SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Em continuidade ao estudo dos dons ministeriais de Ef. 4.11, nos
dedicaremos na aula de hoje ao dom ministerial de pastor. Inicialmente
mostraremos a necessidade dos pastores na igreja, dando ênfase a Cristo, o
maior exemplo de pastoreio. Em seguida, enfocaremos mais especificamente o dom
ministerial, mostrando sua relevância para a edificação da igreja do Senhor. E
ao final, destacaremos algumas características do pastor, ressaltando sua
atuação para a preservação do rebanho de Deus.
1. A NECESSIDADE DOS PASTORES
Jesus é o maior exemplo de pastor, na verdade Ele é o Pastor dos
pastores. Em Jo. 10 Jesus disse ser “o Bom Pastor” que dá a vida pelas ovelhas,
contrastando com os mercenários, que buscavam apenas alimentar-se das ovelhas,
não alimentá-las. Como Bom Pastor Ele conhece as suas ovelhas (Jo.14), cada uma
nominalmente, pois são ovelhas do Seu pastoreio (Sl. 100.3). Como Pastor Jesus
conduz as suas ovelhas, levando-as adiante (Jo. 10.3,4). Semelhante ao pastor
do Sl. 23, Ele as “guia pelas veredas da justiça por amor do seu nome”. Pedro
destacou que Jesus é o Pastor e Bispo das nossas almas, que nutre as nossas
vidas com o alimento espiritual, instruindo no caminho que deve ser seguido
(Sl. 32.8). Para o autor da Epístola aos Hebreus Jesus é o “Grande Pastor”, que
não está sujeitos às limitações, por isso pode cuidar do Seu rebanho, tendo por
ele interesse. Pedro denominou ainda Jesus de “Supremo Pastor”, que nos dará,
se não desfalecermos, “a imarcescível coroa de glória” (I Pe. 5.4). Somos
ovelhas carentes de um cuidado, por isso Cristo é Aquele que pode nos
apascentar, considerando Suas credenciais. Ele desempenha essa função por meio
dos pastores (gr. poimên), que Ele mesmo deu para a igreja (Ef. 4.11) Na medida
em que a igreja foi se organizando, fez-se necessário que os pastores fossem
estabelecidos, para supervisionar as igrejas (I Ts. 2.14). Esses pastores eram
denominados nas igrejas judaicas de presbíteros, e bispos nas igrejas gregas
(At. 11.30; 14.23; 20.17,28). Esses pastores tinham a responsabilidade de
“apascentar o rebanho” (I Pe. 5.2). Nessa mesma passagem Pedro deixa claro que
a motivação para o pastoreio não deveria ser o lucro, mas “a boa vontade”.
Evidentemente digno é o pastor do seu salário (I Tm. 5.18), e aqueles que
governam bem, e labutam na pregação e no ensino, são dignos de duplicada
recompensa (I Tm. 5.17).
2. O DOM MINISTERIAL DE PASTOR
O dom ministerial de pastor é necessário por diversos motivos, dentre
eles, a importância de manter a decência e ordem no culto, atentando para os
elementos litúrgicos da celebração (I Co. 14.40). Além disso existem falsas
doutrinas que se proliferam, ameaçando a integridade do evangelho. O pastor tem
responsabilidade apologética, de proteger o rebanho dos falsos mestres, os
lobos que querem devorar as ovelhas (Tt. 1.11; II Pe. 2.1). Mas é no cuidado
individual das ovelhas que o pastor exerce com maior propriedade o seu
ministério, principalmente quando alguma delas se encontra enferma (Tg. 5.14).
É nesse particular que o ministério de pastor se diferencia dos demais de Ef.
4.11. Cabe ao pastor a tarefa de dar acompanhamento pessoal às suas ovelhas. Em
Jo. 21.15-17 Jesus orienta Pedro em relação à adequação do ministério pastoral.
Ele deveria apascentar primeiramente instruir as ovelhas no caminho, não
deixando de prover alimento apropriado para o crescimento saudável. É triste
testemunhar que nos dias atuais muitos procuram o título de pastor, sem
qualquer interesse nesse importante ministério. A elitização do pastorado tem
causado muitos males à igreja, principalmente depois que se criou a figura dos
“pastores-presidentes”. Ninguém quer mais ser um simples pastor, como foi
Jesus, que se sacrificou pelo rebanho. Na verdade, a busca desenfreada por
posição eclesiástica tem causado muitos danos à igreja institucionalizada.
Individualmente muitos estão feridos em nome de Deus, e carregam marcas
profundas advindas daqueles que deveriam curar, ao invés de causarem
adoecimento. Nada há de errado em manter a relação do título de pastor com o
ministério de pastor, contanto que esses de fato apascentem. Devemos considerar
também que existem muitos que não têm o título, mas que são verdadeiros
pastores, há muitos auxiliares, diáconos e presbíteros que são pastores, no sentido
ministerial bíblico. Esses receberão do Senhor a recompensa, ainda que não
tenham o devido reconhecimento eclesiástico.
3. CARACTERÍSTICAS DO PASTOR
É imprescindível que o pastor tenha conhecimento da Palavra, pois como
irá doutrinar se não tiver fundamentação bíblica? Não podemos esquecer que toda
Escritura é divinamente inspirada, e é a partir desta que o obreiro está
preparado para toda boa obra (II Tm. 3.16,17). Se quisermos ser obreiros
aprovados por Deus, inclusive no ministério pastoral, devemos manejar bem a
palavra da verdade ( II Tm. 2.15). Atualmente há muitas exigências para o
ofício de pastor, mas que não têm respaldo bíblico, não se fundamentam nas
recomendações paulinas (Tt. 1.7-11). Há igrejas que substituíram o modelo
pastoral bíblico pela administração empresarial. Alguns pastores são
reconhecidos não pela capacidade de apascentar, mas pela produtividade
organizacional, pelos lucros que trazem às igrejas. Esse modelo está em
declínio, principalmente depois do sucesso editorial O monge e o executivo.
Para espanto dos evangélicos, esse estilo de liderança-servidora tem
fundamentação bíblica, sendo Jesus o Seu grande modelo (Jo. 13.1-17). Seguindo
o exemplo de Jesus, o que mais se espera de um pastor é que esse seja amoroso,
que apascente o rebanho com cuidado (I Pe. 5.1-3). Ele deve exercitar a
longanimidade, não pode ser tempestivo, levado pelas emoções, o amor
sacrificial precisa sustentar seu ministério (At. 20..31; II Tm. 4.2). O
ministério de pastor é exercido também através dos cuidados com as necessidades
dos irmãos mais pobres (Gl. 2.9,10). O dom de pastor não se concretiza apenas
no cuidado com o espírito, é necessário também atentar para as carências
materiais (Gl. 6.10). O ministério de pastor é percebido principalmente no cuidado
com os enfermos. A sociedade contemporânea tende a descartar as pessoas, a
medi-las pela capacidade de produção. Mas o pastor sabe que cada vida tem valor
para Deus, por isso visita os enfermos, auxiliando-os em oração (Tg. 5.14,15).
Ao proceder desse modo o pastor obterá do Senhor uma posição, não aquela
acirradamente disputada nos arraiais evangélicos, mas a de “despenseiro dos
mistérios de Deus” (I Pe. 4.1,2).
CONCLUSÃO
Jesus continua sendo o Maior exemplo de Pastor para as igrejas, todos
aqueles que são chamados por Deus para esse ministério dão continuidade ao
pastoreio do Senhor. A esse respeito é válido lembrar a pergunta de Jesus a
Pedro após ressuscitar: “Pedro, tu me amas?” Em seguida o comissionou:
“apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21.15-17). Que o Senhor continue dando
pastores à sua igreja, e que sejam aprovados nesse importante critério: que
amem ao Senhor, e também ao rebanho que Ele lhes confiou, tendo-o adquirido com
Seu próprio sangue (Mt. 22.36-38; At. 20.28-30).
Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Ser pastor sempre foi uma tarefa árdua. Muitas são as demandas internas
e externas da igreja local, entre elas o cuidado para com as pessoas do
rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração eclesiástica
e o constante desafio de se dedicar à oração, à pregação e ao ensino da Palavra
de Deus. O dia a dia pastoral é desafiador a quem é vocacionado por Deus para
apascentar. Somente pela graça e o amor do Pai é possível encarar tão grande
responsabilidade. Por outro lado, uma liderança madura e servidora é
imprescindível ao desenvolvimento da igreja local. Assim, a lição de hoje
abordará esse importante ministério. [Comentário: Em sequência
ao estudo dos dons ministeriais, hoje nos deparamos com o mais árduo dom
ministerial listado em Efésios 4.11. No hebraico Bíblico, “raah”, aparece com o
sentido de pastor por setenta e sete vezes (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1Sm
17.40; Sl 23.1; Is 13.20; 31.4; 40.11; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36; 31.10; Ez
34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7). Literalmente, “um
pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores eram conhecidos
como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez 34.2),
que procuravam as ovelhas perdidas (Ez 34.12) e que livravam dos animais
ferozes as ovelhas que estivessem sendo atacadas (Am 3.12)” CHAMPLIN,
2004, p. 104. No Novo Testamento, a palavra grega é “poimén”: (a) em seu
significado natural (Mt 9.36; 25.32; Mc 6.34; Lc 2.8,15,18,20; Jo 10.2,12); (b)
metaforicamente, acerca de Jesus (Mt 26.31; Mc 14.27; Jo 10.11,14,16; Hb 13.20;
I Pe 2.25); (c) metaforicamente, a cerca dos que atuam como pastores nas
igrejas (Ef 4.11) VINE, 2002, p. 856. Longe destas descrições,
nenhuma outra “profissão” tem caído tanto em descrédito quanto o pastorado. É
desnecessário elencar os motivos e vamos fugir dessa linha de raciocínio,
evidenciando apenas a proposição do comentarista - Jesus, o modelo ideal de
pastorado.] Tenhamos todos uma excelente e
abençoada aula!
I. JESUS, O SUMO PASTOR
1. Jesus é o pastor supremo. A expressão “grande Pastor das ovelhas”, que
aparece em Hebreus 13.20, refere-se diretamente à sublimidade do Senhor Jesus
como pastor no Novo Testamento. Marcado pela humildade e despojamento da sua
glória, Ele foi chamado “grande” em seu nascimento (Lc 1.32). O adjetivo
“grande” enfatiza o quanto o Nazareno é incomparável e mediador da nova aliança
de Deus com os homens. Jesus Cristo é o supremo pastor em todos os aspectos.
Ele venceu a morte e libertou o homem da prisão do pecado. Ele é Deus! [Comentário: Em
Hebreus 13.20, Jesus Cristo aparece como o “Grande Pastor das ovelhas”. e na
verdade ele é o único que merece a qualificação de “grande”. No seu nascimento,
marcado pela humildade e despojamento de sua glória, Jesus foi chamado de
“grande”, na mensagem do anjo a Maria (Lc 1.32). Nenhum pastor, nas igrejas
locais, deve aceitar o título de “grande”, pois só Jesus o merece. Ele é grande
em todos os aspectos que se possam considerar em relação à sua pessoa. Podemos
refletir sobre o porquê Ele é chamado “grande”. Primeiramente, porque Ele é
Deus! Todos os fundadores de religiões pereceram e seus restos mortais jazem
sob a tumba fria. Em seus túmulos consta a inscrição “aqui jaz” fulano ou
sicrano. No túmulo de Jesus, há uma inscrição diferente e gloriosa: “Ele não
está aqui porque ressuscitou” (Mt 28.6; Mc 16.6). Se Jesus houvesse sido um
homem comum, mortal, jazeria no túmulo como Buda, Maomé, Alan Kardec e outros
fundadores de religiões ou de seitas. Mas Jesus é Deus. Como tal, venceu todos
os poderes cósmicos, espirituais, humanos e físicos. E, por fim, vitorioso,
venceu a morte! Em segundo lugar, Jesus é o grande pastor das ovelhas, porque
ele é “a porta das ovelhas” (Jo 10.7). Em termos espirituais, as ovelhas ou os
salvos em Cristo só podem chegar ao céu, na presença de Deus, através de
Cristo, de seus ensinos, de seu exemplo marcante, que deixou para todos os
pastores e crentes de todas as idades. Ele disse que era “o Bom Pastor”, que dá
a vida por suas ovelhas e as conhece pelo nome (Jo 10.11,14). Para entrar no
seu redil, o pecador tem que arrepender-se, crer em sua Palavra, e segui-lo (Jo
10.9). Não pode entrar, saltando os muros. O Adversário é “ladrão e salteador”,
porque não entra pela porta das ovelhas. Ele, e somente Ele, dá acesso ao homem
à presença de Deus. Jesus é ao mesmo tempo, “a porta”, “o caminho e a verdade e
a vida”. E declarou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 107. Champlin citando Moffatt,
afirma que “foi na qualidade de grande Pastor que Jesus deu sua vida pelas
ovelhas; e por esse ato estabeleceu, para sempre, sua reivindicação como o
Pastor de seu povo. Ê igualmente essa reivindicação que garante que ele não perderá
a qualquer dos seus, mas antes, os ressuscitará no último dia (Jo 15). «Deus de
paz, significa que Deus salva e dá bem-aventurança (Hb 12.11). A ‘paz’ deve ser
entendida no sentido pleno do A.T., isto é, de prosperidade segura, obtida pelo
triunfo messiânico sobre poderes hostis da maldade. (Hb 2.14 e 7.2; Veja as
palavras do próprio Cristo sobre essa questão do pacto, em Mc 14.24; Mt 26.28 e
Lc 22.20). «O Senhor Jesus se tornou, devido ao seu trabalho medianeiro, o
grande Pastor das ovelhas, em virtude daquele pacto que foi inaugurado por seu
sangue, e em virtude do seu sangue é que ele foi levantado dentre os mortos
como o grande Pastor, tendo subido até à mão direita do Pai». «...ovelhas...»
Porquanto são conduzidas pelo Pastor, precisam de seus cuidados e em si mesmas
são impotentes, tomando-se inofensivas; tal como as ovelhas, as almas remidas
são expostas a grandes perigos, que somente um hábil pastor pode desviar. Elas
dependem dele para sua alimentação segurança; suas vidas dependem totalmente de
Cristo”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 667.]
2. O pastor conhece as suas ovelhas. Em João 10.14, o adjetivo “bom” identifica Jesus
como o pastor que por amor protege e cuida das ovelhas que lhe pertence. Por
isso, Ele é o “bom Pastor”. Tal expressão designa ainda a intimidade entre o
Sumo Pastor e as suas ovelhas. Estas não ouvem a voz de outro pastor. O bondoso
Salvador conhece a sua Igreja por inteiro, e se relaciona com cada membro (Jo
10.5,15). [Comentário: O Pr Elinaldo Renovato escreve em seu livro
de apoio a esta revista: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e
das minhas sou conhecido” (Jo 10.14). Jesus cuida de seus servos, como um bom
pastor cuida de suas ovelhas. Ele não vê apenas o “rebanho”, ou a Igreja, que é
predestinada, coletivamente, para a salvação (Jo 1.5,11). Ele vê cada um dos
seus servos, sabe o nome de cada um, ainda que sejam milhões e milhões, em todo
o mundo, ao longo da História. Ele sabe o que cada um pensa ou diz (SI
139.1-4). As ovelhas de Jesus o conhecem. No relacionamento espiritual entre os
crentes e o Senhor Jesus, através da comunhão constante, o servo de Deus não se
engana com a voz do seu Pastor. Elinaldo Renovato. Dons espirituais
& Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário.
Editora CPAD. pag. 109. Da mesma forma que o pastor chama as suas
ovelhas, e elas seguem somente a ele, assim Jesus conhece o seu povo. Os seus
seguidores, por sua vez, o conhecem como seu Messias, e eles o amam e confiam
nele. Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao
relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também
eu conheço o Pai”. E Jesus repetiu este ponto - que Ele é o Bom Pastor, e que
Ele dá a sua vida pelas ovelhas. (Jo 10.14,15).]
3. O pastor dá a vida pelas ovelhas. Uma das principais fontes da economia israelita era
o trabalho pastoril. Os pastores cuidavam das ovelhas para delas obterem o
lucro diário. Este é o contexto de que se valeu o Senhor Jesus para referir-se
ao ensinamento contido na expressão “o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”
(Jo 10.11). Aqui, diferente dos pastores que garantiam o seu sustento no campo
através do uso das ovelhas, o Mestre Jesus mostra a disposição em dar a própria
vida pelo seu rebanho (Jo 10.15). Os verdadeiros pastores da igreja devem
imitar o Sumo Pastor, Jesus. NEle não há jamais exploração alguma do rebanho, e
isso deve servir de exemplo a todos aqueles que desejam ministrar à igreja do
Senhor, tal como ensina a Palavra em 1 Pedro 5.2-4. [Comentário: Ainda
tenho outras ovelhas, não deste aprisco; e também a elas preciso conduzir. Elas
ouvirão a minha voz. Então será um rebanho, um pastor. As outras ovelhas não
estão no pátio cercado, neste aprisco, protegidas como Israel atrás da cerca da
lei. Estão sem Cristo, excluídas da cidadania em Israel e estranhas aos
testamentos da promessa, e por isso sem esperança e sem Deus no mundo (Ef
2.12). Contudo Jesus sabe o que ele fará de acordo com o maravilhoso plano e
desejo do Pai. A promessa de Deus a Abraão em Gn 12.3 tinha de ser cumprida.
Por essa razão Jesus precisa conduzir também essas muitas outras ovelhas de
todas as gerações e línguas e povos, que ele comprará com seu sangue para Deus
(Ap 5.9). E acontecerá o milagre que nenhuma pessoa podia esperar: Elas ouvirão
a minha voz. Pessoas que por sua natureza, história e cultura não têm
absolutamente nada a ver com esse homem da Palestina, são atingidas pela
palavra de Jesus e encontram em Jesus sua vida, seu maior tesouro. Se isso não
estivesse diante de nós na história do evangelho como uma realidade, ninguém o
consideraria possível. Mas a palavra de Jesus é verdade: Ouvirão a minha voz.
Então não haverá vários rebanhos diferentes, mas haverá um rebanho, um pastor.
Jesus antevê aquela igreja de judeus e gentios que foi concedida pela primeira
vez na casa de Cornélio, que existia nas comunidades de Paulo e das quais
tratou o decisivo concílio dos apóstolos (At 15). Um rebanho, um pastor, isso
se confirmou naquelas palavras de Paulo que testemunham a unidade em Cristo
acima de todas as diferenças (1 Co 12.12s; Gl 3.28; Cl 3.11). A palavra de
Jesus a respeito de um rebanho não é mero ideal. Foi gloriosamente cumprida. Em
todos os continentes, países, raças e vozes foi ouvida a voz de Jesus e pessoas
se agregaram à igreja de Jesus. Segundo sua essência, essa igreja somente pode
ser sempre a única igreja, assim como existe apenas um pastor que a conquista
com a sua vida. Werner de Boor.. Comentário Esperança Evangelho de
João. Editora Evangélica Esperança. O Comentário Bíblico Beacon apresenta
o seguinte comentário de 1Pd 5. 2-4: A responsabilidade pastoral desses
presbíteros é descrita assim: apascentai o rebanho de Deus (2). A palavra
“pastorear” explica melhor o significado do original do que apascentai. O dever
do pastor é triplo: providenciar pasto, caminhos para o pasto e proteção nos
caminhos para o pasto. Portanto, o dever do pastor vai além da pregação. O
rebanho é a Igreja. Ela pertence a Deus como sua possessão comprada. Em certa
época seus membros eram como ovelhas desgarradas, mas elas voltaram ao “Pastor
e Bispo” da sua alma (cf. 2.25). O pastor deve instruir e guiar o rebanho em
obediência e sujeição à completa vontade de Deus. O cuidado a ser exercido
envolve três particularidades expressas de forma negativa e positiva. 1) Quanto
ao espírito desse serviço, ele não é por força, mas voluntariamente. A
liderança da igreja era tão perigosa naqueles dias que poderia custar a vida do
líder. Mesmo assim, ele não deveria fazer essa obra relutantemente como se
fosse um fardo ou considerá-lo como um dever profissional obrigatório. Em vez
disso, esse era um ministério para o qual Deus o havia apontado e chamado e,
por isso, deveria ser feito com obediência e alegria. 2) A motivação dessa
supervisão não deveria ser por torpe ganância, mas de ânimo pronto — não como
um mercenário que espera ganhar dinheiro. Os presbíteros tinham o direito de
esperar sustento material daqueles a quem ministravam; mas sua motivação não
deveria provir de um “amor ao ganho constitucional”, que “é uma desqualificação
para o ministério cristão”. Considere seu efeito em Judas Iscariotes! 3) Quanto
à forma de supervisão, ela não deve ser como tendo domínio sobre a herança de
Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho (3). Os líderes nunca devem ser
tirânicos ou se esquecer dos direitos das pessoas que lhes foram confiadas.
Eles não devem dominar como o arrogante Diótrefes (3 Jo 9-11), mas liderar pelo
poder de uma vida santa. O pastor nunca deve esquecer que ele não é o Sumo
Pastor (4). A compensação terrena do líder pode ser insignificante, mas quando
aparecer o Sumo Pastor (cf. 4.13), ele terá a sua recompensa incorruptível (cf.
1.4,5), a coroa de glória, “a felicidade do céu, o elemento principal de a vida
de Deus ser derramada na alma por meio de Cristo”; “uma participação perpétua
na sua glória e honra” (Bíblia Viva). Roy S. Nicholson. Comentário
Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 242-243.]
SINOPSE
DO TÓPICO (1)
Jesus, o Pastor Supremo, conhece
as suas ovelhas e deu a sua vida por elas.
II. AS CARACTERÍSTICAS DO
VERDADEIRO PASTOR
1. Um caráter íntegro. Entre outras coisas, o exercício pastoral envolve
aptidão para ensinar, aconselhar e comunicar-se de forma clara com a igreja
local. Porém, essas características não são validadas se o caráter do pastor
não for íntegro. Uma das piores queixas que se pode ouvir acerca de um ministro
é que sua palavra pastoral não se coaduna com a sua vida. Como pode o líder
falar sobre honestidade e ser desonesto? De simplicidade e mostrar-se
esbanjador? De humildade e comportar-se soberbo? A melhor palavra pastoral é a
vida do pastor em sintonia com a mensagem do Evangelho que ele proclama (Mt
7.24-27; 23.2-36). [Comentário: Ainda citando o Pr Elinaldo Renovato, ele
esclarece o seguinte quanto a este tópico: enfatizamos as características do
verdadeiro pastor, no sentido humano, daquele que tem o chamado de Deus para
ser um guia de parte do rebanho do Sumo Pastor. E o que tem o dom ministerial
de pastor. Não é qualquer pessoa que tem condições de receber esse dom, ainda
que seja o mais procurado pelos aspirantes ao ministério eclesiástico. Paulo
ensina que é JESUS quem dá pastores às igrejas (1 Co 12; Ef 4.1): “Os pastores
são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades
espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou
supervisores (l Tm 3.1; Tt 1.7)”.2 O pastor de uma igreja deve espelhar-se nas
características do “Sumo Pastor” (1 Pe 5.4). E deve possuir qualificações que o
credenciem para tão importante missão. O pastor verdadeiro é dado por Deus à
igreja. Ele não dá a igreja ao pastor (Ef 4.11); a igreja, mesmo no sentido
local, não pertence ao pastor. O pastor deve ser um servo da igreja local, e
não seu mandatário ou proprietário. A seguir, algumas dessas qualificações,
conforme 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.7, relativas ao bispo, que é sinônimo de
pastor: 1) Irrepreensibilidade moral. Refere-se a uma vida de integridade, de
que não tenha de que se envergonhar ou causar escândalo. 2) Vida conjugal
ajustada (“marido de uma mulher”). Note-se que é prioridade o cuidado com a vida
conjugal; no Novo Testamento, não é prevista a tolerância com a bigamia ou a
poligamia; a regra é a monogamia, como plano original de Deus para o
matrimônio; e o pastor como esposo deve ser exemplo para os demais esposos, na
igreja, amando sua esposa e cuidando dela (Ef 5.25). 3) Vigilante. O pastor é o
guarda do rebanho. Deve estar atento ao que se passa ao seu redor; vigiando,
primeiro, a sua vida pessoal e ministerial (1 Tm 4.16). Depois, vigiando o
rebanho para alertar e livrar dos “lobos devoradores”; Ser vigilante significa
ser “atento, cauteloso, cuidadoso, precavido” quanto aos perigos que o rodeiam.
Para assumir a função de liderança, na igreja local, o obreiro deve ser muito
cuidadoso quanto à sua vida espiritual, moral, social, familiar e em todos os
aspectos. Isso porque o Diabo “anda rugindo como leão, buscando a quem possa
tragar” (1 Pe 5.7). O presbítero, bispo ou pastor deve obedecer o que Jesus
disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito
está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Ele precisa ser “exemplo dos
fiéis” (1 Tm 4.12; 1 Pe 5.3). 4) Sóbrio (simples, moderado). O pastor ou bispo
deve zelar pela simplicidade, no ministério; o luxo, a ostentação material, a
exibição de riqueza não convém a um homem de Deus; Jesus disse: “sede símplices
como as pombas” (Mt 10.16). 5) Honesto. Tem o significado de ser “honrado,
digno, correto, íntegro; decoroso, decente, puro, virtuoso”. Todas essas
qualificações podem resumir-se numa expressão: ser “santo em toda a maneira de
viver” (1 Pe 1.15). O homem de Deus não é perfeito em si mesmo, por mais que se
esforce para ser santo. Mas, cuidando de sua vida pessoal, ministerial e como
cidadão, pode ser muito bem visto pelos crentes como uma pessoa honesta. O seu
falar deve ser “sim, sim; não, não” (Mt 5.37). Honestidade é sinônimo de
integridade. O pastor ou bispo deve ser uma pessoa assim, fiel, sincera,
verdadeira. Deve ser alguém que vive o que prega ou ensina (Tg 2.12). 6)
Hospitaleiro. Esta palavra vem de hospital, na sua origem. Não havia casas de
saúde como hoje. Uma hospedaria era um hospital, um lugar onde os viandantes
podiam pousar, e também os enfermos, uma hospedaria ou estalagem (Lc 10.
34,45). Mas o pastor não tem obrigação de transformar sua casa em hospedaria.
No sentido do texto, hospitaleiro é sinônimo de acolhedor, que sabe tratar bem
as pessoas, sem fazer acepção de ninguém; (acepção é pecado - Dt 16.19; Ml 2.9;
1 Tm 2.11;Tg 2.9). 7) Apto a ensinar. Como o pastor é o que alimenta ou
apascenta o rebanho, o pastor deve saber fazer uso da Palavra de Deus,
ministrando mensagens, estudos e reflexões que edifiquem o rebanho sob seus
cuidados. Se não tiver essa aptidão, pode estar no lugar errado (2 Tm 2.15). Elinaldo
Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com
poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 110-112.]
2. Exemplo para os fiéis e os infiéis. O texto bíblico de 1 Timóteo 3.2,3, afirma que o
bispo não deve ser dado ao vinho, espancador, cobiçoso de torpe ganância,
contencioso ou avarento; a recomendação é que o obreiro seja moderado. A
Igreja, o Corpo de Cristo, precisa contemplar em seu líder sinais claros do
fruto do Espírito, tais como autocontrole, mansidão, bondade e amor. Estas
características denotam idoneidade moral e maturidade espiritual. A mesma
postura moral que o pastor atesta aos fiéis deve ser demonstrada, igualmente,
aos infiéis (1Tm 3.7). [Comentário: Norman Russell Champlin, em sua
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, esclarece acerca das qualificações
pastorais: No primeiro ponto, acima, demos os dons que um pastor deveria
possuir; e isso, como é óbvio, faz parte de suas qualificações. Passagens das
chamadas epistolas pastorais (I e II Timóteo e Tito) dão listas de
qualificações desses ministros, além de outros (1Tm 3.1; Tt 2. Um pastor deve
ser homem controlado, livre de vícios, não belicoso e sem excessos. Deve
governar bem a sua casa; não pode ser um noviço; deve ter boa reputação,
devidamente conquistada; deve ser avesso a maledicências e ao uso incorreto da
língua; não deve ser ganancioso; não deve andar atrás do dinheiro; deve ser
homem que se santifica; deve ter uma boa esposa, que não lhe traga
perturbações; deve ser forte na fé e mestre da mesma; deve ter ousadia no seu
ensino; deve ser cheio de amor e paciência; deve ser perseverante; deve
caracterizar-se por boas obras; na doutrina, deve ser incorrupto; deve ser
homem sério; sua linguagem deve ser sadia; deve saber exortar; deve ser
honesto; deve saber repelir toda forma de impiedade; deve ser alguém ansioso
para ensinar e capaz de fazê-lo; e, finalmente, deve ser homem de reconhecida
piedade. Unger, no artigo intitulado Pastor, divide as muitas qualificações de
um pastor em três categorias: a. O serviço de ministração ao culto divino, pondo
em ordem a adoração da congregação, administrando as ordenanças, pregando a
Palavra de Deus. Nesse sentido, o pastor é um ministro. b. Ele deve ser
habilidoso nos cuidados pastorais, cuidando de alimentar espiritualmente o
rebanho, mostrando-se vigilante, deixando-se envolver em boas obras e ações de
misericórdia e compaixão. c. Ele deve brandir a autoridade espiritual da
Igreja, sendo um dirigente que merece respeito e que impõe ordem e disciplina.
Um pastor deve ter como um de seus alvos o aperfeiçoamento dos santos (Ef
4.12). mostrando-se espiritualmente alerta (Hb 13.17; 2Tm 4.5) sendo capaz de
exortar, advertir, consolar e orientar com autoridade (1Ts 2.22; 1Co 4.14,15). CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora
Hagnos. pag. 105-106.]
3. Exemplo para a família. Não podemos esquecer que antes de ser exemplo para
igreja local, e com os de fora, o ministro do Evangelho, em primeiro lugar,
deve ser o exemplo para a sua própria família — sua primeira comunidade e
igreja. Governar a própria casa com modéstia e equilíbrio, criando seus filhos
com respeito (1Tm 3.4), é o testemunho que toda a família cristã deseja
experimentar na convivência sadia com o pastor que é esposo, pai e avô.
Portanto, todo obreiro deve cuidar bem do seu lar, pois sem o devido respaldo
deste, o seu ministério jamais terá credibilidade. [Comentário: “Que
governe bem a sua casa”. O cartão de visita do Pastor é a sua família, a
forma como ele a administra, como trata esposa e filhos. Sem dúvida, esta é a
qualificação mais significativa, pois as pessoas ouvem as mensagens dos
pastores, mas olham para ele e como se relaciona com a família, notadamente com
os filhos. Ele é o cabeça (líder) da esposa e do lar (Ef 5.22)? Ao lado da
esposa, que também governa a casa (1 Tm 5.14), cria seus filhos “com sujeição”
(1 Tm 3.4)? Nesse ponto, é importante considerar o parâmetro traçado pelo
apóstolo Paulo: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado
da igreja de Deus? (1 Tm 3.5). É mesmo por isso que o aspirante ao pastorado
deve ser um homem casado, que zele pela ordem familiar.]
SINOPSE
DO TÓPICO (2)
Do pastor espera-se um caráter
íntegro; um exemplo para os fiéis, aos infiéis e a toda a sua família.
III. O MINISTÉRIO PASTORAL
1. A missão do pastor. O termo pastor (do gr. poimēn) no Novo
Testamento tem o significado de “apascentador de ovelhas”. De acordo com esta
definição podemos afirmar que a principal missão de um ministro é cuidar das
pessoas que receberam Cristo como Salvador, dando-lhes alimento espiritual
através do ensino da Palavra de Deus, como encontramos no livro do profeta
Isaías (Is 40.11). O verdadeiro pastor cuida das ovelhas com zeloso amor e
compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas. [Comentário: A
palavra pastor vem do latim, pastor, com o significado de “aquele que guarda as
ovelhas”, “o que cuida das ovelhas”. Na língua original do Novo Testamento,
pastor (gr. poimen), de acordo com Vine, é “... aquele que cuida de rebanhos
(não meramente aquele que os alimenta), é usado metaforicamente acerca dos
‘pastores’ cristãos (Ef 4.11)”. Em termos ministeriais, o pastor é aquele que
tem esse dom ministerial, e é encarregado de cuidar da vida espiritual dos que
aceitam a Cristo e ficam sob seus cuidados, numa igreja ou congregação local.
Pastor é um termo de cuidado, de zelo, de ternura, para com as ovelhas de
Jesus. Um pastor, sendo ocupante de um oficio eclesiástico respeitável, ainda
assim, de acordo com certos grupos cristãos, ocupa posição inferior à de um
bispo em muitas denominações evangélicas. Uma igreja pode ter mais de um
pastor, dependendo das muitas necessidades da mesma. Assim um deles ocupar-se-á
do trabalho pastoral interno, um outro cuidará dos jovens, e ainda um outro
ficará encarregado do evangelismo, por exemplo. Isso ocorre devido à
complexidade do oficio pastoral, sem falarmos no fato de que, às vezes, o
rebanho toma-se por demais numeroso para que um único homem faça a contento o
seu trabalho. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 105.]
2. Uma missão polivalente. A missão pastoral também é múltipla, pois o
ministério envolve o ensinamento, o aconselhamento, a evangelização e missões,
bem como a pregação expositiva da Palavra de Deus, que é o seu mais importante
empreendimento. Para além dessas responsabilidades, o pastor age como o bom
conciliador e administrador eclesiástico dos bens e recursos humanos
disponíveis para toda boa obra da igreja local. Está sob os seus cuidados a
gestão eficiente e honesta dos bens materiais, patrimoniais e das finanças da
igreja local. [Comentário: O Pr Elinaldo Renovato discorre
perfeitamente sobre esse tópico quando escreve: Muitos obreiros, principalmente
os mais jovens, aspiram ao pastorado. Não é errado ter essa aspiração. Paulo
escreveu ao jovem obreiro Timóteo: “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o
episcopado, excelente obra deseja” (1 Tm 3.1). Mas os candidatos ao episcopado
(pastorado) devem ter consciência de que um pastor é alvo de grandes
contradições e oposições, a despeito de sua honrosa missão. A lista de
contradições sobre o que as pessoas pensam do pastor, é ampla e variada. Alguém
já escreveu diversas listas sobre isso. A seguir, resumimos uma delas: Se o
pastor é ativo, é ambicioso; se é calmo, é preguiçoso; se o pastor é exigente,
é intolerante; se não exige, é displicente; se fica com os jovens, é imaturo;
se fica com os adultos, é antiquado; se procura atualizar-se, é mundano; se não
se atualiza, é de mente fechada, retrógrado, ultrapassado; se prega muito, é
prolixo, cansativo; se prega pouco, é que não tem mensagem; se veste-se bem, é
vaidoso; se veste-se mal, é relaxado; se o pastor sorri, é irreverente; se não
sorri, é cara dura. O que o pastor fizer, alguém pensa que faria melhor. Pode
parecer algo hilário ou grotesco, mas reflete um pouco a visão que muitas
pessoas têm do pastor de uma igreja local . Aliás, alguém já escreveu, dizendo
que “pastor é uma espécie em extinção”. Mas tais contradições não devem ser motivo
para desânimo ou desinteresse pelo ministério pastoral. O Sumo Pastor, Jesus
Cristo, foi alvo de piores referências a seu respeito, mesmo demonstrando que
era um ser especial, humano e divino, que só fazia o bem. Seus opositores o
acusaram de ser “comilão e bebedor” (Mt 11.19); de ter demônio (Jo 8. 52); de
ser endemoninhado e expulsar demônio pelo príncipe dos demônios (Mc 3-22); e de
tramar contra o governo da época, justificando sua condenação (Lc 23.2; Jo
19.12). Mas Jesus não desistiu. Foi até ao fim, entregando sua vida em lugar
dos pecadores. E cumpriu a sua missão (Jo 19.30). Elinaldo Renovato.
Dons espirituais & Ministeriais Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário. Editora CPAD. pag. 114-115.]
3. O cuidado contra os falsos pastores. Quando Deus levantou Ezequiel como profeta de
Israel, Ele ordenou-lhe que repreendesse os pastores infiéis da nação. O
Altíssimo considerava como falsos pastores os que apascentavam a si mesmo e não
as ovelhas (Ez 34.2c); exploravam o rebanho e não o poupavam (34.3); não
demonstravam amor pelas ovelhas, fazendo com que elas se dispersassem (34.4-6).
O próprio Deus é contra os falsos pastores (Ez 34.8-10)! Ele inspirou o
apóstolo Paulo a escrever para Tito quando da sua instrução pastoral ao jovem
obreiro, que este retivesse “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,
para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para
convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e
enganadores [...] aos quais convém tapar a boca” (Tt 1.9-11). [Comentário: “Profetiza
contra os pastores de Israel” (Ez 34.1-10). No Antigo Testamento, o termo
“pastor” é frequentemente usado para designar os reis de Israel e os seus
líderes espirituais. Agora Ezequiel olhou para trás e identificou as falhas de
liderança que contribuíram para o recente desastre de Judá. O verdadeiro
propósito que Ezequiel tinha em mente, porém, era mostrar um contexto no qual
um esperado Pastor, que ele estava prestes a descrever, iria se destacar. Que
falhas nos líderes de Israel e de Judá levaram a nação ao desastre? Os
príncipes dos reinos hebreus tinham pensado apenas em si mesmos em vez de
pensar no rebanho (v. 2). Eles gananciosamente exploravam o rebanho para ganho
pessoal (v. 3). Eles se recusaram a intervir em favor dos fracos e doentes (v.
4). E eles permitiram que o rebanho de Deus fosse espalhado por todas as nações
(w. 5,6). Devido a estes pecados, Deus disse: “Demandarei as minhas ovelhas da
sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a
si mesmos” (v. 10). O Novo Testamento adverte contra colocar-se no papel de
liderança presunçosamente; Tiago 3.1 diz: “Muitos de vós não sejam mestres,
sabendo que receberemos mais duro juízo”. Qualquer um que veja a liderança como
uma posição “superior” à dos outros, em vez de vê-la como uma posição que tem
como finalidade servi-los, ainda não está pronto para ser um líder espiritual. Lawrence
O. Richards. Comentário Devocional da Bíblia. Editora CPAD. pag.446.]
SINOPSE
DO TÓPICO (3)
A missão do pastor é múltipla,
pois ele cuida desde os assuntos espirituais até os mais terrenos.
CONCLUSÃO
O dom ministerial de pastor é concedido àqueles a quem Deus chama para
servir ao seu precioso rebanho, a Igreja de Jesus. Esta acha-se espalhada nas
igrejas locais que reúnem crentes oriundos de todos os lugares do mundo. Eles
estão sob os cuidados de líderes para serem alimentados com a Palavra de Deus.
O objetivo do ministério pastoral é fazer com que o rebanho do Senhor cresça na
graça e no conhecimento do Evangelho de nosso Salvador (2Pe 3.18). Portanto, o
pastor precisa da graça divina para não fracassar em seu ministério. Oremos
pelos pastores, compreendamos as suas lutas e os apoiemos com amor e carinho. [Comentário: Não
obstante o enorme crescimento do Evangelho em nossa nação, carecemos de
pastores com aquelas características encontradas no Grande Pastor. Falta-n, na
verdade, grandes líderes, que não à semelhança de Cristo, pelo menos parecidos
com Paulo: zeloso e dedicado. Nossa esperança é que Deus mesmo apascentará o
seu povo como as ovelhas do seu pasto, que haviam estado famintas. Deus trará
os cativos de volta com segurança para a sua própria terra e os apascentará nos
montes de Israel, que são um bom pasto, e um pasto farto. Ele socorrerá as
ovelhas que estão aflitas, ligará as que estão quebradas e fortalecerá as que
estão enfermas, consolará as que choram em Sião e com Sião. Se os ministros,
que deveriam falar de paz para aqueles que têm um espírito triste
negligenciarem ao seu dever, o Espírito Santo, o Consolador, será fiel ao seu
ofício. Mas como se segue, a gorda e a forte serão destruídas. Aquele que tem o
repouso para os santos atribulados tem o terror para os pecadores presunçosos.
Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro (Lc 3.5).] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em
Cristo!
Francisco Barbosa