quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

LIÇÃO 8 - MOISÉS: SUA LIDERANÇA E SEUS AUXILIARES


SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Nesta aula nos voltaremos para a função da liderança na obra do Senhor. Inicialmente destacaremos o papel que essa tem, destacando sua importância no contexto cristão. Em seguida, trataremos a respeito da relação de Moisés com seus liderados, enfocando o conselho de seu sogro Jetro, tendo em vista as múltiplas atribuições deste líder hebreu. Ao longo da lição mostraremos princípios de liderança que também serão uteis para a condução do rebanho de Deus, com disposição para o serviço, em amor.
1. A LIDERANÇA DO SENHOR
Existem muitos cursos de liderança na atualidade, cada um deles parte de determinados pressupostos a respeito do que significa liderar. Existem modelos de liderança que são mais ou menos democráticos, outros se pautam pelo autoritarismo. As técnicas de liderança expostas em determinados treinamentos disponibilizados nessa área podem ser aplicadas à igreja. Mas é preciso ter cautela, para não fundamentar a administração eclesiástica em técnicas meramente humanas. Devemos lembrar sempre que fomos chamados para uma liderança cristã, por conseguinte, devemos nos pautar em Cristo, nosso maior exemplo. O estilo de liderança de Jesus é o de líder-servo, aquele que se sacrifica pelos seus liderados, sempre demonstrando humildade (Fp. 2.6,7; Jo. 13.8-15). O Apóstolo, ao se despedir da igreja em Éfeso, ressalta a condição ministerial do obreiro do Senhor (At. 20.28-31). Refletir a respeito desses ensinamentos é necessário ao líder cristão para não se deixar conduzir pelos modismos da liderança meramente humana. Por causa da ênfase demasiada que se costuma dar ao aspecto institucional das igrejas, alguns líderes estão transformando os templos em empresa, balcão de negócios, vendendo serviços para satisfazer uma clientela. Como resultado, há muitos que estão procurando líderes do seu agrado, que não dizem o que é necessário, mas tão somente o que seus adeptos querem ouvir (II Tm. 4.3). Algumas igrejas evangélicas estão vivendo a partir da pesquisa de mercado, a fim de aumentar o número de convencidos, pastores descompromissados com a palavra estão fazendo concessões com a verdade. A liderança do Senhor deve estar ciente de que prestará contas ao próprio Deus, o Supremo Pastor, a respeito de como conduziram o rebanho dEle (I Pe. 5.1-3).
2. UM CONSELHO PARA OS MINISTROS DO SENHOR
Determinados líderes são demasiadamente centralizadores, principalmente no contexto assembleiano, que favorece esse estilo de liderar. Mas esse modelo não é recente, Moisés, mesmo sendo chamado por Deus para guiar o povo, fracassou nesse particular. Jetro, seu sogro, veio do oriente para visitá-lo. Destacamos, a princípio, uma virtude de Moisés, o respeito pelo seu idoso-sogro, indo ao seu encontro, para recebê-lo. Há igrejas que não respeitam mais os idosos, pastores que prestaram serviço à obra, são descartados, e em alguns casos, humilhados. Ainda que não concordemos com o estio de liderança deles, não podemos deixar de prestar a justa reverência, reconhecendo o esforço que eles empreenderam na obra do Senhor. Jetro era sacerdote gentio (Ex. 2.16) e conhecia o Deus vivo e verdadeiro, as orientações de Deus pode chegar de quem menos esperamos. Esse homem piedoso percebeu, naquela visita, que Moisés estava assoberbado de trabalho. Mais que isso, que havia uma tendência centralizadora, ou na melhor das hipóteses, esse não estava delegando tarefas. Talvez isso favorecesse um círculo vicioso, os auxiliares estavam acomodados porque Moisés fazia tudo, que, por sua vez, não atribuía responsabilidades (Ex. 4.13, 23; 18.13-17). O líder do Senhor não percebia que estava conduzindo-se erroneamente na liderança do povo. Por esse motivo é necessário que os pastores se submetam à mentoria, isto é, às orientações de líderes mais experimentados, que possam atentar para a realidade a partir de um ângulo distinto. Isso mostra que Deus pode dar orientações diretamente ao líder, mas pode usar outros, mais experientes, para guia-lo. Para tanto é preciso ter humildade, deixar-se orientar pelo outro, mas também é necessário ter cautela na escolha de um mentor. Com base na percepção de Jetro, Moisés viu que havia trabalho demais para ele, que resultava em cansaço desnecessário. De igual modo, muitos obreiros estão trabalhando demais, isso porque têm receio de perderem o lugar. Há uma síndrome no meio evangélico, que pautada pela política eclesiástica, favorece o produtivismo, fazendo com que muitos pastores se tornem reféns do ativismo.
3. OS AUXILIARES NA OBRA DO SENHOR
A sugestão de Jetro foi apropriada, recomendando a Moisés que organizasse o campo, de modo a dividir as demandas de trabalho entre os liderados. Haveria líderes de dez, cinquenta, cem e mil, cabendo a Moisés decidir em relação aos casos mais necessários (Ex. 18.19-27). Acontecia, na verdade, uma triagem dos problemas, que seriam resolvidos através da descentralização, respeitando o grau de dificuldade. O objetivo seria evitar que Moises fizesse todo o trabalho, o que na prática seria algo inviável. Na obra de Deus ninguém precisa fazer tudo sozinho, precisamos ser maduros e saber dividir atribuições com outros. Existem vários livros disponíveis sobre liderança no mercado livreiro, e que podem ser consultados pelos líderes cristãos. Alguns deles partem de uma cosmovisão bíblica e são bastante úteis se aplicados com critérios, respeitando as especificidades das tarefas a serem desempenhadas. No entanto, conforme já destacamos anteriormente, não podemos esquecer que estamos trabalhando para o Senhor. Por isso, aqueles que lideram na casa de Deus não precisam apenas de técnicas, devem ser pessoas de caráter. O critério não deve ser apenas acadêmico, ou mesmo de competência, os que auxiliam na obra devem ser “homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza” (Ex. 18.21). A igreja primitiva teve esse cuidado na escolha dos diáconos, daqueles que iriam servir as mesas, esses deveriam, sobretudo, serem cheios do Espírito Santo (At. 6.1-7). Há aqueles que, nos dias atuais, criticam a liderança espiritual na igreja, mas esta tem amplo respaldo bíblico. Ao invés de censurar os obreiros de Deus, que são dádivas para a edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.11), devemos orar por eles. De fato existem líderes que, como os fariseus do tempo de Jesus, põem fardos pesados sobre o povo, que nem eles mesmos são capazes de carregar (Mt. 23.2-4). Mas isso não deve ser motivo para generalizações, devemos reconhecer que existem líderes sinceros, que ao invés de sobrecarregar o povo, os alivia espiritualmente, seguindo o exemplo de Jesus (Mt. 11.28-30). 

CONCLUSÃO
É preciso ponderar se estamos trabalhando para o Deus da obra ou simplesmente para a obra de Deus. Como despenseiros de Deus, e líderes cristãos, devemos fugir da liderança centralizadora, principalmente opressora. Para tanto, precisamos perder o medo de delegar tarefas, sobretudo, da síndrome da invisibilidade. Há pessoas que têm receio de não serem vistas, por isso se tornam escravas do ativismo. Uma liderança genuinamente cristã se baseia no serviço, e na convicção de que estamos trabalhando para Deus e é Ele mesmo quem avalia e aprova nosso desempenho, não os índices meramente humanos (II Tm. 2.15).


SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO



Palavra Chave

Liderança: Função, posição, caráter de líder, espírito de chefia.



Nesta lição estudaremos a respeito de Moisés como servo fiel de Deus e como líder. Moisés havia sido “instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Todavia, como líder do povo de Deus, vemos as suas dificuldades na carência e utilização de auxiliares. O líder cristão, por mais capacitado que seja, não conseguirá realizar suas tarefas sem a ajuda de líderes auxiliares. [Comentário: Este texto bíblico da leitura bíblica em classe data de aproximadamente 4.000 anos atrás, e não obstante isso, apresenta elementos incrivelmente atuais, profundamente práticos e facilmente aplicáveis ao nosso contexto. Encontramos aqui dois modelos de liderança, colocados em prática por Moisés, notadamente antes e depois dos conselhos de seu sogro. Moisés, preparado pela corte egípcia, se encontra diante dos israelitas atordoado e perdido tentando atender a todos os níveis de exigência que aquela liderança lhe impunha. lamentavelmente, Moisés exerceu uma liderança muito parecida com aquela que a maioria dos líderes atuais desempenham: centralizadora, afadigada, estressada, exaurida e com pouca eficiência. Vamos acompanhar de perto o desenrolar desse episódio e aprender suas preciosas lições]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!



I. O TRABALHO DO SENHOR E OS SEUS OBREIROS



1. Despenseiro e não dono (Êx 18.13-27). Podemos ser laboriosos e dedicados na obra do Senhor como foi Moisés e ainda assim cometer falhas em nossa administração. Um dos erros de Moisés e de alguns líderes da atualidade está no monopólio do poder administrativo. Na Bíblia encontramos vários exemplos que servem para mostrar que o líder de Deus não pode pensar que é dono da obra ou do rebanho que dirige. Vejamos como exemplo Diótrefes (3 Jo vv.9,10). Este obreiro via a congregação como uma propriedade sua. João repudiou e denunciou a recusa de Diótrefes em se relacionar com as outras lideranças e irmãos. [Comentário: No livro “Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida”, de Alexandre Coelho e Silas Daniel, editado pela CPAD, encontramos o seguinte comentário: Uma das características essenciais à liderança na obra de Deus é saber que o líder é despenseiro ou administrador dos recursos e das pessoas, e não dono de todas essas coisas. Nenhum ministro é ordenado para pensar que a igreja que Deus depositou em suas mãos é dele. (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 78). Lamentavelmente, muitos líderes atuais deixaram de ler isto. Paulo escreve aos efésios e afirma que Jesus mesmo deu à Igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores, visando o aperfeiçoamento dos santos e a edificação da Igreja (conferir Ef 4.11,12). Em última instancia, é Deus mesmo quem vocaciona, chama e distribui pelo Corpo, objetivando o aperfeiçoamento dos santos. Mais uma vez faço uma citação da obra acima referida e que se encaixa perfeitamente no contexto atual: Portanto, podemos entender que Deus deu pastores às igrejas, e não igrejas a pastores. O pastor é um presente de DEUS à congregação, e não o contrário. O papel destacado ao líder cristão é difícil, laborioso, um caminho íngreme e cheio de escarpas, isto se ele for verdadeiramente um despenseiro; caso ele se comporte como dono, estes espinhos não fazem parte do seu ministério.].

2. Falta de percepção do líder (Êx 18.14,17). Às vezes o líder não percebe as necessidades dos seus liderados. Isso não significa que ele seja um mau líder, mas que, em alguns momentos, os que estão de fora têm uma percepção maior da nossa administração. Jetro era sogro de Moisés e sacerdote; ele logo percebeu a dificuldade que Moisés estava tendo no exercício da sua liderança. Eliseu também não percebia que os discípulos dos profetas enfrentavam uma séria necessidade atinente à moradia (2Rs 6.1). Talvez você, líder, não esteja percebendo as necessidades do seu rebanho, mas elas existem e não devem ser ignoradas. Oremos para que Deus levante homens fiéis como Jetro para sempre lhe ajudar. [Comentário: Jetro (sacerdote de Midiã, de um deus tribal. Sua conversão se deu em Ex 18.11,12. Na verdade era um “judeu” neo-convertido. Sua conversão se deu depois que ouviu dos sinais que Deus fizera perante Faraó) surge no texto como alguém que assiste de fora e conclui que o modelo adotado estava fadado ao fracasso. Ele não era o líder daquele grande grupo e nem sequer era um adorador de YAHWEH (Ex 18.1), mas certamente o EU SOU o colocara no caminho de Moisés para orientar-lhe com conselhos que poderiam ser extremamente úteis. Norman Russell Champlin escreve o seguinte: “Por que te assentas só...? (Êx 18.14) Moisés tinha tanto para fazer que não podia dar muita atenção a seu sogro. Jetro tinha um sistema melhor, que já vinha funcionando fazia anos. E assim sendo, sentiu-se encorajado a sugeri-lo a Moisés. Um dos problemas dos chefes é a delegação de autoridade, e se esse chefe é um pequeno césar, então os seus problemas apenas se agravam. Jetro, sendo um chefe e um sacerdote midianita, tinha suas sessões diárias, mas não tomava para si mesmo todo 0 trabalho(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 381). Moisés deveria aprender a lição de como delegar autoridade. Não desejo afirmar que todo líder cristão centralizador seja ambicioso, dono do rebanho. Sabemos que muitos líderes se comportam assim por zelo e ansiedade. Mas esse modelo é desgastante para ambos, líder e liderados].

3. O líder necessita de ajudantes (Êx 18.18). Caso Moisés continuasse a trabalhar sozinho, logo estaria enfrentando um severo esgotamento físico e mental. Ao mesmo tempo o povo também iria se cansar pela longa espera em pé (vv.13,14). Sozinho, ninguém é capaz de cuidar do rebanho do Senhor. O líder não deve tentar fazer mais do que pode. Também precisamos nos conscientizar de que nenhuma pessoa é insubstituível na obra de Deus. Mais cedo ou mais tarde cada um de nós será substituído, contudo, a obra de Deus prosseguirá. [Comentário: Desfalecerás, assim tu, como este povo”. O povo estava afadigado devido esse modelo centralizador de liderança. Todos acorriam a Moisés, cerca de dois milhões de indivíduos sob a jurisdição de um único juiz! Ele precisava delegar autoridade e ficar restrito às causas mais complicadas, quando as instâncias menores não conseguissem resolver, como fazem os juízes das cortes supremas. Norman Russell Champlin afirma que “Moisés estava administrando justiça com sabedoria e sinceridade, mas não estava agindo de maneira pragmática. Estava exibindo um esforço hercúleo elogiável, em total altruísmo, qualidades essas necessárias em todos os grandes líderes. Mas uma devida delegação de autoridade também é uma das qualidades dos líderes(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 381)].


SINOPSE DO TÓPICO (I)

O líder precisa ter a percepção de que no trabalho do Senhor ele é apenas um despenseiro e não o dono da Obra.




II. OS AUXILIARES DE MOISÉS NO MINISTÉRIO



1. Deus levanta auxiliares (Êx 18.21). Para fazer a sua obra, Deus levanta líderes principais, como Moisés, e de igual modo levanta líderes auxiliares. Todo obreiro que está à frente do trabalho do Senhor, seja qual for a tarefa, necessita de auxiliares, cooperadores, colaboradores (Rm 16.3,21; 2Co 8.23). [Comentário: Para cumprir sabiamente os propósitos de Deus, Moisés deveria escolher homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza, e colocá-los sobre o povo por maiorais de mil, de cem, de cinquenta e de dez. Não há um consenso acerca destes números, se eles se referem à famílias ou à pessoas, o fato é que os homens serviriam na função de juízes de tribunal inferior e tribunal superior, cada líder de grupo menor responsável a quem estava acima dele. Quem não estivesse satisfeito com uma sentença de instância inferior poderia apelar para um tribunal superior. Isto significaria que inumeráveis sentenças não chegariam a Moisés. No contexto atual, Deus levanta nas igrejas locais, homens e mulheres vocacionados para a Diakonia, o auxiliar mais direto que dispõe o líder cristão para exercer sua liderança frente o rebanho que lhe foi confiado. Nos originais, em Grego, “DIAKONOS” = servo, escravo, servidor, aquele que tem por obrigação servir.].

2. Os auxiliares de Moisés (Êx 18.25). Certamente Moisés teve muitos auxiliares cujos nomes não foram registrados nas Escrituras Sagradas, mas vejamos apenas alguns que o ajudaram durante a caminhada do povo até a Terra Prometida.

a) Miriã era auxiliar de Moisés e também sua irmã. Era profetisa e cantora (Êx 15.20,21). Seu nome, em hebraico, corresponde em grego a Maria. Certa vez, levantou-se contra Moisés e pagou caro por sua rebeldia (Nm 12). [Comentário: Miriã, em hebraico Miryam, foi a irmã mais velha de Moisés e de Arão; depois de sua mãe Joquebede (Nm 26.59), colocar seu irmão Moisés numa cesta revestida de betume e a por no Rio Nilo, postou-se de longe para ver o que aconteceria. Após ser encontrado Moisés pela filha de faraó no rio, Miriã também indicou sua própria mãe para que fosse baba de Moisés (Êx 2.7). Mais tarde, sofreu temporariamente de lepra alegadamente por sua rebeldia perante a autoridade de Moisés (Nm 12). Miriã era também profetiza e tocava tamboril (Êx 15.20);ela morreu e foi sepultada em Cades (Nm 20.1). Foi mencionada pela primeira vez e chamada de profetisa por ocasião da jubilosa celebração que liderou depois da travessia do mar Vermelho (Êx 15.20,21). Ela pecou quando foi insubordinada à vontade de Deus, e incitou Arão contra Moisés. Ela e Arão se opuseram ao seu destaque e posição de respeito. Como resultado do seu envolvimento e liderança da rebelião, Deus a castigou com lepra. Moisés orou por sua recuperação e Deus ouviu sua oração. Durante o tempo da sua recuperação, Israel não prosseguiu em sua peregrinação (Nm 12.1-16). (PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1290).].

b) Arão, irmão de Moisés, seu porta-voz (Êx 4.14-16; 7.1,2) e líder dos sacerdotes. [Comentário: Aarão (ou Arão) (אַהֲרֹן, palavra que significa "progenitor de mártires" em hebraico possivelmente relacionado com o egípcio "Aha Rw," "Leão Guerreiro"), foi o irmão mais velho de Moisés (Ex. ii. 4), e primeiro sumo sacerdote dos hebreus. esteve constantemente associado a Moisés na apresentação de atos poderosos que ocasionaram a libertação (Êx 5-13). Notavelmente, o cajado, símbolo de autoridade, foi manejado algumas vezes por Arão. Deus frequentemente falou a ambos, Moisés e Arão, mas raramente a Arão sozinho. Arão não teve parte alguma na entrega da lei, mas ele e seus dois filhos mais velhos, juntamente com os setenta anciãos, testemunharam a auto manifestação de Deus e comeram e beberam na presença de Deus (Êx 24.9-11)].

c) Os anciãos, também chamados príncipes no período mosaico. Eram líderes e representantes do povo (Dt 1.13-15; Êx 3.16,18). Outros auxiliares eram os juízes e os levitas (Js 8.33; 24.1). [Comentário: De modo geral, ancião é uma palavra que se refere aos lideres de um grupo ou comunidade, presumindo-se que os mesmos tenham idade avançada e sejam dotados de caráter maduro. No Antigo Testamento, o termo se aplicava a vários ofícios. Era o caso de Eliézer. o «mais antigo servo» de Abraão, em Gn 24.2; certos oficiais da casa de Faraó, em Gn 50.7; os principais servos de Davi, em 2Sm 12.17; e os anciãos de Gebal (Ez 27.9). No Egito, mui provavelmente os anciãos eram funcionários do estado, pelo que o termo aplicava-se ali aos lideres e chefes políticos. Isso também sucedia entre os israelitas, moabitas e midianitas (Nm 22.7)]

d) Jetro, o sogro de Moisés, não era israelita, mas demonstrou ser um homem cheio de sabedoria. Ele muito ajudou Moisés. [Comentário: Parece que entre os midianitas, os seus príncipes automaticamente também oficiavam como sacerdotes. Há uma certa confusão no tocante ao nome desse homem, que a Bíblia não se dá ao trabalho de explicar. Ele é chamado Reuel, em Êx 2.18 e Nm 10.29. Em Jz 4.11, ele é chamado de Hobabe; mas, em Nm 10.29 Hobabe parece ser o filho de Reuel (Jetro). Todas as demais passagens, onde aparece esse homem, dão o seu nome como Jetro. É possível que os nomes Reuel e Jetro fossem ambos nomes desse homem, o que não era um caso único. Moisés passou quarenta anos em seu exílio em Midiã, enquanto se preparava para o seu ofício de Libertador de Israel, em companhia de Jetro, e de uma de suas filhas, e de com a qual se casou, Zípora (Êx 3.1; 4.18). Não somos informados quanto à religião que Jetro promovia; mas é vão tentar ligá-lo a YAHWEH, o Deus dos judeus, conforme este se revelou a Moisés, na sarça ardente (Êx 6.3). Todavia, segundo alguns estudiosos, YAHWEH pode ter sido uma das divindades dos midianitas, embora muito duvidemos disso. Seja como for, residindo Moisés com seu sogro, aquele recebeu uma teofania da parte do Deus de Abraão. Na oportunidade, Moisés estava cuidando das ovelhas de seu sogro. Então, ele reconheceu sua comissão divina como libertador de Israel da servidão egípcia. Moisés tomou sua esposa e seus filhos e viajou para o Egito. Posteriormente, entretanto, os enviou de volta a Midiã, talvez como uma medida de segurança. (HAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4542)].

e) Josué, sucessor de Moisés (Nm 27.18-23), é mencionado pela primeira vez na Bíblia em Êxodo 17.9, num contexto que destaca a sua obediência a Moisés (33.11). Por ter sido fiel e obediente a Moisés foi o escolhido de Deus para suceder o Legislador. [Comentário: Seus nome significa "Jeová é salvação" (Nm 13.16) e tem a mesma forma grega do nome de Jesus (At 7.45; Hb 4.8). Seu nome está escrito como "Josué" em Neemias 8.17, mas seu nome original era Oséias (Nm 13.8). Josué era filho de Num, da tribo de Efraim (Nm 13.8). Depois de dirigir a distribuição de terras, ele se instalou nas terras altas de Efraim em Timnate-Sera, onde foi sepultado (Js 19.50; 24.30). Como tinha mais de 40 anos de idade quando deixou o Egito, e parecia bem qualificado para assumir o comando das forças israelitas que lutaram contra os amalequitas em Refidim (Êx 17.8-16), é possível que tivesse sido treinado pelo exército do Faraó. Durante aquele ano, no monte Sinai, Josué serviu como auxiliar direto de Moisés quando esse último recebeu as leis, e todas as vezes que ia à tenda onde encontrava e ouvia o Senhor (Êx 24.13; 32.17; 33.11). Mesmo depois de deixar o Sinai, Moisés considerava Josué como um "moço" e achava necessário censurá-lo por proibir dois anciãos do acampamento de profetizar (Nm 11.27-29). (PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 195-197.)].


SINOPSE DO TÓPICO (II)

Deus levantou auxiliares para o ministério de Moisés. São eles: Miriã, Arão, os anciãos, juízes, levitas, Jetro e Josué.




III. QUALIDADES DE MOISÉS COMO LÍDER



1. Mansidão e humildade (Nm 12.3). Deus falava com Moisés face a face. Todavia, ele com humildade parou para ouvir os conselhos de Jetro, que não era nem mesmo israelita. Se você deseja ser bem-sucedido em sua liderança, seja humilde. A soberba, além de ser pecado, impede o líder de crescer. A Palavra de Deus diz que na “multidão de conselheiros, há segurança” (Pv 11.14), todavia, a soberba impede que o líder ouça seus auxiliares. [Comentário: “Nenhum homem será um grande líder, se quiser fazer tudo sozinho, ou se quiser receber todo o crédito só para ele” . (Andrew Carnegie). Líderes são paradigmas, para o bem ou para o mal. A Palavra de DEUS apresenta Moisés como uma pessoa de coração manso. “E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). Mansidão é a capacidade de enfrentar problemas sem que se perca a calma. Essa foi a atitude de Moisés quando atacado por Miriã e Arão, seus irmãos, no deserto. Ele não perdeu a calma naquela situação e deixou que DEUS resolvesse o problema de rebeldia que seus próprios irmãos trouxeram. Moisés não foi um líder soberbo. Ele não temeu partilhar sua autoridade com seus auxiliares a fim de que o povo pudesse ser mais bem atendido em suas demandas. Ele aceitou com humildade o conselho de Jetro, e viu como acatar aquele conselho permitiu que ele focasse sua liderança onde ela era mais importante: conduzir o povo de acordo com os planos de Deus. “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).].

2. Piedoso e obediente. Moisés era um exemplo de obediência e integridade e da mesma forma o obreiro precisa ser modelo dos fiéis (1Pe 5.3). O verdadeiro ministro de Cristo precisa viver uma vida digna, não só diante de Deus, mas também dos homens (2Co 8.21; 1Tm 6.11,12). O servo deve viver e agir de modo honroso no trabalho, na vizinhança e na família. A santidade é um imperativo na vida do obreiro. Um bom ministro de Cristo não apenas dá ordens, mas em tudo é o exemplo para o rebanho. [Comentário: Normalmente, o termo "piedade" é uma tradução da palavra grega eusebeia. Em um sentido amplo, piedade significa pra ticar a piedade cristã. Ela encontra sua base em um conhecimento apropriado de Deus (1Jo 5.18), sua realização em uma vida entregue a Deus por meio de Jesus Cristo (Rm 12.1), e seu objetivo final no desenvolvimento da consciência em relação a Deus, e de características similares como a justiça, a fé, o amor, a paciência e a mansidão (1Tm 6.11; 2Pe 1.6). O conceito é amplamente exposto nas Epístolas Pastorais, e cristalizado nas palavras: "Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (1Tm 6.6; cf. 1 Tm 2.3,10; 3.16; 4.7,8; 6.3,5,11; 2 Tm 3.5,12; Tt 1.1; 2.12).(PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1534-1535).].

3. Fiel (Nm 12.7; Hb 3.2,5). Esta é uma das qualidades primordiais de um líder, pois “requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4.2). De nada adianta o líder cristão pregar e ensinar a Palavra, se ele é desobediente, displicente, e nem sequer pratica o que ensina. A verdadeira fidelidade revela-se em nossos atos cotidianos. Os olhos do Senhor estão à procura dos que são fiéis (Sl 101.6). Moisés foi fiel a Deus, ao seu povo, à sua família. Sigamos seu exemplo. [Comentário: Nm 12.7: “Não é assim com 0 meu servo Moisés”. Essas palavras mostram a superioridade de Moisés em relação aos demais profetas. Todavia, é algo lindo receber sonhos e visões espirituais, que são modos de comunicação divina. Moisés, contudo, gozava de um tipo de comunicação superior a isso. Ele se encontrava com Deus face a face, e recebia revelações diretas (vs. 8; ver também Êx 33.11). O papel de Moisés como mediador entre YAHWEH e Israel foi assim reiterado (Ex 19.9; 20.19; Dt 34.10-12). Fiel em toda a minha casa. O fulcro dessa casa, naqueles tempos, era 0 tabernáculo; assim, a casa metafórica aqui referida era a esfera de sua atividade em toda a nação de Israel. Israel era a casa de DEUS, nesse sentido metafórico. Moisés desincumbia-se fielmente de todos os seus deveres, e YAHWEH não tinha do que se queixar contra ele, em contraste com Miriã e Arão, que se queixavam de Moisés. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 647).].


 
SINOPSE DO TÓPICO (III)

Mansidão, humildade, piedade, obediência e fidelidade são algumas das qualidades que podemos encontrar na liderança de Moisés.




CONCLUSÃO

Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho. O líder cristão precisa de auxiliares dados por Deus que o ajude. Não sejamos como muitos líderes que não sabem delegar tarefas. Estes acabam sofrendo e fazendo a obra de Deus sofrer danos. Sigamos o exemplo de Moisés e seus auxiliares, que o ajudaram na missão de conduzir o povo de Deus até à Terra Prometida.[Comentário:Liderar é uma arte, é nato, mas é possível atingir excelentes níveis se aplicarmos os conselhos. Interagir com pessoas de diferentes personalidades requer flexibilidade. Em se tratando do Corpo de Cristo, o assunto assume papel ainda mais complexo, pois o líder cristão não responde apenas por assuntos de ordem espiritual, responde também por questões de caráter material e terreno. Você exerce algum nível de liderança na Obra? Ore pedindo discernimento para atender às necessidades espirituais daqueles que foram comprado para Deus. Moisés é paradigma em se tratando de liderança, mas é em Jesus Cristo que está o nosso ideal, o perfeito modelo de liderança humilde, acolhedora e amorosa. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,



Graça e Paz a todos que estão em Cristo!


Francisco Barbosa

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A ATUALIDADE DA MENSAGEM DA BÍBLIA


LIÇÃO 7 - OS DEZ MANDAMENTOS DO SENHOR



SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos os Dez Mandamentos, ou o Decálogo, que foram proferidos por Deus no Sinai (Ex. 20.1), e escritos em duas tábuas de pedra (Ex. 31.18). Atentaremos, durante a lição, para os enfoques diferenciados desses enunciados divinos. Inicialmente, a relacionamento do ser humano com o único e verdadeiro Deus, em seguida, a observância do sábado, do respeito aos pais, e ao valor da vida humana. Ao final, ressaltaremos a importância que deve ser dada ao casamento, à verdade e a necessidade de controle dos desejos.

1. O ÚNICO E VERDADEIRO DEUS
O Deus da Bíblia é único e verdadeiro (Ex. 20.1-3), não por acaso a expressão “O SENHOR teu Deus” é repetida cinco vezes nessa passagem (Ex. 20.2,5,7,10,12). Esse Deus não pode ser desconsiderado, as palavras que Moisés está expressando são da autoria do Deus de Israel. É a respeito desse Deus que o povo deve testemunhar perante as nações (Sl. 115). Por isso, a cada manhã o judeu fiel declara: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt. 6.4). Somente Ele é digno de adoração, não pode haver espaço para os ídolos no coração daqueles que servem a Deus (Ex. 20.4-6). Ele mesmo declarou pelo profeta Isaias: “Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is. 42.8). Os cristãos precisam ter cuidado com a idolatria, pois ela conduz à imoralidade, desumaniza e escraviza (I Co. 10.10-22). Por esse motivo o Deus de Israel ordenou que Israel destruísse os ídolos ao chegarem à terra prometida (Dt. 7.1-11). Essa advertência serve para nós hoje, João admoesta a igreja de Jesus: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (I Jo. 5.21). Existem muitos ídolos nas igrejas, não apenas os de pedra ou mármore, mas também os de carne e osso. Muitas igrejas adoram seus ícones evangélicos, pastores e cantores, outros adoram o dinheiro, o império de Mamon, e não poucos adoram a eles mesmos. O nome de Deus deve ser honrado, pois Seu nome representa Sua própria natureza (Ex. 20.7). Por isso, como ensinou Jesus em Sua oração: o nome de Deus deve ser santificado, ou melhor, todos devem reconhecer que Ele é santo (Mt. 6.9). O nome de Deus tem sido profanado nos dias atuais, inclusive no meio dos evangélicos, alguns transformam o Deus Vivo e Verdadeiro, em um ídolo, um instrumento para satisfação pessoal. Ao invés de buscarem a face de Deus, muitos se interessam apenas pelas Suas mãos. Há aqueles que querem transformar Deus em um botão, o qual apertam, a fim de satisfazerem suas desejos egoístas.

2. O SÁBADO, OS PAIS E A VIDA
A palavra sábado, em hebraico, é sabbath, e diz respeito ao descanso, o povo de Israel já observava esse dia, antes mesmo da instituição legal (Ex. 16.23,25). Isso porque o fundamento para o sábado estava já na criação (Gn. 2.1-3), o próprio Deus descansou. Esse era um sinal especial entre Deus e Israel, específico para aquela nação, como parte do Pacto (Ex. 31.12-17; Ne. 9.13-15; Ez. 20.12,20). Mas o princípio do descanso deve ser considerado pelos cristãos, as pessoas não foram criadas para trabalharem ininterruptamente. O materialismo moderno, e a ganância que prevalece, tem feito muitos se sacrificarem, e sacrificam também suas famílias, deixando de investir no descanso (Cl. 2.16,17; Gl. 4.1-11; Rm. 14.1-15.7). A igreja primitiva separou o domingo, o primeiro dia da semana para observância, tendo em vista que nesse dia o nosso Senhor Jesus ressuscitou (Jo. 20.19,26; At. 20.7; I Co. 16.2). Outra instrução de Deus, no Decálogo, está relacionada à honra aos pais (Ex. 20.12). Os israelitas foram orientados a respeitarem os pais, a cuidar deles, mesmo na velhice (Ex. 21.15,17; Lv. 19.3,32; Dt. 27.16; Pv. 1.8; 16.31; 20.20; 23.22; 30.17). Nos dias atuais, marcados pela coisificação das pessoas, há quem deseje descartar os mais velhos. Alguns filhos desrespeitam seus pais, outros chegam mesmo a abandoná-los. Paulo instrui os filhos a honrarem os pais, sendo esse inclusive um mandamento com promessa de vida longa (Ef. 6.1-3; I Tm. 5.1,2). A partir de Ex. 20.13, devemos destacar o valor da vida humana, considerando que essa é uma dádiva de Deus. Fomos feitos Sua imagem e semelhança, portanto, o homicídio é uma transgressão, um pecado que deveria ser punido (Gn. 1.26,27; 9.6). Esse mandamento não proibia o povo de Israel de ir à guerra, mas de cometer assassinatos (Ex. 22.2; Mt. 5.21-26). Nós, os cristãos, devemos ser promotores da vida, opondo-nos à cultura da morte. Por esse motivo, não podemos defender práticas como o aborto e a eutanásia (Rm. 13). A vida, por ser uma dádiva de Deus, é digna de ser preservada. As pessoas não podem ser descartadas, como se fossem objetos.

3. O ADULTÉRIO, A VERDADE E OS DESEJOS
O casamento é uma instituição divina, por isso não poderia ser destruído por causa do adultério, que deveria ser punido com a pena capital (Lv. 20.10; Dt. 22.22). A família é a célula-mater da sociedade, quando essa é solapada, as consequências são drásticas. A orientação contra o adultério é importante porque esse é revelado como defraudação (I Ts. 4.1-8), não apenas em relação ao cônjuge, mas também para quem o comete (Pv. 6.20-35). Aqueles que estão envolvidos nesse tipo de pecado devem se arrepender, e buscar o perdão de Deus, antes que seja tarde (I Co. 6.9-11; Jo. 8.1-11). Deus perdoou o pecado de adultério de Davi, restabelecendo-o a uma vida espiritual plena (II Sm. 12.13,14; Sl. 51). O adultério, como ensinou Jesus, começa no coração, na intenção impura, instigado pelo olhar (Mt. 5.27-30). Deus também orientou o povo de Israel quanto ao respeito à propriedade pessoal (Ex. 20.15). A terra é propriedade de Deus, os israelitas deveriam ser apenas mordomos (Lv. 25.2, 23, 38), e a Ele deveriam prestar contas. As pessoas que detêm grandes propriedades de terra, sem torna-las produtivas, devem refletir a respeito dessa instrução. O governo precisa investir em uma reforma agrária com amplitude, não apenas distribuindo terra, mas também criando oportunidades para seu cultivo. A riqueza é produzida, de acordo com Ef. 4.18, através do trabalho, recebendo herança e furtando os outros. Que o Senhor nos livre do enriquecimento ilícito, e que ninguém, ao prosperar por meios escusos, venha a dizer que foi “benção de Deus”. Em prosseguimento aos mandamentos, destacamos a importância da verdade aos olhos de Deus. Em Ex. 20.15, há uma orientação quanto ao perigo do falso testemunho, os cristãos não podem mentir, principalmente diante de um tribunal. No Antigo Pacto, aqueles que davam falso testemunho deveriam ser punidos com a morte (Dt. 17.6-13). É preciso também controlar os desejos, a cobiça é um pecado grave (Ex. 20.17). Ao invés de desejar o que não nos pertence, ou ser tomado pela ganância, devemos exercitar o contentamento (Fp. 4.11-13; Hb. 13.5).

CONCLUSÃO
Os mandamentos de Deus são eternos, seus princípios são considerados ainda hoje. As leis de muitos países estão fundamentadas nos enunciados de Deus entregue a Moisés. Como cristãos devemos viver a partir desses princípios. No entanto, devemos lembrar que toda lei pode ser resumida no amor a Deus e ao próximo (Lv 19.18; Mt. 22.34-40). O amor é o cumprimento da lei (Rm. 13.8-10), é o amor a Deus, e ao próximo, que nos conduz à obediência (Gl. 5.22-26; Rm. 5.1-5).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa


 SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO
Hoje estudaremos o capítulo 20 do livro de Êxodo. É uma síntese concernente aos Dez Mandamentos que foram entregues por Deus a Moisés. Muitos pensam que os preceitos morais da Lei foram somente para o Antigo Pacto. Todavia, Jesus ressaltou, no Sermão do Monte, que os preceitos morais da Lei são eternos e imutáveis, por isso precisamos conhecê-los. [Comentário: Em continuidade ao estudo de Êxodo, chegamos ao capítulo 20, onde há o registro do Decálogo - escritos pelo próprio Deus em duas tábuas de pedra e entregues a Moisés e ao povo de Israel (Êx 31.18; Dt 4.1 3; 1 0.4). A guarda dos mandamentos proveu um meio de Israel procurar viver em retidão diante de Deus, agradecido pelo seu livramento do Egito; ao mesmo tempo, tal obediência era um requisito para os israelitas habitarem na Terra Prometida (Dt 41.14; 14). Os Dez Mandamentos são dez leis na Bíblia que Deus deu à nação de Israel logo após o êxodo do Egito. Os Dez Mandamentos são essencialmente um resumo dos mais de 600 mandamentos contidos na Lei do Antigo Testamento. Os primeiros quatros mandamentos lidam com a nossa relação com Deus. Os outros seis mandamentos lidam com os nossos relacionamentos com os outros. Os Dez Mandamentos estão registrados na Bíblia em Êxodo 20:1-17 e Deuteronômio 5:6-21. Jesus Cristo e os apóstolos afirmam que, como expressões autênticas da santa vontade de Deus, eles permanecem obrigatórios para o crente do Novo Testamento (Mt 22.37-39; Mc 12.28-34; Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.1 4; Lv 1 9.1 8; Dt 6.5; 1 0.1 2; 30.6). Conforme esses trechos do Novo Testamento, os Dez Mandamentos resumem-se no amor a Deus e ao próximo; guardá-los não é apenas uma questão de práticas externas, mas também requer uma atitude do coração. Logo, a lei demanda uma justiça espiritual interior que se expressa em retidão exterior e em santidade. Os preceitos civis e cerimoniais do Novo Testamento que regiam o culto e a vida social de Israel já não são obrigatórios para o crente do Novo Testamento. Eram tipos de sombras de coisas melhores vindouras, e cumpriram-se em Jesus Cristo (Hb 10.1; Mt 7.12; 22.37-40; Rm 13.8; Gl 5.14; 6.2). Mesmo assim, contêm sabedoria e princípios espirituais a todas as gerações” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.145).]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. OS PROPÓSITOS DA LEI
1. O Decálogo (Êx 20.3-17). O termo Decálogo literalmente significa “dez enunciados” ou “declarações” (Êx 34.28; Dt 4.13). Ele foi proferido por Deus no Sinai (Êx 20.1), mas também escrito por Ele em duas tábuas de pedra (Êx 31.18). O Decálogo exprime a vontade de Deus em relação ao ser humano. É, na verdade, um resumo da lei moral de Deus. [Comentário: Decálogo significa dez palavras (Êx 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os quatro primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho de uma vida liberta da escravidão do pecado. Os Dez Mandamentos foram entregues no Monte Sinai ao povo hebreu, por Deus, através de Moisés, separadamente do restante da Torá (ensinamentos). De acordo com a Bíblia, os Mandamentos escritos nas duas tábuas da Lei, foram escritas pelo dedo do próprio Deus sendo que os demais foram ditados e escritos em pergaminhos por Moisés e ambos falados diretamente ao povo. Em hebraico (língua original dos Mandamentos), o número de letras dos Dez Mandamentos é equivalente a 613, o número total dos mandamentos da Torá.].
2. Objetivos do Concerto divino. A lei foi dada por Deus a Israel com os seguintes objetivos:
a) Prover um padrão de justiça. A lei entregue pelo Senhor a Moisés é um padrão de moralidade para o caráter e a conduta do homem, seja ele judeu, seja ele gentio (Dt 4.8; Rm 7.12). [Comentário: Estes dizeres não foram copiados do Egito ou de outras nações, como alguns suspeitam. “As declarações do monte Sinai são nobres e inteiramente diferentes de qualquer coisa encontrada em todo o conjunto da literatura egípcia.” Deus deu estas palavras não como meio de salvação, porque este povo já estava salvo do Egito, mas como norma de conduta. Levando em conta que a obediência era uma cláusula para a continuação do concerto (Êx 19.5), estas palavras se tornaram a base de perseverança na qualidade de povo de Deus. Paulo deixou claro que a observância da lei não é meio de salvação pessoal, pois a justificação é pela fé em Cristo (G1 2.16). A lei conduz a Cristo, mas não salva (G1 3.24). Deduzimos que esta lei moral foi dada como fundamento providencial para a fé do povo de Deus. Quem o ama observa sua lei. Dividir a lei em lei moral, lei cerimonial e lei civil é, por um lado, útil, e, por outro, enganoso. Lógico que a lei moral do Decálogo é básica e expressa a responsabilidade de todos os homens. Mas as outras leis dadas a Israel também eram igualmente obrigatórias.].
b) Identificar e expor a malignidade do pecado. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse”; isto é, fosse devidamente conhecida (Rm 5.20). “Pela lei vem o conhecimento do pecado”, ou seja, o conhecimento pleno da transgressão (Rm 3.20; 7.7). A lei não faz do ser humano um pecador, mas faz com que ele se reconheça como um transgressor. Ela expõe a malignidade do pecado, mas ao mesmo tempo aponta o caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram oferecidos no Tabernáculo (Lv 4-7). [Comentário: As leis de Deus eram demonstração de sua justiça por meio de símbolos e forneciam uma disciplina pela qual os israelitas poderiam ser conformados à santidade de Deus. Verdade é que, como nos ensina o apóstolo, a lei veio para que a ofensa abundasse (Rm 5.20). Isto mostra-nos claramente o verdadeiro objetivo da lei: veio a propósito para que o pecado se fizesse excessivamente maligno (Rm 7.13). Era, em certo sentido, como um espelho perfeito enviado para revelar ao homem o seu desarranjo moral. Se eu me puser diante de um espelho com o meu vestuário desarranjado, o espelho mostra-me o desarranjo, mas não o põe em ordem. Se eu fizer descer sobre um muro tortuoso um prumo, o prumo mostra a tortuosidade, mas não a altera. Se eu sair numa noite escura com uma luz, esta revela-me todos os obstáculos e dificuldades que se acham no caminho, mas não os remove. Além disso, o espelho, o prumo, e a luz não criam os males que revelam distintamente: nem os criam nem os afastam, apenas os revelam. O mesmo acontece com a lei: não cria o mal no coração do homem nem tampouco o tira; mas revela-o com infalível exatidão (C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé).].
c) Revelar a santidade de Deus. O Senhor revela a sua santidade por intermédio da lei mosaica (Êx 24.15-17; Lv 19.1,2), de igual forma, em o Novo Pacto, Ele revela a todo o mundo o seu amor através do seu Filho Jesus (Jo 3.16; Rm 5.8). A lei foi dada por Deus para conduzir a humanidade a Cristo (Rm 10.4). [Comentário: Mas, pode perguntar-se, "a lei não é perfeita? E se é perfeita que mais pode desejar-se? A lei é divinamente perfeita. Na verdade, a própria perfeição da lei é a razão de amaldiçoar e matar aqueles que não são perfeitos e pretendem subsistir perante ela. "A lei é espiritual, mas eu sou carnal" (Rm 7.14). É inteiramente impossível fazer-se uma ideia justada perfeição e espiritualidade da lei. Porém, esta lei perfeita estando em contato com a humanidade caída—esta lei espiritual entrando em contato com a mente carnal—só podia produzir a "ira" a "inimizade" (Rm 4.15; 8.7). Por quê?- É porque a lei não é perfeita?- Ao contrário, é porque ela o é e o homem é pecador. Se o homem fosse perfeito cumpriria a lei em toda a sua perfeição espiritual; e até mesmo no caso de crentes verdadeiros, embora tragam ainda consigo uma natureza corrompida, o apóstolo ensina-nos: "Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito" (Rm 8.4): "...porque quem ama aos outros cumpriu a lei... O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.8 e 10). Se eu amar o próximo não furtarei aquilo que lhe pertence; pelo contrário, procurarei fazer-lhe todo o bem que puder. Tudo isto é claro e fácil de compreender por uma alma espiritual; mas não toca na questão da lei, quer seja como fundamento de vida do pecador ou de regra de vida para o crente. (C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé).].
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A Lei de Deus, entregue a Moisés tinha os seguintes propósitos para Israel: prover um padrão de justiça; identificar e expor a malignidade do pecado; revelar a santidade de Deus.
II. OS DEZ MANDAMENTOS (ÊX 20.1-17)
1. O primeiro mandamento. “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Neste primeiro mandamento, Deus se revela como o único e verdadeiro Deus (Dt 6.4). Naquela época havia entre as nações falsos deuses. Um exemplo disso é o Egito, onde o povo de Israel estivera por 430 anos. Nossa adoração e culto devem ser dirigidos somente ao único e verdadeiro Deus. Não devemos cultuar nem os anjos (Ap 19.10), nem os homens (At 10.25,26) ou quaisquer símbolos. O primeiro mandamento da lei, reafirmado em o Novo Testamento, foi a respeito da adoração somente a Deus (1Co 8.4-6; 1Tm 1.17; Ef 4.5,6; Mt 4.10). [Comentário: Não terás outros deuses. Temos aqui a regra do monoteísmo (ver a respeito no Dicionário). Neste ponto, o monoteísmo substitui todas as outras possíveis noções de Deus. Todavia, não basta acreditar na existência de um Deus. Esse Deus único precisa ser reconhecido e obedecido como a autoridade moral de todos os atos humanos. Também só há um Deus no atinente à questão da adoração e do serviço espirituais. O Deus único merece toda honra. Isso labora contra 0 panteísmo e todo 0 seu caos. Este último adiciona muitas informações àquilo que comentamos aqui (ver também Êx 23.13). A nação de Israel estava cercada por povos que eram leais a um número impressionante de divindades. As pragas do Egito tinham mostrado que só YAHWEH é Deus (Êx 5.2 e 6.7). Há uma profunda verdade na ideia que um homem só pode adorar a um Deus. Jesus abordou essa questão em Mateus 6.24. Os homens adoram aquelas coisas que lhes parecem importantes, incluindo o dinheiro. Há deuses externos e internos. Mas todos eles são deuses falsos. Os versículos 4-6 descrevem e ampliam 0 primeiro mandamento. Os católicos-romanos e os luteranos (e também muitos intérpretes judeus) pensam que esses versículos formam, conjuntamente, o primeiro mandamento. Mas a maioria dos outros grupos protestantes e evangélicos fazem desses versículos um mandamento distinto. YAHWEH é um Deus zeloso que não tolera rivais (vs. 5; 34.14). Naturalmente, temos nisso uma linguagem antropomórfica. Divindades rivais seriam algo contrário ao caráter único de Deus. E um deus que não é único não é 0 verdadeiro Deus. A desobediência ao primeiro mandamento foi a principal razão dos cativeiros que, finalmente, Israel sofreu. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 388).].
2. O segundo mandamento. “Não farás para ti imagem de escultura” (Êx 20.4-6). Aqui Deus proíbe terminantemente o uso de imagens idolátricas. “Deus é Espírito”, disse Jesus (Jo 4.24). Então, não há como adorá-lo por meio de imagens. Querer adorar a Deus por meio de imagens visíveis é falta de fé, pois Cristo é a imagem de Deus (Cl 1.13-23). É abominação ao Senhor a idolatria, ou seja, ter ídolos e ser idólatra (Dt 7.25). Na vida do crente, um ídolo é tudo o que ocupa o primeiro lugar em sua vida, em seu coração, em seu tempo e em sua vontade. Esse “ídolo” pode ser acúmulo de riqueza, a busca pela grandeza, pelo sucesso e pela fama. Pode ser também a busca pela popularidade, pelo prazer desenfreado. Há muita gente na igreja se arruinando espiritualmente por causa dos “ídolos do coração”. [Comentário: “Como o primeiro mandamento afirma a unidade de Deus e é um protesto contra o politeísmo, assim o segundo afirma sua espiritualidade e é um protesto contra a idolatria e o materialismo.” Embora certas formas de idolatria não sejam materiais — por exemplo, a avareza (Cl 3.5) ou a sensualidade (Fp 3.19) —, o segundo mandamento condena primariamente a fabricação de imagens na função de objetos de adoração. Este tipo de idolatria sempre existiu entre os povos pagãos mais simplórios do mundo. A história de Israel comprova que esta tentação é traiçoeira. Estas imagens pagãs eram feitas na forma de coisas vistas no céu, na terra e nas águas. Estas imagens não deveriam se tornar objetos de adoração: Não te encurvarás a elas. Os versículos 4 e 5 devem ser considerados juntos. Não há condenação para a confecção de imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo (25.31-34) e no primeiro Templo (1 Rs 6.18,29) havia obras esculpidas. A idolatria consiste em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos. Deus apresentou os motivos para esta proibição. Ele é Deus zeloso, no sentido de que não permite que o respeito e a reverência devidos a Ele sejam dados a outrem. Deus não regateia o sucesso ou a felicidade para as pessoas, como faziam os deuses gregos. E para o bem dos filhos de Deus que eles devem consagrar e reverenciar o nome divino. Deus pune a desobediência e recompensa a obediência. Muitos questionam o julgamento nos filhos de pais ofensores, mas tais julgamentos são temporários (Ez 18.14-17) e aplicam-se às consequências, como, por exemplo, doenças, que naturalmente seguem as más ações. O medo de prejudicar os filhos deveria exercer coibição salutar na conduta dos pais. As perdas que os filhos sofrem por causa da desobediência parental podem levar os pais ao arrependimento. Na pior das hipóteses, a pena vai até à terceira e quarta geração, ao passo que a misericórdia é mostrada a mil gerações quando há amor e obediência. (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 189-190).].
3. O terceiro mandamento. “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Êx 20.7). O nome de Deus representa Ele mesmo; sua divina natureza; seu infinito poder e seu santo caráter. Este mandamento, portanto, diz respeito à santidade do Senhor. Tomar o nome do Todo-Poderoso em vão é mencioná-lo de modo banal, profano, secular e irreverente. [Comentário: Tomar o nome do SENHOR, teu Deus, em vão é “recorrer ao irrealismo, ou seja servir-se do nome de Deus para apelar ao que não é expressão do caráter divino”. Tal uso profano do nome de Deus ocorre no perjúrio, na prática da magia e na invocação dos mortos. A proibição é contra o falso juramento e também inclui juramentos levianos e a blasfêmia tão comum em nossos dias. “Este mandamento não obsta o uso do nome de Deus em juramentos verdadeiros e solenes.” Deus odeia a desonestidade, e é pecado sério alguém usar o nome divino para encobrir um coração mau, ou para se fazer melhor do que se é. A pessoa que procura disfarçar uma vida pecaminosa, ao mesmo tempo em que professa o nome de Cristo, quebra este terceiro mandamento. Tais indivíduos são culpados diante de Deus e só recebem misericórdia depois de se arrependerem. Os justos veneram o nome de Deus por ser santo e sagrado. (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190). Alan Cole afirma que “No judaísmo mais recente, esta proibição envolvia qualquer uso impensado e irreverente do nome YHWH. Este só era pronunciado uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, ao abençoar o povo no grande Dia da Expiação (Lv 23:27). Em sua forma original, o mandamento parece ter-se referido a jurar falsamente pelo nome de YHWH (Lv 19:12). Este parece ser o verdadeiro sentido do texto hebraico. A lei permitia abençoar e amaldiçoar em nome de YHWH (Dt 11:26): isso equivalia virtualmente a proclamar Sua vontade e Seu propósito para com várias classes de indivíduos. Jurar pelo Seu nome era, então, permitido, embora fosse proibido por Cristo, séculos mais tarde (Mt 5.34). Na verdade, jurar pelo Seu nome (e não pelo de qualquer outro deus) era um sinal de que tal pessoa era um adorador de YHWH (Jr 4.2), e por isso era algo digno de louvor. Uma razão mais profunda para tal proibição pode ser vista no fato de que Deus era a única realidade viva para a mentalidade israelita. É por isso que Seu nome era sempre envolvido nos votos e juramentos, normalmente na fórmula “tão certo como vive o Senhor” (2 Sm 2:27). Usar tal frase e depois deixar de cumprir o voto era questionar a realidade da própria existência de Deus. Pois YHWH não terá por inocente. A explicação, embora correta, provavelmente não fazia parte do abrupto mandamento apodítico original” (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 150).].
4. O quarto mandamento. “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Êx 20.8-11). O sábado era um dia de descanso e de adoração a Deus. O termo sábado vem do hebraico shabbath (cessar; interromper). Em Gênesis 2.3 está escrito que: Deus “descansou” (literalmente “cessou”, no sentido de alguém interromper o que estava fazendo). A expressão “lembra-te”, usada pelo autor no versículo 8, indica que o sábado já fora dado por Deus no princípio, e que já era observado para descanso do trabalho e adoração a Deus (Gn 2.1-3; Êx 20.10). É importante ressaltar que em o Novo Testamento não há um só versículo que ordene a guarda do sábado como dia fixo santificado para descanso e adoração ao Senhor. O sábado foi dado como um “sinal” do pacto do Sinai entre Deus e Israel. Assim, o sábado assinala Israel como povo especial de Deus (Êx 31.12,13,17; Ez 20.10-12). A respeito dos demais mandamentos não está dito que eles são “sinais”. Para nós, o princípio que permanece é um dia de descanso na semana, para nosso benefício físico e espiritual (Cf. Mc 2.27,28). Nós, cristãos, observamos o domingo como dia de culto, pois Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana (Lc 24.1-3). [Comentário: O uso do verbo lembra-te insinua que é fácil negligenciar o dia santo de Deus. Tinha de ser mantido em ininterrupta consciência e santificado, ou seja, “retirado do emprego comum e dedicado a Deus”. Todo o trabalho comum seria feito em seis dias, ao passo que o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus. Era um dia dedicado, separado, a ser dado inteiramente a Deus. Ninguém deveria trabalhar neste sétimo dia. O senhor não deveria fazer seus servos trabalharem. Até os animais tinham de descansar do trabalho cotidiano. Havia proibições específicas, como a ordem de não colher maná (16.26), não acender fogo (35.3), não apanhar lenha (Nm 15.32-36). Embora o foco seja negativo, a lei permitia o trabalho necessário, como o trabalho de sacerdotes e levitas no Templo, o atendimento a doentes e o salvamento de animais (cf. Mt 12.5,11). A razão para observar o sábado é que Deus fez a terra em seis dias e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou. As Escrituras não fazem uma lista de coisas que se deve fazer no sábado. A inferência inequívoca é que o dia é de descanso e adoração. As ocupações seculares e materialistas devem ser substituídas por atividades espirituais. CRISTO condenou o legalismo que deu ao dia a forma severa e insensível, embora não tenha anulado a sacralidade do dia. Foi ordenado para o bem do homem (Mc 2.23-28). A observância do dia do Senhor (domingo) como o sábado cristão preserva o princípio moral que há neste mandamento. A mudança do sábado judaico para o sábado cristão foi feita gradualmente sem perder necessariamente o propósito de Deus para este dia santo. Notamos que os versículos 9 e 10 não especificam o sábado nem “o sétimo dia da semana” como o dia do descanso sabático. A letra do mandamento é cumprida pela observação do dia seguinte aos seis dias de trabalho, como faz o cristão. (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 190-191).].
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Do primeiro ao quarto mandamento, o Decálogo apresenta leis para situar a relação do homem com Deus.
III. A CONTINUAÇÃO DOS MANDAMENTOS DIVINOS

1. O quinto mandamento. “Honra a teu pai e a tua mãe” (Êx 20.12). Honrar é respeitar e obedecer, por amor, à autoridade dos pais, e com eles cooperar em tudo. É o primeiro mandamento contendo uma promessa de Deus: “Para que se prolonguem os teus dias”. [Comentário: Tal como o versículo 8, este é um mandamento categórico formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser encontrado em 21.15,17: “Quem ferir/amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto” . Este é chamado” o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6.2), e assim o é, no sentido mais estrito da palavra, embora o versículo 6, onde Deus demonstra “o amor da aliança” aos que O amem e obedeçam, também seja virtualmente uma promessa. A promessa divina, contudo, é mais clara aqui, produzindo seus resultados na sociedade. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia. Tal doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada, e a velhice temida ou desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19.32), e encontrada em muitos outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de Deus, os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um israelita não analisasse o mandamento deste modo. Para que se prolonguem os teus dias. Às vezes, indivíduos supersensíveis questionam a validade de uma promessa ligada a um mandamento. O hebraico, entretanto, não implica necessariamente em que a bênção prometida seja nosso motivo para obedecer o mandamento, ao passo que assegura definitivamente qual seja o resultado de tal obediência. Outros questionam a natureza material da promessa. Em dias do Velho Testamento, todavia, as promessas divinas eram normalmente formuladas em termos materiais, compreensíveis para aqueles que, por assim dizer, ainda estavam no jardim-de-infância de Deus. Para aqueles que, até àquela altura, não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “dias prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão com Deus, e eram por isso muito importantes. Por outro lado, alguns consideram esta promessa como um seguro de propriedade da terra que Deus lhes daria: isto, por sua vez, traria glória a Deus, por demonstrar Sua fidelidade às Suas promessas. Nós, com revelação mais completa, podemos “espiritualizar” tal promessa sem esvaziá-la de seu conteúdo. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do relacionamento para com Deus e se concentra no relacionamento com a comunidade que Ele criou. Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em duas “palavras”, não uma apenas: amor a Deus e amor ao nosso próximo (Dt 6.5; Lv 19.18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado a Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos semelhantes (Jr 22.16). (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 151-152).].
2. O sexto mandamento. “Não matarás” (Êx 20.13). No original, o termo rasah equivale a matar o ser humano de modo doloso, premeditado, planejado. Este mandamento ressalta a sacralidade da vida humana como dádiva de Deus (At 17.25-28). Há também aqueles que matam o próximo no sentido moral, social e espiritual, mediante a mentira, a falsidade, a difamação, a calúnia, a maledicência e o falso testemunho (1Jo 3.15). Atualmente há muitos que foram atingidos mortalmente em sua honra e praticamente “morreram”. [Comentário: O Antigo Testamento justificava, contudo, certas formas de homicídio. Um escravo podia ser morto sem que seu proprietário fosse punido (Êx 21.21). Quem invadisse uma casa podia ser morto, sem sanções contra quem lhe tirasse a vida (Êx 22.2). O sexto mandamento não proibia os sacrifícios de animais. Matar alguém, durante as batalhas, não era considerado um crime (Dt. 20.1-4). É possível que, em alguns casos, fosse permitida a eutanásia (segundo nos é sugerido em 1Sm 31.4,5). Presume-se que o suicídio era proibido, embora não seja especificamente mencionado. De fato, os trechos de 1Sm 17.23 e 31.4,5 até podem ser usados como defesa de alguns casos de suicídio. A eutanásia, quando aprovada, é a mais conspícua exceção ao sexto mandamento. A lei proíbe o abuso da propriedade por meio do furto (Êx 20.15, o oitavo mandamento). Ora, a vida de um homem é sua mais preciosa possessão, bem como o veículo de que ele precisa para cumprir o desígnio divino em sua vida. Portanto, o homicídio insulta Deus, e não somente o homem, porquanto interfere no propósito de Deus que se está cumprindo nos homens. Desde os dias do Antigo Testamento, tem aumentado o respeito peia vida humana; mas o homem está ainda muito longe de ter um autêntico respeito pela sacralidade da vida humana. O trecho de Mateus 5.21,22 expande o sexto mandamento para que inclua o ódio, a inveja, a má vontade e o assassinato de caráter. A ira indevida e pensamentos maliciosos, que se expressem em palavras ou ações, devem ser compreendidos como implicações desse sexto mandamento. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392-392).].
3. O sétimo mandamento. “Não adulterarás” (Êx 20.14). Este mandamento do Senhor está vinculado à sacralidade, pureza e respeito absoluto ao sexo, ao matrimônio e à família. O adultério é um ato sexual ilícito e pecaminoso, de um cônjuge com outra pessoa estranha ao casamento. Enquanto a lei condenava a prática do ato, o Novo Testamento vai além — condena os motivos ocultos no coração que levam ao adultério (Mt 5.27,28). Portanto, mais que condenar o ato praticado, Deus espera que em todo o tempo dominemos nossos desejos e nos submetamos ao domínio do Espírito Santo. [Comentário: A Lei permitia poligamia (talvez uma instituição social necessária à proteção de mulheres solteiras), mas jamais permitiu poliandria (caso em que uma mulher tem vários maridos simultaneamente). O fato de um homem ter relações sexuais com a esposa de outro homem era considerado um pecado hediondo tanto contra Deus como contra o homem, já bem antes da lei, ao tempo dos patriarcas (Gn 39.9). Talvez este mandamento esteja relacionado ao “furto” e à “cobiça” proibidos nos dois mandamentos seguintes, já que a esposa pertencia a outrem. Talvez isto explique um dos aspectos mais intrigantes para nós que vivemos sob a nova aliança: apesar de que relações sexuais com prostitutas não sejam recomendadas, também não são proibidas (embora fosse proibido aos israelitas o permitir que suas filhas se entregassem a tais práticas degradantes, Lv 19.29). Talvez isso não infringisse os direitos de outrem, como no caso de um adultério. Por outro lado, é claro (ver Mt 19.4-6) que a monogamia era o plano de Deus para o homem na criação: e sem sombra de dúvida, tal como o divórcio, a poligamia e mesmo a fornicação eram toleradas na economia mosaica devido à dureza do coração humano (Mt 19.8). Em CRISTO, elas se tornam absolutamente impensáveis (1Co 6.15). Longe de anular este mandamento, CRISTO o intensificou, incluindo como” adultério” muito do que não é apenas tolerado, mas justificado por nossa sociedade permissiva (Mt 5.28). Semelhantemente Ele incluiu os pensamentos maldosos na proibição de assassinato: os mandamentos têm como alvo o pensamento e a motivação, não apenas o ato (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154).].
4. O oitavo mandamento. “Não furtarás” (Êx 20.15). Furtar é apoderar-se oculta ou disfarçadamente daquilo que pertence a outrem. Isso abrange toda forma de desonestidade, de mentira, de ocultação, por palavra e por atos. É preciso respeitar os bens dos outros. Ter honestidade e pureza nos atos; no viver, no agir, no proceder. [Comentário: O ser humano tem direito possuir coisas. E uma vez que as possua, não pode ser privado delas por parte de quem quer que seja. Fica entendido, contudo, que tal ser humano entrou na possessão de suas coisas de maneira honesta, pois, em caso contrário, ele já roubou tais coisas de alguém, quebrando assim 0 oitavo mandamento. O comunismo oficializou o furto de propriedade privada, por parte do estado, mediante o decreto de alguns poucos mandamentos. O ladrão às vezes apenas furta sub-repticiamente, mas muitas vezes também rouba mediante a violência, incluindo à mão amada. Neste último caso há violência física, mas todo furto ou roubo é um ato egoísta. Por muitas vezes, as coisas que as pessoas possuem foram adquiridas em troca de trabalho árduo e longo. E contra a natureza privar um homem daquilo que ele chegou a possuir mediante trabalho e sacrifício pessoal. Os impostos, embora decretados oficialmente, também podem ser exorbitantes e pecaminosos, como modos ilegítimos de que os governantes se valem para lesar os governados. Logo, taxas excessivas devem ser classificadas como quebras do oitavo mandamento. E também há uma maneira passiva de fazer a mesma coisa. Devemos mostrar-nos generosos, compartilhando com outros de nossos valores monetários. Se assim não fizermos, então estaremos furtando o que deveria ser dado a pessoas menos afortunadas do que nós. Dificilmente pode ser mantida uma sociedade estável quando os ladrões fazem o que bem entendem. A desonestidade, em todas as suas formas, é um grande mal social, custando aos governos um alto preço na tentativa de controlá-la. Como já dissemos, há formas violentas e não-violentas de roubo, como também há formas particulares e públicas. E também há desonestidades individuais e coletivas. A sacralidade da propriedade fica implícita no oitavo mandamento. Alguns estudiosos ampliam esse mandamento, por implicação, para o que envolvem os danos causados pela maledicência e pelos ataques vertais contra outrem (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393). Este mandamento regula o direito da propriedade particular. E errado tomar de outro o que é legalmente dele. Constitui roubo quando a pessoa se apossa do que legalmente pertence a uma empresa ou instituição. Não há justificativa para a “apropriação” mesmo quando a pessoa sente que o produto lhe é devido. Este mandamento é quebrado quando a pessoa intencionalmente preenche a declaração do Imposto de Renda com informações falsas, desta forma retendo tributos devidos ao governo. Esta prática é imprópria mesmo que o cidadão desaprove o governo. Também passa a ser roubo o ato de tirar vantagens de outrem na venda de propriedades ou produtos, ou na administração de transações comerciais. E impróprio pagar salários mais baixos do que devem receber por direito. O amor do dinheiro é o pecado básico condenado por este mandamento. A obediência é perfeita somente com um coração puro (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 191). Mais uma vez aqui esta proibição visa preservar a comunhão da comunidade da aliança. Talvez a proibição original visasse o rapto com propósito de escravidão (ver a experiência de José em Gn 37), mas sem dúvida todos os tipos de furto estão incluídos. O código da aliança esclarece os detalhes (por exemplo, 22.1-4), de modo que não há necessidade de explicações aqui. Numa sociedade camponesa onde a vida é árdua, qualquer roubo pode levar à morte, de modo que o furto se torna um crime sério. Há uma clara ligação entre este mandamento e o décimo (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 154).].
5. O nono mandamento. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16). Este mandamento do Senhor trata da nossa honestidade e sinceridade no uso da palavra em relação aos outros. Falso testemunho é falar mal dos outros; acusar e culpar injustamente; difamar; caluniar; mentir (Tg 4.11). [Comentário: Parece que o objetivo central deste mandamento é a proteção ao sistema judicial. Os tribunais seriam inúteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusação contra outra pessoa, e se o acusado tiver de defender-se, a verdade terá de ser dita por ambas as parles, sob pena da justiça naufragar. Mas esse mandamento também se aplica a questões individuais. A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e calúnias sobre seus semelhantes. O trecho de Êx 23.1 condena o falso testemunho em nível pessoal. Ver Dt 19.16-20 que requeria juízo apropriado contra falsas testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os fatos devem concordar entre si (Ver Dt 13.14; 17.4; 22.20; Jr 9,5; Sl 9.5; 15.2; Pv 12.19; 14.25; 22.21). A verdade precisa ser dita como tempero do amor (Ef 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as mentiras francas. O amor, porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias verdades. A mentira artística vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos, conforme muitos eruditos supõem. Ver o caso de Labão (Gn 29.21-27), e o caso um tanto anterior de Jacó (Gn 27.6-36). Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moisés por certo condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393).].
6. O décimo mandamento. “Não cobiçarás” (Êx 20.17). Este mandamento é o respeito ético a tudo o que pertence aos outros. Isto abrange o controle e o domínio dos apetites da alma, dos impulsos, desejos e vontade do crente. Cobiçar é querer o que pertence a alguém. Querer as coisas dos outros é um desejo insano que precisa ser debelado. [Comentário: Este último mandamento está por baixo dos quatro precedentes, visto que atinge o propósito do coração. Matar, adulterar, roubar e mentir são resultados de desejos errados que inflamam nosso ser. E singular que a lei hebraica inclua este desafio ao nosso pensamento e intenção. “Os antigos moralistas não reconheciam esta condição” e não condenavam os desejos maus. Mas é no coração onde se inicia toda a rebelião, e este mandamento revela o aspecto interior de todos os mandamentos de Deus. Paulo reconheceu este aspecto interior da lei quando se conscientizou de sua condição pecaminosa (Rm 7.7). Muitas pessoas são absolvidas de crimes com base em atos exteriores, mas são condenadas quando levam em conta os pensamentos interiores. Estes desejos cobiçosos são, por exemplo, pela propriedade ou pela mulher pertencente ao próximo. Tais desejos criminosos precisam ser purgados pelo Espirito de Deus; só assim viveremos em obediência perfeita à santa lei de Deus (Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 192). O termo hebraico hãmaçl, “ desejar”, é em si mesmo neutro. É apenas quando mal orientado para aquilo que pertence a outrem que tal “desejo” se torna errado. Alguns consideram que este é o único dos dez mandamentos a proibir uma atitude mental e não o simples ato externo; mas fazer tal distinção é, provavelmente, uma falsa compreensão da mentalidade israelita. Tal como no caso de “amar” e “odiar”, “desejar” é uma atividade, quase equivalente a uma tentativa de aquisição. Esta mesma identificação pode ser vista no comportamento infantil. Casa indica família, no sentido antigo da palavra, e a ideia de esposa é primária. Isto é explicitamente demonstrado em Deuteronômio 5.21, onde a esposa é mencionada em primeiro lugar. Boi e jumento são a riqueza típica do camponês ou seminômade da Idade do Bronze, para quem as perplexidades da sociedade desenvolvida ainda não haviam surgido. “Escravos” eram a única outra forma de propriedade móvel. Em última análise, desejar, e tentar obter a propriedade alheia é estar insatisfeito com o que se recebeu de Deus, e assim demonstrar falta de fé em Seu amor. Além do mais, a inveja estimulada por tal atitude levará mais cedo ou mais tarde a que se prejudique de alguma maneira o próximo, o que não se coaduna com o dever essencial do amor. Alt, citado por Hyatt, entende o oitavo mandamento como uma proibição ao rapto de israelitas ao passo que o décimo se referiria a uma proibição ao rapto de suas esposas ou roubo de suas possessões. Tal divisão parece forçada: se há alguma distinção a ser feita, seria melhor fazê-la entre “ato” (oitavo) e “motivo” (décimo), embora, como já foi dito acima, mesmo esta distinção não deva ser exageradamente enfatizada. (R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 155).].
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Do quinto ao décimo mandamento, o Decálogo apresenta leis que tratam da relação do homem com o próximo.

CONCLUSÃO
A Lei expõe e condena os nossos pecados, porém, o Senhor Jesus Cristo, pelo seu sangue expiador, nos perdoa e nos justifica mediante a fé. [Comentário: Devem os cristãos hoje guardar os Dez mandamentos? A unidade da Escritura assume a continuidade da Lei de Deus. A Palavra de Deus nos revela uma ética contínua e justa: “A Escritura não pode ser anulada” (João 10.35b). “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.16-17). O manual do viver santo para o cristão é “toda a Escritura”. Toda a Escritura, não apenas o Novo Testamento, foi dada para que o cristão pudesse ser “perfeito” e “perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Paulo ensina claramente a importância de “guardar os mandamentos de Deus”, quando escreve: “A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus” (1Co 7.19). Esse é o motivo dele escrever num capítulo mais adiante: “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei” (1Co 14.34). João concorda com Paulo: “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (1Jo 2.3-4). “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!
Francisco Barbosa