SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Após o estudo dos dons
espirituais, nos voltaremos ao longo das próximas aulas para os dons
ministeriais, isto é, para a obra do ministério (gr. eis ergon diakonia).
Inicialmente destacaremos os propósitos desses dons, comparando-os com os dons
espirituais. Em seguida apresentaremos as especificidades do ministério
apostólico no Novo Testamento. E ao final, faremos uma apreciação a respeito do
ministério do apostolado nos dias atuais.
1. OS PROPÓSITOS DOS DONS
MINISTERIAIS
Os ministérios de Deus sempre têm
propósitos, conforme estudamos anteriormente em relação aos dons espirituais (I
Co. 12.7). Os dons ministeriais são provenientes de Cristo, e destinados à
igreja, para o aperfeiçoamento dos santos. Isso quer dizer que esses dons devem
edificar os outros, ou seja, para serem compartilhados, para contribuir com a
santificação dos irmãos e irmãs. Paulo acrescenta que eles são para o trabalho
do ministério (gr. diakonia). Portanto, uma das especificidades desses dons,
diferentemente dos espirituais, é que eles são para o serviço, para os que
lideram na igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres
trabalham com vistas à edificação do Corpo de Cristo. A atuação dos dons
ministeriais acontecerá, no seio da igreja, até que venhamos à unidade da fé em
Cristo. É uma pena testemunhar tantas divisões nas igrejas, algumas delas
infundadas, por motivos meramente egoístas. Isso acontece por causa dos
interesses individuais, geralmente pela busca de títulos. A igreja não pode
esquecer que foi chamada para a unidade (Jo. 17.21), não apenas nos aspectos
doutrinários, mas, sobretudo, para o amor (gr. agape), que é o vínculo da
perfeição que promove a paz (Ef. 4.3; Cl. 3.14). O objetivo primordial do
ministério deve ser o crescimento em amor da igreja, e o conhecimento do Filho,
Jesus Cristo. Para tanto, devemos ensinar, a partir dos evangelhos, quem foi e
é o Senhor. Como Paulo devemos ser imitadores de Cristo, somente assim
chegaremos à estatura de perfeição, ou melhor, a completude em Cristo. A
intenção de Deus é a maturidade da Sua igreja, infelizmente alguns preferem
continuar crianças na fé. Uma das características da infância é a falta de
critérios para avaliação. As crianças tendem a ser levadas por todo e qualquer
vento de doutrina. O ministério tem uma função primordial nesse sentido, a de
evitar que os irmãos sejam enganados por falsas doutrinas de homens, e seguirem
segundo os rudimentos do mundo (Cl. 2.4-8).
2. OS APÓSTOLOS DO NOVO
TESTAMENTO
O ministério de apóstolos (gr.
apóstolos) geralmente está relacionado aos doze, mas tem uma atuação bem mais
ampla no Novo Testamento. Existem pelo menos vinte e quatro apóstolos
mencionados ao longo do Novo Testamento. O termo grego diz respeito a alguém
que foi delegado, ou melhor, enviado com autoridade para agir em lugar de
outro. O apóstolo, de acordo com essa definição, é alguém que age não em
benefício próprio, mas pelo Espírito Santo, em benefício do Corpo de Cristo.
Essa é uma diferença fundamental de alguns apóstolos televisivos, que assim se
intitulam, para tirarem benefício do rebanho. Ninguém se faz apostolo, esses
são chamados por Deus, para serem enviados. Os apóstolos são mensageiros,
arautos do evangelho de Jesus Cristo, que cumprem uma missão (II Co. 8.23; Fp.
2.25). Os apóstolos são listados primeiro, entre os dons ministeriais, porque
eles são os plantadores de igreja, aqueles que chegam primeiro ao campo.
Barnabé, em I Co. 9.5,6, é também chamado de apóstolo, tendo em vista sua
atuação missionária, juntamente com Paulo (At. 14.14). Há outros apóstolos no
Novo Testamento, dentre os quais destacamos, Andrônico, Júnia (Rm. 16.7), Apolo
(I Co. 4.6,9), Tiago, irmão do Senhor (Gl. 1.19; Tg. 1.1), Silas e Timóteo (I
Ts. 1.1; 2.6), Tito (II Co. 8.23) e Epafrodito (Fp. 2.25). A lista de apóstolos
no Novo Testamento é muito mais ampla, considerando os setenta, também enviados
por Cristo (Lc. 10.1-20). Uma das características marcantes desse ministério é
a disposição para desbravar territórios que ainda não foram alcançados. Jesus é
o maior exemplo de Apóstolo, pois Ele mesmo foi enviado para a salvação do
mundo (Jo. 3.16). Paulo também se reconhece apóstolo, não da parte de homens,
mas de Deus, que O chamou para as nações (Gl. 1.1). O ministério apostólico, ou
mais precisamente missionário, pode ter direções específicas. Paulo foi chamado
por Deus para o apostolado entre os gentios, enquanto que Pedro para os judeus
(Gl. 2.8). Um missionário pode ter chamado divino para pregar entre as etnias,
outro na zona rural, e outro, por sua vez, na urbana. Esse ministério
apostólico tem alguma relação com os doze, tendo em vista que aqueles também
foram enviados por Jesus (Mt. 10.2-4). Esse colégio tem destaque no Novo
Testamento, já que acompanharam Jesus, e foram testemunhas da Sua ressurreição.
Quando Judas traiu Jesus e foi se suicidar resultou em uma lacuna. Lucas, em
At. 1.26, registra que a substituição de Judas teria sido feita por Matias,
ainda que haja controvérsias em relação à aprovação divina dessa substituição.
Há quem defenda que o substituto de Judas na escolha de Deus teria sido Paulo,
já que Matias teria sido escolhido por sortes (At. 1.21-26). Essa perspectiva
teológica tem fundamento, considerando que Paulo viu Cristo ressurreto (At.
9.5; I Co. 15.8,9), sendo este um critério para que alguém fosse contado entre
os doze.
3. O APOSTOLADO NOS DIAS ATUAIS
O ministério apostólico
permanece nos dias atuais e é exercido por aqueles que são ou foram pioneiros
na obra de Deus, alguém que fora enviado para iniciar um trabalho (I Co. 3.10;
Ef. 2.20). Para tanto, há um preço a ser pago, o qual nem todos estão
dispostos. Há uma relação direta entre o ministério apostólico e a obra
missionária. Na verdade, o apóstolo dos dias atuais é um missionário, alguém
que sai da sua terra, se distancia da sua cultura, para ganhar almas para o
reino de Deus. Como aconteceu com Paulo, os apóstolos enfrentam muitas
dificuldades, e às vezes, são perseguidos (I Co. 4.9; II Co. 5.14-17). Eles são
os plantadores das igrejas, não ficam muito tempo no mesmo lugar, pois precisam
levar a mensagem adiante, em alguns casos gemendo e chorando (Sl. 126.6). Para
consolidar o trabalho, deixam presbíteros (bispos) e diáconos, a fim de
firmarem os irmãos e irmãs na fé (At 14.21-23; Fp. 1.1). Aqueles que são
deixados em determinado lugar receberam o dom de governo, para organizar a
igreja local (I Co. 12.28). Somente nesse sentido podemos dizer que existem
apóstolos nos dias atuais, pois doze apóstolos do Cordeiro já estão
estabelecidos (Ap. 21.14). É importante ressaltar que esses apóstolos não pertencem
a uma sucessão, a relação com eles está fundamentada na Palavra, que é
apostólica. É mais apropriado afirmar que os apóstolos são os missionários,
aqueles que são enviados para ganhar almas, dentro e fora de determinado país.
Esses servos e servas de Deus receberam uma chamada específica, não têm a vida
por preciosa (At.20.24), antes se gastam para a glória de Deus, e por amor às
almas perdidas (II Co. 12.15). Como acontecia nos primórdios da igreja, devemos
continuar enviando missionários, seguindo a direção do Espírito Santo (At.
13.1-5). Existem pessoas em várias etnias que precisam de Cristo, mas como
crerão se o evangelho não for pregado? A responsabilidade da igreja é a de
fazer missões, enviar obreiros e obreiras com o coração direcionado às almas
perdidas (Rm. 10.14,15).
CONCLUSÃO
O ministério apostólico continua
nos dias atuais, mas não como sucessão eclesiástica, como querem defender
aqueles que querem status. O apostolado não tem relação com títulos
eclesiásticos, que em alguns casos servem apenas para a promoção pessoal.
Alguns acham pouco serem “pastores” ou “bispos” por isso querem ser
“apóstolos”, se pudessem seriam “deuses”. Se por um lado precisamos ser
cautelosos quanto a esses falsos apóstolos, precisamos, por outro, legitimar o
verdadeiro ministério apostólico. A igreja deve reconhecer, enviar, orar e
contribuir com aqueles que são mensageiros de Deus em terra estranha, que se
sacrificam pelo Reino de Deus, que arrebatam as almas perdidas da condenação
eterna.
Prof.
Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
A
partir da lição desta semana estudaremos os Dons Ministeriais distribuídos por
Deus à sua Igreja, objetivando desenvolver o caráter cristão da comunidade dos
santos, tornando-o semelhante ao de Cristo (Ef 4.13). De acordo com as
epístolas aos Efésios e aos Coríntios, são cinco os dons ministeriais
concedidos por Deus à Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
doutores (1Co 12.27-29). Veremos o quanto esses ministérios são necessários à
vida da igreja local para cumprir a missão ordenada pelo Senhor ante o mundo e,
simultaneamente, crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo” (2Pe 3.18). Mostrando a sequência de Efésios 4.11, iniciaremos o
estudo pelo dom ministerial de apóstolo. [Comentário: Já temos
aprendido na primeira lição deste trimestre que os dons ministeriais são
dádivas concedidas por Cristo com a finalidade de aperfeiçoar os santos, para a
obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, a fim de que os crentes
atinjam a unidade da fé, o conhecimento do Filho de Deus, o nível de varões
perfeitos, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4.12,13). Com esta
lição, iniciamos o segundo bloco deste trimestre, dedicado ao estudo dos dons
ministeriais. O primeiro dom ministerial que estudaremos é o de apóstolo,
aqueles que foram enviados diretamente por Jesus para dar início à Igreja.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
1. O termo “apóstolo”. O Dicionário Bíblico Wycliffe informa que o termo grego apostolos
origina-se do verbo apostellein, que significa “enviar”, “remeter”. A palavra
apóstolo, portanto, significa “aquele que é enviado”, “mensageiro”,
“oficialmente comissionado por Cristo”. Ao longo do Novo Testamento, o
verdadeiro apóstolo é enviado por Cristo igualmente como o Filho foi enviado
pelo Pai com a missão de salvar o pecador com autoridade, poder, graça e amor.
O verdadeiro apostolado baseia-se na pessoa e obra de Jesus, o Apóstolo por
excelência (Hb 3.1). [Comentário: Etimologicamente o termo grego Apostellein
“Apóstolo” significa aquele que é enviado, mensageiro ou embaixador. Aquele que
representa a quem o enviou. A palavra é usada acerca do Senhor Jesus para
descrever a Sua relação com Deus (Hb 3.1; Jo 17.3). Os doze discípulos
escolhidos pelo Senhor para treinamento especial foram chamados assim (Lc 6.13;
9.10). Paulo, embora tivesse visto o Senhor Jesus (I Co 9.1; 15.8), não tinha
acompanhado os doze todo o tempo do Seu ministério terrestre, e,
consequentemente, não era elegível para um lugar entre eles, de acordo com a
descrição de Pedro sobre as qualificações necessárias (At 1.22). Paulo foi
comissionado diretamente pelo próprio Senhor, depois de sua ascensão, para
levar o evangelho aos gentios” (At 9.1-15) (VINE, 2002, p.407). O título
“apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo “apostello”
significa “enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante
pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze
discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; II Co 1.1;
Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; I Ts 2.6,7). A Bíblia de
Estudo Pentecostal (STAMPS, 2012, p. 1814). A Bíblia de Estudo Pentecostal
classifica “apóstolos” num sentido geral, como um ministério que ainda continua
sendo necessário para o propósito de Deus na igreja, fazendo uma conexão direta
com o trabalho missionário. Dessa forma, o termo “missionário” teria o mesmo
sentido de “apóstolo”, ou seja, um representante designado por uma igreja, e
cita como referências bíblicas Atos 14.4, 14 (Barnabé e Paulo), Rm 16.7
(Andrônico e Júnia), 2 Coríntios 8.23 (Embaixadores, traduzido do grego
apóstoloi).]
2. O colégio apostólico. Entende-se por colégio apostólico o grupo dos doze primeiros
discípulos de Jesus convidados por Ele a auxiliarem o seu ministério terreno. O
Salvador os separou e nomeou. Os primeiros escolhidos não eram homens
perfeitos, mas foram vocacionados a levar a mensagem do Evangelho a todo o
mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20). De acordo com Stanley Horton, eles foram
habilitados a exercer “o ministério quando do estabelecimento da Igreja” (At
1.20,25,26). Em outras palavras, os doze apóstolos constituíram a base
ministerial para o desenvolvimento e a expansão da Igreja no mundo. Mas antes,
como nos mostra a Palavra de Deus, receberam o batismo com o Espírito Santo (Lc
24.49; At 1.8; 2.1-46). [Comentário: Dá-se o nome de Colégio Apostólico ao grupo
de doze homens que foram chamados pelo próprio Senhor Jesus para segui-lo
durante o seu ministério terreno (Mt 10.2; Mc 6.30; Lc 6.13). “Foram três anos
aproximadamente, em que eles aprenderam as verdades de Deus com o maior Mestre
da história. Após o seu discipulado, aos pés de Cristo, e o recebimento do
batismo com o Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8), aqueles 12 foram enviados para
proclamar o evangelho, ou as Boas Novas de salvação (Lc 6.13). Eles
constituíram a base ministerial para o crescimento, o desenvolvimento e a
expansão do Reino de Deus e da Igreja de Cristo, por todo o mundo” (RENOVATO,
2014, p. 72).]
3. A singularidade dos doze. Aqui é importante ressaltar que o apostolado dos doze tem uma
conotação bem singular em relação aos demais encontrados em Atos e também nas
epístolas paulinas. [Comentário: A característica fundamental do apóstolo é
ser alguém que tem uma missão a cumprir, enviado por quem tem autoridade
espiritual para fazê-lo. Em seu discipulado, os doze apóstolos foram preparados
para o cumprimento da missão mais importante que um mortal poderia receber.
Serem embaixadores do Reino de Deus. Não poderiam ser pessoas desprovidas de
qualificações especiais. Eram homens comuns, humanamente detentores de virtudes
e defeitos, mas tiveram um treinamento aos pés do Mestre dos mestres. E
demonstraram possuir algumas qualidades especiais.]
a) Eles
foram convocados pessoalmente pelo Senhor. Multidões seguiam Jesus por onde Ele
passava (Mt 4.25), e muitos se tornavam seguidores do Mestre. Mas para iniciar
o trabalho da Grande Comissão, apenas doze foram convocados pessoalmente por
Ele (Mt 10.1; Lc 6.13). [Comentário: Foram
chamados por Jesus. Em seu ministério, Jesus teve muitos discípulos (Mt 8.21;
9.57-62). Mas, para cumprir a grande missão, Jesus selecionou apenas 12, e lhes
deu credenciais e poder para se tornarem apóstolos. “E, chamando a si os seus
doze discípulos...” (Mt 10.1a). Lucas anotou a eleição dos 12 dentre muitos
outros. Após passar uma noite inteira em oração a Deus, “chamou a si os seus
discípulos, e escolheu doze deles a quem deu nome de apóstolos” (Lc 6.12 —
grifo nosso).]
b)
Andaram com Jesus durante todo o seu ministério. Desde o batismo do Senhor até
a crucificação, os doze andaram com o Mestre, aprenderam e conviveram com Ele
(Mc 6.7; Jo 6.66-71; At 1.21-23). [Comentário: Receberam
autoridade espiritual. Jesus “deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos,
para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1;
Mc 3.15). Inicialmente, essa autoridade foi concedida aos doze. E, na Grande
Comissão, além de mandar que seus discípulos pregassem o evangelho por todo o
mundo, a toda a criatura, disse que os sinais e maravilhas haveriam de seguir a
todos os que nEle cressem. Não apenas aos doze, mas “aos que crerem”, ou seja,
a todos os seus discípulos (Mc 16.17, 18). E importante destacar que os doze
receberam dons sobrenaturais, antes que o Espírito Santo os colocasse à
disposição da Igreja.]
c)
Receberam autoridade do Senhor (Jo 20.21-23). Os doze receberam de Jesus um
mandato especial para prosseguirem com a obra de evangelização. Eles foram
revestidos de autoridade de Deus para expulsar os demônios, curar os enfermos e
pregar o Evangelho à humanidade (Mc 16.17,18; cf. At 2.4). [Comentário: Tinham
delegação de Cristo. Os 12 apóstolos não foram apenas “enviados”, mas tiveram
um mandato especial. Jesus lhes disse; “Disse-lhes, pois, JESUS outra vez: Paz
seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E,
havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
A autoridade delegada aos apóstolos foi tão grande, que eles tinham poder para
perdoar pecados ou retê-los. JESUS os enviou, do mesmo modo como Ele fora
enviado pelo Pai (Jo 20.21-23). Podemos imaginar o que os doze sentiram, ao
ouvir aquelas palavras! Serem enviados por Cristo, e como Cristo o fora por seu
Pai! Os que entenderam bem a missão devem ter sentido o grande peso de sua
responsabilidade. Os que haviam sido pescadores, antes, podiam guardar as redes
e suspender a pescaria. Mas, uma vez feitos “pescadores de homens” (Mt 4.19; Mc
1.17), não poderiam suspender a missão. Os que outrora tinham outras atividades
não tinham como voltar atrás. O mundo nunca mais foi o mesmo depois de Cristo,
e depois que seus apóstolos começaram a cumprir a Grande Comissão (Mc 16.15). Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 73-74.]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O verdadeiro apostolado é centrado única e exclusivamente em Jesus
Cristo, pois Ele é o Apóstolo enviado pelo Pai.
II. O APÓSTOLO PAULO
1. Saulo e sua conversão. Saulo foi um judeu de cidadania romana, educado “aos pés de
Gamaliel”, e também um importante mestre do judaísmo (At 22.3,25). Ele era
intelectual, fariseu e foi perseguidor dos cristãos. Entretanto, a caminho de
Damasco, em busca dos cristãos que haviam fugido devido à perseguição em
Jerusalém, e com carta de autorização para prendê-los, Saulo teve uma
experiência com o Cristo ressurreto (At 9.1-22). A sua vida foi inteiramente
transformada a partir desse encontro pessoal com Jesus. De perseguidor, passou
a perseguido; de Saulo, o fariseu, a Paulo, o apóstolo dos gentios. [Comentário:“Paulo
(chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus), e o irmão Sóstenes (1
Co 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1). O chamado de Paulo foi bem diferente. A caminho de
Damasco, com ordens dos sacerdotes para prender os cristãos, foi interrompido
por Jesus, de maneira sobrenatural e impactante. No chão, Paulo teve o chamado
de Deus de forma tão dramática, que caiu, ouvindo a potente voz do Senhor, que
o abatera em seu orgulho e presunção, quando julgava estar fazendo a vontade de
Deus no zelo do judaísmo (At 9.4; 22.7; At 9.10-19). Deus tem seus caminhos e
suas maneiras de agir, às vezes muito estranhas (cf. Is 28.21). Diante de um
chamado tão singular e diferente dos demais apóstolos, Paulo tinha razão em
dizer que era chamado pela vontade de Deus e não dos homens. Até seu nome foi
mudado, de Saulo (hb. Sha'ul, o que foi pedido) para Paulo (gr. Paulus, baixo,
pequeno, humilde), após ser convocado pelo Espírito Santo para ser enviado para
a missão (At 13.8). Elinaldo Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora
CPAD. pag. 75. A conversão de Saulo ocorreu após a morte e ressurreição
do Senhor Jesus (At 9.1-18). Logo, ele não tinha as “credenciais” que eram
comuns aos demais apóstolos (At 1.21,22). Mas, o Senhor o chamou para este
ministério, embora ele se considerasse indigno como dizendo ser “o menor dos apóstolos”
(I Co 15.8,9). Paulo enfrentou muitas oposições por parte dos falsos mestres
que questionavam sua autoridade apostólica. Por essa razão, em suas epístolas,
era comum ele identificar-se como apóstolo: “Paulo, servo de Jesus Cristo,
chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1); “Paulo,
chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes” (I
Co 1.1); “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas
por Jesus Cristo (Gl 1.1). Além disso, em suas cartas, ele ressalta repetidas
vezes que foi chamado para ser o “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13; 15.15,16; Gl
1.16;2.7,8).]
2. Um homem preparado para servir. Dos vinte e sete livros do Novo Testamento, treze foram escritos
pelo apóstolo Paulo. Quão grande tratado teológico encontramos em sua Epístola
aos Romanos! O seu legado teológico foi grandioso para o cristianismo. Mas para
além da intelectualidade teológica, o apóstolo dos gentios levou uma vida de
sofrimento por causa da pregação do Cristo ressurreto. Eis a declaração
apostólica que denota tal verdade: “Combati o bom combate, acabei a carreira,
guardei a fé” (2Tm 4.7). [Comentário: A
vida de Paulo, seu fervor missionário e seu zelo pela Igreja de Deus demonstram
claramente o seu chamado para o ministério apostólico. Sua preocupação não era
apenas evangelizar, mas também, visitar os irmãos pelas cidades onde havia
anunciado o Evangelho, para exortá-los a permanecer na fé e encorajá-los em
meio às perseguições e ao sofrimento (At 14.21,22; 15.36). Um verdadeiro
apóstolo é homem que deve ter comunhão e experiência com Deus. Paulo, não
obstante não ter convivido com JESUS como os demais apóstolos, teve
experiências espirituais que os outros não tiveram. E essas experiências
fortaleceram sua vida espiritual e solidificaram o seu relacionamento com
Cristo. Ele diz que teve “visões e revelações do Senhor” (1 Co 12.1); com
bastante modéstia, falando na terceira pessoa, diz que “foi arrebatado ao
terceiro céu”... “e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”
(1 Co 12.2,4). Que palavras foram essas, só Deus e Paulo sabem. Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 75.]
3. “O menor dos apóstolos”. O apóstolo Paulo não pertencia ao colégio dos doze. Ele não andou
com Jesus em seu ministério terreno nem testemunhou a ressurreição do Senhor —
requisitos indispensáveis para o grupo dos doze (At 1.21-23). Humildemente, o
apóstolo reconheceu que não merecia ser assim chamado, pois considerava-se um
“abortivo”, como que nascido fora de tempo, o menor de todos (1Co 15.8,9).
Entretanto, o Senhor se revelou a ele ressurreto (At 9.4,5) e ensinou-lhe todas
as coisas. O apóstolo recebeu o Evangelho diretamente do Senhor (Gl 1.6-24; 1Co
11.23). Embora o colégio apostólico tenha reconhecido o apostolado paulino (Gl
2.6-10; 2Pe 3.14-16), as igrejas plantadas por ele eram o selo do seu
ministério apostólico (1Co 9.2). [Comentário: Paulo
era um homem de grande cultura. Desmistificando a crença ou “doutrina” de que
Deus só usa pessoas de pouca instrução, o exemplo de Paulo é bem marcante. Era
homem de alto conhecimento bíblico e teológico, discípulo de Gamaliel, um dos
mestres do judaísmo (At 22.3). Paulo era um intelectual poliglota. Falava
hebraico, por ser judeu e fariseu (At 22.2); por ser cidadão romano (At 22.25),
falava latim; suas epístolas foram escritas em grego, o que dá a entender que,
sendo um homem culto de sua época, falava a língua helénica; e, como judeu zeloso,
certamente, falava o aramaico, que era língua usual, nos meios intelectuais de
sua época. Em sua soberania, e segundo seus propósitos divinos, JESUS resolveu
contrariar a lógica humana, e chamar um perseguidor do evangelho para ser salvo
e fazer dele um apóstolo dos mais destacados entre os que quis escolher.
Enquanto alguns de seus primeiros discípulos, do grupo dos Doze, eram humildes
pescadores, de menor grau de instrução, Paulo era um homem intelectual, que
haveria de levar o evangelho aos gentios, ou gentes de todas as nações, fora de
Israel, inclusive aos “reis” ou governantes de povos estrangeiros. Além dessa
característica marcante, em seu ministério, Paulo foi o grande teólogo e
intérprete dos evangelhos de Cristo. Dos 27 livros do Novo Testamento, 13 foram
escritos por ele. E ainda resta dúvida se a epístola aos hebreus também foi de
sua autoria. Não foi por acaso que Paulo foi o primeiro apóstolo a levar o
evangelho de Cristo à Europa. Ele foi o grande evangelizador do Império Romano
(Rm 15.24,28). Em suas viagens missionárias, levou o evangelho de Cristo a
cidades de Israel, passou pela Turquia, pela Ásia Menor; pregou na Macedônia,
na Acaia, na Grécia, centro cultural da Europa, à época; e, em sua última
viagem missionária, reviu discípulos nas igrejas que fundara, e terminou em
Roma, para onde foi levado preso, e pregou na capital do Império mundial da
época. Concluiu sua extraordinária missão, declarando solenemente: “Combati o
bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.7). Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 75-76. O Apóstolo Paulo (I Cor
15.8-11). Paulo se inclui entre aqueles que viram Jesus ressuscitado: E, por
derradeiro de todos, me apareceu também a mim (8). Paulo não acreditava que
tivesse visto Cristo somente numa visão. Ele considerava sua experiência na
estrada de Damasco uma válida aparição da pessoa do Senhor ressuscitado. Ele
não conhecia nenhuma aparição posterior de Cristo a qualquer pessoa - pois a
aparição de Cristo a João na ilha de Patmos aconteceu depois da morte de Paulo.
O apóstolo refere aqui a si mesmo como um abortivo (ektroma). Essa estranha
frase significa um aborto, ou nascimento fora do tempo, e “denota um filho nascido
de forma violenta e prematura”. Esta referência à conversão de Paulo é a
descrição “da rapidez e violência da transição... enquanto ele ainda estava num
estado de imaturidade”. Fazendo um contraste, os 12 discípulos haviam sido
escolhidos, alimentados, treinados e depois comissionados. Haviam sido
aprendizes, antes de se tornarem apóstolos. A mudança de Paulo foi dramática e
excepcional. No entanto, ele havia visto o Senhor de forma tão real como eles.
Paulo não só havia visto o Senhor, como a experiência havia revolucionado
completamente a sua vida. Ele estava bastante ciente de ser o menor dos
apóstolos e indigno de ter esse nome, por causa da intensa perseguição que
havia feito à igreja. Mas, apesar da sua falta de mérito e aptidão, a graça de
Deus o havia tornado semelhante aos apóstolos para essa tarefa. A abundante
graça que foi concedida a Paulo não foi vã, pois deu frutos e era valiosa.
Sobre os outros apóstolos, Paulo declara: Trabalhei muito mais que todos eles.
Isso pode querer dizer que Paulo viveu mais tempo, portanto trabalhou mais, ou
pode significar que ele teve mais sucesso que os outros na fundação das
igrejas. Embora Paulo seja suficientemente humano para apreciar seu sucesso
como servo do Senhor, ele reconhecia que as suas realizações não eram o
resultado de seus talentos, mas da graça de Deus que estava em sua vida. A
conclusão é que todos os líderes apostólicos e várias centenas de crentes da
Igreja Primitiva aceitavam o fato da ressurreição de Cristo. Além disso, esse
fato havia sido pregado aos coríntios e eles o haviam aceitado. Cheio de
propósito, Paulo podia declarar em relação à ressurreição: Então, ou seja eu ou
sejam eles, assim pregamos, e assim haveis crido. Donald S. Metz.
Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 358.]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Paulo viu o Cristo ressurreto. Esta era a sua credencial apostólica.
III. APOSTOLICIDADE ATUAL (Ef 4.11)
1. Ainda há apóstolos? No sentido estrito do termo, e de acordo com a sua singularidade,
apóstolos como os doze não mais existem. A Palavra de Deus diz que durante o
milênio, os doze se assentarão sobre tronos para julgar as doze tribos de
Israel (Mt 19.28). Os seus nomes também estarão registrados nos doze
fundamentos da cidade santa (Ap 21.12-14). Logo, o colégio apostólico foi
formado por um grupo limitado de discípulos, não havendo, portanto, uma
sucessão apostólica. [Comentário: Ainda há apóstolos? Aplicamos este
termo ao que já vimos no item 1.1, ao “Colégio Apostólico”, ou aos Doze
discípulos que foram selecionados por JESUS, e enviados como apóstolos para dar
início à Grande Comissão (Mc 16.15). Apóstolos como eles, não existem mais.
Eles eram apóstolos no sentido estrito da palavra, e nas circunstâncias em que
foram chamados e enviados por JESUS. 1) Estiveram com CRISTO, durante todo o
seu ministério terreno. Enquanto Paulo aprendeu “aos pés de Gamaliel”, os Doze
aprenderam aos pés de JESUS, o Mestre dos mestres, no mais perfeito curso de
evangelização e discipulado que alguém poderia realizar. Próximo à sua morte,
JESUS lhes disse: “E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas
tentações” (Lc 22.28). O fato de ter visto a CRISTO não é condição exclusiva,
pois Paulo também o viu (1 Co 9.1,2). Mas o terem aceito seu chamado
diretamente de sua parte; de terem caminhado durante cerca de três anos, ao seu
lado, ouvindo sua palavra, e vendo seus milagres; de terem comido e dormido ao
seu lado, muitas vezes sem ter “onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20); só os Doze
compartilharam momentos tão expressivos da humanidade, bem como da divindade de
CRISTO. 2) Eles estiveram com JESUS, após a sua ressurreição. Outros discípulos
também estiveram com JESUS, como os do Caminho de Emaús (Lc 24.13-31). Mas os
que compartilharam da companhia do Senhor, de modo privado e especial, foram os
11, visto que Judas traiu o Mestre e foi para o seu destino trágico. “Chegada,
pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os
discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou JESUS, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e
o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. Disse-lhes,
pois, JESUS outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu
vos envio a vós” (Jo 20.19-21). 3) Receberam a Grande Comissão. O mandato para
evangelizar o mundo é destinado a todos os crentes em JESUS, a toda a Igreja do
Senhor. Mas os Doze receberam a ordem missionária, diretamente da boca de JESUS
(Mc 16.15). JESUS não disse aos Doze que eles fizessem apóstolos, mas sim,
discípulos em todas as nações (Mt 28.18-20). 4) Os Doze terão seus nomes nos
fundamentos da Nova Jerusalém. Esse importante detalhe, registrado no
Apocalipse, certamente, constitui argumento mais que suficiente para se
entender, que o apostolado especial dos Doze, que constituíam o Colégio
Apostólico, não é repetido em nenhuma fase da História da Igreja. João viu esse
singular privilégio, concedido unicamente aos que seguiram JESUS, durante o seu
ministério terreno (Ap 21.12-14).Elinaldo Renovato. Dons espirituais &
Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora
CPAD. pag. 77-78. Wayne Grudem afirma que o ofício de apóstolo estava
limitado ao tempo quando a igreja primitiva foi fundada. Grudem argumenta que:
Embora alguns hoje usem a palavra “apóstolo” para referir-se a fundadores de
igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente
confunde quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao
ofício de “apóstolo”. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história
da igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu
o título de “apóstolo” ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos
tempos modernos, querem atribuir a si o título de “apóstolo”, logo levantam a
suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de
auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais
autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter. GRUDEM,
Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.
764.]
2. Apóstolos fora dos doze. A carta aos Efésios apresenta a vigência do dom ministerial de apóstolo.
O teólogo Stanley Horton informa-nos que “o Novo Testamento indica que havia
outros apóstolos que também haviam sido dados como dons à Igreja. Entre estes
se acham Paulo e Barnabé (At 14.4,14), bem como os parentes de Paulo, Andrônico
e Júnia (Rm 16.7)”. Ao longo do Novo Testamento, e no primeiro século da
Igreja, o termo apóstolo recebeu um significado mais amplo, de um dom
ministerial distribuído à igreja local (Dicionário Vine). [Comentário: Além
dos Doze, o Novo Testamento também cita outros exemplos de apóstolos, como
Paulo, que se considerou a si mesmo “o menor dos apóstolos” por ter perseguido
“a igreja de Deus” (1 Co.15.9; Rm 1.1; 2 Co 1.1); ele viu a Jesus Cristo (1 Co
9.1). Barnabé também foi reconhecido como apóstolo (At 14.14). Havia “outros
apóstolos”, a que Paulo se referia em sua carta aos romanos (Rm 16.7) e em
outras epístolas (G1 1.19; 1 Ts 2.6,7).]
3. O ministério apostólico atual. Não há sucessão apostólica. Esta é uma doutrina formada pela
igreja romana e, infelizmente, copiada por algumas evangélicas para justificar
a existência do poder papal. O ministério dos doze não se repete mais. O que há
é o ministério de caráter apostólico. Atualmente, missionários enviados para
evangelizar povos não alcançados pelo Evangelho são dignos de serem
reconhecidos como verdadeiros apóstolos de Cristo. Homens como John Wesley,
William Carey (cognominado “pai das missões modernas”), Hudson Taylor, D. L.
Moody, Gunnar Vingren, Daniel Berg, “irmão André” e tantos outros, em tempos
recentes, foram verdadeiros desbravadores apostólicos. Cidades e até países
foram impactados pela instrumentalidade desses servos de Deus. [Comentário: Como
demonstrado, o ministério dos Doze, ou do colégio apostólico, não se repete.
Nenhum dos Setenta, nem qualquer dos apóstolos da Igreja Primitiva; ou dos
tempos antigos, modernos, atuais, ou futuros, jamais terá seu nome nos
fundamentos da Nova Jerusalém. Aqueles Doze foram únicos. Não há sucessão
apostólica, como entende a Igreja Católica. Referindo-se aos apóstolos de
Jesus, no sentido especial, a Bíblia de Estudo Pentecostal diz: “O ministério
de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos
originais do Novo Testamento não têm sucessores”. Atualmente, o que podemos ver
como ministério de caráter apostólico, é o trabalho dos missionários, quando
são enviados para desbravar campos, em países de povos não alcançados pelo
evangelho de Cristo. Se um missionário vai assumir um trabalho que já está
estabelecido, cujas bases e desenvolvimento deveram-se ao esforço de outros
companheiros, não pode dizer que faz um trabalho de apóstolo, e sim, de pastor
ou evangelista. Paulo ensina que Jesus, depois de subir ao alto e levar “cativo
o cativeiro”, “deu dons aos homens”. Observando o texto bíblico, de Efésios
4.11, lemos: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo” (Ef 4.11,12). Esses “homens-dons”, concedidos por Deus e seus
ofícios ou ministérios, têm por finalidade alcançar a “unidade do Espírito” (Ef
4.3), visando “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério” e a
“edificação do corpo de Cristo”. Dessa forma, se existe atualidade para os
ofícios de “profetas”, “evangelistas” e “doutores” ou “mestres”, por que não
deveria haver atualidade do ofício do apóstolo? Sem dúvida alguma, o ministério
de caráter apostólico deve ser desenvolvido, na atualidade, ao lado dos demais
ministérios, indispensáveis à unidade e à edificação do corpo de Cristo. Homens
como John Wesley, William Carey, cognominado “pai das missões modernas”;
Adoniran Judson, Hudson Taylor, D. L. Moody, Jorge Müller, Smith Wigglesworth,
Gunnar Vingren, Daniel Berg, Richard Wurmbrand, e tantos outros, em tempos mais
recentes, podem ser considerados verdadeiros apóstolos de Jesus. São homens que
expuseram suas vidas para levar a mensagem do evangelho aos mais longínquos
lugares do mundo. Patzia afirma: “Visto que a Igreja de hoje não tem lugar para
o cargo de apóstolo, por exemplo, a tentação é encontrar-se uma contrapartida
contemporânea nos líderes eclesiásticos, como superintendentes ou
supervisores”.7 Há realmente, essa “tentação”, de se buscar aplicação para o
termo “apóstolo”, a funções que pouco ou nada têm de apostólicas. Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 80-81.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Segundo Efésios 4.11 o dom ministerial de apóstolo está em plena
vigência na igreja atual.
CONCLUSÃO
Nos
moldes do colégio dos doze, o ministério apostólico não existe atualmente.
Entretanto, o dom ministerial de apóstolo citado por Paulo em Efésios 4.11 está
em plena vigência. Pastores experimentados, evangelistas e missionários que
desbravaram os rincões do nosso país ou em países inimigos do Evangelho, são
pessoas portadoras desse dom ministerial. São os verdadeiros apóstolos da
Igreja de Cristo hoje. [Comentário: Como apresentado neste comentário, o termo
apóstolo significa “enviado”. Temos em Jesus a aplicação primeira deste título,
depois aos Doze, a Paulo, além de outros. Para fazer parte do círculo
apostólico, era necessário ter sido testemunha ocular das obras, da vida, da
morte e ressurreição de Cristo. Logo, hoje não temos apóstolos nos moldes do
Colégio Apostólico. O ministério de caráter apostólico permanece e é desenvolvido
por missionários que estabelecem igrejas em diversos lugares do mundo. Fazer
questão de ser reconhecido com o título como que possuindo uma autoridade
superior é sinal de orgulho. O maior título que deveríamos possuir é aquele
mesmo que Cristo sugeriu: servo!] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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