SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Após a travessia do Mar Vermelho o povo de Israel
prosseguiu sua jornada pelo deserto, passando pelo Sinai. Na aula de hoje
extrairemos algumas lições espirituais a partir desse trajeto, destacando a
importância da dependência em Deus, mesmo nas adversidades. Antes demonstraremos
o percurso seguido, enfocando o período que o povo permaneceu diante do Monte
Sinai. A principal instrução que retiramos dessa caminhada é o foco na
maturidade, cientes de que Deus está interessado não apenas em nosso êxito,
mas, sobretudo, em nossa maturidade, para tanto, não nos poupará de situações
desagradáveis.
1. A PEREGRINAÇÃO DE ISRAEL PELO DESERTO
A vida é composta de altos e baixos, de vitórias e
derrotas, cantamos, e logo em seguida, pranteamos. Ninguém está isento de
passar por adversidades, a caminhada do cristão é sempre desafiadora (Jo.
16.33). Na escola de Deus a prova vem antes, e o aprendizado somente depois. Para
alcançarmos maturidade precisamos focar menos em nós mesmos, e mais em Deus. O
povo de Israel, ao longo da jornada, estava preocupado em o que comer ou beber
(Ex. 15.22-27). A ansiedade em relação ao futuro é uma demonstração de falta de
maturidade espiritual. Jesus ressaltou que os gentios, e não aqueles que têm
fé, são os que vivem demasiadamente preocupados (Mt. 6.21, 25-33). Deus sabe
quais são nossas necessidades, Ele está atento ao que precisamos, mas, às
vezes, somos conduzidos pela ganância, esquecemos-nos de orar pelo pão de cada
dia (Mt. 6.11), e deixamos de exercitar o contentamento (Fp. 4.11). Além disso,
como aconteceu com os israelitas, nos deparamos com as águas amargas. E não
podemos murmurar, pois assim seremos reprovados pelo Senhor (Tg. 1.12-18; Hb.
12.1-11). O povo de Israel reclamava com facilidade, demonstrando, assim, falta
de confiança em Deus (Ex. 16.1-12; Nm. 14.2; 16.41; 17.1-10; Dt. 1.27; Sl.
78.17). Mas o povo não se queixou apenas pela falta de água potável,
angustiou-se também pela falta de alimentação. Os israelitas se voltaram para o
passado, lembrando-se das “panelas de carne” do Egito, e do alimento que tinham
em abundância (Ex. 16.3). O Deus de Israel, no entanto, é Aquele que supre as
necessidades, disse que à tarde teriam carne para comer (Ex. 16.8) e pela manhã
choveria pão do céu (Ex. 16.4). Os seguidores de Cristo devem priorizar o reino
de Deus, e a sua justiça, o essencial para a subsistência será providenciado
pelo Senhor (Mt. 6.33). O Deus que forneceu o maná no deserto, para os hebreus,
também deu instruções, para que o povo depositasse sua confiança nEle, por isso
o alimento deveria ser guardado apenas para o dia (Ex. 19.21), com uma provisão
suficiente para o sábado (Ex. 16.23).
2. ISRAEL DIANTE DO MONTE SINAI
A chegada do povo de Israel ao Monte Sinai foi um
cumprimento da profecia do Senhor, entregue através de Moisés (Ex. 3.12). Os
israelitas estavam diante do Monte de Deus, e ali permaneceriam pelos próximos
onze meses. Moisés subiu o monte para ter um encontro pessoal com Deus. Aquele
foi um momento singular não apenas para Moisés, mas para todo o povo. Mas antes
o povo caiu no pecado da idolatria, ao se prostrarem diante de um bezerro de
ouro (Ex. 32.1-8,25). Atrelado à idolatria estava a promiscuidade, uma desonra
aos olhos do Deus de Israel. Os cristãos devem ter cuidado para não cair no
mesmo erro dos hebreus, devem fugir do pecado da idolatria, para não deixar de
dar glória a Deus (I Co. 10.7). Para tanto, devem lembrar que são propriedade
de Deus, escolhidos para viver em santificação (Ex. 19.5), também viver em
santificação, como sacerdotes do Senhor (Ex. 19.6). Em Cristo somos, agora, uma
nação santa, povo adquirido, retirado das trevas para viver na luz do evangelho
(Ex. 19.6; I Pe. 1.15; 2.5,9). Como povo separado para o Senhor, precisamos
viver dignamente, distanciados do mundo. O povo de Israel também deveria
permanecer nas imediações do Sinai, de igual modo precisamos nos aproximar de
Deus, pelo vivo caminho preparado por Jesus, no calvário (Hb. 10.20). Ao mesmo
tempo em que nos aproximamos, também devemos reconhecer a grandeza do Senhor
(Dt. 5.22-27). O Deus dos cristãos é de amor, mas também é fogo devorador (Dt.
4.24; Hb. 12.29), isso deve servir de motivação para uma vida de temor e tremor
diante do Senhor (Fp. 2.12).
3. O PECADO
DE IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
O povo de Israel prometeu obedecer a Palavra do
Senhor (Ex. 19.8; 24.3), mas o próprio Deus estava ciente de que tal promessa
não seria cumprida (Dt. 5.28,29). Quando Moisés subia o monte, os hebreus
ficaram impacientes, o que os conduziu ao pecado. Paciência é uma virtude para
aqueles que estão caminhando rumo à maturidade (Sl. 40.1). Por outro lado,
aqueles que vivem a partir da natureza pecaminosa, tendem à desobediência, ao
distanciamento do Senhor. O povo de Israel mostrou inicialmente essa propensão
no Egito, ao se prostrarem diante dos deuses daquela nação (Js. 24.14). Durante
a peregrinação pelo deserto, e em decorrência da demora de Moisés, o povo
instigou Arão a providenciar um “deus substituto” (Ex. 32.2-6). Eles trocaram a
glória do Deus invisível pela imagem de um bezerro, um animal quadrúpede (Sl.
106.19-23). O povo recebeu a recompensa pelo seu pecado, isso porque o pecado
traz consequências, o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23). A lei da
semeadora permanece, o que plantamos é justamente o que colhemos (Gl. 6.7,8). Por
isso o povo de Deus precisou ser disciplinado para aprender a obediência, o
próprio Moisés, como líder, descontrolou-se, ao quebrar as tábuas da Torah (Ex.
32.19,22). O Senhor não admite conchavos com o pecado, a opção é posta, entre
uma vida de santidade ou de pecado. Os bezerros de ouro devem ser destruídos de
nossas vidas, não podemos substituir a glória de Deus por uma vida devotada aos
ídolos (Ex. 17.1-7). Depois daquele episódio Moisés retornou ao Monte Sinai,
onde permaneceu por quarenta dias e noites, jejuando e orando, intercedendo
pelo povo. Aqueles que exercem liderança devem manter o equilíbrio, e
investirem espiritualmente com vistas ao crescimento dos seus liderados.
Precisamos permanecer em contato com o Senhor, sobretudo dando o exemplo na
comunhão com Deus (Nm. 12.1-8; Dt. 34.10). Também não podemos perder o
equilíbrio emocional diante da rebeldia, antes devemos disciplinar com amor e
orar para que as pessoas se voltem para Deus (Ex. 32.30-34; 34.28; Dt.
9.18-20).
CONCLUSÃO
Como o povo de Israel estamos todos em uma
peregrinação, caminhando pelos desertos da vida. O Senhor tem nos dado Sua
revelação, através da Palavra escrita, mas também em Cristo, o Verbo que se fez
carne (Jo. 1.1,2; Hb. 1.1,2). Como povo separado de Deus, escolhido para viver
em obediência, sobretudo em amor ao Senhor, devemos fugir da idolatria (I Jo.
5.21). Enquanto estivermos em direção à terra prometida, devemos aprender a
confiar no Senhor, e a depender da Sua providência, contentes com o que Ele nos tem dado (Hb. 13.5).
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Há muitos crentes que fazem a seguinte indagação: “Por que estudar as lições do Antigo Testamento, sendo nós cristãos da Nova Aliança?”. A resposta a esta pergunta se encontra na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 10, versículos 1 a 12. Os fatos do Antigo Testamento são como figuras (1Co 10.6,11), nos alertando para que não venhamos a cometer os mesmos erros que o povo de Deus cometeu no passado. Então, estude com afinco cada lição deste trimestre e jamais siga os caminhos da desobediência, rebeldia e idolatria trilhados por Israel no deserto.
Na lição de hoje, estudaremos a
caminhada do povo de Deus até o Sinai. Veremos como Deus guiou e sustentou seu
povo que foi infiel, murmurador e idólatra. O Senhor permaneceu fiel e cuidando
dos israelitas. [Comentário: A Bíblia é
uma revelação progressiva. O Antigo Testamento é um espelho que permite que nos
vejamos nas vidas dos seus personagens e nos ajuda a aprender de forma indireta
com os seus exemplos. Explica tantas coisas sobre quem Deus é, as maravilhas
que tem criado e a salvação que tem providenciado. Conforta aqueles que estão
passando por perseguição ou problemas. Ao ler o Antigo Testamento, haverá muito
que você não entende de imediato, mas haverá muito mais que você vai entender e
aprender. Ao continuar estudando as suas páginas, pedindo a Deus que o ensine
ainda mais, a sua escavação vai lhe recompensar com grandes tesouros! Hoje,
entraremos em contato com a saga israelita através do deserto em direção ao
Sinai. A peregrinação deles em direção à terra prometida, mostra-nos muito
daquilo que é a nossa experiência cristã neste mundo. Depois da travessia do
Mar Vermelho o povo de Deus foi conduzido ao deserto, lugar onde Deus iria
ensiná-los á viver em sua dependência. Foi no deserto onde eles aprenderam
depender unicamente do seu Deus; suas provisões, e os cuidados para com o seu
povo. Esta é a figura que se aplica perfeitamente à Igreja Militante, visível.]
Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. ISRAEL
PEREGRINA PELO DESERTO
1. Israel chega a Mara (Êx 15.23). O povo de Deus estava finalmente livre dos egípcios e começava sua
caminhada pelo deserto a caminho de Canaã. Depois da travessia do Mar Vermelho
os israelitas foram conduzidos por Moisés até o deserto de Sur. Eles andaram
três dias pelo deserto e as águas que encontraram em Mara eram impróprias para
beber. Descontente, o povo começou a murmurar contra Moisés. Na verdade eles
não estavam reclamando de Moisés, mas de Deus (Êx 16.7,8). Muitos podem pensar
que estão reclamando do seu líder, mas na verdade estão reclamando contra
aquEle que delegou autoridade ao líder: Deus. A murmuração é uma característica
negativa daqueles que não confiam no Senhor. Moisés confiava na providência do
Pai. Então ele orou e Deus lhe mostrou um lenho. Moisés jogou o lenho nas águas
e elas se tornaram boas para o consumo. Segundo o Comentário Bíblico Beacon,
“assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel
satisfazendo-lhes as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando
o povo de sua natureza corrompida”.
Israel era uma massa de gente briguenta e sem
fé que precisava ser lapidada pelo Senhor para que se transformasse em uma
nação santa. A lapidação veio com as provações rumo ao monte Sinai.
[Comentário: Mara (em hebraico: מָרָה, cujo significado é
"amargo") é um dos locais que a Torá identifica como tendo sido
percorrida pelos israelitas, durante o Êxodo. Este foi
provavelmente o 'Ain Hawarah, onde ainda existem várias nascentes de água que
são muito "amargas", distantes cerca de 47 quilômetros de 'Ayun Mousa
(Dicionário Bíblico Easton de 1897). Nós bem sabemos que há um
paralelo perfeito entre a caminhada do povo de Israel até a Terra Prometida com
a trajetória da Igreja, que caminha em um deserto (o mundo em qual vivemos) em
direção a Terra Prometida. Da mesma forma que Israel passou por dificuldades,
foi provado, passou por momentos difíceis e contaram com o recurso de Deus para
a vitória, nós também (a Igreja) passamos em alguns momentos, por situações
difíceis, mas sabendo sempre que podemos contar com o recurso de Deus (Jesus)
para vencer as nossas lutas. O caminho de três dias nos fala profeticamente da
morte e ressurreição do Senhor Jesus, a palavra do Senhor relata que justamente
ao terceiro dia, quando o povo precisava saciar sua sede, precisava do descanso
para continuar a caminhada, o Senhor orienta a Moisés que tomasse o lenho e
jogasse sobre as águas, transformando a água amarga em doce, uma representação
profética extraordinária que aponta justamente a amargura do pecado do homem
que estava sobre Jesus quando tomou o nosso lugar na cruz do calvário, levando
sobre si a amargura da morte, tão bem descrita pelo profeta Isaías, no capítulo
53, verso 4, quando diz que: “Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.” O lenho não
tinha valor algum aos olhos da razão humana, era desprezível, mas trazia
consigo um valor extraordinário quando olhamos para o aspecto profético bem
descrito pelo Profeta Isaías, no verso 2, do capítulo 53: “… como raiz de uma terra seca; não tinha
beleza nem formosura e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos.” Era a figura profética do Senhor Jesus, que quando lançado
nas águas transforma as águas amargas (morte) em águas doces (vida).].
2. Rumo ao Sinai (Êx 16.1). Depois de Mara os israelitas foram para Elim e em seguida para o deserto
de Sim, que ficava entre Elim e Sinai (Êx 19.1,2). Esse é um lugar inóspito,
repleto de areia e pedra, porém um local perfeito para Deus tratar do seu povo.
Diante das dificuldades o povo volta a murmurar e quer mais uma vez retornar ao
Egito (Êx 16.2,3). Mas Deus é bom e misericordioso. Ele mais uma vez supriu as
necessidades do seu povo. Talvez você esteja sendo também provado pelo Senhor.
Este é um momento difícil, mas em vez de murmurar adore ao Senhor. Você, assim
como Israel, verá o sobrenatural de Deus em sua vida. No deserto de Sim, Deus envia
o maná ao seu povo. O maná não foi um fenômeno natural, como alguns cogitam.
Foi uma provisão especial de Deus. Esta provisão apontava para Jesus, o Pão
Vivo que desceu do céu (Jo 6.31-35).
Deus sustentou seu povo através do deserto não
somente com pão, mas também com carne e água. Em Refidim, Deus fez água jorrar
da rocha (Êx 17.1-7). Ele é o nosso provedor (Sl 23.1). Tudo que temos vem do
Senhor, por isso devemos ser gratos a Ele pela provisão. Depois de partir de
Refidim, o povo, sob a orientação de Deus, caminhou até o monte Sinai, onde os
israelitas receberam a lei do Senhor. [Comentário: Ao seguirem
para Elim, que estava logo adiante, encontraram “doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto às
águas” (Ex 15.27). Isto é, logo à frente, havia sombra e água fresca. A
analogia aqui é clara: as águas de Mara se contrapõem às fontes de Elim.
Enquanto as águas de Mara simbolizam amargura, descrença e murmuração, as águas
de Elim simbolizam a provisão plena de Deus para o seu povo. A grande lição
aqui é que tivesse Israel suportado a amargura das águas de Mara, logo estaria
festejando em Elim. A pouca paciência de muitos crentes embota o fio aguçado da
vitória alegre quando esta ocorre. Elim, como mencionamos de passagem no tópico
anterior, fala de provisão plena de Deus. Se não, vejamos: eram doze fontes
para doze tribos, ou seja, uma para cada tribo de Israel (COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 59-60). Todavia, o deserto tem os
seus Elins bem como os seus Maras; as suas fontes e palmeiras, bem como as suas
águas amargas. "Então, vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e
setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas (versículo 27). O Senhor
graciosa e ternamente prepara verdes lugares no deserto para o Seu povo; e
embora sejam, quanto muito, oásis, refrescam, todavia, o espírito e animam o
coração. A permanência temporária em Elim era evidentemente calculada para
tranquilizar os corações do povo e fazer cessar as suas murmurações. A sombra
agradável das suas palmeiras e as águas refrescantes das suas fontes vieram
muito a propósito, depois da provação de Mara, e realçam à nossa vista as
virtudes preciosas daquele ministério espiritual que DEUS provê para o Seu povo
no mundo. Os números "doze" e "setenta" estão intimamente
ligados com o ministério. Mas Elim não era Canaã As fontes e as palmeiras eram
apenas um antegozo desse país ditoso que estava situado para lá dos limites do
deserto estéril, no qual os remidos acabavam de entrar. Davam refrigério, sem
dúvida, mas era refrigério do deserto: era apenas momentâneo, destinado em
graça, a animar os espíritos deprimidos e a dar-lhes vigor para a sua marcha
para Canaã. Assim é, como sabemos, com o ministério na Igreja; é um suprimento
gracioso para as nossas necessidades, destinado a refrescar, fortalecer e
encorajar os nossos corações "até
que todos cheguemos à medida da estatura completa de Cristo" (Ef 4:13)
(C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação
Religiosa Imprensa da Fé).].
SINOPSE
DO TÓPICO (I)
Os hebreus foram lapidados mediante as provações que tiveram que
enfrentar no deserto.
II. ISRAEL NO MONTE SINAI
1. O monte Sinai (Êx 19.2). Este é um lugar especial para todo o povo de
Deus. Ali Deus revelou-se de modo especial a Moisés e a Israel e lhe entregou
os Dez Mandamentos. Ali os israelitas tiveram a revelação da glória e da
santidade do Todo-Poderoso. Tiveram também a revelação da sua natureza, da sua
lei, da expiação do pecado, da vontade divina e do seu culto. Todo o livro de
Levítico, que trata do ministério e do culto ao Senhor, teve o seu desenrolar
no acampamento do Sinai, ao pé do monte.
A distância do Sinai a Canaã é de
quase 500 quilômetros, e seria percorrida em um curto prazo pelos israelitas,
mas infelizmente levou 38 anos. A demora decorreu como parte do julgamento
divino dos pecados de incredulidade, murmuração, rebelião e desvio dos
israelitas (Dt 2.14,15). [Comentário: O Monte
Sinai (também conhecido como Monte Horeb ou Jebel Musa, que significa “Monte de
Moisés” em árabe) está situado no sul da península do Sinai, no Egito. Esta
região é considerada sagrada por três religiões: cristianismo, judaísmo e islã.
O significado da palavra Sinai é desconhecido, mas há diversas sugestões e
possíveis derivações. Alguns supõem que quisesse dizer "espinhoso", a
partir da palavra seneh (arbusto espinhoso), em referência aos muitos
desfiladeiros e ravinas do monte que, com um pouco de imaginação, podem
relembrar um conglomerado de arbustos espinhosos. Mas essa poderia ser uma
referência ao deus lua Sin, cujo culto havia-se espalhado por toda a Arábia. Após
Elim, o povo seguiu ainda mais ao sul, pelo Deserto de Sim (Ex 16.1), situado
aos pés do planalto do Sinai. Ou seja, esse deserto ficava entre Elim e o
Sinai, e foi onde os israelitas vivenciaram pela primeira vez o milagre do maná
e onde se maravilharam com o milagre das codornizes (Êx 16.1-21). Como destacam
as notas da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o Deserto de Sim era um
ambiente vasto e hostil, no qual só havia areia e pedra. Esse espaço estéril
proveu o lugar perfeito para Deus testar e formar o caráter do seu povo”, que
era muito instável, inclinado ao erro, com mentalidade ainda do tempo de
escravos do Egito e, não poucas vezes, se mostrando obstinados em seus erros. ].
2. A permanência no Sinai. No Sinai, Israel permaneceu, conforme as
determinações do Senhor a Moisés, cerca de onze meses. Durante sua permanência
ali, Israel caiu no abominável pecado da idolatria do bezerro de ouro (Êx
32.1-8,25). Com a idolatria veio a obscenidade, a imoralidade e a prostituição.
Este horrível pecado de Israel é mencionado várias vezes através da Bíblia,
sempre de modo infamante como em 1 Coríntios 10.7: “Não vos façais, pois,
idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer
e a beber e levantou-se para folgar”. Apesar de Israel ter falhado, o eterno
propósito salvífico de Deus não falhou (Ef 3.11). [Comentário:
Êx 19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos
os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êx 17.1) para 0 Sinai. O
Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por onze
meses e seis dias. A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou,
pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato.
Mas para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom
número de conjecturas. Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe), que Moisés
recebeu seu sinal e comissão originais (Êx 3.12). Fica entendido que YAHWEH se
manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos pensavam que o Olimpo
era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa,
em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente
(cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação
(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 383).].
SINOPSE
DO TÓPICO (II)
O monte Sinai é um lugar especial para todo o povo
de Deus. Ali, Deus revelou-se de modo especial a Moisés e a Israel e lhes
entregou os Dez Mandamentos.
III. A IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
1. O bezerro de ouro (Êx 32.2-6). Moisés e Josué subiram ao monte Sinai para se
encontrar com o Senhor e receber dEle as tábuas da Lei. Ali eles ficaram muitos
dias, e o povo, com pressa em saber notícias, começou mais uma vez a reclamar e
a especular a causa da demora de Moisés e Josué. Não levou muito tempo para que
uma grande confusão fosse formada. O povo, liderado por Arão, pecou
deliberadamente contra o Senhor construindo um bezerro de ouro para ser
adorado. Diversas passagens bíblicas relacionam o ídolo aos demônios, e o culto
idólatra ao culto diabólico (Lv 17.7). Os ídolos sempre foram laços para o povo
de Israel, a quem Deus elegeu como seu povo peculiar aqui na terra.
[Comentário: Este incidente é conhecido em hebraico como Khet
ha'Egel (חטא
העגל)
ou O pecado do bezerro e é descrito na Bíblia, no livro de Shemot (Êx 32.1-8) O
bezerro de ouro também é referido em outra passagem da Bíblia, em 1Rs 12.28-32
quando o reino de Israel é dividido e o rei Jeroboão, que fica com uma parte do
reino sem ser de descendência real, cria dois bezerros para o povo adorar, e
esquecer do Deus da linhagem Real. Na linguagem corrente, a expressão
"bezerro de ouro" tornou-se sinônimo de um falso ídolo, ou de um
falso deus. Nós podemos ver na vida de Arão o que acontece quando alguém que
foi liberto do mundo pelo poder de Deus escolhe não andar na presença Dele. Uma
imagem incorreta; desenvolvida, formada, e moldada dentro de nossa própria
alma ou imaginação. (Êx 32.1-4). Qualquer que tenha sido o pensamento de Arão,
os israelitas não estavam pensando em YHWH de maneira alguma. Não lhes ocorriam
os níveis elevados de adoração sem imagens, nem sequer de monoteísmo. Tal como
mais tarde Israel viria a desejar um rei humano em lugar do invisível rei
divino (1 Sm 8:4-8), assim desejavam aqui um deus que tivesse rosto, como todo
mundo. Seu último desejo era ser diferente em seu novo relacionamento com DEUS:
no entanto, esse era o propósito de Deus (19:5,6). Este Moisés, o homem que nos tirou do Egito. A frase é
deliberadamente empregada para mostrar a aspereza deste povo escravo. Eles
ainda não consideravam sua libertação algo realizado por Deus: era simplesmente
algo que Moisés havia conseguido. Hoje, igualmente tem muitos cristãos que tem
uma imagem completamente distorcida da pessoa de Deus: “Eles têm uma imagem
teológica equivocada de um Deus completamente passivo”; são influenciado pelas
aberrações neo-pentecostais atuais onde Deus deixa de ser Senhor, para ser
apenas um ídolo.].
2. Cuidado com a idolatria. A Palavra de Deus em 1 João 5.21 nos adverte:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!”. O crente deve estar vigilante
contra a idolatria. Muitos pensam que idolatria é somente adorar a imagens de
escultura. Todavia, um ídolo é tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus na vida humana.
Alguma coisa tem ocupado o lugar do Senhor em seu coração? Peça a ajuda do Pai
e livre-se imediatamente de toda idolatria. O apóstolo Paulo adverte a igreja
de Corinto para não se envolver com a idolatria, como o povo de Israel no
deserto (1Co 10.14,19-21). [Comentário: Essa palavra
vem do grego, eldolon ídolo., e latreuein, «adorar». Esse termo refere-se à
adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido
primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração
a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de
DEUS, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. A idolatria é usualmente
definida como a prática de adoração a ídolos, valores e ideias em oposição à
adoração à Deus. A idolatria é considerada um dos maiores pecados nas religiões
abraâmicas (Judaísmo, cristianismo e islamismo), de outro modo, em religiões
onde esta atividade não é considerada como pecado. Somos sempre prontos a
acusar alguns grupos cristãos de idolatria por adotarem o culto à imagem de
escultura, à homens e mulheres de grande exemplo piedoso. Esquecemos que
espectro é muito mais amplo e que, por fim, muitos de nós também acabamos nos
tornando idólatras. Os teólogos têm alargado o conceito, para incluir aspectos
não-religiosos da vida em geral, sem envolvimento de imagens especificamente.
Por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica afirma: "Idolatria não se refere apenas aos falsos cultos do paganismo.
Idolatria também é quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em
lugar de Deus, quer se trate de deuses ou demônios (por exemplo, o satanismo),
do poder, raça, prazer, antepassados, do Estado, dinheiro, etc.” No caso de
Israel no Sinai, o povo ficou inquieto quando o líder visível permaneceu no
monte durante os quarenta dias. A insatisfação a esse respeito levou os
israelitas a se juntarem em grupo para fazer um pedido especial a Arão, em
cujas mãos foram deixados. Levanta-te, disseram, faze-nos deuses que vão
adiante de nós. A palavra deuses é normalmente traduzida por Deus. O pedido
não significava necessariamente que estes indivíduos estivessem rejeitando
Jeová; queriam uma forma visível entre eles que representasse Deus. Moisés,
que fora como Deus para eles, desaparecera e a paciência para esperar a volta
do líder acabara. A reação de Arão ao pedido sugere esforço em evitar a
calamidade. Ao pedir que arrancassem os pendentes de ouro e lhos trouxesse,
talvez Arão contasse com a recusa deles. Não é fácil mulheres e crianças
abrirem mão de seus ornamentos, e essa resistência teria protelado o pedido que
fizeram. Se Arão esperava oposição ao pedido, logo ficou desapontado, porque
todo o povo arrancou os pendentes de ouro que estavam nas suas orelhas e lhos
deu. O coração carnal não mede sacrifícios para satisfazer seus desejos
pecaminosos. Levando em conta que Arão começara concordando com este pedido
perverso, não havia mais como parar. Tomou os presentes de ouro e formou um
deus para o povo. Na situação em que poderia ter se mostrado líder capaz, Arão
falhou miseravelmente. A maioria das imagens antigas era feita de madeira e
banhada a ouro. Este ídolo tinha forma de bezerro, ou touro de pouca idade,
formato comum entre os egípcios, que representava fertilidade e força. Ou, como
sugere Rawlinson, Arão retrocedeu aos “deuses [...] dalém do rio” (Js 24.14),
encontrados na Babilônia, pensando que esta seria representação mais segura do
Deus de Israel. Quando o bezerro ficou pronto, as pessoas disseram: Estes são
teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito. Como é fácil o coração
carnal se afastar da verdadeira adoração de Deus! Quando Arão notou a que ponto
as pessoas estavam indo, parece que tentou controlá-las erigindo um altar
diante da imagem e proclamando uma festa ao SENHOR. Talvez quisesse conservar
alguma semelhança com a adoração de Deus mantendo o nome YAHWEH no festival.
Este ato lembra os esforços de conservar uma forma de piedade sem ter seu poder
(2 Tm 3.5) e o sincretismo que há em grande parte do cristianismo nominal. Qualquer
que tenha sido a intenção de Arão, fracassou lamentavelmente em reter a
adoração aceitável a Deus. O povo se entregou a um excesso emocional que o
levou à idolatria e apostasia. Levantou-se de madrugada e assentou-se a comer e
a beber; e depois a folgar. Embora comer e beber na adoração fizessem parte
do plano de Deus, neste caso não havia adoração espiritual — somente a
satisfação dos desejos pecaminosos da carne. “Deram rédeas às paixões no
‘folgar’, a subsequente dança orgíaca que quase sempre acompanhava os ritos
idólatras. Ver também o versículo 25 e 1 Coríntios 10.6,7.” Atentemos para como
identificarmos “Os Passos para a Apostasia”: 1) A impaciência com a providência
de Deus; 2) O desejo de sinais visíveis na adoração; 3) A transigência com as
verdadeiras formas de adoração; 4) A entrega a paixões carnais. (Leo G.
Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 224-225).].
3. A idolatria no coração. O profeta Ezequiel adverte-nos sobre isso em
14.2-4,7 do seu livro. O primeiro mandamento do Eterno em Êxodo 20.3, ordena:
“Não terás outros deuses diante de mim”. Israel, antes de ser liberto e
resgatado da escravidão do Egito, pecou contra o Senhor, adorando a falsos
deuses (Is 24.2,15; Gn 35.2,4). Deus conhece o coração do homem e sabe da sua
propensão à idolatria. Precisamos vigiar, pois somente Deus deve ser único
dominador e rei em nosso coração..
[Comentário: No sentido mais amplo do termo “idolatria”, todos os
homens, com bastante frequência, se não mesmo continuamente, são idólatras.
Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos principais
propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos
totalmente de todas as formas de idolatria. Paulo, em Colossenses 3.5,
ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer desejo
ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma idolatria. Assim, no
Novo Testamento, qualquer coisa muito desejada, que suplante a comunhão com Deus
ou a impeça, é considerada idolatria (1Co 10.14; Gl 5.20; Cl 3.5). A teologia
moral cristã insiste em que qualquer desejo desordenado, que veja o objeto de
tal desejo como a fonte última do bem e a base do bem-estar do individuo, é idolatria.
O termo “Coração” nas páginas da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo
Testamentos, é o vocábulo mais completo para indicar todas as faculdades
humanas, como os sentimentos (Rm 9.2), a vontade (1Co 4.5) e o intelecto (Rm 10.6),
e assim apontado o homem interior, o homem essencial, aquela porção da
personalidade humana que possui os meios naturais através dos quais todo o
homem deveria elevar seu conhecimento de Deus a níveis mais altos, em gratidão.
Todavia, é justamente o coração que se toma obscurecido. O «coração» pode ser o
lar do Espírito Santo (Rm 5.5), ou a maldade pode dominar ali (Rm 1.24). A
passagem de Mc 7.21, alista os vicias que podem proceder do homem interior, ali
também chamado de -coração.].
SINOPSE
DO TÓPICO (III)
Os israelitas, liderados por Arão, pecaram
deliberadamente contra Deus ao fundirem o bezerro de ouro.
CONCLUSÃO
O Salmo 106 relata os tropeços de Israel a caminho de Canaã,
e a sublime história da infinita misericórdia de Deus para com eles. Deus é
fiel! Israel pecou e cometeu muitos erros, porém os planos do Senhor em relação
a Israel e a toda humanidade não foram frustrados. Como crentes devemos
repudiar toda forma de idolatria, entronizando a Deus como único Senhor em
nossos corações e mentes. [Comentário:
Romanos 1.21 descreve de forma abreviada como as faculdades naturais do homem,
que lhe permitem vir a conhecer a Deus e a ter comunhão natural com ele, foram
pervertidas, através de uma degeneração progressiva, mediante a rejeição
proposital do conhecimento de Deus e da distorção da verdade, tudo o que faz
parte do misterioso e primeiro deslocamento do homem para fora da harmonia
original que ele desfrutava com Deus. O homem só tem razão quando pensa
corretamente, e só pensa corretamente se está em harmonia com o Criador. Antes
se tornaram nulos em seus próprios raciocínios (Rm 1.21). A palavra nulos, neste caso, significa «inúteis» «vãos", «vazios». A
compreensão humana foi reduzida a trabalhar em um 'vácuo'. De certo modo se
tomou fútil. O vocábulo vaidade, nos
contextos judaicos e nos escritos de Paulo, diz respeito às práticas e
tendências idólatras dos homens, os quais loucamente, em lugar do Deus vivo,
colocam alguma outra coisa, usualmente uma imagem de escultura, feita por seus
próprios dedos, ainda que isso também possa ser expresso na forma da adoração
aos corpos celestes, em lugar de adoração ao próprio criador dos corpos
celestes. A mente depravada começa por inventar ideias, por especular, por
raciocinar, mas tudo com resultados negativos, pervertendo tão somente qualquer
luz à verdade que porventura já possua. A verdade dos homens leva-os à
perversão moral, conforme se vê tão patentemente hoje em dia. Os males,
portanto, exercem um efeito cumulativo, e isso concorda com a experiência
humana. Tudo isso esclarece por quais razões e como os homens são inescusáveis.
Os próprios homens fizeram descer o dilúvio sobre eles, e isso deu inicio a um
espírito de ingratidão. “A injustiça
deles consiste nisso – imediatamente afogaram, por sua própria depravação, a
semente do correto conhecimento, antes que esta pudesse amadurecer”
(Calvino). “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa
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