Nesta aula nos voltaremos para a função da
liderança na obra do Senhor. Inicialmente destacaremos o papel que essa tem,
destacando sua importância no contexto cristão. Em seguida, trataremos a
respeito da relação de Moisés com seus liderados, enfocando o conselho de seu
sogro Jetro, tendo em vista as múltiplas atribuições deste líder hebreu. Ao
longo da lição mostraremos princípios de liderança que também serão uteis para
a condução do rebanho de Deus, com disposição para o serviço, em amor.
1. A
LIDERANÇA DO SENHOR
Existem muitos cursos de liderança na atualidade,
cada um deles parte de determinados pressupostos a respeito do que significa
liderar. Existem modelos de liderança que são mais ou menos democráticos,
outros se pautam pelo autoritarismo. As técnicas de liderança expostas em
determinados treinamentos disponibilizados nessa área podem ser aplicadas à
igreja. Mas é preciso ter cautela, para não fundamentar a administração
eclesiástica em técnicas meramente humanas. Devemos lembrar sempre que fomos
chamados para uma liderança cristã, por conseguinte, devemos nos pautar em
Cristo, nosso maior exemplo. O estilo de liderança de Jesus é o de líder-servo,
aquele que se sacrifica pelos seus liderados, sempre demonstrando humildade
(Fp. 2.6,7; Jo. 13.8-15). O Apóstolo, ao se despedir da igreja em Éfeso,
ressalta a condição ministerial do obreiro do Senhor (At. 20.28-31). Refletir a
respeito desses ensinamentos é necessário ao líder cristão para não se deixar
conduzir pelos modismos da liderança meramente humana. Por causa da ênfase
demasiada que se costuma dar ao aspecto institucional das igrejas, alguns
líderes estão transformando os templos em empresa, balcão de negócios, vendendo
serviços para satisfazer uma clientela. Como resultado, há muitos que estão
procurando líderes do seu agrado, que não dizem o que é necessário, mas tão
somente o que seus adeptos querem ouvir (II Tm. 4.3). Algumas igrejas
evangélicas estão vivendo a partir da pesquisa de mercado, a fim de aumentar o
número de convencidos, pastores descompromissados com a palavra estão fazendo
concessões com a verdade. A liderança do Senhor deve estar ciente de que
prestará contas ao próprio Deus, o Supremo Pastor, a respeito de como conduziram
o rebanho dEle (I Pe. 5.1-3).
2. UM
CONSELHO PARA OS MINISTROS DO SENHOR
Determinados líderes são demasiadamente
centralizadores, principalmente no contexto assembleiano, que favorece esse
estilo de liderar. Mas esse modelo não é recente, Moisés, mesmo sendo chamado
por Deus para guiar o povo, fracassou nesse particular. Jetro, seu sogro, veio
do oriente para visitá-lo. Destacamos, a princípio, uma virtude de Moisés, o
respeito pelo seu idoso-sogro, indo ao seu encontro, para recebê-lo. Há igrejas
que não respeitam mais os idosos, pastores que prestaram serviço à obra, são
descartados, e em alguns casos, humilhados. Ainda que não concordemos com o
estio de liderança deles, não podemos deixar de prestar a justa reverência, reconhecendo
o esforço que eles empreenderam na obra do Senhor. Jetro era sacerdote gentio
(Ex. 2.16) e conhecia o Deus vivo e verdadeiro, as orientações de Deus pode
chegar de quem menos esperamos. Esse homem piedoso percebeu, naquela visita,
que Moisés estava assoberbado de trabalho. Mais que isso, que havia uma
tendência centralizadora, ou na melhor das hipóteses, esse não estava delegando
tarefas. Talvez isso favorecesse um círculo vicioso, os auxiliares estavam
acomodados porque Moisés fazia tudo, que, por sua vez, não atribuía
responsabilidades (Ex. 4.13, 23; 18.13-17). O líder do Senhor não percebia que
estava conduzindo-se erroneamente na liderança do povo. Por esse motivo é
necessário que os pastores se submetam à mentoria, isto é, às orientações de
líderes mais experimentados, que possam atentar para a realidade a partir de um
ângulo distinto. Isso mostra que Deus pode dar orientações diretamente ao
líder, mas pode usar outros, mais experientes, para guia-lo. Para tanto é
preciso ter humildade, deixar-se orientar pelo outro, mas também é necessário
ter cautela na escolha de um mentor. Com base na percepção de Jetro, Moisés viu
que havia trabalho demais para ele, que resultava em cansaço desnecessário. De
igual modo, muitos obreiros estão trabalhando demais, isso porque têm receio de
perderem o lugar. Há uma síndrome no meio evangélico, que pautada pela política
eclesiástica, favorece o produtivismo, fazendo com que muitos pastores se
tornem reféns do ativismo.
3. OS
AUXILIARES NA OBRA DO SENHOR
A sugestão de Jetro foi apropriada, recomendando a
Moisés que organizasse o campo, de modo a dividir as demandas de trabalho entre
os liderados. Haveria líderes de dez, cinquenta, cem e mil, cabendo a Moisés
decidir em relação aos casos mais necessários (Ex. 18.19-27). Acontecia, na
verdade, uma triagem dos problemas, que seriam resolvidos através da
descentralização, respeitando o grau de dificuldade. O objetivo seria evitar
que Moises fizesse todo o trabalho, o que na prática seria algo inviável. Na
obra de Deus ninguém precisa fazer tudo sozinho, precisamos ser maduros e saber
dividir atribuições com outros. Existem vários livros disponíveis sobre
liderança no mercado livreiro, e que podem ser consultados pelos líderes cristãos.
Alguns deles partem de uma cosmovisão bíblica e são bastante úteis se aplicados
com critérios, respeitando as especificidades das tarefas a serem
desempenhadas. No entanto, conforme já destacamos anteriormente, não podemos
esquecer que estamos trabalhando para o Senhor. Por isso, aqueles que lideram
na casa de Deus não precisam apenas de técnicas, devem ser pessoas de caráter.
O critério não deve ser apenas acadêmico, ou mesmo de competência, os que
auxiliam na obra devem ser “homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade,
que aborreçam a avareza” (Ex. 18.21). A igreja primitiva teve esse cuidado na
escolha dos diáconos, daqueles que iriam servir as mesas, esses deveriam,
sobretudo, serem cheios do Espírito Santo (At. 6.1-7). Há aqueles que, nos dias
atuais, criticam a liderança espiritual na igreja, mas esta tem amplo respaldo
bíblico. Ao invés de censurar os obreiros de Deus, que são dádivas para a
edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.11), devemos orar por eles. De fato
existem líderes que, como os fariseus do tempo de Jesus, põem fardos pesados
sobre o povo, que nem eles mesmos são capazes de carregar (Mt. 23.2-4). Mas
isso não deve ser motivo para generalizações, devemos reconhecer que existem
líderes sinceros, que ao invés de sobrecarregar o povo, os alivia
espiritualmente, seguindo o exemplo de Jesus (Mt. 11.28-30).
CONCLUSÃO
É preciso ponderar se estamos trabalhando para o
Deus da obra ou simplesmente para a obra de Deus. Como despenseiros de Deus, e
líderes cristãos, devemos fugir da liderança centralizadora, principalmente
opressora. Para tanto, precisamos perder o medo de delegar tarefas, sobretudo,
da síndrome da invisibilidade. Há pessoas que têm receio de não serem vistas,
por isso se tornam escravas do ativismo. Uma liderança genuinamente cristã se
baseia no serviço, e na convicção de que estamos trabalhando para Deus e é Ele
mesmo quem avalia e aprova nosso desempenho, não os índices meramente humanos
(II Tm. 2.15).
Francisco Barbosa
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Palavra
Chave
Liderança: Função,
posição, caráter de líder, espírito de chefia.
Nesta lição estudaremos a respeito de
Moisés como servo fiel de Deus e como líder. Moisés havia sido “instruído em
toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22).
Todavia, como líder do povo de Deus, vemos as suas dificuldades na carência e
utilização de auxiliares. O líder cristão, por mais capacitado que seja, não
conseguirá realizar suas tarefas sem a ajuda de líderes auxiliares. [Comentário:
Este
texto bíblico da leitura bíblica em classe data de aproximadamente 4.000 anos
atrás, e não obstante isso, apresenta elementos incrivelmente atuais,
profundamente práticos e facilmente aplicáveis ao nosso contexto. Encontramos
aqui dois modelos de liderança, colocados em prática por Moisés, notadamente
antes e depois dos conselhos de seu sogro. Moisés, preparado pela corte egípcia,
se encontra diante dos israelitas atordoado e perdido tentando atender a todos
os níveis de exigência que aquela liderança lhe impunha. lamentavelmente, Moisés
exerceu uma liderança muito parecida com aquela que a maioria dos líderes
atuais desempenham: centralizadora, afadigada, estressada, exaurida e com pouca
eficiência. Vamos acompanhar de perto o desenrolar desse episódio e aprender
suas preciosas lições]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. O TRABALHO DO SENHOR E OS SEUS OBREIROS
1. Despenseiro e não dono (Êx 18.13-27). Podemos ser laboriosos e dedicados na obra do
Senhor como foi Moisés e ainda assim cometer falhas em nossa administração. Um
dos erros de Moisés e de alguns líderes da atualidade está no monopólio do
poder administrativo. Na Bíblia encontramos vários exemplos que servem para
mostrar que o líder de Deus não pode pensar que é dono da obra ou do rebanho
que dirige. Vejamos como exemplo Diótrefes (3 Jo vv.9,10). Este obreiro via a
congregação como uma propriedade sua. João repudiou e denunciou a recusa de
Diótrefes em se relacionar com as outras lideranças e irmãos.
[Comentário: No livro “Uma
Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida”, de Alexandre
Coelho e Silas Daniel, editado pela CPAD, encontramos o seguinte comentário: “Uma das características essenciais à
liderança na obra de Deus é saber que o líder é despenseiro ou administrador
dos recursos e das pessoas, e não dono de todas essas coisas. Nenhum ministro é
ordenado para pensar que a igreja que Deus depositou em suas mãos é dele”. (COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a
Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 78). Lamentavelmente,
muitos líderes atuais deixaram de ler isto. Paulo escreve aos efésios e afirma
que Jesus mesmo deu à Igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores,
visando o aperfeiçoamento dos santos e a edificação da Igreja (conferir Ef
4.11,12). Em última instancia, é Deus mesmo quem vocaciona, chama e distribui
pelo Corpo, objetivando o aperfeiçoamento dos santos. Mais uma vez faço uma
citação da obra acima referida e que se encaixa perfeitamente no contexto
atual: “Portanto,
podemos entender que Deus deu pastores às igrejas, e não igrejas a pastores. O
pastor é um presente de DEUS à congregação, e não o contrário”.
O papel destacado ao líder cristão é difícil, laborioso, um caminho íngreme e
cheio de escarpas, isto se ele for verdadeiramente um despenseiro; caso ele se
comporte como dono, estes espinhos não fazem parte do seu ministério.].
2. Falta de percepção do líder (Êx 18.14,17). Às vezes o líder não percebe as necessidades
dos seus liderados. Isso não significa que ele seja um mau líder, mas que, em
alguns momentos, os que estão de fora têm uma percepção maior da nossa
administração. Jetro era sogro de Moisés e sacerdote; ele logo percebeu a
dificuldade que Moisés estava tendo no exercício da sua liderança. Eliseu
também não percebia que os discípulos dos profetas enfrentavam uma séria
necessidade atinente à moradia (2Rs 6.1). Talvez você, líder, não esteja
percebendo as necessidades do seu rebanho, mas elas existem e não devem ser
ignoradas. Oremos para que Deus levante homens fiéis como Jetro para sempre lhe
ajudar. [Comentário: Jetro
(sacerdote de Midiã, de um deus tribal.
Sua conversão se deu em Ex 18.11,12. Na verdade era um “judeu” neo-convertido.
Sua conversão se deu depois que ouviu dos sinais que Deus fizera perante Faraó)
surge no texto como alguém que assiste de fora e conclui que o modelo adotado
estava fadado ao fracasso. Ele não era o líder daquele grande grupo e nem
sequer era um adorador de YAHWEH (Ex 18.1), mas certamente o EU SOU o colocara
no caminho de Moisés para orientar-lhe com conselhos que poderiam ser
extremamente úteis. Norman Russell Champlin escreve o seguinte: “Por que te assentas só...? (Êx 18.14)
Moisés tinha tanto para fazer que não podia dar muita atenção a seu sogro.
Jetro tinha um sistema melhor, que já vinha funcionando fazia anos. E assim
sendo, sentiu-se encorajado a sugeri-lo a Moisés. Um dos problemas dos chefes é
a delegação de autoridade, e se esse chefe é um pequeno césar, então os seus
problemas apenas se agravam. Jetro, sendo um chefe e um sacerdote midianita,
tinha suas sessões diárias, mas não tomava para si mesmo todo 0 trabalho”
(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 381).
Moisés deveria aprender a lição de como delegar autoridade. Não desejo afirmar
que todo líder cristão centralizador seja ambicioso, dono do rebanho. Sabemos
que muitos líderes se comportam assim por zelo e ansiedade. Mas esse modelo é
desgastante para ambos, líder e liderados].
3. O líder necessita de ajudantes (Êx 18.18). Caso Moisés continuasse a trabalhar sozinho,
logo estaria enfrentando um severo esgotamento físico e mental. Ao mesmo tempo
o povo também iria se cansar pela longa espera em pé (vv.13,14). Sozinho,
ninguém é capaz de cuidar do rebanho do Senhor. O líder não deve tentar fazer
mais do que pode. Também precisamos nos conscientizar de que nenhuma pessoa é
insubstituível na obra de Deus. Mais cedo ou mais tarde cada um de nós será
substituído, contudo, a obra de Deus prosseguirá. [Comentário:
“Desfalecerás, assim tu, como este povo”.
O povo estava afadigado devido esse modelo centralizador de liderança. Todos
acorriam a Moisés, cerca de dois milhões de indivíduos sob a jurisdição de um
único juiz! Ele precisava delegar autoridade e ficar restrito às causas mais
complicadas, quando as instâncias menores não conseguissem resolver, como fazem
os juízes das cortes supremas. Norman Russell Champlin afirma que “Moisés estava administrando justiça
com sabedoria e sinceridade, mas não estava agindo de maneira pragmática.
Estava exibindo um esforço hercúleo elogiável, em total altruísmo, qualidades
essas necessárias em todos os grandes líderes. Mas uma devida delegação de
autoridade também é uma das qualidades dos líderes”
(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 381)].
SINOPSE
DO TÓPICO (I)
O líder precisa ter a percepção de que no trabalho do Senhor ele é
apenas um despenseiro e não o dono da Obra.
II. OS AUXILIARES DE MOISÉS NO MINISTÉRIO
1. Deus levanta auxiliares (Êx 18.21). Para fazer a sua obra, Deus levanta líderes
principais, como Moisés, e de igual modo levanta líderes auxiliares. Todo
obreiro que está à frente do trabalho do Senhor, seja qual for a tarefa,
necessita de auxiliares, cooperadores, colaboradores (Rm 16.3,21; 2Co 8.23).
[Comentário: Para
cumprir sabiamente os propósitos de Deus, Moisés deveria escolher homens
capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza, e
colocá-los sobre o povo por maiorais de mil, de cem, de cinquenta e de dez. Não
há um consenso acerca destes números, se eles se referem à famílias ou à
pessoas, o fato é que os homens serviriam na função de juízes de tribunal
inferior e tribunal superior, cada líder de grupo menor responsável a quem
estava acima dele. Quem não estivesse satisfeito com uma sentença de instância
inferior poderia apelar para um tribunal superior. Isto significaria que
inumeráveis sentenças não chegariam a Moisés. No contexto atual, Deus levanta
nas igrejas locais, homens e mulheres vocacionados para a Diakonia, o auxiliar
mais direto que dispõe o líder cristão para exercer sua liderança frente o
rebanho que lhe foi confiado. Nos originais, em Grego, “DIAKONOS” = servo,
escravo, servidor, aquele que tem por obrigação servir.].
2. Os auxiliares de Moisés (Êx 18.25). Certamente Moisés teve muitos auxiliares cujos
nomes não foram registrados nas Escrituras Sagradas, mas vejamos apenas alguns
que o ajudaram durante a caminhada do povo até a Terra Prometida.
a) Miriã era auxiliar de Moisés e
também sua irmã. Era profetisa e cantora (Êx 15.20,21). Seu nome, em hebraico,
corresponde em grego a Maria. Certa vez, levantou-se contra Moisés e pagou caro
por sua rebeldia (Nm 12). [Comentário: Miriã,
em hebraico Miryam, foi a irmã mais velha de Moisés e de Arão; depois de sua
mãe Joquebede (Nm 26.59), colocar seu irmão Moisés numa cesta revestida de
betume e a por no Rio Nilo, postou-se de longe para ver o que aconteceria. Após
ser encontrado Moisés pela filha de faraó no rio, Miriã também indicou sua
própria mãe para que fosse baba de Moisés (Êx 2.7). Mais tarde, sofreu
temporariamente de lepra alegadamente por sua rebeldia perante a autoridade de
Moisés (Nm 12). Miriã era também profetiza e tocava tamboril (Êx 15.20);ela
morreu e foi sepultada em Cades (Nm 20.1).
Foi mencionada pela primeira vez e chamada de profetisa por ocasião da jubilosa
celebração que liderou depois da travessia do mar Vermelho (Êx 15.20,21). Ela
pecou quando foi insubordinada à vontade de Deus, e incitou Arão contra Moisés.
Ela e Arão se opuseram ao seu destaque e posição de respeito. Como resultado do
seu envolvimento e liderança da rebelião, Deus a castigou com lepra. Moisés
orou por sua recuperação e Deus ouviu sua oração. Durante o tempo da sua
recuperação, Israel não prosseguiu em sua peregrinação (Nm 12.1-16). (PFEIFFER
.Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1290).].
b) Arão, irmão de Moisés, seu
porta-voz (Êx 4.14-16; 7.1,2) e líder dos sacerdotes. [Comentário:
Aarão
(ou Arão) (אַהֲרֹן, palavra que significa "progenitor de
mártires" em hebraico possivelmente relacionado com o egípcio "Aha
Rw," "Leão Guerreiro"), foi o irmão mais velho de Moisés (Ex.
ii. 4), e primeiro sumo sacerdote dos hebreus. esteve constantemente associado
a Moisés na apresentação de atos poderosos que ocasionaram a libertação (Êx
5-13). Notavelmente, o cajado, símbolo de autoridade, foi manejado algumas
vezes por Arão. Deus frequentemente falou a ambos, Moisés e Arão, mas raramente
a Arão sozinho. Arão não teve parte alguma na entrega da lei, mas ele e seus
dois filhos mais velhos, juntamente com os setenta anciãos, testemunharam a
auto manifestação de Deus e comeram e beberam na presença de Deus (Êx 24.9-11)].
c) Os anciãos, também chamados
príncipes no período mosaico. Eram líderes e representantes do povo (Dt
1.13-15; Êx 3.16,18). Outros auxiliares eram os juízes e os levitas (Js 8.33;
24.1). [Comentário: De
modo geral, ancião é uma palavra que se refere aos lideres de um grupo ou
comunidade, presumindo-se que os mesmos tenham idade avançada e sejam dotados
de caráter maduro. No Antigo Testamento, o termo se aplicava a vários ofícios.
Era o caso de Eliézer. o «mais antigo servo» de Abraão, em Gn 24.2; certos oficiais
da casa de Faraó, em Gn 50.7; os principais servos de Davi, em 2Sm 12.17; e os
anciãos de Gebal (Ez 27.9). No Egito, mui provavelmente os anciãos eram
funcionários do estado, pelo que o termo aplicava-se ali aos lideres e chefes
políticos. Isso também sucedia entre os israelitas, moabitas e midianitas (Nm
22.7)]
d) Jetro, o sogro de Moisés, não
era israelita, mas demonstrou ser um homem cheio de sabedoria. Ele muito ajudou
Moisés. [Comentário: Parece
que entre os midianitas, os seus príncipes automaticamente também oficiavam
como sacerdotes. Há uma certa confusão no tocante ao nome desse homem, que a
Bíblia não se dá ao trabalho de explicar. Ele é chamado Reuel, em Êx 2.18 e Nm
10.29. Em Jz 4.11, ele é chamado de Hobabe; mas, em Nm 10.29 Hobabe parece ser
o filho de Reuel (Jetro). Todas as demais passagens, onde aparece esse homem,
dão o seu nome como Jetro. É possível que os nomes Reuel e Jetro fossem ambos
nomes desse homem, o que não era um caso único. Moisés passou quarenta anos em
seu exílio em Midiã, enquanto se preparava para o seu ofício de Libertador de
Israel, em companhia de Jetro, e de uma de suas filhas, e de com a qual se
casou, Zípora (Êx 3.1; 4.18). Não somos informados quanto à religião que Jetro
promovia; mas é vão tentar ligá-lo a YAHWEH, o Deus dos judeus, conforme este
se revelou a Moisés, na sarça ardente (Êx 6.3). Todavia, segundo alguns
estudiosos, YAHWEH pode ter sido uma das divindades dos midianitas, embora
muito duvidemos disso. Seja como for, residindo Moisés com seu sogro, aquele
recebeu uma teofania da parte do Deus de Abraão. Na oportunidade, Moisés estava
cuidando das ovelhas de seu sogro. Então, ele reconheceu sua comissão divina
como libertador de Israel da servidão egípcia. Moisés tomou sua esposa e seus
filhos e viajou para o Egito. Posteriormente, entretanto, os enviou de volta a
Midiã, talvez como uma medida de segurança. (HAMPLIN, Russell Norman,
Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
4542)].
e) Josué, sucessor de Moisés (Nm
27.18-23), é mencionado pela primeira vez na Bíblia em Êxodo 17.9, num contexto
que destaca a sua obediência a Moisés (33.11). Por ter sido fiel e obediente a
Moisés foi o escolhido de Deus para suceder o Legislador. [Comentário:
Seus
nome significa "Jeová é salvação" (Nm 13.16) e tem a mesma forma
grega do nome de Jesus (At 7.45; Hb 4.8). Seu nome está escrito como
"Josué" em Neemias 8.17, mas seu nome original era Oséias (Nm 13.8).
Josué era filho de Num, da tribo de Efraim (Nm 13.8). Depois de dirigir a
distribuição de terras, ele se instalou nas terras altas de Efraim em
Timnate-Sera, onde foi sepultado (Js 19.50; 24.30). Como tinha mais de 40 anos
de idade quando deixou o Egito, e parecia bem qualificado para assumir o
comando das forças israelitas que lutaram contra os amalequitas em Refidim (Êx
17.8-16), é possível que tivesse sido treinado pelo exército do Faraó. Durante
aquele ano, no monte Sinai, Josué serviu como auxiliar direto de Moisés quando
esse último recebeu as leis, e todas as vezes que ia à tenda onde encontrava e
ouvia o Senhor (Êx 24.13; 32.17; 33.11). Mesmo depois de deixar o Sinai, Moisés
considerava Josué como um "moço" e achava necessário censurá-lo por
proibir dois anciãos do acampamento de profetizar (Nm 11.27-29). (PFEIFFER
.Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 195-197.)].
SINOPSE
DO TÓPICO (II)
Deus levantou auxiliares para o ministério de
Moisés. São eles: Miriã, Arão, os anciãos, juízes, levitas, Jetro e Josué.
III. QUALIDADES DE MOISÉS COMO LÍDER
1. Mansidão e humildade (Nm 12.3). Deus falava com Moisés face a face. Todavia,
ele com humildade parou para ouvir os conselhos de Jetro, que não era nem mesmo
israelita. Se você deseja ser bem-sucedido em sua liderança, seja humilde. A
soberba, além de ser pecado, impede o líder de crescer. A Palavra de Deus diz
que na “multidão de conselheiros, há segurança” (Pv 11.14), todavia, a soberba
impede que o líder ouça seus auxiliares. [Comentário: “Nenhum
homem será um grande líder, se quiser fazer tudo sozinho, ou se quiser receber
todo o crédito só para ele” . (Andrew Carnegie). Líderes são paradigmas, para o
bem ou para o mal. A Palavra de DEUS apresenta Moisés como uma pessoa de
coração manso. “E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que
havia sobre a terra” (Nm 12.3). Mansidão é a capacidade de enfrentar problemas
sem que se perca a calma. Essa foi a atitude de Moisés quando atacado por Miriã
e Arão, seus irmãos, no deserto. Ele não perdeu a calma naquela situação e
deixou que DEUS resolvesse o problema de rebeldia que seus próprios irmãos
trouxeram. Moisés não foi um líder soberbo. Ele não temeu partilhar sua
autoridade com seus auxiliares a fim de que o povo pudesse ser mais bem
atendido em suas demandas. Ele aceitou com humildade o conselho de Jetro, e viu
como acatar aquele conselho permitiu que ele focasse sua liderança onde ela era
mais importante: conduzir o povo de acordo com os planos de Deus. “A soberba
precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).].
2. Piedoso e obediente. Moisés era um exemplo de obediência e
integridade e da mesma forma o obreiro precisa ser modelo dos fiéis (1Pe 5.3).
O verdadeiro ministro de Cristo precisa viver uma vida digna, não só diante de
Deus, mas também dos homens (2Co 8.21; 1Tm 6.11,12). O servo deve viver e agir
de modo honroso no trabalho, na vizinhança e na família. A santidade é um
imperativo na vida do obreiro. Um bom ministro de Cristo não apenas dá ordens,
mas em tudo é o exemplo para o rebanho. [Comentário: Normalmente,
o termo "piedade" é uma tradução da palavra grega eusebeia. Em um
sentido amplo, piedade significa pra ticar a piedade cristã. Ela encontra sua
base em um conhecimento apropriado de Deus (1Jo 5.18), sua realização em uma
vida entregue a Deus por meio de Jesus Cristo (Rm 12.1), e seu objetivo final
no desenvolvimento da consciência em relação a Deus, e de características
similares como a justiça, a fé, o amor, a paciência e a mansidão (1Tm 6.11; 2Pe
1.6). O conceito é amplamente exposto nas Epístolas Pastorais, e cristalizado
nas palavras: "Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (1Tm
6.6; cf. 1 Tm 2.3,10; 3.16; 4.7,8; 6.3,5,11; 2 Tm 3.5,12; Tt 1.1; 2.12).(PFEIFFER
.Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1534-1535).].
3. Fiel (Nm 12.7; Hb 3.2,5). Esta é uma das qualidades primordiais de um
líder, pois “requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4.2). De
nada adianta o líder cristão pregar e ensinar a Palavra, se ele é desobediente,
displicente, e nem sequer pratica o que ensina. A verdadeira fidelidade
revela-se em nossos atos cotidianos. Os olhos do Senhor estão à procura dos que
são fiéis (Sl 101.6). Moisés foi fiel a Deus, ao seu povo, à sua família.
Sigamos seu exemplo. [Comentário: Nm
12.7: “Não é assim com 0 meu servo Moisés”.
Essas palavras mostram a superioridade de Moisés em relação aos demais
profetas. Todavia, é algo lindo receber sonhos e visões espirituais, que são
modos de comunicação divina. Moisés, contudo, gozava de um tipo de comunicação
superior a isso. Ele se encontrava com Deus face a face, e recebia revelações
diretas (vs. 8; ver também Êx 33.11). O papel de Moisés como mediador entre YAHWEH
e Israel foi assim reiterado (Ex 19.9; 20.19; Dt 34.10-12). Fiel em toda a
minha casa. O fulcro dessa casa, naqueles tempos, era 0 tabernáculo; assim, a
casa metafórica aqui referida era a esfera de sua atividade em toda a nação de
Israel. Israel era a casa de DEUS, nesse sentido metafórico. Moisés
desincumbia-se fielmente de todos os seus deveres, e YAHWEH não tinha do que se
queixar contra ele, em contraste com Miriã e Arão, que se queixavam de Moisés. (CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 647).].
SINOPSE
DO TÓPICO (III)
Mansidão, humildade, piedade, obediência e
fidelidade são algumas das qualidades que podemos encontrar na liderança de
Moisés.
CONCLUSÃO
Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho. O líder cristão
precisa de auxiliares dados por Deus que o ajude. Não sejamos como muitos
líderes que não sabem delegar tarefas. Estes acabam sofrendo e fazendo a obra
de Deus sofrer danos. Sigamos o exemplo de Moisés e seus auxiliares, que o
ajudaram na missão de conduzir o povo de Deus até à Terra Prometida.[Comentário:Liderar
é uma arte, é nato, mas é possível atingir excelentes níveis se aplicarmos os
conselhos. Interagir com pessoas de diferentes personalidades requer
flexibilidade. Em se tratando do Corpo de Cristo, o assunto assume papel ainda
mais complexo, pois o líder cristão não responde apenas por assuntos de ordem
espiritual, responde também por questões de caráter material e terreno. Você
exerce algum nível de liderança na Obra? Ore pedindo discernimento para atender
às necessidades espirituais daqueles que foram comprado para Deus. Moisés é
paradigma em se tratando de liderança, mas é em Jesus Cristo que está o nosso
ideal, o perfeito modelo de liderança humilde, acolhedora e amorosa. “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!