quarta-feira, 22 de maio de 2013

LIÇÃO 8 - EDUCAÇÃO CRISTÃ, RESPONSABILIDADE DOS PAIS



VÍDEO I
 Prof. Fábio Segantin


SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Vivemos em dias difíceis, a respeito dos quais tratou Paulo em sua Epístola a Timóteo (II Tm. 3.1-2). Especialmente para a criação dos filhos no temor do Senhor, tendo em vista que os valores cristãos estão sendo cada vez mais solapados pela mídia. Diante dessa situação, estudaremos, na lição de hoje, a respeito da importância da educação cristã, principalmente no contexto familiar, sob a responsabilidade dos pais. Inicialmente trataremos a respeito da educação no Antigo, e depois no Novo Testamento. Ao final, faremos um apelo para que os pais invistam não apenas na formação profissional, mas também espiritual dos seus filhos.

1. EDUCAÇÃO CRISTÃ, CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O conceito de educação é bastante amplo, e por demais complexo. O verbo educar, em latim, significa instruir, orientar. Mas as definições de educação dependem bastante das concepções teóricas envolvidas. Em várias instituições educacionais, a abordagem educacional está atrelada à mera informação. A maioria das escolas dos dias atuais, preocupadas com o mercado de trabalho, repassam apenas conteúdos. A educação é meramente bancária, os alunos vão para a escola apenas para receberem informações. Por conseguinte, valores que deveriam ser trabalhados pela escola, tais como o respeito pelo próximo, são relegados a segundo plano. Um reflexo desse modelo educacional é a ausência de posicionamentos éticos por parte daqueles que frequentam os bancos escolares. Os alunos estudam bastante, conseguem entrar nas universidades, mas não se comprometem com o outro. Evidentemente isso acontece também porque a filosofia educacional que predomina nas escolas é materialista. A ênfase no mercado e a desconsideração de uma ética maior estão fortalecendo o individualismo. De modo que, na sociedade, e às vezes nas igrejas, o tratamento é cada um por si, ninguém considera mais o próximo. Isso acontece também por falta de uma cosmovisão cristã em relação à educação. Não podemos esquecer que o ser humano caiu no Éden, e isso resultou no distanciamento do Criador e do próximo. Em consonância com a pedagogia de Jesus, precisamos ensinar a verdade às pessoas, inclusive às crianças, pela Palavra de Deus (Mc. 4.33; Lc. 24.27). O Mestre Jesus valorizava as pessoas, independentemente da condição social, fosse uma adúltera, como a mulher samaritana (Jo. 4), ou um doutor da lei, como Nicodemos (Jo. 3). A educação cristã, seja na igreja ou na família, deve partir das Escrituras, que é útil, a fim de conduzir as pessoas à santificação (II Tm. 3.16).

2. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO

Antes de 2.500 a. C já identificamos, no Antigo Testamento, um sistema educacional formal e estruturado, a fim de treinar as crianças, desde a infância (Pv. 22.6). A educação, naquele contexto, deveria oportunizar o desenvolvimento de uma profissão, mas, sobretudo, o caráter. Samuel é um exemplo de um jovem que fora instruído, desde cedo, ao serviço do Senhor, sob a supervisão do sacerdote Eli (I Sm. 3.10). A competência para a leitura, tendo em vista o domínio das leis, era estimulada desde cedo (Dt. 6.9; 17;18,19; 27.2-8; Js. 18.4,9; Jz. 8.14; Is. 10.19). Talvez por causa do excesso de imagem, principalmente por causa da influência da televisão, as crianças estão lendo cada vez mais tarde. Isso é preocupante, ao invés de lerem um livro, que desperta a imaginação, procuram antes o filme. No Antigo Pacto as ordenanças divinas eram valiosas, por isso deveriam ser ensinadas (Dt. 4.9,10; 6.20), a fim de desenvolver princípios éticos (Lc. 19.2). A instrução não se voltava apenas ao domínio das leis, mas, principalmente, à justiça social (Am. 2.6,7), e ao temor do Senhor, princípio de toda sabedoria (Pv. 1.2-4; 9.10). Durante o cativeiro babilônico surgiu a sinagoga, que serviu como instituição formal para a educação, para a leitura da Torá. A primeira escola do judeu era o seu lar, em casa os filhos aprendiam os rudimentos da fé. Isso porque, na cultura judaica, a família era a base da sociedade. As crianças tinham valor, e pesava, sobre os pais, a responsabilidade de educá-los, por serem dádivas de Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3; 128.3,4). Alguns pais não querem mais se comprometer com a educação dos seus filhos. Por causa do ativismo, inclusive na igreja, muitos pais estão deixando os filhos à mercê da televisão. Os estragos têm sido os mais terríveis, filhos inseguros, com valores distorcidos, tomados pela rebeldia. O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a formação artística (I Sm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na construção do caráter. A instrução quanto as prendas domésticas também recebia atenção, principalmente para as meninas (Ex. 35.25; II Sm. 13.8).

3. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO

O estudo ocupou papel de destaque no ministério de Jesus, não por acaso a Ele se referiam como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Jesus ensinava, a multidão ficava maravilhada com Suas instruções (Mt. 5.1). O conteúdo da Sua mensagem era o evangelho do Reino, fundamentado na Palavra de Deus (Mt. 4.23). A pedagogia do Reino, conforme ensinada por Jesus, estava fundamentada no amor-agape (Mt. 12.31; Jo. 15.12). Essa é uma falha no sistema educacional humano. Ninguém fala em amor, o afeto, uma carência fundamental do ser, está sendo desconsiderada. Os escritos de alguns educadores, dentre eles Paulo Freire e Rubem Alves, têm alertado os professores para esse importante aspecto. Contrariando a lógica do mercado, que sempre quer tirar vantagem em tudo, Jesus ensina a perdoar, e às vezes a ganhar através da perda (Mt. 18.21). A coisificação do ser, resultante do modelo de mercantilização da pessoa, deve dar lugar à dignidade. Jesus respeitava as pessoas, não desprezava as mulheres e as crianças, o que era comum naqueles dias (Mt. 18.1,10). Mas Jesus também chamou a atenção para a realidade do pecado. As crianças estão cada vez menos comprometidas com outro porque não são ensinadas a esse respeito. O pecado tem causado transtornos terríveis à sociedade, o maior deles é o distanciamento de Deus (Rm. 3.23). A supervalorização do dinheiro, bastante comum hoje em dia, deve ser questionada, tanto na igreja quanto no lar (Mc. 10.21). Os pais precisam não apenas através das palavras, mas também de ações, mostrar aos filhos que não são controlados pelo consumismo. Existem várias métodos para o ensino da Palavra de Deus às crianças, as estórias tem muito efeito. Jesus era um contador de histórias, suas parábolas atraiam a atenção dos ouvintes (Mt. 13.3). O Mestre aproveitava todas as oportunidades e lugares para ensinar os princípios divinos (Lc. 9.14). Os pais precisam investir em momentos familiares para a formação dos seus filhos.

CONCLUSÃO

Os filhos são herança de Deus, recompensa do Senhor (Sl. 127.3), por isso devem ser ensinados com amor a fim de que desenvolvam o temor a Deus (Ef. 6.1-4). A educação secularizada, a não ser nas escolas confessionais evangélicas, não investe na formação espiritual das crianças. Diante dessa realidade, a igreja, através da Escola Dominical, e os pais, no convívio doméstico, devem instruir seus filhos nos caminhos do Senhor. A orientação de Pv. 22.6, que  se trata de um princípio geral, deve nos motivar à educação cristã dos nossos filhos, a fim de que esses, quando crescerem, permaneçam na Palavra de Deus.

REFERÊNCIAS
GANGEL, K., HENDRICKS, H. (eds.) Manual de ensino para o educador. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
LEBAR, L. E. Educação que é cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

Extraído do Blog: subsídioebd.blogspot.com.br



SUBSÍDIO II


ENSINO CRISTÃO: decreto de Deus

“Ele parece não fazer algo de Si mesmo que possivelmente possa delegar às Suas criaturas. Ordena-nos que façamos lenta e desajeitadamente o que Ele poderia fazer perfeitamente e num piscar de olhos. [...] Talvez não percebamos o problema em sua inteireza, por assim dizer, de permitir que vontades finitas coexistam com a Onipotência.

Parece envolver em cada momento quase que uma espécie de abdicação divina”. (C.S.Lews)

Certo cartum retratava um senhor Brown e uma senhorita Smith. Era óbvio que a moça, munida das provas e dos resultados de entrevistas, candidatava-se a um cargo pedagógico.

“Sinto muitíssimo, mas não podemos aceitá-la. Notamos que você é recém-formada de uma escola de educação, e exigimos um professor com experiência em sala de aula de, no mínimo, cinco anos. Além disso, você só tem grau de bacharel e preferimos alguém com o mestrado”.

O olho do leitor então passa para o quadro seguinte, onde o senhor Brown, agora irmão Brown e superintendente da Escola Dominical, entrevista a irmã Smith, a qual rebate o pedido que ele lhe fez para ser professora: “Irmão Brown, sou nova-convertida e, na verdade, não sei muita coisa sobre a Bíblia”.

“Ora, isso não é problema”, responde ele. “A melhor maneira de aprender a Bíblia é ensina-la”.
    “Mas, irmão Brown, eu nunca ensinei aos juniores”, ela objeta.

“Oh, não deixe que isso a coíba, irmã Smith. Tudo o que exigimos é alguém com o coração disposto”, vem a resposta.

O cenário é mais do que um desenho caricatural; é um comentário de nosso baixo nível de discernimento em relação ao ensino cristão. Se você planeja ensinar que 2 + 2 são 4, precisa de cinco anos de experiência pedagógica. Se espera ensinar as crianças a dizer,  “Eu trouxe”, em vez de, “Eu truce”, provavelmente lhe exijam o mestrado. Mas, para ensinar o currículo da vida cristã, qualquer coisa é boa o bastante para Deus.

Que contraste com o desígnio para o ensino, apresentado no Novo Testamento. Segunda Timóteo 2.2 informa-nos que o ensino não é um ministério da mediocridade, mas da multiplicação. Nenhum ser humano está completamente cônscio do poder residente no ensino. Toda vez que alguém ensina, desencadeia um processo que, idealmente, nunca acaba.

Duas razões atuam para formar um argumento convincente: a Igreja tem de ensinar. Não se trata de opção, mas de uma característica indispensável; não é difícil de contentar; mas necessário. A denominação evangélica que não educa, deixa de existir como Igreja do Novo Testamento. Para que o Cristianismo seja perpetuado, precisa ser propagado.

É ordem de Jesus Cristo
Mateus 28.19,20 enfoca a lente zoom do Espírito Santo na Grande Comissão, que são as últimas palavras de Jesus Cristo ditas aos discípulos antes da ascensão dele. Cinco referências da Grande Comissão no Novo Testamento (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-48; Jo 20.21-23; At 1.8) indicam que não é algo aleatório, mas essencialmente para estratégia de nosso Senhor.

O mandato “Fazei discípulos” (ARA) inclui intrinsecamente o ensino. Mas temos de notar que o ensino requerido aqui é o de determinada espécie, isto é, “guardar [obedecer] todas as coisas” que Cristo ordenou. Em outras palavras, Seus ensinamentos foram designados para produzir informação e transformação. Esse tipo de instrução é muito exigente e inacreditavelmente difícil de se realizar.

Lucas 6.40 fornece mais apoio ao objetivo de Jesus no que se refere aos Seus ensinamentos, quando Ele diz: “Mas todo o que for perfeito será com o seu mestre”. A verdade de Deus não foi revelada para satisfazer nossa curiosidade, mas para nos conformar à imagem de Cristo.

Texto extraído da obra “Manual de Ensino Para o Educador Cristão”. Rio de Janeiro: CPAD.


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