quinta-feira, 30 de maio de 2013

LIÇÃO 9 - A FAMÍLIA E A SEXUALIDADE




SUBSÍDIO I

Pr. Elinaldo Renovato - Comentarista


VÍDEO II
Ev. Natalino das Neves


SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Deus é o Criador do sexo, visando não apenas a procriação, mas também o prazer dos cônjuges. Mas esse tem sido instrumento de banalização na sociedade contemporânea, marcada pela erotização. Na lição de hoje trataremos a respeito desse importante tema, ainda pouco compreendido, até mesmo entre os cristãos. Inicialmente apresentaremos algumas abordagens sociológicas em relação à sexualidade, em seguida, o significado bíblico da sexualidade, e por último, destacaremos os princípios cristãos para a sexualidade sadia.

1. ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS SOBRE A SEXUALIDADE
A sexualidade humana é um assunto bastante completo, além de controvertido. Isso porque envolve fatores diversos, dentre eles, o biológico, o gênero, as emoções, pensamentos, comportamentos, atitudes e valores. As abordagens sociológicas modernas e pós-modernas tendem a rechaçar a repressão à sexualidade. A teoria psicanalítica de Freud favoreceu o liberalismo sexual que testemunhamos nesses últimos anos. A percepção do sexo, para esse pensador, é uma expressão da sua animalidade. Assim sendo, sua repressão não passaria de um condicionamento social. Após o período pós-guerra, surgiu um movimento na sociedade com vistas à liberação dessa chamada “repressão sexual”. Uma manifestação concreta dessa abordagem foi a criação da revista Playboy, por Hugh Hefner. Essa atitude também resultou na coisificação da mulher, transformando-a em mero objeto de desejo. A obsessão pelo sexo, bastante comum nos dias atuais, mostra que existe algo errado em relação ao sexo. A erotização exacerbada está transformando as pessoas em sexólatras. Há inclusive uma indústria do sexo para alimentar os vícios, dentre eles a pornografia, que pode levar à prostituição. As teorias sociais mais equilibradas em relação à sexualidade reconhece que essa é tanto biológica quanto social. As pessoas nascem homem ou mulher, mas carecem também de desenvolvimento, para manifestar a sexualidade. Os aspectos psicológicos também não podem ser descartados. O desenvolvimento do desejo sexual acontece no cérebro como resposta ao estímulo social. Uma região do cérebro, denominada córtex cerebral, determina o prazer sexual. A erotização da sociedade está fazendo com que as crianças desenvolvam, cada vez mais cedo, o desejo sexual. A mídia, principalmente a televisão, explora demasiadamente o corpo feminino. Como resultado, a iniciação sexual dos jovens está acontecendo cada vez mais cedo.

2. O SIGNIFICADO BÍBLICO DA SEXUALIDADE

A sociedade contemporânea desconhece, e em alguns casos, se opõe ao modelo bíblico de sexualidade. A negação da doutrina do pecado, revelada na Bíblia, (Rm. 3.23), contribui para práticas contrárias ao padrão divino. A doutrina da queda precisa ser enfatizada, ressaltando suas implicações inclusive quanto à sexualidade. Práticas homossexuais, e também heterossexuais, estão marcadas pelo pecado. O princípio bíblico da sexualidade se encontra em Gn. 1.27,28, homem e mulher foram criados a imagem de Deus, macho e fêmea. O propósito fundamental do ato sexual é a procriação. A sexualidade, por conseguinte, é parte do projeto inicial de Deus, antes mesmo do pecado. A complementação do homem e da mulher se
concretiza com maior propriedade durante a relação sexual. O homem e a mulher foram criados, por Deus, para o prazer sexual. Após a queda, conforme atestamos em Gn. 3.17-19, a sexualidade perdeu o equilibro inicial. Isso tem resultado em distorções, não apenas no comportamento homossexual, reprovado na Bíblia (Rm. 1.24-27; I Co. 6.11), mas também heterossexual. Não apenas a prática homossexual é pecado, também a relação com animais (Lv. Dt. 27.21); a prostituição (I Ts. 4.3); a fornicação (I Co. 6.15), o estupro (Dt. 22.25,26), o incesto (Dt. 27.20-23); a poligamia (Lv. 18.18) e o adultério (Dt. 22.22). A palavra grega porneia, no Novo Testamento, comumente traduzida por imoralidade sexual, abrange toda essa gama de pecados sexuais. A sexualidade, de acordo com a Palavra de Deus, é digna de honra, pois “venerado seja entre todos o matrimônio, e o leito sem mácula” (Hb. 13.4). Ainda que Paulo tenha recomendado que o melhor fosse ficar solteiro, ele mesmo reconhece que nem todos têm esse dom (I Co. 7.7-8). Na verdade, ao invés do abrasamento, e de um celibato imposto, o melhor mesmo é casar (I Co. 7.9). E tem mais, marido e mulher têm obrigações sexuais a serem cumpridas (I Co. 7.2-5). A negação do ato sexual, defendido pelo catolicismo, é influência do platonismo grego. O livro bíblico de Cantares é uma expressão poética da sexualidade vivida de acordo o padrão divino (Ct. 1.2; 16; 4.1-5; 5.11-16; 7.1-8).

3. ORIENTAÇÕES CRISTÃS PARA A SEXUALIDADE
Existem muitas dúvidas em relação à sexualidade no contexto cristão. Os crentes geralmente querem respostas para perguntas específicas. Mas a Bíblia não apresenta respostas para todas as perguntas, apenas alguns princípios gerais. A seguir destacamos algumas orientações para a sexualidade cristã: 1) o grau de envolvimento sexual deve ser proporcional ao grau de amor e compromisso, por isso o sexo antes do casamento não pode ser motivado; 2) limites devem ser postos, a fim de evitar desejos desenfreados, que viciam; 3) os cônjuges devem testar suas motivações pessoais para o envolvimento e atividade físicas, não apenas o prazer individual; 4) a comunicação, mais propriamente, o diálogo deve fazer parte do ato sexual, os cônjuges devem conversar a respeito; 5) ambos os cônjuges são responsáveis de, através do diálogo, determinar quais são os limites da relação; 6) nem tudo pode ser permitido, ainda que, não necessariamente seja pecado, o respeito pelo outro deve ser considerado. O princípio da mutualidade deve conduzir a relação sexual, o marido e a mulher devem buscar a satisfação do outro. Como
resultado, ambos conseguirão extrair o melhor do relacionamento sexual, consoante a orientação paulina em I Co. 7.4,5. A palavra-chave grega, nesse texto, é symphomnou, isto é, em sintonia. A relação sexual entre um marido e uma mulher, como respaldada pela Bíblia, é uma harmoniosa sinfonia. Isso acontece quando a sexualidade está fundamentada em uma aliança incondicional, não em um mero contrato, ou mesmo no desejo sexual desenfreado, que é pecado. Isso também envolve graça, a aceitação das limitações do outro, inclusive na área sexual. A erotização supervalorizou o orgasmo, ele foi escolhido como manifestação da liberação sexual feminina. É natural que as mulheres o busquem, mas sem transformá-lo em uma obsessão. Os cônjuges devem tirar proveito daquilo que um pode oferecer ao outro no ato sexual, sem cobranças descabidas ou imposições. A intimidade sexual deve aumentar na medida em que também aumenta o grau de compromisso no casamento.

CONCLUSÃO
O sexo foi criado para o homem e a mulher não apenas para a procriação, mas também para o prazer. Marido e mulher, diante de Deus, e em conformidade com a Bíblia, devem investir no ato sexual. Nada há de pecado na sexualidade sadia, dentro da aliança conjugal, firmada perante Deus e os homens. A proibição do sexo, mesmo dentro do casamento, enfatizada em algumas igrejas, é influência do dualismo grego. O ato sexual, se praticado dentro dos princípios bíblicos, é também uma forma de glorificar a Deus (II Tm. 3.16).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALSWICK, J., BALSWICK, J. The Family: a christian perspective on the contemporary home. Grand Rapids: Baker Academic, 2007.
KOSTENBERGER, A. J., JONES, D. W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011.

Extraído do Blog: subsídioebd.blogspot.com.br 



 SUBSÍDIO II



INTRODUÇÃO


A Bíblia Sagrada afirma que o sexo foi obra da criação de Deus que, ao criar o homem, fê-lo sexuado. Diz a Palavra que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, mas os criou “macho e fêmea”(Gn 1:27). Este ponto distingue o homem dos anjos, por exemplo, que foram criados assexuados(Mc 12:25). Sendo assim, não
podemos admitir que o sexo seja algo antinatural, ou seja, contrário à natureza do homem ou seja algo ruim, imoral ou danoso para o ser humano, como alguns têm defendido. Tendo sido criação de Deus, nada mais justo e lógico que o próprio Deus tenha determinado os limites desta atividade humana. A primeira observação que temos com relação ao sexo é que ele deve ser realizado entre homem e mulher. Com efeito, ao criar o homem, Deus os fez macho e fêmea. Assim, a atividade sexual deve ser, sempre, feita entre pessoas de sexos diferentes. O homossexualismo é uma aberração e, salvo os poucos casos em que há distúrbios de saúde física e/ou mental, é uma expressão de rebeldia contra Deus(Rm 1:21-28; Lv 18:22).

I. QUESTÕES SOBRE A SEXUALIDADE

1. Um mundo dominado pelo erotismo. Decepcionado na sua busca da felicidade, o homem troca a felicidade inatingível pelo prazer, ou seja, pela pura sensação momentânea de bem-estar. Por isso, as atividades que geram sensações e emoções são tão procuradas nos dias de hoje, a começar do prazer sexual instintivo. Os seres humanos comportam-se, na atualidade, como verdadeiros animais irracionais, buscando parceiros para sentir momentos efêmeros de prazer na prática de relações sexuais. A beleza do sexo, em seu propósito divino, dentro do relacionamento conjugal (Hb 13:4) fora banalizada pela corrupção humana. Associado ao dinheiro, o sexo se transformou em um objeto de consumo, através do erotismo, nas revistas e propagandas para vender mercadorias, da pornografia e da prostituição (Rm 1:21-27). Os seres humanos, tomados por esse tipo de sexualidade, não se relacionam mais entre pessoas, apenas com órgãos sexuais. A Palavra de Deus, diferentemente do que é apregoado pelos adeptos do sexo “livre”, que na verdade aprisiona, estão distantes dos saudáveis padrões ensinados por Deus (1Co 6:18-20; 1Ts 4:3-7; 5:23). Vivemos em uma sociedade em que os meios de comunicação incentivam e exaltam o erotismo, a pornografia, o sexo fora do casamento e toda a sorte de perversão. É preciso ser firme e consciente de que Deus reprova tais atitudes e que vai julgar toda a iniquidade: “Ante a face do Senhor, porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua verdade” (Sl 96:13). Não podemos nos tornar complacentes com o pecado. Deus estabeleceu padrões para que tenhamos uma vida santa. Estejamos conscientes de que violar estes padrões é perigoso, pois a consequência é sempre a morte (Rm 8:13).

2. Fornicação é pecado. Fornicação é prática do sexo entre solteiros ou entre casado e solteiro (Enc. Bíblica Boyer). As Escrituras Sagradas são bem claras ao afirmar que os fornicários não herdarão o reino de Deus(At 15:29; Ef 5:5; 1Tm 1:10; Hb 12:16; Ap 21:8). Como já foi dito acima, o sexo foi estabelecido por Deus, mas tem momento certo para ser exercido: o casamento. Somente no casamento se pode praticar o sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que não esta. É com tristeza, aliás, que vemos, cada vez mais, uma tolerância de muitos na igreja com relação a este princípio bíblico, permitindo-se o sexo antes do casamento entre “pessoas já comprometidas”, como se isto fosse possível. Cuidado, Jesus nos disse que nosso falar deve ser sim, sim, não, não e o que sai disto é de procedência maligna (Mt  5: 37). As bases do casamento são lançadas no namoro e alicerçadas no noivado. Se essas bases forem lançadas sobre a desobediência a Deus, na prática da fornicação, estão correndo sério risco de não terem a bênção de Deus. Não adiantará uma cerimônia pomposa, com dezenas de testemunhas, vestido de noiva com véu e grinalda, com modelo personalizado, nem uma recepção no melhor clube da cidade. Ter a bênção de Deus no casamento é muito mais importante. Pense nisso!

3. Prazer no casamento. O sexo foi criado por Deus tanto para a procriação quanto para a recreação do casal. Por meio dele, a união heterossexual tem dado prosseguimento à ordem divina de fazer com que homens e mulheres perpetuem suas gerações; e por meio também do sexo, Deus traz o prazer ao casal. O sexo no casamento é abençoado por Deus. Além de abençoado é responsabilidade de um cônjuge satisfazer a necessidade sexual do outro, como ensinou Paulo: “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração…” (1Co 7:2-5). Nesta passagem bíblica, Paulo doutrina os casais acerca do relacionamento sexual. Ele deixou claro que, com o casamento, um cônjuge tem direito sobre o corpo do outro, ou seja, o corpo de um pertence ao outro. Mas é bom ressaltar que não havendo atração física, ou desejo carnal entre ambos os cônjuges, a atividade sexual, que deve ser algo espontâneo, pode se tornar uma obrigação; deixa de ser algo agradável, para se tornar um sofrimento, uma tortura, e não um ato de amor. A falta do “eros”(atração física) tem sido a causa do fracasso de muitos casamentos, na Igreja. Casando-se, apenas, por afinidades espirituais, a atividade sexual vai ser prejudicada, no futuro. Haverá problemas no relacionamento entre os cônjuges. Por falta de conhecimento bíblico, por não entender todo plano de Deus acerca do casamento, muitos afirmam, e afirmam erradamente, que o que importa é a beleza interior. A beleza interior é importante no altar, mas não na cama. O espírito se compraz com a beleza interior e esta é vista e sentida através do amor “ágape”; mas, o amor “eros”  é alimentado com a beleza exterior, beleza que enche os olhos e desperta o desejo. A beleza interior é importante e necessária para o viver com Deus - “…porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”(1Sm 16:7). O amor “ágape” faz com que um cônjuge veja a beleza interior do outro - e sintam comunhão espiritual. O amor “eros” faz com que um cônjuge veja a beleza física, ou exterior do outro - e sintam atração física.

Extraído do Site: EBDweb.


 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

LIÇÃO 8 - EDUCAÇÃO CRISTÃ, RESPONSABILIDADE DOS PAIS



VÍDEO I
 Prof. Fábio Segantin


SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Vivemos em dias difíceis, a respeito dos quais tratou Paulo em sua Epístola a Timóteo (II Tm. 3.1-2). Especialmente para a criação dos filhos no temor do Senhor, tendo em vista que os valores cristãos estão sendo cada vez mais solapados pela mídia. Diante dessa situação, estudaremos, na lição de hoje, a respeito da importância da educação cristã, principalmente no contexto familiar, sob a responsabilidade dos pais. Inicialmente trataremos a respeito da educação no Antigo, e depois no Novo Testamento. Ao final, faremos um apelo para que os pais invistam não apenas na formação profissional, mas também espiritual dos seus filhos.

1. EDUCAÇÃO CRISTÃ, CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O conceito de educação é bastante amplo, e por demais complexo. O verbo educar, em latim, significa instruir, orientar. Mas as definições de educação dependem bastante das concepções teóricas envolvidas. Em várias instituições educacionais, a abordagem educacional está atrelada à mera informação. A maioria das escolas dos dias atuais, preocupadas com o mercado de trabalho, repassam apenas conteúdos. A educação é meramente bancária, os alunos vão para a escola apenas para receberem informações. Por conseguinte, valores que deveriam ser trabalhados pela escola, tais como o respeito pelo próximo, são relegados a segundo plano. Um reflexo desse modelo educacional é a ausência de posicionamentos éticos por parte daqueles que frequentam os bancos escolares. Os alunos estudam bastante, conseguem entrar nas universidades, mas não se comprometem com o outro. Evidentemente isso acontece também porque a filosofia educacional que predomina nas escolas é materialista. A ênfase no mercado e a desconsideração de uma ética maior estão fortalecendo o individualismo. De modo que, na sociedade, e às vezes nas igrejas, o tratamento é cada um por si, ninguém considera mais o próximo. Isso acontece também por falta de uma cosmovisão cristã em relação à educação. Não podemos esquecer que o ser humano caiu no Éden, e isso resultou no distanciamento do Criador e do próximo. Em consonância com a pedagogia de Jesus, precisamos ensinar a verdade às pessoas, inclusive às crianças, pela Palavra de Deus (Mc. 4.33; Lc. 24.27). O Mestre Jesus valorizava as pessoas, independentemente da condição social, fosse uma adúltera, como a mulher samaritana (Jo. 4), ou um doutor da lei, como Nicodemos (Jo. 3). A educação cristã, seja na igreja ou na família, deve partir das Escrituras, que é útil, a fim de conduzir as pessoas à santificação (II Tm. 3.16).

2. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO

Antes de 2.500 a. C já identificamos, no Antigo Testamento, um sistema educacional formal e estruturado, a fim de treinar as crianças, desde a infância (Pv. 22.6). A educação, naquele contexto, deveria oportunizar o desenvolvimento de uma profissão, mas, sobretudo, o caráter. Samuel é um exemplo de um jovem que fora instruído, desde cedo, ao serviço do Senhor, sob a supervisão do sacerdote Eli (I Sm. 3.10). A competência para a leitura, tendo em vista o domínio das leis, era estimulada desde cedo (Dt. 6.9; 17;18,19; 27.2-8; Js. 18.4,9; Jz. 8.14; Is. 10.19). Talvez por causa do excesso de imagem, principalmente por causa da influência da televisão, as crianças estão lendo cada vez mais tarde. Isso é preocupante, ao invés de lerem um livro, que desperta a imaginação, procuram antes o filme. No Antigo Pacto as ordenanças divinas eram valiosas, por isso deveriam ser ensinadas (Dt. 4.9,10; 6.20), a fim de desenvolver princípios éticos (Lc. 19.2). A instrução não se voltava apenas ao domínio das leis, mas, principalmente, à justiça social (Am. 2.6,7), e ao temor do Senhor, princípio de toda sabedoria (Pv. 1.2-4; 9.10). Durante o cativeiro babilônico surgiu a sinagoga, que serviu como instituição formal para a educação, para a leitura da Torá. A primeira escola do judeu era o seu lar, em casa os filhos aprendiam os rudimentos da fé. Isso porque, na cultura judaica, a família era a base da sociedade. As crianças tinham valor, e pesava, sobre os pais, a responsabilidade de educá-los, por serem dádivas de Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3; 128.3,4). Alguns pais não querem mais se comprometer com a educação dos seus filhos. Por causa do ativismo, inclusive na igreja, muitos pais estão deixando os filhos à mercê da televisão. Os estragos têm sido os mais terríveis, filhos inseguros, com valores distorcidos, tomados pela rebeldia. O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a formação artística (I Sm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na construção do caráter. A instrução quanto as prendas domésticas também recebia atenção, principalmente para as meninas (Ex. 35.25; II Sm. 13.8).

3. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO

O estudo ocupou papel de destaque no ministério de Jesus, não por acaso a Ele se referiam como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Jesus ensinava, a multidão ficava maravilhada com Suas instruções (Mt. 5.1). O conteúdo da Sua mensagem era o evangelho do Reino, fundamentado na Palavra de Deus (Mt. 4.23). A pedagogia do Reino, conforme ensinada por Jesus, estava fundamentada no amor-agape (Mt. 12.31; Jo. 15.12). Essa é uma falha no sistema educacional humano. Ninguém fala em amor, o afeto, uma carência fundamental do ser, está sendo desconsiderada. Os escritos de alguns educadores, dentre eles Paulo Freire e Rubem Alves, têm alertado os professores para esse importante aspecto. Contrariando a lógica do mercado, que sempre quer tirar vantagem em tudo, Jesus ensina a perdoar, e às vezes a ganhar através da perda (Mt. 18.21). A coisificação do ser, resultante do modelo de mercantilização da pessoa, deve dar lugar à dignidade. Jesus respeitava as pessoas, não desprezava as mulheres e as crianças, o que era comum naqueles dias (Mt. 18.1,10). Mas Jesus também chamou a atenção para a realidade do pecado. As crianças estão cada vez menos comprometidas com outro porque não são ensinadas a esse respeito. O pecado tem causado transtornos terríveis à sociedade, o maior deles é o distanciamento de Deus (Rm. 3.23). A supervalorização do dinheiro, bastante comum hoje em dia, deve ser questionada, tanto na igreja quanto no lar (Mc. 10.21). Os pais precisam não apenas através das palavras, mas também de ações, mostrar aos filhos que não são controlados pelo consumismo. Existem várias métodos para o ensino da Palavra de Deus às crianças, as estórias tem muito efeito. Jesus era um contador de histórias, suas parábolas atraiam a atenção dos ouvintes (Mt. 13.3). O Mestre aproveitava todas as oportunidades e lugares para ensinar os princípios divinos (Lc. 9.14). Os pais precisam investir em momentos familiares para a formação dos seus filhos.

CONCLUSÃO

Os filhos são herança de Deus, recompensa do Senhor (Sl. 127.3), por isso devem ser ensinados com amor a fim de que desenvolvam o temor a Deus (Ef. 6.1-4). A educação secularizada, a não ser nas escolas confessionais evangélicas, não investe na formação espiritual das crianças. Diante dessa realidade, a igreja, através da Escola Dominical, e os pais, no convívio doméstico, devem instruir seus filhos nos caminhos do Senhor. A orientação de Pv. 22.6, que  se trata de um princípio geral, deve nos motivar à educação cristã dos nossos filhos, a fim de que esses, quando crescerem, permaneçam na Palavra de Deus.

REFERÊNCIAS
GANGEL, K., HENDRICKS, H. (eds.) Manual de ensino para o educador. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
LEBAR, L. E. Educação que é cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

Extraído do Blog: subsídioebd.blogspot.com.br



SUBSÍDIO II


ENSINO CRISTÃO: decreto de Deus

“Ele parece não fazer algo de Si mesmo que possivelmente possa delegar às Suas criaturas. Ordena-nos que façamos lenta e desajeitadamente o que Ele poderia fazer perfeitamente e num piscar de olhos. [...] Talvez não percebamos o problema em sua inteireza, por assim dizer, de permitir que vontades finitas coexistam com a Onipotência.

Parece envolver em cada momento quase que uma espécie de abdicação divina”. (C.S.Lews)

Certo cartum retratava um senhor Brown e uma senhorita Smith. Era óbvio que a moça, munida das provas e dos resultados de entrevistas, candidatava-se a um cargo pedagógico.

“Sinto muitíssimo, mas não podemos aceitá-la. Notamos que você é recém-formada de uma escola de educação, e exigimos um professor com experiência em sala de aula de, no mínimo, cinco anos. Além disso, você só tem grau de bacharel e preferimos alguém com o mestrado”.

O olho do leitor então passa para o quadro seguinte, onde o senhor Brown, agora irmão Brown e superintendente da Escola Dominical, entrevista a irmã Smith, a qual rebate o pedido que ele lhe fez para ser professora: “Irmão Brown, sou nova-convertida e, na verdade, não sei muita coisa sobre a Bíblia”.

“Ora, isso não é problema”, responde ele. “A melhor maneira de aprender a Bíblia é ensina-la”.
    “Mas, irmão Brown, eu nunca ensinei aos juniores”, ela objeta.

“Oh, não deixe que isso a coíba, irmã Smith. Tudo o que exigimos é alguém com o coração disposto”, vem a resposta.

O cenário é mais do que um desenho caricatural; é um comentário de nosso baixo nível de discernimento em relação ao ensino cristão. Se você planeja ensinar que 2 + 2 são 4, precisa de cinco anos de experiência pedagógica. Se espera ensinar as crianças a dizer,  “Eu trouxe”, em vez de, “Eu truce”, provavelmente lhe exijam o mestrado. Mas, para ensinar o currículo da vida cristã, qualquer coisa é boa o bastante para Deus.

Que contraste com o desígnio para o ensino, apresentado no Novo Testamento. Segunda Timóteo 2.2 informa-nos que o ensino não é um ministério da mediocridade, mas da multiplicação. Nenhum ser humano está completamente cônscio do poder residente no ensino. Toda vez que alguém ensina, desencadeia um processo que, idealmente, nunca acaba.

Duas razões atuam para formar um argumento convincente: a Igreja tem de ensinar. Não se trata de opção, mas de uma característica indispensável; não é difícil de contentar; mas necessário. A denominação evangélica que não educa, deixa de existir como Igreja do Novo Testamento. Para que o Cristianismo seja perpetuado, precisa ser propagado.

É ordem de Jesus Cristo
Mateus 28.19,20 enfoca a lente zoom do Espírito Santo na Grande Comissão, que são as últimas palavras de Jesus Cristo ditas aos discípulos antes da ascensão dele. Cinco referências da Grande Comissão no Novo Testamento (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-48; Jo 20.21-23; At 1.8) indicam que não é algo aleatório, mas essencialmente para estratégia de nosso Senhor.

O mandato “Fazei discípulos” (ARA) inclui intrinsecamente o ensino. Mas temos de notar que o ensino requerido aqui é o de determinada espécie, isto é, “guardar [obedecer] todas as coisas” que Cristo ordenou. Em outras palavras, Seus ensinamentos foram designados para produzir informação e transformação. Esse tipo de instrução é muito exigente e inacreditavelmente difícil de se realizar.

Lucas 6.40 fornece mais apoio ao objetivo de Jesus no que se refere aos Seus ensinamentos, quando Ele diz: “Mas todo o que for perfeito será com o seu mestre”. A verdade de Deus não foi revelada para satisfazer nossa curiosidade, mas para nos conformar à imagem de Cristo.

Texto extraído da obra “Manual de Ensino Para o Educador Cristão”. Rio de Janeiro: CPAD.


terça-feira, 14 de maio de 2013

LIÇÃO 7 - O DIVÓRCIO



V Í D E O  I


Pr. Elinaldo Renovato - Comentarista


V Í D E O  II
Pr. Jeferson França - AD Londrina



SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
A aula de hoje tende a ser polêmica, tendo em vista que o tema divórcio, é um dos assuntos mais controvertidos das Escrituras. Ciente dessa realidade, objetivamos, com esta aula, não apenas esclarecer, com base na Bíblia, o que é e as possibilidades de divórcio, mas, também, apresentar encaminhamentos para que os crentes evitem, sempre que possível, passar por essa experiência frustrante.

1. O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO
A palavra divórcio, do latim “divortium”, significa separar-se e diz respeito ao acordo judicial que os cônjuges, em comum acordo, decidem, perante a lei, dissolver o vínculo do casamento. No Antigo Testamento, essa prática era concretizada através da dissolução do vínculo matrimonial, dando o direito da parte inocente contrair novas núpcias (Dt. 24.2), a esse tipo de divórcio, ou repúdio, Jesus se refere em Mt. 5.31,32; 19.9. As razões que justificam o divórcio, de acordo com a Lei Mosaica, se encontram em Dt. 24.1-4, expressamente quando o homem identificasse, na mulher, uma “coisa indecente” ou “feia”. Em conformidade com a Lei de Moisés, o homem não podia conceder divórcio à mulher por dois motivos: 1) quando a esposa fosse acusada falsamente de infidelidade sexual (Dt. 22.13-19); e 2) quando um homem tirasse a virgindade de uma mulher e fosse compelido a se casar com ela (Ex. 22.16,17; Dt. 22.28,29). No Antigo Testamento, encontramos dois contextos nos quais o divórcio foi recomendado, o primeiro no caso de casamentos mistos, depois que os judeus retornaram do cativeiro babilônico (Ed. 9 e 10; Ne. 13). Em Ml. 2.16, texto no qual Deus revela Sua insatisfação com o divórcio, também, nos versículos 14 e 15, orienta para que os judeus retornem à mulher da sua mocidade. As tentativas de interpretação dos textos do Antigo Testamento deu origem, no período interbíblico, a duas escolas: Shammai – extremamente radical, defendia que o divórcio somente poderia acontecer em casos de adultério. Para esse rabino judeu, a “coisa indecente” de Dt. 24.1 se referia ao pecado sexual; Hillei, - mais liberal, argumentava que o divórcio poderia acontecer por qualquer motivo, assim sendo, a expressão “coisa indecente”, seria qualquer coisa que o marido não gostasse na mulher. Se o marido não gostasse da comida preparada por sua esposa poderia considerar isso uma “coisa indecente”, justificando o divórcio.

2. O DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO
Esse era o contexto no qual o Senhor Jesus se deparou, e a respeito do qual lemos em Mt. 5.31,32, em que o Mestre se opõe ao divórcio por qualquer motivo, a não ser em virtude de relações sexuais ilícitas. Certamente o divórcio era muito comum naqueles dias, não por acaso a mulher samaritana já havia se divorciado cinco vezes (Jo. 4.18), o objetivo do Senhor era coibir as interpretações demasiadamente liberais a respeito do assunto. A palavra grega para “relações sexuais ilícitas” é porneia, que aparece no Novo Testamento para se referir não especificamente ao adultério, mas a prostituição, fornicação, adultério e imoralidade. Esse termo grego é mais amplo, e diz respeito a todo e qualquer tipo de relação sexual ilícita, diferentemente de moicheia, que tecnicamente se refere ao adultério, restrito aos casados (Mc. 7.21). Em Mt. 19.3-12, o divórcio explicitado por Jesus está no contexto de uma pergunta feita pelos fariseus, com base nas escolas de interpretação em evidência na época, mais especificamente a de Shammai e Hillei (Mt. 19.3). Os fariseus queriam posicionar Jesus dentro de uma dessas escolas de interpretação judaica em relação ao divórcio. A resposta de Jesus não se inscreve em nenhuma dessas escolas, Ele remete diretamente ao princípio escriturístico de Gn. 2.24, da indissolubilidade do casamento. O Senhor adverte que “quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas (porneia no grego) e casar com outra, comete adultério (moicheia no grego). Através de Moisés, Deus permitiu que se entregasse Carta de Divórcio (ou de Repúdio) por causa da dureza do coração dos homens (Mt. 19.7,8). O divórcio, por conseguinte, é resultante da natureza caída, da perversão dos corações dos homens. Nas Epístolas de Paulo existem poucas passagens alusivas ao divórcio, as principais delas são Rm. 7.1-3 e I Co. 7.10-15. Na primeira passagem o apóstolo dos gentios não está tratando diretamente a respeito do divórcio, antes pretende ilustrar, a partir da indissolubilidade do casamento, a liberdade que há em Cristo, em comparação com a Lei Mosaica. Como regra geral, enquanto o marido viver a mulher estará ligada a ele pelo matrimônio, mas Paulo não está tratando da exceção, quando ocorre divórcio (Rm. 7.3). Na passagem da Epístola aos Coríntios, Paulo orienta os casais crentes, mais especificamente às mulheres, que “não se apartem dos seus maridos”, mesmo que eles sejam descrentes. A exceção é se o marido descrente não quiser conviver com a esposa crente, e resolver abandoná-la, nesse caso ela está livre, não mais sujeita à servidão (I Co. 7.10-15). Evidentemente todo esforço deve ser feito para que as partes vivam em paz, e que haja espaço para a reconciliação, o divórcio deve ser sempre a última saída. Como o texto bíblico afirma que a parte vitimada “não fica sujeito à servidão”, infere-se que essa está livre para contrair novas núpcias, contanto que seja “no Senhor” (I Co. 7.39).

3. O DIVÓRCIO E A IGREJA
No Brasil o divórcio foi instituído, oficialmente, com a Emenda Constitucional n. 9, de 28 de junho de 1977 e regulamentada pela Lei 6515 de 26 de dezembro desse mesmo ano. A Lei 11441, de 4 de janeiro de 2007, facilitou mais ainda a ocorrência do divórcio, tendo em vista que esse passou a ser requerido por via administrativa, dispensando a necessidade de uma Ação Judicial, bastando apenas que um advogado compareça ao tabelionato de notas com um requerimento, mas essa facilidade somente é possível caso os casados não tenha filhos menores ou incapazes. O divórcio no Brasil tem crescido consideravelmente, em 23 anos, deu um salto para 200%, um divórcio para cada quatro casamentos. Em 2009 surgiu a PEC 0028/2010, que posteriormente se transformou na EC 66/2010, que simplifica a concretização do divórcio, acabando com o cumprimento de prazos para a sua realização. Mas o posicionamento da Igreja deve ser diferente daquele exarado na Legislação. O divórcio, em oposição ao que vem fazendo o governo, não deve ser incentivado pela Igreja. Os dois casos com respaldo bíblicos para o divórcio são: a imoralidade sexual da parte do cônjuge e o abandono do descrente pela parte incrédula. Nesses casos, ao que tudo indica, há possibilidade de novo casamento. Evidentemente a Igreja precisa ser cuidadosa e avaliar cada caso individualmente, um exemplo é o de irmãs que não são abandonadas pelo marido descrente, mas que são vítimas de espancamento. Outro aspecto a ser considerado é o caso de pessoas que se divorciaram antes de virem para a igreja, no tempo da ignorância (At. 17.30), não podendo ser julgadas a partir dos mesmos critérios daqueles que sempre foram crentes (II Co. 5.17). As pessoas que passaram pela frustrante e angustiante experiência do divórcio, especialmente antes de se tornarem crentes, devem ser amparadas pela igreja, como fez Jesus com a mulher samaritana (Jo. 4.17,18).

CONCLUSÃO
Consoante ao exposto, compreendemos, pela Bíblia, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, que o divórcio não deve ser incentivado pela igreja. Muito pelo contrário, o princípio da indissolubilidade do casamento, como aliança, é a base do relacionamento. Mas por causa da imoralidade sexual, e do abandono do cônjuge, é possível que o casamento termine em divórcio. Nesses casos, a parte vitimada tem liberdade de contrair novas núpcias, contanto que seja no Senhor.

REFERÊNCIAS
LUGT, H. V. Divórcio: o que a Bíblia ensina. Curitiba: Publicações RBC, 2008.
SILVA, E. S. Analisando o divórcio à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.




SUBSÍDIO II

DIVÓRCIO NO PERÍODO INTERBÍBLICO

Entre os judeus, havia duas escolas importantes, que ditavam as normas de comportamento para sociedade. Essas normas vigiam no tempo de Jesus.

A Escola de Shammai

Este rabino tinha uma interpretação radical do Deuteronômio 24.1.

Segundo seu entendimento, a carta de divórcio só podia ser dada à mulher em caso de fornicação ou infidelidade conjugal. De certa forma, era uma evolução do pensamento judaico, pois uma leitura cuidadosa do texto referido dá a entender que a mulher só podia ser despedida se o homem achasse nela “coisa feia”, ou “coisa indecente”, sem que isso fosse a prática de infidelidade ou prostituição, visto que às mulheres infiéis só restava a pena de morte (cf. Lv 20.10; Dt 22.20-22). Mas a visão de Shammai era bem aceita por grande parte dos intérpretes da Lei.

Veremos que Jesus corroborou esse pensamento, quando doutrinou sobre o assunto.

A Escola de Hillel

Este era um rabino de visão liberal, e favorecia a posição do homem em relação à mulher. Para ele, o homem poderia deixar sua mulher, divorciando-se dela, “por qualquer motivo”, por qualquer “coisa feia”, ou “coisa indecente”. Tais coisas seriam as que já enumeramos antes: andar de cabelos soltos, falar com homens que não fossem seus parentes, maltratar os sogros, falar muito alto, etc. Assim, o homem podia divorciar-se a seu bel-prazer. Com isso, o divórcio, ao invés de proteger a mulher, dando-lhe direito a uma nova oportunidade de constituir um lar, fê-la uma vítima em potencial dos caprichos machistas da época.

Segundo o Dr. Alfred Edersheim, a mulher podia, “como exceção, divorciar-se, no caso de ser o marido leproso ou trabalhar em serviço sujo, por exemplo, em curtume ou em caldeira, e também no caso de apostasia religiosa, caso abraçasse uma religião herética” (citado em Divórcio à Luz da Bíblia, p.30). Esse último conceito não tem base veterotestamentária. Era uma evolução da lei judaica.

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“[...] Existem duas linhas opostas sobre o divórcio: uma que crê que Jesus revogou o divórcio previsto em Deuteronômio 24.1-4; outra que admite que o Novo Testamento permite o divórcio em situações excepcionais[...].

Analisando o divórcio à luz da Bíblia, vimos que ele estava previsto na lei de Moisés e era realizado nos tempos do Antigo Testamento. Era uma prática comum nas comunidades judaica, grega e romana, nos dias do ministério terreno de Jesus e de seus apóstolos. Vimos também que o divórcio está amparado pelo Novo Testamento nos seguintes casos: prática de prostituição (MT 5.31,32; 19.9) e impossibilidade de reconciliação entre os cônjuges em casais mistos, desde que a iniciativa seja da parte descrente (1 Co 7.15). Fora isso, o divórcio será adultério, caso o divorciado ou a divorciada contraia novas núpcias. 

    John Stott, em sua obra Grandes Questões sobre o Sexo, declara de maneira resumida o propósito de Deus com o casamento e de que maneira o divórcio é visto biblicamente, nos seguintes termos:

1.    Deus criou o homem, no princípio, macho e fêmea, tendo ele mesmo instituído o casamento. Era seu propósito e ideal que a sexualidade humana se realizasse através do casamento, e que esta fosse uma união exclusiva, amorosa e vitalícia.

2.    Em nenhum lugar da Escritura se aconselha ou se encoraja o divórcio. Pelo contrário, mesmo no caso de ser biblicamente justificado ele continua sendo um lamentável pecado em relação ao ideal divino.

3.    O divórcio e o novo casamento são permissíveis (não imperativos) sobre duas bases. A primeira é aquela em que há uma parte inocente e outra culpada de imoralidade sexual. Em segundo lugar, o cristão pode concordar com a deserção do cônjuge no caso de este se recusar a viver com ele ou ela.

Entretanto, em ambos os casos a permissão é concedida em termos negativos e relutantes. Somente querendo alguém se divorciar sobre o fundamento de infidelidade conjugal é que recasamento não resulta em adultério. Somente se a parte não cristã insiste na não convivência é que a parte cristã “não está mais sujeita” (STOTT, 1993, pp. 93,94).

Sem essa compreensão sobre casamento e divórcio, fica difícil para o pastor aconselhar as pessoas que se encontram nessa situação. Quem defende tais princípios terá condições de êxito no aconselhamento para os casais. Essa linha resumida, traçada acima por John Stott, é o padrão que a maioria das igrejas evangélicas segue, e está amparada pela Palavra de Deus.”

Texto extraído da obra “ Casamento, Divórcio e Sexo À Luz da Bíblia”, editada pela CPAD.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

LIÇÃO 6 - A INFIDELIDADE CONJUGAL

  
VÍDEO I
 Elinaldo Renovato - Comentarista


VÍDEO II
Prof. Fábio Segantin


SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

A infidelidade conjugal é um sério problema, e que compromete o futuro do casamento. Por isso, a igreja precisa aprender a lidar biblicamente com essa realidade. Na aula de hoje trataremos a respeito do conceito bíblico de infidelidade, bem como da sua abordagem, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Ao final, apresentaremos encaminhamentos práticos a fim de evitar a infidelidade no casamento.

1. A INFIDELIDADE CONJUGAL: definição bíblico-teológico 

A infidelidade conjugal, no contexto bíblico, diz respeito ao ato sexual de uma pessoa casada com outra que não é o seu cônjuge. O termo mais específico para a infidelidade conjugal é adultério, tendo em vista que o ato sexual antes do casamento é reconhecido como fornicação. A palavra hebraica no Antigo Testamento para adultério é naaph, que aparecem em dois contextos distintos. No primeiro diz respeito à violação do relacionamento conjugal em que o esposo ou a esposa tem um envolvimento sexual com uma terceira parte. Essa palavra ocorre mais de trinta vezes, principalmente na literatura profética, para se referir ao adultério moral de Israel, seu distanciamento de Deus (Jr. 2.33; 7.9; 23.14; 29.23; Os. 4.2; Ml. 3.5). No Novo Testamento, a palavra grega para adultério é moichos, substantivo associado àqueles que se tornaram culpados em virtude da infidelidade conjugal (Lc. 18.11; I Co. 6.9; Hb. 13.4). Esse termo também é usado metaforicamente, para fazer referência às pessoas que traíram a Cristo, e se envolveram com o mundo (Tg. 4.4). Atrelado a essa palavra encontramos também o termo grego moicheia, que é o pecado físico do adultério (Mt. 15.19; Mc. 7.21; Jo. 8.3; Gl. 5.19). Na língua portuguesa, a palavra adultério vem do grego adulterium, que significa dormir em cama alheia. Mas é preciso ter cuidado para não confundir adultério – moicheia em grego, com imoralidade sexual – porneia em grego, tem a ver com fornicação, ou qualquer tipo de imoralidade sexual (Mt. 5.32).

2. A INFIDELIDADE CONJUGAL NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

O adultério era terminantemente proibido no Antigo Testamento (Dt. 5.18), mais especificamente no Decálogo (Ex. 5.18). O pecado da infidelidade conjugal, ou mais precisamente, do adultério, era tão grave que a punição deveria ser com a morte (Lv. 20.10; Dt. 22.22). A recomendação rabínica era que a morte deveria acontecer por estrangulamento. Nos tempos de Jesus, a punição se dava por apedrejamento, e que os culpados deveriam ser pegos no ato do pecado (Jo. 8.5). O adultério era tido como um crime horrendo no Antigo Pacto (Jó. 31.11), por isso os profetas advertiram o povo de Israel quanto ao envolvimento nesse tipo de pecado (Pv. 2.17). O profeta Natan repreendeu o rei Davi por causa do seu pecado de adultério, seguido de homicídio (II Sm.  12.7), o qual orou a Deus, suplicando perdão (Sl. 51). Os livros sapienciais, com maior propriedade o de Provérbios, trazem instruções a fim de que o homem não se envolva em pecado de adultério (Pv. 6.29-32). A gravidade do adultério é percebida também na Bíblia porque esse pecado justifica o divórcio (Dt. 24.1; Mt. 19.9). Isso porque o adultério compromete os laços conjugais (I Co. 6.15-17; Hb. 13.4) concretizados no enlace matrimonial (Gn. 2.24). Para Jesus, o ato do adultério vai além do contato dos corpos, o olhar desejoso de um homem para um mulher, cometeu pecado em seu coração (Mt. 5.28). A prática constante do adultério pode resultar em apostasia, provocando esfriamento espiritual, e distanciando a pessoa de Cristo (I Co. 6.9,10). O caso de adultério – ou infidelidade conjugal – de Davi, anteriormente mencionado, revela algumas lições: 1) ninguém está imune à tentação, qualquer pessoa pode cair em adultério, até mesmo um guerreiro como Davi (I Sm. 18.7-8; I Co. 10.12); 2) o melhor é permanecer no local planejado por Deus, não se distanciar dos Seus desígnios (I Sm. 11.1); 3) não se deve alimentar pensamentos pecaminosos, que incitem à concretização do adultério (II Sm. 11.2-5; I Co. 6.18); 4) não adianta acobertar o pecado da infidelidade, é preciso buscar arrependimento, e voltar-se para Deus (II Sm. 11.6-13); e 5) Nem tudo está perdido, Deus perdoa o pecado de adultério, e tem poder para restaurar o espírito quebrantado (I Co. 6.11; II Co. 5.17).

3. RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS PARA EVITAR A INFIDELIDADE CONJUGAL

Os cristãos estão sujeitos à infidelidade conjugal, por isso, devem fazer todo o possível para não caírem nesse pecado. As pessoas são diferentes, algumas delas são mais propensas à infidelidade conjugal, essas devem ter cuidado redobrado, estarem atentos aos seus limites (I Co. 10.12). O esposo deve permanecer ciente do seu compromisso com sua esposa, e deve tratá-la com amor, como Cristo se sacrificou pela Sua igreja (Ef. 5.25). É preciso estar atento às fragilidades emocionais, muitos casos de infidelidade conjugal acontecem porque um dos cônjuges se encontra emocionalmente fragilizado. Por isso, quando precisar de aconselhamento, não conte sua situação para uma pessoa do sexo oposto, mesmo que seja um colega de trabalho, ou da igreja. Mais importante que isso, antes de se envolver em um ato de infidelidade conjugal, calcule as consequências, geralmente são desastrosas, principalmente para a vida espiritual (Ap. 22.15). O marido e a esposa têm responsabilidades conjugais no casamento, inclusive em relação ao sexo. O relacionamento sexual, dentro do casamento, deve ser uma prática constante (I Co. 7.5). A partir do livro de Provérbios, que apresenta recomendações práticas a fim de evitar o adultério, extraímos alguns conselhos, particularmente com base em Pv. 2.16,17: 1) Não se entregar às palavras lisonjeias, essa orientação serve tanto aos homens quanto às mulheres, pois a infidelidade conjugal começa com o uso de expressões elogiosas (Pv. 2.16), os lábios que conduzem ao adultério são perniciosos (Pv. 5.3; 6.24; 7.5, 21,23); 2) Não se esqueça de que você é alguém comprometido, tanto com Deus quanto com seu cônjuge (Pv. 2.17). Os cônjuges, mesmo geograficamente distantes, estão unidos através dos laços conjugais. O marido ou mulher não podem trocar  as carícias de amor, por aqueles oferecidos nas ruas, ou outros ambientes pecaminosos (Pv. 7.10-12); 3) Os cônjuges não estão ligados apenas por um contrato, mas por uma aliança, cujo fundamento é a Palavra de Deus (Pv. 2.17). O elo que firma essa aliança é o amor (Fp. 1.9), que deve ser cultivado no casamento cristão, e não pode ser rompido pelo fogo destruidor do adultério.

CONCLUSÃO
A infidelidade conjugal tem causado muitos estragos nos relacionamentos, até mesmo entre os cristãos. É preciso estar atento aos perigos do adultério, suas consequências são desastrosas para a vida do casal, inclusive para os filhos. Marido e mulher devem investir na relação, inclusive sexualmente, evitando, assim, a fragilização que pode conduzir ao pecado. Acima de tudo deve prevalecer o amor-agape, que se sacrifica, e motiva à obediência (Jo. 14.21).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUGHES, K., HUGHES, B. Disciplinas da família cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

SOARES, E. Casamento, divórcio e sexo à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

Extraído do Blog: subsídioebd.blogspot.com.br



SUBSÍDIO II


A INFIDELIDADE CONJUGAL
 A infidelidade conjugal (adultério), do hebraico na’aph é uma das práticas condenadas nos Dez Mandamentos: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Um caso de infidelidade conjugal no Antigo Testamento bastante conhecido é o de Davi: E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele, se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou ela para sua casa. (2 Sm 11.3-4)

As consequências deste episódio foram trágicas, pois culminou na trama da morte do marido de Bate-Seba, Uriaz (2 Sm 11.14-17). Davi pagou um alto preço por isso (2 Sm 12.14-19). Apesar do grande erro cometido, ao assumir seu pecado e demonstrar sincero arrependimento, a graça e a misericórdia de Deus se manifestaram em forma de perdão absoluto (2 Sm 12.13), isentando Davi das consequências legais de sua inflação: Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera. (Lv 20.10)

Em soberania e graça Deus concedeu o seu perdão a Davi. Quem pode contestá-lo? Quem é o legalista que confrontará o Senhor por ministrar em graça o seu perdão? No Novo Testamento o tema infidelidade conjugal (adultério) é tratado por Jesus: Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. (Mt 5.27-28)

O termo grego para “adultério” é moicheúseis, e para “cobiçar” epithumesai, que no contexto implica em ansiar, desejar possuir. Jesus foi para além da letra da Lei e dos comportamentos aparentes, enfatizando o “espírito” da Lei e as intenções do coração (homem interior). Conforme A. T. Robertson: Jesus situa o adultério nos olhos e no coração antes do ato externo. Wunsche (Beitrage) cita duas declarações rabínicas pertinentes ao tema traduzidas por Bruce: “Os olhos e o coração são dois corretores do pecado”. (Comentário Mateus & Marcos: à luz do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 73)
Dessa forma, mais uma vez os legalistas sofreram um duro golpe, pois com certeza, muitos dos que condenavam e apontavam os pecados alheios “concretizados” se viram incluídos no rol de adúlteros.


Outro episódio bastante conhecido no Novo Testamento é o da mulher pega em fragrante adultério: E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais. (Jo 8.3-11) 

Mais uma vez a graça é manifesta em forma de atenção, compaixão, perdão e responsabilização. Sim, a graça perdoa, mas responsabiliza: “Vai-te em paz e não peques mais“. 

INFIDELIDADE CONJUGAL E PERDÃO 

A infidelidade conjugal (adultério) na vida do cristão geralmente é resultado de uma associação de fatores, dentre os quais: Acomodação com a vida espiritual (negligência na vida de oração e falta de vigilância), vida carnal, conflitos no casamento, etc.

A infidelidade promove na vida dos cônjuges e dos familiares dores, frustrações, angústias e tantos outros males (espirituais, sociais, morais e emocionais), podendo inclusive destruir o casamento e a harmonia familiar.

Diante de toda essa realidade é preciso deixar claro que a infidelidade conjugal se enquadra na categoria de pecado, e nesta condição é possível de ser perdoado. Essa possibilidade é geralmente negligenciada por cônjuges que aguardam a mínima (ou máxima) falha do outro, no sentido de ver nisso oportunidade e causa para o divórcio e novo casamento (em algumas situações a ideia já está maquinada em mentes perversas, pervertidas ou sem temor a Deus). Entre os textos que fundamentam a necessidade de perdoar os nossos ofensores destacamos: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. (Mt 6.12)

Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão. (Mt 18.15) 

Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. (Mt 18.33-35)

Temos uma grande dificuldade em aplicar os textos acima no contexto da infidelidade conjugal. Geralmente duas posições extremas são adotadas. A primeira é a legalista, que exige em todos os casos a exposição e a punição eclesiástica pública (mesmo em casos que não ganharam tal dimensão), o castigo severo, a exclusão arbitrária, a impossibilidade do perdão e da reconciliação conjugal. A segunda é extremamente liberal, e trata a infidelidade conjugal de maneira banal, como algo comum, inclusive podendo ser vivenciada e tolerada em nome de uma “graça” que não é a graça bíblica, racionalizando o fato, e usando a liberdade cristã para dar ocasião a carne, privando do Reino de Deus os que assim agem (Gl 5.13, 16-21). É preciso buscar o equilíbrio nos posicionamentos.

Não tenho dúvida alguma que a vontade do Pai celestial nos casos de infidelidade conjugal, onde o arrependimento da parte infiel é notório e verdadeiro, é a liberação do perdão. O próprio Deus foi vitimado pela infidelidade de Israel: O relacionamento entre Deus e Israel é frequentemente comparado a um contrato matrimonial (e.g. Is 54.5; Jr 3.14; cf. Ef 5.22-32). “Desviando-se do Senhor”, a fim de adorar aos ídolos, Israel foi considerado por Deus como um caso de infidelidade ou prostituição espiritual. O casamento de Oséias deveria ser, portanto, uma lição prática para o infiel Reino do Norte. (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 1273)

O perdão do Senhor para com a infidelidade de Israel é descrito da seguinte forma: E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás o SENHOR. E acontecerá, naquele dia, que eu responderei, diz o SENHOR, eu responderei aos céus, e estes responderão à terra. E a terra responderá ao trigo, e ao mosto, e ao óleo; e estes responderão a Jezreel. E semeá-la-ei para mim na terra e compadecer-me-ei de Lo-Ruama; e a Lo-Ami direi: Tu és meu povo! E ele dirá: Tu és o meu Deus! (Os 2.19-23)

Algumas palavras quero destacar no texto bíblico acima. São elas: benignidade, misericórdia e fidelidade. Israel sofreu por sua  infidelidade, mas o Senhor retribuiu a infidelidade de Israel com fidelidade, bondade e misericórdia.


Há muitos livros que tratam sobre o tema “perdão”, que mostram os benefícios do mesmo. Lendo a biografia de Davi, escrita por Charles R. Swindoll, me deparei com a seguinte narrativa que exemplifica bem o que acabamos de colocar: As palavras de perdão e graça ditas são maravilhosamente terapêuticas para o ofensor, não importa quão pequena ou quão grande seja a ofensa. Expressar nossos sentimentos remove toda a dúvida. Stuart Briscoe escreve: Há alguns anos, uma mulher muito bem vestida me procurou no escritório, muito aflita. Ela havia aceitado o Senhor alguns dias antes, mas pedira para ver-me porque algo a perturbava. A mulher contou-me uma história desagradável de um caso que estava tendo com um dos amigos do marido. A seguir, ela insistiu que o marido tinha de saber e que eu devia contar-lhe! Essa foi uma experiência nova para mim! Depois de alguma discussão com a mulher, telefonei para o marido. Quando chegou em meu escritório, contei-lhe o que tinha acontecido. A reação dele foi algo notável e belo de se ver. Voltando-se para a esposa em lágrimas e com medo, ele disse: – Amo você e a perdôo. Vamos começar de novo.
Muitas coisas tiveram de ser esclarecidas e muitas feridas curadas; mas a resposta dele mostrando perdão, por compreender o perdão de Deus, tornou-se a base de uma nova alegria e uma nova vida. (Davi: um homem segundo o coração de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1998, p. 317)


Por ser, na dimensão humana, o mais íntimo dos relacionamentos (Gn 2.24), o casamento é o que mais sofre com a infidelidade. Na condição de pastor, já tratei de vários casos envolvendo a infidelidade conjugal, e sempre trabalhei no sentido da manutenção dos casamentos, incentivando o perdão e a restauração dos mesmos. Cada caso é um caso, e implica em uma série de considerações, de acompanhamento, e de muito diálogo, sempre tendo a Bíblia como fundamento no processo do aconselhamento pastoral, buscando acima de tudo a glória de Deus.

Resolvi enfatizar o perdão no presente subsídio, visto que na lição bíblica a abordagem sobre a infidelidade conjugal concentra-se na questão descritiva e preventiva (questões muito pertinentes ao tema). O perdão é o melhor remédio para a restauração e a cura de casamentos vitimados pela infidelidade.

Pr. Altair Germano