará ruína (Tg. 5.1). Isso acontece porque
existem ricos que se entregam ao luxo retendo o salário dos trabalhadores, de
forma corrupta e fraudulenta (Tg. 5.4). O autor dos Provérbios adverte àqueles
que enriquecem roubando os pobres (Pv. 22.16,22), contrariando a ordenança de
Deus dada através de Moisés (Lv. 19.13; Dt. 24.14,15). O estilo de vida
regalado dos ricos, bastante comum na sociedade contemporânea, incentivado pelo
consumismo desenfreado, corrompe até mesmo as autoridades constituídas (Tg.
5.6). A política no Brasil reflete essa realidade, os eleitores escolhem seus
candidatos, mas esses, ao se elegerem, governam para os ricos, sacrificando os
pobres. No Antigo Pacto Amós denunciava aqueles que compravam as sentenças
contra os pobres por dinheiro, condenando e matando os justos (Am. 2.6;
5.12,13). Deus advertiu aos juízes para não serem gananciosos (Ex. 18.21), nem
parciais (Lv. 19.15), nem tolerarem o perjúrio (Dt. 19.16-19). A prática do
suborno, às vezes normatizada pelo costume, foi condenada pelo Senhor (Is.
33.15; Mq. 3.11; 7.3). Existem pessoas que morrem nos hospitais por falta de
assistência básica, enquanto isso o dinheiro que deveria ser aplicado na saúde
escoa para os cofres dos ricos, para satisfazerem sua luxúria (Tg. 5.5).
3. POBRES E RICOS GERADOS PELA PALAVRA
Não é pecado em si ser rico, Paulo reconhece que esses podem ser
crentes, mas que não podem ser altivos, nem devem por sua esperança nas
riquezas, antes em Deus, que nos concede abundantemente (I Tm. 6.17). Os ricos
que são gerados pela palavra de Deus, não colocam o coração nas propriedades
terrenas, sabem que nada trouxeram para este mundo, e que nada também levarão
(I Tm. 6.7). Eles não fazem como o rico insensato da parábola contada por
Jesus, que se ufanou de tudo o que havia adquirido na terra, sem atentar para
seu fim iminente (Lc. 12.20). O salmista advertiu os ricos da sua época para
que se suas riquezas aumentassem, não colocassem nelas o coração (Sl. 62.10). O
maior capital de um cristão, independentemente da sua posição socioeconômica, é
a piedade com contentamento, essa é grande fonte de lucro (I Tm. 6.6). Fazendo
assim, o cristão cresce na Palavra de Deus, mais que isso, é gerado por ela
(Tg. 1.18). O secularismo está solapando muitos cristãos, isso porque eles são
incapazes de fazerem a distinção entre o certo e o errado (Is. 5.20). Deus está
advertindo esta geração para que se volte para Sua palavra (Tg. 1.21).
Precisamos de uma igreja saudável, fundamentada na Palavra, para evitar o
superficialismo. Há igrejas que não têm mais tempo para a exposição do texto
bíblico. Os cultos estão sendo transformados em “programas de auditório”, isso
porque os “pastores” não querem perder os seus “fiéis”. É preciso também que os
ouvintes sejam praticantes da Palavra (Tg. 1.22-25). A falta de compromisso de
alguns evangélicos é preocupante, não são poucos os que frequentam a igreja,
mas não vivem o que propõe o evangelho. Esses não se espelham na Palavra de
Deus, ou seja, não fazem autoexame, findarão condenados com o mundo (I Co.
11.31,32). Bem-aventurados são aqueles que ouvem e praticam a Palavra de Deus,
esses serão bem sucedidos em tudo que fizerem (Js. 1.6-8).
CONCLUSÃO
Careceremos de uma geração de cristãos que se fundamentem na Palavra de
Deus. Esses não se deixarão conduzir pelos ditames deste mundo relativista, que
transforma o errado em certo, o amargo em doce. Os valores desta sociedade
estão deturpados, por isso a igreja precisa adotar um posicionamento profético,
para denunciar o pecado, não apenas os morais, também os sociais. Não podemos
fechar os olhos em relação à corrupção que resulta em pobreza extrema. Devemos
ensinar que aqueles que roubam, inclusive os cofres públicos, devem abandonar
essa prática, e trabalhar justamente, exercitando a generosidade (Ef. 4.28).
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos estudar acerca da qualidade relacional da igreja
nos diversos níveis de interação entre pessoas geradas pela Palavra. Veremos a
Epístola de Tiago apontando as distorções sociais que podem existir em um
ambiente eclesiástico ou de convivência entre irmãos. A nossa perspectiva é a
de que possamos nos relacionar com o outro independente da sua condição
econômica e social. Ligados, sobretudo, pelo Evangelho. [Comentário: No seio da igreja local
encontramos uma amostra social com todos os desníveis encontrados na sociedade
secular, pobres e ricos, baixa escolaridade e formação acadêmica. Qual o
contexto social em que a sua igreja local está localizada? Trata-se de uma
cidade nobre? Ou da periferia? Quem são os seus alunos? Como se dá a relação
social entre os seus alunos? O professor não pode planejar essa lição sem antes
fazer estas perguntas e respondê-las com sinceridade. Tanto o pobre como o rico
são exortados para gloriar-se em suas circunstâncias. O irmão pobre é rico em
tesouros espirituais. Ele tem um status privilegiado no reino de Deus. Se o
termo “rico” se refere aos cristãos abastados, Tiago entende que eles também
podem alegrar-se no fato de terem discernido onde o verdadeiro tesouro se
encontra. Se “rico” se refere aos ímpios, a referencia à sua glória é irônica.
O tema da lição de hoje é urgente, desde que, na igreja local, a diferença
entre pobres e ricos deve ser atenuada pelo exemplo daquela igreja de Atos
4.35!] Tenhamos todos uma excelente e
abençoada aula!
I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E
OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século. Do ponto de vista
social, a pobreza exclui o ser humano dos direitos básicos necessários à sua
subsistência. Não é difícil reconhecer que a Igreja do primeiro século era
constituída por duas classes sociais: a dos pobres e a dos ricos, tendo
evidentemente mais pobres em sua composição. Uma vez que não podemos fazer
acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11), os pobres daquela época, que foram
gerados pela Palavra e inseridos no corpo de Cristo — a Igreja — tinham motivos
de alegrar-se no Senhor, pois além do novo nascimento, eles eram acolhidos pela
igreja local (Gl 2.10). [Comentário: A
Igreja primitiva era composta em sua maioria por pessoas pobres, não obstante
alguns possuírem bens, a exemplo de Barnabé, que vendeu uma propriedade e
entregou o valor aos apóstolos para ser repartido com a comunidade (At
4.36,37). Uma correta posição diante de Deus não tem base em motivos étnicos, e
nem quaisquer distinções autogeradas entre a humanidade (Rm 9.6-13; Gl 6.15). O
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal comentando o texto de Gl 2.10,
traz o seguinte: “Muito esforço seria necessário para promover a unidade no
nível das raízes entre os cristãos de origem judaica e os gentios. Os apóstolos
perceberam que uma maneira imediata e prática de transpor esta possível brecha
seria lembrarem-se de ajudar aos pobres. Paulo assegurou que pretendia fazer
isto com diligência. Ele nunca se esqueceu desta ideia. Ele continuava ansioso
por ajudar os crentes pobres de Jerusalém. Nas suas viagens missionárias
(especialmente na terceira), Paulo arrecadou fundos para ajudar os crentes de
origem judaica que eram pobres e que viviam em Jerusalém (veja At 24.17; Rm
15.25-28; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8-9)”. Comentário do Novo Testamento Aplicação
Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 268-269. Russell Norman Champlin
também comenta este texto e afirma o seguinte: “De conformidade com a doutrina
farisaica, as três grandes colunas sobre as quais se apoia o mundo espiritual,
seriam as esmolas, o serviço no templo e o estudo da Torah. As condições econômicas
da época, em muitas comunidades judaicas, mas sobretudo em Jerusalém, tornavam
a prática das esmolas extremamente importante. Jerusalém parece ter sido sempre
uma parasita econômica, dependente das rendas do templo, que vinham de outras
regiões de Israel e até mesmo de países estrangeiros. Com base nos fundos dos
tesouros do templo de Jerusalém e das milhares de sinagogas é que eram
sustentadas as viúvas e outros pobres, sendo dali também tirados fundos para
ajudar aos desempregados. Ao mesmo tempo, entretanto, líderes gananciosos se
enriqueciam mediante o uso pessoal dos fundos destinados à comunidade. Estêvão
selou a sua condenação ao indicar, em seu sermão, que o templo de Jerusalém
estava obsoleto, e não era mais essencial para a verdadeira adoração. Ao menos
por razões financeiras, discursos dessa natureza não poderiam mesmo ser
tolerados entre os judeus antigos. (Ver Atos 7:49 e ss.). Falando sobre
dinheiro, ninguém deseja contribuir, hoje em dia, para a manutenção do
ministério e para a ereção de escolas. Mas quando se trata do estabelecimento
da idolatria e da adoração falsa, nenhum custo é poupado. A verdadeira religião
sempre padecerá da falta de fundos suficientes, ao passo que as religiões
falsas são sustentadas pelas riquezas materiais». (Martinho Lutero, in loc.).
«...dos pobres...» Estes deveriam ser relembrados e servidos. Provavelmente
apelaram a Paulo, para que os ajudasse, e a coleta foi feita, pelo menos em
parte, como resposta a esse apelo. Naturalmente que isso não foi apresentado como
«condição» para a aceitação de Paulo por parte dos demais apóstolos; antes, foi
a única coisa que veio a ser solicitada dele, no tocante a quaisquer sugestões
adicionais que os apóstolos tinham a respeito dos labores de Paulo. Os
«pobres», em geral, devem ser incluídos nessa ideia, ainda que parece ter
havido uma preocupação especial como os pobres de Jerusalém e das cercanias”. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 4. pag. 454.]
2. Os ricos na Igreja Antiga. Por vezes, os ricos são identificados na
Bíblia como judeus proprietários de muitos bens e que negligenciavam as
obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição (Lv 19.10;
23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1Tm 6.9,17-19). Por cuja razão,
e pelas suas atitudes, eles eram frequentemente repreendidos pelas Escrituras
(Am 3.10; Pv 11.28; 1Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a
tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e a postura de
senhores poderosos, que pensam poder comprar as pessoas a qualquer preço. As
Escrituras são claras em afirmar que o Reino de Deus não pode ser comprado por
dinheiro algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-se um
filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode encontrar maior
dificuldade para desprender-se de suas riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É
imprescindível que os mais abastados compreendam que após entregarem-se a
Cristo, obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres submetem-se. Aqui,
torna-se ainda mais clara a verdade bíblica: para Deus não há acepção de
pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11). [Comentário:
Lucas 18.25-26 nos apresenta um caso que levou Jesus a fornecer aos seus
discípulos um ensinamento sobre o perigo da riqueza. Ficou evidente que um
homem de posses encontra dificuldade para entrar no reino de Deus por ter o
coração preso à propriedade terrena. Esta situação foi esclarecida com o Senhor
acrescentando ao que foi dito um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe
pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reinado de Deus.” O rico é
tentado a confiar nas coisas terrenas, como são tentados aqueles cuja riqueza é
a realização intelectual ou artística, ou em outros campos. Grandes
realizadores frequentemente Têm dificuldade em confiar inteiramente na
misericórdia de Deus. Neste caso, se o rico, com todas as suas vantagens, não
pode facilmente ser salvo, quem poderá? A declaração do Senhor ensinou os
ouvintes a lançar um olhar sincero para seu próprio coração. Consternados eles
perguntam quem, então, poderá ser salvo? A salvação, para o rico ou pobre, é
sempre um dom de Deus (Ef 2.18). Não obstante, tornar-se bem-aventurado, ser
salvo, algo impossível a partir do ser humano, pode ser viabilizado por Deus.
Nenhuma pessoa é capaz de transformar seu coração por força própria, para não
se apegar mais às coisas terrenas. A onipotência da graça de Deus, porém,
consegue renovar o coração, para que abra mão de tudo o que é terreno por causa
do reino de Deus, para que busque, ao invés de bens terrenos, o tesouro
celestial. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal traz o seguinte
acerca do texto de Tiago 1.11: “Tiago descreveu um acontecimento comum no
Oriente Médio. A manhã é frequentemente recebida por flores coloridas do
deserto, que se abrem após o frio da noite. A sua morte é repentina com o ardor
do sol. Este murchar e morrer, no caso das pessoas ricas, é tão repentino
quanto a morte das flores silvestres. A morte sempre se intromete. A vida é
incerta. O desastre é possível a qualquer momento. O pobre deve ficar feliz
porque as riquezas não significam nada para Deus; caso contrário, as pessoas
pobres seriam consideradas sem valor. O rico deve ficar feliz porque a
prosperidade não significa nada para Deus, porque a prosperidade é facilmente
perdida. Nós encontramos a verdadeira riqueza quando desenvolvemos a nossa vida
espiritual, e não os bens materiais. Tiago inicia a sua carta certificando-se
de que os crentes, tanto os pobres como os ricos, se vejam sob a mesma luz
diante de Deus (veja Gl 3.28; Cl 3.11). Tiago convoca os seus leitores a
encontrarem esperança nas promessas eternas de Deus.” Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 665.]
3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais. A igreja local deve
receber a todos no espírito do Evangelho, isto é, como membros da família de
Deus, pois através da salvação em Cristo, independentemente da condição social,
todos têm a Deus como Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc 8.21). Somos
coerdeiros, juntamente com Cristo, de uma herança eterna (1Pe 1.4),
pertencentes à santa família de Deus (Ef 2.19) e cidadãos de um reino imutável
(Hb 12.28). Na família de Deus há lugar para todo ser humano justificado por
Cristo. Portanto, o irmão pobre e o irmão rico não devem se envergonhar de suas
condições sociais. Se o Evangelho alcançou seus corações, o rico saberá
biblicamente o que fazer com a sua riqueza. E o pobre, de igual forma, como
viverá sua pobreza. O importante é que Cristo em tudo seja exaltado! [Comentário: Para os judeus, o fato de
serem descendentes de Abrão já os tornava filhos de Deus, mas para Paulo, o
termo “filhos de Deus” tem um novo significado. Os verdadeiros filhos de Deus
são aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus como ficou provado no seu
estilo de vida. Os crentes não têm apenas o Espírito (Rm 8.9), eles também são
guiados por Ele. Em Romanos 8.14, O “...espírito de adoção...” é outro
privilégio daqueles que estão em Cristo Jesus. Todos os que são de Cristo são
assumidos na relação de filhos de Deus. Comentando Efésios 2.19, o Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal escreve: “Os gentios não são mais
estrangeiros nem forasteiros. Estas palavras descrevem pessoas que vivem em um
país que não é o seu, sem qualquer dos direitos de cidadania daquele país. Os
gentios eram “estrangeiros” em relação aos judeus, bem como a qualquer
esperança (sem Cristo) de um relacionamento com Deus (2.12). Esta era a sua
antiga posição. Por causa de Cristo, entretanto, os gentios tornaram-se
cidadãos, com todos aqueles que haviam sido chamados para serem os concidadãos
dos Santos. Os judeus e os gentios que depositam a sua fé em Jesus Cristo como
seu Salvador tornam-se membros da família de Deus”. Comentário do Novo
Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 328. O Rev.
Hernandes Dias Lopes, pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de
Vitória-ES, defende em seu livro “Efésios Igreja, a noiva gloriosa de Cristo, o
seguinte: “Em primeiro lugar Paulo fala sobre uma nação (2.19a). “Assim, não
sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos
santos.” Israel era a nação escolhida de Deus, mas eles rejeitaram seu redentor
e sofreram as consequências disso. O reino foi tirado deles e dado a outra
nação (Mt 21.43). Essa outra nação é a igreja (I Pe 2.9). No Antigo Testamento,
as nações foram formadas pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. No livro de
Atos, vemos essas três famílias unidas em Cristo. Em Atos 8, um descendente de
Cam é salvo, o ministro da fazenda da Etiópia. Em Atos 9, um descendente de Sem
é salvo no caminho de Damasco, Saulo de Tarso, o qual se tornou o apóstolo
Paulo. Em Atos 10, um descendente de Jafé é salvo, Cornélio. O pecado dividiu a
humanidade, mas Cristo faz dela uma nova nação. Todos os crentes das diferentes
nacionalidades formam a nação santa que é a igreja. Francis Foulkes diz que em
relação ao povo da aliança de Deus, os gentios eram xenoi e paraikos,
“estrangeiros” e “imigrantes”, isto é, pessoas que, ainda que vivessem no mesmo
país, tinham, contudo, os mais superficiais direitos de cidadania. Essa era a
situação anterior, mas, de agora em diante, já não o é. Nas palavras do
apóstolo, agora são “concidadãos dos santos”. Em segundo lugar, Paulo fala
sobre uma família (2.19b). “[...] e membros da família de Deus.” Pela fé,
entramos para a família de Deus, e Deus tornou-se nosso Pai. Essa família está
no céu e também na terra (3.15). Os crentes vivos na terra e os crentes que
dormem em Cristo no céu; não importa a nacionalidade, somos todos irmãos,
membros da mesma família. Não deve haver mais barreira racial, cultural,
linguística nem econômica. Somos um em Cristo. Temos o mesmo Espírito. Fomos
salvos pelo mesmo sangue. Temos o mesmo Pai. Somos herdeiros da mesma herança.
Moraremos juntos no mesmo lar”. LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, a
noiva gloriosa de CRISTO. Editora Hagnos. pag. 67-68.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Na igreja do primeiro século, pobres e ricos eram
acolhidos em amor.
II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg
1.16,17)
1. Não erreis (v.16). Com essa advertência o meio-irmão do Senhor
não está afirmando a doutrina da “santidade plena” ou perfeccionista: a de que
o homem, uma vez remido, não mais pecará. Tal palavra tem como propósito conclamar
o crente a não dar ouvidos à “voz” da concupiscência carnal. Recapitulando a
mensagem dos versículos 12 a 15, que tratam do tema da tentação, os versículos
9 a 11 formam uma introdução ao tema da tentação, ao passo o que versículo 16 é
uma advertência para os crentes não se curvarem aos desejos imorais e infames
do mundo, pois Deus é a fonte de tudo o que é bom. Logo, não podemos dar
crédito àquilo que é mau. [Comentário: Não vos enganeis a respeito do quê?
Seria o parágrafo anterior encerrado por este versículo, e teria relação com
alguma crença segundo a qual a pessoa poderia lançar a culpa sobre Deus, ou
abrigar a concupiscência, ou o pecado, sem que sobreviessem as más
consequências? Ou será que esse versículo se refere ao engano sobre de onde vêm
as provações (Tg 1.13)? Ou será que esse versículo é cabeçalho do parágrafo
seguinte, referindo-se à falha em perceber que Deus nos dá o bem e nos traz
salvação? Estruturalmente, a terceira opção é a preferível, porquanto o termo
que designa os destinatários da carta, meus amados irmãos normalmente introduz
um novo parágrafo. O perigo por trás do aviso de Tiago para que não nos
enganemos/erremos é a tentação de crer que Deus não se importa, ou que não nos
ajudará, ou até mesmo que possa estar trabalhando contra nós. A imagem não é
agradável. Se chegarmos a crer que estamos sozinhos, é porque fomos enganados
ou erramos. Se perdermos a confiança em Deus, significa que fomos enganados. Se
ousarmos acusar a Deus de ser o tentador, estaremos terrivelmente enganados.]
2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus. Um dom de Deus, como a sabedoria que torna
uma pessoa espiritualmente madura (v.4), não pode ser recebido pelo crente
através de esforço humano. Quem o distribui é Deus. Este dom é fruto da graça
do Pai para nós. Num tempo onde o ascetismo religioso tende a tirar o foco da
glória de Deus e da sua benignidade, tornando o ser humano “digno” do céu,
precisamos lembrar que a nossa vida espiritual não depende de disciplinas
humanas para receber dádivas de Deus. Depende de um relacionamento livre,
espontâneo e sincero com o Pai das Luzes mediante o seu Filho, Jesus Cristo, e
na força do Espírito Santo. [Comentário: Tiago afirma que a origem de todo bem
está em Deus. Ele declara expressamente que o Pai celestial é a fonte de todo
bem verdadeiro; e mais: ao se referir a Deus como o “Pai das luzes”, Tiago está
enfatizando que nEle não há dúvida de que muitas das crises espirituais que
muitos cristãos têm vivenciado nos dias de hoje está relacionada à sua má
compreensão de Deus. Como pai das luzes”, Tiago está enfatizando que nEle não
há trevas, isto é, não há fingimento, falsidade, maldade, mentira, erro,
imperfeição. E Ele não muda: nEle, “não há mudança, nem sombra de variação”.
Como o próprio Deus afirma através da instrumentalidade do profeta Malaquias:
“Eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3.6). Ou seja, Deus é e continuará sendo a Fonte
de todo bem.]
3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das Luzes. Ao escrever que “toda
boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto”, Tiago declara que apenas as boas
virtudes vêm de Deus. Não há sombra de variação no Pai das Luzes, isto é, nEle
não há momentos de trevas e outros de luzes. Só há luz. Ele não muda e é bom!
Não faz o mal aos seus filhos (Lc 11.11-13). Infelizmente, muitos têm uma visão
turva de Deus como se Ele fosse um carrasco pronto a castigar-nos na primeira
oportunidade. Não devemos falar sobre o Pai desta maneira, lembremo-nos do
ensinamento joanino que fala sobre sermos defendidos e advogados por Jesus, o
Filho de Deus (1Jo 2.1,2). [Comentário: Em Lucas 11.11-13 Jesus explicou que os
seus seguidores podem confiar que Deus atenderá as suas orações. Se nem os
seres humanos que são maus pensam em dar a uma criança uma serpente em lugar de
um peixe, ou um escorpião em lugar de um ovo, então quanto mais um Deus santo
irá reconhecer e atender os pedidos dos cristãos? Com estas palavras, Jesus
revelou o coração de Deus Pai. Deus não é egoísta, invejoso ou mesquinho; seus
seguidores não precisam implorar nem humilhar-se quando vêm com seus pedidos.
Ele é um Pai amoroso que entende, cuida, conforta e voluntariamente dará o
Espírito Santo àqueles que lho pedirem. Como o Espírito Santo é a maior dádiva
de Deus e Ele não se recusará a dá-la a quem a pedir, os crentes também podem contar
com a provisão de Deus para todas as suas necessidades menores. Como o Pai
celestial é perfeito trata bem os seus filhos! O presente mais importante que
Ele poderia dar é o Espírito Santo (At 2.1-4), que Ele prometeu dar a todos os
crentes depois da sua morte, ressurreição, e volta para o céu (Jo 15.26). Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 399.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Tudo o que é bom vem de Deus, pois nEle não há
momento de bondade e maldade. Ele é sempre bom!
III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS
CRIATURAS (Tg 1.18)
1. Algo que somente Deus faz. A regeneração é um milagre proveniente do Pai
das Luzes, segundo a sua vontade (v.17). Foi Ele que nos gerou pela Palavra da
Verdade. Ser gerado de novo é uma ação realizada exclusivamente pelo Pai das
Luzes através do Santo Espírito. Ele limpa o homem dos seus pecados (Is 1.18),
dando-lhe perdão e implantando-lhe um novo caráter. Aqui, acontece o que o
nosso Senhor falou aos seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo
14.23). O Pai é a fonte de nossa vida espiritual (Jo 1.12,13). [Comentário: “Vinde então, e argui-me,
diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão
brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão
como a branca lã”( Is 1.18). Este é um dos mais citados versículos de Isaías, o
clamor apaixonado de reforma no qual YAHWEH deixou de lado, por um minuto, Suas
terríveis ameaças e convidou homens humildes a raciocinar com Ele. A ideia do
versículo é a correção através de um discussão arrazoada na qual a verdadeira
natureza das coisas é exposta, e o desejo pela mudança é instilado. A
regeneração é algo que somente Deus faz. Salvação é uma ação concluída que tem
um efeito presente. Em suas primeiras cartas, Paulo geralmente refere-se à
salvação ou como um acontecimento futuro (Rm 5.9-10) ou como um processo
presente (1Co 1.18; 2 Co 2.15). A única exceção é Romanos 8.24, onde Paulo
refere-se à salvação como acontecida no passado, mas ainda por ser completada
no retorno de Cristo: “Porque, na esperança, fomos salvos”. Algo muito
importante no texto de Jo 14.23 - “...faremos nele morada...” e que deve nos
gerar temor e tremor é que como o Espírito Santo habita no crente, do mesmo
modo o fazem o Pai e o Filho (Rm 8.9-11; Ap 3.20)]
2. A Palavra da Verdade. Naqueles dias, parte da igreja estava
dispersa, sofrendo muitas tribulações. Para superá-las era preciso uma
inabalável convicção de que, apesar das lutas, ela não havia deixado de ser as
primícias do Senhor entre as criaturas. Por esse motivo, Tiago enfatiza a
expressão “Palavra da Verdade”. Fomos gerados e enxertados pela Palavra que
salva a nossa alma (v.21). Assim, a despeito de todas as circunstâncias
difíceis da vida, podemos aplicar essa verdade afirmando que somos filhos de
Deus, as primícias entre as criaturas do Senhor. [Comentário: Devemos rejeitar toda imundícia e acúmulo de
malícia. Segundo o texto grego, esta é uma ação definitiva. Por que devemos
fazer isto? O progresso na nossa vida espiritual não pode ocorrer a menos que
vejamos o pecado como ele é, deixemos de justificá-lo, e decidamos rejeitá-lo.
A imagem das palavras de Tiago aqui nos apresenta livrando-nos dos nossos maus
hábitos e atos como quem se despe de roupas sujas. Depois de “nos livrarmos”,
precisamos receber com mansidão a palavra de Deus, procurando viver de acordo
com ela, porque ela foi enxertada em nossos corações e se torna parte do nosso
ser. Deus nos ensina desde as profundezas das nossas almas, com o ensino do
Espírito e com o ensino de pessoas orientadas pelo Espírito. O solo no qual a
palavra é plantada deve ser acolhedor, para que ela possa crescer. Para tornar
o nosso solo acolhedor, precisamos desistir de quaisquer impurezas nas nossas
vidas. A Palavra de Deus torna-se uma parte permanente de nosso ser,
orientando-nos todos os dias. A palavra implantada é suficientemente forte para
poder salvar a nossa alma. Quando absorvemos as características ensinadas na
Palavra, estas se expressam no nosso modo de viver. As provações e as tentações
não podem nos derrotar se estivermos aplicando a verdade de Deus às nossas
vidas. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol
2. pag. 668]
3. O propósito de Deus. A salvação é a maior bênção de Deus para a
humanidade. O propósito divino não é primeiramente abençoar o crente com
bênçãos materiais, mas fazer dele primícias de suas criaturas: os salvos pela
graça mediante a fé (Ef 2.8). No Antigo Testamento, as primícias eram a
colheita do melhor fruto (Lv 23.10,11 cf. Êx 23.19; Dt 18.4). Ao referir-se às
primícias, Tiago dizia aos primeiros irmãos, notadamente judeus, que eles foram
escolhidos como primícias do Evangelho. Os primeiros de muitos outros que Deus
havia começado a colher. Alegre-se no Senhor! Você faz parte das primícias da
sua geração. Escolhido por Deus e nomeado por Ele para proclamar as virtudes do
Senhor neste mundo. [Comentário: “...ele
nos gerou...” literalmente “deu a luz” refere-se à graça da regeneração pela
qual fomos adotados na família de Deus (1Pe 1.23). Quando o autor menciona
"nós", a quem ele se refere? Aos leitores em geral ou aos cristãos?
Os comentaristas têm pontos de vista divergentes. A verdade é significativa em
qualquer um dos casos. Se entendermos "nós" como que significando
homens criados à imagem de Deus, o significado é claro. Deus nos fez da maneira
que somos — segundo a sua vontade. A razão para nossa liberdade, provas,
perplexidades e problemas morais envolvendo escolha é que deveríamos ser
semelhantes a Ele — como primícias das suas criaturas. Ele nos criou com
liberdade para escolher o mal ou com liberdade para escolher o bem para que fôssemos
em certo sentido os criadores do nosso próprio espírito, a glória coroada da
sua palavra criativa (cf. Hb 11.3). Podemos, no entanto, com sólidas evidências
exegéticas entender "nós" como que referindo-se à Igreja cristã.
Robertson coloca o seguinte título para esse versículo: “O Novo Nascimento”.
Deus, que é nosso Pai por meio da criação, é também nosso Pai por meio da
redenção. Homens redimidos do pecado são a glória coroada dos propósitos de
Deus para a vida humana — “os primeiros espécimes da sua nova criação”
(Phillips). A palavra da verdade é a verdade do evangelho. Knowling vai mais
adiante e afirma: “Não podemos esquecer que o nosso Senhor (Jo 17.17-19) fala
da ‘palavra’ que é verdade, por meio da qual os discípulos devem ser
santificados”. O propósito final de Deus é conduzir-nos à vitória por meio dos
nossos testes para tornar-nos semelhantes a Ele em santidade e amor. A. F.
Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 160-161..
Comentando Tiago 1.18, Russell Norman Champlin·escreve o seguinte:
“...primícias...» Um filho primogênito tinha privilégios superiores: tinha o
lugar de precedência na família, exercia autoridade sobre seus irmãos mais
novos, recebia uma bênção especial de seu pai, recebia a autoridade paterna, recebia
dupla porção na herança, era tratado especialmente por seus pais, para que não
fosse alienado. (Dt 15.16). Em sentido espiritual, Cristo é o primogênito acima
de todos. Nele, os crentes chegam a participar de seus poderes e privilégios
espirituais. Porém, na qualidade de primogênitos, eles também são primícias.
São a melhor porção da colheita, dedicada a Deus, como o eram as primícias no
antigo Israel. Deus era honrado com o oferecimento de suas vidas; a oferta dos
primogênitos consagrou a humanidade inteira, mostrando que todos os homens, se
o quiserem, podem participar de idênticos benefícios (ver Rm 11.16). (Ver
também Ap 14.4. onde a igreja é chamada de primícias.). Em 1Co 15.20,23 o
próprio Cristo recebe esse titulo, o que indica que ele ocupa o primeiro lugar
em uma imensa companhia, que será levada à vida eterna e à ressurreição. (Ver
Jr 2.3; 2Ts 2.13). “...das suas criaturas...” Deus possui uma vasta criação: e
todos os seres inteligentes da mesma são passíveis de redenção: e esse é o
plano divino relativo a eles. Ele mostra o que pode fazer pelos mesmos, através
do que tem feito à igreja. A igreja, pois, é o modelo da redenção divina. Na
antiga nação de Israel, as «primícias» de todas as coisas vivas, homens, gado,
cereal, etc.. eram consagradas ao Senhor. Essa consagração de tudo santificava
a nação inteira, tornando-a apta para ser usada por Deus (ver Ro 11.16). Assim
também, no plano espiritual, o fato que Deus separou as primícias mostra-nos
que, eventualmente, tudo se beneficiará da expiação e da vida ressurreta de
Cristo. O produto da terra era de tipo mui diversos, como a cevada, o trigo, o
vinho, o azeite, o mel, as novas árvores frutíferas e todo o produto da terra
(ver Lv 23.10-14; Ex 23.16; 23.16,17; Dt 18.4: Lv 19.23,24 e Dt 26.2). Mediante
o uso desses itens, os sacerdotes viviam. No terreno espiritual, as coisas (ou
seres) de muitas espécies e gradações, se beneficiam daquilo que Cristo
realizou, e tudo eventualmente, será consagrado a Deus, embora com níveis
diversos de bem-estar e de glória. Toda a criação, por fim, participará, de
algum modo, na glorificação dos filhos de Deus. (Ver Rm 8.20,21)”. CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 6. pag. 27.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A partir da promessa da salvação, Deus colhe as
suas primícias (os salvos) dentre as criaturas.
CONCLUSÃO
Inseridos no processo de aperfeiçoamento espiritual, sofremos os mais
diversos tipos de provações, independentemente de nossa posição social,
econômica e cultural. Tais situações aperfeiçoam-nos e amadurecem-nos como
pessoas. Quando alguém é gerado pela Palavra da Verdade, ele é chamado pelo Pai
a viver o Evangelho em fidelidade. Não podemos nos esquecer do nosso maior
desafio: fazer o Evangelho falar num mundo dominado por relacionamentos
distorcidos. Somos o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus: a coluna e firmeza da
verdade (1Tm 3.15). [Comentário: Vários tipos de
circunstâncias de provação podem acometer os crentes, independente de sua
condição social. Tiago exorta tanto o pobre como o rico a gloriar-se em suas
circunstancias, sabendo que a herança no reino de Deus é baseada na soberana
eleição de Deus. Ele não escolhe de acordo com os méritos ou status deste
mundo. Os padrões deste mundo não tem nenhuma influencia sobre a graciosa
eleição de Deus (1Co 1.28-29; Ef 1.4). Tiago não deixa espaço para nenhuma
forma de misticismo da pobreza, pelo qual a pobreza em si torna a pessoa
aceitável diante de Deus (Sl 9.18). Vimos acima que o objetivo de Deus é voltar
a clarear o mundo obscurecido pela grande rebelião. “As nações hão de andar na
luz dele e os reis no fulgor de Deus” (Is 60.3), “até que Deus seja tudo em
todos” (1Co 15.28). Jesus é o resplendor da glória de Deus (Hb 1.3), é “luz,
que veio ao mundo”. Nele a luz vinda de Deus novamente nos alcançou. Ele é a
luz do mundo (Jo 8.12). Sob seu reflexo também nós somos “luz do mundo” (Mt
5.14). Mais do que isso: a luz está em nós por meio do Espírito dele, tornando-se
transparente em nós. “Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele
mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória
de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6). Quando permanecemos singelamente
voltados para nosso Senhor e abertos à influência de sua palavra e seu
Espírito, ele nos garante que seremos “luz do mundo”.]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa