Entre os vários assuntos abordados no livro de
Provérbios, a educação dos filhos ocupa lugar de destaque. Na aula de hoje mostraremos,
a partir desse compêndio sapiencial, algumas orientações em relação à instrução
dos filhos no temor do Senhor. Atentaremos, a princípio, à realidade do sistema
educacional moderno, respaldado no relativismo e na ausência de limites. Em
seguida, nos voltaremos para o valor da instrução e correção, com base em
Provérbios. Ao final apresentaremos conselhos práticos para o crescimento não
apenas físico, mas, sobretudo espiritual dos nossos filhos.
1. A
EDUCAÇÃO NA MODERNIDADE
A educação na modernidade está fundamentada em
princípios seculares, isto é, em valores que fogem aos padrões
judaico-cristãos. As instituições de ensino foram tomadas pelo pensamento
iluminista, a ofensiva, nesses últimos anos, está voltada para as famílias. Os
pensadores educacionais se distanciaram de Deus, passaram a negar a realidade
da fé, e a criticar a crença em um Criador. Como resultado, as pessoas estão
cada vez mais sem esperança, voltadas para o materialismo, centradas no egocentrismo.
O material didático produzido para as escolas sequer cogita a possibilidade da
existência de Deus. Muitos professores, formados em universidades centradas no ateísmo,
voltam-se contra a religião, afirmando que essa não passa de ópio. Nessa
correnteza os valores cristãos, há muito defendidos para a família, estão sendo
questionados, em favor de uma tendência culturalista. Tais pensadores incitam
os pais a não repreenderem seus filhos, defendem que a ausência de limites é
necessária para o desenvolvimento do caráter. A consequência dessa realidade é a formação de
uma geração inteira de jovens que não se submete a autoridade dos pais, que desrespeitam
os mais velhos. As orientações paternas deixaram de ter valor, tudo passou a
ser objeto questionamento. Qualquer atitude de censura por parte dos pais é
alvo de denúncia, até mesmo uma simples repreensão. Há ainda a ausência de
ideais, de modelos a serem seguidos, os filhos não tem mais em quem se
espelhar. A ênfase no individualismo enseja também comportamentos dúbios, a
hipocrisia generalizada, assumida como algo normal, a fim de tirar vantagem do
outro. Muitos filhos estão frustrados com os pais, que dizem uma coisa, mas
fazem outra totalmente diferente. Esse comportamento hipócrita adentrou até
mesmo as igrejas, muitos filhos não acreditam mais na fé exposta pelos pais,
que não confere com suas práticas diárias.
2.
PROVÉRBIOS: Uma visão educacional
Em oposição a essa realidade moderna o livro de Provérbios nos apresenta uma série de orientações para a educação dos filhos.
Para o autor desse livro a disciplina faz parte do processo de criação dos
filhos. A repreensão não deve ser motivo de culpa, mas uma necessidade, um ato
de amor, de alguém que considera seu filho (Pv. 3.12). A passagem anterior é
citada em Hb. 13.5-11, reforçando o princípio da disciplina amorosa. Ao
contrário do que defendem alguns adeptos do humanismo sem limites, a correção,
quando desempenhada com amor, traz resultados. Há uma passagem bastante
controvertida no livro de Provérbios, que se encontra em Pv. 13.24, na qual
existe uma orientação quanto ao uso da vara. Existem diversas análises
teológicas a respeito do significado desse texto. Para alguns estudiosos, não
se tratava da vara para açoitar, como se costuma fazer em alguns contextos, mas
para chamar a atenção. O princípio, no entanto, permanece em relação à
importância da correção, contanto que essa seja com amor. Essa também precisa
ser feita no tempo apropriado, pois o tipo de disciplina depende da idade, e
não pode ser postergada (Pv. 19.18). Em Pv. 22.6, os pais são orientados a
ensinarem a criança no caminho em que devem andar, para que não se esqueçam dele
quando crescerem. Destacamos inicialmente que o exemplo é relevante, os pais
precisar estar NO caminho, precisam viver o que ensinam, para inspirar os
filhos. Mesmo assim, isso não é garantia de que esses não se desviaram, pois o
livro de Provérbios traz princípios gerais, não verdades específicas.
Evidentemente as chances de se afastarem serão menores se os pais assumirem a responsabilidade
de fazerem a sua parte. Timóteo é um exemplo de um jovem que foi instruído desde a tenra idade nas
sagradas letras, produzindo frutos (II Tm. 3.15). Os filhos não são perfeitos,
têm uma natureza pecaminosa, por isso carecem de repreensão (Pv. 22.15). Esse é
um motivo, em alguns casos, para o uso da vara, a fim de fustigar, não para
espancar, e orientá-los quanto ao caminho a ser trilhado (Pv. 23.13,14). Eli, o
sacerdote, falhou nesse sentido, tratando seus filhos com liberalismo,
resultando em ruina (I Sm. 3.13). Os erros precisam ser identificados e
corrigidos para conduzir os filhos ao caminho da sabedoria (Pv. 29.15). Alguns
filhos causam inquietação nos pais porque não foram disciplinados, não receberam
a correção no tempo adequado, os pais não assumiram sua responsabilidade (Pv.
29.17).
3. ORIENTAÇÕES
CRISTÃS PARA A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
A educação dos filhos é uma tarefa complexa, para a
qual os pais devem atentar, cientes das suas possibilidades e limitações. Isso
porque existem diferentes tipos de pais, bem como de filhos, cada um deles com
suas particularidades. Há os pais que são muito dominadores, que querem
controlar todos os comportamentos dos filhos, mas isso pode resultar em
amargura e revolta (Cl. 3.21). Outros os superprotegem, evitando, a qualquer
custo, a frustração, cujo resultado é facilidade desses serem manipulados pelos
outros quando crescerem (Pv. 13.24). Existem pais que acabam causando um
excesso de dependência nos filhos, por serem possessivos e controladores,
acompanham excessivamente tudo que os filhos fazem, fazendo com que esses se
tornem indecisos e temerosos (Jr. 17.5). O oposto disso é a falta de cuidado em
relação aos filhos, a ausência de todo e qualquer tipo de responsabilidade, que
pode causar insegurança e falta de objetivos definidos no futuro (I Tm. 3.4). O
ideal é que os pais busquem ensinar os filhos a se desenvolverem, acompanhando-os,
através do encorajamento sincero, resultando em confiança e sabedoria (Lc.
2.40). Várias passagens da Bíblia admoestam quanto à necessidade de tratar os
filhos com respeito (Cl. 3.21), ao cultivo do diálogo produtivo (I Ts. 4.1), à
identificação de comportamentos negativos (Pv. 19.18), ao encorajamento à
responsabilidade (Pv. 17.5), bem como ao reconhecimento das atitudes positivas
(I Ts. 5.11). A educação dos filhos passa por uma série de atitudes, tais como:
disposição para ouvi-los (Tg. 1.19), manifestação de amor entre os cônjuges (Ef.
5.33), não agir com favoritismo entre os filhos (Tg. 2.1), a disposição para
pedir perdão diante das falhas (Mt. 5.23,24), sabedoria para lidar com as
emoções (Cl. 3.8) e disciplina amorosa, nunca fundamentada na raiva (Ap. 3.19).
CONCLUSÃO
Vivemos em uma sociedade marcada pelo secularismo,
que se distancia cada vez mais dos princípios divinos. O humanismo anticristão
favorece o relativismo e a ausência de regras, de limites. Diante dessa
realidade, precisamos resgatar, a partir de Provérbios, e da Bíblia como um
todo, orientações que oportunizem a educação consistente dos nossos filhos, a
fim de que esses temam ao Senhor, e vivam de acordo com Sua palavra. Mas a
educação deve se pautar também pelo exemplo, não podemos ensinar uma coisa a
agir de modo diferente, isso repercute negativamente na formação dos filhos.
Extraído do Blog: subsidioebd
SUBSÍDIO II
OS PAIS: criação conjunta
Os filhos são do casal, e ambos os cônjuges precisam estar cônscios de
que têm responsabilidades e deveres para com os filhos. Isso vale para
os filhos que são gerados pelo casal e pelos que são adotados
legalmente, e estende-se também aos filhos de casamentos anteriores de
um ou dos dois cônjuges, especialmente quando estes filhos residem com o
casal.
1) Maternidade – Gerar filhos é um privilégio da mulher. Embora não possa concebê-los sozinha, é exclusividade da maternidade a experiência única de sentir um ser crescendo e se movendo dentro do corpo feminino.
Isso ajuda a explicar porque, via de regra, a mulher é mais apegada aos filhos e mais responsável quanto ao cuidado com os mesmos (Is 49.15).
Na Bíblia, a mulher é designada como figura de amor e cuidado (Tt 2.15), termômetro e edificadora da casa (Pv 14.1) e educadora e guardiã do lar e dos filhos (Pv 31.10-31). Na nossa sociedade, até hoje dizemos “Sua mãe não te deu educação?” para alguém mal educado – o que ilustra o quanto atribuímos às mulheres a tarefa da formação moral dos filhos. Portanto, por mais que a jornada feminina esteja mais apertada face ao acúmulo de diferentes papéis que executa, a tarefa de cuidar, educar e evangelizar os filhos não pode ser renegada ou esquecida.
2) Paternidade – Quando Deus colocou o homem como cabeça da sua esposa e do lar, ele expressa como deve ser a postura masculina no casamento e na família: o homem deve planejar metas para a sua família, projetando planos futuros e esmerando-se no governo e na administração do lar e dos filhos.
Isso significa entender o casamento e a paternidade com responsabilidade, como o exercício de um compromisso que deve ser cumprido.
Do ponto de vista divino, o homem é ainda o sacerdote do lar, sendo co-responsável na evangelização e na formação de seus filhos (Dt 6.6-7 e Pv 3.12; 4.1; 15.5). A responsabilidade que Deus atribui à paternidade é ampla, a ponto de ser requisito para o exercício ministerial que o homem, enquanto pai, tenha seus filhos sob disciplina, mantenha o governo dos mesmos e forme filhos fiéis e obedientes (1Tm 3.4,5,12 e Tt 1.6).
Cabe ainda ressaltar que Deus usa a paternidade como modelo de sua relação conosco. Ele é o pai e nós somos seus filhos. Assim sendo, a imagem de Deus formada nos filhos (o “Papai do Céu”) é organizada a partir das atitudes paternas: o filho que tem um pai irresponsável, distante e grosso terá mais dificuldade de aceitar Deus como um Pai fiel amoroso e amigo.
1) Maternidade – Gerar filhos é um privilégio da mulher. Embora não possa concebê-los sozinha, é exclusividade da maternidade a experiência única de sentir um ser crescendo e se movendo dentro do corpo feminino.
Isso ajuda a explicar porque, via de regra, a mulher é mais apegada aos filhos e mais responsável quanto ao cuidado com os mesmos (Is 49.15).
Na Bíblia, a mulher é designada como figura de amor e cuidado (Tt 2.15), termômetro e edificadora da casa (Pv 14.1) e educadora e guardiã do lar e dos filhos (Pv 31.10-31). Na nossa sociedade, até hoje dizemos “Sua mãe não te deu educação?” para alguém mal educado – o que ilustra o quanto atribuímos às mulheres a tarefa da formação moral dos filhos. Portanto, por mais que a jornada feminina esteja mais apertada face ao acúmulo de diferentes papéis que executa, a tarefa de cuidar, educar e evangelizar os filhos não pode ser renegada ou esquecida.
2) Paternidade – Quando Deus colocou o homem como cabeça da sua esposa e do lar, ele expressa como deve ser a postura masculina no casamento e na família: o homem deve planejar metas para a sua família, projetando planos futuros e esmerando-se no governo e na administração do lar e dos filhos.
Isso significa entender o casamento e a paternidade com responsabilidade, como o exercício de um compromisso que deve ser cumprido.
Do ponto de vista divino, o homem é ainda o sacerdote do lar, sendo co-responsável na evangelização e na formação de seus filhos (Dt 6.6-7 e Pv 3.12; 4.1; 15.5). A responsabilidade que Deus atribui à paternidade é ampla, a ponto de ser requisito para o exercício ministerial que o homem, enquanto pai, tenha seus filhos sob disciplina, mantenha o governo dos mesmos e forme filhos fiéis e obedientes (1Tm 3.4,5,12 e Tt 1.6).
Cabe ainda ressaltar que Deus usa a paternidade como modelo de sua relação conosco. Ele é o pai e nós somos seus filhos. Assim sendo, a imagem de Deus formada nos filhos (o “Papai do Céu”) é organizada a partir das atitudes paternas: o filho que tem um pai irresponsável, distante e grosso terá mais dificuldade de aceitar Deus como um Pai fiel amoroso e amigo.
3) Educação partilhada – Há muitos problemas familiares, a maioria
deles decorrentes da má condução na educação dos filhos, como a entrada
para a marginalidade, a prática da homossexualidade e da prostituição, a
agressão doméstica e o uso de drogas. Nesses casos, primeiramente cada
cônjuge precisa avaliar como executou seu papel, não para culpar-se, mas
para organizar novas formas de atuação. Em segundo lugar, o casal deve
discutir onde falhou na partilha das responsabilidades e das
atribuições, unindo-se para traçar metas e estratégias de ação.
Afinal, é melhor serem dois do que um, e o cordão de três dobras não se quebra facilmente (Ec 4.9-12).
Afinal, é melhor serem dois do que um, e o cordão de três dobras não se quebra facilmente (Ec 4.9-12).
Elaine Cruz
SUBSÍDIO III
Lição 6:
O exemplo pessoal na educação dos filhos
10 de
novembro de 2013
TEXTO ÁUREO
“O justo anda na sua sinceridade; bem-aventurados
serão os seus filhos depois dele” (Pv 20.7).
VERDADE PRÁTICA
A melhor forma de se educar um filho é através do
exemplo, pois as palavras passam, mas o exemplo permanece.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios
4.1-9
1 - Ouvi, filhos, a correção do pai e estai atentos
para conhecerdes a prudência.
2 - Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha
lei.
3 - Porque eu era filho de meu pai, tenro e único em
estima diante de minha mãe.
4 - E ele ensinava-me e dizia-me: Retenha as minhas
palavras o teu coração; guarda os meus mandamentos e vive.
5 - Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e
não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca.
6 - Não desampares a sabedoria, e ela te guardará;
ama-a, e ela te conservará.
7 - A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois,
a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento.
8 - Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu,
ela te honrará.
9 - Dará á tua cabeça um diadema de graça e uma
coroa de glória te entregará.
OBJETIVOS
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
• Reconhecer a
importância de se colocar limites aos filhos;
• Saber do valor do exemplo na educação dos filhos, e
• Promover a educação integral da criança.
PALAVRA-CHAVE
Influência: Ação ou efeito de influir, isto é, fazer
fluir, correr para dentro de.
COMENTÁRIO
introdução
Nas lições anteriores,
vimos que a expressão “ouve filho meu” soa como um refrão no livro de
Provérbios. É o apelo de um pai amoroso, ensinando ao filho as regras do bom
viver. É a partir de um conjunto de valores, já padronizado, que o pai assim o
faz. Entretanto, sua preocupação não é despejar sobre o filho um código de
regras, mas ensinar valores que o prepararão para a vida. Para isto, ele
utilizará o exemplo, mostrando que a atitude fala muitas vezes mais alto que as
palavras!. [Comentário: Dando
sequência ao estudo do livro de Provérbios, estudaremos hoje o que este livro
nos fala sobre a educação dos filhos. Salomão tinha aprendido de seu pai sobre
os caminhos de Deus, e agora instrui quanto a isso os seus próprios filhos.
Deus quer que os ensinos sobre a verdadeira piedade e o conhecimento dos seus
caminhos sejam ministrados primeiramente pelos pais e pelos exemplos ocorridos
no lar (Dt 6.7). A palavra grega paideia, "treinamento
infantil", "instrução", "alimentação", abrange todo o
cultivo da mente e da moral de uma criança, e o emprego de ordens e admoestações,
censura e castigo, com a finalidade de atingir este objetivo (Ef 6.4). Quando
aplicada a adultos, ela fala daquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e
controlando paixões através da "instrução" na justiça (2Tm 3.16).
Quando aplicada a crianças, tem o sentido de treinamento infantil ou
"castigo" (Hb 12.5,7,11; Pv 3.11,12; 15.5). A educação judaica era
primeiramente religiosa e, até a época do Novo Testamento, dava-se em casa. Era
dever do pai instruir seu filho sobre as tradições religiosas (Ex 12.26,27; Dt
4.9; 6.7).Continua sendo nosso o dever de passar aos nossos filhos os valores que
o prepararão para a vida; como diz um adágio popular: “a palavra convence, o
exemplo arrasta”]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES
1. Satisfazendo necessidades, não vontades. Um princípio utilizado no treinamento de líderes, e
que tem se mostrado bastante eficaz, é a máxima de que “liderar é satisfazer
necessidades, não vontades”. No universo educacional, o princípio torna- se
ainda mais forte e verdadeiro. Todo pai deve saber que o filho, especialmente se
ainda é criança, deseja que suas vontades sejam imediatamente satisfeitas. Mas
de que realmente a criança necessita? Embora queira comer só doces, ela precisa
de uma alimentação balanceada para ter um crescimento saudável. É para isso que
aponta a sabedoria de Provérbios 29.15. Portanto, estabeleçamos limites às
crianças, não apenas quanto à alimentação, mas principalmente acerca dos
valores morais e espirituais. [Comentário: Os pais
devem ensinar seus filhos a como se conduzir neste mundo, a como exercer o
papel que Deus reservou à humanidade e, nesta tarefa de ensino e instrução,
assemelham-se a Deus, Ele próprio chamado de Pai, precisamente porque é o
Criador e o Instruidor dos homens (Hb.12:7-9). Neste quesito, notemos o que
Salomão afirma em Provérbios 29.15: “a vara e a disciplina dão sabedoria,
mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe”. A criança
entregue a si mesma vive sem restrições, tem permissão para se comportar mal e
não é corrigida. Esse filho leva vergonha aos pais. Como é difícil encontrar o
equilíbrio. Muitas vezes os pais não são constantes ou deixam de disciplinar ou
são severos demais na punição. É necessário muita oração, paciência e
perseverança para ser pais com a mistura exata de amor e de disciplina. Mas o
esforço vale a pena].
2. Presença versus Agressão. Os educadores descrevem como referências negativas, na educação da
criança, a figura do “pai ausente” e a da “mãe superprotetora”. O pai ausente é
omisso na educação de seus filhos. Evitando o diálogo, vale-se de métodos
agressivos para impor-lhes a sua autoridade. Ele fala sempre aos gritos. O
autor dos Provérbios, porém, exorta-nos a ensinar a criança no caminho em que
deve andar, mas não aos gritos, nem utilizando-se de violência (Pv 22.6). A mãe
superprotetora, por seu turno, temendo produzir algum trauma na formação da
criança, acaba por não corrigi-la. Não é isso o que as Escrituras ensinam: o
pai e mãe são os responsáveis pela disciplina dos filhos, e não podem fugir a
esse dever (Pv 13.24). [Comentário: Deus
disciplina seus filhos, e os pais terrenos também devem fazê-lo. O pai amoroso
inflige desconforto temporário aos filhos para afastá-los de futuras tragédias
que, inevitávelmente, acompanham a vida sem disciplina. Observe o objetivo
divino ao nos por em disciplina: para que possamos desfrutar de sua santidade e
aprender a viver sábia e retamente (Hb 12.10-11). Os pais devem disciplinar os
filhos pelos mesmos motivos. Não obstante isso, os pais têm abdicado deste
dever que lhes foi dado pelo próprio Deus e deixado que seus filhos sejam
instruídos por babás, ou pelas creches, pelos avós, pelas escolas e pior, pela
TV, e já sabemos dos funestos resultados para essa criança, com o total
desencaminhamento de nossas crianças, adolescentes e jovens, inclusive entre os
filhos de pais crentes. A correção é uma função e uma responsabilidade do pai
para com os seus filhos (Pv 23.13; 29.17; Jr 2.30; Hb 12.9) e de DEUS para com
o seu povo (Jó 5.17; Pv 3.12; Hb 12.7,9). Tanto os termos em hebraico como em
grego para disciplina e correção, sugerem um significado duplo: instruir,
guiar, argumentar; e, também, punir, castigar, reprovar. A correção é visível
em todo o processo de criação dos filhos, como sugere o termo grego mais comum
paideuo, "educar um filho", envolvendo tanto a orientação positiva,
como a disciplina negativa, no caso de má conduta. A expressão que mostra que a
Palavra de Deus é útil para a correção (2 Tm 3.16), ressalta o seu valor na
melhoria de vida e do caráter do crente. O termo grego aqui significa
"restauração a um estado de retidão"].
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Os pais devem satisfazer as necessidades dos
seus filhos, não vontades; devem educá-los, não agredi-los
II. ENSINANDO ATRAVÉS DO EXEMPLO (VALORES)
1. Ética da personalidade. Hoje, mais do que nunca, necessitamos educar nossas crianças, tomando
por base os valores morais e espirituais da Bíblia Sagrada. A ética ensinada
pelas escolas seculares e pela mídia é relativista e permissiva. O que conta
não é o ser e sim o ter. Com isso, nossos filhos ficam completamente
desprotegidos diante das armadilhas deste mundo, por não terem ainda a noção do
certo e do errado, conforme destaca Salomão em Provérbios 7.6,7. Nessa
passagem, deparamo-nos com a triste figura do jovem simples e desprotegido
diante da sedução do mundo. Algumas questões precisam ser elucidadas nesse
texto. A palavra “simples”, traduzida do hebraico pethy, refere-se a uma pessoa
tola e ingênua. O termo hebraico leb traduzido por “coração”, “ser interior” ou
“juízo”, é usado para descrever o caráter moral do indivíduo. O que faltou ao
jovem de Provérbios 7 foi exatamente a noção de valores morais bem demarcados.
O resultado não poderia ser outro: ele caiu nas garras do pecado. Não
permitamos, pois, que o mesmo ocorra com os nossos filhos. Vamos instruí-los
enquanto é tempo. [Comentário: A
importância do papel dos pais, como visto supra, já explica porque o livro de
Provérbios, cujo objetivo é ensinar como saber viver sobre a face da Terra,
dedica-se a este tema largamente. É evidente que, tendo os pais sido escolhidos
por Deus para que fossem os mestres de seus filhos, o saber viver abarcasse a
questão da educação dos filhos. Os pais não criam os filhos para si. Eles os
educam para o mundo. É na prática da vida que os filhos provarão se os pais
foram ou não competentes na sublime missão de educá-los. É fundamental que o
filho siga o que lhe for ensinado pelos seus pais e este ‘seguir’ só é possível
mediante o exemplo (a palavra convence, mas o exemplo arrasta), pois as
palavras apresentam maior peso quando acompanhadas por gestos e atitudes.
Quando Salomão escreve a respeito da necessidade de não consentirmos com os
pecadores, mostra que os pecadores convidam o filho a cometer as mesmas
atitudes que eles cometem, façam o mesmo que eles fazem (Pv 1.10-16), isso
denota que o aprendizado vem pelo exemplo, pela imitação do que é feito e não
pelo guardar no intelecto aquilo que se falou apenas.].
2. Ética do caráter. A
ética coloca os valores no lugar onde eles devem estar. A ideia, aqui, é educar
a pessoa, tomando por base os valores ensinados na Bíblia. O mais importante
não são os sentimentos, mas o comportamento. Não é a sensibilidade, mas o
compromisso com a atitude correta a se tomar. É exatamente isso que Salomão diz
ter herdado do seu pai e o mesmo objetiva transmitir ao seu “filho” (Pv 4.3,4). [Comentário: Salomão
tinha aprendido de seu pai sobre os caminhos de Deus, e agora instrui quanto a
isso os seus próprios filhos. Deus quer que os ensinos sobre a verdadeira
piedade e o conhecimento dos seus caminhos sejam ministrados primeiramente
pelos pais e pelos exemplos ocorridos no lar (Dt 6.7). Há muitos pais que até
indicam o caminho a seguir, mas não o trilham juntamente com o seu filho. O
resultado é que de nada aproveitará esta instrução, pois é o caminhar junto com
ele que o fará se lembrar dele e não a mera indicação, o mero dizer. O que
ficará na mente do filho é o caminho trilhado pelo pai e se o pai andar por
caminho que ao homem parece direito, mas cujo fim é a morte (Pv.14:12; 16:25) ,
será por ele que o filho percorrerá, por mais que o pai indique que o caminho
da salvação seja outro. Os sábios continuam a tradição de sabedoria passando às
gerações seguintes a sabedoria que aprenderam de seus pais. Idade e experiência
não são autoridades absolutas, mas são fatores importantes e devem ser tidas em
alto grau (Lv 19.32)].
SINOPSE
DO TÓPICO (II)
O caráter cristão é formado a partir de uma
educação que toma por base os valores ensinados na Bíblia.
III. EDUCAÇÃO INTEGRAL
1. Desenvolvimento mental. Provérbios mostra o quanto é importante os mais jovens serem treinados
para que tenham o discernimento adequado para a vida. Por isso, Salomão mostra
os frutos desse treinamento: sabedoria, disciplina, sensatez, justiça, direito,
retidão, habilidade, prudência, conhecimento e reflexão. Todo esse aprendizado
valia-se de uma técnica apurada de memorização, visando preparar integralmente
o jovem à vida. Por conseguinte, inclinemos o coração ao entendimento (Pv 2.2).
Atemos a benignidade ao pescoço, escrevemo-la na tábua do coração (Pv 3.3) e
guardemos a instrução no lugar mais íntimo do ser (Pv 4.21). [Comentário: O
Antigo Testamento tem no coração a base da razão e da vontade. A moderna
distinção popular entre conhecimento do coração e conhecimento da mente não tem
aplicação aqui. O contraste usual do Antigo Testamento é entre obediência
formal ou externa, à qual falta um verdadeiro assentimento da vontade, e a
disposição, a obediência de todo o coração. Os termos hebraicos para
benignidade e fidelidade indicam claramente que a sabedoria está avançando
dentro da aliança com Deus. A instrução é um ensino prático para a vida,
baseada no caráter de Deus revelado em sua Palavra. O firme propósito de Deus é
que sua Palavra esteja no coração do seu povo (cf. Sl 119.11; Jr 31.33). Paulo
declara explicitamente: "A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria" (Cl 3.16; cf. 2 Tm 3.15-17). Esse
preceito somente pode ser cumprido se, diária e continuamente, examinarmos as
Escrituras (Sl 119.97-100; Jo 8.31,32). Uma maneira de fazer isso é ler o NT
todo duas vezes por ano, e o AT uma vez por ano (cf. Is 29.13; ver Tg 1.21)].
2. Desenvolvimento moral. A
preocupação do sábio com o desenvolvimento moral e espiritual do aprendiz é
claramente demonstrada em sua insistência em educá-lo, tomando por base a
justiça, o direito e a retidão. Isso pode ser visto, quando Salomão destaca a
prática da justiça (Pv 22.22,23), os bons princípios (Pv 22.28; 23.10,11), a
instrução e a disciplina (Pv 23.13; 14.22-25), a prudência nas relações sociais
(Pv 23.6-8) e o exercício da misericórdia (Pv 24.11,12). [Comentário: Uma das
mais veementes admoestações aos pais em Provérbios é para disciplinarem os
filhos para que possam ser libertos da morte física. A disciplina capacita a
criança a desfrutar de uma vida plena e feliz. Não há dúvida de que restará uma
grande alegria no coração de mães e pais quando os filhos adultos escolhem a
vereda da sabedoria. Esse filho deve ser louvado por suas escolhas sábias. Não
é interessante que para a maioria de nós, pais, é muito mais fácil reclamarmos
sem parar quando o filho se mostra insensato, mas, por outro lado, deixamos de
elogiar quando o filho anda com sabedoria? Uma forma vital de expressar amor a
Deus é cuidar do bem-estar espiritual dos filhos e esforçarmo-nos para levá-los
a um real relacionamento com o Senhor. O ensino da Palavra de Deus aos filhos
deve ser uma tarefa altamente prioritária dos pais (Sl 103.13; Lc 1.17; 2Tm
3.3). O ensino das coisas de Deus deve partir do lar, e nisso, tanto o pai como
a mãe deve participar. Cultuar a Deus no lar não é uma opção; pelo contrário, é
um mandamento direto do Senhor (Êx 20.12; Lv 20.9; Pv 1.8; 6.20; 2Tm 1.5). O
propósito da instrução bíblica pelos pais é ensinar os filhos a temer ao
Senhor, a andar em todos os seus caminhos, a amá-lo e ser-lhe grato e a
servi-lo de todo o coração e alma (Dt 10.12; Ef 6.4). O crente deve
proporcionar sabiamente aos seus filhos uma educação teocêntrica, em que tudo
se relacione com Deus e às suas coisas (Dt 4.9; 11.19; 32.46; Gn 18.19; Êx
10.2; 12.26,27; 13.14-16; Is 38.19)].
SINOPSE
DO TÓPICO (III)
A educação cristã do jovem crente deve ser
pensada numa perspectiva integral. Isto é, desenvolvendo a vida moral e
espiritual.
CONCLUSÃO
Num momento em que os
modelos educacionais experimentam uma grave crise de valores, é urgente
estudarmos o livro de Provérbios, a fim de extrairmos preciosas lições à
educação dos nossos jovens, adolescentes e crianças. Não podemos consentir que
a cultura deste século inocule, em nossos filhos, o veneno de um ensino
permissivo e contrário aos valores da Bíblia Sagrada. Preservemos o que os
nossos pais na fé construíram e, com muito sacrifício, deixaram-nos como legado
espiritual e moral.
[Comentário: Vivemos
dias difíceis, em qualquer área da vida secular há oposição ao Sagrado e à tudo
que se baseia em princípios cristãos. A educação secular não é exceção e, via
de regra, ridiculariza o ‘religioso’. A família moderna vem sofrendo grandes
transformações e as famílias cristãs também são afetadas. Basta olharmos à
nossa volta, aqui mesmo onde nos congregamos, e observarmos os casais ainda
muito jovens, sem o compromisso do casamento, tornando-se pais no seio da
Igreja. A educação certamente falhou; talvez ela tenha sido terceirizada. Todas
as ações dos pais para com os filhos têm como base o amor. Mas amar não
significa abonar os atos errados dos filhos. O maior ato de amor dos pais para
com os filhos é corrigir quando eles estiverem errados; adverti-los quando
forem repreensíveis. Amar não significa fechar os olhos para o erro; mas com
mansidão corrigi-lo. Nossos filhos não são como os do “mundo”, nem nós, pais
como os do “mundo”. “A base da paternidade competente está em ser capaz de
colocar-se por trás dos olhos de seu filho, vendo o que ele vê e sentindo o
que ele sente.].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),
Graça e Paz a todos
que estão em Cristo!
Francisco de Assis
Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et
sincere
Meu coração te
ofereço, Senhor, pronto e sincero (Calvino)
Campina Grande-PB
Novembro de 2013.
VOCABULÁRIO
Elucidativo: Que elucida;
explicativo.
Atroam: Ato ou efeito de atroar;
barulham, estrondam.
Inocule: Introduza, insira ou
entre.
Extraído do Blog: auxilioaomestre
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