SUBSÍDIO
I
INTRODUÇÃO
Mais um dom ministerial será
estudado na aula de hoje, desta feita o de mestre ou doutor. Há teólogos que
defendem, com bastante sentido, que o ministério de mestre está diretamente
atrelado ao de pastor, tendo em vista a ausência de um artigo no grego. Em
consonância com I Tm. 3.2, os pastores devem ser aptos a ensinarem. Em todo
caso, conforme estudaremos, Deus dá para igreja pessoas para a instrução na
Palavra, que são reconhecidos como mestre (gr. didaskalos). Ao final da aula
destacaremos a relevância desse ministério para o amadurecimento espiritual da
igreja.
1. JESUS, O MESTRE DOS MESTRES
Com Nicodemos devemos reconhecer
a respeito de Jesus que era “um Mestre vindo da parte de Deus” (Jo. 3.2). De
modo que Jesus se tornou o maior modelo de Mestre para os cristãos da igreja.
Ele se destaca dos outros mestres porque Sua doutrina vem diretamente de Deus
(Jo. 7.17). Ele ensinava com autoridade tal que chamava a atenção daqueles que
O ouviam, atestando que ninguém ensinava como Aquele homem (Jo. 7.46). A
maneira como Jesus ensinava causava maravilha para os ouvintes, principalmente
porque se distinguia da forma dos escribas, pela autoridade que demonstrava
(Mt. 7.28,29). A ministração de Jesus fazia o coração dos discípulos arder, e
se fundamentava nas Escrituras (Lc. 24.32, 45). Jesus fora chamado, por
dezessete vezes, de “Rabi”, termo hebraico para Mestre (Mt. 23.7; Mc. 9.5;
14.65; Jo. 1.38,49; 4.31; 11.8), assim sendo, não podemos desconsiderar a
relevância de Seu ministério como ensinador. O Senhor, na verdade, sempre
demonstrou acreditar no ensino (Jo. 3.2), por isso, Ele mesmo chamou a si mesmo
de Mestre (Jo. 13.13) e não perdia oportunidades de pregar nas sinagogas (Mt.
4.23), no templo (Jo. 8.2), nas ruas (Mc. 10.17) e nas casas (Lc. 14.1). Dentre
os métodos que utilizava, destacamos: parábolas (Mc. 4.11; Mt. 13.13),
declarações curtas (Mt. 10.16; 10.39; Jo. 11.25), lições experienciais (Mt.
18.1-6; Lc. 21.1-4; Mt. 4.19; Mt. 6.26,28) e perguntas (Mt. 9.5; 16.26; Mc.
8.29). Seus ensinamentos partiam, basicamente, das Escrituras (Mt. 4.1-11; Lc.
4.18; 24.27; Mt. 5.17-48; Jo. 3.14). Além do conhecimento bíblico, Jesus
demonstrou também ter a capacidade de compreender o comportamento humano (Jo. 2.25;
Mt. 9.4; Jo. 6.61,64). Os ensinamentos do Mestre tinham objetivos claros e
definidos: 1) formar ideais justos (Mt. 5.48); Jo. 3.1-14); 2) firmar
convicções fortes (Mt. 18.12; 22.42; Jo. 21.15-17); 3) levar os Seus ouvintes a
se relacionarem com Deus (Mt. 6.33; Mc. 12.30; Lc. 15.18); 4) a amar o próximo
(Mc. 12.31; Jo. 13.34); e 5) a preparar seus discípulos para o serviço (Mt.
4.19; 28.19-20; Mc. 3.14).
2. O DOM MINISTERIAL DE MESTRE
OU DOUTOR
O mestre ou doutor (gr.
didaskalos) necessariamente não é uma pessoa que obteve formação acadêmica na
área do magistério, ou mesmo que concluiu uma pós-graduação em nível de
doutorado, é uma dádiva de Deus para a igreja (I Co. 12.28). Evidentemente
aqueles que atuam no ministério do ensino são orientados a buscarem
qualificação, ou melhor, desenvolverem o ministério (Rm. 12.6,7). Sendo assim,
é aconselhável que os mestres da igreja busquem conhecer melhor as Escrituras,
frequentando assiduamente a EBD e/ institutos bíblicos. Alguns deles também
fazem carreira acadêmica, buscando formação institucional em universidades que
têm cursos de mestrado e doutorado. O que importa é a motivação desse dom, que
seja para a “edificação da igreja” (I Co. 14.12), já que Paulo reconhece a
necessidade de pessoas idôneas para ensinar nas igrejas (II Tm. 2.2). O próprio
apóstolo dos gentios se identifica entre aqueles que foram designados por Deus
para ser mestre (I Tm. 2.7; II Tm. 1.11). Reconhecidamente Apolo foi um mestre
da igreja primitiva, mas que demonstrava humildade, sentando-se entre aqueles
que careciam da orientação divina (At. 18.24-26). O mestre é comparado no texto
bíblico àqueles que regam as plantas, edificando na doutrina os que foram
alcançados pela graça de Deus (At. 18.27; I Co. 3.6-10). Os mestres ou doutores
da igreja enfrentam tentações, a principal delas é o orgulho, para evitar esse
pecado, precisam ter a consciência firmada na palavra, e a convicção de que
forma separados por Deus (I Co. 8.1). É nesse sentido que Tiago admoesta
aqueles que querem ser mestres apenas para se colocarem sobre os demais, sem
humildade e temor a Deus (Tg. 3.1) Os mestres também precisam saber que são
passíveis de ensino, não devem achar que já sabem tudo. Aqueles que caem nesse
pecado acabam por se distanciar do caminho de Deus, considerando que a soberba
conduziu Satanás à perdição (Is. 14.12-14). Mesmo os mestres que muitos sabem,
através do estudo dedicado às Escrituras, são limitados, ou seja, conhecem
apenas em parte (I Co. 13.9), por isso ninguém deve jactar-se do conhecimento bíblico-teológico
que detém.
3. O VALOR E A NECESSIDADE DOS
MESTRES
Infelizmente há muitos crentes
que desprezam o ministério do mestre na igreja, esses geralmente seguem o
caminho do fanatismo ou dos falsos ensinamentos. Os mestres exercem papel
fundamental na igreja, eles dão prosseguimento ao trabalho desenvolvido pelos
apóstolos e evangelistas (I Co. 12.28). Os mestres atuam na igreja a fim de
prevenir contra a tentação e o pecado, eles não se cansam de ensinar as mesmas
coisas, para a segurança da igreja (Fp. 3.1). O ensinamento dos mestres serve
como remédio e prevenção para evitar que os crentes sejam engodados pelo
pecado, na medida em que os direciona para guardarem a palavra de Deus (Sl.
119.9,11). Os mestres também corrigem atitudes equivocadas na igreja,
direcionando os crentes para a mansidão consolidada por meio da poderosa
palavra de Deus (Tg. 1.21). É justamente na Palavra que o mestre fundamenta seu
ensino, não em especulações filosóficas, ou teorias psicológicas, se firma “na
doutrina dos apóstolos” (At. 2.42). Principalmente nos dias atuais, nos quais
os cristãos estão sendo solapados pela superficialidade, carecemos de mestres
para produzir convicções fortes nos crentes, para compreenderem o mistério de
Deus em Cristo (Cl. 2.2). Paulo sabia da importância desse ministério, por isso
instrui Timóteo a doutrinar a igreja, evitando que essa seja conduzida pelos
falsos mestres, que semeiam ensinamentos distanciados das Escrituras, apenas
para alimentarem a cobiça (II Tm. 4.2,3). Os mestres exercem papel fundamental
na igreja a fim de preparar os cristãos para o serviço, tendo em vista que é a
Palavra de Deus que habilita o crente para a obra do Senhor (II Tm. 3.16,17).
CONCLUSÃO
Jesus é o maior exemplo de
Mestre para a igreja, na verdade Ele é o Mestre dos mestres. Se o Senhor
exerceu esse ministério com propriedade, sendo reconhecido pelos seus ouvintes
como Rabi, a igreja não pode desprezar a atuação daqueles que labutam no
ensino. Devemos apoiar os mestres e doutores da igreja para que esses possam
exercer o ministério com maestria. Eles também não podem desprezar esse dom,
antes são instados a praticá-lo, esmerando-se ao fazê-lo. Mas não podem
esquecer-se de ser humildes, reconhecendo que são despenseiros dos mistérios
revelados de Deus, mas somente dos revelados (Dt. 29.29).
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O ministério do ensino da
Palavra é primordial para a igreja exercer o discernimento no que tange ao
tempo em que vive (culturas, teologia, filosofias etc.). Tão importante é a
função do mestre na igreja que as Escrituras declaram o quanto ele deve
esforçar-se intelectualmente para exercer tão nobre tarefa (Rm 12.7; 1 Tm
4.13). É uma tarefa importante e indispensável que exige muito de quem a
desempenha. [Comentário: Dando sequencia ao estudo dos dons ministeriais,
estudaremos hoje o ministério de mestre ou doutor, o último dos dons elencados
pelo apóstolo Paulo em Efésios 4.11 e cujo papel é fundamental para se
completar a tarefa da edificação do corpo de Cristo em amor, a missão de
aperfeiçoamento dos santos. O termo mestre, como aparece em Efésios
4.11, significa literalmente ensinador. O próprio termo implica ensinar
segundo os processos e métodos didáticos, apelando para as faculdades lógicas
da mente, da razão. A edificação do
corpo de Cristo começou com o trabalho dos apóstolos e dos profetas, que são os
fundamentos do edifício de Deus (Ef. 2.20), amplia-se com o trabalho do
evangelista e prossegue com o trabalho do pastor e do mestre, que permitem que
o edifício cresça de forma inabalável, alcançando, assim, o limite de varão
perfeito, da estatura completa de Cristo. Ao observarmos o texto áureo,
vemos que o Senhor diz àquele que ensina que se o seu dom "é ensinar, haja
dedicação no ensino." Haver dedicação é o mesmo que Esmerar-se; Esmerar-se
é realizar um ensino com cuidado especial, com dedicação e com amor. Minha
oração a Deus é para que nós, professoras de Escola Dominical nos esmeremos no
ministério que Deus providenciou para cada um de nós e que o Espírito Santo nos
mostre a responsabilidade que temos com nossos alunos, nossos filhos por
adoção. Nas palavras do Pr Antonio Gilberto: “Deus usa a mente do mestre. O
mestre bíblico ocupa-se da doutrina, do ensino bíblico, portanto necessita dos
dons da ciência e da sabedoria. Outro detalhe sobre esse ministério é que ele
é, biblicamente falando, itinerante como o de evangelista. É importante
explicar aqui a má compreensão de 1 João 2.20,27, quanto ao ministério do mestre. Esses textos dizem: "E
vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo(...) E a unção, que vós recebestes
dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não
é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis". A explicação
da suposta dificuldade está no versículo 26: "Estas coisas vos escrevi
acerca dos que vos enganam". O que João está querendo dizer é que o crente
não precisa dos que ensinam doutrinas extrabíblicas. Esse "alguém que vos
ensine" trata-se "dos que vos enganam".” http://www.cpadnews.com.br/blog/antoniogilberto/?POST_1_12_OS+DONS+MINISTERIAIS+(6%AA+PARTE).html] Tenhamos
todos uma excelente e abençoada aula!
I. JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA
1. O mestre da Galileia. Doutor incomparável, "percorria Jesus toda a
Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino
[...]" (Mt 4.23). No ministério terreno, seus sermões, ensinos e discursos
eram inflamados pelo amor às pessoas. Diferente dos escribas, Ele ensinava como
quem tinha autoridade (Mt 7.28,29). A verdade emanava da pessoa de Jesus! Os
que o ouviam só tinham duas opções: amá-lo ou odiá-lo. Era impossível ouvi-lo e
ficar indiferente. Jesus transtornava a consciência do acomodado e aquietava o
coração do perturbado. [Comentário: Sinagoga (do
grego συναγωγή, composto de σύν “com, junto” e ἄγω “conduta, educação”1 ) é o
local de culto da religião judaica, possui como o seu objeto central a Arca da
Torá. O serviço religioso da sinagoga, quando se forma um quórum, é feito todos
os dias, sendo que alguns envolvem leituras da Torá, cujos rolos são retirados
da Arca (heikhal) e transportados até o púlpito (Tebá). Por volta de 587 a.C., o
Reino de Judá foi conquistado pelos Babilônios e sua população dispersa. Depois
do regresso do exílio na Babilônia que o judaísmo começou a se desenvolver, com
o culto a centrar-se na sinagoga, um hábito adquirido na Babilônia devido à
inexistência de um templo. A sinagoga passou a funcionar como um ponto de
encontro dos judeus para as orações e para a leitura das Escrituras. JESUS, O
MESTRE veio para mostrar aos filósofos gregos a suprema verdade, veio para
vencer o orgulhoso romano e colocar no seu estandarte uma cruz em vez de uma
águia, veio para afagar em seus braços os continentes http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.U4z2mPk71sw. A Bíblia nos
ensina que Jesus teve toda exousîa (autoridade, poder), tanto cósmica quanto
histórica, para ensinar (Mt 7.29; Mc 11.28; Mt 9.8; Lc 4.36), curar (Mt
9.1-13), expulsar demônios (Mc 3.15), e para perdoar pecados (Mt 9.6; Mc 2.10).
Assim demonstava na sua pessoa que o reinado de Deus prometido desde a
antiguidade estava finalmente presente, um momento inédito em que o próprio
atrairia as pessoas para Si http://ultimato.com.br/sites/timcarriker/files/2008/08/a-autoridade-de-jesus.pdf. O Senhor
Jesus afirmou que as palavras que Ele falava lhe haviam sido ensinadas por Deus
Pai (Jo 8.28), e que seu ensino vinha do Pai (Jo 7.16ss.). O ministério de
Jesus por toda a Palestina é descrito como sendo essencialmente de ensino, seja
para as multidões casuais ou para os seus próprios discípulos; quer nas
sinagogas, nos lugares públicos, ou na audiência dos líderes religiosos (Lc
5.17). O Dicionário Bíblico Wycliffe apresenta a seguinte definição para
Mestre: “O significado literal de várias palavras gregas varia de
"instrutor" ou didaskalos, como em Mateus 10.24, até
"déspota" ou despotes, como em 1 Pedro 2.18. Outra palavra grega
traduzida como "mestre", epistates, significa "alguém nomeado
sobre" outros, como em Lucas 5.5. Ainda outra palavra grega é, na verdade,
hebraica - "rabbi" que significa "meu mestre"
("superior" ou "professor"), como em João 4.31. Uma quinta
palavra grega para "mestre" é kurios que geralmente foi traduzida
como "senhor" ao longo de todo o NT e significa "supremo"
(em autoridade). No sentido mais elevado, o título se aplica apenas ao Senhor.
Ainda existem outras palavras gregas e hebraicas com diferentes aspectos de
significado que foram traduzidas como "mestre". Duas palavras gregas
para "mestre" ocorrem em Mateus 23.8-10, "Vós, porém, não
queirais ser chamados Rabi [rhabbi, "meu mestre", ou
"professor"], porque um só é o vosso Mestre [kathegetes,
"líder" ou "professor"], a saber, o Cristo, e todos vós
sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai porque um só é o vosso Pai,
o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres [kathegetes,
"líderes"], porque um só é vosso Mestre, que é o Cristo". PFEIFFER
.Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1261-1262.]
2. O mestre divino. Em visita a Jesus, um mestre da Lei chamado
Nicodemos, educado nas melhores escolas religiosas de Israel e grande
conhecedor das Escrituras hebraicas, reconheceu em Jesus um personagem incomum
de seu tempo (Jo 3.1,2). Esse mesmo fariseu, que era príncipe dos
judeus, afirmou que o Nazareno não poderia fazer o que fazia se Deus não fosse
com Ele. Jesus é chamado Mestre cerca de quarenta e cinco vezes ao longo do
Novo Testamento. [Comentário: Fariseu (do
hebraico פרושים) é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no
século II a.C.. Opositores dos saduceus, criam numa Lei Oral, em conjunto com a
Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição
de Jerusalém em 70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência
dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo
rabínico.A palavra Fariseu tem o significado de "separados", " a
verdadeira comunidade de Israel", "santos". JESUS
foi o maior mestre da história. Seu nome se alteia acima dos grandes corifeus
deste mundo. SÓCRATES ensinou durante 40 anos. PLATÃO ensinou 50 anos.
ARISTÓTELES encheu bibliotecas com a sua erudição. JESUS não deixou nenhum
livro, nenhum tratado nem sequer uma página escrita. Não lecionou em nenhuma
Universidade, contudo, foi o MAIOR MESTRE do mundo. Jesus revolucionou o mundo
com a sua influência e com o seu ensino. JESUS não escreveu palavras no papel,
mas gravou-as no coração dos seus discípulos e estes, outrora acovardados
tornaram-se verdadeiros gigantes da fé, protagonistas incontestáveis da maior
revolução e transformação da história: vidas foram arrancadas do negrume da
ignorância; perdidos foram encontrados, enfermos foram curados, cegos viram,
surdos ouviram, mudos falaram, os atormentados acharam paz, os enclausurados
acharam liberdade, os párias foram dignificados e os homens rebeldes foram
reconciliados com Deus http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/jesus-o-mestre-por-excelencia/#.U4z2mPk71sw. Nicodemos era
um líder religioso judeu e um fariseu, isto é, pertencia à seita mais rigorosa
daqueles tempos. O que motivou Nicodemos a procurar Jesus? Provavelmente, ele
estava impressionado e também curioso, e preferiu formar sua opinião a respeito
de Jesus depois de uma conversa inicial. Talvez preferisse evitar ser visto na
sua companhia, em plena luz do dia, por temer a censura de seus companheiros
fariseus (que não criam que Jesus era o Messias). Mas pode não ter sido o medo
que o levou a Jesus depois de escurecer, e também é possível que tenha
escolhido um momento em que pudesse conversar sozinho e longamente com o
popular mestre que estava sempre cercado de pessoas. Respeitosamente, Nicodemos
se dirigiu a Jesus como o Mestre que havia sido enviado por Deus. Embora isso
fosse verdade, esse título revela seu limitado conhecimento sobre Jesus, afinal
Ele era muito mais que um simples rabino. Mas pelo menos Nicodemos identificou
os sinais miraculosos de Jesus como a revelação do poder de Deus. Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 500. O
ensino de Jesus se diferencia de qualquer instrução, discurso ou filosofia dos
homens por se caracterizar em ensinamentos para serem vividos, e não apenas
pregados.]
3. O mestre da humildade. A fim de ensinar os discípulos acerca da humildade,
Jesus "levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha,
cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos
e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido" (Jo 13.4,5). Que
cena chocante para os judeus! A pergunta de Pedro descreve essa perplexidade
(v.6). Era inimaginável um mestre encurvar-se para lavar os pés de pessoas
leigas. Jesus era um mestre e deu o exemplo aos discípulos. O Emanuel,
"Deus conosco", encurvou-se diante dos homens! Isso se deu porque o
ensino de Jesus não era mero discurso, mas "espírito e vida" (Jo
6.63). Ele nos convida a fazer o mesmo: "Vós me chamais Mestre e Senhor e
dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós
deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para
que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.13-15). [Comentário: Pelo fato de a declaração
de abertura do capítulo 13 ser longa e detalhada, o leitor deve considerar que
o início da cena da ceia ocorre na primeira oração do versículo 2: E, acabada a
ceia (o texto grego diz “durante a ceia”), e então continua com a primeira
oração no versículo 4: levantou-se da ceia. Ao fazê-lo, o Senhor tirou as
vestes (4, cf. 10.17; Fp 2.5-8); i.e., a túnica externa. Então, tomando uma toalha,
cingiu-se, o que “marca a ação de um escravo”. Assim preparado, Ele pôs água
numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha
com que estava cingido (5). João não declara por que algum dos discípulos não
executou esta tarefa servil, mas evidentemente havia ocorrido alguma “busca de
posição” entre os doze (Lc 22.24). Além disso, Jesus era o único naquela sala
que poderia executar até mesmo o simbolismo da purificação — pois só Ele estava
limpo no sentido teológico e moral da palavra (cf. 17.19; Hb 13.12). Ele veio
para tornar aqueles que confessam seu nome, puros, moralmente limpos, santos.
Quando Jesus foi lavar os pés de Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavas-me os
pés a mim? (6) A resposta de Jesus, não o sabes tu, agora, não só afirmava a
ignorância de Pedro em relação às coisas espirituais (e.g., a vinda do
Espírito), como também incluía uma promessa: tu o saberás depois (7). O que eu
faço era a humilhação do Senhor, simbolizada no ato de lavar-lhes os pés; na
verdade, porém, Ele estava proporcionando toda a obra redentora de Deus para o
homem. Hoskyns comenta que a reação de Pedro não é um contraste entre o orgulho
de Pedro e a humildade de Jesus, mas, antes, “entre o conhecimento de Jesus, o
qual é a base da ação, e a ignorância de Pedro, que ainda não percebe que a
humilhação do Messias é a causa efetiva da salvação cristã” (cf. 2.22; 7.39;
12.16; 14.25-26; 15.26; 16.13; 20.9). Mas o entendimento do futuro estava longe
demais para Pedro. Ele só via a incongruência imediata da situação — Jesus
lavando os seus pés. Impulsivamente, ele declarou: “Nunca em nenhum momento
lavarás os meus pés — para sempre” (tradução literal). Pedro esperava colocar
um ponto final em tudo aquilo. Mas Jesus conhecia o caminho para o coração de
Pedro — a ameaça de ser excluído da presença de Jesus, a quem Pedro amava. Se
eu te não lavar, não tens parte comigo (8; cf. Hb 12.14). “Não há lugar na
sociedade dos cristãos para aqueles que não forem purificados pelo próprio
Senhor Jesus”. Se a comunhão só poderia ser adquirida pela purificação (cf. 1
Jo 1.7), então Pedro queria tudo o que pudesse ter — pés, mãos e cabeça (9).
Jesus fez uma aplicação geral da ideia sobre a qual conversava com Pedro:
“Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés. Ele está todo
limpo”. “Vós estais limpos, mas não todos” (10). Hoskyns comenta que, no ato da
lavagem dos pés, Jesus “simbolicamente declara a completa purificação deles
através da humilhação da morte do Messias. O cristão fiel é purificado pelo sangue
de Jesus” (1 Jo 1.7; cf. Rm 6.1-3; 1 Co 10.16). Se a santidade de coração
estiver no coração da Eucaristia (6.53), a pureza do coração está no coração do
Pedilavium (lavagem dos pés). Tudo isto era uma prefiguração simbólica da obra
do Espírito que se tornaria possível através da sua vinda (14.15-17,25-26;
15.26; 16.7-15). Mas, e quanto a Judas? Ele estava limpo? Jesus sabia, e soube
(6.70-71), quem o haveria de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos
(11). Bernard diz: “No que diz respeito à limpeza do corpo, não há dúvida de
que ele estava nas mesmas condições dos outros, mas não no sentido espiritual”.
Tendo lavado os pés dos discípulos e vestido a sua túnica, Jesus, estando à
mesa, outra vez perguntou aos discípulos: Entendeis o que vos tenho feito? (12)
Macgregor comenta: “Quando ‘veste a sua túnica’, Jesus assume a sua vida
novamente (10.17ss.) no poder do Espírito, e assim esclarece todas as coisas”
(7). Sem esperar por uma resposta, Jesus explicou que isto tinha sido um
exemplo (15), ou modelo, “que estimula ou deve estimular alguém a imitá-lo”. Da
mesma forma que Ele, seu Mestre (literalmente, “Ensinador”) e Senhor, lhes
tinha feito, assim deveriam fazer uns aos outros (13-14; cf. 34). Hoskyns diz:
“Seu ato de lavar os pés dos discípulos expressa a própria essência da
autoridade cristã”. Não parece haver qualquer evidência de que Jesus quisesse
que a lavagem dos pés fosse instituída como um sacramento. Mas fica claro que
Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e axiomático, embora paradoxal, que a
única maneira de ser “o maior” (Lc 22.24) ou de ser bem-aventurado (17) é tomar
a estrada do serviço amoroso (13.34) e do sacrifício (10.15), baseado no
conhecimento da vontade de Deus para nós. A palavra traduzida como
bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt 5.3-12). Joseph H.
Mayfield. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 116-117.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Jesus,
o mestre da Galileia, é reconhecido em o Novo Testamento tanto como o Mestre
Divino quanto o Mestre da humildade.
II. O ENSINO DAS ESCRITURAS NA IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO
1. Uma ordem de Jesus. Antes de ascender aos céus, de modo solene Jesus
determinou aos seus discípulos que ensinassem "todas as nações [...] a guardar
todas as coisas" que Ele tinha ordenado (cf. Mt 28.19,20). O livro de Atos
registra a obediência dos primeiros apóstolos no cuidado de cumprir a
determinação de Jesus. Após a descida do Espírito Santo (At 2.1-6), o discurso
de Pedro foi um verdadeiro ensino proferido no poder do Espírito Santo (At
2.14-40). Tendo em vista a plena edificação da Igreja na Palavra, o Senhor
Jesus, através do Espírito Santo, dotou alguns de seus servos com o dom
ministerial de mestre ou doutor (Ef 4.11). Esse dom é uma capacitação
sobrenatural do Espírito. Isso não significa, porém, que devemos descuidar de
nossa formação intelectual, pois o preparo para o ensino passa pela capacidade
de aprender para posteriormente ensinar. [Comentário: Embora
em missões anteriores Jesus tivesse enviado os discípulos somente aos judeus
(10.5,6), a sua missão a partir de então seria a todas as nações. Isto é
chamado de Grande Comissão. Os discípulos tinham sido bem treinados, e tinham
visto o Senhor ressuscitado. Eles estavam preparados para ensinar as pessoas de
todo o mundo a guardar todas as coisas que Jesus tinha mandado. Isto também
mostrava aos discípulos que haveria um período entre a ressurreição de Jesus e
a sua segunda vinda. Durante este período, os seguidores de Jesus tinham uma
missão a cumprir - evangelizar, batizar e ensinar as pessoas a respeito de
Jesus para que elas, por sua vez, pudessem fazer a mesma coisa. As boas novas
do Evangelho deveriam ser transmitidas a todas as nações. Com este mesmo poder
e autoridade, Jesus ainda nos ordena que contemos a outros sobre as boas-novas,
e os façamos discípulos do reino. Nós devemos ir – seja à porta ao lado ou a
outro país - e fazer discípulos. Esta não é uma opção, mas um mandamento a
todos os que chamam Jesus de “Senhor”. Quando obedecermos, sentiremos conforto
sabendo que Jesus está conosco todos os dias. Isto irá acontecer por meio da
presença do Espírito Santo na vida dos crentes. O Espírito Santo será a
presença de Jesus que nunca os deixará (Jo 14.26; At 1.4,5). Jesus continua a
estar conosco hoje, por meio do seu Espírito. Da mesma maneira como este
Evangelho se iniciou, ele termina - Emanuel, “Deus conosco” (1.23). As
profecias do Antigo Testamento e as genealogias do livro de Mateus apresentam
as credenciais de Jesus que o qualificam para ser o Rei do mundo - não um líder
militar ou político, como os discípulos originalmente tinham esperado, mas o
Rei espiritual que pode derrotar todo o mal e governar no coração de cada
pessoa. Se nos recusarmos a servir fielmente ao Rei, seremos súditos desleais.
Precisamos fazer de Jesus o Rei da nossa vida, e adorá-lo como nosso Salvador,
Rei e Senhor. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. Vol 1. pag. 171.]
2. A doutrina dos apóstolos. O texto de Atos 2.42 informa-nos que os primeiros
convertidos "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações". Além disso, acrescenta que em "cada
alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos"
(v.43). A "doutrina dos apóstolos" aqui referida trata-se do conjunto
de ensinos de Cristo ministrados por eles de forma constante e eficaz para o
crescimento integral dos novos crentes. [Comentário: O
ensinamento na primeira igreja foi chamado a doutrina dos apóstolos. Jesus
revelou a sua vontade aos apóstolos e mandou que eles a entregassem ao mundo.
Observe que este ensinamento não foi chamado “a doutrina da igreja”. A Igreja
Católica Romana ensina que a igreja produz as Escrituras. É com esta base que
eles aceitam os escritos dos “Pais da Igreja”, as tradições e até editos
modernos como palavras de autoridade. Mas o relato de Lucas demonstra que
aconteceu ao contrário. Foi a pregação do evangelho que deu origem à igreja.
Então, santos apóstolos e profetas guiaram a igreja até Deus completar a sua
revelação (Ef 3.5). A doutrina da igreja primitiva veio dos apóstolos porque
eles a receberam diretamente de Deus. O Pr Elinaldo Renovato de Lima escreve o
seguinte: “O ensino do evangelho de Cristo aos novos convertidos era tão sério
e profundo, que os primeiros crentes eram batizados em águas, “E perseveravam
na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em
cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”
(At 2.42, 43 — grifo nosso). A “doutrina dos apóstolos” era o conjunto de
ensinos, ministrados por eles aos novos crentes, de forma eficaz, produzindo
mudanças e transformações na vida dos que se convertiam, com sinais e
maravilhas. Essa doutrina apostólica ainda está em vigor em nossos dias. Os
mestres ou doutores, com humildade e amor, devem fundamentar seus estudos nos
ensinos preciosos do evangelho de Cristo”. Elinaldo Renovato. Dons
espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 125. Não devemos falhar em observar
quem perseverava na doutrina. Todos os crentes, não somente os pregadores,
perseveravam na doutrina. Frequentemente, esperamos os outros se dedicarem à
doutrina para nos guiarem. Todos os membros da primeira congregação foram
dedicados à palavra. Todos desejavam aprender. Isso não significa que todos
fossem mestres ou peritos. Deus não precisa de um monte de professores para
cumprir seu plano. De fato, os estudiosos frequentemente se acham sofisticados demais
para aceitar a simplicidade do plano de Deus (1 Coríntios 1:18-31). Não
precisamos fazer seminário, mas Deus quer que sejamos capazes de defender as
razões da nossa esperança nele (1 Pedro 3:15). Essa defesa será possível
somente por meio de um discipulado dedicado. Os primeiros cristãos desejavam
aprender porque queriam fazer. O cristianismo não é uma busca acadêmica. No
livro de Atos, Lucas escreveu sobre vidas transformadas, não sobre formaturas
de faculdades. Os tessalônicos suportaram perseguições. Os efésios queimaram
livros de artes mágicas. Um casal, Áquila e Priscila, saíram de Roma, foram
para Corinto e depois para Éfeso, e depois voltaram para Roma pelo seu desejo
de divulgar o evangelho. Pessoas de fé se mostram dedicadas em ouvir e praticar!
http://www.estudosdabiblia.net/escb14_02.htm]
3. Ensinamento persistente. Os primeiros mestres das Escrituras foram os
integrantes do Colégio Apostólico (At 5.42, cf. vv.40,41). A Igreja começou nas
casas, onde o ensino era ministrado a pequenos grupos nos lares. Falando aos
anciãos de Éfeso, o apóstolo Paulo mostrou-se como um verdadeiro mestre que
ensinava "publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como
aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (At
20.20,21). Deus havia preparado homens para ensinar e levantado
"doutores" na igreja em Antioquia (At 13.1). O Pai Celestial
igualmente deseja levantar mestres em sua igreja. Vivemos dias em que este
ministério nunca foi tão necessário. [Comentário: Os primeiros mestres ou ensinadores foram
os integrantes do Colégio Apostólico. Como pioneiros na propagação do
evangelho, foram perseguidos, presos e alguns mortos. Mas cumpriram a ordem de
Jesus de pregar e ensinar a sua Palavra. Diz o texto bíblico: “E todos os dias,
no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo”
(At 5.42). Não perdiam tempo. Não havia templos cristãos. A igreja começou nas
casas. O ensino era ministrado a pequenos grupos nos lares. C) apóstolo Paulo,
falando aos anciãos de Éfeso, mostrou o caráter do seu ensino como verdadeiro
mestre cristão: “servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas
e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; como nada, que útil
seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas,
testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em
nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.19-21). Elinaldo Renovato. Dons
espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 125-126.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O
ensino na igreja do primeiro século foi ordenado por Jesus para os apóstolos
ensinarem persistentemente.
III. A IMPORTÂNCIA DO DOM
MINISTERIAL DE MESTRE
1. Uma necessidade urgente da
igreja. Para o ministério de ensino ser eficaz na
igreja local é preciso haver pessoas vocacionadas. Não são todas que reúnem
informações exegéticas, históricas e literárias da Bíblia, aplicando-as como é
necessário. Deus concedeu à sua igreja mestres, e é preciso que ela invista
neles também. Muitas vezes, por absoluta falta de preparo dos obreiros,
predomina a superficialidade bíblica, a infantilidade "espiritual" e
o aumento do engano promovido pelas astúcias dos falsos mestres (2 Pe 2.1).
Esse dom do Senhor é para a igreja amadurecer em todas as dimensões da vida
cristã, ao mesmo tempo em que desmascara os falsos ensinos (Ef 4.14; Os 4.6). [Comentário:
2 Ped 2.1. No final do capítulo anterior, faz-se menção aos homens santos
de Deus, que viveram na época do Antigo Testamento e foram usados como os
instrumentos do Espírito Santo, ao escreverem os oráculos sagrados; mas no
início deste capítulo, ele nos conta que existiram, mesmo naquela época, falsos
profetas na igreja junto aos verdadeiros. Em todas as épocas da igreja, e em
todas as dispensações, quando Deus envia os verdadeiros profetas, o diabo manda
alguns para seduzir e enganar, os falsos profetas no Antigo Testamento, e os
falsos cristos, falsos apóstolos e mestres enganadores no Novo. Acerca desses,
observe: 1. A ocupação deles é introduzir enganos destruidores, até mesmo
heresias abomináveis, assim como a ocupação dos mestres enviados por Deus é
mostrar o caminho da verdade, até mesmo o caminho verdadeiro para a vida
eterna. Há heresias abomináveis como também práticas abomináveis; e os falsos
mestres são diligentes em difundir esses erros perniciosos. 2. Heresias
abomináveis são em geral introduzidas secretamente, sob o manto e o disfarce da
verdade. Aqueles que introduzem heresias destrutivas “...negarão o Senhor que
os resgatou”. Eles rejeitam e se negam a ouvir e aprender do grande mestre
enviado por Deus, embora Ele seja o único Salvador e Redentor dos homens, que
pagou o preço suficiente para redimir todos os pecadores que há no mundo. 3. Os
que introduzem enganos destrutivos sobre outros trazem “...sobre si mesmos
repentina (e por isso segura) perdição”. Autodestruidores são destruídos
rapidamente; e os que estão tão endurecidos que propagam enganos destrutivos
para outros serão certa e repentinamente destruídos, e isso sem escapatória. HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição
completa. Editora CPAD. pag. 894.]
2. A responsabilidade de um
discipulado contínuo. Estamos acostumados a
pensar que o discipulado termina quando o novo convertido é batizado. Não há
nada mais equivocado! O Senhor Jesus chamou-nos para ser os seus discípulos por
toda a vida. Por isso, quem ensina instrui os crentes para a maturidade da fé.
É um aprendizado diário, permanente e contínuo, tanto para quem é discipulado
quanto para quem está discipulando! [Comentário: 1. O
DISCIPULADO PERMANENTE: - O ensino da Palavra de Deus, na igreja local, é
indispensável e de fundamental importância. Depois da evangelização, vem o
discipulado dos novos convertidos. Mas o discipulado não deve ser visto como
apenas algumas lições da Escola Dominical. O discipulado cristão é para toda a
vida. Ninguém deixa de ser discípulo pela idade ou “por tempo de serviço”. O
pastor ou bispo deveria ser também mestre e ter sempre a capacidade para
ensinar. Diz Paulo: “Convém que o bispo seja.... apto a ensinar ’ (1 Tm 3.2 —
grifo nosso). Em Efésios 4.11, o dom ministerial de “pastores” vem bem junto ao
de “doutores”. Mas nem sempre esses dois dons são encontrados em todos os
pastores. Por isso Deus resolveu designar algumas pessoas com a missão de
dedicar-se ao ensino (cf. Rm 12.7). “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente,
apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores...” (1 Co 12.28).
A missão dos mestres ou doutores, nas igrejas, é de grande valor. Os
pregadores, os evangelistas ou os missionários pregam a Palavra de Deus,
atraindo as almas para Cristo. Os novos convertidos são como “crianças”
espirituais, que precisam receber o alimento espiritual de acordo com o seu
tempo de conversão; os crentes mais antigos, supostamente, devem ter mais
maturidade; mas todos precisam do ensino fundamentado, que expresse a sã
doutrina. Sem o ensino, os crentes ficam sem o conhecimento indispensável ao
seu crescimento na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 2
Pe 3.18).
2. O PAPEL DOS MESTRES: - A
necessidade do ensino da Palavra de Deus requer pessoas preparadas para
ministrá-la com sabedoria, graça e unção da parte de Deus. Diante disso, vem o
papel dos mestres e doutores. São pessoas que se dedicam ao ensino (cf. Rm
12.7). Eles não se consideram superiores aos demais obreiros, pelo fato de
terem recebido o dom de ensinar. Mas, pela dedicação constante ao estudo e à
pesquisa bíblica, reúnem informações e subsídios, extraídos das Escrituras,
para compartilhar com toda a igreja. Quando o pastor da igreja local reúne em
si a condição de pastorear e ensinar, a igreja é bem servida com o ensino bem
fundamentado que atende às necessidades espirituais dos crentes. Mas, como foi
dito antes, nem todo pastor é mestre. Mas todos são apascentadores, que zelam,
cuidam, vigiam e protegem o rebanho de Cristo aos seus cuidados. Os mestres,
doutores ou ensinadores, que recebem o dom de ensinar, podem (e devem) cooperar
com a liderança da igreja na ministração de estudos valiosos e profundos para a
edificação dos crentes. Diz o pastor Elienai Cabral: “Igrejas sem mestre são
igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se reconhecer a importância e a
necessidade do ministério do ensino. È através do ensino sadio e racional,
inspirado pelo Espírito Santo, que a igreja se justifica contra as falsas
doutrinas e que se fortifica contra os ataques espirituais de Satanás”. Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 121-123.]
3. Requisitos necessários ao
mestre. Apresentaremos alguns requisitos importantes
para a igreja reconhecer pessoas com o dom ministerial de mestre em nossa
época:
a) Um
salvo em Cristo. Não pode haver dúvidas quanto à própria experiência salvífica
por parte do vocacionado para o ministério do ensino (2 Tm 2.10-13).
Infelizmente há pessoas que não creem naquilo que ensinam. Assim, não há
verdade nem firmeza nelas.
b) O
hábito de ler. Em nosso país, a leitura é um problema cultural. Se as pessoas
leem pouco, a igreja pouco lerá. Entretanto, como ensinaremos se não lermos? O
hábito da leitura era levado a sério no ministério do apóstolo Paulo (1 Tm
4.13; 2 Tm 4.13).
c)
Preparo intelectual. A Bíblia é o instrumento de trabalho do ensinador cristão.
Considerando este livro milenar, veremos que a cultura e o mundo da Bíblia são
diferentes do nosso. Por isso, o mestre deve compreender o mundo da Bíblia
(suas questões culturais, linguísticas, exegéticas etc.) para não fazer
apelações fantasiosas, apresentando-as como exposição da Palavra de Deus.
d) Um
coração em chamas. Martin Loyd-Jones dizia que a verdadeira pregação era
teologia em fogo. É vontade de Deus que o vocacionado ao ensino utilize os
avanços das ciências bíblicas para pregar a Palavra de Deus na força do
Espírito Santo. Precisamos alcançar as mentes e os corações dos nossos dias, e
isto apenas será possível quando tivermos obreiros com uma mente bem preparada
e conectada a um "coração em chamas" e apaixonado por Jesus (At
3.12-26). [Comentário: Um bom ensinador, mestre ou
doutor é pessoa que, usada por Deus, na unção do Espírito Santo, pode muito
contribuir para a edificação espiritual e moral dos crentes. O Eclesiastes
resume o valor dos que ensinam com a sabedoria de Deus: “As palavras dos sábios
são como aguilhões e como pregos bem fixados pelos mestres das congregações,
que nos foram dadas pelo único Pastor” (Ec 12.11). Para ser um bom mestre, na
igreja, são necessários alguns requisitos. 1) Apresentar-se a Deus. “Procura
apresentar-te a Deus aprovado... que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm
2.15a). Um bom mestre deve ser um obreiro aprovado por Deus, e não apenas nas
faculdades de teologia ou seculares. O que ensina deve ser aprovado:
a) No testemunho pessoal (1 Tm
4.16; 2 Tm 4.5);
b) Na vida familiar (SI 128.1);
c) Na vida social (Mt 5.16);
d) Na igreja (Ec 5.1,2).
2) “Que não tem de que se
envergonhar... ” (2 Tm 2.15b). Quem é mestre precisa ser exemplo dos fiéis (1
Tm 4.12). Deve ter uma vida íntegra, para não ser alvo de acusações por parte
dos que o ouvem ou dos de fora da igreja. Se um ensinador dá escândalo
compromete seu nome, sua imagem e seus ensinos.
3) “Que maneja bem a palavra da
verdade...” (2 Tm 2.15c). Esse requisito é muito importante, porque o mestre ou
doutor é o homem que faz uso da Palavra de Deus para ministrar o ensino à
igreja. Seu manual de ensino é a Bíblia Sagrada. Ele deve conhecer bem a
Palavra para poder preparar estudos, mensagens e reflexões a serem
compartilhadas, verbalmente ou por escrito, para a edificação da igreja. Devem
ser “aptos para ensinar” (1 Tm 3.2; 2 Tm 2.24). Para ter esse manejo, é preciso
que o mestre ou doutor tenha certos cuidados:
a) Seja um leitor persistente e
estudioso da Bíblia (1 Tm 4.13).
b) Seja dedicado ao ensino (Rm
12.7b). Essa dedicação exige esforço e disciplina para o desenvolvimento de um
ministério frutífero;
c) Seja um leitor de bons livros
de estudo bíblico (2 Tm 4.13). Os bons livros não substituem a Bíblia, mas,
quando são escritos por homens de Deus, são excelentes auxílios ao preparo de
estudos e mensagens;
d) Procure conhecer versões
variadas da Bíblia, principalmente as de estudo bíblico, examinando seus
comentários, para evitar inserções heréticas, em suas notas;
e) Utilize dicionários,
concordâncias e enciclopédias bíblicas.
f) Seja um leitor de revistas,
jornais, e periódicos (evangélicos e seculares), que tenham subsídios para
fortalecer o ensino.
g) Tenha preparo teológico. Um
curso teológico de boa qualidade não faz um excelente mestre no ensino da
Palavra de Deus. Esse é feito por Deus. Contudo, o curso dá uma visão ampla do
estudo sistemático da Palavra de Deus, a partir da Teologia Sistemática e suas
divisões; da Hermenêutica, da Homilética, da História da Igreja, da Geografia
Bíblica, Ética Pastoral, Didática, Psicologia, etc... A Bíblia diz: “Examinai
tudo. Retende o bem...” (1 Ts 5. 21). Um mestre deve ter conhecimentos acima da
média de seus alunos.
Tiago adverte que muitos não
queiram ser mestres (doutores ou professores), visto que “receberemos mais duro
juízo” (Tg 3.1). Diante disso, é importante que os mestres sejam pessoas
cuidadosas no exercício de sua missão, pautando-se pelos princípios éticos e
morais da Palavra de Deus, para que possam contribuir para o crescimento
espiritual dos crentes, nas igrejas, auxiliando os pastores ou líderes a melhor
conduzirem o rebanho do Senhor Jesus. Elinaldo Renovato. Dons espirituais
& Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário.
Editora CPAD. pag. 123-124.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O dom
ministerial de mestre é uma necessidade para a igreja local e uma responsabilidade
para um discipulado permanente.
CONCLUSÃO
É preciso desfazer a ideia
propagada ao longo de décadas acerca do preparo intelectual do crente. Não é
verdade que necessariamente ele esfriará na fé se estudar. Se fosse assim Paulo
seria o mais frio dos apóstolos do Novo Testamento, pois não havia obreiro mais
bem preparado que ele (At 17.15-34; Tt 1.12). Este, no entanto, soube conjugar
preparo intelectual e poder do alto. É disso que as nossas igrejas precisam:
homens cheios do Espírito, mas do mesmo modo, com a mente iluminada para
responder, com mansidão e temor, a razão da nossa esperança (1 Pe 3.15). [Comentário: Não há mais espaço para aquela ideia equivocada
de que “a letra mata, mas o Espírito vivifica”. Essa é uma interpretação
nebulosa usada por muitos que se recusam preparar-se intelectualmente. Hoje, o
mestre deve aprofundar-se nas ciências bíblicas da exegese e da hermenêutica,
bem como depender inteiramente do Espírito Santo para capacitá-lo e dirigi-lo
no esforço em busca da excelência no ensino. Muito embora não tenhamos hoje
mestres reconhecidamente separados para exercer o ministério de ensino, assim
como separam pastores, presbíteros e diáconos, temos homens e mulheres que
labutam, que ajudam a Igreja a crescer na graça e no conhecimento do Senhor
Jesus. Uma Igreja que negligencia seus mestres e o ministério de ensino, está
fadada ao fracasso espiritual, à crise, pobreza e problemas na área do ensino
da Palavra.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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