sexta-feira, 20 de junho de 2014

LIÇÃO 12 - O DIACONATO





INTRODUÇÃO

Depois de ter estudado a função do presbítero na igreja local, nos voltaremos na aula de hoje para o diaconato. Inicialmente mostraremos sua origem, abordando tantos aspectos linguísticos quanto culturais. Enfocaremos também o sentido amplo e estrito do termo diácono em hebraico e grego. Mostraremos a atuação dos diáconos no contexto do Novo Testamento. Ao final, abordaremos, com base em I Tm. 3.8-13, as qualificações bíblicas para a seleção dos diáconos na igreja.

1. A ORIGEM DO DIACONATO

O diácono é um servo, que em hebraico é o ebed, e diz respeito à condição de qualquer pessoa diante de Deus, é nesse sentido que Israel é considerado servo de Deus (Lv. 25.55). No livro de Isaias, entre os capítulos 40 a 55, há alusões ao Servo do Senhor, relacionado à restauração de Israel e das nações. No capítulo 53 se encontra a revelação dAquele que viria a ser o Servo Sofredor: Jesus Cristo. Na verdade Jesus é o grande modelo de diácono (gr. diakonos), ou melhor, de servo. Paulo reconhece que Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp. 2.6,7). A palavra servo nessa passagem em grego é doulos, e se refere a muito mais que um servo, talvez a tradução mais apropriada seja “escravo”. Em consonância com essa verdade, em Jo. 13.12-17 Jesus se apresenta não apenas como Mestre, mas também como o servo, ao se dispor a lavar os pés dos discípulos. Antes de chegarmos ao trono, precisamos passar pelo caminho da “toalha e da bacia”. Essa é uma mensagem importante, considerando que muitos líderes querem apenas ser servidos, contrariando o ensino de Jesus. Ele mesmo testificou que o Filho do Homem veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.45). O diaconato é um ministério de entrega, sobretudo de renúncia pessoal. Paulo descreve sua atuação ministerial como um diaconato (II Co. 6.1-4), sendo servo de uma nova aliança (II Co. 3.6), da justificação (II Co. 11.15), de Cristo (Cl. 1.7) e de Deus (II Co. 6.4), do evangelho (Ef. 3.7) e da igreja (Cl. 1.25). Qualquer obreiro na seara do Senhor deve se considerar um diácono, de preferência um escravo, fazendo não a sua vontade, antes a dAquele que o vocacionou.

2. O DIÁCONO NO NOVO TESTAMENTO

Em sentido específico, o diácono é um ofício na igreja cristã, referido por Paulo em Fp. 1.1; I Tm. 3.8,12.  A esse respeito é preciso fazer a distinção entre o uso amplo do termo diácono, englobando as mulheres, como o caso de Febe (Rm. 16.1), e o restrito, relacionado ao ofício eclesiástico (I Tm. 3.8-13). A instituição do diaconato na igreja aconteceu em virtude do crescimento, demandando atitudes para sua administração. Os helenistas da igreja argumentavam que as viúvas gregas estavam sendo preteridas da assistência social (At. 6.1). Para resolver esse importante negócio os diáconos foram escolhidos, a fim de que os apóstolos pudessem se dedicar mais à Palavra. Isso quer dizer que eles acumulavam as atribuições, faziam mais do que podiam. Ministros centralizadores acabam por arcar com as consequências da liderança insegura. Há pastores que estão sobrecarregados com tantas responsabilidades, querem suprir todas as carências da igreja sozinhos, por causa disso comprometem a integridade física e espiritual. A opção dos apóstolos para a solução desse problema na igreja foi a escolha de sete homens, a maioria deles helenistas, para cumprir essa função social. Os apóstolos não tiveram receio de partilhar a organização da igreja com os cristãos gregos. Entre esses se encontrava Estevão, um diácono que não se restringiu apenas em servir às mesas. Ele era um diácono cheio do Espírito Santo e de sabedoria (At. 6.3,10), cheio de fé (At. 6.5) e de poder (At. 6.8). Os diáconos da igreja, seguindo o exemplo de Estevão, não precisam ficar restritos ao trabalho social. Eles podem, com ousadia e intrepidez do Espírito, testemunhar do evangelho de Jesus (At. 1.8).

3. QUALIFICAÇÕES PARA O DIACONATO

Como aconteceu nos tempos dos apóstolos, a função diaconal na igreja alivia bastante as atribuições dos presbíteros (pastores). Esse era um trabalho tão importante para a vida social da igreja que Paulo apresenta instruções detalhadas para a escolha desses. Na seleção dos diáconos para o serviço na igreja deveriam ser observadas as seguintes qualificações: 1) respeitável – seu caráter deveria ser digno de imitação, levando suas atribuições a sério, não podiam apenas ocupar um cargo; 2) de uma só palavra – não deveria ser dado às conversas fúteis, tratava-se de uma pessoa digna de confiança; 3) não inclinado ao vinho – naquela região era comum as pessoas se embriagarem, os diáconos deveriam fugir da bebedeira; 4) não cobiçoso – a ganância tem conduzido muitos líderes à ruína, os diáconos deveriam se distanciar dessa prática, tendo em vista que é também da sua responsabilidade arrecadar as ofertas na igreja; 5) íntegros na doutrina – precisam ser conhecedores da Palavra de Deus, atentarem para as Escrituras, e sua conduta em piedade; 6) testado e experimentado – a vida dos candidatos ao diaconato deve ser provada, quando alguém assume um cargo de liderança sem ser provado pode decepcionar toda a congregação; 7) exemplo no lar – a esposa do diácono é parte do seu ministério, sua família deve ser um exemplo de piedade, sua mulher deve contribuir com o serviço diaconal; e 8) disposição para o trabalho – o diaconato é mais do que um título eclesiástico, as pessoas que são separadas para esse trabalho devem exercê-lo na igreja, com disposição e humildade. O versículo 13, de I Tm. 3, aponta para a possibilidade do diácono ser “promovido” a presbítero, isto é, para o ofício pastoral. O mais importante é saber que o exercício zeloso do diaconato resulta no reconhecimento de Cristo, e em galardão para todos aqueles que amam a Sua vinda (II Tm. 4.8).

CONCLUSÃO
Todos os cristãos, independentemente da condição, sejam homens ou mulheres, são chamados, em sentido amplo, para o diaconato, isto é, o serviço na igreja. Mas existem alguns que são escolhidos para essa função institucional, com vistas à organização dos trabalhos, principalmente o de ordem social. Esses devem ser selecionados a partir de critérios bíblicos, atentando para as especificações apresentadas por Paulo em I Tm. 3.8-13, a fim de esses que recebam do Senhor a recompensa.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa

SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

No primeiro século da era cristã, a Igreja cresceu sob o avivamento do Espírito e expandiu-se pelo mundo. Na mesma medida em que cresceu, surgiram também problemas na esfera social, demandando urgentes providências. Por uma sábia e unânime decisão, em assembleia, a igreja de Jerusalém escolheu sete homens de moral ilibada e cheios do Espírito Santo, para administrarem esse “importante negócio” (At 6.3). Nesta lição estudaremos esse importante ministério de serviço que, por causa de uma crise étnica na igreja, levou os apóstolos a propor medidas que serviram de base para instituir a função diaconal. Esta, até hoje, faz parte do ministério ordenado pelas igrejas cristãs. [Comentário: No estudo dos dons ministeriais, passamos, desde a lição anterior, a analisar as “funções eclesiásticas”, ou seja, as posições sociais na igreja local mediante as quais se exercem os dons ministeriais com reconhecimento de todos os membros daquele grupo social. Nesta lição, estudaremos a função de diácono. Lucas registra em Atos 6 a separação dos primeiros diáconos, a quem foi confiada a função de administrar as coisas materiais e se ocupavam do suprimento dos necessitados na igreja. Por que existe o ministério do diácono? Qual a sua função e importância na vida da igreja local? São questionamentos que veremos hoje. Hoje em dia, há muitos que não entendem o assunto, “O Diaconato,”  e existe muita confusão a respeito.  Há igrejas pequenas com muitos diáconos.  Há igrejas com nenhum.  Há irmãos que pensam que o pastor tem que ser diácono antes de ser pastor.  Outros acham que “Uma vez diácono, sempre diácono,” e também que quando um diácono muda de uma igreja para a outra, é automaticamente considerado diácono da  igreja de destino.  Há igrejas que têm diácono, mas usam um outro membro como tesoureiro.  Algumas igrejas pensam do diácono como líder espiritual, um irmão que deve decidir apenas as questões de natureza administrativa da igreja.  Muitos irmãos querem consagrar um diácono no lugar de pastor.  Outros não provam o candidato antes da consagração ao diaconato.  Será que não devemos repensar a nossa posição sobre o diácono e sua atuação na igreja? http://solascriptura-tt.org/EclesiologiaEBatistas/DiaconoESuaAtuacao-Montgomery.htm] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A DIACONIA DE JESUS CRISTO

1. Significado do termo. O termo grego diaconia significa “ministério” ou “serviço”. A vida inteira de Jesus aqui na Terra demonstrou o verdadeiro sentido da diaconia em todos os seus aspectos. Na realidade, seu ministério terreno evidenciou o quanto Ele foi “apóstolo da nossa confissão” (Hb 3.1), profeta (Lc 24.19), evangelista (Lc 4.18,19), pastor (Jo 10.11), mas principalmente, diácono por excelência (Mt 20.28). O apóstolo Paulo disse que Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6-7). Segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, a expressão “tomando a forma de servo” denota o sentido de uma condição humilde. [Comentário: A palavra "diácono" vem de uma palavra grega (diakonos) que é encontrada algumas 30 vezes no Novo Testamento. Palavras semelhantes são diakonia (ministério ou diaconato) e diakoneo (servir ou ministrar). "Diácono" quer dizer "atendente" ou "servente". A mesma palavra descreve escravos, empregados e obreiros voluntários. A ênfase não está na posição da pessoa, mas no servo em relação ao seu trabalho. No Léxico do Novo Testamento Grego/Português de F. Wilbur Gingrich e de Frederick W. Danker, é dito que “diákonos” significa “servo” (Mt. 20.26; 22.13; Mc 9.35); especificamente “garçom” (Jo 2.5,9); “agente” (Rm 13. 4; Gl 2.17); “auxiliar”, pessoa que presta serviço como cristão: a) a serviço de Deus, Cristo ou a outro cristão (2Co 6.4; 11.23; Ef 6.21; Cl 1.23,25; 1Tm 4.6); b) em caráter oficial ou semioficial (Rm 16.1; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12)....” (op.cit., p.53). Em seu Dicionário do Novo Testamento Grego, oferece-nos W.C. Taylor a seguinte definição de diácono: garçom, servo e administrador. Na Grécia clássica, diácono era o encarregado de levar as iguarias à mesa, e manter sempre satisfeitos os convivas. Na septuaginta, eram os servos chamados de diáconos, porém não desfrutavam da dignidade de que usufruíram seus homônimos do NT, nem eram incumbidos de exercer a tarefa básica destes: socorrer os pobres e necessitados. Não passavam de meros serviçais. Aos olhos judaicos, era esse um cargo nada honroso. A palavra diácono aparece cerca de trinta vezes no NT.  É uma sublime função que passou a existir na Igreja Primitiva a partir de Atos, capítulo seis. Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.. Eles devem ser como o próprio Mestre; e é muito apropriado que eles o fossem, pois, enquanto estivessem no mundo, deveriam ser como Ele foi quando estava no mundo. Porque para ambos o estado atual é um estado de humilhação; a coroa e a glória estavam reservadas para ambos no estado futuro. Eles precisavam considerar que “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (v. 28). O nosso Senhor Jesus aqui se coloca diante dos seus discípulos como um padrão de duas qualidades anteriormente recomendadas: a humildade e a utilidade. 1] Nunca houve um exemplo de humildade e condescendência como houve na vida de Cristo, que não veio para “ser servido, mas para servir”. Quando o Filho de Deus entrou no mundo - o Embaixador de Deus para os filhos dos homens alguém poderia pensar que Ele deveria ser servido, que deveria ter se apresentado em um aparato que estivesse de acordo com a sua pessoa e caráter; mas Ele não fez isso; Ele não agiu como uma celebridade, Ele não teve nenhum séquito pomposo de servos de Estado para servi-lo, nem se vestiu em túnicas de honra, porque tomou sobre si a “forma de servo”. Ele, na verdade, viveu como um homem pobre, e isto fez parte da sua humilhação. Houve pessoas que o serviram com as “suas fazendas” (Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi servido como um grande homem. Ele nunca tomou a pompa sobre si, não foi servido em mesas, como um dos grandes deste mundo. Cristo, certa vez, lavou os pés dos seus discípulos, mas nunca lemos que eles tenham lavado os pés dele. Ele veio para ajudar a todos quantos estivessem em aflição. Ele se fez servo para os doentes e debilitados; estava pronto para atender aos seus pedidos como qualquer servo estaria pronto para atender à ordem do seu senhor, e se esforçou muito para servi-los. O Senhor Jesus serviu continuamente visando este fim, negando a si até mesmo o alimento e o descanso para cumprir essa tarefa. [2] Nunca houve um exemplo de beneficência e utilidade como houve na morte de Cristo, que “deu a sua vida em resgate de muitos”. Ele viveu como um servo, e fez o bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso Ele fez o maior bem de todos. Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua vida em resgate; isto estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a príncipes dos gentios fizeram da vida de muitos um resgate para a sua própria honra, e talvez um sacrifício para a sua própria diversão. Cristo não age assim; o sangue daqueles que lhe são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não é pródigo nisso (SI 72.14); mas, ao contrário, Ele dá a sua honra e a sua vida como resgate pelos seus súditos. Note, em primeiro lugar, que Jesus Cristo sacrificou a sua vida como um resgate. A nossa vida perdeu o direito nas mãos da justiça divina por causa do pecado. Cristo, entregando a sua vida, fez a expiação pelo pecado, e assim nos resgatou. Ele foi feito “pecado” e uma “maldição” por nós, e morreu, não só para o nosso bem, mas “em nosso lugar” (At 20.28; 1 Pe 1.18,19). Em segundo lugar, foi um resgate por muitos. Ele foi suficiente para todos, mas eficaz para muitos; e se foi eficaz para muitos, então diz a pobre alma duvidosa: “Por que não por mim?” Foi por muitos, para que por ele muitos pudessem ser feitos justos. Esses muitos eram a sua semente, pela qual a sua alma sofreu (Is 53.10,11). “De muitos”, assim eles serão quando forem reunidos, embora parecessem então um pequeno rebanho. Então esse é um bom motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é a nossa bandeira, e a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom motivo para pensarmos em fazer o bem, e, em consideração ao amor de Cristo ao morrer por nós, não hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Os ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para servir e sofrer pelo bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At 20.24; Fp 2.17). Quanto mais interessados, favorecidos e próximos estivermos da humildade e da humilhação de Cristo, mais prontos e cuidadosos estaremos para imitá-las. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 261-262.]

2. Serviço de escravo. Na véspera da sua crucificação, o Senhor Jesus reuniu os seus doze discípulos para comer a última ceia. Tomando uma toalha e uma bacia com água, ele começou a lavar os pés dos discípulos, um a um (Jo 13.4,5). Não há atitude mais comovente do nosso Senhor como o relato do lava-pés, demonstrando serviço, exemplo e humildade. A “diaconia da toalha e da bacia” é a convocação cristocêntrica para uma vida de serviço humilde (Jo 13.12-17). [Comentário: Diaconia significa “ministério, serviço”. Jesus Cristo foi exemplo para a Igreja em todos os aspectos. Em sua Diaconia, Ele foi “apóstolo... da nossa confissão” (Hb 13.1). Foi profeta (Lc 24.19); foi evangelista (Lc 4.18-19); foi Pastor (Jo 10.11) e também foi diácono. Ele demonstrou seu caráter e sua personalidade, dando exemplo de humildade. Para cumprir sua missão sacrificial em favor dos homens, Jesus despojou-se temporariamente de sua glória plena (Jo 17.14). Paulo diz que Ele assumiu a forma de servo, mais que isso, a forma de “escravo”. Jesus, “... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens-, e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8 — grifo nosso). A expressão “tomando a forma de servo”, “significa aparecer em uma condição humilde e desprezível”. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 140.]

3. O discípulo é um serviçal. Certa vez, Tiago e João pediram ao Senhor lugares de destaques, “à direita” e “à esquerda” de Jesus, quando da implantação do seu Reino (Mc 10.35-37). Os discípulos ainda não haviam compreendido a mensagem de Jesus. A proposta do Nazareno nunca foi a de estabelecer uma hierarquia de poder temporal para a sua igreja, mas a de serviço conforme demonstra sua resposta a eles: “entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal [diakonos]. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.43-45). [Comentário: O diácono é um homem recompensado por Deus (1Tm 3.13). “Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus”. Jesus foi o diácono por excelência. Ele não veio para ser servido, mas para servir. Nunca somos tão grandes como quando servimos. No reino de Deus maior é o que serve. No reino de Deus quem tem preeminência não são aqueles que os homens exaltam, mas aqueles a quem Deus enaltece. Nesse ínterim é mister esclarecer que o diaconato não deve ser entendido como o primeiro degrau de uma carreira ministerial, se há este entendimento, ele é equivocado. Outra vez, Jesus surge como ápice exemplar; enquanto Ele estava pensando em uma cruz, Tiago e João estavam pensando em coroas. O fardo do Senhor se confrontava com a cegueira deles, e o seu sacrifício com o egoísmo que demonstravam. Ele só queria dar, mas eles só queriam receber. A motivação dele era servir; a deles era a própria satisfação pessoal. Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes (literalmente, “aqueles que parecem governar”) delas se assenhoreiam. Os discípulos sentiram o aguilhão dessas palavras ao se lembrarem das táticas opressoras dos governadores das províncias. Mas entre vós não será assim. O grande entre os seguidores de Jesus será aquele que quiser ser um serviçal (ministro) e servo (escravo) de todos. Mas por que teria que ser assim? “Porque o próprio Filho do Homem não tinha vindo para ser servido, mas para servir”. Nisto, Cristo nos deixou o exemplo que devemos imitar, seguindo as Suas pisadas (1 Pe 2.21). Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 288-289.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
A diaconia de Jesus Cristo está centralizada na disponibilidade em servir o próximo.

II. A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS

1. O conceito da função. A palavra diácono (gr. diakonos), segundo o Dicionário Vine, refere-se àquele que presta trabalhos voluntários aludindo aos exemplos dos criados domésticos dos tempos do Novo Testamento. O termo destaca, em especial, a função de um mestre ou de um pastor cristão, entrelaçando o sentido técnico do diácono ou diaconisa. Outra palavra grega relacionada a “diácono” é doulos. Esta refere-se a “um servo” ou “um escravo” (Mt 13.27,28; Jo 4.51). Portanto, a ideia preponderante que a função do diácono remonta é a do serviço voluntário prestado, pelo “ministro”, o “servo” ou o “assistente”, para alguém. [Comentário:  diakonos (em português, “diácono”), denota primariamente "criado", quer aquele que faz trabalhos servis, ou o ajudante que presta serviços voluntários, sem referência particular ao seu caráter. A palavra está provavelmente relacionada com o verbo diõkõ. “apressar-se após, perseguir" (talvez dito originalmente acerca de um corredor). "Ocorre no Novo Testamento em alusão aos criados domésticos (Jo 2.5.9); ao governante civil (Rm 13.4); a Cristo (Rm 15.8; Gl 2.17); aos seguidores de Jesus em sua relação com o Senhor (Jo 12.26: Ef 6.21; Cl 1.7; 4.7); aos seguidores de Jesus em relação uns com os outros (Mt 20.26: 23.11: Mc 9.35; 10.43); aos servos de Cristo no trabalho de orar e ensinar (1 Co 3.5: 2 Co 3.6: 6.4; 11.23: Ef 3.7; Cl 1.23.25: 1 Ts 3.2; I Tm 4.6); àqueles que servem nas igrejas (Rm 16.1 [usado acerca de uma mulher só aqui no Novo Testamento]; Fp 1.1; 1 Tm 3.8.12); aos falsos apóstolos, servos de Satanás (2 Co 11.15). O termo diakonos é usado uma vez onde. aparentemente, a referência é aos anjos (Mt 22.13); em Mt 22.3. onde a referência é aos homens, o termo doulos é usado** (extraído de Notes on Thessalonians, de Hogg e Vine. p. 91). O termo diakonos deve, falando de modo geral, ser distinguido do termo doidos, "servo, escravo”: o lernio diakonos encara o servo em relação ao seu trabalho: o termo doidos o vê em relação ao seu mestre. Veja. por exemplo. Mt 22.2-14; aqueles que chamam os convidados e os trazem (Mt 22.3.4.6.8.10) são os douloi: aqueles que executam a sentença do rei (Mt 22.13) são os diakonoi. Nota: Quanto aos termos sinônimos, leitourgos denota "aquele que executa deveres públicos"; misthios e misthôtos, “servo contratado"; oiketes, “servo doméstico**; huperetes. “funcionário subordinado que serve seu superior" (designava, originalmente. o remador da fileira de baixo numa galera de guerra); therapon, aquele cujo serviço é o de liberdade e dignidade. Os denominados “sete diáconos" em At 6 não são mencionados por esse nome, embora o tipo de serviço no qual estavam engajados era do caráter daquele consignado para tal. W. E. VINE; Merril F. UNGER; Wllliam WHITE Jr. Dicionário VINE. Editora CPAD. pag. 563.]

2. Origem do diaconato. “A bênção”, “problema” e “reivindicação” são palavras-chave para o advento do ministério formal dos diáconos em o Novo Testamento. A bênção foi o extraordinário crescimento da igreja local em Jerusalém. A questão étnica causada pela situação social de muitos que aceitavam a fé, especialmente envolvendo viúvas judias de fala hebraica e as de fala grega (At 6.1), era o problema. A reivindicação pode ser vista na manifestação verbal destas viúvas que, sentindo-se injustiçadas pelo que elas interpretaram ser uma forma de discriminação dos líderes da igreja de Jerusalém, cobraram sua assistência (At 6.1). [Comentário:  Matthew Henry em seu Comentário do Novo Testamento, escreve o seguinte: “ausa-nos desalento descobrir que o crescimento do número dos discípulos (v. 1) dá oportunidade para discórdias. Até agora, todos eles eram unânimes em uma mesma opinião. Esta. observação frequente significava uma honra para eles. Mas agora que cresciam em número, começaram a murmurar, semelhantemente ao que ocorreu no velho mundo. Quando os homens começaram a multiplicar-se, eles se corromperam (Gn 6.1,12). Houve uma murmuração, não uma desavença aberta, mas um ressentimento secreto. (1) Os queixosos eram os gregos, ou helenistas, contra os hebreus (v. 1). Os gregos eram os judeus que se espalharam pela Grécia e outras regiões, falavam comumente a língua grega e liam o Antigo Testamento na versão grega, não no original hebraico. Muitos deles estavam em Jerusalém para a festa quando aceitaram a fé cristã e foram acrescentados à igreja. Estes murmuraram contra os hebreus, que eram os judeus nativos que usavam o original hebraico do Antigo Testamento. Alguns pertencentes a cada um desses grupos se tornaram cristãos, mas, pelo visto, essa aceitação conjunta da fé não teve sucesso, como deveria, em extinguir os poucos ciúmes que tinham uns dos outros antes da conversão. Eles retiveram um pouco do fermento velho e não entenderam ou não se lembraram de que em CRISTO JESUS não há nem grego nem judeu (Cl 3.9). Portanto, não há distinção entre hebreus e helenistas, mas todos são igualmente acolhidos em CRISTO, e deveriam ser, por causa dele, queridos uns dos outros. (2) A murmuração destes gregos era que as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano (v. 1), quer dizer; na distribuição de refeições, e as viúvas hebreias eram mais bem cuidadas. É pena que as pequenas coisas deste mundo sejam pontos de discórdia entre os que admitem ter relações com as grandes coisas do outro mundo. Os apóstolos fizeram a distribuição, obviamente, com a mais absoluta imparcialidade, e nem de longe intentaram respeitar os hebreus mais que os gregos. Contudo, houve queixa deles, que diziam estarem as viúvas gregas sendo desprezadas. Embora elas fossem aptas a receber esse tipo de assistência social, os apóstolos não lhes deram o suficiente, ou não contemplaram todas, ou não deram exatamente a mesma soma oferecida às viúvas hebreias. [1] Talvez esta murmuração (v. 1) fosse infundada e injusta, sem motivo algum. Mas aqueles que, por qualquer razão, se encontram em situação desfavorável (como estavam os judeus gregos em comparação com os que eram hebreus de hebreus), são susceptíveis a, por ciúme, acharem que estão sendo desprezados quando na verdade não estão. É erro comum de pessoas pobres que, em vez de serem gratas pelo que recebem, se queixem e reclamem. Tendem a pensar que recebem pouco, ou que os outros ganham mais que elas. Há inveja e cobiça, raízes de amargura que se encontram tanto entre os pobres quanto entre os ricos, apesar das situações humilhantes em que estão e às quais devem se adaptar. [2] Partamos do pressuposto de que havia motivo para a murmuração. Em primeiro lugar, certos estudiosos sugerem que os outros pobres no grupo dos gregos tinham a subsistência provida, embora as suas viúvas fossem desprezadas (v. 1). Essa falha acontecia porque os gerentes administravam de acordo com uma regra antiga observada entre os hebreus: a viúva deve ser sustentada pelos filhos do seu marido (veja 1 Tm 5.4). Em segundo lugar, as viúvas, ao meu ver, são citadas no lugar de todos os pobres, porque muitos desses que estavam nos registros da igreja e recebiam esmolas, eram viúvas que tinham sido fartamente sustentadas pelas atividades dos seus maridos enquanto estavam vivos, mas que caíram em grandes dificuldades financeiras quando faleceram. Os que administram a justiça pública devem de uma maneira particular proteger as viúvas de injustiças (Is 1.17; Lc 18.3), assim os que administram os fundos da caridade pública devem de uma maneira particular sustentar as viúvas no que for necessário (veja 1 Tm 5.3). Perceba que estas viúvas e os outros pobres recebiam uma ajuda diária (v. 1). Talvez, após um cálculo prévio, sabiam que não podiam acumular sua porção para o futuro. Então os administradores dos fundos, num gesto de bondade, davam-lhes dia a dia o pão necessário. Eles dependiam do quinhão do dia para viver. Pelo visto, as viúvas gregas foram, comparativamente, desprezadas. Talvez os que distribuíam o dinheiro consideraram que os hebreus ricos contribuíam mais para o fundo do que os gregos ricos, que não tinham propriedades para vender, como os hebreus. Por conseguinte, os gregos pobres deveriam ter menos direito ao fundo. Embora houvesse certa dose de tolerância, tratava-se de procedimento cruel e injusto. Veja que mesmo na igreja mais bem organizada do mundo sempre haverá algo impróprio, administração incompetente, queixas ou, pelo menos, algumas reclamações”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 59-60.]

3. A escolha dos diáconos. Para resolver o impasse, orando e impondo-lhes as mãos, os apóstolos separaram sete irmãos de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para administrar uma questão étnica e social (At 6.2-7). Foi uma decisão de caráter pacificador e de muito bom-senso para a igreja não se perder em permanentes desentendimentos. O objetivo era estimulá-la a resolver a questão reconhecendo o caminho equivocado antes aderido pelos líderes até aquele momento. Assim, eles puderam executar as mudanças necessárias e resolveram uma questão que poderia trazer sérios problemas para a igreja de Jerusalém. [Comentário:  O Pr Altair Germano escreve o seguinte em seu Blog: “- Boa Reputação (gr. martyrouménous): boa fama, alguém de quem se fala bem, louvado, recomendável (esposa, filhos, vizinhos, patrão, igreja, pastor, etc.); Cheios do Espírito (gr. plêreis pneúmatos): repletos, plenos do Espírito (c/ Ef 5.18). O termo “Santo” não aparece nas edições críticas da Vulgata e no N.T. Grego (27ª ed. Nestle-Aland). Pode estar implícito aqui o Batismo com o Espírito Santo (At 2.1-4), a manifestação dos dons do Espírito (1 Co 12-14) e o fruto do Espírito (Gl 5.22-25). De Sabedoria (gr.sophías): habilidade, tato, bom senso, juízo sensato, experiência nas questões da vida (Tg 1.5-7). Negócio (gr. chréias): trabalho, serviço, tarefa necessária. O termo “importante” foi traduzido na versão ARC para dar ênfase ao serviço http://www.altairgermano.net/2014/06/o-diaconato-subsidio-para-licao-biblica.html. O Manual do Diácono, de Valdemir P. Moreira, traz o seguinte: “Na versão Revista e Corrigida de Almeida, lemos: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões (...) aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). A versão atualizada, porém, buscando maior aproximação com o grego, usa a seguinte expressão: “aos quais encarreguemos deste serviço”. É o diaconato, afinal, um serviço ou um importante negócio?  Ambas as coisas, pois estão certas ambas as versões. A palavra grega chréia tanto pode ser traduzida como serviço quanto como negócio. Ela pode ser compreendida, ainda, como “um serviço para suprir auxilio em caso de necessidade”. Portanto, nenhum erro cometeu os revisores dessas versões. Servir a Igreja, a Noiva do Cordeiro, é de fato um importante negócio! Pense nisso, diácono, e conscientize-se de sua responsabilidade”. Valdemir P. Moreira. Manual do Diácono.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, descreve a instituição do ministério de diácono.

III. O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO

1. Qualificações do diácono. As qualificações dos diáconos descritas no livro de Atos e na primeira carta a Timóteo revelam que em nada elas diferem da atribuição ética exigida aos bispos (1 Timóteo e Tito).

a) Caráter moral (1Tm 3.8). Os diáconos devem ser pessoas honradas, dignas, corretas e íntegras. Não pode haver “língua dobre” neles, isto é, a sua palavra deve ser sim, sim e não, não. A ganância por dinheiro tem de passar longe da sua vida, pois sua função é exatamente a de executar trabalhos administrativos da igreja local, como auxiliar nas tarefas do culto e acompanhar as viúvas e os pobres da Igreja do Senhor.

b) Caráter espiritual (1Tm 3.9,10). Ter a plena convicção do que é crer no Evangelho. O diácono guarda a revelação de Deus que está em Cristo Jesus, o nosso Senhor (cf. Rm 16.25). Por isso, a liderança e a igreja local devem avaliar o candidato ao diaconato levando em conta o seu caráter moral e espiritual.

c) Caráter familiar. O candidato deve ser marido de uma mulher, fiel à sua esposa e bom pai. A exemplo dos bispos, os diáconos devem ser zelosos com o seu lar, amar as suas esposas com amor sacrifical. Devem respeitar os seus filhos, para obterem deles o mesmo respeito. O “serviço” do diácono à sua família revelará como ele servirá a igreja local. [Comentário: Ainda o Pr Altair Germano, sobre o diaconato, escreve: “8 Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, 9 guardando o mistério da fé em uma pura consciência. 10 E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. (1 Tm 3.8-10, ARC). 12 Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. 13 Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus. (1 Tm 3.12-13, ARC). a) Honestos (gr. semnous): respeitável, honorável, digno. Envolve condição interior e postura exterior.[8] b) Não de língua dobre (gr. mê dilogous): sem palavra, não de duas palavras, que tenha uma só palavra. Que não muda de opinião por conveniência.[9] c) Não dados (gr. proséchontas, inclinados) a muito vinho: sobriedade. d) Não cobiçosos de torpe ganância (gr. aischpokepdeís): Uma advertência em relação às tentações que poderiam ficar expostos na administração das esmolas, à assistência aos pobres e às finanças da congregação em geral.[10]Paganelli comenta que: “A advertência de Paulo não proíbe diáconos terem riquezas [...]. O problema reside no modo como tal riqueza é adquirida [...]".[11] e) Guardando o mistério da fé (gr. mystêrion tês písteos): devem ter convicções ortodoxas, pois “mistério” representa a soma total de todas as verdades reveladas da fé.[12] f) Provados (gr. dokimazésthosan): Experimentados. Apenas depois de uma triagem (exame) cuidadosa a respeito do seu caráter, da sua conduta, e da sua adequabilidade, se mostrarem irrepreensíveis (gr. anégkletoi, inculpáveis, não acusáveis), devem ter licença para exercer o diaconato.[13] Andrade, apropriadamente adverte: “[...] muitos pastores, não sabendo como provar, ou experimentar, os seus aspirantes ao ministério, acabam por confundir as legítimas e bíblicas provações com caprichos acintosamente humanos.”[14] g) Maridos de uma mulher e governem (gr. proistámenoi, liderem, dirijam, cuidem) bem seus filhos e suas próprias casas: Stott, em seu comentário acerca de 1 Tm 3. 2, cita cinco possibilidades de interpretação quanto a “maridos de uma mulher”: (1) Os que nunca se casaram; (2) Os polígamos; (3) Os que se divorciaram, e casaram-se de novo; (4) Os que tendo enviuvado, casaram-se novamente; (5) Os que cometem o pecado da infidelidade no casamento. Não existe, nem mesmo na perspectiva intradenominacional, unanimidade acerca da questão. Quanto a questão de governo ou liderança, aquele que não é bom administrador de sua própria casa, certamente reproduzirá os mesmos erros no trato com a congregação (igreja local) http://www.altairgermano.net/2014/06/o-diaconato-subsidio-para-licao-biblica.html.]

2. A função dos diáconos em Atos 6. Quando foram instituídos diáconos, setes homens de fala grega foram separados para assistir socialmente as viúvas: tanto as de fala hebraica como as de fala grega. Os diáconos não podiam permitir que houvesse injustiças de caráter social na igreja do primeiro século. A função do diaconato era fundamentalmente de caráter social. [Comentário: Quanto ao total de sete homens separados para a função, Champlin escreve o seguinte: “Alguns têm suposto que tal número foi regulado pela circunstância de que a cidade de Jerusalém, naquela época, estava dividida em sete distritos. Porém, acerca disso não há qualquer evidência comprobatória. Talvez esse número tenha sido escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o pensamento dos hebreus”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag.135.. O Rev Hernandes Dias Lopes escrevendo em seu Blog acerca das Qualificações Bíblicas do Diaconato, afirma: “Depois de elencar as virtudes que devem ornar a vida do presbítero, o apóstolo Paulo passa a falar dos atributos do diácono (1Tm 3.8-13). Muitas das qualificações do diácono são as mesmas do presbítero. O diácono, diákonos, é o servo que coopera com aqueles que se dedicam à oração e ao ministério da palavra. Os primeiros diáconos foram nomeados assistentes dos apóstolos. Há dois ministérios na igreja: a diaconia das mesas (At 6.2,3) e a diaconia da palavra (At 6.4); a ação social e a pregação do evangelho. O ministério das mesas não substitui o ministério da palavra, nem o ministério da palavra dispensa o ministério das mesas. Nenhum dos dois ministérios é superior ao outro. Ambos são ministérios cristãos que exigem pessoas espirituais, cheias do Espírito Santo para exercê-los. A única diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados diferentes” http://hernandesdiaslopes.com.br/2014/03/qualificacoes-biblicas-do-diacono/#.U6BhDSineAQ. Atos 6.2 nos mostra que os homens que estavam alimentando o rebanho ao pregar e ensinar perceberam que não era certo abandonar essas atividades para servir às mesas, por isso encontraram alguns outros homens que estavam dispostos a servir e ministrar às necessidades físicas da igreja enquanto eles ministravam às necessidades espirituais. Era uma melhor utilização dos recursos e um melhor uso dos dons de cada um. Isso também envolvia mais pessoas no atendimento e auxílio uma à outra.Leia mais: http://www.gotquestions.org/Portugues/responsabilidades-diaconos-igreja.html#ixzz34wAR40Lp]

3. A função dos diáconos hoje. Atualmente, a função primordial do diácono é auxiliar a igreja local através das orientações do seu pastor em atividades ligadas a visitar os enfermos, os necessitados e os desviados, bem como cuidar das tarefas espirituais ligadas ao culto, como a distribuir os elementos da Ceia do Senhor, recolher as contribuições para a manutenção da igreja local (dízimos e ofertas) e auxiliar na ordem e na segurança da liturgia do culto, bem como de outras tarefas já mencionadas. [Comentário: Não é preciso dizer aqui que esta função hoje é mal utilizada. Hoje, em uma Igreja que se julga bíblica, a função diaconal é essencialmente a mesma. Os presbíteros e pastores devem "pregar a palavra, instar a tempo e fora de tempo, admoestar, repreender, exortar, com toda longanimidade e ensino" (2Tm 4.2), e os diáconos devem cuidar de tudo o mais. As responsabilidades de um diácono podem incluir tarefas administrativas ou organizacionais, servir como atendente ou porteiro nos cultos, cuidar da manutenção do edifício ou servir como tesoureiro da igreja. É lógico que tudo isso depende das necessidades da igreja local e dos dons dos homens disponíveis. Como os demais dons ministeriais são dados a algumas pessoas (Ef 4.11), não são todos que recebem o dom de diácono. A frase  “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós...” usada em Atos 6.3 nos mostra isso. Todavia, a “função de servir” no grego “diaconia”, é peculiar a todos os outros dons ministeriais. “Todo ministro começa como diácono. Isto é uma verdade. Mas ele jamais cessa de ser um diácono. O ministro continua sendo um diácono” CHAMPLIN, p. 130, 2005. Logo são diáconos: (a) os apóstolos (At 20.19; 1Co 3.5); (b) os profetas(At 13.1); (c) os pastores (1Pe 5.2); (d) os evangelistas (2Tm 4.5); e (e) os presbíteros (At 20.28).]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Para o perfil e a função do diácono deve-se levar em conta o caráter moral, o caráter espiritual e o caráter familiar do candidato.

CONCLUSÃO

O diaconato foi instituído pelos apóstolos de Cristo quando a comunidade cristã cresceu e precisou ter pessoas que pudessem resolver questões relacionadas a problemas sociais que demandavam atenção e cuidado. Hoje, os diáconos servem à igreja e a Deus em trabalhos diferentes, e a liderança das igrejas locais deve valorizar o seu trabalho e reconhecê-los como excelentes servidores do Reino de Deus, pois, no sentido lato, todos somos diáconos da Igreja de Deus. [Comentário: Não há dúvidas que o diácono é o auxiliar mais direto de que dispõe o pastor e deve ser assim reconhecido. Sua origem, na Igreja Primitiva, deveu-se ao fato da necessidade dos apóstolos se manterem afeitos à oração e à palavra. Não deve ser encarado como um primeiro degrau na “carreira” ministerial, e muito menos, como geralmente acontece, ser desempenhada visando ser “visto” pelo pastor e consequentemente “promovido” a cargos mais elevados. É lamentável quando observamos alguém que, enquanto Diácono, exercia sua função com maestria, depois de alçado ao presbitério, “apaga-se”, evidenciando tão somente que a sua busca era carreirista. É importante, ainda, o esmero em aprimorar-se intelectualmente, ser um frequentador assíduo do culto de doutrina e da escola dominical, e ser um homem de oração. Note que entre os sete homens escolhidos para servir como diáconos estão Estêvão e Filipe (os únicos dois sobre quem Lucas apresenta detalhes). Filipe se destaca como pregador (At 8.4-8,26-40; 21.8); ele é o primeiro a fundar uma igreja entre os samaritanos. Estêvão é descrito como ‘homem cheio de fé’, sem dúvida significando a fé que faz milagres. Ele faz ‘prodígios e grandes sinais entre o povo’, e seus oponentes não sabem como lidar com a pregação que ele faz. O ministério destes dois homens ilustra os ministérios dos diáconos, os quais se estendem muito além das preocupações práticas do dia a dia da Igreja.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

sexta-feira, 13 de junho de 2014

LIÇÃO 11 - O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO




SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Além dos ministérios de Ef. 4.11 existem algumas funções eclesiásticas, que visam a organização das igrejas cristãs, dentre elas destacamos o de presbítero. Na verdade esse seria mais bem caracterizado como um título, e não um ministério eclesiástico. Isso porque os dons ministeriais são provenientes diretamente de Cristo. Os títulos eclesiásticos, por sua vez, são necessidades às quais as lideranças reconhecem, para a organização institucional. Na aula de hoje mostraremos a origem do termo, seu desdobramento no Novo Testamento, e ao final, as qualificações para a escolha dos presbíteros.

1. A ORIGEM DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO

O termo presbítero remete à palavra hebraica zaqen, com o significado de ancião, utilizada inclusive em contextos mundanos (Gn. 18.11; Js. 6.21; I Sm. 28.14; Sl. 119.100; Ec. 4.13). Os anciãos eram pessoas respeitadas, geralmente por causa da idade, por causa da experiência acumulada (Is. 65.20). Essa é uma alusão à importância que os mais idosos tinham entre os povos antigos. De tal modo que entre os judeus se lamentava a morte de um ancião, pois com ele partia a sabedoria (Lm. 2.21). Mas Deus não faz distinção de pessoas pela idade, há a promessa em Jl. 2.28, que chegaria o dia no qual o Senhor derramaria o Espírito sobre toda carne, incluindo os idosos. Em Israel o zaquen ocupava posição de liderança na comunidade (Ex. 3.16; Nm. 11.16; Dt. 5.23; I Rs. 8.1). Eles são citados nos momentos mais importantes da história daquela nação, especialmente por ocasião da renovação do pacto com Israel (Js. 24.31). A palavra grega presbyteros, no Novo Testamento, também significa ancião, e tinha relação com a liderança na sociedade judaica. O termo presbítero era bastante comum entre os líderes das igrejas de predominância judaica. Enquanto que nas igrejas de maioria gentia o título mais utilizado era o de episkopos, geralmente traduzido por bispo, que significa um supervisor. Isso porque a palavra bispo é uma junção de epi e skopos no grego, que literalmente carrega o sentido “daquele que ver de cima”, entre um grupo de pessoas. Os presbíteros, bispos ou anciãos eram as lideranças das igrejas locais nos tempos da igreja primitiva. O título de pastor, associado aos líderes da igreja, teria surgido posteriormente, adotado como ofício pelos ministérios protestantes. A opção por um modelo institucional de igreja, mesmo nos tempos da igreja primitiva, não tem uma tendência dogmática. Por isso algumas igrejas evangélicas são pastorais, presbiterianas, episcopais, entre outros.

2. O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO NO NOVO TESTAMENTO

Com base em At. 20.17,28 e Tt. 1.5,7 compreendemos que os presbíteros (gr. presbyteros) e bispos (gr. episkopos) tinham a mesma função eclesiástica. Era responsabilidade deles o governo na igreja, sem desprezar o ensinamento, requerendo que alguns desses se afadigassem na palavra e no ensino, tornando-se dignos de honorários dobrados (I Tm. 5.17). Tito fora deixado em Creta, para “por em ordem as coisas restantes”, e instituir uma liderança a fim organizar as congregações locais (Tt. 1.5-9). Para isso precisava atentar para algumas qualificações, que destacamos: 1) ter filhos crentes (v. 6) – Paulo enfatiza esse princípio ao escrever a Timóteo (I Tm. 3.5), isso mostra que a vida e o serviço cristão devem iniciar no lar, evidentemente essa orientação se aplica aos filhos que são de menores e que estão debaixo da responsabilidade do pai; 2) despenseiros de Deus (v. 7) – o presbítero não é proprietário, apenas administrador das coisas de Deus, uma espécie de mordomo (Lc. 16.1-13), não pode dizer que isso ou aquilo lhe pertence, antes reconhece que Deus é o dono de tudo, principalmente do rebanho (At. 20.28,29); 3) não pode ser arrogante – não deve ser impositivo, querer fazer sempre o que deseja, em detrimento da vontade e interesse dos demais, para tanto precisa estar aberto à avaliação, e não ter receio de críticas e sugestões; 4) não irascível (v.7) – não pode se irritar com facilidade, evidentemente existe uma possibilidade de ira, e essa não é pecado (Ef. 4.26), mas a ira não deve controlar o obreiro, nada poderá tirá-lo do centro, que é a moderação, fruto do Espírito Santo (Gl. 5.22); 5) amigo do bem (v.8) – deve se aproximar de coisas boas, principalmente de boas pessoas, não deve perder o seu tempo com coisas que o distanciem de Deus, muito menos que não edificam; 6) justo (v. 8) – justiça, nesse contexto, não diz respeito à justificação em Cristo, mas a uma justiça moral, isto é, uma direção para fazer o que é direito, não o que é errado, se distanciando de práticas escusas que não agradam a Deus, mesmo que sejam consideradas normais pela sociedade; 7) piedoso (v. 8) – alguém que vive em santidade (I Pe. 1.16), sendo, portanto, diferente dos demais, não apenas na aparência, mas principalmente na experiência com Deus, por isso deve cultivar momentos de devoção com o Senhor, para leitura da Bíblia e oração; 8) que tenha domínio de si (v.8) – uma pessoa controlada, isto é, disciplinada, prática que envolve o uso do dinheiro e do tempo, sua mente e corpo estão sob controle, sujeitando-se ao Espírito Santo, em temperança (Gl. 5.22) e 9) apegado à palavra fiel (v. 9) – Deus é verdadeiro, e não há mentira em suas palavras, por isso o presbítero deve voltar-se para a sã doutrina (I Tm. 1.10), a fim de edificar a igreja e rejeitar os falsos ensinamentos.

3. AS QUALIFICAÇÕES DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO

Ao que tudo indica, com base em At. 14.23, os presbíteros eram nomeados para o cargo eclesiástico, talvez por eleição. Esses deveriam apresentar algumas qualificações para o exercício da função na igreja. A principal delas deveria ser uma experiência pessoal e profunda com Cristo, e identificação com as orientações apostólicas, considerando o testemunho daqueles que andaram com o Senhor (I Pe. 5.1). Fazendo assim os presbíteros seriam participantes da glória que será revelada em Cristo, testemunhada pelo próprio Pedro no monte da transfiguração (Mt. 17.1-5; II Pe. 1.15-18). O verbo “apascentai” (gr. poimanete) mostra uma alusão direta do presbítero com o pastorado. Aqueles que pastoreiam o rebanho de Deus devem fazê-lo seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor (Jo. 10.11; 21.15-17). O pastorado somente terá efeito se for desenvolvido por livre e espontânea vontade, não por obrigação, por meio da força, ninguém deve ser coagido a se tornar pastor (I Pe. 5.3). As igrejas seriam mais saudáveis se os pastores estivessem no ministério por vocação, não por interesses os mais diversos, e às vezes, meramente pessoais. Alguns deles continuam diante da igreja apenas como uma profissão, motivados tão somente pelo dinheiro que  haverão de receber. Alguns desses se tornarem dominadores da igreja, às vezes pensam que são donos dela, querem barganhar com o povo de Deus, principalmente nos períodos eleitorais. Em alguns casos essas líderes abusam espiritual do rebanho, resultando em feridas incuráveis, e o pior, em nome de Deus. Os pastores que são pastores têm uma terna preocupação com as ovelhas de Deus, eles alimentam o rebanho do Senhor, protegendo-o dos ladrões e saqueadores (At. 20.28-35). Eles também as supervisionam, acompanhado suas necessidades, não “por sórdida ganância, mas de boa vontade”. É justo que o pastor seja remunerado (I Co. 9.1; I Tm. 5.17, 18), mas esse não pode ser avarento (I T. 3.3), muito menos cobiçoso (Tt. 1.7). O pastor-presbítero deve ser um exemplo para o rebanho, somente assim alcançará a promessa de Cristo, quando Ele retornar em glória (I Pe. 1.7,8).

CONCLUSÃO

Muitas pessoas querem ser pastor, presbítero, bispo ou ancião, mas nem todas estão dispostas a pagar o preço que esse título requer. Aqueles que trabalharem com dignidade receberão do Pastor Fiel uma coroa de glória, uma recompensa perfeita para uma herança incorruptível. Que nesses anos, marcados pela ganância, Deus levante pastores-presbíteros-bispos-anciãos comprometidos com o rebanho, e cientes do julgamento futuro do Supremo Pastor.
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa

SUBSÍDIO II


INTRODUÇÃO

No início da Igreja do primeiro século havia líderes que orientavam os crentes quanto ao Evangelho, bem como à organização e desenvolvimento da igreja local. O Evangelho frutificou na vida das pessoas, e por isso, surgiam cada vez mais novos crentes. Foi necessário, a fim de garantir o discipulado integral da nova pessoa em Cristo, separar crentes idôneos e maduros na fé para cuidarem desse precioso rebanho. Assim, os apóstolos de Cristo passaram a estabelecer presbíteros para zelar pela administração e a vida espiritual da igreja local. [Comentário: Primeiros anos da era Cristã, a Igreja crescia rapidamente, surgiram os problemas administrativos que tomavam tempo aos apóstolos. Foi preciso eleger homens capacitados para servirem às congregações locais, cuidando do rebanho de Deus. Hoje, teremos uma visão mais aprofundada acerca deste ofício tão especial para a Igreja. Pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes, e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens. Igrejas que procuram manter distinções entre pastores, bispos e presbíteros não somente fogem do padrão bíblico como também perdem a riqueza das palavras que o Espírito Santo usou para descrever os guias do povo de Deus. “Presbítero” e “pastor” não são dois ofícios diferentes. Como John Piper argumenta na seção cinco do livreto “Biblical Eldership”, essas são simplesmente duas palavras diferentes para o mesmo ofício. Ele dá três razões. Primeiro, em Atos 20.28, os presbíteros são encorajados nos deveres “pastorais” de supervisionar e pastorear. Segundo, em 1 Pedro 5.1-2, os presbíteros são exortados a “pastorear” o rebanho de Deus que está aos cuidados deles, papel que é de um pastor. Terceiro, em Efésios 4.11, a única vez que a palavra pastor ocorre no Novo Testamento, os pastores são tratados como pertencendo ao mesmo grupo dos mestres. Isso sugere que o papel principal do pastor é alimentar o rebanho por meio do ensino, que é um dos papeis principais dos presbíteros (Tito 1.9). Dessa forma, o Novo Testamento parece indicar que “pastor” é outro nome para “presbítero”. Um presbítero é um pastor, e um pastor é um presbítero.] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A ESCOLHA DOS PRESBÍTEROS

1. Significado da função. De acordo com a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, o termo “presbítero” (do gr. presbyteros) é uma forma comparativa da palavra grega presbys, “pessoa mais velha”. Como substantivo, e no emprego dos judeus e cristãos, “presbítero” é um título de dignidade dos indivíduos experientes e de idade madura que formavam o governo da igreja local. É um sinônimo de bispo (gr. episkopos, supervisor); de professor (gr. didaskolos); e de pastor (gr. poimēn). [Comentário: O termo ancião vem do latim antianus via francês arcaico ancien referindo-se a pessoa de idade avançada, antigo, velho, venerável, respeitável. A palavra hebraica equivalente é za·qen e identificava os líderes do Antigo Israel, quer no Âmbito de uma cidade, da tribo ou em nível nacional. Já presbítero vem do grego, πρεσβυτερος, presbyteros, pessoa de idade, ancião. Daí derivam-se outros títulos como preste. Padre, significando pai, é uma forma de tratamento que recebe o presbítero na Igreja Católica, Igreja Ortodoxa e algumas correntes protestantes, como no anglocatolicismo ou nas antigas congregações de língua portuguesa da Igreja Reformada Holandesa, como o notável Padre João Ferreira de Almeida. Boa parte das igrejas protestantes como a Igreja Metodista e Calvinismo chamam seus presbíteros ordenados de pastores. Na Igreja Luterana os pastores são responsáveis pelo rebanho cristão, e os presbíteros das igrejas locais fazem parte do governo eclesiástico, se reunindo e deliberando no respectivo Sínodo Regional em representação das suas comunidades. Nas Igrejas Reformadas e Presbiterianas (ambas de matriz calvinista), o presbítero é o líder espiritual de uma comunidade (ou paróquia) cristã. A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre "Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos" ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)".]

2. A liderança local. O apóstolo Paulo cuidou de organizar a administração das igrejas locais por onde as plantava, separando um grupo de obreiros para tal trabalho. Quando escreve ao seu discípulo, o jovem Tito, Paulo o instrui a estabelecer presbíteros em diversos lugares, de cidade em cidade (Tt 1.4,5,7). Está claro, assim, o aspecto pastoral da função exercida pelos presbíteros nas comunidades cristãs antigas. [Comentário: Presbítero (ancião em algumas versões da Bíblia) descreve alguém de idade mais avançada. A palavra é usada na Bíblia para identificar alguns dos líderes entre os judeus. No livro de Atos e nas epístolas, os homens que pastoreavam e supervisionavam as igrejas locais foram freqüentemente chamados de presbíteros (veja Atos 11:30; 14:23; 15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18; 1 Timóteo 5:17,19; Tito 1:5; Tiago 5:14; 1 Pedro 5:1; 2 João 1; 3 João 1). São homens de idade suficiente que tenham filhos crentes. Necessariamente são alguns dos mais maduros dos cristãos na congregação. Usam seu conhecimento e experiência para servir como modelos e ensinar o povo de Deus. O Pr Elinaldo Renovatos, Comentarista deste trimestre, escreve em seu livro que serve de apoio à revista: “O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do Senhor JESUS (Tt 1.5,7). Os pastores não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das inúmeras responsabilidades que a igreja local requer. Como a referência a presbíteros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos”, dá a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. “Sempre são citados no plural, isto é, não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.l4; 1 Pe 5.1).” Certamente, pela inexistência de pessoas qualificadas com o dom ministerial de pastor, havia a necessidade de uma liderança, formada por um grupo de irmãos mais idosos, para cuidar da igreja local. Entende-se, assim, que os presbíteros têm um ministério de grande importância, auxiliando os pastores, designados por DEUS para apascentarem e cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados”. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 131.]

3. As qualificações. Em o Novo Testamento, as referências aos presbíteros encontram-se no plural: “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.14; 1Pe 5.1). Como a liderança local era formada por um grupo de irmãos experientes na fé para cuidarem da igreja, a função dos presbíteros era pastoral. Portanto, o presbítero é um pastor, um apascentador de ovelhas! A Palavra de Deus expressa qualificações bem objetivas para o exercício fiel dessa função. Tais qualificações estão descritas em Tito 1.6-9 para presbítero, assim como em 1 Timóteo 3.1-7 para “bispo”, denotando o aspecto sinonímico dos dois termos. Uma leitura atenta das duas listas indica a importância da função e como as igrejas não podem descuidar-se quando da ordenação de pessoas para servi-la. O bom conselho do apóstolo Paulo ainda é a maneira mais segura para se separar obreiros. [Comentário: O ministro cristão deve ser pessoa que evita não só o mal, mas a própria aparência do mal. Sob todos os aspectos de conduta, ele tem de estar acima de repreensão. Suas relações matrimoniais não devem ter a mínima nódoa de escândalo. Muitos na igreja primitiva consideravam que marido de uma mulher era proibição de casar-se de novo por qualquer razão. O escândalo do divórcio tem envenenado tão completamente o fluxo da ordem social de nossos tempos, que devemos ser extremamente sensatos e cuidadosos nesta questão de segundo casamento, “para que o nosso ministério não caia em descrédito” (2 Co 6.3, NVI). Que tenha filhos fiéis (6) é expressão que requer algumas considerações. Seu verdadeiro significado foi capturado pela tradução: “que tenha filhos crentes” (BAB, RA; cf. NVI). Barrett observa que “a mudança do plural (presbíteros) para o singular (bispo) é mais bem explicado não pela suposição de que em cada cidade havia um grupo de presbíteros e só um bispo, mas pela interpretação [...] de que, enquanto que presbítero descreve o cargo, bispo descreve sua função: Os presbíteros que você designar devem ter certas qualificações, pois o homem que exerce a supervisão tem de ser não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância. A qualidade da irrepreensibilidade — “caráter inatacável” (6) — ocorre novamente, pois a responsabilidade do bispo é servir como despenseiro da casa de DEUS (7). O termo despenseiro quer dizer, literalmente, “o administrador de uma casa ou família” (Kelly). O bispo era o gerente financeiro da igreja local e por isso, se por nenhuma outra razão, deve ser homem de extrema integridade. O apóstolo alista cinco defeitos que devem estar visivelmente ausentes no bispo (7). São falhas de caráter que, caso sejam toleradas em um líder eclesiástico, lhe causarão ruína certa. O soberbo, o iracundo, nem dado ao vinho (“beberrão”, BJ), nem espancador (“violento”, BAB, BJ, CH, NTLH, NVI, RA), nem cobiçoso de torpe ganância (“nem ávido por lucro desonesto”, NVI, cf. BJ, CH). Paulo faz uma lista de seis virtudes a serem cultivadas pelos líderes da igreja: Dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante (8). O apóstolo introduz no versículo 9 uma exigência adicional: Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar (“exortar”, BAB, RA) com a sã doutrina como para convencer os contradizentes. Este é um tema que aparece em 1 Timóteo, embora não com todo este grau de ênfase. Em 1 Timóteo 5.17, Paulo destaca os presbíteros que “trabalham na palavra e na doutrina” como “dignos de duplicada honra”. Mas aqui, na Epístola a Tito, a competência nesta área é de todos os presbíteros. É a um ministério como este que DEUS chama os homens quando os convoca a ir e pregar. E responsabilidade do pregador “oferecer CRISTO aos homens”, como Carlos Wesley gostava de dizer. Neste verso, ele descreve liricamente esta tarefa central de pregar: "Ofereço-lhe meu Salvador; Amigo de publicanos e Advogado: Seus méritos e morte, ele advoga por você; E intercede com DEUS pelos pecadores na terra" Mas pregar CRISTO e oferecê-lo às pessoas é conhecer seguramente a Palavra de DEUS relativa a CRISTO, mantê-la em consideração reverente e declarar sua verdade às pessoas. Nestas Epístolas Pastorais, Paulo está vitalmente interessado na sã doutrina. Por essa época, a mensagem da igreja tomara forma em credos e fórmulas batismais. Vemos fragmentos dessas declarações de credo afloradas nas cartas a Timóteo. Cada nova geração de líderes cristãos tem a necessidade de declarar novamente as doutrinas básicas da fé cristã e justificá-las na mente e consciência dos que as ouvem. Mas a sã doutrina também tem preceitos éticos, que mostram como todos os cristãos, homens e mulheres, moços e velhos, escravos e livres, devem viver em um mundo que rejeita CRISTO. Tudo isto faz parte da tarefa de admoestar e convencer os contradizentes — os que negam e contradizem a verdade. J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 545-547.]

SINOPSE DO TÓPICO (1)
O termo presbítero (do gr. presbyteros) é um sinônimo de bispo (gr. episkopos), de professor (do gr. didaskolos) e de pastor (do gr. poimēn). Logo, a sua função é pastoral.

II. A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO

1. Significado do termo. “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1Tm 4.14). Foi dessa forma que o apóstolo Paulo lembrou Timóteo, aconselhando-o acerca do reconhecimento do ministério do jovem pastor pelo conselho de obreiros. O Novo Testamento classifica esse corpo de obreiro de “presbitério” (do gr. presbyterion, substantivo de presbítero, um conselho formado por anciãos da igreja cristã). [Comentário:  Tm 4.14 Ninguém deveria desprezar Timóteo (4.12), nem ele deveria desprezar a si mesmo. Paulo lembrou Timóteo de que ele tinha os requisitos necessários para realizar aquela obra difícil em Éfeso. Entre eles, estava um dom espiritual de Deus. Embora Paulo não defina especificamente este dom, ele estava preocupado com a possibilidade de Timóteo hesitar em usá-lo ou deixar de usá-lo. Quando virmos as capacitações de todos os tipos (espiritual, relacional, técnica) como dons de Deus, será mais fácil vermos a sua mão operando por meio dos esforços humanos. Ele poderia realizar a tarefa porque Deus o tinha chamado para realizá-la, o tinha capacitado para realizá-la, e estaria com ele durante a realização dela. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 502. Para Paulo o carisma está no começo e no centro de todo serviço e de toda a vida da igreja. O carisma não é algo acrescentado ao ministério, nem mesmo algo que somente possui certa importância à margem da verdadeira ordem eclesiástica. Dons da graça foram dados a todos para todos, ainda que nem todos recebam os mesmos dons. Em 1Co 12-14 Paulo não fala contra os dons da graça, mas somente contra seu abuso. Timóteo não corre o risco dos carismáticos de Corinto. Pelo contrário, a ele o apóstolo precisa dizer: não negligencies o dom da graça em ti. O próprio DEUS o concedeu a você, não uma instância humana. Por isso utilize esse dom, exercite-se nele, use-o diligentemente! Mediante profecia: por meio de uma palavra profética; profecias que apontam para Timóteo; falam de sua vocação. Desse chamado de DEUS lhe advém força para a luta. No começo do serviço não está o cargo, mas o carisma. No começo do carisma não está a ordenação, mas a vocação pelo próprio DEUS. Tanto o AT como o NT deixam inequivocamente claro que os servos estabelecidos para um serviço específico recebem a dádiva do ESPÍRITO antes de receber os dons do ESPÍRITO para o serviço. Pela imposição de mãos: A imposição das mãos confirma o que aconteceu, a saber, a vocação prévia por DEUS, profeticamente divulgada. A prática da imposição das mãos situa-se no âmbito dos sinais visíveis que acompanham a fé. Paulo lhe impôs as mãos em conjunto com os anciãos (QI 30). Assim como Tito deve instalar presbíteros de cidade em cidade, assim o próprio Paulo havia instalado Timóteo como presbítero. A instalação do presbítero não era uma ação arbitrária do apóstolo, mas ele reconhecera no ESPÍRITO que DEUS já havia posto sua mão sobre o jovem: o apóstolo então agiu de modo correspondente. Embora Timóteo fosse jovem na idade, DEUS o havia chamado como “ancião” e o manifestou mediante profecia. Concedeu-lhe o ESPÍRITO SANTO, incutiu-lhe o carisma para o serviço, confirmou sua vocação pela imposição de mãos por Paulo perante muitas testemunhas. Que carisma específico Timóteo havia, pois, recebido? Será que era pastor, mestre ou evangelista? (“Faça a obra de um evangelista!” 2Tm 4.5). Seria igualmente difícil definir um dom espiritual específico para Paulo. O dom geral da “palavra”, i. é, a vocação para o “serviço à palavra”, podia abranger proclamação, exortação, ensino e evangelização, mas apresentava ênfases diferentes nos diversos servos. Dependendo também das circunstâncias com que se deparavam, um ou outro serviço podia passar mais para o primeiro plano. Essencial para todos os dons espirituais é que cada um carece de complementação. Por mais abrangentes que sejam, ocorrem de forma apenas limitada em cada pessoa, carecendo da permanente complementação por parte de outra. Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.]

2. A atuação do presbitério. No Concílio de Jerusalém, em relação às sérias questões étnicas e eclesiásticas que podiam comprometer a expansão da igreja, os apóstolos e os anciãos (presbíteros) foram chamados para debater e legislar sobre o assunto (At 15.2,6,9-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à Antioquia para orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que perturbavam os novos convertidos: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém” (At 16.4). [Comentário:  De acordo com o Novo Testamento, os presbíteros são responsáveis pela liderança e supervisão de uma igreja local. A função e o papel de um presbítero é bem resumida por Alexander Strauch em seu livro Biblical Eldership: “Os presbíteros lideram a igreja [1Tm 5.17; Tito 1.7; 1 Pedro 5.1-2], ensinam e pregam a Palavra [1 Timóteo 3.2; 2 Timóteo 4.2; Tito 1.9], protegem a igreja de falsos mestres [Atos 20.17, 28-31], exortam e admoestam os santos na sã doutrina [1 Timóteo 4.13; 2 Timóteo 3.13-17; Tito 1.9], visitam e oram pelos doentes [Tiago 5.14; Atos 20.35], e julgam questões doutrinárias [Atos 15.16]. Em terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e cuidam da igreja local”. No livro "Introdução à Teologia Sistemática", de Eurico Bergstén, publicado pela CPAD em 1999, lemos na pg. 270 (pg. 229 da atual edição): "Os presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja (cf. At 20.28) e também no ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse 'apto para ensinar' (cf. 1 Tm 3.2). Os presbíteros constituíam um corpo auxiliar no governo da igreja, sob a presidência do pastor. Convém salientar que os ministros também se consideravam presbíteros. O apóstolo Pedro escreveu para os presbíteros que ele também era presbítero (cf. 1 Pe 5.1), e o apóstolo João considerava-se ancião (cf. 2 Jo 1) ou presbítero (cf. 3 Jo 1). Apesar de os presbíteros não serem ministros da Palavra, os ministros, necessariamente, eram presbíteros. Assim ficava distinguida a liderança que lhes fora dada por Deus."]

3. A valorização do presbitério. O presbitério deve ser valorizado, pois desde os primórdios da Igreja cristã, a sua existência tem fundamento na Palavra de Deus. O rebanho do Senhor será ainda mais bem atendido se o presbitério das nossas igrejas for preparado para uma atuação mais efetiva no governo da igreja e no ministério de ensino, tal como instruiu o apóstolo Paulo: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O Novo Testamento mostra que, apesar de haver um pastor titular, o governo de uma igreja não era exercido por um único líder, mas pelo conselho de obreiros (At 20.17-37; Ef 4.11, 1Pe 5.1). O presbitério é de vital importância ao desenvolvimento das igrejas locais e ao bom ordenamento do Corpo de Cristo. [Comentário:  As palavras “anciãos” (1) e presbíteros (17; aqui quer dizer “pastores”, cf. BV) são tradução da mesma palavra grega; os significados, embora distintos, estão correlacionados. No versículo 1, significa os membros mais idosos da congregação; mas aqui diz respeito aos indivíduos separados para a obra do ministério: Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (17). Há comentaristas que entendem que este versículo antecipa a distinção entre “pastores” que governam e “pastores que ensinam”, que é a prática em certas igrejas reformadas. Mas isso é improvável, quando lembramos que Paulo já havia declarado especificamente que todo bispo (ou pastor) tem de ser “apto para ensinar” (3.2). O apóstolo está estipulando a Timóteo que o pastor que combina igreja com o serviço fiel e talentoso como pregador e professor de honra. Junto do honorário deve ser incluída a honra. Ainda não havia chegado o dia em que os ministros da igreja seriam totalmente sustentados. O costume que então vigorava era que os líderes da igreja se sustentassem, da mesma maneira que o apóstolo o fazia. Na opinião de Paulo, o bom serviço merece reconhecimento e recompensa. Aquele cujo tempo era tomado quase todo pelo trabalho da igreja deveria receber maior compensação. Paulo sustenta seu conselho com um argumento que lembra 1 Coríntios 9.9: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário (18). A primeira destas passagens é um preceito do Antigo Testamento encontrado em Deuteronômio 15.4, e em sua situação original é uma ordenação humanitária. Mas em outro texto Paulo argumenta que tem um significado mais profundo: “Porventura, tem DEUS cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós?” (1 Co 9.9,10). O apóstolo também cita outra passagem para a qual dá importância igual: Digno é o obreiro do seu salário. Esta é declaração de nosso Senhor registrada em Lucas 10.7. O fato surpreendente é que os estudiosos do Novo Testamento não conseguem achar evidências para provar que o Evangelho de Lucas tinha acesso geral quando estas palavras foram escritas. Provável é que o Evangelho de Lucas fosse conhecido por Paulo e também por Timóteo. E. K. Simpson assume a posição, junto com B. B. Warfield, de que “temos aqui uma citação verbalmente exata do Evangelho de Lucas, tratada como porção integrante das Santas Escrituras”. Nesta passagem, o apóstolo deixa clara sua opinião de que o serviço fiel e eficaz merece reconhecimento e remuneração adequada. E óbvio que a igreja começava a mudar rumando para um ministério assalariado. J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 490-491.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
Fundamentado na Palavra de Deus desde os primórdios cristãos, o presbitério atua no governo da igreja local junto ao pastor titular.

III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO

1. Apascentar a igreja. Os presbíteros têm o dever de alimentar o rebanho de Deus com a exposição da Santa Palavra. O apóstolo Pedro bem exortou aos presbíteros da sua época acerca desta tarefa: (1Pe 5.2a). O apascentar as ovelhas do Senhor se dá com cuidado pastoral, não pela força ou violência, como se os obreiros tivessem domínio sobre o Corpo de Cristo. Esse ato ocorre voluntariamente, sem interesse financeiro, servindo de exemplo ao rebanho em tudo (1Pe 5.2,3). Os presbíteros formam o conselho da igreja local cujo objetivo maior é atuar na formação espiritual, social, moral e familiar do povo de Deus. [Comentário:  A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre "Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos" ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)". "Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil" (Hb 13.17). Este versículo não diz especificamente "presbíteros", mas o contexto trata dos líderes da igreja. Eles são responsáveis pela vida espiritual da igreja. I Ped 5.2,3 O mandamento de Pedro para que os presbíteros apascentem o rebanho de DEUS é uma repetição das palavras que o Senhor JESUS disse ao próprio Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.16). A mesma palavra grega é usada nas duas passagens, significando “guiar”, “atender”, “cuidar”, ou “pastorear”. O “rebanho” são os crentes; os presbíteros tinham responsabilidades sobre as igrejas individuais e, consequentemente, sobre uma certa parte do “rebanho” de DEUS. Os presbíteros deviam ser como pastores, que conduzem, orientam e protegem as ovelhas que estão sob os seus cuidados. Os crentes precisariam de bons líderes quando enfrentassem a perseguição. Pedro esperava que eles fizessem a vontade de DEUS à sua maneira, tentando agradar a DEUS com fervor. A fórmula que JESUS usava sempre era que aqueles que lideram devem ser os melhores servos (Mc 10.42-45). Os líderes devem ser exemplos de humildade e de servilismo. Os líderes não devem intimidar nem coagir as pessoas. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 732-733. “...admoesto eu”. E, para reforçar essa exortação, ele lhes diz que é presbítero com eles, e assim não impõe nada a eles que ele não esteja disposto a fazer também. Ele é também “...testemunha das aflições de CRISTO”, tendo estado com Ele no jardim, acompanhando-o ao palácio do sumo sacerdote, e muito provavelmente tendo sido testemunha do seu sofrimento na cruz, à distância, entre a multidão (At 3.15). Ele acrescenta que é também “...participante da glória” que em certa medida foi revelada na transfiguração (Mt 17.1-3), e vai ser completamente desfrutada na segunda vinda de JESUS CRISTO. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 882.]

2. Liderar a igreja local. A liderança da igreja local tem duas esferas principais de atuação: o governo e o ensino. O presbítero, quando designado para essas tarefas, tem o dever de exercê-las na “Igreja de Deus” (1Tm 3.5). Para isso, ele precisa saber “governar a sua própria casa” e ser “apto a ensinar” (1Tm 3.2,4). Liderar o rebanho de Deus, segundo o Novo Testamento, é estar disponível “para servir” e “não para ser servido” (Mt 20.25-28; Mc 10.42-45). Com o objetivo de exercer competentemente esta função, o presbítero deve ser uma pessoa experiente, idônea e pronta a ser exemplo na igreja local. Ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior compromisso de todo homem de Deus chamado para tão nobre tarefa. [Comentário: “Indignaram-se contra os dois irmãos” ; não porque desejassem ser preferidos antes deles - que foi o pecado de Tiago e João, pelo qual CRISTO se entristeceu - , mas porque queriam ter a honra para si mesmos, o que revelava descrédito em relação aos dois irmãos. Muitos parecem ter uma indignação pelo pecado; porém, não a sentem pelo pecado em si, mas porque tal pecado os toca. Eles se indignarão contra um homem que amaldiçoa; mas somente o farão se ele lhes amaldiçoar, e lhes afrontar, não porque tal homem esteja desonrando a DEUS. Esses discípulos estavam com raiva da ambição de seus irmãos, embora eles mesmos fossem igualmente ambiciosos. E comum que as pessoas se enfureçam com os pecados dos outros, os quais elas permitem e toleram em si mesmas. Aqueles que são orgulhosos e cobiçosos não gostam de ver outros assim. Nada causa mais dano entre irmãos, ou é a causa de mais indignação e contenda, do que a ambição e o desejo de grandeza. Nós nunca encontramos os discípulos de CRISTO discutindo; mas eles enfrentaram uma situação de contenda essa ocasião. B. A correção que CRISTO lhes fez foi muito suave, por meio da instrução sobre o que eles deveriam ser, e não por meio da repreensão pelo que eles eram. Ele havia reprovado esse mesmo pecado antes (cap. 18.3), e lhes dissera que deveriam ser humildes como crianças pequenas; no entanto, eles reincidiram nesse pecado, mas CRISTO os repreendeu de forma moderada. “Então, JESUS, chamou-os para junto de si”, o que sugere um grande carinho e familiaridade. Ele não lhes ordenou, com raiva, que saíssem de sua presença, mas os chamou, com amor, para virem à sua presença. Ele está sempre pronto a ensinar, e nós somos convidados a aprender dele, porque ele é “manso e humilde de coração”. O que Ele tinha a ensinar dizia respeito tanto aos dois discípulos como aos outros dez; portanto, ele reúne todos. E lhes diz que enquanto estavam perguntando qual deles deveria ter o domínio em um reino temporal, não havia realmente tal domínio reservado para nenhum deles. Porque: (1) Eles não deveriam ser como os “príncipes dos gentios”. Os discípulos de CRISTO não deveriam ser como os gentios, nem como os príncipes dos gentios. O principado não torna ninguém ministro, da mesma forma que o “gentilismo” não torna ninguém cristão. A pompa e a grandeza dos príncipes dos gentios não convém aos discípulos de CRISTO. Então, se o poder e a honra não foram planejados para estar na igreja, era uma insensatez deles estarem disputando quem deveria tê-los. Eles não sabiam o que pediam. Em segundo lugar, então qual será o relacionamento entre os discípulos de CRISTO? O próprio CRISTO havia sugerido uma grandeza entre eles, e aqui Ele explica: “Todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo” (w. 26,27). Observe aqui: 1. Que é dever dos discípulos de CRISTO servirem uns aos outros, para a edificação mútua. Isto inclui tanto a humildade como a utilidade. O grande apóstolo se comportou como servo de todos (veja 1 Co 9.19). 2. A dignidade dos servos de CRISTO está relacionada ao fiel cumprimento dessa obrigação. O modo de ser grande, e o primeiro, é ser humilde e servil. Assim como o que quer ser sábio deve se fazer de tolo, quem quiser ser o primeiro deverá se comportar como servo. O apóstolo Paulo foi um grande exemplo disso; ele trabalhou mais abundantemente do que todos, tornou- se (como diriam alguns) um escravo do seu trabalho. E ele não é o primeiro? Não o chamamos por unanimidade de “o grande apóstolo”, embora ele se autodenomine o menor entre os menores? E talvez o nosso Senhor JESUS estivesse pensando em Paulo quando disse: “Haverá derradeiros que serão primeiros”; porque Paulo nasceu fora do tempo devido, como um abortivo (1 Co 15.8). Talvez fosse para ele que o primeiro posto de honra no reino de CRISTO estivesse reservado e preparado por DEUS Pai, e não para Tiago e João, que o buscaram. [1] Nunca houve um exemplo de humildade e condescendência como houve na vida de CRISTO, que não veio para “ser servido, mas para servir”. Quando o Filho de DEUS entrou no mundo - o Embaixador de DEUS para os filhos dos homens alguém poderia pensar que Ele deveria ser servido, que deveria ter se apresentado em um aparato que estivesse de acordo com a sua pessoa e caráter; mas Ele não fez isso; Ele não agiu como uma celebridade, Ele não teve nenhum séquito pomposo de servos de Estado para servi-lo, nem se vestiu em túnicas de honra, porque tomou sobre si a “forma de servo”. Ele, na verdade, viveu como um homem pobre, e isto fez parte da sua humilhação. Houve pessoas que o serviram com as “suas fazendas” (Lc 8.2,3); mas Ele nunca foi servido como um grande homem. Ele nunca tomou a pompa sobre si, não foi servido em mesas, como um dos grandes deste mundo. JESUS, certa vez, lavou os pés dos seus discípulos, mas nunca lemos que eles tenham lavado os pés dele. Ele veio para ajudar a todos quantos estivessem em aflição. Ele se fez servo para os doentes e debilitados; estava pronto para atender aos seus pedidos como qualquer servo estaria pronto para atender à ordem do seu senhor, e se esforçou muito para servi-los. O Senhor JESUS serviu continuamente visando este fim, negando a si até mesmo o alimento e o descanso para cumprir essa tarefa. [2] Nunca houve um exemplo de beneficência e utilidade como houve na morte de CRISTO, que “deu a sua vida em resgate de muitos”. Ele viveu como um servo, e fez o bem; mas morreu como um sacrifício, e com isso Ele fez o maior bem de todos. Ele entrou no mundo com o propósito de dar a sua vida em resgate; isto estava primeiro em sua intenção. Os aspirantes a príncipes dos gentios fizeram da vida de muitos um resgate para a sua própria honra, e talvez um sacrifício para a sua própria diversão. CRISTO não age assim; o sangue daqueles que lhe são sujeitos é precioso para Ele, e Ele não é pródigo nisso (SI 72.14); mas, ao contrário, Ele dá a sua honra e a sua vida como resgate pelos seus súditos. Então esse é um bom motivo para não disputarmos a precedência, porque a cruz é a nossa bandeira, e a morte do nosso Senhor é a nossa vida. Esse é um bom motivo para pensarmos em fazer o bem, e, em consideração ao amor de CRISTO ao morrer por nós, não hesitarmos em “sacrificar as nossas vidas pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Os ministros devem estar mais ansiosos do que os outros para servir e sofrer pelo bem das almas, como o bendito apóstolo Paulo estava (At 20.24; Fp 2.17). Quanto mais interessados, favorecidos e próximos estivermos da humildade e da humilhação de CRISTO, mais prontos e cuidadosos estaremos para imitá-las. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 260-262.]

3. Ungir os enfermos. “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tg 5.14). O ato da unção dos enfermos não pode ser banalizado na igreja local. Ele revela a proximidade que o presbítero deve ter com as pessoas. O membro da igreja local tem de se sentir à vontade para procurar qualquer um dos presbíteros e receber oração ou uma palavra pastoral. Tal obreiro foi separado pelo Pai e pela igreja para atender a essas demandas. [Comentário: "Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor" (Tg 5.14). Um presbítero biblicamente qualificado tem uma vida piedosa, e "a súplica de um justo pode muito na sua atuação" (Tg 5.16). Uma das necessidades desse campo é orar para que a vontade do Senhor seja feita, e espera-se que os presbíteros façam isso. A unção com óleo é um ato de fé que acompanha a “oração da fé”, feita por homens de Deus, que, liderando a igreja local, ou auxiliando os pastores-líderes, atendem aos que se encontram enfermos, e oram por sua cura, “em nome de Jesus” (Mc 16.18c). Orar pelos enfermos e curá-los é sinal de fé para “os que crerem”, independente de serem obreiros regulares. Mas orar com unção com óleo é confiado aos presbíteros. Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 137. Uma característica da igreja primitiva era a sua preocupação com os doentes e o cuidado para com eles. Aqui Tiago incentiva os doentes para que chamem os presbíteros da igreja, pedindo aconselhamento e oração. Os presbíteros eram pessoas espiritualmente amadurecidas, responsáveis pela supervisão das igrejas locais (veja 1 Pe 5.1-4). Os presbíteros iriam orar sobre a pessoa doente, pedindo a cura ao Senhor. A seguir, eles a ungiriam com azeite em nome do Senhor. Enquanto oravam, os presbíteros deviam pronunciar claramente que o poder da cura residia no nome de Jesus. A unção era frequentemente usada pela igreja primitiva nas suas orações pedindo cura. Nas Escrituras, o azeite era tanto um remédio (veja a parábola do bom samaritano, em Lucas 10.30-37) como um símbolo do Espírito de Deus (como quando usado para ungir reis; veja 1 Sm 16.1-13). Desta forma, o azeite pode ter sido um sinal do poder da oração, e pode ter simbolizado a separação da pessoa enferma para a atenção especial de Deus. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 691.]

SINOPSE DO TÓPICO (3)
Apascentar a igreja de Cristo, liderar uma igreja local e ungir os enfermos são algumas das muitas responsabilidades do presbítero.

CONCLUSÃO
Vimos que os termos presbítero, bispo e pastor são sinônimos. Os presbíteros, ou bispos, sempre formaram um corpo de obreiros com a finalidade de contribuir para a edificação da igreja local. Eles exercem uma função pastoral. Nas Assembleias de Deus no Brasil, os presbíteros exercem este serviço, pastoreando as congregações. Eles ainda cuidam da execução das principais tarefas da Igreja: a evangelização e o ensino da Palavra. Portanto, esses obreiros precisam ser bem selecionados e valorizados pela igreja local. [Comentário: Estamos habituados a ver uma categoria de líderes eclesiásticos que querem estar acima de pastores/presbíteros: os chamados “bispos” de hoje. Quando olhamos para as Escrituras, a evidência bíblica indica que “bispo” é simplesmente outro termo para presbítero. Paulo se refere aos presbíteros em Éfeso como “bispos” em seu sermão de despedida de Atos 20.17-35. Da mesma forma, “bispo” em Tito 1.7 parece ser um sinônimo para o termo “presbítero” usado no versículo 5. Na linguagem do Novo Testamento o mesmo ofício na Igreja é chamado indiferentemente de ‘bispo [supervisor]’ (episkopos) e ‘ancião’ ou ‘presbítero’ (presbyteros)”. Meu entendimento é que os presbíteros não constituíam apenas um "corpo auxiliar no governo da igreja sob a presidência do pastor". Pelo que foi estudado, o presbítero poderia ser o próprio pastor (1 Pe 5.1-4). O Termo "pastor" (poimen; ποιμήν; hb. Ra’a), designa aquele que “alimenta”, que "cuida do rebanho", que “guiar”, que “guarda e protege”. Para um “aprofundamento” acerca desse tema e a origem do título hierárquico nas IEAD, sugiro uma leitura do excelente artigo do Pr Altair Germano “PRESBÍTEROS SÃO MINISTROS DA PALAVRA? (2ª PARTE)”, no link http://www.altairgermano.net/2011/12/presbiteros-sao-ministros-da-palavra-2.html] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!


Francisco Barbosa