sábado, 12 de dezembro de 2015

LIÇÃO 11: MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO



SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje nos voltaremos para a narrativa bíblica sobre o patriarca Abraão, o pai da fé. Inicialmente, mostraremos que Abraão, mesmo sendo um pacifista, adentrou em uma batalha, a fim de preservar seu sobrinho Ló. Em seguida, destacaremos o encontro do patriarca com Melquisedeque, o sacerdote de justiça, e rei de Salém. Ao final, ressaltaremos que esse sacerdote prefigura Cristo, aquele que viria a oferecer um sacrifício perfeito, pelos pecados da humanidade.

1. A BATALHA DE ABRAÃO

Abraão não entrou na batalha por interesse particular, nem mesmo a fim de obter ganhos materiais (Gn. 14.22,23). O motivo da sua disputa foi a proteção do seu sobrinho Ló, que havia sido capturado, depois que este decidiu habitar em Sodoma (Gn. 13.10-13). Isso mostra que o patriarca não estava indiferente a realidade social na qual estava inserido. Ele sabia que as decisões humanas podiam afetar diretamente a realidade individual. De igual modo, devemos saber que as decisões políticas trazem implicações para a sociedade. Precisamos estar atentos ao que está acontecendo em nosso país, e cuidar para não ser conduzido pelos engodos da mídia. Abraão entrou em uma aliança com alguns príncipes da região, a fim de alcançar um propósito comum. Não estamos impedidos de fazer alianças, contanto que sejam éticas, e tragam benefícios para a coletividade (Lc. 10.25-37; Gl. 6.10). Abraão era um homem pacífico, mesmo assim se preparou para guerra, quando essa se fez necessária. A maior guerra do cristão é espiritual (II Co. 10.3-5), precisamos vencer o mundo através da fé (I Jo. 5.4), e nos revestir de toda armadura de Deus (Ef. 6.10-18). A principal arma do cristão é a Palavra de Deus, precisamos buscar a revelação do Senhor, a fim de destruir os sofismas humanos (II Tm. 3.16,17). Como soldados de Cristo, não podemos nos envolver com negócios deste mundo, nosso objetivo deve ser satisfazer àquele que nos arregimentou (II Tm. 2.4). Ao retornar da batalha, Abraão encontrou dois reis: Bera, rei de Sodoma, que ofereceu espólios da guerra, e Melquisedeque, o rei de Salém, que ofereceu pão e vinho. O patriarca rejeitou a oferta do primeiro, porque não queria ser influenciado pelos subornos do mundo.

2. SEU ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE

O encontro de Abraão com Mesquisedeque está repleto de significados, para os quais devemos atentar. O nome desse sacerdote-rei significa “rei de justiça”, e Salém, ao que tudo indica, era a antiga Jerusalém, que quer dizer paz. Em Hb. 7 e no Sl. 110 Melquisedeque prefigura Jesus Cristo, o Rei e Sacerdote Celestial (Hb. 12.11). O oferecimento de pão e vinho a Abraão remete à celebração da Ceia do Senhor, em memória do Seu sacrifício na cruz (Mt. 26.26-30). O rei de Salém não era um ser angelical, muito menos Cristo encarnado, mas um homem justo, que desfrutava de intimidade com Deus. Ele se encontrou com Abraão para fortalecê-lo, depois de uma batalha. O patriarca, em gratidão aos cuidados sacerdotais, entregou o dízimo a Melquisedeque (Gn. 14.20). Essa é a primeira menção a essa contribuição nas Escrituras, procedimento que se tornou comum entre os judeus (Lv. 27.30-33). A entrega do dízimo continua sendo uma prática observada pela igreja cristã. Ninguém deverá ser coagido a fazê-lo, pois a gratidão deve ser a maior motivação, em reconhecimento pela providência divina (I Co. 16.1,2). O desprendimento de bens em prol do rei de Deus é também uma demonstração de que não estamos debaixo do reino de Mamom (Mt. 6.24). Essa é uma manifestação de que o dinheiro não é nosso deus, mas que confiamos no Senhor, e em sua providência. Através da sua fé Abraão se tornou um exemplo para todos aqueles que creem. Paulo destaca que o patriarca creu em Deus, e isso lhe foi imputado por justiça (Rm. 4.1-8). A fé é o firme fundamenta das coisas que se esperam, mas que não são vistas (Hb. 11.1), somos salvos pela graça, por meio da fé, não pelas obras da Lei (Ef. 2.8,9).

3. UM TIPO DO SACERDÓCIO DE CRISTO

Jesus é Sacerdote Eterno e Perfeito, da linhagem de Melquisedeque, isso porque os adeptos da religiosidade judaica eram incapazes de realizar plenamente o sacrifício (Hb. 7.19). O sangue derramado pelos animais não tornavam qualquer pessoa perfeita aos olhos de Deus (Hb. 10.1-3). Uma das restrições desse sacerdócio era que não poderia ser exercido por alguém da tribo de Judá (Hb. 7.14). Além disso, o sacerdote aarônico dependia apenas de um ritual religioso, que cumprisse os requisitos físicos e cerimoniais (Lv. 21.16-24). O sistema sacrifical judaico somente se tornou possível por causa de Cristo, o Sumo Sacerdote da tribo de Judá (Cl. 2.13,14; Hb. 7.18).  Ele é Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb. 7.21). Através dEle a questão do pecado foi resolvida definitivamente, não carecendo mais de derramamento de sangue de animais (Hb. 7.22). Jesus é um Sumo Sacerdote, que diferentemente dos levíticos, não é imperfeito, e muito menos temporário. E porque Ele é também imutável (Hb. 7.24) e inculpável (Hb. 7.26) podemos confiar que ele intercede para sempre por nós (Hb. 7.25). Por causa dEle os cristãos podem se achegar a Deus em oração (Hb. 4.14-16). Ele nos oferece graça e misericórdia, de modo que se viermos a pecar, temos da parte de Deus, um Advogado (I Jo. 2.1,2). Quando confessamos nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar, e nos restaurar a comunhão com o Pai (I Jo. 1.9). Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é perfeito para sempre (Hb. 7.28), e nEle podemos confiar que nossos pecados são perdoados, e temos livre acesso ao trono da graça.


CONCLUSÃO

Abraão teve um encontro profundo e pessoal com Deus, ao ser recebido por Melquisedeque. Esse sacerdote-rei de justiça prefigura Cristo, Aquele que se manifestou para trazer reconciliação do homem com Deus. Cada um de nós precisa ter um encontro com Deus, e se dispor a adorá-LO em espírito e em verdade (Jo. 4.24,25). Como Abraão, precisamos reconhecer que Deus é nossa maior riqueza, e nEle encontramos satisfação plena para as nossas vidas (Gn. 15.1), e as riquezas celestiais em Cristo Jesus (Ef. 1.7,18).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

A história de Melquisedeque é tão breve que o autor sagrado pôde narrá-la em apenas três versículos (Gn 14.18-20). Aliás, nem biografia possui o misterioso homem. Sabemos apenas que ele era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo.
Se a história é pequena, a teologia é grande. A importância de Melquisedeque faz-se plena com a encarnação de Cristo que, desde o Calvário, exerce o seu sacerdócio junto ao Pai.

O rei de Salém entra em cena, quando sai ao encontro de Abraão, que vinha de uma renhida batalha para libertar a Ló, seu sobrinho. E ali na antiga Jerusalém, abençoa no patriarca toda a nação israelita. Nesta bênção, você também foi incluído. [Comentário:Melquisedeque, do hebraico מַלְכִּי־צֶדֶק (Malkiy-Tzadeq) "meu rei é justiça", o rei de Salém, a antiga Jerusalém, e sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14.18-20; Sl 110.4; Hb 5.6-11; 6.20-7.28). O aparecimento e desaparecimento repentinos de Melquisedeque no livro de Gênesis são misteriosos. Sem ascendência nem descendência, a quem a história atribui-lhe características sobre humanas, divina, interagiu com Abraão quando este retornou vitorioso da batalha de Sidim. Melquisedeque e Abraão se conheceram pela primeira vez depois da vitória de Abrão contra Quedorlaomer e seus três aliados. Melquisedeque ofereceu pão e vinho a Abraão e aos seus homens que estavam muito cansados, demonstrando amizade. Ele abençoou Abraão no nome de El Elyon ("Deus Altíssimo") e louvou a Deus por ter dado a Abraão vitória na batalha (Gn 14.18-20). Seu nome (meu rei é justiça) e seu título – rei de Salém (em hebraico “paz”) (rei de paz) indicam o Messias, cuja pessoa e ministério se caracterizam pela justiça (Is 32.1; Jr 23.5; Ml 4.2; 1 Co 1.30) e pela paz (1Cr 22.9; Zc 9.10; Ef 2.14,15). Estas duas graças se encontram em Cristo, de modo perfeito.]

I. MELQUISEDEQUE, REI DE SALÉM

Uma história sem biografia. Assim podemos definir a aparição de Melquisedeque no relato do Gênesis.   [Comentário: Melquisedeque, contemporâneo de Abraão, rei de Salém e sacerdote de Deus (Gn 14.18), a quem Abraão pagou dízimos e foi por ele abençoado é uma prefiguração de Jesus Cristo, que é tanto sacerdote como rei. “Sem pai, sem mãe (Hb 7.3) não significa que este personagem literalmente não tivesse pais nem parentes, nem que era anjo. Significa tão somente que as Escrituras não registram a sua genealogia e que nada diz a respeito do seu começo e fim. Por isso, serve como tipo de Cristo eterno, cujo sacerdócio nunca terminará. Vivendo sempre para interceder (Hb 7.25). Cristo vive no céu, na presença do Pai. (8.1), intercedendo por todos os seus seguidores, individualmente, de acordo com a vontade do Pai (cf. Rm 8.33,34; 1 Tm 2.5; 1 Jo 2.1).

1. Rei de Jerusalém. A antiga Salém, cujo nome em hebraico significa paz, é identificada com a Jerusalém atual. O objetivo deste reino era promover a paz através da justiça divina, já que o nome de Melquisedeque traz este glorioso significado: rei de justiça (Hb 7.2).Portanto, sua função era difundir o conhecimento divino em toda aquela região, pois Israel ainda não existia como o povo sacerdotal e profético do Senhor. [Comentário: Salém é Jerusalém - a primeira referência à cidade de Jerusalém se encontra em Gn 14.18, onde aparece como Salém. Com o seu nome atual, Jerusalém, aparece pela primeira vez em Josué 10.1, onde reinava Adoni-Zedeque, que se uniu a quatro outros reis para lutarem contra Jerusalém. A união do rei e o sacerdote em Jerusalém haveria de levar Davi (o primeiro israelita a sentar-se no trono de Melquisedeque) a entoar cânticos sobre um Melquisedeque mais grandioso que havia de vir (SI 110.4). Sobre Melquisedeque, Antônio Neves de Mesquita escreve em sua obra intitulada Estudo no livro de Gênesis (JUERP): “Alguns querem que seja Cristo, no seu estado de pré-encarnação, mas esta teoria está em conflito com o Sal. 110:4 e com o teor geral das Escrituras, que fazem Cristo e Melquisedeque duas personalidades distintas e dois sacerdotes também distintos, um prefigurado no outro. Uma coisa não pode ser prefigurada em si mesma. Quem era, pois, esse homem? Um anjo? Não. Do pouco que sabemos dele, cremos que era um homem pio que permanecia fiel à religião de Noé, ou ao primitivo monoteísmo e neste caráter era um sacerdote como Jetro, sogro de Moisés”.]

2. Sacerdote do Deus Altíssimo. Melquisedeque foi o primeiro personagem da História Sagrada a receber o título de sacerdote. É claro que, desde o princípio, houve ações sacerdotais. Haja vista o oferecimento que Abel fez ao Senhor (Gn 4.4).No texto bíblico, ele é identificado como sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14.18). Ao contrário do ofício de Arão, cuja continuidade era assegurada hereditariamente, o de Melquisedeque é eterno. Com um único sacrifício, o seu ministério plenificou-se. Sim, com a morte de Cristo foi-nos garantida eterna redenção perante Deus (Hb 7.23-28). [Comentário: O nome composto "El Elyon" (traduzida como "Deus Altíssimo") ocorre doze vezes no Antigo Testamento. Ele primeiro ocorre quatro vezes em Gênesis 14.18-20,22-18: Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho para celebrar a vitória militar de Abrão:. E ele era sacerdote do Deus Altíssimo [El Elyon] 19 Ele abençoou-o, e disse: 'Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo [El Elyon], o Criador dos céus e da terra, 20 e bendito seja o Deus Altíssimo [El Elyon], que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. " Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. 22 Abrão disse ao rei de Sodoma: "Eu levantei a minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo [El Elyon], o Criador dos céus e da terra. O Dicionário Bíblico Wycliffe (Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea – CPAD), afirma: “A opinião tradicional diz que Melquisedeque era um verdadeiro adorador do Senhor (conforme Josefo, Irineu, Calvino, KD, Leupold, etc....). Se a data da vida de Abraão (aprox. 2000 a. C.) estiver correta, então Melquisedeque viveu antes da substituição de El como principal deus dos cananeus”. Isso implica dizer que os cananeus, àquela época, adoravam o Deus Verdadeiro, reconhecido assim por Abraão (Gn 14.22).]

3. Figura de Jesus. Filho do homem, Jesus tem uma genealogia que, em Mateus, remonta a Abraão (Mt 1.1,2), e, em Lucas, vai até ao próprio Deus (Lc 3.38). Mas, como Filho de Deus, Ele é eterno: não possui genealogia (Jo 1.1-3). Nesse sentido, Melquisedeque é uma figura perfeita de Cristo (Hb 7.1-6).Isso não significa que Melquisedeque fosse eterno, ou uma pré-encarnação de Jesus Cristo. O que o autor sagrado diz é que este personagem, apesar de sua importância, não possui uma biografia escrita. Moisés foi inspirado a não registrar-lhe o nome dos pais, a idade, a procedência, nem o dia de sua morte. [Comentário:No Salmo 110, um salmo messiânico escrito por Davi (Mt 22.43), Melquisedeque é visto como um tipo de Cristo (modelo ou figura de Cristo). O tema é repetido no livro de Hebreus, onde Melquisedeque e Cristo são considerados reis da justiça e da paz. Ao citar Melquisedeque e seu sacerdócio especial como um tipo, o autor mostra que o novo sacerdócio de Cristo é superior à ordem levítica e ao sacerdócio de Arão (Hb 7.1-10). Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado com um anjo (Orígenes), com o Espírito Santo (Epifânio), com o Senhor Jesus Cristo (Ambrósio), com Enoque (Calmet) e Sem (Targuns, Jerônimo, Lutero).]


SUBSÍDIO DIDÁTICO

"Em hebraico malkisedeq ou 'rei da justiça', é mencionado em Gênesis 14.18; Salmo 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17. No livro de Gênesis ele é um rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abraão quando este retornou depois de salvar Ló, e a quem Abraão pagou o dízimo do espólio da batalha. Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado com um anjo, com o Espírito Santo, com o Senhor Jesus Cristo, com Enoque.Quanto à religião, ele era 'sacerdote do Deus Altíssimo'"(Dicionário Bíblico Wycliffe.1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247). 

II. ABRAÃO, O GENTIO

Abraão era tão gentio quanto eu e você, quando Deus o chamou a formar o povo escolhido (Dt 26.5). No entanto, pela fé, tornou-se pai da nação hebreia e de todos os que creem.  

1. O pai da nação hebraica. Deus precisava de uma nação, através da qual pudesse redimir a humanidade, segundo anunciara a Adão e Eva (Gn 3.15). Esta nação teria de vir da linhagem de Sem, o filho mais velho de Noé (Gn 9.26,27). E, como todos sabemos, Abraão era semita. Sua escolha evidenciou-se por uma fé inabalável em Deus (Rm 4.3). Nele seriam abençoadas todas as nações da terra, com a proclamação do Evangelho de Cristo (Gn 12.3). Afinal, Jesus, segundo a carne, veio da descendência de Abraão (Mt 1.1). A missão da família hebreia, portanto, era testemunhar ao mundo acerca do amor, da justiça e da Palavra de Deus (Rm 9.4,5). Apesar da aparente falha de Israel, sua missão foi plenamente cumprida, pois a salvação chegou-nos por intermédio dos judeus (Jo 4.22). [Comentário:Abraão nasceu em Ur dos Caldeus. Sobre Ur lemos num dicionário bíblico: “Cidade muito antiga no sul da Babilônia, que se indentifica como Tell el-Muqayyar; ela estava situada na margem direita do rio Eufrates, a meio caminho entre Bagdá e o Golfo Pérsico. Tera e seus filhos – entre eles Abrão – nasceram em Ur e de lá se mudaram para Harã”. Portanto, a pátria de Abraão ficava na Babilônia. Josué também salienta isso no seu “discurso à nação”: “…Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Tera, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses” (Js 24.2). Abraão de fato descendia de Sem, portanto era um semita, mas ele servia a quaisquer outros deuses babilônicos. Ter origem semítica ainda não significava ser o patriarca de Israel, mas simplesmente que Canaã lhe seria submisso, seria seu servo (Gn 9.26). A mudança só ocorreu em Gênesis 12. Ali houve um acontecimento que não apenas desestruturou o pequeno mundo de Abraão, mas que teve conseqüências que vão perdurar até o fim dos tempos. O Deus Soberano, o Criador dos céus e da terra, chamou um único homem, ordenou-lhe que deixasse sua terra e partisse para uma terra distante que Ele lhe mostraria. O Senhor não lhe disse o nome dessa terra. Por isso, Abraão não sabia em que se envolveria, mas creu na promessa que lhe foi dada a seguir: “de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!” (Gn 12.2). Embora somente seu neto Jacó tenha recebido o nome de Israel (Gn 32.28), isto não muda o fato de Abraão ser o patriarca do povo de Israel. Pois Abraão, Isaque e Jacó sempre são mencionados em conjunto, por exemplo, em Gênesis 50.24; Êxodo 33.1; Levítico 26.42; Números 32.11; Deuteronômio 1.8; Mateus 1.2; Lucas 13.28; Hebreus 11.8-9 e assim por diante. A base para isso é e continuará sendo a aliança de Deus com Abraão. O nome “judeus” muitas vezes é usado como sinônimo de Israel, mas deveríamos lembrar que isso não é historicamente exato, pois o reino de Davi se dividiu depois da morte de Salomão (930 a.C.). Formou-se, por um lado, o Reino do Norte (as dez tribos de Israel) e, por outro lado, o Reino do Sul (as duas tribos de Judá, os descendentes de Judá e Benjamim – veja 1 Reis 12). Depois do cativeiro babilônico, o nome “judeus” é usado de modo geral para os habitantes da Judéia. É interessante que no Novo Testamento Jesus é chamado de “Rei dos judeus” pelos estrangeiros (Mt 2.2; Mt 27.11, etc.), enquanto os próprios judeus o chamaram de “rei de Israel” (Mt 27.42). Atualmente não importa mais se um judeu ou uma judia descende de Judá, de Benjamim ou de qualquer uma das outras dez tribos. Usa-se a designação “judeus” genericamente para uma comunidade étnica que sobreviveu apesar de séculos de perseguição, porque Deus confirmou Sua aliança com Israel através de um juramento e conduzirá Seu povo para o alvo! (Abraão era Judeu? Elsbeth Vetsch, disponível emhttp://www.cacp.org.br/abraao-era-judeu/)]

2. O pai dos crentes. Quando chamado por Deus, o gentio Abraão creu e, sem demora, aceitou-lhe a ordem. Imediatamente foi justificado (Gn 15.6). A partir daquele momento, passou a ser visto pelo Senhor como se jamais tivesse cometido qualquer falha: um homem justo e perfeito. Enfim, um amigo de Deus (Is 41.8).Por esse motivo, todos os que creem em Deus, à semelhança de Abraão, são tidos como seus filhos na fé (Gl 3.7). [Comentário:Abraão ou Abrão (no hebraico é ‘abhraham, “pai de uma multidão”, ou “pai exaltado’: Abrão, no hebraico ‘abhram, “pai das alturas”) – a mudança de Abrão para Abraão teve por fim, reforçar a raiz da segunda sílaba, para dar maior ênfase à idéia de exaltação. Abraão era filho de Terá; progenitor dos hebreus, pai dos crentes e amigo de Deus, (Gn 11.26; Gl 3.7-9; Tg 2.23). Abraão nos é apresentado no Novo Testamento como um homem de fé, como nosso pai e exemplo. Em Romanos 4, onde ele é chamado de pai de todos os que creem (Rm 4.11,12,16) e Gálatas 3.1-14, onde os crentes são chamados de filhos de Abraão. Com Abraão Deus se apresenta como “El Shadday (Deus Todo Poderoso); “El Elyom (Deus Altissimo); “El Roy” (Deus Que Vê); e “El Olam” (Deus Eterno).  Assim devemos nós também aperfeiçoarmos a nossa “fé”, que é um dom de Deus, e permanecermos firmes diante de todas as circunstâncias em que nossa obediência é requerida por Deus, com ações de graças e não lamentações desta vida. Paulo vê nele “o tipo do crente que obtém a justiça independentemente das obras da Lei (Rm 4,25; Gl 3,6-29). A Fé em Cristo faz de cada crente um descendente de Abrão (Gl 3,29).]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Melquisedeque e seu sacerdócio são exemplo de Cristo e de seu sacerdócio. O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado a raça humana ou a tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de seu sacerdócio eterno e universal' "(Dicionário Bíblico Wycliffe.1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247). 

III. A OCASIÃO DA BÊNÇÃO

Por causa da captura de Ló  por Quedorlaomer, rei de Elão, o patriarca viu-se obrigado a formar um exército para libertar o sobrinho (Gn 14.14). Na volta, já vitorioso, é recebido por Melquisedeque

1. Objetivo da visita. Depois de uma vitória tão decisiva, Abraão, já nas imediações de Salém, agradece a Deus ao ser recepcionado por Melquisedeque. O maior recebe o menor (Hb 7.7). O patriarca sabia muito bem que estava diante do sacerdote do Deus Altíssimo. Por isso, reverencia-o com os dízimos de seus bens pessoais e não dos despojos de guerra, já que se recusou a recebê-los (Gn 14.20). Verdadeira adoração e serviço a Deus. Que exemplo para nós. [Comentário: O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) afirma que “Abrão deu o dízimo de tudo a Melquisedeque. O rei de Sodoma tinha menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com nenhum bem que pertencesse ao rei de Sodoma, para que, depois, isso não fosse usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que o seu Deus tinha o título de SENHOR e não era apenas outra deidade Cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre, tivessem participação no saque”. Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Agora note o que o escritor de Hebreus afirma: “Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos” (Hb 7.4). Assim, Abraão dizimou sim dos despojos de guerra e o resto entregou ao rei de Sodoma, tirante a parte que cabia aos seus tirados. Para si, nada tirou Abraão, para que não se dissesse que tinha enriquecido à custa dos reis vencidos. Ele tinha direito inegável a uma parte, assim como Aner e os outros dois aliados, e ninguém o poderia censurar por isso, mas como não tinha ido à guerra por espírito ambicioso, nada quis para si. Não precisava, embora este não fosse o ponto envolvido, não quis que se dissesse que tinha enriquecido à custa da batalha O ponto importante aqui, não é a origem daquilo que foi dizimado –pessoal ou despojos – mas sim, que o dízimo de Abraão foi um tributo de gratidão pela sua vitória (Gn 18.20).]

2. A autoridade de Melquisedeque. Por intermédio de Abraão, toda a nação hebreia reverenciou Melquisedeque, até mesmo os sacerdotes da tribo de Levi, que sequer haviam nascido (Hb 7.9). Ora, se o sacerdócio levítico era temporário, o de Melquisedeque não podia ser interrompido pela morte, pois é eterno. Um sacerdócio, aliás, que haveria de ser exercido por Cristo (Sl 110.4). [Comentário: No livro de Genesis Melquisedeque é um rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abraão quando este retornou depois de salvar Ló, e a quem Abraão pagou o dízimo do espólio da batalha. em Mateus 22.43, Jesus atribui o Salmo 110.4 (Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque) a Davi e a referência a si mesmo como o Messias. As passagens no livro de Hebreus trazem a mesma interpretação. O autor está discutindo a superioridade do sacerdócio de Cristo em comparação ao de Arão. Melquisedeque e seu sacerdócio são um exemplo de Cristo e de seu sacerdócio. O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado a uma raça ou tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de seu sacerdócio eterno e universal.]

3. A simbologia da visita. Melquisedeque, ao trazer pão e vinho a Abraão, abençoa-o: "Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos" (Gn 14.19,20). O que poderia redundar numa derrota ao patriarca transforma-se num momento de triunfo. Seu pequenino exército dispersou as poderosas forças de Quedorlaomer. No pão e vinho que Melquisedeque trouxera a Abraão estava a simbologia da morte de Jesus Cristo, o Cordeiro Imaculado. Mais tarde, o Filho de Deus servirá uma refeição semelhante aos seus discípulos (Mt 26.26-30). Com a morte do Filho de Deus cumpria-se o sacerdócio de Melquisedeque.  [Comentário: A combinação ‘pão e vinho’ significa uma refeição completa, um banquete – uma oferta sacramental de pão e vinho, costume nos ritos orientais. O narrador não diz que Melquisedeque “viajou para encontrar-se com Abrão, levando pão e vinho”, mas simplesmente que ele “trouxe pão e vinho”; Com respeito ao ato de Melquisedeque abençoar Abraão e a aceitação implícita dessa benção por parte deste, o autor aos Hebreus comenta que Melquisedeque “abençoou o que tinha as promessas. Evidentemente, não há qualquer dúvida, que o inferior é abençoado pelo superior” (Hb 7.6-7,]

CONCLUSÃO

Em Abraão, todos os que cremos em Cristo fomos alcançados com a bênção de Melquisedeque. Hoje, temos o Senhor Jesus que, junto ao Pai, intercede por nós, conforme escreve o apóstolo João: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.1,2). [Comentário: Melquisedeque, contemporâneo de Abraão, foi rei de Salém e sacerdote de Deus (Gn 14.18). Abraão lhe pagou dízimos e foi por ele abençoado (vv.2-7). Aqui, a Bíblia o tem como uma prefiguração de Jesus Cristo, que é tanto sacerdote como rei (v.3) O sacerdócio de Cristo é “segundo a ordem de Melquisedeque” (6.20), o que significa que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levíticos, e maior que todos eles. Mediante a intercessão de Cristo, aqueles que se chegam a Deus pode receber graça para ser salvo ‘perfeitamente’. Quando se diz que Cristo é sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, entende-se que um sacerdócio falível e temporal é substituído por um sacerdócio infalível, irrepreensível, perfeito e eterno. É por isso que Hebreus 7.12 diz que houve mudança de sacerdócio. ] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

LIÇÃO 10: A ORIGEM DA DIVERSIDADE CULTURAL DA HUMANIDADE



SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Na aula de hoje estudaremos a respeito da construção da Torre de Babel. Essa foi mais uma tentativa humana de se voltar contra o Criador. Inicialmente destacaremos as características dessa rebeldia. Em seguida, mostraremos como Deus decidiu confundir as línguas dos homens, para que eles não se entendessem. E ao final, nos voltaremos para as implicações bíblico-teológicas dessa confusão, resultando na diversidade cultural da humanidade. Enfocaremos ainda o caráter supracultural do evangelho, que transforma pessoas caídas em novas criaturas em Cristo Jesus.

1. A CONSTRUÇÃO DA TORRE DE BABEL

Após o dilúvio, os descendentes de Noé, por deixarem de atentar para a revelação divina, decidiram arquitetar um plano, a fim de se proteger do juízo. Para tanto, construíram uma torre, que viria a ser reconhecida como Babel, ou confusão, com o intuito de tornarem seus nomes notórios na terra. Ao invés de se espalharem pelo mundo, em obediência ao mandamento divino, os novos habitantes optaram por se agregarem, habitando na cidade de Ninrode (Gn. 11.8-12). Ao optar pela cidade, os homens preferiram a comodidade ilusória do governo humano, sobretudo um domínio no que estivessem distanciados de Deus (Gn. 11.6). Nesse tempo eles falavam uma mesma língua, e a partir dela edificaram seus intentos humanos. A expressão maior dessa rebeldia se deu com a construção da famosa Torre de Babel. A palavra Babel vem do hebraico balal, que quer dizer “confusão” ou “porta dos deuses”. A babelização é uma consequência das realizações humanas, mas o Deus que se revela na Palavra não é de confusão (I Co. 14.33). Os grandes projetos da humanidade fracassam porque Deus foi substituído pelo secularismo. As pessoas não dependem mais de Deus, antes estão firmadas em seus desejos egoístas (Tg. 4.15). A política dos homens não passa de uma Torre de Babel. A democracia se tornou um mal necessário, graças a ela os seres humanos expressam suas diferentes ideologias. Sem ela seria muito pior, pois daria lugar aos governos totalitários. Mas o processo político é caracterizado, na maioria dos países, pela corrupção generalizada. Há políticos se elegem por meio de fontes escusas para as quais revertem seus mandatos, desconsiderando o bem para a população que o elegeu.

2. DEUS CONFUNDE A LÍNGUA DOS HOMENS

O ser humano caído anseia intensamente pelo totalitarismo e unilateralismo, seu maior desejo é o de governar sobre todos. O estudo da história da humanidade atesta essa verdade, alguns líderes quiseram impor seus modelos imperialistas sobre todos os povos. O fundamento desse desejo pecaminoso estava no próprio Lúcifer, o anjo caído que quis usurpar o trono de Deus (Is. 14.13,14). Os construtores da Torre de Babel também usaram a expressão: “subamos”, demonstrando, assim, altivez e soberba (Pv. 16.18). Babilônia é, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, um símbolo do orgulho humano, de rebeldia contra Deus (Ap. 18.5). A resposta de Deus a essa declaração arrogante foi: “desçamos e confundamos”. Deus zomba dos projetos humanos que não têm a participação dEle (Sl. 2.4). A intervenção divina restringe a propagação de um mal maior sobre a humanidade. Através da confusão das línguas Deus evitou que a humanidade se unisse em torno de um projeto por meio do qual se distanciariam mais ainda dEle. As várias vozes que dialogam na sociedade é o juízo protetor de Deus contra ideologias totalitárias e unilaterais. A verdade humana, enquanto construção social, não se encontra em um indivíduo, mas na coletividade, exercita através do diálogo. Somente a Palavra de Deus é a Verdade, é a inspira e infalível revelação do Espírito de Deus (II Tm. 3.16,17; Rm. 10.17). A igreja está debaixo do senhorio de Cristo, por isso se submete ao que o Espírito lhe revela pela Palavra (Ap. 2.7). O mundo jaz no Maligno (I Jo. 5.19), por isso não atenta para a revelação divina, por isso está ceifando o que tem plantado (Gl. 6.7). Quando Cristo for revelado como Rei dos reis e Senhor dos senhores, então a humanidade compreenderá a limitação dos seus projetos (Ap. 19.16).

3. A DIVERSIDADE CULTURAL DA HUMANIDADE

A cultura é uma produção humana, não necessariamente podemos afirmar que existe uma cultura superior. O fundamento cultural da humanidade está na linguagem, é por meio dela que transmitimos nossos valores e crenças de geração a geração. Depois do dilúvio, e da Torre de Babel, coube aos seres humanos se espalharem, e produzirem cultura. Apesar da Queda, a produção cultura da humanidade é criativa, reflexo da imagem do Criador, que permanece na criatura (Tg. 1.17). Por isso podemos nos deparar com textos primorosos da literatura mundial, melodias cativantes da música, e belas expressões de arte, até mesmo produzidas por pessoas que não são cristãs. Nessa perspectiva, as diversidades culturais devem ser respeitadas, sobretudo as línguas, que expressam concepções diferenciadas, contanto que essas não se revelem práticas pecaminosas. Temos a responsabilidade de comunicar, nas várias línguas e dialetos mundiais, a graça maravilhosa de Deus, revelada em Jesus Cristo. A missão da igreja da Igreja é anunciar o Reino de Deus, a todos os povos (Mt. 28.18-20; Mc. 16.15,16). Na eternidade encontraremos pessoas das várias tribos, povos e línguas, que foram alcançadas pelo evangelho de Cristo (Ap. 7.9). Para fazer missões com sabedoria, e anunciar Cristo para as nações, faz-se necessário investir em conhecimento antropológico, sobretudo para respeitar a diversidade cultural. A mensagem do evangelho é supracultural, pois propaga o amor gracioso de Deus e Sua misericórdia aos pecadores. É um equívoco missionário tentar impor padrões culturais, que são específicos de uma etnia, sobre os povos a serem alcançados.

CONCLUSÃO

No dia de Pentecostes estavam as diferentes culturas reunidas em Jerusalém. A mensagem Pedro levou quase três mil vidas se entregaram a Cristo (At. 2.41). O mesmo Deus que confundiu a língua dos homens na Torre de Babel tornou a mensagem inteligível pelo Espírito Santo (Sf. 3.9; At. 2.7,8). O evangelho de Jesus é a resposta de Deus para a confusão da humanidade, sua verdade simples e acolhedora transforma pecadores em novas criaturas (II Co. 5.17), tirando-os das trevas para Sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9), a fim de aguardarem a Cidade Celestial, edificada pelo próprio Deus (Hb. 12.18; Ap. 21.2,10).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Um dos fatores que levaram a primeira civilização humana à depravação total foi o monolinguismo. Entre os filhos imediatos de Adão e Eva, inexistiam fronteiras idiomáticas, culturais e geográficas. Eis por que os exemplos de Caim e Lameque alastraram-se logo por toda a terra.  Na lição de hoje, encontraremos a família noética correndo o mesmo perigo. Temendo um novo dilúvio, e recusando-se a povoar a terra, puseram-se os descendentes de Noé a construir uma torre, cujo topo, segundo imaginavam, tocaria os céus. A fim de impedir a degeneração da segunda civilização, o Senhor confunde-lhes a língua, levando a linhagem de Sem, Cam e Jafé a espalhar-se pelos mais longínquos continentes. Deste episódio, surge a multiplicidade linguística e cultural da humanidade. [Comentário: Depois do dilúvio, Deus ordenou à humanidade: "Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra" (Gn 9.1). No entanto, a humanidade decidiu fazer exatamente o oposto: "Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra" (Gn 11.4). Eles decidiram construir uma grande cidade para que todos se congregassem lá. Decidiram construir uma torre gigantesca como um símbolo do seu poder, para fazer um nome para si (Gn 11.4). Esta torre é que ficou conhecida na história como a Torre de Babel. Não é atoa que o nome Ninrode significa "rebelde". Ele foi o primeiro homem que realmente organizou uma rebelião contra Deus. Ele aparentemente foi influenciado por seu pai (Cuxe), que lhe deu este nome. Em vista desta primeira rebeldia pós-dilúvioa, Deus, para fazer valer sua ordem exarada em Gn 9.1, confunde as línguas de modo que não mais pudessem se comunicar uns com os outros (Gn 11.7). Babel, em hebraico, significa confundir. Diante da confusão estabelecida, juntaram-se os de mesma fala e depois foram juntas para se estabelecerem em outras partes do mundo (Gn 11.8-9). Assim, Deus impõe o Seu comando de que toda a humanidade se espalhasse por todo o mundo. Há muitos outros testemunhos desse acontecimento fora da Bíblia: o testemunho mais explícito encontra-se gravado numa placa babilônica de pedra escura conservada hoje na famosa The Schøyen Collection, (MS 2063) com sede em Oslo e Londres. Nessa placa o rei de Babilônia Nabucodonosor II mandou escrever, no ano 570 a.C.: “Um antigo rei construiu o Templo das Sete Luzes da Terra, mas ele não completou a sua cabeça. Desde um tempo remoto, as pessoas tinham-no abandonado,  sem poderem expressar as suas palavras. Desde aquele tempo terremotos e relâmpagos tinham dispersado o seu barro secado pelo sol; os tijolos da cobertura tinham-se rachado, e a terra do interior tinha sido dispersada em montes”. Desta maneira, o próprio rei Nabucodonosor nos fornece, no ano 570 a.C., uma ideia do que tinha restado da Torre de Babel.]. Vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A TORRE DE BABEL

Não sabemos quanto tempo se havia passado desde que Noé saiu da arca até a construção da torre de Babel. De qualquer forma, seus filhos, Sem e Jafé, não puderam impedir seus descendentes de cair na apostasia de Cam.

1. O monolinguismo. Naquele tempo, a humanidade ainda era monolíngue; todos falavam uma só língua (Gn 11.1). Sobre o idioma original da humanidade, há muita especulação.  Alguns sugerem o hebraico. Nada mais ilógico. Abraão, ao deixar a sua terra natal, falava o arameu (Dt 26.5) que, nos lábios de seus descendentes, sofreria sucessivas mudanças até transformar-se na belíssima língua hebreia. O interessante é que depois do cativeiro babilônico, os israelitas voltariam a usar o aramaico, inclusive Jesus (Mc 15.34). [Comentário: Os cerca de 3 mil diferentes idiomas falados no planeta, sem contar os já extintos, têm a mesma origem. Na busca dessa lingua-mãe, os pesquisadores descobrem semelhanças incríveis que talvez não sejam coincidências. Hoje muitos lingüistas (ciência que estuda a evolução das línguas, suas estruturas e possíveis inter-relações no quadro histórico e social) estão empenhados em chegar a essa língua-mãe. Existem motivos fortes para se acreditar na veracidade do relato Torre de Babel. Isso significa que, mais uma vez, uma história bíblica julgada por muitos como ilusória pode ganhar um bom valor histórico. Sobre isso, sugiro a leitura do artigo O episódio significativo da Torre de Babel, no Blog GenesisUM, seguindo este link: http://genesisum.blogspot.com.br/2011/02/o-episodio-significativo-da-torre-de.html].

2. Uma nova apostasia. Se por um lado o monolinguismo facultava a rápida disseminação do conhecimento, por outro, propagava com a mesma rapidez as apostasias da nova civilização. E, assim, não demorou para que a revolta, misturada ao medo, se tornasse  incontrolável. Por isso, revoltam-se os descendentes de Noé contra Deus: "Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra" (Gn 11.4). Se Deus não tivesse intervindo a situação ficaria mais insustentável do que no período anterior ao Dilúvio. [Comentário: Deus notou o progresso e a intenção daquela comunidade rebelde e, pela sua misericórdia, Deus se recusou a permitir que este esquema maligno tivesse êxito. Isto foi realizado com eficácia fazendo com que diferentes famílias falassem diferentes idiomas, e desta forma se espalhassem pela terra. Então o plano original de Deus de repovoar a terra foi realizado. O povo queria ter um grande nome. No julgamento de Deus, a cidade foi chamada de Babel, que significa confusão.].

3. Um monumento à soberba humana. Apesar das garantias divinas de que não haveria outro dilúvio, os filhos de Noé buscavam agora concentrar-se num lugar alto e forte. Entregando-se ao medo, acabaram por erguer um monumento à soberba e à rebelião. A ordem do Senhor àquela gente era clara: espalhar-se até aos confins da terra (Gn 9.7; Mt 28.19,20). Séculos mais tarde, o Senhor Jesus Cristo também ordenou aos seus discípulos que fossem proclamar o Evangelho até os confins da Terra. Quando não a obedecemos, edificamos dispendiosas torres, onde a confusão é inevitável. Cada um fala a sua língua, e ninguém se entende mais.  [Comentário: Para os judeus, o termo “Babel” adquiriu o significado de "confusão" por conta de seu significado no texto de Gênesis 11:9. O autor de Gênesis, Moisés usa o nome Babel em hebraico Bavél, da raiz do verbo ba.lál, que significa "confundir". No entanto, o termo “Babel” pode ser dividido em duas partes, Bab e El que sugere uma combinação do acadiano Bab "porta", "portão" com o hebraico El "Deus" abreviatura usada para Elóhah e Elohím, significando assim, “porta de Deus”. Se os caldeus diziam que a Babilônia era a “porta dos céus”, para os hebreus ele era “confusão”. Alguns estudiosos identificam a torre nesta narrativa como o templo zigurate de Marduque, na Babilônia, com 91 metros de altura. O mesmo orgulho arrogante que inspirou os rebeldes Adão e Eva a rejeitar o conhecimento de Deus (Gn 3.5) e o ímpio Caim a construir sua cidade (4.17) agora inspira “toda a terra” (v 4). A menção de “Sinar” e “Babel” relembra o reino rebelde de Ninrode – Bíblia de Estudo Genebra, Cultura Cristã, Nota Gn 11.1-9, pág 25. Eles decidiram construir uma grande cidade para que todos se congregassem lá. Decidiram construir uma torre gigantesca como um símbolo do seu poder, para fazer um nome para si (Gn 11.4). Sugiro a leitura do artigo Torre de Babel, no site Chabad, seguindo este link:http://www.chabad.org.br/interativo/faq/torreDeBabel.html].


SUBSÍDIO DIDÁTICO

Professor, é importante que você leia com os alunos o capítulo 10 de Gênesis antes de introduzir a lição. Explique que os "descendentes de Sem povoaram as regiões asiáticas, desde as praias do Mediterrâneo até o oceano Índico, ocupando a maior parte do território de Jafé e Cam. Foi entre eles que Deus escolheu seu povo, cuja  história constitui o tema central das Sagradas Escrituras. 
Os descendentes de Cam foram notavelmente poderosos no princípio da história do mundo antigo. Constituem a base dos povos que mais relações travaram com os hebreus, seja como amigos, seja como inimigos. Eles estabeleceram-se na África, no litoral mediterrâneo da Arábia e na Mesopotâmia. 
Os descendentes de Jafé foram os povos indo-europeus, ou arianos. Embora não tivessem sobressaído na história antiga, tornaram-se nas raças dominantes do mundo moderno" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 47). Se desejar, reproduza, da referida Bíblia, o mapa e a tabela abaixo para seus alunos.


II. A CONFUSÃO DAS LÍNGUAS

1. Uma cidade à prova d'água. A engenharia dos descendentes de Noé era bastante avançada. De início, projetaram uma cidade cujo epicentro seria uma torre que, segundo imaginavam, arranharia o céu (Gn 9.4). Aquele lugar se tornaria uma fortaleza impenetrável, mas independente dos planos dos homens, Deus lhes frustraria os objetivos e cumpriria sua vontade espalhando-os pela terra. Em seguida, prepararam o material: tijolos bem queimados e betume. O seu objetivo era construir uma cidade à prova d'água. Se houvesse algum dilúvio, escalariam a torre, e tudo estaria bem. Na verdade, não queriam cumprir o mandato cultural que o Senhor confiara ao patriarca: repovoar e trabalhar a terra (Gn 9.4). [Comentário: Existem algumas opiniões acerca do motivo da construção desta torre, uma delas diz que os construtores queriam se prevenir no caso de mais um dilúvio, similar ao de Noé, acontecer. O medo de outro dilúvio, então, fez com que construíssem uma alta torre que pudesse chegar até os céus, e "sustentá-lo", como colunas no céu, para que o dilúvio não ocorresse novamente. Esta opinião retrata bem a descrença na Palavra de Deus que havia prometido nunca mais destruir a terra com águas do dilúvio e selou seu pacto com o sinal do arco-íris. Independente de qual tenha sido o verdadeiro motivo, observamos através deste fato que estas pessoas certamente não acreditavam na palavra de Deus.].

2. A torre que Deus não viu. Aos olhos dos homens, a torre parecia alta. Mas, à vista de Deus, nada era. Ironicamente, o Altíssimo teve de baixar à terra para vê-la: "Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam" (Gn 11.5). Assim são os projetos firmados na vaidade humana. Aos nossos olhos, muita coisa; à vista de Deus, tolas pretensões. Se o Senhor não tivesse intervindo, a segunda civilização tornar-se-ia pior do que a primeira (Gn 11.6). Nenhum limite seria forte o bastante para conter aquela gente, que já começava a depravar-se totalmente. [Comentário: A investigação divina antes do julgamento é frequentemente descrita em Gênesis (3.11-13; 4.9-10; 18.21). Ao invés de conflitar com a doutrina da onisciência divina, esta descrição antropomórfica da atividade de Deus serve para enfatizar que o julgamento divino é sempre de acordo com a verdade. As torres da Mesopotâmia (zigurates) foram construídas como escadas para a descida dos deuses. Deus, porém, desce em julgamento nesta torre de orgulho humano – Bíblia de Estudo Genebra, Cultura Cristã, Nota Gn 11.2, pág 25.. (Antropomorfismo vem de duas palavras gregas: anthropos (homem) e morphe (forma). Portanto, um antropomorfismo é quando Deus aparece ou Se manifesta para nós em forma humana ou mesmo em características humanas atribuídas a Ele mesmo. Vemos isto por toda a Bíblia - e com razão assim. Apesar de tudo, não podemos ascender onde Deus está, mas Ele pode descender até onde estamos. http://www.monergismo.com/textos/presciencia/antropomorfismo.htm)].

3. Quando ninguém mais se entende. Por isso mesmo, o Senhor decreta: "Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro" (Gn 11.7). Nascia ali, na planície de Sinear, o multilinguismo. Como ninguém mais se entendia, os descendentes de Noé foram apartando-se uns dos outros, e reagrupando-se de acordo com a sua nova realidade idiomática. Os filhos de Sem formaram uma grande família linguística, da qual se originaram o aramaico, o moabita, o árabe e, mais tarde, o hebraico. O mesmo fenômeno deu-se entre as linhagens de Jafé e Cam. É bem provável que Pelegue tenha nascido nesse período (Gn 10.25). Apesar da confusão da linguagem humana, Deus permitiu que os idiomas conservassem evidências de um passado, já bastante remoto, quando todos os seres humanos falavam uma só língua.   [Comentário: Ironicamente, ao invés de ganhar relevância e imortalidade, eles alcançaram alienação e dispersão. A expulsão já fora a triste sorte de Adão e Eva (3.23) e de Caim (4.12). Este castigo foi também um ato da graça, no isolamento, os povos estariam mais inclinados a se voltar a Deus (12.3; At 17.26-27). É de C.S. Lewis esta bela frase: “Orgulho é o pecado que mais detestamos em outros e menos detectamos em nós!”.  O homem é orgulhoso por natureza. Orgulho foi o primeiro pecado do universo (Lúcifer querendo pôr seu trono acima de Deus; Is 14.12-14; 47.7-10). Auto-suficiência, independência, teimosia, levam o homem a se afastar de Deus. Tiago 4.6 diz, “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.  Note a repetição da palavra “Vinde” no texto: vss. 3,4 é o homem tomando conselho para rebelar-se contra Deus.  Mas no conselho divino, no corte celestial, o “Vinde” de Deus prevalece.  Deus sempre tem a palavra final!  Quem segue seu próprio caminho será frustrado.  O fruto proibido se torna cinzas em sua boca.  Não é do jeito que gostamos, mas afinal de contas, vivemos no mundo de Deus, não nosso.  É interessante notar que para o homem rebelde, exatamente o que ele mais temia, dispersão por toda a terra, aconteceu!].

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"A história nos conta que, em assembleia, os novos habitantes de Sinar tomaram uma decisão totalmente fora da vontade de Deus. O propósito da ação é claro. Queriam fama (Gn 11.4). E desejavam segurança: 'Para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra'. Ambas as metas seriam alcançadas somente pelo empreendimento humano. Não há dúvida sobre a ingenuidade das pessoas. Não tendo pedras, fabricaram tijolos de barro e depois queimaram bem. Viram a utilidade do betume abundante na área e o usaram como argamassa. 
O interesse principal desse povo não estava numa torre, embora também houvesse a construção de uma cidade. A torre ia alcançar os céus. Nada é dito sobre um templo no topo da torre, por isso não está claro se a torre era como os zigurates que houve mais tarde na Babilônia.
O paganismo está indiretamente envolvido nesta história, pois havia um ímpeto construtivo em direção ao céu e o único verdadeiro Deus foi definitivamente omitido de todo planejamento e de todas as etapas. Mas Deus não estava inativo. O julgamento de Deus logo veio. Para demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande projeto foi abandonado e a sociedade unida, sem temor de Deus, foi despedaçada em segmentos confusos. Em hebraico, um jogo de palavras no versículo 9 é pungente. Babel significa 'confusão' e a diversidade de línguas resultou em balbucis ou fala ininteligível" (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 55).

III. A MULTIPLICIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL

O episódio da torre de Babel criou diversas fronteiras entre os descendentes de Noé: linguísticas, culturais e geográficas.

1. Linguísticas. Da barreira idiomática, surgiu a noção de nacionalidade, responsável pela criação de países e reinos. Só os impérios, geralmente antagônicos a Deus, buscam unificar o que o Senhor separou em Sinear (Dn.3.7). A multiplicidade linguística dos povos oprimidos, porém, torna inviável tal unificação, ainda que possa ser considerada "duradoura", como foi o império romano. Já imaginou se toda a humanidade falasse o russo ou o alemão? Homens como Stalin e Hitler teriam certamente dominado toda a terra.  [Comentário: A partir do momento em que Deus dispersou o povo, lançando-o aos desafios das línguas desconhecidas, fruto da situação por ele mesmo provocada, começou a procura de novas terras e a formação de novos povos. Tentaram construir uma torre para atingir o céu, com dois objetivos: obter glória para eles e para que eles não fossem espalhados pela terra. No entanto, toda glória precisa ser dada a Deus! O propósito de Deus era que eles de espalhassem sobre a terra (Gn 1.28; 9.1; 11.8). Deus mais uma vez os castigou, agora confundindo a língua, aqui nós temos o início das culturas, das diversas línguas. A rebelião contra Deus, ocasiona divisão entre os homens. Foi assim deste o início, com o pecado de Adão e Eva, veio o primeiro homicídio, Caim mata Abel. No relato diluviano, Deus decide destruir a humanidade por conta da violência. Para deter a maldade na terra. Com o surgimento de diversas línguas as pessoas se dispersaram, diversas civilizações menores surgiram, e assim a maldade foi detida por um tempo].

2. Culturais. A diversidade linguística trouxe também a diversidade cultural. Cada povo, uma língua, uma cultura e costumes bem característicos. Tais fatores tornam inviável um Estado totalitário mundial. O governo do Anticristo, aliás, reinará absoluto por apenas 42 meses (Ap 13.5). Logo após, será destruído. [Comentário:Ninrode - (neto de Cão) começou a se destacar. Ninrode vem do heb. marad = "rebelar-se". A tradução literal do seu nome poderia ser: "vamos nos revoltar". Ninrode foi a primeira tentativa de satanás de formar um ditador mundial. Ele foi o primeiro tipo de Anticristo. Ele fundou um reino em oposição ao reino de Deus e chefiou a construção de uma torre e de uma cidade - Babilônia, onde se originou todo o sistema anti-Deus. Todas as religiões falsas do mundo têm sua origem em Babilônia. Salmo 2.2,4: "Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles."].

3. Geográficas. Acrescente-se a essas dificuldades as fronteiras naturais: rios, mares, montanhas, vales, etc. Cada povo com o seu território. Deus sabe o que faz.  [Comentário: A rebelião contra Deus, ocasiona divisão entre os homens. Foi assim deste o início, com o pecado de Adão e Eva, veio o primeiro homicídio, Caim mata Abel. No relato diluviano, Deus decide destruir a humanidade por conta da violência.].

CONCLUSÃO

O episódio de Babel não impediu a proclamação do Evangelho, pois no Pentecostes, "todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4). A Palavra de Deus, atualmente, encontra-se em quase todas as línguas. O que parecia maldição fez-se bênção para todos os povos. [Comentário: Essa história quer nos mostrar também, como a altivez humana é, de fato, uma grande ousadia contra Deus. O homem é criado à sua imagem e semelhança, portanto, é dotado de grande capacidade para inventar, produzir, reproduzir... e também para amar, procriar, celebrar, louvar... Desde o início, o ser humano usou de sua capacidade e inteligência para fazer o bem, mas também tropeçou muitas vezes e em muitas coisas e, com isso, ofendeu ao seu criador, merecendo receber dele corretivos. A Torre de Babel é, por excelência, símbolo da arrogância humana, da cidade deformada pela auto-suficiência que dá origem à estruturas injustas, exploradoras e opressoras, num mundo de ambigüidades. E o que vemos é uma sociedade competitiva, uma cultura mesclada, um processo histórico inconsistente e produtor de idolatrias. A maldição foi a confusão de línguas, mas Deus traz bênção da maldição.  Um dia as nações adorarão a Deus juntas. Os babilônios queriam uma ciadade.  Mas Deus providencia uma cidade com fundamentos que permanecerão. Ninrode e seu povo queria um nome.  Mas àqueles que crêem em Deus Ele promete,: "Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.



Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br.