SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Além dos ministérios de Ef. 4.11 existem algumas funções eclesiásticas,
que visam a organização das igrejas cristãs, dentre elas destacamos o de
presbítero. Na verdade esse seria mais bem caracterizado como um título, e não
um ministério eclesiástico. Isso porque os dons ministeriais são provenientes
diretamente de Cristo. Os títulos eclesiásticos, por sua vez, são necessidades
às quais as lideranças reconhecem, para a organização institucional. Na aula de
hoje mostraremos a origem do termo, seu desdobramento no Novo Testamento, e ao
final, as qualificações para a escolha dos presbíteros.
1. A ORIGEM DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
O termo presbítero remete à palavra hebraica zaqen, com o significado de
ancião, utilizada inclusive em contextos mundanos (Gn. 18.11; Js. 6.21; I Sm.
28.14; Sl. 119.100; Ec. 4.13). Os anciãos eram pessoas respeitadas, geralmente
por causa da idade, por causa da experiência acumulada (Is. 65.20). Essa é uma
alusão à importância que os mais idosos tinham entre os povos antigos. De tal
modo que entre os judeus se lamentava a morte de um ancião, pois com ele partia
a sabedoria (Lm. 2.21). Mas Deus não faz distinção de pessoas pela idade, há a
promessa em Jl. 2.28, que chegaria o dia no qual o Senhor derramaria o Espírito
sobre toda carne, incluindo os idosos. Em Israel o zaquen ocupava posição de
liderança na comunidade (Ex. 3.16; Nm. 11.16; Dt. 5.23; I Rs. 8.1). Eles são
citados nos momentos mais importantes da história daquela nação, especialmente
por ocasião da renovação do pacto com Israel (Js. 24.31). A palavra grega
presbyteros, no Novo Testamento, também significa ancião, e tinha relação com a
liderança na sociedade judaica. O termo presbítero era bastante comum entre os
líderes das igrejas de predominância judaica. Enquanto que nas igrejas de
maioria gentia o título mais utilizado era o de episkopos, geralmente traduzido
por bispo, que significa um supervisor. Isso porque a palavra bispo é uma
junção de epi e skopos no grego, que literalmente carrega o sentido “daquele
que ver de cima”, entre um grupo de pessoas. Os presbíteros, bispos ou anciãos
eram as lideranças das igrejas locais nos tempos da igreja primitiva. O título
de pastor, associado aos líderes da igreja, teria surgido posteriormente,
adotado como ofício pelos ministérios protestantes. A opção por um modelo
institucional de igreja, mesmo nos tempos da igreja primitiva, não tem uma
tendência dogmática. Por isso algumas igrejas evangélicas são pastorais,
presbiterianas, episcopais, entre outros.
2. O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO NO NOVO TESTAMENTO
Com base em At. 20.17,28 e Tt. 1.5,7 compreendemos que os presbíteros
(gr. presbyteros) e bispos (gr. episkopos) tinham a mesma função eclesiástica.
Era responsabilidade deles o governo na igreja, sem desprezar o ensinamento,
requerendo que alguns desses se afadigassem na palavra e no ensino, tornando-se
dignos de honorários dobrados (I Tm. 5.17). Tito fora deixado em Creta, para
“por em ordem as coisas restantes”, e instituir uma liderança a fim organizar
as congregações locais (Tt. 1.5-9). Para isso precisava atentar para algumas
qualificações, que destacamos: 1) ter filhos crentes (v. 6) – Paulo enfatiza
esse princípio ao escrever a Timóteo (I Tm. 3.5), isso mostra que a vida e o
serviço cristão devem iniciar no lar, evidentemente essa orientação se aplica
aos filhos que são de menores e que estão debaixo da responsabilidade do pai;
2) despenseiros de Deus (v. 7) – o presbítero não é proprietário, apenas administrador
das coisas de Deus, uma espécie de mordomo (Lc. 16.1-13), não pode dizer que
isso ou aquilo lhe pertence, antes reconhece que Deus é o dono de tudo,
principalmente do rebanho (At. 20.28,29); 3) não pode ser arrogante – não deve
ser impositivo, querer fazer sempre o que deseja, em detrimento da vontade e
interesse dos demais, para tanto precisa estar aberto à avaliação, e não ter
receio de críticas e sugestões; 4) não irascível (v.7) – não pode se irritar
com facilidade, evidentemente existe uma possibilidade de ira, e essa não é
pecado (Ef. 4.26), mas a ira não deve controlar o obreiro, nada poderá tirá-lo
do centro, que é a moderação, fruto do Espírito Santo (Gl. 5.22); 5) amigo do
bem (v.8) – deve se aproximar de coisas boas, principalmente de boas pessoas,
não deve perder o seu tempo com coisas que o distanciem de Deus, muito menos
que não edificam; 6) justo (v. 8) – justiça, nesse contexto, não diz respeito à
justificação em Cristo, mas a uma justiça moral, isto é, uma direção para fazer
o que é direito, não o que é errado, se distanciando de práticas escusas que
não agradam a Deus, mesmo que sejam consideradas normais pela sociedade; 7)
piedoso (v. 8) – alguém que vive em santidade (I Pe. 1.16), sendo, portanto,
diferente dos demais, não apenas na aparência, mas principalmente na
experiência com Deus, por isso deve cultivar momentos de devoção com o Senhor,
para leitura da Bíblia e oração; 8) que tenha domínio de si (v.8) – uma pessoa
controlada, isto é, disciplinada, prática que envolve o uso do dinheiro e do
tempo, sua mente e corpo estão sob controle, sujeitando-se ao Espírito Santo,
em temperança (Gl. 5.22) e 9) apegado à palavra fiel (v. 9) – Deus é
verdadeiro, e não há mentira em suas palavras, por isso o presbítero deve
voltar-se para a sã doutrina (I Tm. 1.10), a fim de edificar a igreja e
rejeitar os falsos ensinamentos.
3. AS QUALIFICAÇÕES DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
Ao que tudo indica, com base em At. 14.23, os presbíteros eram nomeados
para o cargo eclesiástico, talvez por eleição. Esses deveriam apresentar
algumas qualificações para o exercício da função na igreja. A principal delas
deveria ser uma experiência pessoal e profunda com Cristo, e identificação com
as orientações apostólicas, considerando o testemunho daqueles que andaram com
o Senhor (I Pe. 5.1). Fazendo assim os presbíteros seriam participantes da
glória que será revelada em Cristo, testemunhada pelo próprio Pedro no monte da
transfiguração (Mt. 17.1-5; II Pe. 1.15-18). O verbo “apascentai” (gr.
poimanete) mostra uma alusão direta do presbítero com o pastorado. Aqueles que
pastoreiam o rebanho de Deus devem fazê-lo seguindo o exemplo de Cristo, o Bom
Pastor (Jo. 10.11; 21.15-17). O pastorado somente terá efeito se for
desenvolvido por livre e espontânea vontade, não por obrigação, por meio da
força, ninguém deve ser coagido a se tornar pastor (I Pe. 5.3). As igrejas
seriam mais saudáveis se os pastores estivessem no ministério por vocação, não
por interesses os mais diversos, e às vezes, meramente pessoais. Alguns deles continuam
diante da igreja apenas como uma profissão, motivados tão somente pelo dinheiro
que haverão de receber. Alguns desses se tornarem dominadores da igreja,
às vezes pensam que são donos dela, querem barganhar com o povo de Deus,
principalmente nos períodos eleitorais. Em alguns casos essas líderes abusam
espiritual do rebanho, resultando em feridas incuráveis, e o pior, em nome de
Deus. Os pastores que são pastores têm uma terna preocupação com as ovelhas de
Deus, eles alimentam o rebanho do Senhor, protegendo-o dos ladrões e
saqueadores (At. 20.28-35). Eles também as supervisionam, acompanhado suas
necessidades, não “por sórdida ganância, mas de boa vontade”. É justo que o
pastor seja remunerado (I Co. 9.1; I Tm. 5.17, 18), mas esse não pode ser avarento
(I T. 3.3), muito menos cobiçoso (Tt. 1.7). O pastor-presbítero deve ser um
exemplo para o rebanho, somente assim alcançará a promessa de Cristo, quando
Ele retornar em glória (I Pe. 1.7,8).
CONCLUSÃO
Muitas pessoas querem ser pastor, presbítero, bispo ou ancião, mas nem
todas estão dispostas a pagar o preço que esse título requer. Aqueles que
trabalharem com dignidade receberão do Pastor Fiel uma coroa de glória, uma
recompensa perfeita para uma herança incorruptível. Que nesses anos, marcados
pela ganância, Deus levante pastores-presbíteros-bispos-anciãos comprometidos
com o rebanho, e cientes do julgamento futuro do Supremo Pastor.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
No início da Igreja do primeiro século havia líderes que orientavam os
crentes quanto ao Evangelho, bem como à organização e desenvolvimento da igreja
local. O Evangelho frutificou na vida das pessoas, e por isso, surgiam cada vez
mais novos crentes. Foi necessário, a fim de garantir o discipulado integral da
nova pessoa em Cristo, separar crentes idôneos e maduros na fé para cuidarem
desse precioso rebanho. Assim, os apóstolos de Cristo passaram a estabelecer
presbíteros para zelar pela administração e a vida espiritual da igreja local. [Comentário:
Primeiros anos da era Cristã, a Igreja crescia rapidamente, surgiram os
problemas administrativos que tomavam tempo aos apóstolos. Foi preciso eleger
homens capacitados para servirem às congregações locais, cuidando do rebanho de
Deus. Hoje, teremos uma visão mais aprofundada acerca deste ofício tão especial
para a Igreja. Pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes,
e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens.
Igrejas que procuram manter distinções entre pastores, bispos e presbíteros não
somente fogem do padrão bíblico como também perdem a riqueza das palavras que o
Espírito Santo usou para descrever os guias do povo de Deus. “Presbítero” e
“pastor” não são dois ofícios diferentes. Como John Piper argumenta na seção
cinco do livreto “Biblical Eldership”, essas são simplesmente duas palavras
diferentes para o mesmo ofício. Ele dá três razões. Primeiro, em Atos 20.28, os
presbíteros são encorajados nos deveres “pastorais” de supervisionar e
pastorear. Segundo, em 1 Pedro 5.1-2, os presbíteros são exortados a
“pastorear” o rebanho de Deus que está aos cuidados deles, papel que é de um
pastor. Terceiro, em Efésios 4.11, a única vez que a palavra pastor ocorre no
Novo Testamento, os pastores são tratados como pertencendo ao mesmo grupo dos
mestres. Isso sugere que o papel principal do pastor é alimentar o rebanho por
meio do ensino, que é um dos papeis principais dos presbíteros (Tito 1.9).
Dessa forma, o Novo Testamento parece indicar que “pastor” é outro nome para
“presbítero”. Um presbítero é um pastor, e um pastor é um presbítero.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. A ESCOLHA DOS PRESBÍTEROS
1. Significado da função. De acordo com a Bíblia de Estudo
Palavras-Chave, o termo “presbítero” (do gr. presbyteros) é uma forma
comparativa da palavra grega presbys, “pessoa mais velha”. Como substantivo, e
no emprego dos judeus e cristãos, “presbítero” é um título de dignidade dos
indivíduos experientes e de idade madura que formavam o governo da igreja
local. É um sinônimo de bispo (gr. episkopos, supervisor); de professor (gr.
didaskolos); e de pastor (gr. poimēn). [Comentário: O termo ancião vem do latim antianus via
francês arcaico ancien referindo-se a pessoa de idade avançada, antigo, velho, venerável,
respeitável. A palavra hebraica equivalente é za·qen e identificava os líderes
do Antigo Israel, quer no Âmbito de uma cidade, da tribo ou em nível nacional.
Já presbítero vem do grego, πρεσβυτερος, presbyteros, pessoa de idade, ancião.
Daí derivam-se outros títulos como preste. Padre, significando pai, é uma forma
de tratamento que recebe o presbítero na Igreja Católica, Igreja Ortodoxa e
algumas correntes protestantes, como no anglocatolicismo ou nas antigas
congregações de língua portuguesa da Igreja Reformada Holandesa, como o notável
Padre João Ferreira de Almeida. Boa parte das igrejas protestantes como a
Igreja Metodista e Calvinismo chamam seus presbíteros ordenados de pastores. Na
Igreja Luterana os pastores são responsáveis pelo rebanho cristão, e os
presbíteros das igrejas locais fazem parte do governo eclesiástico, se reunindo
e deliberando no respectivo Sínodo Regional em representação das suas
comunidades. Nas Igrejas Reformadas e Presbiterianas (ambas de matriz
calvinista), o presbítero é o líder espiritual de uma comunidade (ou paróquia)
cristã. A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre
"Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles
que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais.
Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos"
ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)".]
2. A liderança local. O apóstolo Paulo cuidou de organizar a
administração das igrejas locais por onde as plantava, separando um grupo de
obreiros para tal trabalho. Quando escreve ao seu discípulo, o jovem Tito,
Paulo o instrui a estabelecer presbíteros em diversos lugares, de cidade em
cidade (Tt 1.4,5,7). Está claro, assim, o aspecto pastoral da função exercida
pelos presbíteros nas comunidades cristãs antigas. [Comentário: Presbítero (ancião em
algumas versões da Bíblia) descreve alguém de idade mais avançada. A palavra é
usada na Bíblia para identificar alguns dos líderes entre os judeus. No livro
de Atos e nas epístolas, os homens que pastoreavam e supervisionavam as igrejas
locais foram freqüentemente chamados de presbíteros (veja Atos 11:30; 14:23;
15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18; 1 Timóteo 5:17,19; Tito 1:5; Tiago 5:14; 1
Pedro 5:1; 2 João 1; 3 João 1). São homens de idade suficiente que tenham
filhos crentes. Necessariamente são alguns dos mais maduros dos cristãos na
congregação. Usam seu conhecimento e experiência para servir como modelos e
ensinar o povo de Deus. O Pr Elinaldo Renovatos, Comentarista deste trimestre,
escreve em seu livro que serve de apoio à revista: “O crescimento das igrejas,
como fruto da evangelização e do discipulado, exige a delegação de atividades a
pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do Senhor JESUS (Tt 1.5,7).
Os pastores não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das
inúmeras responsabilidades que a igreja local requer. Como a referência a
presbíteros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”, “bispos” ou
“anciãos”, dá a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas
como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. “Sempre
são citados no plural, isto é, não é mencionada uma só igreja onde houvesse
apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.l4; 1 Pe 5.1).”
Certamente, pela inexistência de pessoas qualificadas com o dom ministerial de
pastor, havia a necessidade de uma liderança, formada por um grupo de irmãos
mais idosos, para cuidar da igreja local. Entende-se, assim, que os presbíteros
têm um ministério de grande importância, auxiliando os pastores, designados por
DEUS para apascentarem e cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados”. Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 131.]
3. As qualificações. Em o Novo Testamento, as referências aos
presbíteros encontram-se no plural: “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” (At
11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.14; 1Pe 5.1). Como a liderança local era formada
por um grupo de irmãos experientes na fé para cuidarem da igreja, a função dos
presbíteros era pastoral. Portanto, o presbítero é um pastor, um apascentador
de ovelhas! A Palavra de Deus expressa qualificações bem objetivas para o
exercício fiel dessa função. Tais qualificações estão descritas em Tito 1.6-9
para presbítero, assim como em 1 Timóteo 3.1-7 para “bispo”, denotando o
aspecto sinonímico dos dois termos. Uma leitura atenta das duas listas indica a
importância da função e como as igrejas não podem descuidar-se quando da
ordenação de pessoas para servi-la. O bom conselho do apóstolo Paulo ainda é a
maneira mais segura para se separar obreiros. [Comentário: O ministro cristão deve ser pessoa que evita não
só o mal, mas a própria aparência do mal. Sob todos os aspectos de conduta, ele
tem de estar acima de repreensão. Suas relações matrimoniais não devem ter a
mínima nódoa de escândalo. Muitos na igreja primitiva consideravam que marido
de uma mulher era proibição de casar-se de novo por qualquer razão. O escândalo
do divórcio tem envenenado tão completamente o fluxo da ordem social de nossos
tempos, que devemos ser extremamente sensatos e cuidadosos nesta questão de
segundo casamento, “para que o nosso ministério não caia em descrédito” (2 Co
6.3, NVI). Que tenha filhos fiéis (6) é expressão que requer algumas
considerações. Seu verdadeiro significado foi capturado pela tradução: “que
tenha filhos crentes” (BAB, RA; cf. NVI). Barrett observa que “a mudança do
plural (presbíteros) para o singular (bispo) é mais bem explicado não pela
suposição de que em cada cidade havia um grupo de presbíteros e só um bispo,
mas pela interpretação [...] de que, enquanto que presbítero descreve o cargo,
bispo descreve sua função: Os presbíteros que você designar devem ter certas
qualificações, pois o homem que exerce a supervisão tem de ser não soberbo, nem
iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância. A
qualidade da irrepreensibilidade — “caráter inatacável” (6) — ocorre novamente,
pois a responsabilidade do bispo é servir como despenseiro da casa de DEUS (7).
O termo despenseiro quer dizer, literalmente, “o administrador de uma casa ou
família” (Kelly). O bispo era o gerente financeiro da igreja local e por isso,
se por nenhuma outra razão, deve ser homem de extrema integridade. O apóstolo
alista cinco defeitos que devem estar visivelmente ausentes no bispo (7). São
falhas de caráter que, caso sejam toleradas em um líder eclesiástico, lhe
causarão ruína certa. O soberbo, o iracundo, nem dado ao vinho (“beberrão”,
BJ), nem espancador (“violento”, BAB, BJ, CH, NTLH, NVI, RA), nem cobiçoso de
torpe ganância (“nem ávido por lucro desonesto”, NVI, cf. BJ, CH). Paulo faz
uma lista de seis virtudes a serem cultivadas pelos líderes da igreja: Dado à
hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante (8). O apóstolo
introduz no versículo 9 uma exigência adicional: Retendo firme a fiel palavra,
que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar
(“exortar”, BAB, RA) com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.
Este é um tema que aparece em 1 Timóteo, embora não com todo este grau de
ênfase. Em 1 Timóteo 5.17, Paulo destaca os presbíteros que “trabalham na
palavra e na doutrina” como “dignos de duplicada honra”. Mas aqui, na Epístola
a Tito, a competência nesta área é de todos os presbíteros. É a um ministério
como este que DEUS chama os homens quando os convoca a ir e pregar. E
responsabilidade do pregador “oferecer CRISTO aos homens”, como Carlos Wesley
gostava de dizer. Neste verso, ele descreve liricamente esta tarefa central de
pregar: "Ofereço-lhe meu Salvador; Amigo de publicanos e Advogado: Seus
méritos e morte, ele advoga por você; E intercede com DEUS pelos pecadores na
terra" Mas pregar CRISTO e oferecê-lo às pessoas é conhecer seguramente a
Palavra de DEUS relativa a CRISTO, mantê-la em consideração reverente e
declarar sua verdade às pessoas. Nestas Epístolas Pastorais, Paulo está
vitalmente interessado na sã doutrina. Por essa época, a mensagem da igreja
tomara forma em credos e fórmulas batismais. Vemos fragmentos dessas
declarações de credo afloradas nas cartas a Timóteo. Cada nova geração de
líderes cristãos tem a necessidade de declarar novamente as doutrinas básicas
da fé cristã e justificá-las na mente e consciência dos que as ouvem. Mas a sã doutrina
também tem preceitos éticos, que mostram como todos os cristãos, homens e
mulheres, moços e velhos, escravos e livres, devem viver em um mundo que
rejeita CRISTO. Tudo isto faz parte da tarefa de admoestar e convencer os
contradizentes — os que negam e contradizem a verdade. J. Glenn Gould.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 545-547.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O termo presbítero (do gr. presbyteros)
é um sinônimo de bispo (gr. episkopos), de professor (do gr. didaskolos) e de
pastor (do gr. poimēn). Logo, a sua função é pastoral.
II. A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO
1. Significado do termo. “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te
foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1Tm 4.14). Foi
dessa forma que o apóstolo Paulo lembrou Timóteo, aconselhando-o acerca do
reconhecimento do ministério do jovem pastor pelo conselho de obreiros. O Novo
Testamento classifica esse corpo de obreiro de “presbitério” (do gr.
presbyterion, substantivo de presbítero, um conselho formado por anciãos da
igreja cristã). [Comentário: Tm 4.14
Ninguém deveria desprezar Timóteo (4.12), nem ele deveria desprezar a si mesmo.
Paulo lembrou Timóteo de que ele tinha os requisitos necessários para realizar
aquela obra difícil em Éfeso. Entre eles, estava um dom espiritual de Deus.
Embora Paulo não defina especificamente este dom, ele estava preocupado com a
possibilidade de Timóteo hesitar em usá-lo ou deixar de usá-lo. Quando virmos
as capacitações de todos os tipos (espiritual, relacional, técnica) como dons
de Deus, será mais fácil vermos a sua mão operando por meio dos esforços
humanos. Ele poderia realizar a tarefa porque Deus o tinha chamado para
realizá-la, o tinha capacitado para realizá-la, e estaria com ele durante a realização
dela. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol
2. pag. 502. Para Paulo o carisma está no começo e no centro de todo
serviço e de toda a vida da igreja. O carisma não é algo acrescentado ao
ministério, nem mesmo algo que somente possui certa importância à margem da
verdadeira ordem eclesiástica. Dons da graça foram dados a todos para todos,
ainda que nem todos recebam os mesmos dons. Em 1Co 12-14 Paulo não fala contra
os dons da graça, mas somente contra seu abuso. Timóteo não corre o risco dos
carismáticos de Corinto. Pelo contrário, a ele o apóstolo precisa dizer: não
negligencies o dom da graça em ti. O próprio DEUS o concedeu a você, não uma
instância humana. Por isso utilize esse dom, exercite-se nele, use-o
diligentemente! Mediante profecia: por meio de uma palavra profética; profecias
que apontam para Timóteo; falam de sua vocação. Desse chamado de DEUS lhe advém
força para a luta. No começo do serviço não está o cargo, mas o carisma. No
começo do carisma não está a ordenação, mas a vocação pelo próprio DEUS. Tanto
o AT como o NT deixam inequivocamente claro que os servos estabelecidos para um
serviço específico recebem a dádiva do ESPÍRITO antes de receber os dons do
ESPÍRITO para o serviço. Pela imposição de mãos: A imposição das mãos confirma
o que aconteceu, a saber, a vocação prévia por DEUS, profeticamente divulgada.
A prática da imposição das mãos situa-se no âmbito dos sinais visíveis que
acompanham a fé. Paulo lhe impôs as mãos em conjunto com os anciãos (QI 30). Assim
como Tito deve instalar presbíteros de cidade em cidade, assim o próprio Paulo
havia instalado Timóteo como presbítero. A instalação do presbítero não era uma
ação arbitrária do apóstolo, mas ele reconhecera no ESPÍRITO que DEUS já havia
posto sua mão sobre o jovem: o apóstolo então agiu de modo correspondente.
Embora Timóteo fosse jovem na idade, DEUS o havia chamado como “ancião” e o
manifestou mediante profecia. Concedeu-lhe o ESPÍRITO SANTO, incutiu-lhe o
carisma para o serviço, confirmou sua vocação pela imposição de mãos por Paulo
perante muitas testemunhas. Que carisma específico Timóteo havia, pois,
recebido? Será que era pastor, mestre ou evangelista? (“Faça a obra de um
evangelista!” 2Tm 4.5). Seria igualmente difícil definir um dom espiritual
específico para Paulo. O dom geral da “palavra”, i. é, a vocação para o
“serviço à palavra”, podia abranger proclamação, exortação, ensino e
evangelização, mas apresentava ênfases diferentes nos diversos servos.
Dependendo também das circunstâncias com que se deparavam, um ou outro serviço
podia passar mais para o primeiro plano. Essencial para todos os dons
espirituais é que cada um carece de complementação. Por mais abrangentes que
sejam, ocorrem de forma apenas limitada em cada pessoa, carecendo da permanente
complementação por parte de outra. Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas
aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.]
2. A atuação do presbitério. No Concílio de Jerusalém, em relação às sérias
questões étnicas e eclesiásticas que podiam comprometer a expansão da igreja,
os apóstolos e os anciãos (presbíteros) foram chamados para debater e legislar
sobre o assunto (At 15.2,6,9-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à
Antioquia para orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que perturbavam
os novos convertidos: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam,
para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos
apóstolos e anciãos em Jerusalém” (At 16.4). [Comentário: De
acordo com o Novo Testamento, os presbíteros são responsáveis pela liderança e
supervisão de uma igreja local. A função e o papel de um presbítero é bem
resumida por Alexander Strauch em seu livro Biblical Eldership: “Os presbíteros
lideram a igreja [1Tm 5.17; Tito 1.7; 1 Pedro 5.1-2], ensinam e pregam a
Palavra [1 Timóteo 3.2; 2 Timóteo 4.2; Tito 1.9], protegem a igreja de falsos
mestres [Atos 20.17, 28-31], exortam e admoestam os santos na sã doutrina [1
Timóteo 4.13; 2 Timóteo 3.13-17; Tito 1.9], visitam e oram pelos doentes [Tiago
5.14; Atos 20.35], e julgam questões doutrinárias [Atos 15.16]. Em terminologia
bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e cuidam da igreja
local”. No livro "Introdução à Teologia Sistemática", de Eurico
Bergstén, publicado pela CPAD em 1999, lemos na pg. 270 (pg. 229 da atual
edição): "Os presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja
(cf. At 20.28) e também no ensino, pois uma das qualidades exigidas do
candidato ao presbitério era que fosse 'apto para ensinar' (cf. 1 Tm 3.2). Os presbíteros
constituíam um corpo auxiliar no governo da igreja, sob a presidência do
pastor. Convém salientar que os ministros também se consideravam presbíteros. O
apóstolo Pedro escreveu para os presbíteros que ele também era presbítero (cf.
1 Pe 5.1), e o apóstolo João considerava-se ancião (cf. 2 Jo 1) ou presbítero
(cf. 3 Jo 1). Apesar de os presbíteros não serem ministros da Palavra, os
ministros, necessariamente, eram presbíteros. Assim ficava distinguida a
liderança que lhes fora dada por Deus."]
3. A valorização do presbitério. O presbitério deve ser valorizado, pois desde
os primórdios da Igreja cristã, a sua existência tem fundamento na Palavra de
Deus. O rebanho do Senhor será ainda mais bem atendido se o presbitério das
nossas igrejas for preparado para uma atuação mais efetiva no governo da igreja
e no ministério de ensino, tal como instruiu o apóstolo Paulo: “Os presbíteros
que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente
os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O Novo Testamento mostra
que, apesar de haver um pastor titular, o governo de uma igreja não era
exercido por um único líder, mas pelo conselho de obreiros (At 20.17-37; Ef
4.11, 1Pe 5.1). O presbitério é de vital importância ao desenvolvimento das
igrejas locais e ao bom ordenamento do Corpo de Cristo. [Comentário: As
palavras “anciãos” (1) e presbíteros (17; aqui quer dizer “pastores”, cf. BV)
são tradução da mesma palavra grega; os significados, embora distintos, estão
correlacionados. No versículo 1, significa os membros mais idosos da
congregação; mas aqui diz respeito aos indivíduos separados para a obra do
ministério: Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (17).
Há comentaristas que entendem que este versículo antecipa a distinção entre
“pastores” que governam e “pastores que ensinam”, que é a prática em certas
igrejas reformadas. Mas isso é improvável, quando lembramos que Paulo já havia
declarado especificamente que todo bispo (ou pastor) tem de ser “apto para
ensinar” (3.2). O apóstolo está estipulando a Timóteo que o pastor que combina
igreja com o serviço fiel e talentoso como pregador e professor de honra. Junto
do honorário deve ser incluída a honra. Ainda não havia chegado o dia em que os
ministros da igreja seriam totalmente sustentados. O costume que então vigorava
era que os líderes da igreja se sustentassem, da mesma maneira que o apóstolo o
fazia. Na opinião de Paulo, o bom serviço merece reconhecimento e recompensa.
Aquele cujo tempo era tomado quase todo pelo trabalho da igreja deveria receber
maior compensação. Paulo sustenta seu conselho com um argumento que lembra 1
Coríntios 9.9: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha.
E: Digno é o obreiro do seu salário (18). A primeira destas passagens é um
preceito do Antigo Testamento encontrado em Deuteronômio 15.4, e em sua
situação original é uma ordenação humanitária. Mas em outro texto Paulo
argumenta que tem um significado mais profundo: “Porventura, tem DEUS cuidado
dos bois? Ou não o diz certamente por nós?” (1 Co 9.9,10). O apóstolo também
cita outra passagem para a qual dá importância igual: Digno é o obreiro do seu
salário. Esta é declaração de nosso Senhor registrada em Lucas 10.7. O fato
surpreendente é que os estudiosos do Novo Testamento não conseguem achar
evidências para provar que o Evangelho de Lucas tinha acesso geral quando estas
palavras foram escritas. Provável é que o Evangelho de Lucas fosse conhecido
por Paulo e também por Timóteo. E. K. Simpson assume a posição, junto com B. B.
Warfield, de que “temos aqui uma citação verbalmente exata do Evangelho de
Lucas, tratada como porção integrante das Santas Escrituras”. Nesta passagem, o
apóstolo deixa clara sua opinião de que o serviço fiel e eficaz merece
reconhecimento e remuneração adequada. E óbvio que a igreja começava a mudar
rumando para um ministério assalariado. J. Glenn Gould. Comentário Bíblico
Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 490-491.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Fundamentado na Palavra de Deus
desde os primórdios cristãos, o presbitério atua no governo da igreja local
junto ao pastor titular.
III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO
1. Apascentar a igreja. Os presbíteros têm o dever de alimentar o
rebanho de Deus com a exposição da Santa Palavra. O apóstolo Pedro bem exortou
aos presbíteros da sua época acerca desta tarefa: (1Pe 5.2a). O apascentar as
ovelhas do Senhor se dá com cuidado pastoral, não pela força ou violência, como
se os obreiros tivessem domínio sobre o Corpo de Cristo. Esse ato ocorre
voluntariamente, sem interesse financeiro, servindo de exemplo ao rebanho em
tudo (1Pe 5.2,3). Os presbíteros formam o conselho da igreja local cujo
objetivo maior é atuar na formação espiritual, social, moral e familiar do povo
de Deus. [Comentário:
A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre
"Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles
que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais.
Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos"
ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)". "Obedecei a vossos guias,
sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar
contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos
seria útil" (Hb 13.17). Este versículo não diz especificamente
"presbíteros", mas o contexto trata dos líderes da igreja. Eles são
responsáveis pela vida espiritual da igreja. I Ped 5.2,3 O mandamento de Pedro
para que os presbíteros apascentem o rebanho de DEUS é uma repetição das
palavras que o Senhor JESUS disse ao próprio Pedro: “Apascenta as minhas
ovelhas” (Jo 21.16). A mesma palavra grega é usada nas duas passagens,
significando “guiar”, “atender”, “cuidar”, ou “pastorear”. O “rebanho” são os
crentes; os presbíteros tinham responsabilidades sobre as igrejas individuais
e, consequentemente, sobre uma certa parte do “rebanho” de DEUS. Os presbíteros
deviam ser como pastores, que conduzem, orientam e protegem as ovelhas que
estão sob os seus cuidados. Os crentes precisariam de bons líderes quando
enfrentassem a perseguição. Pedro esperava que eles fizessem a vontade de DEUS
à sua maneira, tentando agradar a DEUS com fervor. A fórmula que JESUS usava
sempre era que aqueles que lideram devem ser os melhores servos (Mc 10.42-45).
Os líderes devem ser exemplos de humildade e de servilismo. Os líderes não
devem intimidar nem coagir as pessoas. Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 732-733. “...admoesto eu”.
E, para reforçar essa exortação, ele lhes diz que é presbítero com eles, e
assim não impõe nada a eles que ele não esteja disposto a fazer também. Ele é
também “...testemunha das aflições de CRISTO”, tendo estado com Ele no jardim,
acompanhando-o ao palácio do sumo sacerdote, e muito provavelmente tendo sido
testemunha do seu sofrimento na cruz, à distância, entre a multidão (At 3.15).
Ele acrescenta que é também “...participante da glória” que em certa medida foi
revelada na transfiguração (Mt 17.1-3), e vai ser completamente desfrutada na
segunda vinda de JESUS CRISTO. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 882.]
2. Liderar a igreja local. A liderança da igreja local tem duas esferas
principais de atuação: o governo e o ensino. O presbítero, quando designado
para essas tarefas, tem o dever de exercê-las na “Igreja de Deus” (1Tm 3.5).
Para isso, ele precisa saber “governar a sua própria casa” e ser “apto a
ensinar” (1Tm 3.2,4). Liderar o rebanho de Deus, segundo o Novo Testamento, é
estar disponível “para servir” e “não para ser servido” (Mt 20.25-28; Mc
10.42-45). Com o objetivo de exercer competentemente esta função, o presbítero
deve ser uma pessoa experiente, idônea e pronta a ser exemplo na igreja local.
Ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior compromisso de todo homem
de Deus chamado para tão nobre tarefa. [Comentário: “Indignaram-se contra os dois irmãos” ; não
porque desejassem ser preferidos antes deles - que foi o pecado de Tiago e
João, pelo qual CRISTO se entristeceu - , mas porque queriam ter a honra para
si mesmos, o que revelava descrédito em relação aos dois irmãos. Muitos parecem
ter uma indignação pelo pecado; porém, não a sentem pelo pecado em si, mas
porque tal pecado os toca. Eles se indignarão contra um homem que amaldiçoa;
mas somente o farão se ele lhes amaldiçoar, e lhes afrontar, não porque tal
homem esteja desonrando a DEUS. Esses discípulos estavam com raiva da ambição
de seus irmãos, embora eles mesmos fossem igualmente ambiciosos. E comum que as
pessoas se enfureçam com os pecados dos outros, os quais elas permitem e
toleram em si mesmas. Aqueles que são orgulhosos e cobiçosos não gostam de ver
outros assim. Nada causa mais dano entre irmãos, ou é a causa de mais
indignação e contenda, do que a ambição e o desejo de grandeza. Nós nunca
encontramos os discípulos de CRISTO discutindo; mas eles enfrentaram uma
situação de contenda essa ocasião. B. A correção que CRISTO lhes fez foi muito
suave, por meio da instrução sobre o que eles deveriam ser, e não por meio da
repreensão pelo que eles eram. Ele havia reprovado esse mesmo pecado antes
(cap. 18.3), e lhes dissera que deveriam ser humildes como crianças pequenas;
no entanto, eles reincidiram nesse pecado, mas CRISTO os repreendeu de forma
moderada. “Então, JESUS, chamou-os para junto de si”, o que sugere um grande
carinho e familiaridade. Ele não lhes ordenou, com raiva, que saíssem de sua
presença, mas os chamou, com amor, para virem à sua presença. Ele está sempre
pronto a ensinar, e nós somos convidados a aprender dele, porque ele é “manso e
humilde de coração”. O que Ele tinha a ensinar dizia respeito tanto aos dois
discípulos como aos outros dez; portanto, ele reúne todos. E lhes diz que
enquanto estavam perguntando qual deles deveria ter o domínio em um reino
temporal, não havia realmente tal domínio reservado para nenhum deles. Porque:
(1) Eles não deveriam ser como os “príncipes dos gentios”. Os discípulos de
CRISTO não deveriam ser como os gentios, nem como os príncipes dos gentios. O
principado não torna ninguém ministro, da mesma forma que o “gentilismo” não
torna ninguém cristão. A pompa e a grandeza dos príncipes dos gentios não
convém aos discípulos de CRISTO. Então, se o poder e a honra não foram
planejados para estar na igreja, era uma insensatez deles estarem disputando
quem deveria tê-los. Eles não sabiam o que pediam. Em segundo lugar, então qual
será o relacionamento entre os discípulos de CRISTO? O próprio CRISTO havia
sugerido uma grandeza entre eles, e aqui Ele explica: “Todo aquele que quiser,
entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós,
quiser ser o primeiro, que seja vosso servo” (w. 26,27). Observe aqui: 1. Que é
dever dos discípulos de CRISTO servirem uns aos outros, para a edificação
mútua. Isto inclui tanto a humildade como a utilidade. O grande apóstolo se
comportou como servo de todos (veja 1 Co 9.19). 2. A dignidade dos servos de
CRISTO está relacionada ao fiel cumprimento dessa obrigação. O modo de ser
grande, e o primeiro, é ser humilde e servil. Assim como o que quer ser sábio
deve se fazer de tolo, quem quiser ser o primeiro deverá se comportar como
servo. O apóstolo Paulo foi um grande exemplo disso; ele trabalhou mais
abundantemente do que todos, tornou- se (como diriam alguns) um escravo do seu
trabalho. E ele não é o primeiro? Não o chamamos por unanimidade de “o grande
apóstolo”, embora ele se autodenomine o menor entre os menores? E talvez o
nosso Senhor JESUS estivesse pensando em Paulo quando disse: “Haverá
derradeiros que serão primeiros”; porque Paulo nasceu fora do tempo devido,
como um abortivo (1 Co 15.8). Talvez fosse para ele que o primeiro posto de
honra no reino de CRISTO estivesse reservado e preparado por DEUS Pai, e não
para Tiago e João, que o buscaram. [1] Nunca houve um exemplo de humildade e
condescendência como houve na vida de CRISTO, que não veio para “ser servido,
mas para servir”. Quando o Filho de DEUS entrou no mundo - o Embaixador de DEUS
para os filhos dos homens alguém poderia pensar que Ele deveria ser servido,
que deveria ter se apresentado em um aparato que estivesse de acordo com a sua
pessoa e caráter; mas Ele não fez isso; Ele não agiu como uma celebridade, Ele
não teve nenhum séquito pomposo de servos de Estado para servi-lo, nem se
vestiu em túnicas de honra, porque tomou sobre si a “forma de servo”. Ele, na
verdade, viveu como um homem pobre, e isto fez parte da sua humilhação. Houve
pessoas que o serviram com as “suas fazendas” (Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi
servido como um grande homem. Ele nunca tomou a pompa sobre si, não foi servido
em mesas, como um dos grandes deste mundo. JESUS, certa vez, lavou os pés dos
seus discípulos, mas nunca lemos que eles tenham lavado os pés dele. Ele veio
para ajudar a todos quantos estivessem em aflição. Ele se fez servo para os
doentes e debilitados; estava pronto para atender aos seus pedidos como
qualquer servo estaria pronto para atender à ordem do seu senhor, e se esforçou
muito para servi-los. O Senhor JESUS serviu continuamente visando este fim,
negando a si até mesmo o alimento e o descanso para cumprir essa tarefa. [2]
Nunca houve um exemplo de beneficência e utilidade como houve na morte de
CRISTO, que “deu a sua vida em resgate de muitos”. Ele viveu como um servo, e
fez o bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso Ele fez o maior bem de
todos. Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua vida em resgate; isto
estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a príncipes dos gentios fizeram
da vida de muitos um resgate para a sua própria honra, e talvez um sacrifício
para a sua própria diversão. CRISTO não age assim; o sangue daqueles que lhe
são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não é pródigo nisso (SI 72.14); mas, ao
contrário, Ele dá a sua honra e a sua vida como resgate pelos seus súditos.
Então esse é um bom motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é
a nossa bandeira, e a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom
motivo para pensarmos em fazer o bem, e, em consideração ao amor de CRISTO ao
morrer por nós, não hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos” (1
Jo 3.16). Os ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para servir e
sofrer pelo bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At 20.24; Fp
2.17). Quanto mais interessados, favorecidos e próximos estivermos da humildade
e da humilhação de CRISTO, mais prontos e cuidadosos estaremos para imitá-las. HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição
completa. Editora CPAD. pag. 260-262.]
3. Ungir os enfermos. “Está alguém entre vós doente? Chame os
presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do
Senhor” (Tg 5.14). O ato da unção dos enfermos não pode ser banalizado na
igreja local. Ele revela a proximidade que o presbítero deve ter com as
pessoas. O membro da igreja local tem de se sentir à vontade para procurar
qualquer um dos presbíteros e receber oração ou uma palavra pastoral. Tal
obreiro foi separado pelo Pai e pela igreja para atender a essas demandas. [Comentário: "Está doente algum de vós? Chame os anciãos
da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor"
(Tg 5.14). Um presbítero biblicamente qualificado tem uma vida piedosa, e
"a súplica de um justo pode muito na sua atuação" (Tg 5.16). Uma das
necessidades desse campo é orar para que a vontade do Senhor seja feita, e
espera-se que os presbíteros façam isso. A unção com óleo é um ato de fé que
acompanha a “oração da fé”, feita por homens de Deus, que, liderando a igreja
local, ou auxiliando os pastores-líderes, atendem aos que se encontram
enfermos, e oram por sua cura, “em nome de Jesus” (Mc 16.18c). Orar pelos
enfermos e curá-los é sinal de fé para “os que crerem”, independente de serem
obreiros regulares. Mas orar com unção com óleo é confiado aos presbíteros. Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 137. Uma característica da
igreja primitiva era a sua preocupação com os doentes e o cuidado para com
eles. Aqui Tiago incentiva os doentes para que chamem os presbíteros da igreja,
pedindo aconselhamento e oração. Os presbíteros eram pessoas espiritualmente
amadurecidas, responsáveis pela supervisão das igrejas locais (veja 1 Pe
5.1-4). Os presbíteros iriam orar sobre a pessoa doente, pedindo a cura ao
Senhor. A seguir, eles a ungiriam com azeite em nome do Senhor. Enquanto
oravam, os presbíteros deviam pronunciar claramente que o poder da cura residia
no nome de Jesus. A unção era frequentemente usada pela igreja primitiva nas
suas orações pedindo cura. Nas Escrituras, o azeite era tanto um remédio (veja
a parábola do bom samaritano, em Lucas 10.30-37) como um símbolo do Espírito de
Deus (como quando usado para ungir reis; veja 1 Sm 16.1-13). Desta forma, o
azeite pode ter sido um sinal do poder da oração, e pode ter simbolizado a
separação da pessoa enferma para a atenção especial de Deus. Comentário do
Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 691.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Apascentar a igreja de Cristo,
liderar uma igreja local e ungir os enfermos são algumas das muitas
responsabilidades do presbítero.
CONCLUSÃO
Vimos que os termos presbítero, bispo e pastor são sinônimos. Os
presbíteros, ou bispos, sempre formaram um corpo de obreiros com a finalidade
de contribuir para a edificação da igreja local. Eles exercem uma função
pastoral. Nas Assembleias de Deus no Brasil, os presbíteros exercem este
serviço, pastoreando as congregações. Eles ainda cuidam da execução das
principais tarefas da Igreja: a evangelização e o ensino da Palavra. Portanto,
esses obreiros precisam ser bem selecionados e valorizados pela igreja local. [Comentário: Estamos habituados a ver uma categoria de
líderes eclesiásticos que querem estar acima de pastores/presbíteros: os
chamados “bispos” de hoje. Quando olhamos para as Escrituras, a evidência
bíblica indica que “bispo” é simplesmente outro termo para presbítero. Paulo se
refere aos presbíteros em Éfeso como “bispos” em seu sermão de despedida de
Atos 20.17-35. Da mesma forma, “bispo” em Tito 1.7 parece ser um sinônimo para
o termo “presbítero” usado no versículo 5. Na linguagem do Novo Testamento o
mesmo ofício na Igreja é chamado indiferentemente de ‘bispo [supervisor]’
(episkopos) e ‘ancião’ ou ‘presbítero’ (presbyteros)”. Meu entendimento é que
os presbíteros não constituíam apenas um "corpo auxiliar no governo da
igreja sob a presidência do pastor". Pelo que foi estudado, o presbítero
poderia ser o próprio pastor (1 Pe 5.1-4). O Termo "pastor" (poimen;
ποιμήν; hb. Ra’a), designa aquele que “alimenta”, que "cuida do
rebanho", que “guiar”, que “guarda e protege”. Para um “aprofundamento” acerca
desse tema e a origem do título hierárquico nas IEAD, sugiro uma leitura do
excelente artigo do Pr Altair Germano “PRESBÍTEROS SÃO MINISTROS DA PALAVRA?
(2ª PARTE)”, no link http://www.altairgermano.net/2011/12/presbiteros-sao-ministros-da-palavra-2.html]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto
não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa
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